perfis imunofenotÍpicos das doenÇas … · leucemia prolinfocítica t; 10 leucemia de células t...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ALDAIR DE SOUSA PAIVA PERFIS IMUNOFENOTÍPICOS DAS DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS CRÔNICAS NO RIO GRANDE DO NORTE NATAL/RN 2018

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Page 1: PERFIS IMUNOFENOTÍPICOS DAS DOENÇAS … · Leucemia Prolinfocítica T; 10 Leucemia de Células T do Adulto; 8 Síndrome de Sézary e 24 Linfoma Periférico T. Conclusão : Os dados

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

ALDAIR DE SOUSA PAIVA

PERFIS IMUNOFENOTÍPICOS DAS DOENÇAS

LINFOPROLIFERATIVAS CRÔNICAS

NO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL/RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474

CDU 616-006.44 RN/UF/BSCCS

1. Doenças Linfoproliferativas Crônicas Citometria de Fluxo -

Tese. 2. Imunofenotipagem - Tese. 3. Citometria de Fluxo - Tese.

I. Cavalcanti Júnior, Geraldo Barroso. II. Título.

Paiva, Aldair de Sousa.

Perfis imunofenotípicos das doenças linfoproliferativas

crônicas no Rio Grande do Norte / Aldair de Sousa Paiva. - 2018.

150f.: il.

Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) - Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de

Pós-Graduação em Ciências da Saúde. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior.

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ALDAIR DE SOUSA PAIVA

PERFIS IMUNOFENOTÍPICOS DAS DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS

CRÔNICAS NO RIO GRANDE DO NORTE

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior

NATAL/RN 2018

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde:

Prof.: Dra. Ana Katherine da Silveira Gonçalves de Oliveira

Vice-Cordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saude:

Pro. Dr. Guilherme Maranhão Chaves

NATAL/RN 2018

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Ao amigo, Prof. Dr. Geraldo Barroso Cavalcanti Júnior, meu orientador, que

pela sua simplicidade, ética, senso apurado e investigativo, matém unidos todos os

hematologistas deste Estado em benefício dos pacientes hematológicos.

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AGRADECIMENTOS

A minha família Sanali, Hugo, Gustavo e Larissa pela compreensão e estímulo.

Aos colegas Dr. Rodrigo Villar e Dr. Marcelo Rocha, Diretor e Vice Diretor do

Hemocentro Dalton Cunha, por sua prestimosa dedicação a esta Instituição.

A Coordenação e equipe de funcionários do Programa de Pós-Graduação em

Ciências da Saúde pela oportunidade e desempenho nas suas tarefas.meu

agradecimento especial a Kaliene, Alana (Secretarias).

A Fundação de Apoio à Pesquisa do estado do Rio Grande do Norte (FAPERN)

pelo apoio financeiro.

Aos membros da banca de qualificação, Prof. Dr. Aldo Medeiros, Prof. Dr. Paulo

Medeiros, Prof. Dr. Irami Araújo Filho, que com suas valiosas observações muito

contribuíram para o aperfeiçoamento do trabalho final.

Aos colegas Dr. Marcos Leão, Dr. Henrique Fonseca, Dr. Claudio Macêdo, Dr.

Afonso Lamas, Dr. Francisco Fernandes Júnior, Dr. Rodrigo Villar, Dr. Enildo Alves,

Dra. Irian Farkat, Dra. Telma Cassandra, Dr. Rodolfo Soares, Dr. Andre Hipólito, Dr.

Francisco Cury, Dr. Lavoisier Campos, Dr. Marcelo Rocha, Dr. James Farley, Dr.

Kleber Cavalcanti, Dra. Edilene Melo, Dr. Wilson Cleto de Medeiros Filho, Dra Maria

Zélia Fernandes e Dra. Edvis Serafin, Dr. Frank Bahia, Dra Carolina Vilarim, Dra.

Daniela Albuquerque por permitirem compartilhar estas informações.

A Dra. Linete Rocha fundadora do Hemocentro Dalton Cunha e Núcleo de

Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo

empenho e dedicação em prol da Hematolgia e Hemoterapia do Rio Grande do

Norte,uma das pioneiras da hemoterapia no Brasil. Seu exemplo inspirou muitos ,

dentre estes me incluo.

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A Dra. Gabriela Vasconcelos, Pos Doutoranda, pela sua presteza, extremo rigor

científico na produção dos resultados e revisão do manuscrito.

Ao valioso time do Laboratório de Citometria de Fluxo do Hemocentro Dalton

Cunha: Lorena, Gilena e Rozana (Farmaceuticas–Bioquimicas), Giliane , Alessandra,

Victor Cezar, Eduarda, João (Estagiarios), pelo empenho na realização dos exames

de imunofenotipagem.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ac Anticorpos

ALK Anaplastic lymphoma kinase

ATL Adult T Cell Leukemia

BCL-2 gene anti-apoptótico

CCND1 Ciclina D1

CD Cluster differentiation

CF Citometria de Fluxo

CFU–GEMM Unidade Formadora de Colônia de Granulócitos, Eosinófilos, Monócitos

e Macrófagos

CTL Célula Tronco Linfóide

DLBCL Diffuse Large B Cell Lymphoma

DLC Doença Linfoproliferativa Crônica

DLPC Doença Linfoproliferativa Crônica

EBER-ISHVírus Epstein Barr na Hibridização in situ

EBV Epstein Barr Vírus

EUA Estados Unidos da América

FCL Free Chain Light

FISH Hibridizaçãoin situ por fluorescência

HCL Hairy Cell Leukemia

HHV8 Herpes Vírus Tipo 8

HIV Vírus da Imunodeficiência humana

HLA-DR Receptor de Superfície Celular MHC classe II

HTLV Vírus T-linfotrópico Humano

Ig Imunoglobulina

IgHV3 Immunoglobulin Heavy-Chain Variable Region 3

INCA Instituto Nacional do Câncer

IRF4 Fator Regulatório de Interferon 4

LB Linfócito B

LB Linfócito B

LCTP Linfoma de Célula T Periférico

LCM Linfoma de Células do Manto

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LCP Leucemia de Células Plasmáticas

LCV Leucemia de Células Vilosas

LCVv Leucemia de Células Vilosas Variante

LECV Linfoma Esplênico de Células Vilosas

LF Linfoma Folicular

LGLG-T Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares T

LGLG-NK Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares NK

LLC Leucemia Linfocítica Crônica

LLP Linfoma Linfoplasmocítico

LLTA Leucemia Linfoma T do Adulto

LNH Linfoma Não Hodgkin

LPL-B Leucemia Prolinfocítica B

LPL-T Leucemia Prolinfocítica T

LT Linfócito T

LTc Linfócito T citotóxico

LTh Linfócito T helper

MALT Tecido linfóide associado à mucosa

MF Micose Fungóide

MI Mononucleose Infecciosa

MM Mieloma Múltiplo

MO Medula Óssea

MUM1 Oncogene-1 do Mieloma Múltiplo

MW Macroglobulinemia de Waldestron

NK Natural Killer

OMS Organização Mundial da Saúde

SC Stem cell

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SNC Sistema Nervoso Central

SP Sangue Pereiférico

SS Síndrome de Sézary

TCR Receptor de Célula T

TACTH Tranplante Autólogo de Células Tronco Hematopoiética

TCD4+ Linfócito T CD4+

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TdT Terminal Deoxynucleotidyl Transferase

ZAP-70 Zeta-Chain Associated Protein Kinase of 70 KDA

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RESUMO

Introdução: As Doenças Linfoproliferativas Crônicas (DLPC) constituem um grupo de

neoplasias linfáticas que se caracterizam pela proliferação de linfócitos maduros

neoplásicos. A Imunofenotipagem por Citometria de Fluxo (ICF) é uma prática de

rotina no diagnóstico diferencial desses tumores, contribuindo para maior precisão.

Objetivos: Demonstrar os perfis imunofenotípicos diagnóstico de pacientes

portadores de DLPC no Rio Grande do Norte(RN); Demonstrar a aplicabilidade de

painel específico para o diagnóstico de pacientes com Mieloma Multiplo; Determinar a

monoclonalidade das DLPC-B; Implementar base de dados para pesquisas clínicas

Métodos: Pacientes (n = 500) com DLPC foram investigados pela CF. Além disso,

foram reunidas outras informações dos pacientes, como idade, sexo e dados

hematológicos. Resultados: Os resultados mostraram que 86,6% dos casos eram

DLPC-B e 13,4%, DLPC-T/NK. A distribuição das DLPC-B foi: 279 Leucemia

Linfocítica Crônica ; 17 Leucemia Prolinfocítica B; 11 Leucemia de Células Vilosas; 3

Linfoma Folicular ; 3 Linfoma Esplênico com Linfócitos Vilosos; 12 Linfoma de Células

do Manto; 01 Macroglobulinemia de Waldenstron; 47 Mieloma Múltiplo; 12 Leucemia

de Células Plasmáticas; 09 Linfoma de Burkitt e 39 LNH- Leucemizado . A

classificação DLPC de T/NK foi: 11 Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares; 14

Leucemia Prolinfocítica T; 10 Leucemia de Células T do Adulto; 8 Síndrome de Sézary

e 24 Linfoma Periférico T. Conclusão: Os dados demonstram que a

imunofenotipagem é uma técnica confiável e segura no esclarecimento diagnóstico

dos pacientes portadores de DLPC. Foi possível a detecção de monoclonalidade nas

DLPC-B. O diagnóstico de mieloma múltiplo se beneficia da aplicação do painel

específico. Este estudo se consolida como base de pesquisa clínica para as DLPC no

Rio Grande do Norte. Aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes- UFRN

Palavras-chave: Citometria de Fluxo. Imunofenotipagem. Transtornos

linfoproliferativos

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xii

ABSTRACT

Introduction: Chronic Lymphoproliferative Diseases (DLPC) are a group of lymphatic

neoplasms characterized by the proliferation of mature neoplastic lymphocytes.

Immunophenotyping by Flow Cytometry (ICF) is a routine practice in the differential

diagnosis of these tumors, contributing to greater precision. Objectives: To

demonstrate the immunophenotypic profiles of patients with DLPC in Rio Grande do

Norte (RN); Demonstrate the applicability of a specific panel for the diagnosis of

patients with multiple myeloma; Determine the monoclonality of DLPC-B; Implement

database for clinical research Methods: Patients (n = 500) with DLPC were

investigated by CF. In addition, other patient information, such as age, sex and

haematological data, was collected. Results: The results showed that 86.6% of the

cases were DLPC-B and 13.4%, DLPC-T / NK. The distribution of DLPC-B was: 279

Chronic Lymphocytic Leukemia; Prolinfocytic Leukemia B; 11 Vilous Cell Leukemia; 3

Follicular lymphoma; 3 Splenic Lymphoma with Vilous Lymphocytes; 12 Mantle Cell

Lymphoma; 01 Macroglobulinemia of Waldenstron; 47 Multiple Myeloma; 12 Plasma

Cell Leukemia; 09 Burkitt's Lymphoma and 39 NHL-Leucemy. The DLPC classification

of T / NK was: 11 Granular Lymphocyte Leukemia; 14 Prolinfocytic Leukemia T; 10

Adult T-Cell Leukemia; 8 Conclusions: The data demonstrate that

immunophenotyping is a reliable and safe technique in the diagnostic clarification of

patients with DLPC. It was possible to detect monoclonality in DLPC-B. The diagnosis

of multiple myeloma benefits from the specific panel application. This study

consolidates as a clinical research base for DLPC in Rio Grande do Norte. Approved

by ethics committee in research Hospital Onofre Lopes- UFRN

Keywords: Flow cytometry. Immunophenotyping. Lymphoproliferative Disorders

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SUMÁRIO

1. Introdução……………………………………………………………………. 18

2. Revisão de Literatura …………………………………………................... 21

2.1. Células do Sistema Imune …………………………………………………. 21

2.1.1. Linfócitos …………………………………………………………………….. 23

2.1.1.1. Linfócitos B ………………………………………………………………….. 24

2.1.1.2. Linfócitos T ………………………………………………………………….. 25

2.1.1.3. Células Natural Killer ………………………………………………………. 26

2.2. Órgãos Linfoides e a Rede Linfática …………………………………...... 26

2.3. Linfocitose x Linfopenia ………………………………………………........ 30

2.4. Doenças Linfoproliferativas Crônicas …………………………………….. 32

2.4.1. Considerações Gerais ……………………………………………………... 32

2.4.2. Classificação ………………………………………………………………... 33

2.4.3. Importância da Imunofenotipagem por Citometria de Fluxo no

Diagnóstico e Classificação das Doenças Linfoproliferativas Crônicas

……………………………………………………………………...................

36

2.4.4. Doençãs Linfoproliferativas Crônicas de Células B ……………….......... 42

2.4.4.1. Leucemia Linfocítica Crônicas (LLC) ……………………………………… 42

2.4.4.2. Leucemia Prolinfocítica B (LPL-B) ……………………………………....... 53

2.4.4.3. Leucemia da Células Vilosas (LCV) …………………………………........ 55

2.4.4.4. Leucemia de Células Vilosas Variante (LCV-v) …………………….......... 58

2.4.4.5. Linfoma Folicular ( LF) ……………………………………………………… 59

2.4.4.6. Linfoma de Células do Manto (LCM) …………………………………........ 60

2.4.4.7. Linfoma Esplênico de Células Vilosas (LECV) ……………………........... 62

2.4.4.8. Linfoma Linfoplasmocítico (LLP) / Macroglobulinemia de Waldströn

(MW) ………………………………………………………….......................

62

2.4.4.9. Linfoma de Burkitt (LB) ……………………………………………………… 64

2.4.4.10. Mieloma Múltiplo (MM) ……………………………………………………… 66

2.4.5. Doenças Linfoproliferativas Crônicas de Células T ………………........... 70

2.4.5.1. Leucemia Prolinfocítica T (LPL-T) ……………………………………........ 70

2.4.5.2. Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares (LGLG-T) …………........... 71

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xiv

2.4.5.3. Micose Fungoide/Síndrome de Sézary (SS) …………………………....... 73

2.4.5.4. Leucemia/Linfoma de Célula T do Adulto (LLTA)…………………........... 75

3. Justificativa ………………………………………………………….............. 77

4. Objetivos…………………………………………………………………….... 78

4.1. Geral ………………………………………………………………………..... 78

4.2. Específicos …………………………………………………………………... 78

5. Casuística e Metodologia…………………………………………………… 79

5.1. Seleção das Amostras de Pacientes …………………………………........ 79

5.2. Métodos ……………………………………………………………………… 80

5.2.1. Teste de Viabilidade Celular ……………………………………………….. 80

5.2.2. Hemograma e Estudo Citomorfológico ……………………………………. 80

5.2.3. Imunofenotipagem ………………………………………………………….. 81

5.2.3.1. Marcação de Antígenos de Superfície ………………………………......... 81

5.2.3.2. Investigação de Cadeias Leves das Imunoglobulinas ……………........... 82

5.2.3.3. Marcação de Antígenos Intracitoplasmáticos e Nucleares ………........... 82

5.2.3.4. Leitura e Análises …………………………………………………………… 83

5.3. Exames Adicionais ………………………………………………………….. 84

6. Resultados………………………………………………………………….... 86

6.1. Classificação Imunológica ………………………………………………….. 86

6.2. Dados Demográficos ……………………………………………………….. 87

6.3. Parâmetros hematológicos ………………………………………………… 88

6.4. Citomorfologia ……………………………………………………………..... 91

7. Discussão…………………………………………………………………….. 141

8. Conclusões…………………………………………………………………… 159

9. Considerações Finais e Pespectivas Futuras…………........................... 160

10. Referências Bibliograficas………………………………………………….. 161

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xv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxo do paciente com linfocitose ...................................................... 32

Figura 2. Cintometria de fluxo ........................................................................... 36

Figura 3. Algoritmo do diagnóstico das neoplasias da células B ........................ 39

Figura 4. Morfologia de células sanguíneas de DLPC-B ............................... 99

Figura 5. Morfologia de células sanguíneas de DLPC-T ................................ 100

Figura 6. Dot Plot representativo dos fenótipos de DLPC-B ........................... 101

Figura 7. Dot Plot representativo do fenótipo de DLPC-T ............................... 102

Figura 8. Doenças linfoproliferativas crônicas – Neoplasia B e Neoplasia T .. 131

Figura 9. Distribuições de neoplasias .............................................................. 131

Figura 10. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LLC ................................. 132

Figura 11. Doenças linfoproliferativas crônicas B - LPL- B ................................. 132

Figura 12. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LCM ................................... 133

Figura 13. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LF ....................................... 133

Figura 14. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LNH – Fase leucêmica .... 134

Figura 15. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LCV .................................. 134

Figura 16. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LCVv ................................ 135

Figura 17. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LELV................................. 135

Figura 18. Doenças linfoproliferativas crônicas B – MW .................................. 136

Figura 19. Doenças linfoproliferativas crônicas B – MM ................................... 136

Figura 20. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LCP................................... 137

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xvi

Figura 21. Doenças linfoproliferativas crônicas B – LB .................................... 137

Figura 22. Doenças linfoproliferativas crônicas T – LPL-T ............................... 138

Figura 23. Doenças linfoproliferativas crônicas T – LGLG-T............................. 138

Figura 24. Doenças linfoproliferativas crônicas T – LGLG – NK....................... 139

Figura 25. Doenças linfoproliferativas crônicas T – LCTA................................. 139

Figura 26. Doenças linfoproliferativas crônicas T – SS .................................... 140

Figura 27. Doenças linfoproliferativas crônicas T – LCTP................................. 140

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação da OMS para as neoplasias do tecido linfóide............... 35

Tabela 2. Classificação das Doenças Linfoproliferativas Crônicas .................... 40

Tabela 3. Características Imununológicas das DLPC-B .................................... 41

Tabela 4. Painel de Anticorpos monoclonais ..................................................... 85

Tabela 5. Subgrupos das Doenças Linfoproliferativas Crônicas n ..................... 94

Tabela 6. DLPC-B e a incidência do fenótipo detectado .................................. 95

Tabela 7. Distribuição em subgrupos das DLPC-T ............................................ 96

Tabela 8. Dados demográficos e laboratoriais das DLPC-B ............................ 97

Tabela 9. Dados demográficos e laboratoriais DLPC-T .................................... 98

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xvii

ANEXOS

Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa....................................................... 177

Publicações ......................................................................................................... 178

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18

1. INTRODUÇÃO

As doenças linfoproliferativas crônicas (DLPC) representam um grupo de

neoplasias do sistema linfo hematopoiético que apresentam características clínicas,

morfológicas e imunológicas heterogêneas. Constituem proliferações clonais de

natureza maligna de células maduras do sistema imune, com diferentes

comportamentos clínicos, fatores prognósticos e características epidemiológicas,

podendo envolver linfócitos B, T e células Natural Killer (NK)(1).

Trata-se de neoplasias que acometem geralmente pessoas com idade superior

a 50 anos, podendo ocasionalmente ocorrer em pessoas mais jovens, afetando mais

homens que mulheres na proporção de 2:1, respectivamente, proporção esta que

tende a decrescer com o aumento da faixa etária(2)

Nessas doenças é importante a distinção entre DLPC primárias e a fase de

leucemização dessas entidades, sendo usualmente designadas por leucemias ou

linfomas leucemizados quando predomina a sua expressão no sangue periférico (SP)

e/ou na medula óssea (MO) ou simplesmente linfomas quando predomina infiltração

dessas células restritas nos órgãos linfoides secundários ou outros tecido(3).

A denominação “crônica”, consagrado pela caracterização de doença indolente

ou assintomática, induz em erro, pois algumas DLPC incluídas nessa designação têm

um comportamento clínico agressivo e evolução rapidamente fatal. Podendo também

pensar o mesmo, para o termo “linfoproliferativas”, também empregado na

classificação dessas neoplasias, pois na maioria dos mecanismos envolvidos na sua

patogénese consiste fundamentalmente na inibição da apoptose e não numa

proliferação celular descontrolada como observada nas leucemias agudas(4).

Todas elas apresentam, no entanto, uma característica comum: o fenótipo

maduro de células linfóides, independentemente das características morfológicas

sugestivas de “maturidade” ou de “imaturidade” e do curso clínico menos ou mais

agressivo(4).

Não é possível a abordagem das DLPC sem um entendimento claro dos

conceitos de “clonalidade”, “neoplasias” e “malignidade” já que existe um paralelismo

entre eles ou seja os processos neoplásicos são de uma forma geral monoclonais e

potencialmente malignos, enquanto os processos reacionais constituem expansão do

tipo policlonal ou oligo-clonal e portanto clinicamente benignos. Desta forma, quando

relatamos as DLPC é importante referir o conceito de “monoclonalidade”, ou seja, de

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19

que os linfócitos expandidos têm origem numa célula comum e, portanto, partilham o

mesmo tipo de rearranjo genético que codificam para o receptor de células T ou “T-

Cell Receptor” (TCR) no caso das DLPC de células T ou para as imunoglobulinas (Igs)

no caso das DLPC de células B que pode ser demonstrada, por técnicas de biologia

molecular ou imunofenotipagem por citometria de fluxo, ficando explicito que uma

resposta imune fisiológica se organiza sempre de uma forma policlonal e a de que

uma expansão monoclonal é sempre de natureza maligna(4).

Até recentemente, a caracterização dessas neoplasias eram realizadas

basicamente pela análise descritiva da citomorfologia de distensão de SP, aspirado

de MO ou imprintch de tecidos afetados tais como linfonodos ou massas tumorais. No

entanto, em função da similaridade da morfologia muitas vezes observada nessas

entidades, sua classificação e, consequentemente, a escolha do tratamento são

bastante dificultados, exigindo a confirmação diagnóstica por meio de outros

procedimentos tais como biopsia, imunofenotipagem e genotipagem dentre outros(4).

Nos últimos anos a Organização Mundial de Saúde (OMS) dos tumores dos

tecidos hematopoiético e linfoide preconiza uma abordagem diagnóstica com ênfase

nos seguintes parâmetros: morfológico, fenotípico e genotípico. No entanto, não é

necessário e tão pouco favorável do ponto de vista custo-benefício realizar múltiplos

testes em todas as amostras(5).

Nos dias atuais, o diagnóstico hematopatológico dessas entidades é

dependente de uma combinação de análise citomorfológica e histológica. No entanto,

técnicas de imunofenotipagem como a citometria de fluxo (CF) e a imuno-histoquímica

(IHQ) tem trazido informações relevantes ao diagnóstico, como o estágio de

maturação das populações celulares analisadas, a presença de células com fenótipos

significativamente anormais, além de avaliar a presença de marcadores associados

ao prognóstico ou até mesmo marcadores que são alvos terapêuticos(5).

Nos últimos anos, a CF substituiu progressivamente a microscopia de

imunofluorescência, constituindo hoje o método de referência para a identificação,

caracterização e quantificação de células neoplásicas das DLPC.(6)

A popularização da CF deve-se a vantagens únicas desta tecnologia:

simplicidade, rapidez e capacidade de análise de um grande número de células num

curto espaço de tempo; a possibilidade de avaliar a expressão antigénica de uma

forma qualitativa e quantitativa além da possibilidade de uma avaliação

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20

multiparamétrica determinada pelo número crescente de anticorpos monoclonais

(AcMo) e de fluorocromos disponíveis(7).

Do ponto de vista de diagnóstico, a imunofenotipagem por CF é empregada

fundamentalmente para identificação e caracterização das células linfóides

neoplásicas com interesse na classificação das DLPC. Mais recentemente, a utilidade

da CF tem sido ampliada a outras áreas de interesse clínico que incluem a

investigação de prognostico, monitoramento de doença residual mínima após

tratamento e seleção de pacientes para tratamento alvo específico(8).

As DLPC mais comuns são as de células B. Entretanto, várias outras entidades

originárias de células T e NK, embora mais raras podem atualmente ser bem

caracterizadas utilizando por imunofenotipagem através da CF(8).

Na caracterização das DLPC de células B, o painel de AcMo deve distinguir

essas doenças das alterações reativas (não clonais), através da demonstração de

monoclonalidade pela demonstração de um clone com predomínio da expressão de

um único tipo de cadeia leve das imunoglobulinas (kappa ou lambda), na superfície

ou intracitoplasmático(8).

As DPLC e células T são neoplasias de origem pós-timicas caracterizando-se,

portanto, pelo fenótipo “terminal deoxytidyl transferase” (TdT) e CD1a negativos,

aliado a positividade para um ou mais marcadores de linfócitos T(9).

As DLPC de células NK são entidades raras, caracterizando-se pela presença

de linfocitose de linfócitos grandes e granulares (LGL) associados com a expressão

de antígenos relacionados a células NK tidas como o CD16, CD56 e CD57(9).

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21

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Células do sistema imune

O sistema imune é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas que em

humanos servem para a eliminação de agentes ou moléculas estranhas, inclusive o

câncer, com a finalidade de manter a homeostasia do organismo(10).

Os mecanismos fisiológicos do sistema imune consistem numa resposta

coordenada dessas células e moléculas diante de agentes infecciosos e outros

ativadores, levando ao surgimento de respostas específicas e seletivas (memória

imunológica), podendo também ser induzida através das vacinas. Na ausência de um

sistema imune funcional, infecções leves podem sobrepujar o hospedeiro e levá-lo à

morte. Porém, mesmo com um sistema imune funcional, o homem, por exemplo, pode

adquirir uma doença infecciosa ou um câncer, pois a resposta imune específica, diante

de um agente agressor, leva tempo para se desenvolver e, além disso, tanto

organismos estranhos, como células neoplásicas, desenvolvem mecanismos de

evasão para fugir da resposta imune (11).

As respostas imunes são mediadas por uma variedade de células e por

moléculas que estas expressam. Os leucócitos são as células que desempenham as

principais ações, mas outras células, que se encontram nos tecidos, também

participam da resposta imunitária, enviando sinais e recebendo estímulos dos

leucócitos(11).

As células que participam do sistema imunitário se originam na medula óssea

(MO), onde evoluem para a fase adulta. Nos seus estágios mais precoces, as células

tronco diferenciam-se em duas vias originando células progenitoras linfoides e células

progenitoras mielóides. Posteriormente as células progenitoras perdem a capacidade

de diferenciação, dando origem, cada uma delas, apenas a uma linhagem celular(11).

A partir da medula, e por meio de vasos sanguíneos, elas migram junto com

todos os elementos celulares do sangue. As células da linhagem linfóide darão origem

os linfócitos B, T e células natural killer (NK). As células progenitoras mielóides darão

origem aos, granulócitos, juntamente com as hemácias, que transportam o oxigênio e

as plaquetas que participam da coagulação. As células que derivam do progenitor

mieloide e do progenitor linfoide são as que mais interessam para o entendimento das

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22

ações do sistema imunitário, de modo que, nesta revisão, não serão considerados os

megacariócitos e os eritrócitos(12).

A resposta imune é exercida por dois eixos biológicos principais: a imunidade

inata e imunidade adaptativa, esta última exercida por dois eixos biológicos principais:

a imunidade humoral que compreende essencialmente a produção de anticorpos (Ac)

e a imunidade celular desempenhada pelos linfócitos T. Ambos os sistemas

dependem dos linfócitos, quer seja na produção de anticorpos, quer seja na resposta

imune celular. Estas células derivam das células primitivas pluripotentes (células

tronco multipotentes) presentes na medula óssea (MO) que têm a capacidade de auto-

renovação, proliferação e diferenciação (13).

O progenitor mieloide é o precursor dos granulócitos, fagócitos mononucleares

(macrófagos), células dendríticas e mastócitos do sistema imune. Os macrófagos são

as células fagocitárias mais relevantes. Estas células são a forma diferenciada dos

monócitos sanguíneos, que se encontram estrategicamente distribuídos em vários

tecidos para dar origem ao sistema fagocitário mononuclear

Os microgliócitos são os macrófagos do cérebro, as células de Kupffer são os

macrófagos do fígado, os macrófagos alveolares fazem parte do tecido pulmonar,

entre outros macrófagos residentes em diferentes tecidos. As funções dos macrófagos

se caracterizam pela neutralização, ingestão e destruição de partículas, incluindo os

biopatógenos, além de processar e apresentar antígenos para os linfócitos T (14).

Neste contexto, são as células dendríticas as mais especializadas na captura e

na apresentação de antígenos para os linfócitos T. As células dendríticas imaturas

migram do sangue para residirem nos tecidos e realizam tanto a fagocitose quanto a

micropinocitose. Após contato com um patógeno, maturam rapidamente e migram

para os nódulos linfáticos, onde encontram o ambiente adequado para a apresentação

de antígenos aos linfócitos T (15).

Os granulócitos recebem essa denominação por possuírem grânulos em seu

citoplasma que se coram especificamente por corantes hematológicos tradicionais.

São também chamados de leucócitos polimorfonucleares, devido às formas de seus

núcleos. Existem três tipos de granulócitos, sendo eles os neutrófilos, os eosinófilos e

os basófilos; todos com um tempo de vida relativamente curto(12).

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23

Os neutrófilos, assim como os macrófagos e as células dendríticas, são

representantes do grupo de células fagocitárias do sistema imunitário inato, mas,

diferentemente destas células, não apresentam antígenos para os linfócitos T(16).

Os neutrófilos são os elementos celulares mais numerosos presentes no SP e

importantes da resposta imune inata. Os eosinófilos são importantes na resposta

contra infecções parasitárias ou processos alérgicos. Os basófilos tem função

provavelmente similar e complementar à dos mastócitos, células cujo precursor

parece ser comum aos basófilos sanguíneos que, devido a semelhanças funcionais,

também se diferenciam ao chegar aos tecidos onde residem. Eles se localizam

principalmente à margem dos vasos sanguíneos e liberam mediadores que agem nas

paredes vasculares quando ativados (16).

2.1.1- Linfócitos

Os linfócitos maduros constituem 20-40% dos glóbulos brancos do sangue

periférico. Circulam continuamente e são capazes de migrar para espaços tissulares

e órgãos linfoides, servindo como ponte entre diferentes estruturas do sistema

imunitário(17).

