perfil palinológico do mel e pólen de melipona asilvai€¦ · 2016. ao que tenho de mais...

91
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai Moure: uma análise do espectro polínico de amostras coletadas simultaneamente em uma área de caatinga na Bahia, Brasil Ana Paula Conceição Silva Feira de Santana - Bahia 2016

Upload: others

Post on 24-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai Moure:

uma análise do espectro polínico de amostras coletadas

simultaneamente em uma área de caatinga na Bahia, Brasil

Ana Paula Conceição Silva

Feira de Santana - Bahia

2016

Page 2: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai Moure:

uma análise do espectro polínico de amostras coletadas

simultaneamente em uma área de caatinga na Bahia, Brasil

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Botânica da Universidade

Estadual de Feira de Santana, como parte dos

requisitos necessários para obtenção do título

de Doutor em Botânica.

Prof. Dr. Francisco de Assis R. dos Santos

Orientador

Prof. Dr. Rogério Marcos de Oliveira Alves

Coorientador

Feira de Santana - Bahia

2016

Page 3: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

BANCA EXAMINARORA

Prof. Dr. Carlos Alfredo Lopes de Carvalho Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Campus Cruz das Almas

Prof. Dr. Francisco Plácido Magalhães Oliveira

Universidade Federal do Pará

Prof. Dr. Jaílson Santos de Novais

Universidade Federal do Sul da Bahia

Prof. Dra. Luciene Cristina Lima e Lima

Universidade do Estado da Bahia, Campos Alagoinhas

Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos Universidade Estadual de Feira de Santana

Orientador e Presidente da Banca

Feira de Santana - Bahia

2016

Page 4: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Ao que tenho de mais sagrado:

o amor de meus pais, Zildgar e Rita

o companheirismo de “meus irmãos”, Zildgar e Patrícia

a alegria e inocência de meus sobrinhos, Brunna e Guilherme

Page 5: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

AGRADECIMENTOS

Encerrar um ciclo é como deixar no passado uma etapa que teve o seu fim. Esse é

o ciclo natural da vida! Sigo em frente, mas não como cheguei. Levo, além de

conhecimentos e experiências, algo que ficará comigo sempre: a gratidão por tudo e todos

que de alguma forma contribuíram para tornar esse objetivo real. E acima de tudo,

agradeço a Deus pela vida e pelas bênçãos concedidas: obrigado por me guiar e permitir

a conquista de mais um objetivo! E com a memória do coração, deixo registrado aqui os

agradecimentos de uma vida resumida em quatro anos.

À Universidade Estadual de Feirada de Santana, que foi o locus de toda a minha

formação acadêmica, através dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e do

Programa de Pós-Graduação Botânica. Agradeço a todos os professores e demais

colaboradores com os quais tive a oportunidade de adquirir conhecimento e que

contribuíram para minha formação profissional e, acima de tudo, pessoal.

Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos, por toda a orientação durante

minha formação na pós-graduação, concluindo agora com o doutorado. Agradeço por me

permitir “voar”, confiando que eu teria que voltar! Foi com esse “voo” que ganhei

experiências tão enriquecedoras para a minha formação acadêmica. Obrigada! Levarei

um grande exemplo de profissionalismo, ética e competência, essenciais para minha

construção profissional e pessoal.

Ao Prof. Dr. Rogério Marcos de Oliveira Alves, pela coorientação e valiosos

conhecimentos adquiridos em campo durante a realização desse trabalho. Obrigada pela

disponibilidade e acolhida. Agradeço também aos demais colaboradores da atividade de

campo que me deram todo o suporte para a realização das coletas, representados nas

pessoas de Dona Angelita e “Toinho”.

À Prof.ª Dr.a Claudia Elena Carneiro que me introduziu no meio científico e

acompanhou passo a passo a minha formação acadêmica. Obrigada pela alegria diária do

laboratório, amizade e carinho de sempre.

Aos amigos e companheiros do LAMIV pelo agradável convívio, trocas de

experiências e suporte intelectual, essenciais para o desenvolvimento de todo esse

trabalho: Alex Souza, Ana Flávia, André Queiroz, Cleber Mota, Cristiano Amaral,

Elizama Almeida, Jamile Peixoto, Joseane Carneiro, Lorena Malheiros, Lidian Ribeiro,

Luciano Oliveira e Rízia Cean. Agradeço também ao Dr. Paulino Oliveira, Dr. Marcos

Dórea, Dra. Luciene Lima, Dr. Jailson Novais e Dr. Ricardo Landim pela habitual

Page 6: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

disponibilidade e pelas valiosas contribuições palinológicas, inclusive no processo da

qualificação, seja como avaliadores ou colaboradores, promovendo enriquecedoras

discussões sobre a melissopalinologia. Ao Dr. Marcos Dórea adiciono também a gratidão

pela oportunidade profissional que me foi proporcionada.

Aos amigos que transpuseram as barreiras do laboratório e se tornaram grandes

parceiros, dando real significado à expressão “#tamojunto”. A Vanessa Matos, pela

disponibilidade de sempre e por ser uma companheira durante toda a formação na pós-

graduação, incluído todas as idas a campo. A Marcel Carvalho por, mesmo distante, estar

junto e nos alegrar com seu jeito de ser. E ao querido Rodolfo Alves que, ao longo desses

anos, tornou-se um grande parceiro e me trouxe a alegria de sua amizade. Obrigada por

acompanhar toda a construção dessa tese, idas a campo, ajuda nas identificações

polínicas, nas análises dos dados e revisão dos manuscritos. Dividimos momentos de

intensas discussões científicas e perspectivas profissionais, que perpassaram por nossas

qualificações, a qual destaco a sua fundamental participação nesse processo. Incluo

também nossos incríveis momentos de lapsos de memória (que jamais esquecerei!) e as

molecagens diversas (fico lhe devendo uma etnografia!).

Durante esse período tive a oportunidade de viver enriquecedoras experiências

profissionais. Assim, agradeço a toda equipe de Assessoria Técnica, Social e Ambiental -

Convênio INCRA/SEAGRI/EBDA, locado em Santo Amaro da Purificação, e as suas

comunidades rurais, pelo período de convívio e experiências compartilhadas. Em

especial, agradeço ao núcleo ATES – Ambiental, por todo o trabalho desenvolvido juntos

e a Quelle Rebouças pela acolhida e parceria de idas e vindas nas estradas.

Ao Grupo Nobre de Ensino Superior de Feira de Santana, pela oportunidade do

encontro, de um despertar e de uma realização: Ser professora! A antes “temida” sala de

aula, agora se tornou um ambiente desejado e encantador, o qual tenho a felicidade de

dizer que é o meu “lugar no mundo”. Agradeço aos principais responsáveis por isso: os

meus alunos, que me “desafiam” e me fazem crescer, vivendo a “dor e a delícia” de

lecionar. Agradeço também aos colegas de profissão, pelo convívio e troca de

experiência, e a equipe de coordenadores que fazem tudo acontecer: a Juliana Firmino,

Marcelle Esteves, Mirna Rosier, pela habitual presteza e confiança no meu trabalho.

Aos amigos biólogos e respectivos agregados do “extrabem”, nós compartilhamos

uma mesma escolha por duas vezes consecutivas: a primeira nos uniu, a escolha de

estudar biologia, e a segunda nos mantém unidos, a escolha de fazermos bem um ao outro,

conservando e cuidando de nossa amizade. Agradeço a Brena Mota e Celso Santa’Anna

Page 7: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

pela amizade leve e divertida e por sempre fazerem da casa de vocês, a nossa! A Marina

Lordelo e Gabriel Albuquerque, incluído agora a nossa pequena Luiza, pelo carinho e

alegria de sempre. Ao meu irmão de coração, Leonardo Macêdo, e Mona Lisa Santana

pelo cuidado e acolhida de uma vida. A Thais Andrade por nossos eternos momentos de

diversão e a Thiago Alencar, que a sua maneira também tem a sua importância. À

Mariângela Almeida (Lala) por toda uma vida compartilhada, amizade regada com amor,

respeito e companheirismo. Crescemos e amadurecemos juntas, e hoje temos uma

amizade sólida da qual me orgulho imensamente! A Alan Moura, por simplesmente ser o

que é, e já ser tudo! Por ressignificar tantos momentos, transformando-os em felicidade!

Obrigada pelo companheirismo de sempre.

Ao meu maior legado da pós-graduação: o encontro de três vidas! A Fabio

Espirito Santo, por todo cuidado, carinho e aprendizado de sempre. Escolhemos um ao

outro para a construção de uma linda amizade. A Priscila Barreto, por ser tão ótima,

companheira e cuidadosa. A amizade onipresente de vocês é fundamental pra mim!

Obrigada por TUDO!

Aos amigos “não tão jovens” que dividem momentos incríveis, experiências,

cuidado e carinho: Amanda Santos, Carolina Lima, Cristina Rebouças, Loise Costa,

Nazaré Marchi e os demais já citados. Agradeço também aos amigos que de alguma

forma estão presente em minha vida: Eloína Matos, Mauricio Setubal, Pétala Ribeiro e

Viviane Martins.

Aos amigos do GPS, que desde o princípio acompanharam a minha formação. Em

especial, a Família Salazar, por ser a minha família escolhida, especialmente aos meus

irmãos André Salazar e Flávia Salazar, obrigada pela torcida de sempre, apoio e carinho.

E a Karena Mendes, que também divide comigo o estudo da botânica.

Por fim, e com um carinho especial, agradeço ao meu núcleo familiar que com

amor, respeito e união, proporcionam-me um ambiente regado a princípios e valores,

éticos e morais, que me fazem ser como eu sou. Além disso, aqui recebo a melhor e maior

manifestação da vida: o amor incondicional, representado pelas doses diárias de carinho,

cuidado e bom humor dos meus pais, Zildgar e Rita; do companheirismo e lealdade de

meu irmão, Zildgar Silva e minha cunhada Patrícia Argolo; da alegria e das peripécias de

minha “dinda” Brunna, e agora o recém chegado Guilherme. Essa conquista é nossa! Aos

demais familiares, agradeço por toda a torcida e carinho, especialmente as minhas tias

Nilza Soares e Cleobula Campos (in memoriam) pelo incentivo e presença constante.