As populações de linfócitos B, T e células NK são diferentes quanto à sua

função, mas de difícil identificação do ponto de vista morfológico, tornando a

imunofenotipagem por citometria de fluxo um método fundamental para distinção

destas células normais bem como de sua contraparte maligna com nas leucemias e

linfomas. Adicionalmente, a expressão diferencial de determinados marcadores

celulares de diferenciação tem sido utilizada para delinear estágios de diferenciação

e de ativação celular, e identificar distintos subtipos funcionais de linfócitos(17).

Os linfócitos T são células capazes de reconhecer estruturas polipeptídicas

através de um complexo macromolecular CD3/receptor clonal de célula T (CD3/TCR

), enquanto os linfócitos B exercem o reconhecimento através de imunoglobulinas

de superfície celular. Embora as estruturas de reconhecimento das células NK não

sejam totalmente conhecidas, sabe-se que elas expressam proteínas associadas à

linhagem T (CD2 e CD8), e ainda moléculas específicas ou relacionadas como o

CD16, o CD56 e o CD57, além de expressarem moléculas de adesão como o CD11b

e CD11c(18).

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24

2.1.1.1. Linfócitos B

Os linfócitos B (LB) se formam na medula óssea circulam, migrando depois para

os órgãos linfóides secundários tornando-se células efetoras após ativação por

antígeno. Durante esta fase do desenvolvimento os LB iniciam o rearranjo da sua

cadeia pesada de Ig (células pró-B), produzem a cadeia pesada (células pré-B),

expressam o receptor de células pré-B na superfície celular (células pré-B tardias),

completam o rearranjo das cadeias leves e expressam IgM de superfície (células B

imaturas) e IgM e IgD na superfície celular (células B maduras), reagem com o

respectivo antígeno (tornando células B ativadas) gerando posteriormente linfócitos B

de memória e células produtoras de anticorpos ou plasmócitos (17).

Os LBs expressam inicialmente o antígeno CD19 que é restrito à linhagem B,

com expressão do HLA-DR e do antígeno CD34. Segue-se então o aparecimento do

antígeno CD10. A expressão do CD10 distingue duas fases no desenvolvimento da

célula B: uma inicial caracterizada por alta densidade de CD10 e uma tardia com baixa

densidade do CD10, perda do CD34 e ganho do antígeno CD20. Nesta segunda fase,

algumas células exibem cadeias “mü” citoplasmáticas (c) significando diferenciação

para o estágio de célula pré-B. As células pré-B são bem caracterizadas por

apresentarem c e ainda não apresentarem imunoglobulinas de superfície (sIg)(17).

O estágio final da diferenciação terminal dos LBs ocorre nos órgãos linfóides

periféricos, sendo caracterizado pela mudança de classe da cadeia pesada das

imunoglobulias, com perda da IgM de superfície e aquisição de outros isotipos, tais

como a IgG, IgE ou IgA, através de um novo rearranjo do gene da imunoglobulina(17).

Os LB maduros são caracterizados pela expressão de novos antígenos restritos

à célula B, como o CD21 e o CD22 que estão presentes em linfócitos em repouso. A

ativação dos linfócitos implica na perda desses antígenos e da IgD, com concomitante

surgimento do antígeno CD23(17).

Durante todo este processo podemos caracterizar estes tipos celulares e

estudar a progressão do desenvolvimento dos LB através da expressão de

marcadores celulares ou antígenos de diferenciação celular (Cluster of diferentiation

ou CD), presentes durante toda a diferenciação, como o CD19, ou específicos de cada

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25

estágio de diferenciação, como o CD34, CD10, CD22, CD20, CD21, CD24 e o

complexo CD79a/CD79b dentre outros(17).

Os LB circulantes correspondem entre 10 a 15% dos linfócitos totais circulantes

e caracterizam-se pela expressão do CD19 e CD20, e de cadeias leves kappa () ou

lambda (λ) das imunoglobulinas, nunca as duas, em uma relação к/λ de 3:2 ou seja

60% e 40% para e respectivamente (17)

2.1.1.2. Linfócitos T

Os linfócitos T (LT) correspondem a cerca de 70 a 80% dos linfócitos circulantes

no sangue periférico. No início de seu desenvolvimento as células pre-T saem da

medula óssea numa forma imatura (CD4-/CD8-) e sem o receptor de células T (TCR),

migrando para o timo onde se tornam células T maduras, migrando posteriormente

para os órgãos linfóides secundários. Durante o processo de maturação elas sofrem

proliferação, rearranjo dos genes do TCR para gerar uma grande diversidade de

especificidades antigénicas, e adquirem marcadores de superfície específicos de

células T(18).

Durante a sua maturação no timo essas células passam a expressar uma

molécula de ligação a antígenos(TCR). Posteriormente adquirem outros marcadores

como o CD3 (inicialmente intracitoplasmático), CD1a, CD2, CD5 e CD7. Os estágios

do desenvolvimento das células T podem ser definidos pelo rearranjo e expressão do

TCR e pela expressão de CD4 e CD8 que segue a sequência: CD4-/CD8- ou células

duplamente negativas, CD4+/CD8+ ou células duplamente positivas e finalmente,

células CD4/-CD8- ou CD4-CD8+. Na fase final de diferenciação celular, pode-se

distinguir duas subpopulações funcionalmente distintas de linfócitos T, que se

denominam T-helper (LTh ou TCD4+) e T citotóxicas (LTc ou TCD8+), graças a

presença do antígeno CD4 e ausência de CD8 e vice-versa, respectivamente(18).

A relação normal de células TCD4/TCD8 é de 2:1, podendo ser alterado em

condições patológicas tais como nas infecções por vírus como, por exemplo, nos

indivíduos infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e na

mononucleose infecciosa, quando ocorre inversão da relação TCD4/TCD8 ou

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26

presença de células duplamente positivas podendo estas condições também serem

observadas nas imunodeficiências, doenças auto-imunes e outras patologias,

nomeadamente leucemias e linfomas(18).

2.1.1.3 Células Natural Killer

As células natural killer (termo oriundo do inglês Natural Killer Cell), também

conhecidas como células exterminadoras naturais ou células NK são definidas como

células citotóxicas não específicas que são importantes na resposta precoce às

células tumorais e infecções virais(18).

As células NK são oriundas da medula óssea, que correspondem a 5 a 15%

das células mononucleares do sangue periférico. Possui tamanho ligeiramente maior

que o do linfócito pequeno e presença do citoplasma granular abundante, permitindo

diferenciá-las do linfócito T, sendo comumente denominadas como linfócitos

granulares grandes. Seu citoplasma, bem como o dos linfócitos T citotóxico ou TCD8+,

é caracterizado por conter grânulos contendo substancias citotóxicas (granzimas e

perfurinas) mediadores de mecanismos da lise da célula-alvo(18).

As células NK e os linfócitos T expressam numerosas moléculas de superfície

semelhantes entre si e que exterminam as células infectadas e células neoplásicas

por meio de mecanismos similares. Dois marcadores encontradas na membrana,

CD16 e CD56, são comumente utilizadas para identificação das células NK.

Diferentemente dos linfócitos citotóxicos, as NK não são restritas por proteínas MHC

(exibidas na superfície das células infectadas), são constitutivamente citolíticas e não

desenvolvem memória. Por as células NK serem ativadas precocemente em uma

resposta imune e não requererem sensibilização prévia para o desenvolvimento de

células de memória após a sua ativação, elas são as células citotóxicas da imunidade

inata, em contrapartida ao linfócito T citotóxico da resposta imune adaptativa (18).

2.2 Órgãos Linfoides e a Rede Linfática

Apenas 1% da população total dos linfócitos é encontrada circulando no SP. Na

sua maioria, os linfócitos são encontrados nos chamados órgãos linfoides,

classificados em primários (ou centrais) e secundários (periféricos)(19).

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27

Os órgãos linfoides são tecidos organizados que contêm grandes quantidades

de linfócitos em um ambiente de células não linfoides. Nesses órgãos, as interações

que os linfócitos têm com as células não linfóides são importantes, tanto para o

desenvolvimento dos linfócitos e o início da resposta imune adaptativa, como para a

manutenção dos mesmos. Tais órgãos podem ser divididos em órgãos linfoides

centrais ou primários, produtores de linfócitos, e órgãos linfoides periféricos ou

secundários, que desempenham a função de maximizar o encontro entre os linfócitos

e os produtos processados pelas células apresentadoras de antígenos, dando início

à resposta imune(20).

Do ponto de vista funcional, o sistema linfoide pode ser dividido em três

compartimentos: i) O primeiro compreende um reservatório de células não

diferenciadas, denominadas de células tronco multipotentes ou stem cells (SC) que

darão origem às células tronco linfoides (CTL), as quais são capazes de proliferação

e maturação; ii) Um segundo compartimento consiste nos tecidos linfoides centrais ou

primários (MO e Timo) que controlam o desenvolvimento das células linfoides, sendo

focos de intensa linfopoese independente de estímulos antigênicos; iii) O terceiro

compartimento inclui os órgãos linfoides periféricos ou secundários onde se observa

uma população mista de linfócitos B e T(20).

Nos seres humanos, os órgãos linfoides centrais são a medula óssea e o timo,

este último um grande órgão localizado na porção superior do tórax. Tanto os linfócitos

B como as células T surgem na medula óssea, mas apenas os linfócitos B ali se

diferenciam. Os linfócitos T migram para o timo para sofrer seu processo de

diferenciação. Uma vez completada sua maturação celular, os dois tipos de linfócitos

entram na corrente sanguínea, migrando posteriormente para os órgãos linfoides

periféricos(21).

Os órgãos linfóides periféricos são especializados na captura do antígeno

possibilitando o início das respostas imunes adaptativas. Os microrganismos

patogênicos podem penetrar no hospedeiro por muitas portas de entrada, instalando

o processo infeccioso em qualquer sítio, mas o encontro do antígeno com os linfócitos

acontecerá nos órgãos linfóides periféricos: os nódulos linfáticos, o baço e tecidos

linfóides associados às mucosas(21).

Os linfócitos estão em contínua recirculação entre esses tecidos, para os quais

o antígeno também é carreado, vindo de locais procedentes de infecções,

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primariamente dentro de células apresentadoras de antígenos (CAA) (macrófagos e

células dendriticas dentre outras). Dentro dos órgãos linfoides, células especializadas,

como as CAA, apresentam o antígeno para os LT até então células naives(22).

A rede linfática consiste em um extenso sistema de vasos que coletam o líquido

intersticial, fazendo-o retornar para o sangue. Esse líquido intersticial é produzido

continuamente pela passagem de água e solutos de baixo peso molecular através das

paredes vasculares que penetram no espaço intersticial, pela secreção celular e

outros fatores de excreção. Ao ser parcialmente drenado para os vasos linfáticos,

passa a ser chamado de linfa. A linfa flui lentamente pelos vasos linfáticos primários,

deságua em vasos linfáticos de calibre progressivamente maior, que convergem para

o ducto torácico, e desemboca na veia cava superior que, por sua vez, devolve todo

o volume para a corrente sanguínea, num fenômeno denominado recirculação(21).

Localizados em pontos de convergência da rede vascular, encontram-se os

nódulos linfáticos (linfonodos) constituídos de uma série de órgãos encapsulados em

forma de caroço de feijão, que se distribuem ao longo dos vasos linfáticos. Os vasos

linfáticos aferentes drenam o fluido dos tecidos e carrega antígenos e células

infectadas aos seios dos nódulos linfáticos, onde os antígenos são capturados. Os

seios são revestidos por orifícios minúsculos, que permitem a linfa e seu conteúdo

atravessarem o nódulo linfático e entrarem em contato com os linfócitos(23)

Nos nódulos linfáticos os linfócitos B e T estão situados em regiões distintas.

As células B encontra-se principalmente nos folículos presentes na área cortical. Os

linfócitos B localizam-se em folículos e nas áreas corticais, os linfócitos T encontram-

se mais difusamente distribuídas em torno das áreas paracorticais, também

conhecidas como zonas de células T ou áreas T-dependentes. Alguns folículos

contêm áreas centrais chamadas de centros germinativos, os quais coram-se

levemente com corantes histológicos. Os folículos sem centros germinativos,

chamados de folículos primários, contêm principalmente linfócitos B maduros "naives".

Os foliculos com centros germinativos (folículos secundários), isto é, que estão

ativados, surgem após estimulação antigênica mediados pelas células T auxiliares,

constituindo locais de proliferação e seleção de células B que produzem anticorpos de

alta afinidade e geração de células B de memória. A formação do centro germinativo

desloca as células originais do folículo primário para a periferia, que passam então a

constituir a “zona do manto” do folículo secundário(23).

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Cada centro germinativo consiste de uma zona escura repleta de células B que

proliferam, chamadas de centroblastos, e uma zona leve que contém células

chamadas de centrócitos, os quais pararam de proliferar e estão sendo selecionados

para sobreviver e diferenciar ainda mais (13). Por fim, a linfa sai por um vaso linfático

eferente no lado oposto do nódulo linfático, numa região conhecida como hilo(24).

O baço encontra-se situado atrás do estômago e filtra o sangue da mesma

forma como os nódulos linfáticos filtram a linfa e coletam antígenos. Também captura

e se desfaz de células vermelhas senescentes. A massa principal deste órgão é

composta pela polpa vermelha e os linfócitos circundam as arteríolas que o penetram,

formando áreas da polpa branca, cuja região mais interna é dividida em uma camada

linfoide periarteriolar, contendo principalmente células T e revestidas por uma coroa

de células B(25).

A expressão tecido linfoide associado à mucosa (MALT) do termo em inglês

“mucosal associated lymphoid tissue” é uma descrição geral para os tecidos linfoides

não encapsulados, que existem nas regiões subjacentes às mucosas. Os MALTs se

distribuem anatomicamente e seus componentes individuais incluem: i) O anel de

Waldeyer - Anel de estruturas linfoides que circunda a faringe, sendo formado pelas

tonsilas e adenoides, ii) Tecido linfoide associado aos brônquios (BALT) do termo em

inglês bronchial-associated lymphoid tissue constituído por agregados linfocitários

semelhantes, mas organizados difusamente, que protegem o epitélio respiratório, iii)

Tecidos linfoides associados ao intestino (GALT) do termo em inglês “gut-associated

lymphoid tissues” os quais Incluem os folículos linfoides isolados e o apêndice cecal,

além de estruturas especializadas do intestino delgado, as placas de Peyer e tecido

linfático urogenital(26).

A diferenciação dos linfócitos B e T seguem três diferentes estágios: o primeiro

estágio ocorre na MO quando as SC, dependendo de estímulos, se diferenciam em

célula tronco linfoide (CTL), que é um precursor comum dos linfócitos B, T e células

NK, e em células progenitoras mielóides ou Unidade Formadora de Colônia de

Granulócitos, Eritrocitos, Monócitos e Megacariocitos ou CFU-GEMM do termo em

inglês “Colony-Forming Unit-Granulocyte, Erythrocyte, Monocyte/macrophage,

Megakaryocyte(23)”.

Na segunda fase, algumas das CTL migram para o timo onde, sob influência

do microambiente , se diferenciam em LT. Os precursores linfoides que permanecem

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na MO sofrem diferenciação que culminará com a formação dos LB. O terceiro e último

estágio corresponde à aquisição de imunocompetência o que ocorre a nível dos

órgãos linfóides secundários(23).

2.3 Linfocitose x Linfopenia

A linfocitose corresponde a um número aumentado de linfócitos circulantes,

superior a 4.000/ µL.. na maioria dos laboratórios clínicos; enquanto a linfocitopenia

refere-se à diminuição dos linfócitos no SP que, geralmente, corresponde a menos de

1.000 linfócitos/µL em adultos. Assim, para a contagem de glóbulos brancos em

adultos, o intervalo normal (ou seja, dois desvios padrão acima e abaixo da média) é

de 4.400 a 11.000 células/µL na maioria dos laboratórios clínicos. Os linfócitos,

geralmente, constituem de 8% a 33% dos glóbulos vermelhos no SP(27).

Os mecanismos da indução de uma linfocitose pode ser causada pelo aumento

da produção, redistribuição (da MO e/ou órgãos linfóides secundários) e/ou diminuição

da morte celular. As várias causas de linfocitose diferem-se na contribuição de cada

um desses mecanismos (27).

O aumento da produção de linfócitos pode ser devido a um processo maligno

ou em resposta a um estímulo infeccioso ou inflamatório. A linfocitose maligna

envolvendo a expansão de um clone de células relacionadas, ao passo em que os

processos reativos, geralmente, refletem a expansão policlonal de vários clones de

linfócitos (resposta policlonal). Os processos reativos podem levar à expansão de um

ou mais subconjuntos de linfócitos (a exemplo de células T, células B e/ou células

NK)(27).

Dentre as causas mais comuns de linfocitose reativas destacam-se: i)

Linfocitose fisiológica da infância (do nascimento até aos 2 anos); ii) Infecções

especialmente virais tais como rubéola, varicela, influenza, e todas as doenças

exantemáticas da infância além do vírus Epstein-Barr, vírus Coxsackie, adenivírus,

toxoplasmose, citomegalovírus, ou infecções como brucelose, tuberculose, sífilis

secundária, vírus linfotropico de células T-humana (HTLV) e infecções por Rickettsias;

iii). Situações diversas, como alergias medicamentosas, doença do soro, após

esplenectomia, doença de Addison, hipopituitarismo, hipertiroidismo e em fumantes

crônicos, dente outra.(27).

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31

As causas da linfocitose clonal existem em um espectro e variam de distúrbios

pré-malignos os quais podem evoluir para doenças malignas abertas em uma

variedade de linfomas e leucemias tais como as doenças linfoprolifertivas crônicas

(DLPC) a LLCB e os linfomas não-Hodgkin leucemizados (LNHL) dentre outras(27).

A urgência da avaliação da natureza de uma linfocitose é orientada pela

condição clínica do paciente, o grau e a taxa de aumento da linfocitose (se conhecida),

bem como achados preocupantes (por exemplo, explosões leucêmicas) no esfregaço

sanguíneo com presença de formas atipicas. Embora toda linfocitose maligna seja

clonal, nem todas as expansões clonais são malignas. Algumas causas infecciosas

ou inflamatórias da linfocitose podem estar associadas à expansão oligoclonal de

linfócitos(27).

Distinguir os processos clonais dos policlonais, muitas vezes, é um passo

importante na determinação da causa da linfocitose. A clonalidade não pode ser

determinada pela avaliação inicial (história, exame físico ou hemograma completo).

Nestes casos as técnicas de imunofenotipagem como a citometria de fluxo é a técnica

inicial preferida para definir a clonalidade. Figura 1 (27).

No entanto, a citometria de fluxo não deve ser realizada em todos os pacientes

com linfocitose. Assim, a decisão da realização da citometria de fluxo e a urgência do

teste são determinadas pelo estado clínico do paciente, o nível de linfocitose e sua

evolução (se conhecida), achados preocupantes em esfregaço sanguíneo (atipias

linfocitárias, plaquetopenia e alterações citomorfologicas dos eritrócitos dente outras)

e a preocupação do clínico e/ou do paciente(27).

Em geral, a citometria de fluxo do sangue periférico é o teste inicial preferido

para a determinação da clonalidade no paciente com linfocitose. Comparada com

outras técnicas especializadas (por exemplo: análise cromossômica e testes

moleculares/genéticos), a citometria de fluxo fornece resultados mais rápidos e

econômicos. Esta técnica pode definir clonalidade e determinar a linhagem e o

imunofenótipo dos linfócitos(27).

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32

Figura 1 – Fluxo do paciente com Linfocitose

2.4 Doenças Linfoproliferativas Crônicas

2.4.1. Considerações gerais

As Doenças Linfoproliferativas Crônicas (DLPC) constituem um grupo

heterogêneo de doenças neoplásicas que, em comum, têm a sua origem a partir de

células linfóides maduras (periféricas), as quais podem estar presentes na MO ou SP,

podendo também se infiltrar em outros órgãos, como pele e órgãos linfóides

secundários, linfonodos e baço, dentre outros (28).

Apesar de, na denominação “Doenças Linfoproliferativas”, enquadrarem-se

todas as proliferações linfoides, na prática clínica, este termo encontra-se restrito a

um grupo heterogêneo de neoplasias linfóides caracterizadas por um acúmulo de

linfócitos B, T e NK de aparência madura e função anormal no SP. Essas entidades

são classificadas conforme as características morfológicas, imunofenotípicas e

citogenéticas, com alterações moleculares específicas (29).

As DLPC podem também cursar com adenopatias e hepato-esplenomegalia.

Mas, em algumas destas patologias, a expressão da doença se dá através da

linfocitose, consequência da fase de leucemização dessas neoplasias (29).

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33

2.4.2. Classificação

Devido à complexidade considerável do sistema imune, não é surpreendente

que os tumores originários desses tecidos sejam numerosos e complexos. Por

conseguinte, a classificação dessas doenças tenta identificar as origens de células de

tumores e sua maturidade aparente. Os primeiros sistemas de classificação

basearam-se na arquitetura dos tecidos e nas aparências citológicas das células

neoplásicas. Para algumas entidades, as características morfológicas são muitas

vezes suficientes para estabelecer o diagnóstico. No entanto, com o desenvolvimento

e aplicação da imunofenotipagem, testes genéticos e moleculares, reconheceu-se a

existência de muitas entidades distintas, que não podiam ser distinguidas de forma

confiável apenas pela morfologia (30).

A classificação dos cânceres linfóides proposta pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) foi concebida através de um consenso entre líderes internacionais em

hematopatologia e oncologia clínica, levando em consideração as informações

morfológicas, clínicas, imunológicas e genéticas para dividir os linfomas não-Hodgkin

(LNH) e outros cânceres linfóides em entidades clínicas/patológicas que tenham

relevância clínica e terapêutica(28).

A classificação da OMS foi publicada em 2008 e atualizada em 2016.

Fundamenta-se também em critérios morfológicos e imunohistoquímicos bem

definidos, comprovadamente associados à elevada concordância inter-observadores,

havendo também forte fundamentação biológica, incluindo-se as mais atuais

evidências da genética molecular. Esse sistema é apresentado na Tabela 1.

De forma geral e de acordo com a OMS, os diferentes tumores hematológicos

foram agrupados em: Neoplasias mielóides, derivadas das células progenitoras da

MO que, normalmente, desenvolvem-se em eritrócitos, granulócitos, monócitos e

megacariócitos; Neoplasias histiocíticas/dendríticas, derivadas de células

apresentadoras de antígeno; Neoplasias linfóides, derivadas de forma variável de

progenitores de células B (derivadas da MO), progenitores de células T (derivados do

timo), linfócitos T maduro (células T citotóxicas, células T auxiliares ou células T

reguladoras) ou linfócitos B maduros (células B ou células plasmáticas)(28).

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34

Ainda nesta perspectiva, há as neoplasias que mostram as evidências de

diferenciação mielóide e linfóide, presumivelmente, porque são derivadas de células

progenitoras multipotentes (28).

As neoplasias linfóides T maduras e NK compreendem: Linfomas de Células T

Periférico; Linfoma Anaplásico de Grande Células (LAGC); Linfoma de Células T

Periféricas Cutâneas Primárias; Linfoma de Células T do Adulto; Leucemia de

Grandes Linfócitos Granulares (LGLG); Leucemia Prolinfocítica T e Leucemia de

Células NK (28).

Embora essa classificação seja apoiada por uma abordagem multiparamétrica

ao diagnóstico, com identificação citomorfológica, imunofenotipagem e características

genotípicas de cada entidade, não é necessária nem rentável a execução de múltiplos

estudos em cada caso diagnosticado (31).

Diversos autores têm sugerido a utilização da imunofenotipagem por citometria

de fluxo, aliada à citologia convencional, como método rápido e não invasivo de

diagnóstico alternativo dessas neoplasias (31).

Trata-se de um método mais preciso, baseado na expressão de antígenos de

diferenciação celular (marcadores de células) identificados através de um painel de

anticorpos monoclonais (AcMo), os quais determinarão a fase em que está o processo

de maturação dos linfócitos B e T/NK (31).

Alguns desses marcadores são considerados críticos e, portanto, suficientes

para determinar a linhagem. No entanto, um painel mais extenso de AcMo pode

proporcionar informações mais detalhadas sobre o processo leucêmico, podendo

também avaliar a expressão de antígenos de valor prognóstico e determinação da

clonalidade, além de também poder ser usado na avaliação da doença residual

mínima (DRM) durante a terapia(32).

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35

Tabela 1 - Classificação da OMS para as neoplasias do tecido linfóide.(5)

Neoplasias de Células B Neoplasias de Células T e Natural Killer (NK)

Neoplasias de Células B Precursoras Neoplasias de Células T Precursoras

Linfoma e Leucemia Linfoblástica de Células B

Precursoras

Linfoma e Leucemia Linfoblástica de Células T

Precursoras

Neoplasias de Células B Maduras (periféricas) Neoplasias de Células T Maduras (periféricas) e de

Células NK

Leucemia Linfocítica Crônica e Linfoma

Linfocítico de Pequenas Células B

Leucemia Prolinfocítica de Células T

Leucemia Prolinfocítica de Células B Leucemia Linfocítica granular de Células T

Linfoma Linfoplasmocítico Leucemia de Células NK agressivo

Linfoma de Células B de Zona Marginal Esplênico

(± linfócitos vilosos)

Leucemia ou Linfoma de Células T Adultas (HTLV

I)

Leucemia de Células Cabeludas Linfoma Extranodal de Células T e NK, tipo nasal

Mieloma de Células Plasmáticas ou

Plasmocitoma

Linfoma de Células T, tipo enteropatia

Linfoma de Células B de Zona Marginal

Extranodal associado à Mucosas (MALT)

Linfoma de Células T hepatoesplênico

Linfoma de Células B de Zona Marginal Nodal Linfoma Subcutâneo de Células T, do tipo

peniculite

Linfoma Folicular Micose Fungóide e Síndrome Sézary

Linfoma de Células do Manto Linfoma Cutâneo Primário de Grandes Células

Anaplásicas

Linfoma Difuso de Grandes Células B Linfoma de Células T periféricas, não especificado

Linfoma Mediastinal de Grandes Células B Linfoma de Células T angioimunoblástico

Linfoma Primário de Efusão Linfoma Sistêmico primário de Grandes Células

Anaplásicas

Linfoma Intravascular de Grandes Células B Neoplasias de Células de linhagem T e Estágio de

Diferenciação Incertos

Linfoma de Burkitt ou Leucemia de Células de

Burkitt

Linfoma de Células NK blásticas

Neoplasias de Células B de Potencial Maligno

Incerto

Neoplasias de Células T de Potencial Maligno

Incerto

Granulomatose Linfomatóide Desordem Proliferativa Cutânea CD30+ (papulose

linfomatóide)

Doença Linfoproliferativa Pós-Transplante

(polimorfa)

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36

2.4.3 Importância da Imunofenotipagem por citometria de fluxo no

diagnóstico e classificação das Doenças Linfoproliferativas Crônicas

A imunofenotipagem por citometria de fluxo (ICF) é um processo de

análise multiparamétrica por meio do qual as características físicas e/ou

químicas das células são medidas enquanto circulam numa corrente líquida,

alinhadas uma a uma, em frente a um laser. O impacto do laser em cada célula

produz sinais que representam diferentes parâmetros da célula e, depois, são

recolhidos por detectores responsáveis por converterem os sinais recebidos em

sinais eletrônicos a serem digitalizados e armazenados em suporte informático

Figura 2 (33).

Para isso, os citômetros dispõem de um sistema hidráulico para a

circulação do fluxo contínuo monocelular, de um sistema de luz laser que incide

sobre as células, de um sistema óptico e eletrônico que recolhe a luz dispersada

e de um sistema informático para processar os dados(33).

Apesar de a ICF ser uma técnica utilizada em vários autoanalizadores

hematológicos, o termo restringe-se aos aparelhos que lêem e interpretam

reações nas quais intervêm substâncias fluorescentes(33).

Figura 2 – Citometria de fluxo

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37

Os parâmetros medidos podem ser relacionados às características

intrínsecas da célula, como tamanho e complexidade do núcleo e citoplasma, os

quais são baseados em sinais de dispersão, ou parâmetros relacionados às

propriedades antigênicas da célula, baseadas em sinais de fluorescência (31)

Os sinais de dispersão resultam da interação física da luz monocromática

com uma partícula, como uma célula que produz uma mudança na direção da

luz, em todas as direções. As características morfológicas fornecidas são o

tamanho celular, características da membrana, do núcleo e do material granular

no interior da célula (31).

Os sinais de fluorescência devem-se aos fluorocromos. O complexo

antígeno-anticorpo é marcado por um fluorocromo que emite luz a determinado

comprimento de onda quando excitado pela luz do laser (31).

Entre as várias aplicações da Citometria de Fluxo (CF), encontra-se a

imunofenotipagem leucocitária, ou seja, a identificação de populações e

subpopulações de leucócitos, particularmente de linfócitos, tendo como base a

expressão de antígenos de membrana (34).

A ICF é uma técnica importante no diagnóstico e caracterização de

neoplasias hematológicas. Ela permite a identificação de células com

imunofenótipo aberrante, tornando-se uma ferramenta diagnóstica precisa

mesmo na ausência de sintomatologia clínica (34).

A análise multiparamétrica, através da citometria de fluxo, é um método

rápido, objetivo e quantitativo para determinação da linhagem celular (B, T e NK),

caracterização do estádio maturativo das células no diagnóstico diferencial entre

linfocitose reacional e proliferação monoclonal de células B, além de

caracterização da heterogeneidade e dos aspectos aberrantes de células

malignas, permitindo o monitoramento da terapia e detecção de doença residual

mínima. Também, através da CF, podem ser identificados marcadores

prognósticos, como a análise de ZAP-70, CD38, CD49d, dentre outros (33).

Cerca de 80% a 85% das DLPC são de linhagem B, ou seja, ocorrem a

transformação maligna e expansão de um único clone de linfócitos B, originando

as DLPC de células B, nas quais se destacam a Leucemia Linfocítica Crônica de

Células B (LLC-B); a Leucemia Prolinfocítica de Linfócitos B (LPL-B); a

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38

Tricoleucemia ou "Hairy Cell Leukemia" (HCL) e os linfomas linfocíticos de baixo

grau em fase leucêmica, como o Linfoma de Células do Manto (LCM), o Linfoma

Folicular (LF), o Linfoma Esplênico de Linfócitos Vilosos (LELV) e o Linfoma

Linfoplasmocitóide ou Macroglobulinemia de Waldestrom (MW); podendo

também ser incluídas neste grupo as discrasias de células plasmáticas, como o

Mieloma Múltiplo (MM) e a sua forma leucêmica ou Leucemia de Células

Plasmáticas (LCP)(35).

Na caracterização das neoplasias da linhagem B, por maior frequência,

melhor conhecimento dos fenótipos anormais e maior disponibilidade de

marcadores, a CF é amplamente utilizada. Nas neoplasias de células T, em

contraste com as B, ainda é difícil identificar fenótipos aberrantes sendo,

portanto, muitas neoplasias categorizadas como linfomas T não

especificado(35).

No entanto, quando utilizada em conjunto com outras informações

clínicas, análises citomorfológicas, colorações citoquímicas, imuno-

histoquímicas, análises moleculares e citogenéticas, a ICF pode auxiliar na

conclusão do diagnóstico (36).

As DLPC de linhagem B podem ser confirmadas por duas evidências que

caracterizam a presença de células neoplásicas desta linhagem: i) Presença de

monoclonalidade para as cadeias leves da imunoglobulina de superfície (Igs). As

DLP de linhagem B, habitualmente, apresentam um único clone derivado de uma

célula com expressão de um único tipo de imunoglobulina, evidenciando pela

superexpressão de um único tipo de cadeia leve, ou κ ou λ, em contraste com o

padrão policlonal dos casos de linfocitose reacional que apresentam uma relação

к/λ normal. ii) Expressão de fenótipos aberrantes relacionados a doenças

específicas, tais como expressão aberrante do antígeno T CD5 na LLC-B. Figura

3 (34,37).

As DLPC de células T são menos frequentes que as DLPC-B e,

frequentemente, podem ser identificadas por ICF. As neoplasias pós-tímicas

caracterizam-se pelo fenótipo “terminal deoxytidyl transferase” (TdT) e CD1a

negativos, aliadas à positividade para um ou mais marcadores de células T

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39

.Adicionalmente, a presença de fenótipo aberrante nas células T neoplásicas

deve ser distinguida da variação imunofenotípica normal, observada em

linfocitoses de células T não neoplásicas, tal como nas infecções virais (38).

Figura 3 – Algoritmo do diagnóstico das neoplasias de células B

As DPLC de células NK são raras e apresentam características clínicas e

biológicas mal definidas, caracterizando-se pela expressão de antígenos

relacionados a células NK, tais como CD16, CD56, CD57 e CD8, além de

antigenos compartilhados com os linfócitos T: CD2, CD8, granzimas e perfurinas,

dentre outros (34,39).

As tabelas 2 e 3 mostram resumidamente a classificação das DLPC de

linfócitos B, T e células NK, de acordo com o padrão de imunofenotipagem obtido

pela CF.

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40

Tabela 2 - Classificação das Doenças Linfoproliferativas Crônicas

DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS CRÔNICAS DE CÉLULAS B

1) Leucemias Primárias

Leucemia Linfóide Crônica (LLC)

Leucemia Prolinfocítica (LPL)

Leucemia de Células Vilosas (LCV) ou “Hairy Cell Leukemia” (HCL)

Leucemia de Células Vilosas, forma variante (LCPv)

2) Linfomas Não Hodgkin em Fase Leucêmica (LNHL)

Linfoma Folicular (LF)

Linfoma de Células do Manto (LCM)

Linfoma Esplênico com Linfócitos Vilosos (LELV)

Linfoma Linfoplasmocitóide ou Macroglobulinemia de Waldenström (MW)

Linfoma de Burkitt (LB)

3) Mieloma Múltiplo (MM)

Leucemia de Células Plasmáticas (LCP)

DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS CRÔNICAS DE CÉLULAS T e NK

1) Leucemias Primárias

Leucemia de Linfócitos Grandes e Granulares (LLGG): Células T e NK

Leucemia Prolinfocítica (LPL)

2) Linfomas Não Hodgkin em Fase Leucêmica (LNHL)

Leucemia de Células T do Adulto (LCTA) ou “Adult T Cell Leukemia” (ATLL)

Micose Fungoide /Síndrome de Sézary (MF/SS)

Linfoma de Células T Periférico (LCTP)

Baseado em: Ruiz-Argüelles, GJ. & San-Miguel, JF. (29).

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41

Tabela 3 - Características imunológicas das Doenças Linfoproliferativas Crônicas.

Antígenos

Células – B Células T – NK

LLC LPL LCV LLC LPL LECV LLC LPL LGC LPL LCTA SS LCTP

Antígenos de Células B

sIg + + + + + + + + (cyt) - - - - -

CD10 - - - + - - - - - - - - -

CD19 + + + - + + + - - - - - -

CD20 + + + + + + + - - - - - -

CD21 + + + - + + + - - - - - -

CD22 + + + + + + + - - - - - -

CD23 + + + + - ? + - - - - - -

CD79b -/+ + + + + + + - - - - - -

CD52 + + + - + + + - - - - - -

CD103 - - +/- - - - - - - - - - -

CD138 - - - - - - - + - - - - -

CD200 + + + + + + + - - - - - -

FMC7 -/+ + + + + + + - - - - - -

Antígenos de células T e NK

CD2 - - - - - - - - + + + + +

CD3 - - - - - - - - +(T) + + + +

CD4 - - - - - - - - -/+ + + + +/-

CD5 + -/+ - - + - - - +(T) + + + +

CD7 - - - - - - - - +(T) + -/+ - -/+

CD8 - - - - - - - - +/- +/- - - -

CD16-56 - - - - - - - +/- +(NK) - - - -

TCR - - - - - - - - -/+ + + + +

TCR - - - - - - - - +/- + + + +

TCL-1

(cyt) - - - - - - - - +/- +/- +/- +/- +/-

Granzime - - - - - - - - + +/- - - -

Perfurine - - - - - - - - + +/- - - -

Outros

Ciclina-D1 - - - - + - - - - - - - -

HLA-Dr + + + + + + + - - - + - -

CD11c - - + -/+ - -/+ - - - - - - -

CD25 -/+ - + - - - + - -/+ - + - -

CD38 -/+ - + - - - +/- + +/- - + - -

CD45 + + + + + + + - + + + + +

Nota: (sIg) Imunogl. de superfície; (TCR ϒ/δ) Receptor de cél. T gama/delta; (TCR α/β) Receptor de cél. T alfa/beta; (TCL1) Proteína 1A das células T de leucemia/Linfoma; (HLA-Dr) Receptor de Superfície MHC classe II; (-) ausência de antigêno; (+) presença de antigeno; (-/+) antígeno presente em menos de 50% dos pacientes; (+/-) antígeno presente em mais de 50% dos pacientes; () expressão antigênica forte; () expressão antigênica fraca; (cyt) presente no citoplasma; (T) Positivo em neoplasias T; (?) desconhecido; (LLC) Leuc. Linfoc. Crônica; (LPL) Leuc. Prolinfocítica; (LCV) Leuc. de Células Vilosas; (LF) Linfoma Folicular; (LCM) Linfoma do Manto; (LECV) Linfoma Esplênico de Células Vilosas; (MW) ; (LCP) Leuc. de Cél. Plasmáticas; (LGLG) Leuc. de Grandes Linfóc. ; (LTA) Leuc.de Cél. T do Adl.; (SS) Síndrome Sézary; (LTP) Linfoma de Células T Periférico. Adaptado de Ruiz-Argüelles, GJ. & San-Miguel, JF (29).

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42

2.4.4. Doenças Linfoproliferativas Crônicas de Células B

2.4.4.1. Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)

A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é a mais prevalente malignidade

hematológica no ocidente, caracterizada pelo acúmulo anormal de linfócitos

imuno-incompetentes(40)

É uma doença de adultos, ocorrendo em populações maiores que 35

anos. Estima-se que ocorram aproximadamente 15.100 novos casos por ano nos

EUA, com uma prevalência de 140.000 casos(41)

Representa de 22% a 30% de todos os casos de leucemia, com uma

incidência global projetada para algo entre <1 e 5,5 por 100.000 pessoas ao ano.

Países como a Austrália, Estados Unidos da América (EUA), Irlanda e Itália têm

as maiores taxas de incidência mundial, e a idade média do diagnóstico é em

torno de 72 anos, com predomínio do sexo masculino na proporção de 2:1. Cerca

de 5% a 10% dos casos, ocorrem entre familiares (42)

Houve uma crença geral de ser uma doença indolente, associada a um

curso clínico prolongado, ou seja, de 10 a 20 anos, cuja eventual causa de morte

pode não estar relacionada à LLC. No entanto, esta observação é verdadeira

para menos de 30% dos pacientes(42).

Alguns pacientes, rapidamente, morrem de complicações ou causas

ligadas diretamente à LLC, dentro de 2 a 3 anos, após o diagnóstico. Outros

pacientes vivem de 5 a 10 anos com um curso inicial relativamente benigno,

seguido de uma fase terminal de 1 a 2 anos. Durante esta fase, há uma

morbidade considerável tanto da própria doença quanto de complicações da

terapia(42) .

Durante a fase assintomática, os pacientes são capazes de manter o estilo

de vida habitual. Mas, durante a fase terminal, o status de desempenho é fraco,

com necessidades recorrentes de hospitalização. As causas mais frequentes de

mortes são infecções sistêmicas graves, sangramentos ou caquexia (43)

Várias propostas têm sido sugeridas para a origem celular da LLC e,

embora não haja consenso de qual seja seu correspondente celular anormal,

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43

atualmente, o perfil de expressão gênica e de fenótipos de superfície de

membrana são identificados nas células patológicas, não sendo claro se a célula

oriunda da LLC tem um precursor único ou múltiplos, nem o estágio em que as

células normais evoluem para LLC (44).

A teoria mais aceita é a de que clones celulares com a cadeia pesada de

região variável de imunoglobulina (IGVH) mutada não derivam de células B da

zona marginal e têm um precursor simples, mas ainda faltam algumas peças

nesse quebra-cabeça (45,46).

O quadro clínico da LLC pode ser bastante variado, porém tem se

observado que o diagnóstico em pacientes assintomáticos dobrou nos últimos

anos, atingindo uma média entre 40% e 60% das pessoas. Isto se deve ao fato

de exames sanguíneos de triagem serem realizados com maior frequência,

assim como pela melhora nos métodos diagnósticos. Inclusive, há evidências de

predisposição genética, e parentes de primeiro grau têm um risco 7 vezes maior

de apresentarem a doença ou outra doença linfoproliferativa (40).

O envelhecimento está associado à maioria das mudanças na imunidade

humoral, incluindo diminuição do repertório de anticorpos e aumento da

frequência de população de células B oligoclonal (44,47).

Por isso, indivíduos com idade superior a 60 anos ou mais, algo em torno

de 5%, apresentam população de células B monoclonal detectada pela CF. Esta

condição, chamada de linfocitose B monoclonal, sendo considerada um passo

inicial para o surgimento da Leucemia Linfocítica Crônica (49).

O achado anormal mais comum no exame físico do doente com LLC é a

linfadenopatia, presente em 50% a 90% dos pacientes. O alargamento dos

linfonodos pode ser generalizado ou localizado, e os gânglios linfáticos

individuais podem variar muito em tamanho. Os sítios mais comumente afetados

são cervical, supraclavicular e axilar. Caracteristicamente, os linfonodos

aumentados na LLC são firmes, arredondados, discretos e, livremente, móveis à

palpação. Exceções a essas generalizações são encontradas especialmente

quando crescem rapidamente (40)

O baço é o segundo órgão linfóide mais frequentemente aumentado,

sendo palpável em 25% a 55% dos casos. Assim como no caso dos gânglios

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44

linfáticos alargados, um baço alargado na LLC é geralmente indolor e não

palpado, uma superfície firme e lisa. O alargamento esplênico doloroso e o

infarto são características de apresentação. O aumento do fígado pode ser

observado no momento do diagnóstico inicial em 15 a 25% dos casos(50).

A infiltração com células da LLC pode ocorrer em qualquer órgão. Mas,

no momento do diagnóstico, a pele (leucemia cutis) é o órgão não linfático mais

comumente envolvido. Essas lesões, geralmente, envolvem o rosto e podem se

manifestar como máculas, pápulas, placas, nódulos e úlceras. Praticamente

qualquer tecido linfóide pode estar aumentado no diagnóstico, incluindo o anel

de Waldeyer na faringe(50).

Em contraste com outros linfomas, o envolvimento mucosal

gastrointestinal clinicamente relevante, raramente, é observado na LLC. Da

mesma forma, a leucemia meníngea é incomum no momento da apresentação

inicial (51).

A anormalidade laboratorial mais notável encontrada na LLC é a

linfocitose no SP e na MO. Embora o limiar absoluto de linfócitos sanguíneos

para o diagnóstico de LLC tenha sido colocado em > 5000/L linfócitos B, uma

proporção significativa de pacientes apresentam contagens elevadas (>

100.000/L (50,52).

A neutropenia, anemia e trombocitopenia podem ser observadas no

momento do diagnóstico inicial e, geralmente, não são graves. Estes sinais

podem ser relacionados à anemia hemolítica autoimune, aplasia de eritrócitos

puros, trombocitopenia autoimune ou agranulocitose (51).

Pacientes com LLC apresentam maior incidência de anemia hemolítica

autoimune (AHAI).O teste direto de Coombs, ou prova da antiglobulina humana,

pode ser positivo em algum momento durante o curso da doença em até 35%

dos casos (51).

A trombocitopenia (auto) imune é sugerida quando uma biópsia da MO

mostra um número adequado de megacariócitos, mas o SP possui uma

contagem plaquetária anormalmente baixa. Esta complicação ocorre em 2% a

3% dos pacientes com LLC e pode ser o evento que, inicialmente, leva o paciente

à atenção médica (53,54)

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45

Raramente, a agranulocitose pode ser encontrada na LLC

(aproximadamente 0,5%). A hipogamaglobulinemia está presente em

aproximadamente 8% dos pacientes no momento do diagnóstico inicial e pode

desenvolver-se em até dois terços dos pacientes no decurso da doença

(52,55,56).

Normalmente, as três classes de imunoglobulina (IgG, IgA e IgM) estão

diminuídas. Mas, em alguns pacientes, apenas uma ou duas podem estar baixas.

Graus significativos de hipogamaglobulinemia e neutropenia, quando presentes,

resultam em maior vulnerabilidade dos pacientes com LLC para grandes

infecções bacterianas. Aumentos policlonais nas gamaglobulinas podem ser

vistos em até 15% dos pacientes, enquanto uma proteína monoclonal está

presente em até 5% destes (55,56).

O esfregaço de SP de pacientes com LLC demonstra uma linfocitose. As

células leucêmicas são tipicamente pequenos linfócitos aparentemente

maduros, com núcleo denso, cromatina parcialmente agregada ("clump") e sem

nucléolos discerníveis. Há uma borda estreita de citoplasma claro a,

ligeiramente, basofílico(57).

Além disso, uma proporção de células pode ser composta por linfócitos

maiores, com núcleos grandes, cromatina nuclear com aparência de frouxa e

nucléolos proeminentes e visíveis. Estas células, com morfologia de

"prolinfócitos", geralmente, representam uma minoria da população global de

linfócitos, mas podem compreender até 55%. O esfregaço também contém

frequentemente restos celulares, isto é, linfócitos que parecem ter sido rompidos

no processo de propagação na lâmina de vidro (58).

A análise imunofenotípica por CF é um componente chave para o

diagnóstico de LLC. Existem três principais achados imunofenotípicos

característicos: i) Expressão de antígenos associados a células B, incluindo

CD19, CD20 e CD23. A expressão de CD20, geralmente, é fraca; enquanto a

expressão de CD21 e CD24 podem ser vista, mas não é necessária para o

diagnóstico. ii) Expressão de CD5, antígeno comumente expresso por células T;

e iii) Baixos níveis de expressão antigênica imunoglobulina da membrana (sIgG)

(52,59).

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46

As imunoglobulinas mais frequentes é a IgM e/ou IgD, com predomínio de

um único tipo de cadeia leve (kappa ou lambda), confirmando a natureza clonal

da proliferação celular, podendo em alguns casos raros haver existência de mais

de um clone com expressão de cadeias leves distintas

Além disso, na maioria das vezes, as células leucêmicas da LLC são

negativas para ciclina D1, CD10, FMC7,CD79b, sendo o CD22 comumente

negativo ou fracamente expressos (52)

A grande maioria dos casos demonstra por CF um único clone de linfócitos

B circulantes anormais. Raramente, identifica-se a doença como biclonal. Em

grande estudo, estimou-se que, quando ocorre a biclonalidade, ela representa

1,4% dos casos (60).

O aspirado e a biópsia da MO não são necessários para o diagnóstico de

LLC. Se a biópsia e a aspiração da MO são realizadas no momento do

diagnóstico inicial, geralmente, demonstram contagem celular aumentada, com

linfócitos representando mais de 30% de todas as células nucleadas (60).

Além de uma porcentagem aumentada de linfócitos que aparecem

maduros nos esfregaços do aspirado da MO, existem três tipos principais de

padrões infiltrativos de linfócitos reconhecidos em amostras de biópsia de MO:

nodular, intersticial e difusa (60).

Às vezes, em uma dada amostra de biópsia, pode-se ver uma mistura de

padrões nodulares e intersticiais, ou nodulares e difusos infiltrativos.

Historicamente, os pacientes com infiltração difusa tendem a ter doença

avançada e um prognóstico mais fraco, enquanto para fins prognósticos, padrões

nodulares e intersticiais podem ser agrupados na categoria "não difusa",

prognosticamente melhor. No entanto, com a descoberta de marcadores

celulares prognósticos adicionais na LLC, o valor prognóstico da biópsia da MO

ficou menos necessário(61).

LLC e Linfoma Linfocítico de Pequenas Células (LLPC) são considerados

a mesma doença com diferentes manifestações clínicas. Historicamente, o

diagnóstico de LLPC era feito através de uma biópsia de linfonodos em um

paciente com linfadenopatia, mas sem linfocitose periférica, enquanto a LLC era

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47

diagnosticada através do exame do SP e da MO em pacientes com linfocitose

(62).

Atualmente, o diagnóstico de LLPC é reservado para pacientes que

demonstram patologia dos linfonodos consistente com LLC/LLPC, mas com uma

contagem absoluta de linfócitos clonais periféricos não excedendo 5.000/L ,

assim como nenhuma evidência de neutropenia, anemia ou trombocitopenia

relacionada à doença (62).

A atualização do IWCLL (International Workshopp on Chronic

Lymphocytic Leukemia) das diretrizes do National Cancer Institute, em 2008,

sobre o diagnóstico e tratamento da LLC, concluiu que os dois critérios a seguir

devem ser atendidos: contagem absoluta de linfócitos B no SP ≥ 5000//L, com

uma população preponderante de linfócitos pequenos que aparecem

morfologicamente maduros; demonstração da clonalidade dos linfócitos B do SP

circulantes pela CF(63)

A maioria da população deve expressar o seguinte padrão de marcadores

de células B monoclonais: níveis extremamente baixos de expressão de SmIg e

kappa ou lambda (mas não as duas cadeias leves); expressão de antígenos

associados a células B (CD19, CD20 e CD23) e expressão do antígeno

associado às células T CD5(52).

No sistema atual, os pacientes com uma contagem absoluta de linfócitos

inferior a 5000/L e nenhuma evidência de outras manifestações da doença (por

exemplo, gânglio linfático aumentado) são diagnosticados com uma linfocitose

monoclonal benigna(61).

Conforme mencionado anteriormente, LLC e LLPC apresentam

características patológicas e imunofenotípicas idênticas e, portanto, são

considerados duas manifestações clínicas da mesma doença. Os pacientes com

linfadenopatia e uma contagem absoluta de linfócitos B periféricos inferior a

5000/L recebem o diagnóstico de LLPC em vez de LLC (64)

Antes dos critérios diagnósticos atuais, o diagnóstico de LLC baseava-se

em uma contagem absoluta de linfócitos (CAL) igual ou superior a 5000/L na

configuração de um imunofenótipo apropriado. No entanto, com esse sistema,

os pacientes com contagem absoluta de linfócitos B (CAL-B) inferiores a

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5000//L e um CAL superior a 5000//L representam uma sobreposição entre

LLC e linfocitose monoclonal benigna (50,65).

O sistema de Estadiamento Rai baseia-se no conceito de que, na LLC, há

um aumento gradual e progressivo da carga corporal de linfócitos leucêmicos,

começando no sangue e MO (linfocitose), envolvendo progressivamente os

linfonodos (linfadenopatia), o baço e o fígado (organomegalia), com eventual

comprometimento da função da MO (anemia e trombocitopenia) (66)

Na série original que descreve o sistema de estadiamento Rai, no

momento do diagnóstico inicial, o estágio foi aproximadamente: Estágio 0

(linfocitose) - 25%; Estágio I a II (linfadenopatia, organomegalia) - 50% e Estágios

III a IV (anemia, trombocitopenia) – 25% (66).

Desde então, alguns relatórios descreveram uma mudança para estágios

anteriores na apresentação inicial enquanto outros, não. Isso pode refletir

mudanças no uso de testes de laboratório "rotineiros", com contagem sanguínea

completa (67,68).

Além disso, a sobrevivência mediana estimada por estágio, melhorou à

medida que os tratamentos evoluíram. Na série original que descreve o sistema

de estadiamento Rai, a partir do momento do diagnóstico, de acordo com o

estágio, a sobrevivência mediana ficou assim: Estágio 0 - 150 meses; Estágio I

- 101 meses; Estágio II - 71 meses; Etapas III e IV - 19 meses (66).

Com o passar do tempo, os pacientes tendem a progredir de um estágio

inicial para um estágio intermediário e, eventualmente, para um estágio

avançado. No entanto, se a remissão completa ou parcial for obtida com uma

terapia bem-sucedida e o estágio do paciente mudar de um risco maior para uma

categoria de risco menor, a perspectiva de sobrevivência melhora em

conformidade. Assim, o prognóstico para cada estágio melhora com o advento

de novos regimes terapêutico.(66)

O sistema de Estadiamento de Binet leva em consideração cinco

possíveis locais de envolvimento: nódulos linfáticos cervicais, axilares e inguinais

(seja unilateral ou bilateral, cada área é contada como uma), baço e fígado. O

envolvimento é julgado apenas pelo exame físico e não leva em consideração

os resultados dos estudos de imagem para fins de estadiamento(69).

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49

. Os pacientes são classificados de acordo com o número de sítios

envolvidos mais a presença de anemia (hemoglobina inferior a 10 g/dL) e/ou

trombocitopenia (plaquetas abaixo de 100.000/L). Sendo, portanto: Estágio A -

menos de três locais linfóides envolvidos; Estágio B - três ou mais locais linfóides

envolvidos e Estágio C - presença de anemia e/ou trombocitopenia (70).

Embora a sobrevivência por estágio tenha melhorado com a evolução do

tratamento, a sobrevivência mediana para os grupos prognósticos estudados por

Binet foi: Estágio A - comparável aos controles combinados com a idade; Estágio

B - 84 meses e Estágio C - 24 meses (52).

A Tomografia Computadorizada (TC) do tórax, do abdômen e da pelve

não é rotineiramente realizada como parte do estadiamento de pacientes com

LLC fora de um ensaio clínico, mas pode ser indicada com base nos sintomas

do paciente (52).

As TC podem revelar o aumento dos nódulos retroperitoneais ou

mediastinais que, atualmente, não estão incluídos nos cinco locais de áreas

linfóides palpáveis. Os pacientes com citopenias, devido a processos auto-

imunes, parecem ter um prognóstico melhor do que os pacientes com citopenias

devido à insuficiência da MO (71).

Os pacientes classificados como estágio C, devido a citopenias auto-

imunes, tiveram uma sobrevivência mediana significativamente melhor do que

os pacientes com citopenias devido à infiltração da MO (7,4 versus 3,7 anos),

além de uma pior sobrevivência média do que aqueles com doença do estádio A

(10, 2 anos) (71).

Os sistemas de Estadiamento de Rai e Binet foram projetados a fim de

fornecer informações prognósticas para o atendimento ao paciente e estão em

grande uso na prática clínica. No entanto, alguns pacientes classificados como

tendo a doença em estágio inicial progridem rapidamente. Por esse motivo,

outros fatores prognósticos foram investigados. Então, a idade, o sexo e o estado

de desempenho foram correlacionados com o prognóstico, mas a importância e

a magnitude desse efeito variaram entre os estudos (72).

O tempo de duplicação de linfócitos (TDL), beta-2 microglobulina (b2M) e

anormalidades genéticas, atualmente, são utilizados clinicamente para fornecer

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50

informações prognósticas ou terapia guia. O tratamento é realizado com base

em marcadores prognósticos mais recentes (por exemplo, CD38, ZAP-70 ou

IGVH, mutação genética, bem como mutações genéticas em TP53, SF3B1 e

outros)(73).

O TDL é o número de meses que leva a contagem absoluta de linfócitos

para dobrar, o que pode fornecer uma estimativa do ritmo da doença. No entanto,

esse fator é um pouco limitado em utilidade porque leva tempo para medir. Um

TDL real ou projetado em pacientes não tratados, a partir da observação, está

associado a um curso progressivo, assim como um TDL mais longo está

associado a um curso indolente (74,75).

Em pacientes com doença em estágio inicial, a presença de um pequeno

TDL pode favorecer a uma terapia mais agressiva (66,74).

Vários fatores prognósticos foram testados e encontrados no curso de

estágios não avançados da LLC como sendo de utilidade limitada

Esses fatores prognósticos incluem: extensão da linfocitose do sangue e

características morfológicas dos linfócitos do sangue (ou seja, a proporção

relativa de pró-linfócitos)(76).

Anormalidades citogenéticas específicas, identificadas pela análise

Fluorescente da Hibridização in situ (FISH), e anormalidades em certos genes,

identificadas por testes genéticos moleculares, conferem significância

prognóstica em pacientes com LLC (77).

Na avaliação de pré-tratamento de pacientes com LLC, rotineiramente,

realiza-se FISH do SP para del (17p), del (11q), trissomia 12 e del (13q). Destes,

a del(13q) e a trissomia 12 são achados prognósticos favoráveis.

Historicamente, pacientes com del (17p) ou del (11q) correm alto risco de não

responder ao tratamento inicial ou de recidiva, logo após a remissão (77).

Os níveis de beta 2 microglobulina (b2M) se correlacionam com o estágio

da doença e o tamanho da massa tumoral em pacientes com LLC, cujos níveis

cada vez maiores estão associados a um prognóstico pior (78–81).

A b2M pode ser regulada, pelo menos em parte, por citocinas exógenas

(82). A fonte destas citocinas elevadas em LLC não é clara, embora a IL-6,

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inibidora da apoptose em células LLC, possa ser liberada a partir do endotélio

vascular.(83).

Os níveis de b2M também aumentam com a piora da função renal,

levando alguns pesquisadores a sugerir uma medida de b2M ajustada para a

Taxa de Filtração Glomerular (b2M ajustada à TFG) (83).

Na maioria dos estudos, o status mutacional da cadeia pesada dos genes

da imunoglobulina (IGVH) são definidos como tendo uma diferença maior do que

2% em comparação com a sequência de nucleotídeos do ácido

desoxiribonucléico (DNA) da linha germinal (84,85).

Aproximadamente metade dos clones de LLC demonstrará regiões

variáveis de cadeia pesada de imunoglobulina não mutadas, um achado

associado a uma sobrevida mais curta e, em geral, a um maior risco de recaída

após o tratamento, incluindo o transplante de células hematopoiéticas (84).

A detecção da positividade do CD38 pela CF pareceu correlacionar-se

com a presença de cadeias pesadas variáveis de imunoglobulina não mutadas

na LLC (84).

A presença do CD38 parece estar associada, de forma independente, a

um prognóstico adverso. A proteína associada à cadeia Zeta 70 (ZAP-70), uma

tirosina quinase, normalmente expressa por células NK e T, é necessária para a

sinalização do receptor de células T normais ZAP-70, o qual não é normalmente

expresso em linfócitos B, mas foi encontrado em subconjunto de pacientes com

LLC e parece correlacionar-se com a sobrevivência (86).

Desta forma, o melhor valor de corte para determinar a positividade da

ZAP-70 não está claro, e os níveis parecem mudar ao longo do tempo (86).

A expressão anormal de ZAP-70 em células LLC-B está fortemente

associada à presença de um gene de região variável de cadeia pesada de Ig não

mutado (IgVH(87,88).

Na análise multivariada, cinco fatores foram identificados como preditores

independentes de sobrevivência curta, e foi atribuída uma pontuação ponderada:

del (17p) ou mutação TP53 - 4 pontos; Soro b2M acima de 3,5 mg/L- 2 pontos;

IGVH não mutado - 2 pontos; Rai fase I para IV ou Binet estágio B ou C - 1 ponto;

Idade superior a 65 anos - 1 ponto (89).

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52

A análise desses cinco fatores resultou em um escore do prognóstico final

que foi capaz de identificar quatro grupos de risco, com taxas estimadas

significativamente diferentes de sobrevivência global (SG), no conjunto de dados

de validação interna: Baixo risco (0 a 1 ponto) - 91 e 87% de SG de cinco e dez

anos, respectivamente (mediana não alcançada); Risco intermediário (2 a 3

pontos) - 80 e 40% de SG de cinco e dez anos, respectivamente (mediana de

104 meses); Alto risco (4 a 6 pontos) - 53 e 16% de cinco e dez anos de SG,

respectivamente (mediana de 63 meses); Risco muito alto (7 a 10 pontos) - 19 e

0% de SG de cinco e dez anos, respectivamente (mediana de 31 meses) (89).

A LLC, em um considerável percentual de pacientes e, geralmente, como

um evento terminal, transforma-se em outra doença linfoproliferativa. Conforme

observado em uma das maiores pesquisas epidemiológicas, pacientes com LLC,

em comparação com a população em geral, parecem ter um risco aumentado de

duas a cinco vezes de desenvolver uma segunda doença maligna linfóide (90).