A todos os responsáveis: Muito Obrigada!

Page 8: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

“Abelha fazendo o mel

vale o tempo que não voou

A estrela caiu do céu

O pedido que se pensou ...

Sim, todo amor é sagrado

e o fruto do trabalho

é mais que sagrado, meu amor.”

Amor de índio,

Beto Guedes e Ronaldo Bastos

Page 9: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1. Pollen grains of Mimosa L. (Fabaceae) present in pollen provision of

Melipona asilvai Moure (Hymenoptera: Apidae) in a caatinga area from

Brazil................................................................................................................................. 6

Resumo .......................................................................................................................... 7

Abstract .......................................................................................................................... 8

Introduction .................................................................................................................... 9

Materials and Methods ................................................................................................. 11

Results .......................................................................................................................... 15

Discussion .................................................................................................................... 23

Referências ................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 2. Recursos florais utilizados por Melipona asilvai Moure (Hymenoptera:

Apidae) para a produção do mel em uma área de caatinga da Bahia, Brasil...................31

Resumo ........................................................................................................................ 32

Abstract ........................................................................................................................ 33

Introducão .................................................................................................................... 34

Material e Métodos ...................................................................................................... 35

Resultados .................................................................................................................... 38

Discussão ..................................................................................................................... 45

Conclusão ..................................................................................................................... 48

Referências ................................................................................................................... 50

CAPÍTULO 3. Influxo polínico nas colônias de Melipona asilvai Moure (Hymenoptera:

Apidae): uma análise comparativa do mel e pólen produzidos simultaneamente em uma

área de caatinga da Bahia, Brasil......................................................................................53

Resumo ........................................................................................................................ 54

Page 10: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Abstract ........................................................................................................................ 55

Introducão .................................................................................................................... 56

Material e Métodos ...................................................................................................... 57

Resultados .................................................................................................................... 62

Discussão ..................................................................................................................... 74

Conclusão ..................................................................................................................... 76

Referências ................................................................................................................... 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................79

Page 11: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

RESUMO

No presente trabalho foi realizado a análise palinológica de amostras provenientes dos

potes de mel e pólen de Melipona asilvai, coletados simultaneamente das mesmas

colônias situadas em uma área de caatinga da Bahia, Brasil, com o objetivo de identificar

o perfil palinológico dos produtos analisados e indicar os principais recursos florais

utilizados pelas abelhas na elaboração desses produtos. As coletas aconteceram durante

24 meses consecutivos, totalizando 48 amostras, duas por mês, sendo uma de cada

produto meliponícola. Em laboratório, foi realizado o processamento palinológico das

amostras, seguindo a técnica usual em melissopalinologia, com a aplicação da acetólise.

Os grãos de pólen foram identificados, sempre que possível, e quantificados - mínimo de

500 grãos por amostra. O resultado da pesquisa é apresentado em três capítulos. O

primeiro deles trata do espectro polínico de amostras de pólen, no qual 48 tipos polínicos

foram morfologicamente distintos, distribuídos em 22 famílias. Fabaceae se destacou no

espectro polínico, com 14 tipos identificados, sendo Mimosa o gênero mais

representativo, com cinco tipos polínicos, encontrado em todas as amostras analisadas e

com alta frequência em algumas delas. Apesar da variedade de fontes florais registrada,

foi possível diagnosticar as preferências florais de M. asilvai por Mimosa, o que indica a

importante participação de espécies desse gênero como fonte de recursos para as abelhas.

No segundo capítulo será apresentado o diagnóstico palinológico das amostras de mel,

compostas por 54 tipos polínicos identificados, distribuídos em 24 famílias botânicas,

sendo a família Fabaceae o destaque no espectro polínico, com 13 tipos e ocorrência em

todas as amostras analisadas. Os tipos Alternanthera, Melastomataceae, Mimosa

tenuiflora e Portulaca oleracea foram considerados os mais significativos nas amostras

de mel analisadas, já que foram dominantes em pelo menos uma amostra, além de serem

muito frequentes no conjunto amostral, indicando assim que as espécies correspondentes

aos referidos tipos possuem importância significativa para M. asilvai na região da

caatinga estudada. No terceiro capítulo, foi realizado um estudo do influxo dos grãos de

pólen nas colônias de M. asilvai, através da análise comparativa de amostras de mel e

pólen. Foram identificados nas colônias 69 tipos morfologicamente distintos, distribuídos

em 27 famílias. Desses, 33 tipos foram comuns a ambos os produtos. Apesar de

compartilharem uma grande quantidade de tipos, a proporção de participação deles em

cada produto foi variável ao longo dos meses amostrados. Os tipos Alternanthera,

Melastomataceae, Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea, se destacaram nas amostras

de mel e Angelonia, Chamaecrista racemosa, Mimosa arenosa e M. tenuiflora nas

amostras de pólen. Apenas o tipo M. tenuiflora foi observado com porcentagens elevadas

em ambos os produtos, o que demonstra a importante participação das espécies

relacionadas a esse gênero como fonte de recursos para M. asilvai na região da caatinga.

Palavras chaves: Melissopalinologia, abelha nativa, tipos polínicos, Fabaceae, recursos

florais.