Em aproximadamente 60% dos casos, as células transformadas estão

clonalmente relacionadas às células LLC-B originais, enquanto nos 40%

restantes, elas parecem derivadas de uma célula de origem desconhecida (91).

As transformações seguintes são as mais comumente relatadas: Linfoma

agressivo ou altamente agressivo (Transformação de Richter, TR) – 3% a 7%;

Leucemia Prolinfocítica (LPL - B) - 2%; Linfoma de Hodgkin - 0,5% a 2% e

Mieloma Múltiplo - 0,1%(43).

Nesta perspectiva, após um acompanhamento mínimo de 15 anos, a

transformação de Richter (TR) desenvolveu-se em 34 pacientes (7%) e a LPL-B

desenvolveu-se em 10 pacientes (2%)(90).

A incidência de TR e LPL-B foi independente da terapia inicial. Em 1% a

10% dos pacientes com LLC, ocorre a transformação para um linfoma Não-

Hodgkin altamente agressivo (Síndrome de Richter ou TR). Esta transformação

é anunciada por uma deterioração clínica repentina, caracterizada por aumento

da linfadenopatia, esplenomegalia, agravamento dos sintomas "B" (isto é, febre,

suores noturnos, perda de peso), um curso clínico descendente rapidamente

progressivo, aumento da lactato desidrogenase (LDH) e uma mediana da

sobrevivência de 5 a 8 meses (91).

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53

Entretanto, nem todos os pacientes com LLC necessitam de tratamento

no momento do diagnóstico. Isto ocorre, principalmente, porque a LLC é uma

doença extremamente heterogênea, com certos subconjuntos de pacientes com

taxas de sobrevivência sem tratamento semelhantes à população normal(65).

2.4.4.2. Leucemia Prolinfocítica B (LPL-B)

A leucemia prolinfocítica de células B (LPL-B) é uma neoplasia de células

B muito rara, composta pelos chamados prolinfócitos, representando muito

menos de 1% das leucemias de células B (92).

Classificar morfologicamente as células presentes com o nome de

"prolinfócitos" é incorreto, pois as células tumorais, nessa doença, são células B

ativadas maduras e, por definição, compreendem mais de 55% das células no

sangue e na MO. Porém, tipicamente, a porcentagem de prolinfócitos é maior do

que 90%(92).

A LPL-B afeta principalmente a idosos com idade média na apresentação,

entre 65 e 70 anos. Homens e mulheres parecem igualmente afetados, assim

como a grande maioria dos pacientes é caucasiana (92).

Os pacientes, tipicamente, apresentam uma contagem de glóbulos

brancos em rápida elevação superior a 100.000/L e esplenomegalia maciça.

Neste contexto, Anemia e trombocitopenia estão presentes em

aproximadamente 65% e 35% dos casos, respectivamente. Ademais, sintomas

B sistêmicos (por exemplo: febres, suores noturnos e perda de peso) são

comuns. Se presente, a linfadenopatia periférica não é proeminente (93).

Os prolinfócitos do SP são células de tamanho médio (aproximadamente,

o dobro do tamanho de um linfócito pequeno), com cromatina moderadamente

condensada e um único nucléolo vesicular proeminente. O núcleo, geralmente,

é redondo ou oval, e o citoplasma, na maioria das vezes, é moderadamente

abundante e ligeiramente basofílico (92).

A MO é infiltrada em um padrão intersticial ou nodular por células

semelhantes. No imunofenótipo, as células tipicamente expressam fortemente

IgM+/IgD- de superfície, IgL forte de superfície ou cadeia leve

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predominantemente do tipo lambda, CD20 forte e CD19, CD22, CD79b e FMC7.

A expressão de CD5 e CD23, geralmente, é fraca ou ausente. Bem como o

CD11c, CD103, CD10 e CD25 e ciclina D1 que facilita a distinção entre a LPL-B

do linfoma do manto(LM)(92) No entanto, há um contraste com a LLC que,

geralmente, tem expressão fraca de sIg e CD20, o ZAP-70 e CD38 são

expressos em cerca de 50% dos casos, enquanto os CD5 e CD23 são expressos

em cerca de um terço dos casos. Assim, CD38 e ZAP-70 não têm significado

prognóstico (92).

Então, o diagnóstico de LPL-B, comumente, é feito com base nos

resultados da análise imunofenotípica e genética do SP. Os resultados do

aspirado e biópsia da MO podem confirmar esses achados. Porém, quando a

contagem de glóbulos brancos é elevada e uma avaliação do SP e da MO é

consistente com LPL-B, a biópsia dos linfonodos, raramente, fornece

informações adicionais e, portanto, não é necessária. A esplenectomia pode ser

necessária em pacientes com uma apresentação pouco clara e um baço

vastamente ampliado (93).

O curso clínico da LPL-B é variável e a terapia não pode ser indicada

inicialmente em pacientes assintomáticos (94). A maioria dos pacientes, no

entanto, requer tratamento, porém a escolha mais apropriada não é clara devido

à falta de dados clínicos. A LPL-B, frequentemente, é mais tratada com regimes

de combinação utilizados para LLC (95).

A sobrevida desses pacientes, geralmente, é de três a cinco anos apesar

da terapia. Nesta perspectiva, ressalta-se que é difícil determinar marcadores

prognósticos para pacientes com LPL-B por ser um tumor muito raro e porque

as pesquisas anteriores, que continham pacientes com LPL-B, também

apresentavam LPL de células T ou Linfoma de Células do Manto (95–97).

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55

2.4.4.3. Leucemia de Células Vilosas (LCV)

A leucemia de células vilosas (LCV) é uma doença linfoproliferativa de

células B rara, caracterizada pelo acúmulo de pequenas células B maduras, com

citoplasma abundante e projeções "vilosas" no SP, MO e baço. Na maioria das

vezes, resulta em esplenomegalia e uma redução variável na produção de

glóbulos vermelhos normais, plaquetas, granulócitos maduros e monócitos(98).

As exposições a radiações ionizantes e pesticidas na agricultura foram

mencionadas como possíveis agentes etiopatogênicos (99,100).

Embora a LCV tenha sido diagnosticada em adultos mais jovens, a idade

média do diagnostico é de 50 a 55 anos. Além disso, há uma forte predominância

em individuos do sexo masculino, com uma relação de aproximadamente 4:1,

sendo também observada incidência três vezes maior nos caucasianos do que

nos negros (101)

A maioria dos pacientes com LCV apresenta sintomas relacionados à

esplenomegalia ou citopenias (por exemplo: anemia, trombocitopenia,

neutropenia e monocitopenia), incluindo fraqueza e fadiga, infecções de

severidade variável e/ou achados hemorrágicos, como sangramento gengival,

equimoses e epistaxis. As combinações desses sintomas são comuns e podem

apresentar-se clinicamente de várias maneiras diferentes (102).

A esplenomegalia é uma característica clássica em 80% a 90% dos casos,

cuja incidência e gravidade podem diminuir à medida que os pacientes são

diagnosticados no curso da doença. Os sintomas de B (isto é, febre, sudorese

noturna e perda de peso), habitualmente, não estão associados à LCV, e se a

febre estiver presente, é provável que seja uma infecção(104,105).

Neste contexto, 60% a 80 % dos pacientes com LCV apresentam

pancitopenia, com hematócritos na faixa de 20% a 35%, uma contagem total de

glóbulos brancos, de regra, abaixo de 4.000/L e uma contagem de plaquetas

na faixa de 20.000 a 100.000/L . Logo, Monocitopenia e neutropenia são

comuns, bem como a LDH, em geral, é normal (106).

O SP, frequentemente, demonstra pancitopenia com monocitopenia e

células tumorais circulantes, características da LCV, as quais podem ser

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identificadas em aproximadamente 90% dos pacientes, compreendendo 20% ou

menos da contagem total de glóbulos brancos. No entanto, em 10% dos

pacientes que apresentam leucocitose, a célula LCV é o glóbulo branco

circulante predominante. Uma porcentagem muito pequena de pacientes

apresenta leucocitose acentuada, com uma contagem de glóbulos brancos

superior a 200.000//L (107).

Além disso, a célula LCV é mononuclear que, na maioria das vezes, é de

uma a duas vezes o tamanho de um linfócito maduro (107).

Os núcleos, por sua vez, são frequentemente excêntricos na posição, mas

podem ser centrais. Em geral, são ovóides, mas podem ser redondos, ovais,

reniformes ou em forma de ferradura; enquanto as aparências morfológicas

atípicas são mais frequentes nos casos variantes das células vilosas. O padrão

de cromatina é reticular ou similar à rede, já os nucléolos são indistintos ou

ausentes (108).

Apesar de ser bastante abundante, o citoplasma é variável em

quantidade, de cor azul pálido a azul-cinza. O contorno citoplasmático,

frequentemente, é indistinto devido à presença de diferentes números de

projeções. Por isso, é melhor visto em microscopia de contraste de fase, dando

à célula uma aparência "vilosa" quando as projeções são finas e uma aparência

"pregueada", quando mais largas (109).

As projeções citoplasmáticas são prontamente evidentes ao microscópio

eletrônico e, particularmente, na microscopia eletrônica de varredura. A MO,

muitas vezes, é difícil ou impossível de aspirar devido à fibrose induzida pela

doença. Assim sendo, o diagnóstico depende muito da análise do SP (107).

Na LCV clássica, as células vilosas exibem um fenótipo de células B

maduras e, tipicamente, expressam uma ou mais cadeias pesadas de

imunoglobulina e cadeias leves monotípicas. Ainda, expressam fortemente

antígenos de célula pan-B, incluindo CD19, CD20 e CD22 e, geralmente, não

expressam CD5, CD10, CD21, CD23 e CD27(110).

As células vilosas expressam CD11c (um marcador associado às células

mielomonocíticas), CD25 (a cadeia alfa do receptor da interleucina-2), CD103,

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57

CD123 (forte) e ciclina D1 (geralmente fraca). A Expressão do CD200 é muito

forte (110).

O antígeno de linfócitos da mucosa, CD103, é um marcador sensível para

LCV (111). Ele é um membro da família das integrinas e está presente em células

T associadas à mucosa e a alguns linfócitos ativados. A presença de CD103,

quando co-expresso com outros marcadores de célula pan-B, é altamente

sugestivo de LCV (112).

Raramente, a LCV tem um imunofenótipo atípico com a expressão dos

marcadores CD5 e CD10. Porém, a expressão desses fenótipos aberrantes não

cria dificuldades diagnósticas, uma vez que outras características da LCV,

incluindo sua morfologia distinta e padrão de infiltração da medula, distinguem-

na de outros tumores CD5+, como o Linfoma de Células do Manto e a LLC, e

tumores CD10+, como o Linfoma Folicular (112).

Praticamente todos os casos de LCV demonstram a mutação V600E,

somática clonal na serina/treonina quinase BRAF (uma isoforma da RAF),

levando à ativação aberrante constitutiva da via de sinalização RAF-MEK-ERK

que transduz sinais promotores da proliferação e do aumento da sobrevivência

celula(110).

Outras anormalidades cariotípicas clonais estão presentes em

aproximadamente dois terços dos pacientes. As anormalidades do cromossomo

5 estão presentes em aproximadamente 40%, com maior frequência, a trissomia

do cromossomo 5, inversões pericêntricas e deleções intersticiais envolvendo a

banda 5q13 (113).

A célula, na LCV, produz muita fibronectina e várias citocinas, como o fator

de crescimento de fibroblasto básico (FCFb, FGF-2), o Fator de Crescimento

Transformante beta (TGF-beta) e o Fator de Necrose Tumoral (TNF). Os três

primeiros são responsáveis pela fibrose da MO, caracteristicamente vista na

LCV, enquanto o TNF pode ser responsável pela supressão da medula e

consequente pancitopenia (115).

A extensão do envolvimento da MO, frequentemente, é melhor estimada

por coloração imunohistoquímica de seções para antígenos associados a células

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58

B, como o CD20. A maioria dos casos tem uma medula hipercelular, e a

infiltração de células vilosas pode ser difusa ou intersticial (116).

Os padrões nodulares de infiltração da medula ocorrem raramente. Uma

minoria de pacientes, talvez de 10% a 20%, exibe uma MO hipocelular. A

hipocelularidade pode sugerir aplasia da medula mesmo com apenas um

pequeno número de células vilosas que se infiltram em torno das células

adiposas. Em pacientes com envolvimento difuso, grandes áreas da MO podem

ser completamente tomadas por células vilosas (116,117).

Historicamente, a demonstração da atividade da fosfatase ácida

resistente ao tartarato (TRAP) em filmes de SP, esfregaços de aspiração de

medula ou preparações de MO foi rotineiramente utilizada para confirmar o

diagnóstico de LCV (118).

No entanto, a TRAP é uma coloração citoquímica tecnicamente difícil e,

embora sensível à LCV, não é tão específica como outros marcadores que

podem ser identificados pela ICF ou imunohistoquímica, o que tornou o uso da

coloração TRAP obsoleto (118).

2.4.4.4. Leucemia de Células Vilosas Variante (LCV-v)

A leucemia de células vilosas variante (LCV-v) é uma neoplasia linfóide

de células B crônica rara que, anteriormente, pensava-se ser um subtipo de LCV.

No entanto, agora, é considerada uma entidade biologicamente distinta(119).

Ela exibe características morfológicas intermediárias entre células vilosas

e prolinflócitos. Ao contrário da LCV, normalmente, possui nucléolos

proeminentes e menos infiltração da medula. Esta condição é frequentemente

associada à leucocitose extrema, muitas vezes sem neutropenia, monocitopenia,

anemia e trombocitopenia, como observadas na LCV (120).

A LCV e a LCV-v são melhor distinguidas uma da outra com base no

imunofenótipo. Tanto a LCV quanto a LCV-v expressa CD20, CD22, CD11c e

CD103. Ao contrário da LCV que, tipicamente, tem uma expressão forte de

CD123 e CD25, a LCV-v não expressa CD25 e, geralmente, é fraca ou negativa

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para CD123. Além disso, a anexina A1 é expressa em aproximadamente 75%

dos casos de LCV, sendo universalmente negativa na LCV-v.(121).

Ainda, a LCV-v carece da mutação BRAF V600E, e um subconjunto tem

mutações ativadoras em MAP2K1, um gene que codifica MEK1, um componente

a jusante da cascata de sinalização BRAF-MEK-ERK (122).

2.4.4.5. Linfoma folicular (LF)

O LF é o segundo LNH-B mais comum e o primeiro dentre os linfomas

indolentes (123). Nos EUA, entre 1992 e 2001, a incidência foi de 3,8 casos por

100.000 habitantes, demonstrando predileção pela população branca e idosa,

porém não havendo clara predileção por sexo(41).

No entanto, a história familiar de um parente de primeiro grau aumenta

em até 4 vezes o risco de desenvolver a doença. As células do LF são formadas

por centrócitos (pequenas células clivadas) e centroblastos (grandes células não

clivadas), em proporções variadas, oriundos do centro germinativo. Os

linfonodos acometidos, geralmente, apresentam um padrão folicular com

sobreposição dos folículos (124).

Desta forma, o LF se apresenta inicialmente com uma adenomegalia que

acomete as cadeias cervicais, axilares, inguinais e/ou femorais, com a

característica de alternar momentos de melhora e piora. Não há remissão

completa do quadro (125).

Na imunohistoquímica, pesquisa-se a positividade para CD20, CD5,

CD10, BCL-2, BCL-6, CCND1, CD21 e CD23. Apesar de ser um LNH-B bastante

frequente, a forma leucêmica é raramente observada. Nessa situação, a ICF

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60

mostra um fenótipo: CD19+, CD20+, CD5-/+, CD23- e CD10+. Também,

pesquisa-se BCL-2+, IgM+ e/ou IgD+.(126).

Em situações especiais, pode-se realizar estudo citogenético ou FISH

para as translocações t(14;18) e t(8;14) ou suas variantes; pesquisa do antígeno

Ki-67, além de estudo molecular em busca do rearranjo no BCL-2 (131).

2.4.4.6. Linfoma de Células do Manto (LCM)

O Linfoma de células do manto (LCM) é um dos LNH de células B

maduras. Embora seja frequentemente discutido, juntamente com as formas

clinicamente indolentes da LNH, seu comportamento é associado a uma doença

agressiva com maior frequência (127).

O LCM foi referido anteriormente como linfoma linfocítico intermediário,

linfoma da zona do manto, linfoma centrocítico e linfoma linfocítico de

diferenciação intermediário. Representa cerca de 7% dos LNH em adultos nos

EUA e na Europa, com uma incidência de aproximadamente 4 a 8 casos por

milhão de pessoas ao ano (128).

A incidência aumenta com a idade e parece aumentar, em geral, nos EUA.

Aproximadamente três quartos dos pacientes são homens, e os caucasianos são

afetados com frequência de quase duas vezes mais que os negros. A idade

média, no momento do diagnóstico, é de 68 anos (67).

Para o LCM, foram propostas duas origens celulares distintas, cada uma

dando origem a diferentes formas da doença. Acredita-se que o LCM clássico

seja originado de células B "naives" que expressam o gene SOX11 e,

tipicamente, envolva nódulos linfáticos e sítios extranodais, como o trato

gastrointestinal (129).

Assim, a aquisição de anormalidades genéticas adicionais pode levar à

progressão para formas mais agressivas, com morfologias blastóides ou

pleomórficas(128).

O outro tipo de LCM se desenvolve a partir de células B SOX11-negativas

já apresentadas a antígenos. Por razões pouco claras, na maioria das vezes,

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61

essa variante poupa os gânglios linfáticos e envolve principalmente o SP, a MO

e, muitas vezes, o baço. Essas variantes "leucêmicas" são clinicamente

indolentes, embora possam adquirir anormalidades secundárias e mutações

TP53 específicas, as quais levam a um curso muito agressivo (130).

Ambos os tipos de LCM estão altamente associados à translocação

t(11;14) que desregula o gene da ciclina D1. A maioria dos pacientes tem doença

em estágio avançado ao diagnóstico (75%), e a doença extranodal é a principal

apresentação nos 25% restantes (130).

As células do linfoma do manto expressam altos níveis de IgM e IgD de

superfície e mostram restrição da cadeia leve lambda em até 80% dos casos.

Também, expressam antígenos de célula pan-B (por exemplo, CD19 e CD20),

bem como raros casos expressam CD5 ou CD23(128).

Os genes das cadeias pesadas e leves de imunoglobulina são

rearranjados enquanto os genes da região IgV carecem de mutações somáticas

na maioria dos casos, indicando um estágio central pré-germinal de

diferenciação consistente, com uma origem de células B imunologicamente

"naive" da camada do manto (131).

A superexpressão da ciclina D1 está fortemente associada a t(11; 14)

(q13;q32), uma translocação entre o locus de ciclina D1 (BCL-1, CCND1 e

PRAD1) e o locus da cadeia pesada da imunoglobulina (IgH) (127,129).

Todavia, essa translocação não é específica para LCM mesmo que leve

à expressão desregulada do gene codificador da ciclina D1, que está envolvida

no controle da fase G1 do ciclo celular e, normalmente, não é expressa em

células linfóides (129).

A cariotipagem dos cromossomos da metáfase revela a t(11;14) (q13;q32)

em apenas 50% a 65% dos pacientes com LCM. Mas, por hibridação

fluorescente in situ (FISH), uma fração muito maior de casos com

superexpressão da ciclina D1 contém os genes de fusão BCL-1/IgH (129).

Pacientes suspeitos de ter LCM devem ser submetidos à biópsia de

tecido. Além da histologia de rotina e imuno-histoquímica, o envolvimento da

ciclina D1 deve ser avaliado por imuno-histoquímica. Neste sentido, a detecção

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62

citogenética da t(11;14), quer por cariotipagem ou hibridação in situ fluorescente

(FISH), é um teste adjuvante útil (132).

2.4.4.7. Linfoma Esplênico de Células Vilosas (LECV).

Constitui menos de 1% de todos os LNH-B; de 1% a 2% das leucemias

linfóides indolentes encontradas no exames da medula óssea / e ou sangue

periferico e até 25% dos neoplasmas de células B de baixo grau. Compreende a

maioria das leucemias crônicas e linfomas de células B que acometem o

baço(133).

O LECV ocorre em uma idade média de 65 a 70, sendo rara antes dos 50

anos. Acomete todas as raças e localizações geográficas. A incidência varia de

acordo com a etnia. Assim sendo, a incidência em brancos é aproximadamente

o dobro do que em outras raças, não havendo predominância de gênero(133).

Imunofenotipicamente, apresenta Ig de superfície, CD19+, CD20+/-,

CD22+, CD11c+/-, CD24+, CD25+, HLA-DR+ e CD45+. A negatividade do

CD103 é útil para a diferenciação com a HCL, sendo também

caracteristicamente negativo para os CD5, CD10 e CD23(134).

2.4.4.8. Linfoma Linfoplasmocítico (LLP) / Macroglobulinemia de

Waldeströn (MW)

Macroglobulinemia de Waldeströn (MW) é uma doença rara com uma

incidência de aproximadamente 03 casos por milhão de pessoas ao ano, com

1.400 novos casos diagnosticados nos EUA a cada ano (135,136).

Quanto à idade média para o diagnóstico, sabe-se que é de 64 anos.

Entretanto, menos de 1% dos pacientes tem menos de 40 anos, e

aproximadamente 60% são do sexo masculino (137).

.

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63

A maioria dos pacientes apresenta sintomas constitucionais não

específicos, mas até um quarto dos pacientes podem estar assintomáticos no

momento do diagnóstico (138,139).

As características de apresentação mais comuns incluem fraqueza,

fadiga, perda de peso e supressão crônica de sangue, na qual são observados

pequenos sangramentos no nariz ou gengivas. Infecções recorrentes também

podem ocorrer devido à diminuição relativa de outras imunoglobulinas (149).

Um aspirado e uma biópsia de MO, demonstrando LLP, são componentes

essenciais do diagnóstico de MW. Embora o aspirado da MO seja

frequentemente hipocelular, a amostra da biópsia, geralmente, é hipercelular e,

extensivamente, infiltra-se com célulase plasmocitóides (144).

Neste contexto, a detecção de uma proteína IgM monoclonal no soro é

um critério de diagnóstico chave para MW. A eletroforese de proteínas séricas

(EPS) revela uma faixa afilada, estreita ou densa de IgM monoclonal, de regra,

migrando na área gama (153,154).

Assim, o diagnóstico de MW é feito com base na avaliação de uma

amostra de biópsia da MO, análise dos componentes protéicos séricos e

consideração do cenário clínico (140,141).

Em resumo, para fazer um diagnóstico de MW, os seguintes critérios

devem ser atendidos: uma gamopatia monoclonal IgM (de qualquer tamanho)

deve estar presente no soro; 10% ou mais da amostra de biópsia da MO devem

demonstrar infiltração por pequenos linfócitos, os quais se apresentam

plasmocitóides ou diferenciação de células plasmáticas (características

linfoplasmocíticas ou linfoma linfoplasmocítico) com um padrão intertrabecular.

Estes infiltrados devem expressar um imunofenótipo típico, por exemplo:

IgM de superfície, CD5+/-, CD10-, CD11c, CD19+, CD20+, CD22+, CD23-,

CD25+, CD27+, FMC7+, CD103- e CD138+. O componente plasmocítico será

CD138+, CD38+ e CD45- ou fraco (144).

Ressalta-se que podem ocorrer variações do imunofenótipo típico, mas o

objetivo é excluir de forma satisfatória outros distúrbios linfoproliferativos,

incluindo LLC e LCM (124,145).

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64

A OMS também enfatiza que o diagnóstico de MW é essencialmente de

exclusão. O "cut off" sugerido para MW varia de 0,5 g/dL a 3g/dL de proteína

monoclonal sérica, entretanto, sendo observados casos de pacientes com

concentrações abaixo de 0,5 g/dL com sintomatologia. Segundo alguns autores,

apenas o pico monoclonal de IgM é suficiente para confirmação do diagnóstico

(144,156).

2.4.4.9. Linfoma de Burkitt (LB)

O linfoma de Burkitt (LB) é um LNH de células B altamente agressivo,

caracterizado pela translocação de material genético entre os cromossomos 8 e

14, t(8;14)(q24;q32) em 80% dos casos. Os outros 20% correspondem às

translocações t(2;8)(p12;q24) e t(8;22)(q24;q11). O envolvimento do

cromossomo 8 leva à desregulação do gene c-MYC (147).

Nas células do LB, o oncogene c-MYC também pode sofrer

recombinações. Essas alterações desregulam a expressão da proteína c-myc,

levando a um aumento anormal da proliferação das células B que, somado a

outras mutações, podem induzir à formação de tumor (148).

A leucemia e o LB são considerados diferentes manifestações da mesma

doença pela classificação de doenças malignas hematológicas da OMS (124).

A incidência mundial exata do LB não é conhecida, uma vez que a coleta

desses tipos de dados epidemiológicos é limitada pela falta de recursos

necessários para a verificação precisa do caso e do diagnóstico nos países em

desenvolvimento, ou seja, aqueles que apresentam maior incidência aparente (a

exemplo da África equatorial) (149).

São reconhecidas 03 formas clínicas distintas do LB: endêmicas

(africanas), esporádicas (não-endêmicas) e associadas à imunodeficiência.

Embora sejam histologicamente idênticas e tenham um comportamento clínico

similar, existem diferenças na epidemiologia e nas características genéticas

(147).

As variantes clínicas endêmicas e esporádicas do LB diferem

geograficamente. A variante endêmica é encontrada na África equatorial e na

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65

Nova Guiné, apresentando-se na mandíbula ou tumor ósseo facial em 50% a

60% dos casos(147).

O envolvimento primário do abdômen, por sua vez, é menos comum,

assim como dos gânglios linfáticos periféricos, mediastino e baço. O tumor

primário pode disseminar para locais extranodais, incluindo o mesentério, ovário,

testículo, rim, mama e meninges. Já o envolvimento da MO está presente em

menos de 10% dos pacientes no momento da apresentação inicial, mas é uma

complicação comum da doença recorrente ou resistente ao tratamento .(150).

A incidência do LB na África é aproximadamente 50 vezes maior que a

observada nos EUA. Representa 30% a 50% de todos os cânceres da infância

na África equatorial, com uma incidência estimada de 3 a 6 casos por cada

100.000 crianças ao ano. Neste sentido, o pico de incidência ocorre em crianças

de 04 a 07 anos, e a relação masculino:feminino é de aproximadamente

2:1(150).

A infecção crônica do vírus Epstein-Barr (EBV) parece desempenhar um

papel em praticamente todos os casos de LB endêmico (africano) e em uma

minoria de LB esporádica associada à imunodeficiência (149).

Pacientes com LB apresentando massa tumoral em rápido crescimento,

muitas vezes, apresentam evidências de lise tumoral espontânea, com uma

concentração muito elevada de LDH sérica e níveis elevados de ácido úrico. O

tempo de duplicação do tumor é muito curto (25 horas) (147).

Um padrão clássico de "céu estrelado", em geral, está presente,

transmitido por numerosos macrófagos benignos (histiócitos) que ingeriram

células tumorais apoptóticas. Os histiócitos benignos ("as estrelas") são grandes

e abundantes(148).

Citotologicamente, as células tumorais do LB são classicamente

monomórficas, de tamanho médio, com núcleos redondos, múltiplos nucléolos

escuros e citoplasma basofílico, e se assemelham a pequenas células não

clivadas dentro dos centros germinativos normais do folículo linfóide secundário.

Por sua vez, os vacúolos lipídicos citoplasmáticos proeminentes são evidentes

em impressões ou esfregaços secos ao ar, enquanto os histiócitos benignos

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intercalados são grandes e de forma irregular, com citoplasma abundante e

claro, núcleos pálidos e nucléolos discretos(148).

As células tumorais expressam imunoglobulina superficial (Ig) do tipo IgM,

cadeias leves de imunoglobulina (kappa mais frequente do que lambda),

antígenos associados a células B (CD19, CD20, CD22 e CD79a) e marcadores

associados ao centro germinal (CD10 e BCL-6). São negativos os marcadores:

BCL-2, HLA-DR, CD5, CD23, CD43 e TdT(148).

O imunofenótipo das variantes do LB é muito semelhante ao LB embora

a expressão de imunoglobulina superficial (sIg), CD10 e CD21 seja mais variável

(147). Os sintomas apresentados podem incluir aqueles relacionados à

obstrução intestinal ou sangramento gastrointestinal, muitas vezes, imitando

apendicite aguda. Todavida, se presente, a linfadenopatia está localizada. Nesta

perspectiva, o envolvimento da MO e SNC ocorre em aproximadamente 30% e

15 % dos casos, respectivamente, no momento da apresentação inicial, sendo

complicações comuns da doença (150,151).

2.4.4.10. Mieloma Múltiplo (MM)

O MM representa em torno de 1% de todos os cânceres e pouco mais de

10% das doenças malignas hematológicas nos EUA. A incidência anual, neste

país, é de aproximadamente 4 a 5 casos por cada 100.000 pessoas (3-5). Em

todo o mundo, há cerca de 154.000 casos e 101.000 mortes por ano(152).

Neste contexto, o MM ocorre em todas as raças e em todas as

localizações geográficas, porém a incidência varia de acordo com a etnia. Assim,

em afro-americanos e negros da África, incide de 02 a 03 vezes mais do que em

brancos (153).

Em contraste, o risco é menor nos asiáticos do Japão e nos mexicanos.

Também, é um pouco mais frequente em homens do que em mulheres

(aproximadamente 1,4:1), e o risco de desenvolvê-lo aumenta com o índice de

massa corporal (154–157). Inclusive, trata-se de uma doença de adultos mais

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velhos, uma vez que a idade média no diagnóstico é de 66 anos. Apenas 10% e

2% dos pacientes são menores de 50 e 40 anos, respectivamente(158,159).

A maioria dos pacientes com MM apresenta sinais ou sintomas relacionados

à infiltração de células plasmáticas no osso ou outros órgãos, ou ao dano renal

causado por excesso de cadeias leves. Como exemplo, uma análise

retrospectiva de 1.027 pacientes sequenciais diagnosticados com MM em uma

única instituição encontrou os seguintes sintomas e sinais na apresentação:

anemia, dor óssea, creatinina elevada, fadiiga, hipercalcemia e perda de peso

(154).

A grande maioria (97%) dos pacientes possui uma proteína monoclonal

(M) produzida e secretada pelas células plasmáticas malignas, que pode ser

detectada por eletroforese protéica do soro e/ou urina (154).

Desta forma, a imunofixação do soro confirma a presença de uma proteína

M e determina seu tipo, a qual se apresenta como um único pico estreito na

região gama, beta ou alfa-2 (154).

As células plasmáticas malignas podem produzir cadeias pesadas de

imunoglobulina e cadeias leves isoladas. Apresentam as seguintes frequências

de imunofixação no soro: IgG - 52%; IgA - 21%; Cadeia leve Kappa ou lambda

apenas (Bence Jones) - 16%; IgD - 2%; Biclonal - 2%; IgM - 0,5%; Negativo -

6,5%. Kappa é o isotipo de cadeia leve predominante em comparação com a

lambda, por um fator de 2 a 1 (154).

No que diz respeito aos achados mais frequentes no esfregaço do SP,

aparecem a formação de "rouleaux" (> 50%) ("forma de pilha de moedas"),

leucopenia (20%) e trombocitopenia (5%) (152).

Células plasmáticas monoclonais, raramente, são observadas no

esfregaço do SP dos pacientes. Uma contagem absoluta dessas células, que

detecta ≥ 100 células/microL (≥ 0,1 x 10 9/L), é encontrada em aproximadamente

10% dos casos de MM (160).

A Leucemia de Células Plasmáticas (LCP), uma forma rara e agressiva

de MM, caracterizada por níveis elevados de células plasmáticas que circulam

no SP, deve ser considerada sempre que as células plasmáticas circulantes

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68

forem prontamente detectadas na avaliação convencional de contagem

sanguínea completa(152).

Neste contexto, as células plasmáticas monoclonais circulantes podem

ser detectadas usando um ensaio de imunofluorescência baseado em slide, uma

técnica de imunoensaio em duas cores (ELISPOT) ou citometria de fluxo por

"gating" em células CD38+ (161).

Aspirado de MO e biópsia são componentes-chave para o diagnóstico

de MM. A percentagem de células plasmáticas da MO deve ser estimada a partir

de uma amostra da biópsia central, quando possível. No entanto, se a

porcentagem de células plasmáticas diferir na aspiração e na biópsia, o valor

mais alto deve ser usado (161).

A CF não é usada para determinar a porcentagem de células plasmáticas

da MO para fins de diagnóstico. Logo, a clonalidade pode ser estabelecida

demonstrando a restrição da cadeia leve kappa/lambda na citometria de fluxo,

imuno-histoquímica ou imunofluorescência (161).

A MO da grande maioria dos pacientes contém 10% ou mais de células

plasmáticas clonais. No entanto, devido ao envolvimento irregular da MO, a

aspiração e a biópsia podem apresentar menos de 10% de células plasmáticas

numa média de 4% dos pacientes (153,161).

Um diagnóstico de MM pode ser feito em pacientes com menos de 10%

de células plasmáticas clonais presentes em biópsia de MO se outros critérios

diagnósticos forem cumpridos após a confirmação histopatológica de um tecido

mole ou plasmocitoma ósseo (162).

Vale destacar que as características morfológicas das células plasmáticas

podem variar dependendo da sua maturidade e, às vezes, podem ser

morfologicamente indistinguíveis dos mieloblastos (163).

As células plasmáticas maduras são ovaladas com abundante citoplasma

basofílico. O núcleo é redondo e localizado em posição excêntrica, com um halo

perinuclear marcado ou clareamento citoplasmático. A cromatina apresenta-se

como vidro fosco, sem nucléolos, enquanto as células plasmáticas apresentam

cromatina nuclear dispersa, nucléolos proeminentes e uma alta relação núcleo-

citoplasma (164).

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69

Muito parecidas com as células plasmáticas normais, as células de

mieloma expressam CD79a, VS38c, CD138 e CD38. No entanto, em contraste,

frequentemente, expressam CD19. A expressão do CD45 é variável com a

maioria das células de mieloma, sendo tipicamente CD45 negativas. Em média,

70% das células de mieloma irão expressar CD56, tipicamente negativo em

células plasmáticas normais e na Leucemia de Células Plasmáticas (159).

Não existe uma única anormalidade citogenética que seja típica ou

diagnóstica de MM, uma vez que a maioria dos tumores de mieloma apresenta

anormalidades genéticas que podem ser detectadas com técnicas genéticas

moleculares sensíveis, como a hibridização in situ por fluorescência (FISH)

(165).

O ensaio da cadeia leve livre (FLC) mede as cadeias de imunoglobulina

kappa e lambda, as quais não estão ligadas a cadeias pesadas no soro. A

relação FAP normal de kappa/lambda é de 0,26 a 1,65; já as razões anormais

de FLC são observadas em distúrbios de células plasmáticas clonais quando há

produção em excesso de um tipo de cadeia leve (kappa ou lambda) e

identificadas em aproximadamente 90% dos pacientes com MM (182).

Há pouco conhecimento sobre a incidência e os aspectos clínicos do MM

na América Latina. No Brasil, por exemplo, a incidência é praticamente

desconhecida, uma vez que a doença não aparece nas estimativas anuais

fornecidas pelo Instituto Nacional do Câncer-INCA (168).

Em estudo recente, foi observado o perfil do mieloma em 16 instituições

brasileiras. Dos 1.112 pacientes avaliados, no período de 1998 a 2004, 49,7%

dos casos eram referentes ao sexo feminino e 50,3%, ao sexo masculino, com

idade mediana de 60,5 anos, sendo que a maioria dos pacientes apresentava

doença avançada (169).

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2.4.5. Doenças Linfoproliferativas Crônicas de Células T

2.4.5.1. Leucemia Prolinfocítica T (LPL-T)

A Leucemia Prolinfocítica de células T (LPL-T) é uma neoplasia de células

T rara que acomete cerca de 2% das leucemias linfocíticas maduras em adultos,

sendo composta por células linfoides T, com envolvimento do SP, MO, linfonodos

e baço. O nome "prolinfócitos", realmente, é incorreto, já que as células tumorais

são originadas de células T pós-tímicas nesta doença(92)

Trata-se de uma leucemia de células T altamente agressiva, com uma

sobrevida média inferior a um ano. Na apresentação, a LPL-T esporádica afeta

principalmente os idosos com idade média de 65 anos, e não foi relatado em

crianças ou adultos jovens. Há uma ligeira predominância masculina, com uma

relação masculino:feminino de 1,33 (187).

A maioria dos pacientes apresenta uma contagem sanguínea elevada

(tipicamente superior a 100.000/L leucócitos), hepatoesplenomegalia (75%),

linfadenopatia generalizada (50%). A anemia e trombocitopenia podem ser

observadas, mas são menos comuns do que na leucemia prolinfocítica de

células B (LPL-B). Adicionalmente a infiltração da pele e derrames serosos (a

exemplo da pleural) podem em aproximadamente 25% e 15% dos pacientes,

respectivamente O exame do SP demonstra uma predominância de células

linfóides de tamanho médio, com cromatina moderadamente condensada e um

nucléolo visível (171).

O núcleo pode ser redondo ou oval; já o citoplasma, geralmente, é

moderadamente abundante e ligeiramente basofílico, sem grânulos (172)

O diagnóstico de LPL-T, em geral, é feito por análise do SP e da MO

(biópsia e aspiração) e uma avaliação clínica apropriada. Quando avaliadas pela

CF, essas amostras demonstram um imunofenótipo de células T maduras. As

células expressam o CD52 (fortemente) e marcadores de células pan-T (CD2,

CD3 e CD7), bem como a superexpressão de TCL1(173).

Neste sentido, a desoxinucleotidil transferase terminal (TdT) não é

expressa enquanto o CD3 pode ser expresso na membrana celular em níveis

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baixos ou altos. A expressão de CD4 e CD8, por sua vez, é variável: 60% dos

casos são CD4+/CD8-, 25% dos casos são duplo positivos (CD4+/CD8+), 15%

dos casos são CD4-/CD8+ e 1% é CD4-/CD8- (171).

2.4.5.2. Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares (LGLG- T)

A Leucemia de Grande Linfócitos Granulares (LGLG) é uma doença

clonal, caracterizada por infiltração linfocítica do SP e MO, por linfócitos grandes

granulares (LGG) cursando com esplenomegalia e citopenias, mais comumente

a neutropenia (174).

O LGG é um subtipo linfóide morfologicamente distinto, maior do que a

maioria dos linfócitos circulantes, que apresenta grânulos azurofílicos

característicos, contendo hidrolases ácidas. Os LGG compreendem de 10% a

15% das células mononucleares do SP normal (174,175).

As LGLG surgem de duas linhagens principais: em média, 85% são

células T (CD3+/CD8+) correspondendo as células T citotóxicas de memória

efetoras ativadas por antígeno in vivo (LTCD8+), enquanto os 15% restantes são

células CD3-/ CD56+ e, portanto, células NK (176).

O termo LGLG foi proposto para este transtorno com base na

demonstração da invasão da MO, baço e fígado por celulas LGL, isto é, na

primeira prova de que as células foram expandidas clonalmente. Uma

subsequente classificação francesa-americana-britânica (FAB) reconheceu a

LGLG como um dos quatro subgrupos de Leucemias Linfóides de Células T

Crônicas e, em 1993, propôs-se que as LGLG pudessem ser classificadas em

células TCD8+ e células NK (191).

Em 2016, a classificação da OMS das neoplasias LGLG de células T e NK

maduras continua a distingui-las com base em suas características moleculares

e clínicas únicas, em uma entidade provisória do transtorno linfoproliferativo

crônico de células NK (também conhecida como linfocitose crônica de células

NK), assim, distinguindo-a da leucemia de células NK, que é muito mais

agressiva (195).

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A LGLG de células T é responsável por uma média de 2% a 5% dos

distúrbios linfoproliferativos crônicos na América do Norte e até 6% na Ásia. A

incidência, nos EUA, foi estimada em cerca de 1 caso a cada 10 milhões de

pessoas (179). Quanto à idade mediana de início da LGLG-T, é de 60 anos (faixa

de 4 a 88), sem predileção masculina ou feminina. Apenas 10% dos pacientes

têm menos de 40 anos. Logo, a doença é rara em crianças (180).

Uma característica proeminente da LGLG-T é uma associação com outras

doenças em 40% dos casos, particularmente, a artrite reumatóide e outras

doenças hematológicas. Neste sentido, a LGLG-T também foi relatada em

pacientes com transtornos auto-imunes, como artrite reumatóide (AR) e

Síndrome de Sjögren. Raramente, os pacientes podem ter citopenias auto-

imunes (anemia hemolítica, aplasia pura de eritrócitos e trombocitopenia imune),

sendo a AR a doença mais comumente associada, ocorrendo em

aproximadamente 25% dos pacientes(181).

A maioria dos pacientes com LGLG-T apresentam sintomas relacionados

à neutropenia. A febre com infecções bacterianas recorrentes ocorre em 20% a

40% dos pacientes. As infecções, geralmente, envolvem áreas da pele,

orofaríngeas e periretais, mas também pode ocorrer sepse grave ou pneumonia.

Infecções oportunistas são incomuns. Assim sendo, aproximadamente um terço

dos pacientes sentem-se perfeitamente bem sem sintomas quando uma

contagem sanguínea de rotina revela uma citopenia, levando ao diagnóstico de

LGLG de células T(181).

Pacientes com a variável gamma/delta do receptor de células T (TCR) são

menos comuns do que as variáveis do TCR alfa/beta, porém têm um padrão

clínico semelhante(181).

A MO pode ser hipocelular, normocelular, ou ligeiramente hipercelular,

com fibrose de reticulina leve à moderada. Normalmente, há uma mudança na

maturação dos granulócitos para formas mais imaturas. Os GLGs monoclonais,

geralmente, representam menor de 50% das células nucleadas. Há infiltração

intersticial e/ou intrasinusoidal de células T clonais (malignas) com CD8

expresso, acompanhada de agregados linfáticos ou nódulos compostos por

células T e B reativas (policlonais) (182).

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A LGLG-T mostra um fenótipo pós-tímico maduro, com certo grau de

heterogeneidade da membrana. A grande maioria expressa CD3, CD8, CD16,

CD57, CD45, CD2 e o receptor de células T (TCR) alfa/beta, porém não

expressam CD4, CD56, CD28 e o TCR ϒδ. Também, expressam

constitutivamente CD2, CD45RA e o receptor beta de IL-2 (p75, CD122), mas

não o receptor de IL-2 alfa (CD25). Ainda, a expressão dos marcadores CD5,

CD7, CD94. A presença de Granzima e Perfurina é variável, podendo estar

presente ou não. Algumas células expressam o antígeno CD4 com ou sem

coexpressão do CD8. Um fenótipo CD4-/CD8-, raramente, foi descrito (182).

2.4.5.3. Micose Fungoide/Síndrome de Sézary (SS)

Os linfomas cutâneos são proliferações linfocitárias malignas primárias da

pele. Ao contrário dos linfomas sistêmicos ou nodais, em que o linfócito B é mais

frequentemente envolvido, na pele, predominam os linfomas cutâneos de células

T (183).

A síndrome de Sézary (SS) e a Micose Fungóide (MF) são os subtipos

mais comuns de linfomas cutâneos. A MF é um LNH de células T maduras com

apresentação na pele, mas com potencial envolvimento do sangue e vísceras.

As lesões cutâneas incluem manchas, placas ou tumores, que podem ser

localizados ou difundidos, e eritrodermia (184).

A MF é um tipo específico de linfoma cutâneo, no qual é marcante o

epidermotrofismo. Acomete principalmente indivíduos entre 55 e 60 anos, com

predomínio do sexo masculino (184).

A SS é definida como uma forma eritrodérmica distinta, com envolvimento

leucêmico de células T malignas, considerada como uma evolução da MF. É

caracterizada pela tríade eritrodermia, linfoadenopatia generalizada e células T

neoplásicas (Células de Sézary) na pele, linfonodos e SP (185).

Trata-se de uma doença de adultos mais velhos, com poucos casos

relatados em pacientes com menos de 30 anos. Nos EUA, a incidência é maior

entre os brancos (0,36 casos por milhão de pessoas ao ano) do que entre os

negros (0,04 casos por milhão de pessoas ao ano). Assim, SS não é uma doença

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hereditária. Logo, irmãos e filhos de pacientes portadores da doença não têm

um risco substancialmente aumentado de desenvolvê-la (186).

Pacientes com SS, comumente, apresentam eritrodermia e linfadenopatia

generalizada, desenvolvidas em semanas a meses. A pele é muitas vezes

pruriginosa, e a qualidade de vida do paciente pode ser profundamente afetada

(187).

Em 2007, o sistema de teste para MF e SS foi revisado a fim de incorporar

o envolvimento do sangue e uma definição padronizada de eritrodermia. Em

2011, foram publicadas novas revisões para o estadiamento do sangue e dos

linfonodos, as quais definem e padronizam a extensão extracutânea da doença.

Essas mudanças no estadiamento permitem avaliar os resultados em pacientes

com MF eritrodérmico separadamente daqueles de SS (188).

O SP de pacientes com SS é caracterizado por um grande número de

células mononucleares atípicas com núcleos moderados, com contorno nuclear

irregular (cerebriformes), denominadas células de Sézary, são células são

maiores do que o tamanho de um linfócito normal (em média, do mesmo tamanho

de um monócito normal) (189).

A utilização da CF para avaliar um subconjuntos de células T fornece um

meio objetivo, quantificável e reprodutível de identificar e rastrear o envolvimento

do sangue na SS (190).

As células tumorais são CD4 positivas e reconhecidas pela frequente

perda do CD26 em mais de 90% dos casos, bem como a perda de CD7 em cerca

de 50% dos casos (188). O imunofenotipo típico da população de células T de

SP anormais e caracterizada por: CD3+/CD4+ e CD3+/CD8-, CD2+/CD7-, CD5+,

CD26- e CD8-. Em alguns casos, a expressão de um fenótipo aberrante, ou seja,

perda de expressão de marcadores celulares presentes em linfócitos normais

como o CD2, CD3, CD4 ou CD5, contribui para o diagnóstico da doença (8)

embora a perda do CD7 não seja específica para os linfomas cutâneos, pois

podem ocorrer também em dermatoses inflamatórias benignas (186). O calculo

da relação CD4/CD8, também pode ser usada para determinar o status de

malignidade para fins de estadiamento e avaliação da resposta à terapia, sendo

em geral maior que 1:10 (190).

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Atualmente, para o diagnóstico de síndrome de Sézary, a Sociedade

Internacional para linfomas cutâneos recomenda que haja um ou mais dos

seguintes critérios presentes em SP: demonstração de clonalidade das células

T por métodos moleculares ou citogenéticos e número absoluto de células de

Sézary circulantes igual ou superior a 1.000/L, ou presença de anormalidades

imunofenotípicas nas células T tais como relação CD4/CD8 ≥10, células

CD4+/CD7- ≥ 40%, célula CD4+/CD26- ≥ 30%, ou perda de um ou mais

antígenos de células T maduras tais como o CD3 ou CD5 (190).

2.4.5.4. Leucemia/Linfoma de Célula T do Adulto (LLTA)

O linfoma /leucemia de células T de adultos (LCTA), de acordo com a

classificação mais recente da OMS de neoplasmas linfoides, é definido como

uma neoplasia de células T periféricas associada à infecção pelo Vírus T-

Linfotrópico Humano, tipo I (HTLV-I) (191).

Embora seja considerada uma das variantes altamente agressivas do

LNH de células T (NHL), o curso da doença é variável e, às vezes, bastante

indolente. O vírus HTLV-I é transmitido principalmente pela amamentação, ainda

que a propagação via transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas e

relações sexuais também ocorra (192).

A LCTA se desenvolve em cerca de 1% a 5% dos indivíduos soropositivos,

habitualmente, após mais de 2 décadas de persistência viral. Ocorre em adultos

com idade média de 55 anos, com discreta predominância em homens(191).

A incidência varia de acordo com a prevalência da infecção pelo HTLV-I

pela população. A infecção pelo HTLV-1 é endêmica em várias ilhas do sul do

Japão, na bacia do Caribe (por exemplo, Jamaica e Trinidad), África Ocidental,

Peru, Nordeste do Irã e parte Sudeste dos EUA. Os pacientes mais afetados

vivem ou se originam dessas áreas (193).

Uma vez que a LCTA está associada à infecção por HTLV-I, os pacientes

também estão em risco de desenvolver mielopatia associada ao HTLV-I,

igualmente conhecida como paraparesia espástica tropical (194). Quanto às

características clínicas da LCTA, elas incluem evidências de linfadenopatia

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generalizada, hepatoesplenomegalia, imunossupressão, hipercalcemia, lesões

ósseas líticas e lesões cutâneas; podendo manifestar-se sob a forma de quatro

variantes clínicas: forma aguda (leucêmica), crônica, linfomatosa e indolente

(193).

A apresentação mais comum de LCTA, ocorrida em cerca de 60% dos

casos, é a variante aguda que tem um prognóstico pobre, com a sobrevivência

medida de meses a um ano, apesar do tratamento agressivo (195,196). Desta

forma, pacientes com a variante aguda de LCTA apresentam com maior

frequência sintomas sistêmicos: organomegalia, linfadenopatia, níveis elevados

de LDH e células malignas circulantes. A contagem de glóbulos brancos,

geralmente, é elevada e pode ser superior a 100.000/mm3(193).

A característica morfológica da LCTA é observada no SP de casos

leucêmicos. Nestes casos, podem ser encontrados linfócitos de tamanho médio,

com cromatina condensada e núcleos hiperlobados bizarros ("folha de trevo" ou

"células de flores"). Além disso, há uma pequena proporção de células tipo

explosão, com citoplasma profundamente basofílico (193).

Para fins de diagnóstico as células tumorais expressam antígenos

associados a células T (CD2, CD4 e CD5), podendo apresentar expressão de

CD3 fraca ou ausência do CD7. A maioria dos casos são CD4+/CD8-,

observando todavia casos raros CD4-/CD8+ ou CD4+/CD8+, enquanto o CD25

é expresso na maioria dos casos, assim como o CD52 e CD38. As variantes de

células grandes anaplásicas reagem com CD30, porém os imunofenotipos mais

comuns são CD4+, CD25+, CD7- e CD8-(197).

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3 JUSTIFICATIVA

Devido à considerável complexidade do sistema imunológico, nãoé

surpreendente que os tumores originados nesses tecidos sejam numerosos e

complexos, sendo várias as tentativas de classificação destas entidades a

classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para tumores dos tecidos

hematopoiéticos e linfóides tem sido recomendada. Essa classificação endossa

uma abordagem multiparamétrica para o diagnóstico, baseado em

características citomorfológicas de sangue periférico, aspirado de medula óssea

ou massa tumoral, anatomopatologicas, imunofenotípicas e genotípicas de cada

tumor.

Entretanto, não é necessário nem economicamente viável realizar

múltiplos estudos em cada caso isoladamente, atualmente a imunofenotipagem

por citometria de fluxo complementada pela citomorfologia convencional fornece

dados suficientes para diagnosticar e classificar a maioria desses cânceres

hematologicos.

A análise citomorfológica isolada, apesar de ser imprescindível, apresenta

limitações técnicas, com importante subjetividade, demandando profissionais

muito qualificados. A imunofenotipagem por citometria de fluxo é um método

confiável para avaliação quantitativa e qualitativa de células hematopoiéticas e

desempenha um papel cada vez mais importante no diagnóstico, classificação e

prognóstico dessas neoplasias, tornando o exame citomorfológico uma triagem

inicial ou método suplementar quando combinado com imunofenotipagem pela

citometria de fluxo, possibilitando o diagnóstico rápido, preciso e objetivo.

Diante da escassez de dados referentes ao diagnostico e classificação

das doenças linfoproliferativas crônicas por citometria de fluxo no Brasil, e

particularmente no Rio Grande do Norte, que justifica a realização deste estudo

quantitativo transversal pioneiro em nossa região.

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4. OBJETIVOS

4.1. GERAL

Demonstrar a relevância da citometria de fluxo no diagnostico e

classificação das Doenças Linfoproliferativa Crônica (DLPC) em pacientes com

linfocitose periférica ou anormalidade citomorfológicas no sangue periférico e /

ou medula óssea.

4.2. ESPECÍFICOS

1. Propor a criação um painel de AcMo para o diagnóstico e classificação das

DLPC incluindo as discrasias de células plasmáticas( mieloma múltiplo e/ou

leucemia de células plasmáticas);

2. Implantar a técnica de investigação de monoclonalidade de células B, por

citometria de fluxo (teste kappa / lambda);

3. Criação no Hemocentro Dalton Cunha-HEMONORTE de um banco de

dadosde registro e classificação de portadores de doenças hematológicas

malignas, com finalidade diagnóstica, epidemiológica, pesquisa clínica e

controle de seguimento dos pacientes.

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5. CASUÍSTICA E METODOLOGIA

5.1. Seleção das amostras de pacientes

A seleção dos pacientes para o estudo foi efetuada durante o período de

4 anos e 4 meses e realizada no Laboratório de Hematologia do Hemocentro

Dalton Cunha - HEMONORTE. O presente estudo foi submetido e aprovado pelo

Comitê de Ética do Hospital Universitário Onofre Lopes.

Critério de inclusão: Pacientes com linfocitose prolongada e ou alterações

citomorfológicas vistas em hemograma ou lâminas de medula óssea.

Critérios de exclusão: Pacientes com doenças hematológicas benignas e

pacientes que recusaram termo de consentimento livre esclarecido.

Foram coletadas amostras de 500 pacientes com histórico de linfocitose

(relativa e absoluta) persistente e ou alterações citomorfológicas no sangue

periférico ou medula óssea, sugestivas de uma neoplasia do sistema

linfohematopoético.

O diagnóstico dessas leucemias baseou-se em critérios clínicos e

laboratoriais. Estes últimos incluíam o hemograma, contagem de plaquetas e

imunofenotipagem celular por citometria de fluxo, com um painel de anticorpos

monoclonais para a caracterização de doenças linfoproliferativas crônicas

(Tabela 4).

Informações a respeito de procedência, sexo , idade e informações

clínicas dos pacientes foram obtidas no momento em que as amostras deram

entrada no Laboratório de Hematologia do HEMONORTE. Durante a coleta das

amostras foram anotados dados demográficos, clínicos e laboratoriais dos

pacientes ou por análises dos prontuários arquivados no arquivo médico do

HEMONORTE. Um modelo pré-definido para a coleta de dados incluiu etnia,

sexo, idade, dosagem de hemoglobina, contagem de plaquetas, leucometria

global e contagem diferencial dos leucócitos.

Em algumas patologias foi procedida paralelamente a coleta de aspirado

de medula óssea para análise citomorfológicas e exames de imunofenotipagem.

Para este procedimento foram incluídos pacientes com suspeita de mieloma

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múltiplo (MM), leucemia de células vilosas (LCV), linfoma do manto (LM) e

Leucemia de Células T do Adulto (LLTA).

5.2. MÉTODO

5.2.1 Teste de viabilidade celular

Células mononucleares foram incubadas em solução de azul de trypan

(Merck, USA) a 0,5% em solução salina tamponada com fosfatos (PBS, pH 7,4)

(phosphate buffered saline, Sigma Chemical Co, ST. Luis, CA, USA), na

proporção de 9/1. Após homogeneização, a mistura foi observada ao

microscópio óptico com objetiva de 20x, sendo descartadas as amostras com

viabilidade inferior a 80%.

5.2.2. Hemograma e estudo citomorfológico

Sangue periférico dos pacientes foi coletado em frascos à vácuo marca

“vacutainer” com EDTA potássico para hemograma rotineiro.

Estudos citomorfológicas de distensão de SP e / ou MO dos pacientes foram

realizados após coloração pelo Leishman. As lâminas depois de coradas foram

examinadas no microscópio ótico, inicialmente com objetiva de 40 e,

posteriormente, com objetiva de 100.

Na avaliação morfológica de distensão do SP, procedeu-se a contagem

específica de leucócitos no sangue periférico, além das observações de

alterações morfológicas adicionais, tais como presença de células plasmáticas,

pro-linfócitos, restos nucleares e linfócitos vilosos, flower cells, linfócitos grandes

granulares dentre outras.

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Parâmetros hematológicos tais como leucometria, determinação das

concentrações de hemoglobina e contagem de plaquetas foram realizada no

Analisador Hematológico (Micros 60-ABX, USA).

5.2.3. Imunofenotipagem

As amostras de sangue periférico ou de medula óssea foram submetidas a

imunofenotipagem por citometria de fluxo utilizando-se um painel de AcMo

diretamente conjugado com fluorocromos como o isotiocianato de fluoresceína

ou FITC do inglês fluoresceinisothiocyanatee / ou Phicoeritrina (PE) e / ou

proteína do chlorophyll de Peridinin (PerCP), correspondentes as fluorescências

verde, laranja e vermelha respectivamente, possibilitando a dupla ou tripla

marcação em uma única etapa.

Para análise de amostras procedentes de sangue periférico, utilizou-se a

mesma amostra colhida para o hemograma rotineiro, quando o material

analisado foi medula óssea, utilizou-se para tal, aspirado de medula óssea em

seringa previamente heparinizada (Liquemine-Roche).

A imunofenotipagem foi realizada por citometria de fluxo utilizando-se um

painel de anticorpos monoclonais (AcMo) (Becton Dickinson, San José CA, USA)

para DLPC (Tabela 4).

5.2.3.1 Marcação de Antígenos de Superfície

A reação de imunofluorescência foi realizada em 50 microlitros (μL) de

suspensão de células totais (MO e/ ou SP) previamente homogeneizadas, as

quais foram incubadas com 20 μL de AcMo específico por 30 minutos ao abrigo

da luz em temperatura ambiente. Após esta etapa, a suspensão celular foi

novamente homogeneizada e acrescentada à mesma cerca de 2 mililitros (mL)

de solução de lise, havendo nova incubação por mais 10 minutos no escuro à

temperatura ambiente. Após este período, a suspensão celular foi centrifugada

por 5 minutos a 1.500 rotações por minutos (RPM), o sobrenadante desprezado

e o sedimento ressuspenso em solução salina tamponada Ph 7,4 (PBS, Sigma

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USA) e novamente centrifugado a 1.500 RPM por 5 minutos, sendo esta última

etapa repetida mais uma vez. Ao final desta etapa, o sedimento foi então

ressuspenso em 1mL de solução de PBS/ formaldeído a 0,5% (Formaldeído PA

/ Vetec, Brasil) e estocado ao abrigo da luz, sob refrigeração, até o momento da

análise. Para cada amostra foi utilizado um tubo controle de marcação

inespecífica, empregando-se para tal, imunoglobulina inespecífica conjugada ao

FITC, PE e Pcyp.

5.2.3.2. Investigação de cadeias leves das Imunoglobulinas

Para investigação das cadeias leves das imunoglobulinas (teste

procedeu-se inicialmente incubação da suspensão celular (50 L) em soro

bovino fetal diluído na concentração de 2% em PBS, por 20 minutos a 37ºC.

Após este procedimento, foi realizada uma lavagem da suspensão celular com

PBS, procedendo-se em seguida a incubação com os anticorpos anti e anti

de acordo com o procedimento da marcação de superfície anterioemnte descrito.

5.2.3.3. Marcação de antígenos intracitoplasmáticos e nucleares

Por se tratar de antígenos cujos epítopos se encontram localizados na

região intracelular (núcleo e citoplasma), foi necessária uma prévia

permeabilização celular, possibilitando dessa forma o acesso e reatividade dos

AcMo para os seguintes antígenos: TdT, ZAP-70, Perfurina, Granzima-B, TCL1

e Ciclina-D. Para este procedimento foi utilizado o protocolo, empregando

solução de lise (BectonDickinson´s FACS lysingsolution, San José CA, USA)

para a permeabilização celular previamente descrita na literatura.