Page 12: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

ABSTRACT

For this thesis, we carried out a palynological investigation of samples from the honey

and pollen pots of Melipona asilvai, collected both from the same colonies located in an

area of caatinga of Bahia, Brazil. It was aimed to identify the pollen profile of the analyzed

products and to name the main floral resources used by bees in the preparation of such

products. Sampling process took place during 24 consecutive months, total of 48 samples,

two per month, one of each bee product. In the laboratory, it was carried out the

palynological sample processing, following the usual technique in melissopalynology

with the application of acetolysis. Whenever possible, the pollen grains were identified

and quantified – a minimum of 500 pollen grains per sample. The results of the research

are presented in three chapters. The first chapert comes from the pollen spectrum of pollen

samples in which 48 pollen types, distributed in 22 families, were morphologically

distinguished. The family Fabaceae was notable in the pollen spectrum with 14 identified

types. Mimosa was the most representative, with five pollen types, found in all of the

analyzed samples and with high frequency in some of them. Despite of the variety of

floral sources recorded, it was possible to diagnose the preference of this bee for Mimosa

species, which indicates its important participation as resources for this bee. In the second

chapter, the palynological diagnosis of honey samples was presented, consisting of 54

pollen types identified, distributed in 24 families. The family Fabaceae was notable in the

pollen spectrum, with 13 pollen types, and occurred in all of the samples analyzed. The

Alternanthera, Melastomataceae, Mimosa tenuiflora and Portulaca oleracea types were

considered the most significant in the honey samples analyzed, because they were

dominant in at least one sample and were very frequent in the sample set. It is indicative

that the species corresponding to these pollen types are significantly important to M.

asilvai in the region of caatinga studied. In the third chapter, a study of the influx of pollen

grains in the colonies of M. asilvai was performed, through a comparative analysis of

honey and pollen samples. Sixty-nine pollen types, distributed in 27 families, were

identified. Of these, 33 types were common in both of the products. Despite sharing a

large quantity of types, the proportion of these in each product varied throughout the

months sampled. The types Alternanthera, Melastomataceae, Mimosa tenuiflora and

Portulaca oleracea have excelled in honey samples and Angelonia, Chamaecrista

racemosa, Mimosa arenosa, and M. tenuiflora in pollen samples. Only the Mimosa

tenuiflora type had high percentages in both of the products analyzed, indicating the

important role of the species related to this genus as a source of resources for Melipona

asilvai in the region of caatinga studied.

Keywords: Melissopalynology, native bee, pollen types, Fabaceae, floral resources.

Page 13: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

1

INTRODUÇÃO

A melissopalinologia, um dos ramos da palinologia aplicada, consiste em seu

sentido stricto na análise palinológica dos grãos de pólen no mel. Contudo, impulsionada

por uma necessidade de certificação comercial dos produtos das abelhas, principalmente

no mercado internacional, e um crescente interesse de pesquisadores em desenvolver

estudos na área, esse ramo se expandiu e atualmente compreende a análise palinológica

dos produtos das abelhas (Apis mellifera L. ou “abelhas-sem-ferrão”), sejam mel, pólen

ou própolis.

Os estudos dos grãos de pólen nos produtos apícolas/meliponícolas visam,

sobretudo, determinar a origem das fontes florais utilizadas pelas abelhas na elaboração

dos produtos (Bryant Jr. & Jones, 2001; Barth, 2004) e podem indicar uma série de plantas

cuja importância para as abelhas ainda é subestimada ou mesmo ignorada (Santos et al.,

2006). Além disso, esse estudo também possibilita determinar a origem botânica e

geográfica dos produtos analisados, assim como fornecer informações adicionais, como

indicação de contaminação e/ou falsificações dos produtos (Louveaux et al., 1978).

Os dados resultantes dos estudos melissopalinológicos podem contribuir em

diferentes aspectos, sejam eles ambientais ou sociais. No que se refere às questões

ambientais, esses dados podem fornecer informações sobre a biologia da abelha, que

envolve a ecologia alimentar e seu comportamento de forrageio, e também conhecimento

sobre a flora apícola/meliponícola, uma vez que seu estudo é baseado na presença de

grãos de pólen da flora visitada pelas abelhas na busca de recursos para a colmeia.

No aspecto social, o conhecimento sobre as fontes de recursos florais exploradas

pelas abelhas é de fundamental importância para delinear estratégias visando à

conservação e ao manejo desses insetos para a polinização de diversas culturas agrícolas

e também para a preservação e a multiplicação das plantas de potencial melífero,

auxiliando o estabelecimento de uma apicultura sustentável (Hower, 1953).

O Brasil possui uma importante participação no cenário da apicultura mundial

devido, entre outros fatores, a grande diversidade de suas floradas naturais e silvestres

originadas a partir da flora nativa. Isso dá ao país uma grande vantagem competitiva em

relação aos seus concorrentes diretos, em razão do elevado potencial para a produção

apícola/meliponícola, incluindo a produção do mel orgânico, tão valorizado no mercado

internacional (Perosa et al., 2004; Paula, 2008).