Cerca de 50μL por tubo de amostra de SP e / ou MO previamente

homogeinizada foi incubada com solução de lise previamente diluída a 10% em

água destilada por 10 minutos à temperatura ambiente, seguido de uma

centrifugação a 1.500 rpm por 7 minutos, descarte do sobrenadante e

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homogeneização do sedimento. Após ressuspender o sedimento em 2 mL de

solução de Tween-20 diluído a 0, 5% em PBS (Tween-20 / BHD, England), esta

mistura foi centrifugada 2 vezes a 1.500 RPM.

Após o descarte do sobrenadante, o sedimento foi homogeneizado e

adicionado sobre o mesmo 10μL do AcMo, seguida de uma incubação por 30

minutos à temperatura ambiente e ao abrigo da luz. Após esta etapa, o

sedimento foi homogeneizado em 2 mL de PBS, seguida de centrifugação a

1.500 RPM por 5 minutos, desprezado o sobrenadante e o sedimento

ressuspendido e submetido a mais uma lavagem em PBS. Após o descarte do

sobrenadante, ao sedimento final foi adicionado 1 mL de solução de formaldeído

diluído a 1% em PBS e estocado na geladeira ao abrigo da luz até o momento

da leitura no citômetro de Fluxo.

Para investigação do ZAP70/PE este procedimento foi realizado

posteriomente a marcação de superfície para o CD19/ FICT e CD3/ PeCy5,

seguida do procedimento de marcação intracelular anteriormente descrito.

Para cada amostra foi utilizado um tubo controle de marcação

inespecífica, empregando-se para tal, imunoglobulina inespecífica conjugada ao

FITC diluída conforme as especificações do fabricante.

5.2.3.4. Leitura e Análises

As análises foram realizadas em um citometro de fluxo (FACScalibur da

Becton e Dickinson), utilizando-se o programa Cell Quest, com aquisição de

10.000 eventos, levando-se em conta os parâmetros Forward Scatter (FSC) em

escala linear que avalia o tamanho celular, Side Scatter (SSC) também em

escala linear, o qual avalia a complexidade e granulosidade celular, FL1, FL2 e

FL3 em escala logarítmica que detectam a fluorescência verde e laranja, ou seja,

a reação antígeno anticorpo conjugado ao FICT, PE e PerCP respectivamente.

Os resultados foram fornecidos na forma de histogramas em percentagens

da população celular com reação positiva ou negativa. Avaliação de intensidade

de expressão também foram devidamente observadas nos histogramas emitido

pelo citometro para posterior auxílio na interpretação dos resultados.

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84

5.3. Exames adicionais

A sorologia para o Vírus Linfotrópico de Células T Humana foi realizada

em todos os casos de DLPC-T/NK, sendo reagente nos pacientes com LCTA.

Dosagem de Cálcio Sérico e Lactato Desidrogenase (LDH) foram

realizadas em todos os pacientes com LCTA, mostrando níveis elevados em

todos os casos.

Pesquisa de Beta2- microblobulina sérica e teste de imunofixação para

cadeis leves das imunoglobulinas e eletroforese de proteinas foi realizada em

nos casos de mieloma múltiplo e / ou leucemia de células plasmáticas.

Pacientes com imunofenotipagem sugestiva para LM e LF leucemizado

foram confirmados pela biopsia de linfonodo e pesquisa citogenética. Nos

pacientes com LCM leucemizado foi confirmado pela presença de t (11; 14) e t

(1;12) e LF leucemizado pela t (14;18) (q32;q21). Em todos os pacientes com

expressão leuçêmica de LNH ( Manto, Burkitt e Linfoma Flocular ) , foram

realizadas biópsias de linfonodos e estudo imunohistoquímico.

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85

Tabela 4. Painel de Anticorpos monoclonais

Tube Nº

FICT

AcMo

PE

AcMo

PerCP

AcMo

Interpretação

01 IC/IgG1 IC/IgG1 IC/IgG1 Controle isotípico de marcação inespecífica

02 CD3 CD19 CD45 Distinção entre neoplasias T e B

03 CD4 CD8 CD3 Linfócitos T helper e citotóxico

04 CD3 CD16-56 CD45 Células T e Natural Killer

05 CD103 CD22 CD20 Distinguir neoplasia linfóide B. LCV CD103+/CD20+/CD22+

06 CD19 CD5 CD3 Distinguir neoplasia linfóide B. Leucemia Linfocítica Crônica: CD5+/CD19+

07 CD19 CD200 CD45 Distinguir neoplasia linfóide B. Leucemia Linfocítica Crônica: CD200+

08 FMC7 CD19 CD45 Distinguir neoplasia linfóide B. LLC: FMC7+/CD19+

09 TCR TCR CD3 Células T maduras, em associação com sCD3

10 CD10 CD19 CD45 Distinguir neoplasia linfóide B. Linfoma Folicular: CD10+/CD19+.

11 CD38 CD138 CD45 Identificação de Células Plasmáticas. Mieloma Múltiplo CD38+/CD138+

12 13 14 15

CD19 CD45RA CD45RO

IgM

CD79b CD19 CD19 IgD

CD45 CD3 CD3

CD19

Distinguir neoplasia linfóide B. Leucemia Linfocítica Crônica: CD79b-/+ Células B e T naive

Células B e T de memória Distinguir neoplasia linfóide B. Leucemia Linfocítica Crônica: IgM/IgD fraco

16 17 18

anti-CD2

HLADR

anti-CD7 CD25

CD19 CD3 CD3

Kappa/Lambda: restrição de cadeia leve das imunoglobulinas Distinguir neoplasia linfóide T. Sindrome de Sezary: CD7-

Células T ativadas

19 20 21 22 23

Perfurine D-Cycline

CD19

Granzime

nu TdT cyt TCL-1 cyt Zap-70

CD3

CD3

Grazimas e perfurinas: Células Citotóxicas Distinguir neoplasia linfóide B. Linfoma do manto: Ciclina D+ Terminal deoxinucleotidil Transferase: Células progenitoras

Neoplasias de Células T Marcador prognostico para leucemia linfocítica crônica

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86

6. RESULTADOS

6.1. Classificação Imunológica

A Classificacão das DLPC determinda pelo resultado da imunofenotipagem

seguiram os criterios estabelecidos pelas tabelas 2, 3 e 4. Dos 500 pacientes com

DLPC analisados, 433 casos (86,6 %) foram catergorizados como DLPC de linfócitos

B (DLPC-B) e 67 (13,48%) de linfócitos T e células NK ou DLPC-T/NK (Tabela 5).

O diagnostico e classificação das DLPC-B foi baseado na reatividade das

células momonucleares aos vários AcMo direcionados a antígenso B relacionados

associados a forte expressão antigênica ao antígeno leucocitário Comum (CD45).

Adicionalmente aos resultados obtidos pela imunofenotipagem, a classificação deste

grupo de doenças foi complementada por uma avaliação citomorfologica de distensão

de SP e/ou aspirado de MO corados pelo MGG, constatando a presença de 279

pacientes com LLC-B, 17 LPL-B, 06 LCV, 03 LF leucemizado, 12 com LCM, 03 com

LELV, um caso com MW, 47 com MM, 12 LCP, 09 com LB leucemizado e por fim, 39

casos que classificados como DLPC-B não especificado, sendo categorizados como

linfomas não-Hodgkin em fase leucêmica (B cell- NHL) (Tabela 5).

O diagnostico e classificação das DLPC-T/NK foi baseada na forte expressão

antigênica ao CD45, negatividade ao CD1a e TdT, e reatividade a um ou mais

antígenos relacionados a linfócitosT e células NK, também complementada pela

análise citomorfologica de SP e / ou MO.

Neste Grupo, 10 Casos apresentaram caracteristicas citomorfologicas de

linfócitos grandes e granulares (LGL). O Padrão de imunofenotipagem destes 10

pacientes constatou-se a presenca de 10 casos de LGL-T (CD2+, CD3+, CD7+, CD5+,

CD8+, TCRa/b+, TCL-1+) e um caso LGL-NK (CD16+, CD56+, CD8+), constatando

também a expressão de Granzima e Perfurina nestes 10 casos. Observou-se também

a presença de 14 Casos de LPL-T, 10 casos de LCTA, 8 casos de SS/MF e 24 casos

de LCTP (Tabela 5).

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6.2. Dados Demográficos

As Tabelas 8 e 9 mostram resumidamente os dados relacionados ao gênero e

faixa etária dos pacientes acometidos por DLPC-B e DLPC-T/NK respectivamente.

Do total dos 500 casos analisados, 52,39 % eram pacientes do sexo masculino

e 47,61 % do sexo feminino. Nas DLPC-B a distribuição dos casos em relação ao sexo

foi de 213 pacientes do sexo masculino e 185 do sexo feminino. Nas DLPC-BT/NK

constatou-se a presença de 28 homens e 34 mulheres.

Nas DLPC-B, a faixa etária variou de 05 a 100 anos. Nas LLC-B, a variação foi

de 46 a 94 anos com mediana de 62 anos. Na LPL-B observou-se variação de 51 a

100 anos e mediana de 76 anos. Na LCV e LCVv a faixa etária variou de 70 a 78 anos

com mediana de 67 anos e 70-78 anos com mediana de 76 anos respectivamente.

Nos únicos pacientes com LF leucemizado e MW constatou-se idade de 59 e71 anos

respecitvamente. No LCM a oscilação da faixa etária e mediana das idades foi de 50

a 88 anos e 77 anos respectivamente. O LELV observou-se variação da faixa etária

de 61 a 66 anos. No MM e MM/LCP observou-se variação da faixa etária de 44 a 100

anos e 60 a 100 respectivament e mediana de idade de 67 anos para ambas as

entidades. No LB leucemizado a faixa etára foi de 05 a 57 anos e mediana de idade

de 27 anos. Nos casos de LNH-Bleucemizado, observou-se variação de 44 a 100 anos

com mediana de 67 anos.

Nas DLPC-T/NK, a faixa etária variou de 30 a 89. Na LGL-T observou-se

vartiação de 30 a 77 anos e mediana de 63 anos, O paciente com LGL-NK tina idade

de 45 anos. Na LPL-T a variação da faixa etária foi de 35 a 73 anos com mediana de

idade de 58 anos. Nos pacientes com LCTA observou-se variação de 31 a 76 anos

com mediana de 35 anos. Na MF/SS constatou-se variação da faixa etária de 60 a 71

anos e mediana 68 anos. Nos casos de LCTP a faixa etária e mediana de idade dos

pacientes foi de 30 a 89 e 55 anos respectivamente.

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6.3. Parâmetros hematológicos

Parâmetros hematológicos das DLPC-B também estão resumidas nas tabela 8,

constando de leucometria, contagem de absoluta de linfócitos, contagem de plaquetas

e dosagem de hemoglobina no sangue periférico.

Na LLC-B, a leucometria mostrou-se variável com contagens oscilando entre

6.9 e 420 x 109/L, com mediana de 64.0 x 109/L, leucometria ≤ 10 x 109 /L foi

constatada em 11 casos, variando entre 10 e 50 x 109/L em 172 casos e acima de 50

x 109/L em 64 casos. Valores da contagem global de linfócitos variaram entre 5.1 e

350 x 109/L, com mediana de 22 x 109/L, predominando casos com contagens

oscilando entre 10 até 50 x 109/L (n= 164), seguido por níveis de linfócitos acima de

50 x 109/L (n= 50) e inferior a 10 x 109/L (n=46). Na contagem de plaquetas

observaram-se contagens ≤ 100 x 109 /L em 16 casos, entre 100 e 150 x 109/L em 13

casos em 88 casos em acima de 150 x 109/L em 143 casos. Níveis de hemoglobina,

abaixo de 10g/dL foi observada em 33 casos, oscilando entre 10 e12 em 120 casos

maior que 12g/dL em 94 casos.

Nos pacientes com LPL-B, a leucometria variou de 10 à 50 x 109/L e acima de

50 x 109/L em 8 e 10 casos respectivamente.

Valores da contagem global de linfócitos e pro-linfócitos variaram entre 18.5 e

201.0 x 109/L, com mediana de 22 x 109/L, predominando casos com contagens

oscilando entre 10 até 50 x 109/L (n= 8), seguido por níveis de linfócitos acima de 50

x 109/L (n= 09). Nestas leucemias nestas, a contagem de pro-linfócitos estavam acima

de 55% em todos os casos. A contagem de plaquetas inferior a 100 x 109/L e oscilando

entre 100 a 150 x 109/L foi observada em 4 e 13 casos respectivamente. Observou-

se níveis de dosagem de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL, variando entre 10.0 e

12.0 g/dL e acima de 12.0 g/dL em 04, 10 e 03 casos respectivamente.

A LCv e LCVv cursaram com leucopenia e leucocitose respectivamente. Na

LCV a leucometria variou entre 2.000 a 4.500 x 109/L com media de 2.500 x 109/L. Na

LCVv, valores mínimo, máximo e mediana para este parâmetro foram de 14.7 x 109/L,

43.0 x 109/L and 22.0 x 109/L. A contagem global de linfócitos abaixo de 10 x 109/L e

variando entre 10.000 e 50.000 x 109 /L foi observada em todos os casos de LCV e

LCVv respectivamente. Contagem de plaquetas inferior a 100.x 109 /L foram

observados em todos os casos de LCV e LCVv. Níveis de hemoglobina abaixo de 10.0

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g/dL e variando entre 10.0 e 12.0 g/dL foram observadas em 3 e 1 casos de LCV e

em 3 e 1 respectivamente.

O paciente com LF leucemizado, apresentou os seguintes parâmetros

hematológicos: leucometria na faixa de 10 à 50 x 109/L, contagem de linfócitos também

na faixa de 10 à 50 x 109/L, contagem de plaquetas acima de 150 x 109 /L e dosagem

de hemoglobina abaixo de10g/dL.

Os pacientes com LCM apresentaram hiperleucocitose (leucometria acima de

50 x 109/L) associada com contagem global de elevada linfócitos em todos os casos.

A contagem de plaquetas nas faixas de inferior a100 x 109 /L e acima de 150 x109 /L

foi observada em 3 e 11 casos respectivamente. Níveis de hemoglobina inferior

a10g/dL foi observada em 05 casos, 10-12 casos em 104 casos acima de 12g/dL em

05 casos.

Os dois pacientes com LECV apresentaram os seguintes parâmetros

hematológicos: leucometria na faixa de 10 à 50 x 109 /L, contagem global de linfócitos

também na faixa de 10 à 50 x 109 /L, contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109 /L e

dosagem de hemoglobina inferior a10g/dL.

O paciente com MW apresentou os seguintes parâmetros hematológicos: WBC

e contagem absoluta de linfócitos acima de 50 x 109 /L, contagem de plaquetas dentro

dos limites de normalidade e dosagem de hemoglobina faixa de superior a 10.0 g/dL.

Os pacientes com MM apresentaram leucopenia e linfopenia em todos os

casos. Contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109 /L foram observados em um

paciente, oscilando entre 100 a 150 x 109/L em 34 pacientes e acima de 150 x 109/L

em 03 casos. Níveis de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL e variando entre 10.0 e

12.0 g/dL foram observadas em 9 e 31 casos respectivamente.

Na variante leucêmica do MM (LCP), WBC abaixo de 10 x 109/L foi constatada

em 07 casos, entre 10 e 50 x 109/L em 06 casos e acima de 50 x 109 /L em um caso.

Contagem de linfócitos abaixo de 10 x 109/L foi observada em todos pacientes, sendo

observando entretanto a presença de células plasmáticas neoplásicas com contagem

mínima de 10% e máxima de 70%. Contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109 /L

foram observados em 9 pacientes, oscilando entre 100 a 150 x 109/L em 03 pacientes

e acima de 150 x 109/L em 03 casos. Todos os pacientes apresentaram níveis de

hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL.

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Os pacientes com LB leucemizado apresentaram leucometria nas faixas de 10

a 50x109/L e acima de 50 109/L em 6 e 3 casos respectivamente acompanhada. de

contagens de linfócitos atípicos de 10 a 50 x 109/L e acima de 50 x 109/L também em

6 e 3 casos respectivamente. Contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109/L foram

observados em todos os pacientes. A dosagem de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL

foi observada em todos os casos.

Nos pacientes com LNH-B leucemizados apresentaram leucometria nas faixas

de abaixo de 10 x 109/L e entre 10 a 50 x 109/L em 11 e 26 casos respectivamente. A

contagem de linfócitos abaixo de 10 x 109/L e variando entre 10.000 à 50.000 x 109/L

foi constatada em 17 e 20 casos respectivamente. A contagem de plaquetas inferior

a100 x 109/L foi observada em 6 pacientes, variando entre 100 a 150 x 109/L em 11

casos e acima de 150 x 109/L em 20 casos. Níveis de hemoglobina abaixo de 10.0

g/dL, variando entre 10.0 e 12.0 g/dL e acima de 12.0 g/dL foram detectados em 06,

19 e 12 casos respectivamente.

De acordo com os dados resumidos na tabela 9 dos pacientes com LGL-T, 8

apresentaram WBC nas faixas de abaixo de de 10 x 109/L e 2 na faixa de >10.0 a

50.0 x 109/L. A contagem de linfócitos na faixa de 10 x 109/L foi detectada em 3 casos,

na faixa acima de 10 a 50 x 109 /L em 6 casos e superior a 50 x 109/L em um caso. A

contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109/L e acima 100 a 150 x 109/L foram

observadas em 4 casos cada e superior a 150 x 109/L em 2 pacientes.

Níveis de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL e variando entre 10.0 e 12.0 g/dL

foram detectados em 2 e 8 casos respectivamente.

O paciente com LGLG-NK apresentou os seguintes parâmetros hematológicos:

leucometria e contagem absoluta de linfócitos na faixa compreendida entre 10 a 50 x

109/L, contagem de plaquetas na faixa de superior a 100 a 150 x 109/L e dosagem de

hemoglobina acima de 10.0 g/dL.

Nos pacientes com LPL-T, a leucometria oscilou entre 10 a 50 x 109 /L e acima

de 50 x 109/L em 9 e 4 casos respectivamente. As contagens de linfócitos mostraram-

se nas faixas de 10 a 50 x 109/L e acima de 50 x 109/L em 12 e um caso

respectivamente. A contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109/L e oscilando entre

100 a 150 x 109/L foi observada em 3 e 10 casos respectivamente. Observou-se níveis

de dosagem de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL, variando entre 10.0 a 12.0 g/dL e

acima de 12.0 g/dL em 4, 5 e 3 casos respectivamente.

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Os pacientes com LCTA apresentaram leucometria variando na faixa de 10 -

50 x 109/L e acima de 50 x 109/L em 7 e um caso respectivamente, As contagens de

linfócitos mostraram-se nas faixas de 10 a 50 x 109 /L e acima de 50 x 109 /L em 7 e

um caso respectivamente. A contagem de plaquetas abaixo de 100 x 109/L foi

observada em um caso, entre 100 a 150 x 109/L em 6 casos e acima de 150 x 109/L

em um caso. Observou-se níveis de hemoglobina inferior a 10.0 g/dL, variando entre

10.0 a 12.0 g/dL e acima de 12.0 g/dL em 1, 5 e 2 casos respectivamente.

Os pacientes com MF/SS apresentaram nas faixas de WBC de 10 x 109/L e 10

a 50 x 109/L em 4 e 2 casos respectivamente. A contagem de linfócitos na faixa de 10

x 109/L e 10 a 50 x 109/L foram observada em 4 e um caso respectivamente. A

contagem de plaquetas na faixa de 100 a 150 x 109/L foi detectada em todos do

pacientes. Todos os pacientes apresentaram dosagem de hemoglobina entre 10.0 a

12.0 g/dL.

Nos pacientes com LCTP leucemizado apresentaram leucometria inferiores a

10 x 109/L e superior a 10 a 50 x 109/L em 5 e 17 casos respectivamente. A contagem

de linfócitos menor que 10 x 109/L e variando entre 10.000 à 50.000 x 109 /L foi

constatada em 17 e 5 casos respectivamente. A contagem de plaquetas nas faixas de

abaixo de 100 x 109 /L e acima de 100 to 150 x 109/L foram observadas em 9 e 13

casos respectivamente. Níveis de hemoglobina abaixo de 10.0 g/dL, variando entre

10.0 a 12.0 g/dL e acima de 12.0 g/dL foram detectados em 05, 04 e 13 casos

respectivamente.

6.4. Citomorfologia

Alterações citomorfológicas características de cada entidade observadas nas

análises de distensões sanguíneas de SP e/ ou MO coradas pelo MGG também foram

devidamente registradas.

A maioria das DLPC-B diagnosticadas foram categorizadas como LLC-B. Nas

análises citomorfológicas de distensão de SP dessa leucemia, observou-se

predomínio de linfócitos pequenos, com núcleo redondo, cromatina densa e

citoplasma escasso. A presença de restos celulares (manchas de Gumprecht) na

distensão de SP também foi um achado comum desta leucemia Figura 4.

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Na LPL-B, observou-se contagem de pro-linfócitos 55%, caracterizadas como

células de tamanho médio, com diâmetro duas vezes maior que o pequeno linfócito

tipicamente observado na LLC-B. Nestas células, a cromatina nuclear apresenta-se

moderadamente condensada, com contorno nuclear uniforme e presença de um

nucléolo proeminente na região central. O citoplasma apresentou-se relativamente

escasso e levemente basofílico sem grânulos.

Na LCV e LCVv observou-se presença de linfócitos de tamanho intermédio ou

grande, com quantidades moderada de citoplasma pálido azul-acinzentado, com

bordas irregulares serreadas e com projeções citoplasmáticas delgadas em formato

de cabelo. O núcleo mostrou-se redondo, oval, em forma de ferradura ou ligeiramente

dobrado e, com frequência, tem localização excêntrica na maioria dos casos. A

cromatina mostrou distribuição uniforme, moderadamente grosseira ou pontilhada,

com presença de um ou mais nucléolos pequenos.

Os linfócitos do paciente com LF leucemizados, mostraram-se heterogêneos

de pequeno para médio tamanho, com núcleo de contorno irregular na maioria dos

casos.

Os linfócitos dos pacientes com LECV caracterizaram-se por apresentarem

projeções citoplasmáticas curtas em um polo da célula.

Os linfócitos observados nos pacientes com LCM caracterizam-se por

apresentarem um padrão heterogêneo de pequeno e médio, com núcleo de contornos

irregulares, cromatina frouxa e nucléolos pouco visíveis.

No paciente com MW, a distensão sanguínea apresentaram células atípicas

com morfologia linfo-plasmocitária.

No MM, a medula óssea, apresentou contagem de células plasmáticas

anormais 10%. Nos pacientes com a variante leucêmica desta entidade (MM/LCP)

observou-se presença destas células no SP.

No exame citológico do LB observaram-se presença de células atípicas, de

grande tamanho, citoplasma basofílico, vacuolado, núcleo redondo, cromatina frouxa

com nucléolos proeminentes, sendo também observada grande quantidade de

mitoses.

Na maioria dos pacientes com LNH-B leucemizado, observou-se linfócitos

atípicos com acentuado polimorfismo de forma e tamanho, com presença de células

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93

de pequeno e médio tamanho, com núcleo de contornos irregulares, cromatina frouxa

e nucléolos pouco visíveis.

Alterações citomorfológicas de pacientes com DLPC-T/NK também foram

constatadas e devidamente registradas. Na LGLG apresentam-se no sangue

periférico de tamanho medio a grande com citoplasma abundante, levemente

basofílicos, contendo grânulos azurófilos, com núcleo periférico na maioria das vezes.

Nestes casos, o diagnostico diferencial entre LGLG-T e NK ocorreu após a

imunofenotipagem por CF. Figura 5.

Na LPL-T observaram-se células atípicas de tamanho médio e citoplasma

basofílico com "blebs" ou projeções ocasionais. O nucléolo é redondo ou oval algumas

com núcleo cerebriformes.

Na LCTA Os linfócitos apresentaram acentuado polimorfismo com núcleo

polilobulado característico com aspecto de trevo ou flor ("flower cell").

No sangue periférico dos pacientes com SS, observaram-se presença de

linfócitos atípicos de pequeno a médio tamanho, com núcleo irregular, algumas de

aspecto cerebriformes e nos pacientes com LCTP observou-se linfócitos com

apresentaram acentuado polimorfismo de forma e tamanho.

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94

Table 5 - Subgrupos das Doenças Linfoproliferativas Crônicas neste estudo

Doenças Linfoproliferativas Crônicas Nº (%)

Total das Doenças Linfoproliferativas Crônicas de Células B 433 (86.6)

Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)

Leucemia Prolinfocítica (LPL-B)

Leucemia de Célula Vilosa (LCV)

Leucemia de Célula Vilosa Variante (LCVv)

279 (55.8)

17 (03.4)

06 (01.2)

05 (01.0)

Linfoma Folicular (LF)

Linfoma de Célula do Manto (LCM)

Linfoma Esplênico com Linfócitos Vilosos (LELV)

Macroglobulinemia Waldstrom (MW)

03 (00.6)

12 (02.4)

03 (0.60)

01 (0.20)

Mieloma Múltiplo (MM)

Leucemia de Célula PLasmática (LCP)

47 (09.4)

12 (02.4)

Linfoma de Burkitt (LB)

Linfomas Não-Hodgkin em Fase Leucêmica (LNH-B) (*)

09 (01.8)

39 (07.8)

Total das Doenças Linfoproliferativas Crônicas de Células T e NK 67 (13.4)

Leucemia de Grande Linfócitos Granulares T (LGLG-T)

Leucemia de Grandes Linfócitos NK (LGL-NK)

Leucemia Prolinfocítica (LPL-T)

Leucemia/Linfoma da Célula T do Adulto (LLTA)

Síndrome de Sezary (SS)

Linfoma de Célula T Periférica (LCTP)

10 (02.0)

01 (0.20)

14 (02.8)

10 (02.0)

08 (01.6)

24 (04.8)

Total das Doenças Linfoproliferativas Crônicas 500 (100)

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95

Tabela 6 - DLPC-B e a incidência do fenótipo detectado nas amostras e sua distribuição em subgrupos de acordo com o diagnóstico

Anticorpos

monoclonais

LLC N= 279

LPL-B N= 17

LCM n= 12

LF n= 03

LCV n= 06

LCVv n= 05

LELV n= 03

MW n= 01

MM n= 47

LCP n= 12

LB n= 09

LLNH-B n= 39

N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%)

CD10 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 03 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 0 ( - ) 0 ( - )

CD11c 00 ( - ) 0 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 06 (100) 05 (100) 00 ( - ) 0 ( - ) Nr Nr nr nr

CD19 279 (100) 17 (100) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 07 (14.9) 00 ( - ) 09 (100) 31 (79.5)

CD20* 125 (44.8) 15 (88.2) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 02 (04.3) 00 ( - ) 09 (100) 27 (69.2) CD22* 256 (91.8) 15 (88.2) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 02 (66.7) 01 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 09 (100) 27 (69.2)

CD23 261 (93.6) 03 (17.7) 06 (50.0) 03 (100) 01 (16.7) 01 (20.0) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 09 (23.1)

CD25 81 (29.0) 03 (17.7) 04 (33.3) 00 ( - ) 06 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 10 (25.6)

CD38 60 (21.5) 03 (17.7) 09 (75) 00 ( - ) 06 (100) 05 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 47 (100) 12 (100) 09 (100) 17 (43.6)

CD21 68 (24.4) 17 (100) 10 (83.3) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 39 (100) CD79b* 30 (10.8) 17 (100) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) nr 35 (89.7)

CD103 00 ( - ) 0 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 06 (100) 03 (60) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - )

CD123 00 ( - ) 0 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 06 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 0 ( - ) Nr Nr nr nr CD138 00 ( - ) 0 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 47(100) 12 (100) 00 ( - ) 00 ( - )

CD200** 260 (93.2) 04 (23.5) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 01 (33.3) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) nr 00 ( - ) FMC7 12 (04.3) 13 (76.5) 12 (100) 06 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 0 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 39 (100)

HLADR 270 (96.8) 17 (100) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 0 ( - ) 00 ( - ) 09 (100) 37 (94.9)

nuCiclina D1 00 ( - ) 00 ( - ) 12 (100) 00 ( - ) Nr nr np 00 ( - ) Nr Nr nr 00 ( - )

CD19+/CD5+ 253 (90.7) 12 (70.6) 08 (66.7) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 01 (2.1) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - )

CD19+/Zap-70+ 26 (09.3) 16 (94.1) nr nr Nr nr nr Nr Nr Nr nr nr CD16/56+ 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 47(100) 12 (100) 00 ( - ) 00 ( - )

sIgM+/sIgD+* 151 (54.1) 05 (29.4) 08 (66.7) 03 (100) 04 (66.7) 04 (80.0) 01 (33.3) 00 ( - ) Nr Nr 00 ( - ) 12 (30.8)

sIgM+/sIgD-* 62 (22.2) 03 (17.7) 00 ( - ) 00 ( - ) 02 (33.3) 01 (20.0) 00 ( - ) 01 (100) Nr Nr 09 (100) 08 (20.5)

sIgM-/sIgD+* 20 (07.2) 02 (11.8) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) Nr Nr 00 ( - ) 04 (10.3)

sIgM-/sIgD-* 46 (16.5) 07 (41.2) 01 (08.3) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) Nr Nr 00 ( - ) 15 (38.5) sIgG* 10 (03.6) 01 (05.9) 06 (50.0) 01 (33.3) 00 ( - ) 00 ( - ) 02 (66.7) 00 ( - ) Nr Nr 00 ( - ) 15 (38.5)

CD19/sIg+* 193 (69.2) 15 (88.2) 07 (58.3) 01 (33.3) 03 (50.0) 05 (100) 02 (66.7) 01 (100) Nr Nr 08 (88.9) 26 (66.7) CD19/sIg+* 70 (25.1) 02 (11.8) 05 (41.7) 02 (66.7) 03 (50.0) 00 ( - ) 01 (33.3) 00 ( - ) Nr Nr 01 (11.1) 06 (15.4)

CD19/sIg-/- 16 (05.7) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) Nr Nr 00 ( - ) 07 (18)

citIgH Nr Nr nr nr Nr nr nr 01 (100) 47(100) 12 (100) 09 (100) nr

CD45FORTE 279 (100) 17 (100) 12 (100) 03 (100) 06 (100) 05 (100) 03 (100) 01 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 09 (100) 39 (100)

Nota:(LLC)Leucemia Linfoc. Crônica; (LPL)Leuc. Prolinfocítica; (LCV) Leuc. de Cél. Vilosas; (LF)Linf. Folicular; (LCM)Linf. de Cél.do Manto; (LELV)Linf.Esplênico com Linfócitos Vilosos; (LB) Linf.

de Burkitt; (MW) Macroglobulinemia de Waldenstrom; (MM) Mieloma Múltiple; (LCP) Leuc. de Cél. Plasmáticas; (LLNH-B) Linf. Não-Hodgkin de Célula B nem fase leucêmica; (citIgH) Cadeia Pesada da

Ig Cit. (HLA-DR) MHC classe II; (sIg) Cadeia Leve da Igde Superfície kappa; (sIg) Cadeia Leve da Ig de Superfície lambda; (ZAP-70) ProteínaZeta-associada; (np) não realizada; (IgM) Imunoglobulina

IgM; (IgD) Imunoglobulina IgD; (IgG) Imunoglobulina IgG; (nu) Expressão Nuclear; (cit) Expressão Citoplasmática; (s) Expressão de Superfície; (*) Expressão Fraca na LLC; (**) Expressão Forte na LLC.

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96

Table 7. Distribuição em subgrupos das DLPC-T e NKe a incidência do fenótipo

aberrante de acordo com o diagnóstico.

Anticorpos monoclonais

LGLG-T

N=10

LGLG-NK

N=01

LPL-T

n=14

LLTA

n=010

MF/SS

n=08

LPCT

n=24

N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%) N+ (%)

CD1a

CD2

00 ( - )

20 (86.9)

00 ( - )

01 (100)

00 ( - )

13 (92.9)

00 ( - )

04 (40)

00 ( - )

06 (75.0)

00 ( - )

20 (83.3)

CD3 10 (100) 00 ( - ) 14 (100) 10 (100) 08 (100) 23 (95.8)

CD7 10 (100) 00 ( - ) 14 (100) 02 (20.0) 00 ( - ) 23 (95.8)

CD25 02 (20.0) 00 ( - ) 06 (42.9) 10 (100) 00 ( - ) 08 (33.3)

CD3+/CD38+ 07 (70.0) 00 ( - ) 11 (78.6) 10 (100) 00 ( - ) 14 (58.3)

CD3+/HLA-DR+ 04 (40.0) 00 ( - ) 04 (28.6) 10 (100) 04 (50.0) 13 (54.2)

TCR α/β 10 (100) 00 ( - ) 09 (64.3) 10 (100) 08 (100) 22 (91.7)

TCR γ/δ 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 01 (04.2)

Granzima Bcit 10 (100) 01 (100) 01 (07.1) 00 ( - ) 00 ( - ) 09 (37.5)

Perforinacit 10 (100) 01 (100) 01 (07.1) 00 ( - ) 00 ( - ) 09 (37.5)

TCL-1cit 07 (70.0) 00 ( - ) 10 (71.4) 10 (100) 08 (100) 24 (100)

CD3+/CD4+ 00 ( - ) 00 ( - ) 07 (50.0) 10 (100) 08 (100) 16 (66.7)

CD5+/CD19- 09 (90.0) 00 ( - ) 14 (100) 10 (100) 07 (87.5) 23 (95.8)

CD3+/CD8+ 10 (100) 00 ( - )* 06 (42.9) 00 ( - ) 00 ( - ) 15 (62.5)

CD3+/CD4+/CD8+ 01 (10.0) 00 ( - )* 05 (35.7) 00 ( - ) 00 ( - ) 05 (20.8)

CD4-/CD8- 00 ( - ) 00 ( - )* 02 (14.3) 00 ( - ) 00 ( - ) 01 (04.2)

CD16-56 00 ( - ) 01 (100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - )

CD3+/CD16-56+ 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 01 (04.2)

CD45FORTE 10 (100) 00 ( - ) 14 (100) 10 (100) 08 (100) 24 (100)

CD45FRACO 00 ( - ) 01(100) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - )

TdTnu 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - ) 00 ( - )

Nota:(LGLG-T) Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares de Células T; (LGLG-NK) Leucemia de Grandes Linfócitos

Granulares de Células NK; (LLTA) Linfoma/Leucemia de Células T do Adulto; (LPL-T) Leucemia Prolinfocítica de Células

T; (SS) Síndrome de Sézary; (LPCT) Linfoma Periférico de Células T; (FORTE) Expressão Forte; (FRACA) Expressão Fraca;

(nu) Expressão Nuclear; (cit) Expressão Citoplasmática; (S) Expressão da Superfície; (TCL-1) Leucemia de células

T/Proteína 1A; (HLA-DR) MHC classe II.

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97

Table 8- Dados demográficos e laboratoriais de acordo com os subrupos das DLPC-B

DADOS LLC

N= 279 LPL-B N= 17

LCV N= 06

LCVv N= 05

LF N= 03

LCM N= 12

LELV N= 03

MW N= 01

MM N= 47

LCP N= 12

LB N= 09

NLNH N= 39

Idade Min – Max (Média)

48 - 94 (64) 51 - 100 (67) 50 - 78 (67) 70 - 78 (73) 59 - 79 50 - 89

(67) 64 71 44 - 100 (67) 60 - 100 (67) 05 - 57 (27) 36 - 87 (60)

Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%)

Masculino Feminino

155 (55.6) 124 (44.4)

11 (64.7) 06 (35.3)

003 (50.0) 003 (50.0)

002 (40.0) 003 (60.0)

02 (66.7) 01 (33.3)

09 (75.0) 03 (25.0)

02 (66.7) 01 (33.3)

( - ) 01 (100)

17 (36.2) 30 (63.8)

02 (16.7) 10 (83.3)

09 (100) ( - )

23(59.0) 16 (41.0)

WBC (x 109/L) ≤ 10

>10 - 50 > 50

011 (03.9) 190 (68.1) 078 (28)

( - )

007 (41.2) 010 (58.8)

006 (100)

( - ) ( - )

( - )

004 (80.0) 001 (20.0)

( - )

001 (33.3) 002 (66.7)

( - )

001 (08.3) 011 (91.7)

( - )

003 (100) ( - )

( - ) ( - )

01 (100)

047 (100)

( - ) ( - )

007 (58.3) 002 (16.7) 003 (25.0)

( - )

006 (66.7) 003 (33.3)

013 (33.3) 026 (66.7)

( - )

Linf (x 109/L) ≤ 10

>10- 50 > 50

038 (13.6) 186 (66.7) 055 (19.7)

( - )

008 (47.1) 009 (52.9)

006 (100)

( - ) ( - )

( - )

004 (80.0) 001 (20.0)

( - )

003 (100) ( - )

( - )

007 (58.3) 005 (41.7)

( - )

003 (100) ( - )

( - ) ( - )

01 (100)

047 (100)

( - ) ( - )

012 (100)

( - ) ( - )

( - )

006 (66.7) 003 (33.3)

019 (48.7) 020 (51.3)

( - )

Plaq(×109/L) ≤100

>100 - 150 >150

017 (06,1) 088 (31,5) 174 (62,4)

004 (23.5) 013 (76.5)

( - )

006 (100)

( - ) ( - )

005 (100)

( - ) ( - )

( - ) ( - )

003 (100)

003 (25.0) 001 (83.3) 008 (66.7)

003 (100)

( - ) ( - )

( - ) ( - )

01 (100)

001 (02.2) 039 (83.0) 007 (14.8)

004 (33.3) 003 (25.0) 005 (41.7)

009 (100)

( - ) ( - )

008 (20.5) 011 (28.2) 020 (51.3)

Hb (g/dL) ≤10.0

>10.0 – 12.0 >12.0

044 (15,8)

146 (52.3) 089 (31.9)

004 (23.5)

010 (58.8) 003 (17.7)

005 (85.3)

001 (16.7) ( - )

001 (20.0)

004 (80.0) ( - )

001 (33.3)

002 (66.7) ( - )

006 (50.0)

004 (33.3) 002 (16.7)

001 (33.3)

002 (66.7) ( - )

( - )

01 (100) ( - )

017 (36.2)

030 (63.8) ( - )

012 (100)

( - ) ( - )

009 (100)

( - ) ( - )

008 (20.5)

019 (48.7) 012 (30.8)

Nota: (LLC) Leucemia Linfocítica Crônica; (LPL) Leucemia Prolinfocítica; (LCV) Leucemia de Células Vilosas; (LF) Linfoma Folicular; (LCM) Linfoma de Células do

Manto; (LELV) Linfoma Esplênico com Linfócitos Vilosos; (LB) Linfoma de Burkitt; (MW) Macroglobulinemia de Waldenstrom; (MM) Mieloma Múltiplo; (LCP)

Leucemia de Células Plasmáticas; (LLNH-B) Linfoma não Hodgkin de Células B não especificado em fase leucêmica; (WBC) glóbulo branco; (Linf) Contagem de

linfócitos periféricos; (Plaq) Contagem de plaquetas; (Hb) Dosagem de hemoglobina.

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98

Tabela 9 - Dados demográficos e laboratoriais de acordo com os subrupos das DLPC-T

DADOS LGLG-T

N=10

LGLG-NK

N=01

LPL-T

N=14

LLTA

N=10

MF/SS

N=08

LPCT

N=24

Idade

Min -

Max(Med)

30 - 77 (63)

45

35 - 73 (58)

31 - 76 (35)

60 - 71 (68)

30 - 89 (55)

Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%) Nº (%)

Masculino

Feminino

005 (50.0)

005 (50.0)

( - )

001 (100)

008 (57.1)

006 (42.9)

004 (40.0)

006 (60.0)

003 (37.5)

005 (62.5)

011 (45.8)

013 (54.2)

WBC (x 109/L)

≤ 10

>10 - 50

> 50

( - )

008 (80.0)

002 (20.0)

( - )

001 (100)

( - )

( - )

010 (71.4)

004 (28.6)

( - )

08 (80.0)

02 (20.0)

006 (75.0)

002 (25.0)

( - )

018 (75.0)

006 (25.0)

( - )

Linf (x 109/L)

≤ 10

>10- 50

> 50

003 (30.0)

006 (60.0)

001 (10.0)

( - )

001 (100)

( - )

( - )

012 (85.7)

002 (14.3)

00 ( - )

008 (80.0)

002 (20.0)

004 (50.0)

004 (50.0)

( - )

018 (75.0)

006 (25.0)

( - )

Plaq (×109/L)

≤ 100

>100 - 150

>150

004 (40.0)

004 (40.0)

002 (20.0)

( - )

001 (100)

( - )

004 (28.6)

010 (71.4)

( - )

001 (10.0)

002 (20.0)

007 (70.0)

( - )

008 (100)

( - )

011 (45.8)

013 (54.2)

( - )

Hb (g/dL)

≤10.0

>10.0 – 12.0

>12

003 (30.0)

007 (70.0)

( - )

001 (100)

( - )

( - )

004 (28.6)

005 (35.7)

005 (35.7)

002 (20.0)

006 (60.0)

002 (20.0)

( - )

008 (100)

( - )

006 (25.0)

007 (29.2)

011 (45.8)

Nota: (LGLG-T) Leuc. de Grandes Linfóc. Gran. de células T; (LGLG-NK) Leuc. de Grandes Linfócitos Gran. NK; (LLTA) Leuc. de Cél. T do Adulto; (LPL-T) Leuc. Prolinf. T; (SS) Sínd. de Sézary; (LPCT) Linf. Perif. T; (WBC) glóbulo branco; (Lin) Contagem de linfócitos periféricos; (Plaq) Contagem de plaquetas; (Hb) Dosagem de hemoglobina.

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99

Figura 4 - Citomorfologia de células sanguíneas de algumas Doenças Linfoproliferativas Crônicas de células B. Nota: A) Leucemia linfocítica crônica (LLC); B) Leucemia Prolinfocítica de Célula B (LPL-B); C) Leucemia de Células Vilosas (LCV); D) Linfoma Splênico com Linfócitos Vilosos (LELV).

A) LLC

B) LPL-B

A) LCV

D) LELV

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100

Figure 5- Citomorfologia de células sanguíneas de algumas Doenças Linfoproliferativas Crônicas de células T. Nota:A) Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares de células T (LGLGL); B) Leucemia Prolinfocítica de células T (T-PLL); C) Linfoma/Leucemia de células T do Adulto (LLTA); D) Síndrome de Sézary (SS).

A) LGLG-T

B) LPL-T

C) LLTA

D) SS

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101

Figura 6. Dot Plot representativo dos fenótipos das Doenças Linfoproliferativas Crônicas B. Painel A mostra Leucemia Linfocítica Crônica: CD19+/CD5+, CD19+/CD200+, CD23+/FMC7- e CD19+/CD79b-. Painel B mostra Linfoma de Célula do Manto: CD19+/CD5+, CD19+/CD200-, CD22+/CD20+ e Ciclina D1+. Painel C mostra Linfoma Folicular: CD19+/CD5-, CD20+/CD10+, CD19+/FMC7+, CD19+/CD79b+. Painel D mostra Leucemia de Células Vilosas: CD22+/CD103+, CD19+/CDFMC7+, CD19+/200- e CD19+/CD79b+.

A) Leucemia Linfocítica Crônica

B) Linfoma doManto

C) Linfoma Folicular

D) LCV

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102

Figura 7. Dot Plot representativo do fenótipo das Doenças Linfoproliferativas Crônicas T. Painel A mostra Leucemia/Linfoma de Grandes Linfócitos Granulares T: expressão de antígenos Pan-

T (CD3+/CD2+/CD7+),CD3+/CD8+ ae Granzima-B+. Painel B mostra Leucemia/Linfoma de Célula T

do Adulto: CD3+/CD19-, CD3+/CD4+, CD2+/CD7+ e CD3+/CD8-. Painel C mostra Leucemia

Prolinfocítica T: CD2+/CD7+, CD3+/CD4+, célula T duplo positiva ou CD4+/CD8+ e CD3+/CD8+.

Painel D mostra Síndrome de Sézary: CD5+/CD19-, CD4+/CD8-, CD2+/CD7- e Receptor de Célula T

A) Leucemia/Linfoma de Grande Linfócitos Granulares T

D) Síndrome de Sézary

B) Leucemia de Célula T do Adulto

C) Leucemia Prolinfocítica T

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131

Figura 8 – Doenças Linfoproliferativas crônicas – Neoplasias B e Neoplasias T

Figura 9 – Distribuições de neoplasias

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132

Figura 10 – Doenças linfoproliferativas crônicas B - LLC

Figura 11 – Doencas linfoproliferativas crônicas B – LPL-B

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133

Figura 12 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LCM

Figura 13 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LF

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134

Figura 14 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LNH – Fase leucêmica

Figura 15 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LCV

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135

Figura 16 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LCVv

Figura 17 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LELV

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136

Figura 18 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – MW

Figura 19 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – MM

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137

Figura 20 - Doencas linfoproliferativas crônicas B – LCP

Figura 21 - Doencas linfoproliferativas crônicas B - LB

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138

Figura 22 - Doencas linfoproliferativas crônicas T – LPL-T

Figura 23 - Doencas linfoproliferativas crônicas T – LGLG-T

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139

Figura 24 - Doencas linfoproliferativas crônicas T – LGLG-NK

Figura 25 - Doencas linfoproliferativas crônicas T-LCTA

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140

Figura 26 - Doencas linfoproliferativas crônicas T – SS

Figura 27 - Doencas linfoproliferativas crônicas T - LCTP

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141

7 . DISCUSSÃO

O diagnóstico e a classificação das DLPC são fundamentais para a

estratificação dos pacientes, avaliação de risco e planejamento do tratamento. Um

diagnóstico preciso dessas doenças apresenta inúmeros desafios que só pode ser

alcançado por uma abordagem diagnóstica combinatória envolvendo o exame

citomorfológico.

A analise citogenética é de difícil realização nesses casos devido a

dificuldades de padronização metodologica de cultivo e indução de ploriferação das

células tumorias, enquanto a morfologia isoladamente pode fornecer uma triagem

diagnóstica, mas não pode definir com precisão o tipo de DLPC . O desempenho da

imunofenotipagem por CF foi crucial no diagnóstico e classificação dessas doenças.

Adicionalmente, a expressão de determinados marcadores celulares tem papel

relevante na avaliação prognóstica e monitoramento desenvolvimento da doença após

a terapia (28,34).

Cerca de 80% e 85% das DLPC são originários de células B, sendo as

procedentes de células T ou NK mais raramente observadas. No presente estudo,

86,6%, 13,2% e 0,20% dos casos foram classificados como de origem de células B, T

e NK, respectivamente, corroborando os relatos da literatura (Tabela 5) Figura

8(8,198).

Nas DLPC-B, a imunofenotipagem da FC deve inicialmente estabelecer a

natureza neoplásica pela determinação da restrição clonal, revelando o predomíneo

de expressão de um tipo de cadeias leve das imunoglobulina associada à expressão

de marcadores pan- B diferenciando de uma linfocitose reacional (benigna) cuja

relação kappa/lambda oscila emtorno de de 2:1 a 3: 1. Nas DLPC-B, observa-se

predomíneo de clones com de um tipo de cadeia leve de imunoglobulina ( ou ) em

uma relação em geral acima de 1/10. No entanto, a restrição apenas de cadeias leves

não deve ser considerada neoplásica, e o resultado deve sempre ser interpretado em

conjunto com dados clínicos e hematológicos, bem como com outros achados de

imunofenotipagem Figura 6 (34).

No presente estudo, diferentes combinações de AcMo tais com como

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142

CD3/CD19/CD45; CD5/CD23/CD19; CD200/CD79b/CD19; FMC7/CD23/CD19,

CD103/CD22/CD20 e CD19/sIg/sIg, possibilitaram a identificação de fenótipos

aberrantes de células B neoplásicas em quase todos os casos (Tabela 4) Figura 9.

A leucemia linfocítica crônica de células B (LLC-B) é a mais comum de todas

as DCP, ocorrendo com maior incidência em indivíduos do sexo masculino. A média

de idade dos pacientes ao diagnóstico é de 65 anos sendo é rara em pessoas com

idade inferior aos 50 anos. O diagnóstico laboratorial da LLC é estabelecido pela

presença de linfocitose absoluta persistente (superior a 5.000/mL), com tendência a

aumentar com a progressão da doença. Os linfócitos leucêmicos são

morfologicamente homogenos de pequeno tamanho e de aspecto maduro,presença

de fragmentos de núcleo são comumente observadas nestas doenças (manchas de

Gumprecht). Aproximadamente 20% dos pacientes apresentam anemia ou

trombocitopenia em dados da literatura , os quais observamos no estudo presente.

Figura 10(50,65).

No presente estudo, a LLC-B representou 55,8% de todos os pacientes

investigados (n=500), com predomínio do sexo masculino e idade média de 64 anos

(Tabela 4). Em relação aos parâmetros hematológicos, encontramos uma contagem

de linfócitos acima de 5.000/L em todos os casos, com a maior incidência variando

de 10.0 a 50.0/L, compatível com os resultados observados em outros centros. A

incidência de anemia (Hb inferior a10,0 g/dL) e trombocitopenia (menor que100,0/L)

foi de 15,8% e 6,1%, respectivamente, menor que a descrita na literatura (Tabela 7).

Isso provavelmente ocorreu devido à alta incidência de pacientes com LLC-B,

assintomáticos, diagnosticados precocemente pela presença de linfocitose por exame

hematológico de rotina(50).

O diagnóstico laboratorial da LLC-B geralmente é evidenciado quando a

população de celulas leucêmicas apresenta as seguintes características de

imunofenotipagem: Linfócitos maduros com alta expressão antigênica para o CD5 e

CD23, fraca expresssão ou ausência de CD22 e de imunoglobulina monoclonal de

superfície (sgIs) geralmente IgM e/ou IgD, associado à falta de expressão de FMC7,

CD10, CD103 ou CD79b. A expressão forte de CD200, que geralmente é positiva, é

importante no diagnóstico diferencial de outras DLPC-B/CD5+, particularmente no

linfoma de células do manto leucemizado (LCM), onde este marcador é negativo ou

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143

fracamente expresso (199).

Em 1994, Matutes propôs um sistema de pontuação baseado na avaliação

de 5 parâmetros de imunofenotipagem para o diagnostico diferencial a LLC-B: CD5,

CD23, FMC7, intensidade de marcação dos linfócitos em cadeias leves de

imunoglobulina além da expressão do CD22 e CD79b. A pontuação acima de 3

caracteriza a LLC-B típica, até 3 LLC-B atípica e entre zero e 2 excluiria o diagnóstico

dessa leucemia (24). Os problemas surgem quando se lida com imunofenótipos não

característicos, envolvendo escores de 3. Casos atípicos especiais seriam os que não

apresentavam sIg, CD5 e CD23 ou expressão forte e/ou moderada de CD20, CD22 e

CD79b (200).

Do ponto de vista prático, a imunofenotipagem também deve ser capaz de

distinguir a LLC-B de outras DLPC-B, especialmente aquelas com diferentes fatores

prognósticos ou modalidades terapêuticas, tais como LPL-B, LCM, LF, LCV, LELV,

MW, MM, LB e LNH-B não especificado (201).

No presente estudo nosso painel de MoAbs foi capaz de diagnosticar LLC-B

típica com CD23, CD200, e CD19+/CD5+ fortemente expressos associados com a

expressão negativa de FMC7 na maioria dos casos diagnosticados, sendo tambem a

caracteização de casos de LLC-B atípicas com a expressão do FMC7 e CD79b em

4,3% e 10,7% dos casos respectivamente, negatividade ao CD5, CD23, IgM/IgD e

cadeias leves em 10%, 6,5%, 16,5% e 5,7% de casos, respectivamente. Finalmente,

outros marcadores celulares, como CD21 e HLA-Dr, foram detectados em 24,3% e

96% dos casos, respectivamente (Tabela 5).

O comportamento clínico dos pacientes com LLC-B é heterogêneo. Enquanto

alguns pacientes têm doença indolente e não apresentam complicações relacionadas

à doença há muitos anos, outros desenvolvem doença progressiva e ou sintomática

requerendo terapia após o diagnóstico. A definição de marcadores celulares que

possam estratificar os pacientes de forma confiável em grupos com baixo risco ou alto

risco pode facilitar estudos clínicos que avaliem o benefício potencial do tratamento

precoce. Vários desses marcadores celulares podem ser determinados pela CF, que

pode ser incorporada ao painel de AcMo para o diagnóstico de LLC-B, com destaque

para o CD38, ZAP-70 e p53 (45).

A expressão de genes da região variável da cadeia pesada de imunoglobulina

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144

(IgVH) prediz comportamento clínico mais agressivo, estando associada assim como

a expressão do CD38 a da proteína ZAP-70 sendo esses marcadores incluídos em

nosso painel de MoAbs (Tabela 3).

O CD38 é uma glicoproteína transmembranar do tipo II de 46 kDa expressa

na superficie de células hematopoiéticas e não hematopoiéticas, stando associada a

proliferação e ativação celular. Na LLC, a expressão elevada de CD38 também está

relacionada a vários outros fatores prognósticos adversos tais como estágio avançado

da doença, maior incidência de linfadenopatia, alto risco, menor tempo de duplicação

de linfócitos (TLD) e pior resposta à terapia (202).

O ZAP-70 é um membro da família da proteína tirosina quinase Syk-ZAP-70.

É expresso por células T normais e células natural killer e desempenha um papel

crítico no desenvolvimento e diferenciação destes tipos de células, não sendo

expresso em linfócitos B normais podendo ser detectada em células leucêmicas da

LLC-B. Foi sugerido que a expressão de ZAP-70 não só poderia apenas prever o

status mutacional IgVH, mas também servir como um fator prognóstico para esta

leucemia (203).

Alterações envolvendo o braço curto do cromossomo 17 (17p13.1) durante a

progressão da LLC-B tem sido relatadas (17, 19).

Nessa região cromossômica esta alocado o gene supressor de tumoral

TP53, um fator importante na evolução dessa leucemia (28).

O seu produto de transcrição é uma proteína de 53 Kd de 393 aminoácidos

(proteina p53 ou p53) que atua como um fator de transcrição multifuncional estando

envolvida na parada, diferenciação, reparo do DNA e estabilidade genômica do ciclo

celular(72)

Mutações gene TP53 desempenham um papel importante no início e / ou

progressão da doença numa variedade de cânceres humanos, incluindo malignidades

linfoides tais como LLC-B, estando tambem associados à progressão da doença e

resistência ao tratamento(72).

Mutações do gene TP53 levam ao acúmulo de proteina p53 anormal (não

funcional) no núcleo das células neoplásicas a qual pode ser detectada por métodos

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145

imunológicos em contraste com a p53 normal do tipo selvagem, que não pode ser

detectada por tais métodos devido à sua curta vida útil. Existem vários AcMo que

podem ser usados para estimar a expressão anormal do p53, que pode o western

blotting, imuno-histoquímica ou CF. O método da FC é uma técnica simples que pode

ser usada rotineiramente e incorporada nos ensaios clínicos da LLC , mas este

marcador não foi utilizado no presente estudo (199).

A leucemia prolinfocítica de células B (LPL-B) é uma DLPC-B rara que é

definida pela proliferação no sangue periferico de células atipicas com características

morfológicas de prolinfócitos de natureza clonal, que afetam exclusivamente

indivíduos adultos, geralmente acima dos 60 anos de idade com predomínio em

homens. A LPL-B é a leucemia que apresenta o pior prognóstico entre as DLPC-B

com uma sobrevivencia média de um ano após o diagnostico. A contagem de

leucócitos geralmente excede 100.000/L, sendo a análise de distensão de SP e / ou

MO é o principal exame para o diagnóstico diferencial com um percentual de

prolinfócitos suprior a 55%, geralmente acima de 70%. Os prolinfócitos circulantes têm

um fenótipo de célula B clonal madura, incluindo forte expressão de CD19, CD20,

CD22, CD79b e FMC7 associada a forte expressão de imunoglobulina de superfície,

enquanto a expressão de CD5 ou CD23 pode mostra-se presente em pequenos

numero de casos. As cadeias pesadas de Ig predominantes expressas são IgM e / ou

IgD, mas uma minoria dos casos é IgG ou IgA . Tanto o CD38 como o ZAP-70 são

comumente expressos. Figura 11 (204).

Os prolinfócitos circulantes têm um fenótipo de célula B clonal madura,

incluindo forte expressão de CD19, CD20, CD22, CD79b e FMC7 associada a forte

expressão de imunoglobulina de superfície, enquanto a expressão de CD5 ou CD23

pode mostra-se presente em pequenos número de casos. As cadeias pesadas de Ig

predominantes expressas são IgM e / ou IgD, mas uma minoria dos casos é IgG ou

IgA (11, 30). Tanto o CD38 como o ZAP-70 é comumente expresso (92).

No presente estudo, foi constatada contagem elevada de leucócitos com

predomínio de prolinfócitos em esfregaços de SP, trombocitopenia e anemia, na

maioria dos casos, condizentes com os resultados descritos na literatura assim como

o imunofenotipo (Tabela 8).

O linfoma de células do manto (LCM) é uma neoplasia agressiva de células

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146

B, responsável por 2-10% dos linfomas não Hodgkin. A média de idade é de 60 anos,

com predomínio no sexo masculino. Uma pista diagnóstica no diagnóstico do LCM é

o pleomorfismo celular obsevado no SP, que pode variar de pequenas formas para

células médias com contornos nucleares irregulares (128).

A imunofenotipagem por CF mostra expressão moderada ou forte de CD20,

CD22, CD79b, FMC7 e com predominância de cadeia leve lambda, associada à

expressão aberrante do CD5. A ausência do CD23 e CD200 pode distinguir LCM da

LLC-B na maioria dos casos. Adicionalmente, as células leucêmicas podem

apresentar expressão ocasional de CD38 e CD25. A superexpressão da ciclina D1 é

um marcador sensível e mais específico para o LCM. Este antígeno nuclear pode ser

detectado pela CF após a permeabilização celular, estando presente em todos os

casos. Nesses casos, é importante confirmar a expressão da ciclina D1 por imuno-

histoquímica para confirmar o diagnóstico, o que foi feito no presente estudo em todos

os casos positivos detectados pela CF. Figura 12 (128,205).

O linfoma folicular (LF) é o segundo tipo mais comum de linfoma não-Hodgkin

na América do Norte e na Europa Ocidental e é uma neoplasia de células B do linfoma

do centro do folículo. O envolvimento da MO ocorre em 60% a 70% dos casos. Figura

13 (10, 14).

Anormalidades laboratoriais podem incluir anemia, elevados níveis séricos

de desidrogenase láctica (LDH) e citopenias acentuadas, causadas por envolvimentos

esplênico e / ou infiltração tumoral da MO, e, muito raramente, células leucêmicas

circulantes (fase leucêmica). Isso explica o pequeno número de pacientes

diagnosticados com CF em nossa amostragem, composta principalmente de amostras

de PB de pacientes com linfocitose persistente (Tabela 8). A imunofenotipagem

mostra positividade para antígenos pam-B: CD19, CD20, CD22, CD79b, FMC7 e

CD21 associados à expressão de CD10. A ausência de expressão do CD5 e CD200,

alta expressão antigenica de Igs e negatividade a Ciclina-D1 ajudam a distinguir o FL

a LLC-B e LCM, respectivamente (206,207).

A leucemia de células vilosas(LCV) ou hairy cell leukemia (HCL), representa

uma DLPC-B rara e de natureza indolente com uma incidência inferior a 1 por 100.000

pessoas, sendo caracterizada por infiltrado difuso na MO e esplenomegalia. A média

de idade ao diagnóstico é de 55 anos sendo mais predominante homens . Em nossa

casuística, a forma clássica (LCVc) e variante (LCVv) foram responsáveis por 1,2% e

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147

1,0% de todos os casos, respectivamente, predominando em homens e

diagnosticados com idade média de 64 anos(108) Figura 15.

A anemia e / ou trombocitopenia associadas a leucocitose são comuns no

diagnóstico da forma variante (LCVv), enquanto a pancitopenia, granulocitopenia e

monocitopenia são achados comuns na forma clássica da doença (LCVc).