Page 14: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

2

O potencial da flora brasileira para a produção apícola/meliponícola é atribuído a

sua grande diversidade de plantas, associada à variabilidade climática e à extensão

territorial do país. Consequentemente, os produtos resultantes da atividade de

forrageamento das abelhas no Brasil são muito diversificados palinologicamente, não

permitindo, portanto, generalizar conclusões dos dados melitológicos para o território

brasileiro em virtude das particularidades regionais e até microrregionais (Marchini,

2001; Barth, 2004). Na região do semiárido brasileiro, por exemplo, os produtos

apícolas/meliponícolas são bastante diversificados, dependentes das floradas de sua época

de produção sendo, geralmente, classificados como heteroflorais (Borges & Santos, 2015)

Apesar de possuir uma grande variedade de formações vegetais, a região do

semiárido apresenta o domínio do bioma caatinga que é, provavelmente, a região mais

desvalorizada e desconhecida botanicamente, dentre os biomas brasileiros. Apesar de

possuir remanescentes de vegetação ainda bem preservados, a caatinga está bastante

alterada, principalmente pela ação antrópica (Giulietti et al., 2004). Embora haja um

crescente interesse em estudos nesse bioma, eles ainda são insuficientes, sendo esta região

considerada como uma das menos conhecidas no país, principalmente com relação à sua

biodiversidade (Tabarelli & Vicente, 2002).

Como a utilização dos recursos naturais do semiárido ainda se fundamenta em

processos meramente extrativistas, sem um manejo adequado, já se observam perdas

irrecuperáveis na diversidade florística e faunística (Araújo-Filho & Carvalho, 1997).

Souza (2002) ressaltou que os produtos resultantes das atividades de coleta das abelhas

representam uma alternativa econômica e ecologicamente sustentável dos recursos

naturais, pois a apicultura/meliponicultura tem na preservação da vegetação o primeiro

requisito para a sua sustentabilidade.

Considerando a natureza adversa pela qual grande parte da população nordestina

enfrenta, tentando sobreviver na região árida da caatinga, a atividade

apícola/meliponícola vem a ser um importante elemento para o seu desenvolvimento

econômico. Pois, ainda que com condições agressivas devido à falta de água, na região

da caatinga há uma flora cujo potencial para o desenvolvimento dessa atividade é

subestimado, mesmo tendo nos fatores climáticos seus principais limitantes de

estabelecimento e expansão. Além disso, a fauna de abelhas dessa região é pouco

conhecida (Martins, 2002), mesmo sendo rica em espécies que podem ter seus produtos

com grande valor econômico na alimentação humana, na produção de medicamentos a

partir da própolis, por exemplo, e na polinização de plantas frutíferas (Freitas et al., 2002).

Page 15: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

3

No Brasil, as listas de flora apícola são escassas, principalmente no que diz

respeito às abelhas nativas, o que dificulta estudos em diversas áreas (Ramalho et al.,

1990). Assim, o presente trabalho tem como objetivo principal realizar o diagnóstico

palinológico de amostras de mel e pólen coletados em colônias de Melipona asilvai

oriundos de uma região de caatinga do estado da Bahia, Brasil, e indicar os principais

recursos florais utilizados pelas abelhas na elaboração desses produtos.

Desta forma, essa tese está estruturada em três capítulos. A identificação e análise

do espectro polínico de amostras de pólen e mel estão apresentadas, respectivamente, no

primeiro e no segundo capítulo, assim como as suas respectivas inferências botânicas e

geográficas. O terceiro capítulo está relacionado a um estudo do influxo dos grãos de

pólen nas colônias de M. asilvai, através de uma análise comparativa dos produtos

analisados.

Page 16: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

4

REFERÊNCIAS

Araújo-Filho JÁ, Carvalho FC. 1997. Desenvolvimento sustentado da caatinga. Circular

técnica, 13. Sobral: EMBRAPA-CNPC.

Barth OM. 2004. Melissopalynology in Brazil: A review of pollen analysis of honeys,

propolis and pollen loads of bees. Scientia Agricola 61: 342–350.

Borges RLB, Santos FAR. 2015. Tipos polínicos de méis de Apis mellifera L. do

semiárido. In: Santos FAR, Carneio CE, orgs. De melle semiaridi: analisando o mel

nordestino, 95–120. Salvador: EDUFBA.

Bryant Jr. VM, Jones GD. 2001. The r-values of honey: pollen coefficients. Palynology

25: 11–28.

Freitas BM, Paxton RJ, Holanda-Neto JP. 2002. Identifying pollinator among an array of

flower visitors, and the case of inadequate cashew pollination in NE Brazil. In: Kevan

PG, Imperatriz-Fonseca VL, eds. Pollinating Bees - The conservation link between

agriculture and nature, 229−244. Brasília, DF: MMA.

Giulietti AM, Du Bocage Neta AL, Castro AAJF, Gamarra-Rojas CFL, Sampaio EVSB,

Virgínio JF, Queiroz LP, Figueiredo MA, Rodal MJN, Barbosa MRV, Harley RM. 2004.

Diagnóstico da vegetação nativa do bioma caatinga. In: Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca

MT, Lins LV, orgs. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e Ações Prioritárias para a

Conservação, 47–90. Brasília, DF: MMA.

Hower FN. 1953. Plantas melíferas. Barcelona: Reverté.

Louveaux J, Maurizio A, Vorwohl G. 1978. Methods of melissopalynology. Bee World

59: 139–157.

Marchini LC. 2001. Caracterização de amostras de méis de Apis mellifera L. 1758

(Hymenoptera: Apidae) do estado de São Paulo, baseada em aspectos físico-químicos e

biológicos. Livre-Docência. Piracicaba: ESALQ.

Martins CJP. 2002. Diversity of the bee fauna of the Brazilian caatinga. In: Kevan PG,

Imperatriz-Fonseca VL, eds. Pollinating Bees - The conservation link between agriculture

and nature, 99−101. Brasília, DF: MMA.

Paula J. 2008. Mel do Brasil: as exportações brasileiras de mel no período 2000/2006 e o

papel do Sebrae. Brasília, SEBRAE.

Perosa JCY, Arauco EMA, Santos ALA, Albarracín VN. 2004. Parâmetros de

competitividade do mel brasileiro. Informações econômicas 34: 41−48.

Ramalho M, Kleinert-Giovannini A, Imperatriz-Fonseca VL. 1990. Important bee plants

for stingless bees (Melipona and Trigonini) and Africanized honeybees (Apis mellifera)

in neotropical habitats: A review. Apidologie 21: 469–488.

Santos FAR, Oliveira JM, Oliveira PP, Leite KRB, Carneiro CE. 2006. Plantas do

semiárido importantes para as abelhas. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 61–86.

Recife: IMSEAR.

Page 17: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

5

Souza DC. 2002. Apicultura orgânica: alternativa para exploração da região do semiárido

nordestino. Congresso Brasileiro de Apicultura, Campo Grande. Anais 14: 133–135.

Tabarelli M, Vicente A. 2002. Lacunas de conhecimentos sobre as plantas lenhosas da

Caatinga. In: Sampaio EVSB, Giulietti AM, Virginio J, Gamarra-Rojas CFL, eds.

Vegetação & flora da caatinga, 25–40. Recife: APNE.

Page 18: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

CAPÍTULO 1

Pollen grains of Mimosa L. (Fabaceae) present in pollen provision of

Melipona asilvai Moure (Hymenoptera: Apidae) in a caatinga area

from Brazil*

*Manuscrito submetido á revista Grana

Page 19: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

7

RESUMO

O espectro polínico de amostras de pólen de Melipona asilvai Moure, coletadas ao longo

de dois anos, foi analisado com o objetivo de inferir a flora visitada por essas abelhas em

uma região de caatinga da Bahia, Brasil, bem como avaliar a participação de espécies de

Mimosa L. como fonte de recursos utilizados por essas abelhas. 48 tipos polínicos foram

morfologicamente distinguidos, distribuídos em 22 famílias. Fabaceae se destacou no

espectro polínico, com 14 tipos identificados, sendo Mimosa o gênero mais

representativo, encontrado em todas as amostras analisadas e com alta frequência em

algumas delas, como o caso de M. tenuiflora que apresentou frequência de ocorrência em

91,5% do conjunto amostral e grande contribuição para a constituição mensal das

amostras, com porcentagens maiores que 95% em quatro meses analisados. Os outros

tipos polínicos identificados para Mimosa foram: M. arenosa, M. quadrivalvis, M. misera

e M. pudica. Também contribuíram isoladamente na constituição do espectro polínico,

com frequência maior que 50%, os tipos Angelonia (Plantaginaceae) em três amostras e

Chamaecrista racemosa (Fabaceae) em uma amostra. Outros tipos que foram verificados

apenas como muito frequentes no conjunto amostral, com ocorrência em mais de 50%

das amostras analisadas: Melastomataceae, Solanum paniculatum (Solanaceae), Borreria

verticillata (Rubiaceae) e Myrcia (Myrtaceae). Apesar da variedade de fontes florais

registrada, foi possível diagnosticar as preferências florais dessas abelhas por Mimosa o

que indica a importante participação de suas espécies como fonte de recursos para as

abelhas.

Palavras Chaves: abelha nativa, recursos florais, potes de pólen, melissopalinologia,

tipos polínicos, Fabaceae.

Page 20: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

8

ABSTRACT

The pollen spectrum of Melipona asilvai Moure pollen samples, collected over the course

of two years, was analyzed with the objective of inferring the flora visited by this bee in

a region of caatinga in Bahia, Brazil. This study also evaluated the participation of

Mimosa L. species as a source of resources used by M. asilvai. 48 pollen types, distributed

in 22 families, were morphologically distinguished. The family Fabaceae was notable in

the pollen spectrum, with 14 identified types. Mimosa was the most representative and

found in all samples analyzed, sometimes with high frequency. Mimosa tenuiflora had a

91.5% frequency of occurrence in the sample set and greatly contributed to the monthly

samples with percentages over 95% in four of the months analyzed. The other Mimosa

pollen types identified were M. arenosa, M. quadrivalvis, M. misera and M. pudica. In

addition, the Angelonia (Plantaginaceae) type in three samples and the Chamaecrista

racemosa (Fabaceae) type in one sample had frequencies over 50% in the pollen

spectrum. Other very frequent types in the sample set, occurring in more than 50% of the

samples analyzed, were the following: Melastomataceae, Solanum paniculatum

(Solanaceae), Borreria verticillata (Rubiaceae) and Myrcia (Myrtaceae). Despite the

variety of floral sources recorded, it was possible to identify the floral preference of this

bee as Mimosa, indicating the importance of Mimosa species as a source of resources

used by this bee.