Comumente observa-se eritrócitos em forma da lágrima (dacriócitos), sugerindo

fibrose da medula óssea. A imunofenotipagem por CF é mandatório para o diagnóstico

diferencial entre LCVc, LCVv e o linfoma esplênico de linfócitos vilosos (LELV),

embora também deva ser levado em consideração dados clínicos e hematológicos.

As células da LCVc são sempre positivas para uma célula B madura com forte

expressão de IgS, CD19, CD20, FMC7, CD22, CD11c, CD103, CD123, CD38 e

receptor de interleucina-2 (IL-2R ou CD25). No caso da LCVv as células leucêmicas

são sempre negativas para CD25 e CD123 e ocasionalmente positivo para CD103. No

LELV, o CD103, CD123 e CD11c são negativos e CD25 pode ser positivo ou negativo.

Casos raros de LCV podem expressar CD5, mas geralmente não há problema em

distinguir entre LCV e LLC-B. As células leucêmicas da LCV apresentam uma

dispersão lateral ligeiramente aumentada (SSC), colocando-as na região “monocítica”

do CD45 versus SSC(110,208).

O CD103 é um membro da família da integrinas e expresso em linfócitos

associados à mucosas, incluindo os linfócitos T. Quando expresso simultaneamente

com marcadores celulares pan-B é fortemente indicativo de LCV(110).

O CD123 é uma glicoproteína contendo 360 aminoácidos também conhecida

como subunidade alfa transmembrana do receptor da interleucina-3 (IL-3R). Após a

ligação da IL-3, o IL-3R induz a proliferação celular e a sobrevivência. O CD123

tambem pode ser expresso em leucemias agudas e malignidades associadas a

células assassinas naturais (Natural Killer ou NK) e leucemias de células dendríticas,

sendo raramente expresso em neoplasias de células B maduras, com excessão da

LCV(112).

CD25 tambem conhecido como receptor para IL-2, é uma proteína

transmembrana do tipo 1 presente em linfócitos T e B ativados, alguns timócitos e

precursores mieloides. O CD25 é comumente expresso na maioria das neoplasias de

células B e T, algumas leucemias agudas, neuroblastomas sendo tambem observados

em infiltrados linfocitários de tumores sólidos(112).

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148

Essas peculiares características hematológicas e imunofenotípicas da LCV

também foram observadas no presente estudo tais como a pancitopenia e linfocitose

na LCVc e LCVv, respectivamente. Em todos os casos de células LCVc observou-se

expressão de CD11c, CD103 e CD123 associado ao CD19, CD20 forte, CD22 forte,

FMC7, CD79b, HLA-Dr, CD38, CD25 e imunoglobulina monoclonal(= 5 e = 1). Na

LCVv observou-se ausência do CD25, CD123, CD103 em todos os casos. Ambos os

grupos LCV também foram negativos para o CD200 (Tabela 6).

O linfoma esplênico com linfócitos vilosos (LELV) é uma DLPC-B rara, com

características hematológicas e de imunofenotipagem próprias. O LELV são

predominantementes linfomas esplênicos. O exame hematológico revela anemia leve

e trombocitopenia, enquanto a contagem de leucócitos apresenta-se normal ou

levemente elevada, raramente excedendo 30.000/L.

Os linfócitos infiltrados são evidentes nos esfregaços sanguineos, medular e

de aspirado de baço. As células desse linfoma são tipicamente linfócitos com

projeções “vilosas” citoplasmáticas bipolares. O curso geralmente é crônico e benigno,

fazendo parte do grupo de linfomas de células B da zona marginal, juntamente com

linfoma extranodal da zona marginal e linfoma nodal da zona marginal. Figura 17

(209).

O diagnóstico diferencial é geralmente necessário para distinção entre o LELV

e a LLC-B, LCM e LCV. A imunofenotipagem mostra um fenótipo de linfócitos B

maduros, com expressão de CD19, CD20, CD22, FMC7 e HLA-DR com sIg clonal de

intensidade moderada a forte (8)

A cadeia pesada das imunoglobulinas mais freqüentemente observada é a IgM

seguida pela IgG ou IgA, enquanto IgD é incomum, sendo negativas para CD5, CD10,

CD23 e ciclina-D, o que ajuda a distingui-las dos distúrbios da LLC-B, LF e LCM. A

maioria dos casos, mas não todos, expressam CD11c, CD25 e CD38. A ausência de

CD103, CD123 permite o diagnóstico diferencial com LCV(8).

No presente estudo, observamos três casos de características hematológicas

e imunofenotípicas compatíveis com LELV (Tabelas 5 e 6).

A macroglobulinemia de Waldenström (MW), também conhecida como linfoma

linfoplasmocitário ou imunocitoma, é um linfoma de células B extremamente raro,

indolente, que ocorre em menos de dois por cento dos pacientes com LNH. A doença

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149

geralmente afeta adultos mais velhos afetando principalmente a medula óssea,

embora os linfonodos e o baço possam estar envolvidos

As células leucêmicas e soro de pacientes com MW apresentam altos níveis de

imunoglobulinas IgM. Esses níveis elevados de IgM sérica podem causar

hiperviscosidade sanguínea, resultando em sintomas como hemorragias nasais, dores

de cabeça, tontura e perda de visão. O imunofenótipo típico da MW consiste na

expressão de marcadores de superfície de células pan-B tais como o CD19, CD20,

CD22, FMC7, CD38, CD79a e IgM, sendo negativos para o CD10 e CD23. O MW

mostra-se expresso em 5% a 20% dos casos. Figura 18 (210).

Por ser uma doença extremamente rara, conseguimos observar apenas um

paciente com características clinicas, hematológicas e imunologicas compatíveis com

MW (Tabelas 5 e 6).

O mieloma múltiplo (MM) é uma proliferação clonal de plasmócitos neoplásicos

que acometem adultos sendo mais predominante em indivíduos de raça negra e o

sexo masculino, frequentemente precedida por uma gamopatia monoclonal de

significado indeterminado ou monoclonal gammopathy of undetermin(MGUS)(211)

As características clínicas do MM estão relacionadas à produção de uma

proteína monoclonal no sangue periférico e/ urina e infiltração da MO por células

plasmáticas neoplásicas, as quais podem causar lesões ósseas líticas. A anemia está

presente em cerca de 70% dos pacientes sendo geralmente normocítica e

normocrômica, podendo tambem ser observada plaquetopenia. Estas altrações

hematológicas são consequencias infiltração de células tumorais resultando na

inibição da produção normal dos elementos normais pelas citocinas. A hipercalcemia

é outra consequência da infiltração medular pelas células tumorais.Figura 19 (211)

O SP dos pacientes com MM apresentam pancitopenias leves. A formação de

“roleaux” geralmente ocorre devido à presença de excesso de imunoglobulinas

séricas. Em alguns casos podem ser observadas células plasmaticas circulantes,

sendo a presença dessas células em circulantes usados para discriminar entre MM e

a leucemia de células plasmaticas (LCP) (161).

Na LCP observa-se contagem de células plasmaticas anormais em esfregaços de

sangue periférico maior que 20% ou contagem de leucócitos acima de 20.000/L (34).

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150

Com base nessas premissas, 9,15% e 2,55% dos nossos casos foram

categorizados como MM e LCP, respectivamente. Níveis de HB inferior a 10g/foram

observados em 30,2% e todos os pacientes com MM e LCP (Tabela 6).

O MM/LCP têm sido tradicionalmente difíceis de diagnosticas pela CF. Os

plasmócitos neoplásicos freqüentemente expressam fortemente o CD38 e CD138

associado com CD45 fraco ou negativo bem como o CD19. A expressão aberrante do

CD56 é encontrada na maioria dos casos. O painel de AcMo recomendado e realizado

no presente estudo consistiu de CD138, CD38, CD45, CD16-56, CD19, CD20 e cyIgH.

Destes, CD138, CD56 e CD38 são considerados essenciais. No presente estudo os

dados da imunofenitipagem foram compatíveis com os descritos na literatura,

mostrando forte exprssão do CD138, CD38, CD16-56 em todos os casos e ausência

de CD45, CD20 e CD19 na maioria deles (Tabela 6).

Embora exista uma boa correlação entre a análise da CF e a citomorfologia de

aspirado de MO na investigaçao de MM é importante notar que na avaliação

morfológica, o percentual de células plasmáticas é usualmente maior do que aquela

determinada pela CF, havendo uma série de razões para este fenômeno, destacando

o fato de que os plasmócitos malignos são frágeis podendo os marcadores de

membrana serem perdidos durante o processamento da amostra. Outro fato é que os

plasmócitos malignos geralmente formam aglomerados no microambiente da medula,

tornando-os pouco acessiveis ao processo de aspiração para análise pela CF(144).

Por esse motivo, alguns laboratórios, suplementando a imunofenotipagem por

CF, optam por tambem investigar a restrição clonal através da detecção de

imunoglobulinas de cadeia leve séricas utilizando imunofixação. Por meio dessa

metodologia complemntar, demonstramos que a maioria dos casos de MM e LCP foi

kappa+ (n= 45); seguido por 12 casos lambda+ e um pequeno número de casos (n=

2 pacientes) não expressavam nenhuma cadeia leve livre no soro (dados não

mostrados nas tabelas).

O linfoma de Burkitt (LB), é uma neoplasia muito agressiva derivada de células

B originária do centro germinativo que afeta principalmente grupos etários mais

jovens. As células procedentes do linfoma de Burkitt são compostas por células

monomórficas de tamanho intermediário com citoplasma extemamente basofílico e

vacuolado. Figura 21 (150).

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151

A alteração genética t(8;14) (q24,q32) é observada em 80% dos casos,

enquanto os outros 20% observa-se a t(2,8) (p12,q24) e a t(8,22) (q24,q11). Essas

translocações cromossômicas envolvem a superexpressão do gene c-Myc e são

determinantes no desenvolvimento dessa patologia (212).

A imunofenotipagem por CF confirma o diagnóstico inicialmente

citomorfológico. As células neoplásicas são fortemente positivos para o CD45, CD20,

CD22, CD19 e HLA- Dr. O CD10 pode ser positivo fraco ou negativo e

carateristicamente observa-se forte expressão da imunoglobulina IgM de superfície

O antígeno CD38 está presente na maioria dos casos com ausência de TdT,

CD5, CD21 e CD23. Essas características peculiares hematologicas e da

imunofenotipagem do LB também foram observadas em nosso estudo (Tabelas 5 e

6)(213).

A característica definidora do DLPC-B com classificação imunológica não

específica cursa com linfocitose discreta com linfócitos atípicos de aspcto

heterogêneos, em contraste com as células B de desordens linfoproliferativas

discutidas até o momento. Essa entidade constitui cerca de 30% a 40% de todos os

as DLPC e expressam antígenos pan-B tais como CD19, CD20, CD22 na maioria dos

casos . Em nosso estudo, observamos 39 casos de DLPC-B que apresentaram

características hematológicas e imunofenotípicas sugestivas desta categoria de

doença. A negatividade de CD10, CD103 e ciclina-D1 permitiram a exclusão de LF,

LCV e LCM, respectivamente. Expressão forte de FMC7, CD79b, CD20, CD22 e sIg,

associadas à ausência de CD200 e CD5, também possibilitaram estabelecer a

exclusão da LLC (Tabela 6). Por fim, a complementação das análises citomorfológicas

também permitiram a exclusão de outras entidades tais como a LPL-B, LELV, MW,

MM/LCP e LB.

As doenças linfoproliferativas crônicas de linfócitos T e células NK (DLPC/T/NK)

englobam uma variedade de entidades que resultam da proliferação clonal de células-

T pós-tímicas, caracterizadas pela ausência de TdT e CD1a, juntamente com

positividade para um ou mais marcadores celulares relacionados a linfócitos T e

células NK maduras (171).

Em contraste com o observado nas neoplasias linfoides B, nas quais a análises

das cadeis leves das imunoglobulinas podem determinar a clonalidade, não existem

marcadores específicos de clonalidade de células T ou linfocitose T malignas.

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152

Consequentemente, a análise de CF das doenças linfoprolferativas de células T

requerem um amplo painel de marcadores celulares que devem estar associadas com

a correlação com dados clínicos, citomorfológicos e laboratoriais relevantes,

especialmente estudos moleculares para o rearranjo gênico de receptores de células

T (TCR) (171).

No presente estudo proprusemos critérios mais úteis para a identificação de

populações de células T maduras anormais, incluindo forte expressão de CD45

(indicador de maturidade), expressão alterada de antígenos pan-T tais como o CD2,

CD3, CD5, CD7, com atenção especial à baixa densidade antigênica para CD3 e

perda do CD7. Figura 7

A restrição do subgrupo de células TCD4+ ou TCD8+, presença de fenótipos

aberrantes tais como presençade células T duplo positivas (CD4+/CD8+) ou duplo

negativas (CD4-/CD8-), presença de marcadores de células T adicionais, tais como

TCR ( or , proteína associada A1 a leucemia de células T leucemia/ Linfoma de

células T (TCL-1) .

Marcadores associados a células NK (CD16-56), antígenos intracitoplasmáticos

associados a grânulos citotóxicos (perforinas e granzima-B) e expressão negativa

para o TdT e CD1a que associadas como alterações morfológicas das células

leucêmicas detectadas pela alterações de dispersão de luz, induzidas pelo laser do

citometro de fluxo (FSC x SSC), possibilitaram a identificação de imunofenótipos

associados a LPL-T, LGLG-T de células T / NK, LLTA, SS e LCTP em 10, um, 10, 8 e

24 casos respectivamente.

Um resumo dos imunofenótipos mais característicos destes diferentes T - células

DLPC é apresentada na tabela 6 e na figura 4.

A leucemia prolinfocítica de células T (LPL-T) é uma doença rara, responsável

por aproximadamente 2% de todos os casos de DLPC, que afeta adultos (idade média:

65 anos) sendo mais frequente no sexo masculino. Uma minoria de pacientes é

assintomática e apresenta linfocitose, lentamente progressiva semelhante ao

observado na LLC-B ou LPL-B. A sorologia e / ou análise de DNA para o HTLV-I / II

são negativas (171,172).

O principal achado laboratorial é a linfocitose acentuada (superior a 50.000/L).

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153

Anemia e trombocitopenia também são comuns, e esses parâmetros hematológicos

foram observados no presente estudo com linfocitose, anemia e trombocitopenia

detectados em quase todos os casos (Tabela 9).

A morfologia celular e os marcadores celulares são os principais parâmetros

para o diagnóstico. Em dois terços dos casos, as células exibem cromatina nuclear

condensada de contorno irregular, nucléolo único proeminente e citoplasma basofílico

com protrusões sem grânulos, possibilitando o diagnóstico diferencial com a leucemia

de células grandes granulares ou T-Cell Large Granular Lymphocytes Leukemia

(LGLG-T). Em 20% dos casos, as células são menores e o nucléolo é pequeno ou não

visível à microscopia convencional. Embora esses casos tenham sido referidos como

LPL-T de células pequenas e variante de LPL-T de núcleo de aspecto cerebriforme,

previamente designados por leucemia de células semelhantes a sídrome de Sézary

(SS), o que torna a análise por CF essencial para o diagnóstico diferencial dessas

doenças. Figura 22 (172).

A imunofenotipagem por CF mostra que as células leucêmicas são linfócitos T

pós-tímicos (ausência de CD1a e TdT) com expressão de CD2, CD5, CD7 forte e TCL-

1. A expressão superficial fraca de CD3 e TCRT está presente em cerca de 80%

dos casos, mas esses marcadores são sempre expressos no citoplasma. O fenótipo

mais comum é TCD4+/CD8- (65% dos casos), cerca de 10% das células são

TCD8+/CD4-, 25% duplo positivos (CD4 +/CD8+) e 1% duplo células duplo negativo

(CD4-/CD8-). A presença de antígenos associados à ativação de células T, como HLA-

Dr, CD25 e CD38, é variável. Marcadores de células NK (CD16, CD56) são

tipicamente negativos; no entanto, a positividade para perforina e granzima B pode

ocorrer em casos de LPL-T CD8+ (172).

Em nossa casuística de LPL-T foram observadas expressão de CD5 associado

a CD3 fraco e CD7 forte em todos os casos. Outros marcadores celulares, como CD2,

TCL-1 e TCR estavam presentes na maioria dos casos. Com relação à expressão

dos antígenos CD4 e CD8, foram observadas LPL-T de células T CD4+/CD8-, CD4-

/CD8 +, CD4+/CD8+ e CD4-/CD8- em 50%, 42,9%, 35,7% e 14,3% dos casos,

respectivamente. A perforina e a granzima B foram expressas em apenas um caso

com fenótipo TCD8+. A expressão de antígenos associados à ativação celular CD25,

CD38 e HLA-Dr foram observados em 42,9%, 78,6% e 28,6% dos casos

respectivamente (Tabela 7).

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154

Dependendo da sua origem, a LGLG-T pode ser classificada em dois grupos

principais: derivados de células T (CD3+) ou NK (CD3-) (12-13, 19, 35-37). Linfócitos

grandes linfócitos granulares têm morfologia característica. São células de tamanho

médio a grande, com núcleos não nucleodos, citoplasma abundante e grânulos

azurofílicos grosseiros. Figura 23 (214).

A grande maioria dos LGLG-T exibe um fenótipo T-citotóxico maduro:

CD3+/CD8+, CD2+, CD7+ e TCR + na maioria dos casos (181).

Os receptores HLA-Dr e interleucina-2 (CD25) são expressos em um número

variável de casos. Cerca de 50% dos casos carecem de expressão de CD5 e CD7.

Embora raros, células CD4+ e duplo positivas (CD4+/CD8+) ou TCR foram

descritos(214).

A LGL-NK é uma DLPC muito rara e ocorre em adultos com idade média de 60

anos em igual proporção entre homens e mulheres, sendo assintomática na maioria

dos casos ao diagnóstico. Figura 24 (12)

A abordagem diagnóstica no caso de possível LGL-NK requer que três requisitos

iniciais sejam atendidos: i) documentação do aumento persistente de células LGLs

circulantes ( superior a 2.000/ mL) na contagem de leucócitos totais com predomíeo

de células LGL na contagem diferencial ; ii) que LGLs são células NK (não linfócitos

T citotóxicos), determinadas por imunofenotipagem por CF e iii) exclusão de causas

reativas de linfocitose de células NK (avaliações clínicas e laboratoriais excluem

infecção, neoplasia subjacente, vasculite, neuropatia e distúrbios autoimunes

(206,214).

A abordagem diagnóstica no caso de possível LGL-NK requer que três requisitos

iniciais sejam atendidos: i) documentação do aumento persistente de células LGLs

circulantes ( superior a 2.000/ mL) na contagem de leucócitos totais com predomíeo

de células LGL na contagem diferencial ; ii) que LGLs são células NK (não linfócitos

T citotóxicos), determinadas por imunofenotipagem por CF e iii) exclusão de causas

reativas de linfocitose de células NK (avaliações clínicas e laboratoriais excluem

infecção, neoplasia subjacente, vasculite, neuropatia e distúrbios autoimunes

(206,214).

Embora não possa definir a clonalidade da linhagem NK, a imunofenotipagem por

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155

FC é o método mais recomendado para sua identificaçãocom positividade para o CD2,

CD8, CD16 e CD56 associados à ausência de marcadores de células T, tais como

CD3, CD5, CD7, TCL-1 e TCR. Granzyma-B e Perforin podem se expressar bem como

no caso de LGLG-T (11). No presente estudo, nosso painel de AcMo permitiu o

diagnóstico diferencial dessa leucemia (Tabela 7).

Além de citopenias variáveis, a contagem de células sangüíneas revelará uma

modesta linfocitose absoluta com morfologia típica de LGLG-T, e o diagnóstico é

frequentemente considerado devido a infecções bacterianas recorrentes e/ou

fatigabilidade, que são secundárias a neutropenia associada à doença e anemia,

respectivamente. Em pacientes com LGL-NK, a neutropenia grave é rara, mas a

anemia está presente em quase todos os casos. A trombocitopenia grave também é

mais comum em LGLL-NK, contrastando com a trombocitopenia geralmente

moderada observada em T-LGLL. Essas características hematológicas foram

observadas no presente estudo (Tabela 9).

A leucemia / linfoma de células T do adulto (LCTA) é uma neoplasia de células T

periférico, causado pela infecção do vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV- 1).

Quatro variantes clínicas com diferentes riscos de progressão da doença e morte são

reconhecidas. Estes incluem aguda, crônica, latente e linfomatosa.Figura 25 (215).

A variante aguda é a forma mais comum sendo caracterizada por um grande

número de células leucêmicas circulantes, desidrogenase láctica (LDH) sérica elevada

e hipercalcemia, com aumento frequente dos linfonodos, hepatoesplenomegalia e

lesões cutâneas. A forma crônica mostra leucocitose menos intensa, mas com

presença de células atípicas no SP e, ocasionalmente, linfoadenomegalia e

hepatomegalia, além de sobrevida mais prolongada. A forma latente tem uma

pequena porcentagem de células atípicas circulates e um curso clínico mais indolente

(173,193).

O diagnóstico diferencial da LLTA inclui LPL-T, LGLG-T e LCTP. Análises

citomorfológicas, imunofenotipagem pela FC e testes sorologicos para detecção do

HTLV-1 são mandatórios para se obter um diagnóstico correto (193).

Embora achados inespecíficos tais como contagem elevada de leucócitos,

linfocitose, eosinofilia e anemia possam estar presentes, o foco principal do exame do

sangue em pacientes com LLTA é identificar células T malignas circulantes. Por

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156

convenção, estas células circulantes são referidas como células LlTA, que podem ser

identificadas pela sua aparência morfológica ou propriedades imunofenotípicas,

embora o imunofenótipo seja muito mais fiável. As células LLTA são de médio para

grande tamanho e apresentam pleomorfismo característico com núcleos hiperlobados

em forma de trevo ou flor (Flower Cells) (193).

Os resultados imunofenotípicos das células LLTA demonstram que são células T

maduras, sem expressão de TdT e CD1a. Vários antígenos de células pan T são

expressos; incluindo CD3, CD2 e CD5, enquanto a expressão de CD7 está ausente

ou fraca. Expressão reduzida de CD3 é observada em cerca de metade dos casos.

As células LLTA também expressam geralmente antigenos de ativação,

principalmente CD25, CD38 e HLA-Dr. A maioria dos casos demonstra um fenótipo

de células T auxiliares (CD4 +); embora um pequeno número de casos demonstre a

coexpressão de CD4 e CD8, casos raros não possuem CD4 ou CD8, e outros casos

raros demonstram apenas expressão do CD8(191).

No presente estudo, encontramos uma contagem elevada de leucócitos com

predominância de “flower cells” no esfregaço de SP na maioria dos casos.

Trombocitopenia e anemia foram observadas em 10% e 20% dos casos,

respectivamente. A imunofenotipagem e sorologia reagente para anticorpos ati-

HTLV-1 confirmou o diagnostico diferencial com outras doenças linfoprliferativas

(Tabelas 7 e 9).

A síndrome de Sézary (SS) é uma variante leucêmica da micose fungóide (MF),

linfoma cutâneo indolente de células T. Ambas as afecções acometem pacientes

idosos, mais frequentes em homens que apresentam eritrodermia generalizada e / ou

nódulos cutâneos, placas, adenopatias periféricas ou células mononucleares atípicas

circulantes com núcleos cerebriformes (células Sezary); organomegalia, no entanto, é

rara (216).

O diagnóstico da SS é baseado em um ou mais dos seguintes critérios: i)

contagem elevada de células de Serary circulates; ii) Razão CD4/CD8 igual a 10 ou

superior devido a um aumento nas linfócitos T auxiliares circulantes ou uma perda ou

expressão aberrante de marcadores de células T-pan; iii) aumento da contagem de

linfócitos cisrculantes com evidência de um clone de células T detectado pelas

técnicas de Southern blot ou reação em cadeia da polimerase. Figura 26 (217).

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157

A imunofenotipagem revela uma população de TCR a/b com predomíneo T

auxiliar (TCD4+). A relação CD4/CD8 normalmente excede 10. (12, 19, 36-40). Outros

antígenos de células T tais como o CD2, CD3 e CD5, podem apresentar expressão

aberrante fraca ou forte. Perda do CD7 e / ou CD26 é o achado mais frequente (216).

Nossos resultados foram condizentes com os da literatura, sugerindo que a falta

de CD7 é uma característica constante da células de Sezary circulantes e que os níveis

da subpopulação CD4+/CD7-/CD3 + fraco. Assim, o envolvimento de SP foi capaz de

diferenciar entre pacientes com SS e outras DLPC T (Tabela 7).

O linfoma de células T periféricas não específicas (LCTP) compreende um grupo

heterogêneo de linfomas não-Hodgkin de células T maduros na fase leucêmica que

não satisfazem critérios morfológicos, fenotípicos ou genéticos para qualquer

categoria distinta de linfoma de células T maduras. Eles são designados como “sem

outra especificação” e afetam pacientes idosos, predominantemente homens que

apresentam linfadenopatia generalizada, embora qualquer outro local no trato

gastrointestinal, baço, fígado e pele possam ser afetados; infiltração na medula óssea,

no entanto, é rara. Figura 27(218).

Na disseminação leucêmica, a linfocitose persistente é o principal achado

hematológico. As características citológicas são variáveis, com células de médio a

grande tamanho, contendo núcleos atípicos e pleomórficos. Outras características

comuns observadas no sangue incluem trombocitopenia e anemia (219).

A imunofenotipagem por CF desempenha um papel importante no diagnóstico

diferencial entre o LCTP e outras DLPC-T , bem como as linfocitoses reativas. Células

neoplásicas expressam CD45 forte na maioria dos casos, mas alguns casos mostram

CD45 fraco ou negativo. Embora a expressão normal de vários marcadores de células

T pan-T, como CD2, CD3, CD5 e CD7 seja ocasionalmente visto, a maioria dos casos

mostram expressão aberrante de um ou mais dos antígenos pan-T. Destes o CD7 e

CD2 são mais frequentemente perdidos. A fraca expressão de CD2, CD3, CD5 e CD7

é notada em alguns casos. Embora a maioria dos casos seja T CD4+, casos T CD8+,

dupla positividade ou negatividade para CD4 e CD8 são observados em um número

significativo de casos (219).

Em nosso estudo, observamos expressão de CD2 em 83,3% dos casos e CD3,

CD5 e CD7 em 95,8% dos casos. Além disso, outros marcadores celulares, como

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TCL-1, perforina e granzima-B, estavam presentes em todos e em 37,5% dos casos,

respectivamente. A maioria dos casos foram de células T CD4+ seguido pelas T CD8+,

presentes em 66,7% e 62,5% dos casos, respectivamente. Um pequeno número de

casos apresentou expressão dupla de CD4+/CD8+ (n= 20,8%) e duplo negativo (n=

4,2%). Os antígenos CD25, CD38 e HLA-Dr associados à ativação celular foram

positivos em 33,3%, 58,3 e 54,2% dos casos, respectivamente (Tabela 7).

Finalizando, a citometria de fluxo é atualmente uma técnica amplamente

utilizada em meio laboratorial, sendo uma ferramenta efectivamente útil na

investigação das linfocitoses, detecção de monoclonalidade e caracterização

imunofenotípica das doenças linfoproliferativas.

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159

8. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados deste trabalho podemos concluir que:

1. Observou-se evidências de forte associação entre a linfocitose em pacientes

com idade avançada e a presença de patologia linfoproliferativa.

2. A investigação de linfocitoses prolongadas pela citómetria de fluxo previamente

detectadas em hemogramas de rotina ou aspirado medular, mostrou-se eficaz

no diagnóstico e classificação de patologias linfoproliferativas com ou sem

manifestação clínica.

3. O diagnóstico de mieloma múltiplo previamente feito pela análise

citomorfológica da medula óssea, eletroforese de proteínas sérica e teste de

imunofixação de cadeias leves das imunoglobulinas se beneficia da aplicação

de painel especiífico conforme demostrado no presente trabalho.

4. Na análise dos pacientes portadores das DLPC-B, foi possível a detecção da

monoclonalidade por citometria de fluxo (teste kappa/lambda) na maioria dos

casos.

5. Nas DLPC-T , o diagostico foi confirmado pela detecção de fenótipos

aberrantes como por exemplo elevada relação CD4/CD8, presença de células

T duplo positivos ou duplo negativo dentre outras.

6. Dentre as DLPC, investigadas a LLC-B foi observada com maior frequência

estando estes dados condizentes com relatos da literatura.

7. A implementação do estudo protocolado de imunofenotipagem das linfocitoses

prolongadas encontradas em hemogramas de rotina, especialmente em

pacientes de idade avançada, é recomendada.

8. O presente estudo se consolida coma criação de um banco de dados clínicos,

demográficos e análises laboratoriais, como base consolidada de pesquisa

clínica nesta área.

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160

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PESPECTIVAS FUTURAS:

As doenças linfoproliferativas crônicas compreendem uma variedade de

doenças com características clínicas e laboratoriais distintas. A aplicação de novas

técnicas de diagnóstico, como a imunofenotipagem por citometria de fluxo, juntamente

com análises citomorfológicas, contribuem significativamente para o entendimento de

sua patogênese, permitindo a classificação destas entidades com perfis laboratoriais

únicos, fornecendo também informações sobre o prognóstico e atualmente tem

servido como base para a implantação de novas modalidades de tratamento. Este

interesante mundo da imunofenotipagem me fascinou no aprofundamento neste

estudo como investigador e principalmente médico oncohematologista em busca do

melhoramento do diagnóstico, entendimento dos mecanismo destas doenças. Este

estudo deu-se inicio no desenvolvimento de meu mestrado, tendo dado continuidade

ao mesmo tema no doutorado, pretendendo dar continuidade um futuro pos-

doutorado, desta vez , atenção em mecanismos e técnicas moleculares aplicáveis à

prática clínica. Pretendo tambem me enganjar na linha de pesquisa de meu orientador

de quem ja recebi proposta de continuidade dessa parceria, como co-orientador de

futuros trabalhos de pos-graduação desenvolvidos no HEMOCENTRO e na

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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