Keywords: native bee, flora resources, pollen pots, melissopalynology, pollen types,

Fabaceae.

Page 21: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

9

INTRODUCTION

The caatinga is the vegetation type that covers most of the semiarid region of

northeastern Brazil, and is estimated to have an area of approximately 800,000 km2

(Rodal & Sampaio 2002; Queiroz, 2009). This biome contains a large diversity of plant

species, including a significant number of rare and endemic taxa. Despite possessing well-

preserved vegetation remnants, the caatinga has been heavily altered, mainly by

anthropogenic uses (Giulietti et al., 2004). Although there is a growing interest in

understanding this biome, the region is still insufficiently studied and is one of the least

understood in the country, especially in relation to biodiversity (Tabarelli & Vicente

2002).

Mimosa L. has approximately 490–510 species that are predominantly neotropical

and particularly well represented in dry areas, and is the most diverse genus of Fabaceae

in the caatinga (Queiroz, 2009). Some species participate in the diet of bees, providing

nectar and/or pollen as a resource, and are frequently encountered in works about

apiculture/meliponiculture, such as melissopalynology studies (Ramalho et al. 1990;

Carvalho & Marchini, 1999; Lorenzon et al. 2003; Santos et al. 2006; Lima, 2007;

Oliveira & Santos, 2014), which indicates the importance of these species as a source of

resources for bees.

Melipona asilvai Moure, commonly known as munduri, is a native stingless bee

in the northeastern semiarid region of Brazil that, although popularly known, has been

poorly studied in relation to its bee products (honey, pollen or geopropolis). This species

naturally inhabits regions of the Brazilian caatinga, including areas of low thorn scrub

forest (caatinga baixa), reaching an elevation of 500 m. In the state of Bahia, in the

semiarid region, it stands out as one of the most farmed species in the genus for the

production of honey. The species of Melipona are in rapid decline due to negative

influences of humans on the environment where they live, and M. asilvai is a threatened

species (Souza et al., 2009).

Pollen content analyses of apiculture/meliponiculture products are mainly

conducted to determine the origin of floral sources used by bees to make these products

(Bryant, Jr. & Jones, 2001). This knowledge is of fundamental importance in designing

conservation and management strategies for these insects, and also for the preservation

and the multiplication of potential bee plants, which helps in the establishment of

sustainable apiculture (Hower, 1953).

Page 22: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

10

Thus, the objectives of the present study were to infer the composition of the flora

visited by M. asilvai in a region of caatinga in the state of Bahia, Brazil, based on the

pollen spectrum diagnosed in pollen samples, and to evaluate the contribution of plants

of the genus Mimosa as a source of resources for this bee. The data from this study

contributes to what is known about the caatinga and can also contribute to maintenance

strategies of M. asilvai in this biome.

Page 23: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

11

MATERIAL AND METHODS

Study area

The study was conducted in an experimental area that studies native bees in a

region of caatinga. The meliponary is in the municipality of Conceição do Coité, in the

Salgadália district, Bahia, Brazil (Figure 1). The municipality is situated in the semi-arid

region of the state of Bahia, which has an area of 1,016.00 km2. The location (11° 33' 50''

S, 39° 16' 58'' W) has an elevation of approximately 440m (SEI, 2014). The district of

Salgadália is located in a rural zone in the most eastern part of the municipality.

According to Köppen-Geiger, the climate in the region is classified as BSh (hot

steppe with low latitude and altitude) and has an average temperature of 22.3 °C. There

is little rainfall throughout the year, with an annual average of 585 mm, characterized by

an unequal rainfall distribution with long periods of drought (Climate-Data. Org, 2015).

During the sample period, second National Institute of Meteorology, the average

temperature was 25.7 °C (lowest 22.5 °C in Aug/12, highest 29.1 °C in Mar/13), and the

average monthly rainfall was 43.8 mm, with no rain in Dec/12 and 114 mm of rain (the

most during the study) in Jan/14 (Figure 2).

Sample collection and palynological processing

Four hives of M. asilvai were evaluated. To obtain the monthly samples, a blend

of the four hives was made, with the objective of guaranteeing the quantity of material

necessary for palynological processing.

The collections were made from April/2012 to May/2014, totaling 24 months

sampled. For all collections, the hives were photographed to record the internal

architecture of the colony and monitor the emergence of new pots. In each colony, one

pollen pot was selected to obtain the sample; all the pollen material was collected each

month so there was no contamination with material deposited in the following month. For

some months, due to the lack of pollen sediment in the pots or absence of the pot in the

pots selected for each colony, new pots were selected to collect material; these were

selected by observing photographs of the colony architecture.

Thus, 24 samples of pollen sediment were analyzed (on per month), from hives of

M. asilvai located in an area of caatinga. The collections were made with disposable

Page 24: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

12

plastic spoons, put in jars with lids, identified and stored in a refrigerator.

Palynological processing was conducted in the Plant Micromorphology

Laboratory (LAMIV) at the Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) following

the technique described by Novais and Absy (2013). Using the pollen sediment from the

acetolysis procedure (Erdtman, 1960), four permanent slides of each sample were

mounted using glycerine jelly, of which one was stained with safranin. The slides were

deposited in the pollen collection of LAMIV-UEFS.

Analysis of the samples

With the aid of an optical microscope, 500 pollen grains from each sample were

identified and quantified. The results were expressed as a percentage representing the

frequency of each pollen type in the samples. When possible, the botanical affinity of

each pollen type was identified, based on the recommendations of Santos (2011),

observing the local flora, consulting plant species lists for the region and, subsequently,

comparing the types to slides in the pollen collection at LAMIV-UEFS and to available

pollen catalogs (Roubik & Moreno, 1991; Melhem et al., 2003; Buril et al., 2010; Silva,

2007), notably Lima et al. (2008) for pollen types of Mimosa.

Based on Jones and Bryant (1996), the frequency of occurrence of the pollen types

was classified as rare (<10%), less frequent (10 to 20%), frequent (21 to 50%) and very

frequent (> 50%), which was based on the percentage of occurrence of each pollen type

in the sample set.

Morisita's coefficient (Morisita, 1959) was used to analyze the similarity of the

identified types and the absolute value of the samples, based on the monthly composition

of the pollen spectrum. The analyses were made using the software PAST

(Palaeontological Statistics) version 2.15 (Hammer et al., 2001).

With the list of identified pollen types, the literature was searched for the plant

habit (species and/or genera) of each type to obtain data about the vegetation foraging

layer used by M. asilvai in the study area.

Page 25: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

13

Figure 1. State of Bahia, Brazil, with the identification (•) of the study area. Featured

(with light gray background) location of the Caatinga biome in Brazil.

Page 26: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

14

Figure 2. The relationship between precipitation and temperature (average) in Caatinga

area (Bahia, Brazil) during the period of pollen sampling (Date: National Institute of

Meteorology).

Page 27: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

15

RESULTS

The analyses of pollen from the M. asilvai colonies distinguished 70 pollen types,

of which 48 (68.6%) were identified as belonging to 22 families. The botanical affinities

of the remaining 22 (31.4%) were undetermined (Table 1, Figure 3). The indeterminate

types occurred in 13 samples and had low representativeness when present; most of them

(18 types) had a frequency of less than 5%.

Fabaceae was the most notable family in the pollen spectrum studied, with 14

pollen types or 29.2% of the types identified. Other families also had important

contributions, such as Rubiaceae (four types), Asteraceae (three types), and

Amaranthaceae, Anacardiaceae, Arecaceae, Euphorbiaceae, Lamiaceae,

Melastomataceae, Myrtaceae and Solanaceae (two types each). Each of the remaining

families had only one pollen type.

Mimosa (Fabaceae) was the most notable genus in a number of pollen types, with

the following five types: M. arenosa, M. quadrivalvis, M. misera, M. pudica and M.

tenuiflora. This genus represented 35.7% of the pollen types of the family.

In terms of frequency of pollen types in the sample set (24 months), 20 pollen

types were classified as rare, which were found in less than 10% of the samples. Ten

pollen types were classified as less frequent, 11 as frequent and seven as very frequent.

Among those classified as very frequent, notable types with high frequency of

occurrence throughout the months were the following: M. tenuiflora (Fabaceae), with

91.5%, and encountered in 22 of the 24 months analyzed; Melastomataceae with 83.3%

(20 months); and Angelonia (Plantaginaceae) and Solanum paniculatum (Solanaceae),

both with 70.8% (17 months). The remaining types classified as very frequent had the

following frequencies of occurrence: M. arenosa (Fabaceae) with 66.7% (16 months),

Borreria verticillata (Rubiaceae) with 58.3% (14 months) and Myrcia (Myrtaceae) with

54.2% (13 months).

Some pollen types were an important contribution to the pollen spectrum for the

sample analyzed, especially the types of Mimosa that were found in all of the samples

(Table 1, Figure 4). The type M. tenuiflora was the most notable, with percentages higher

than 50% in ten samples, and reaching values greater than 95% in some of them (Nov/13

with 99.4%, Dec/13 with 99.3%, Jan/14 with 99.8% and Mar/14 with 97.4%). M. arenosa

had a high frequency in one sample (95.7% in Jun/13). Other notable types were

Angelonia in three samples (Apr/12 with 73.6%, May/12 with 52.7% and Jun/12 with

Page 28: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

16

66.7%) and Chamaecrista racemosa with 60.5% (Apr/2013).

An average of 12.5 pollen types was found in the analyzed samples; however,

there was great variation in the quantity of pollen types for each month, including the

indeterminate types. The sample with the highest diversity was Sep/12, with 32 pollen

types, and the sample with the lowest diversity was Jan/14, with only two types and a

predominance of the M. tenuiflora type (99.8%).

The similarity analysis of the samples reflected the pollen composition, with

samples gathered in seven groups (Figure 5). Samples of Sep/12 (32 pollen types) and

Mar/13 (15 pollen types) were placed alone as a group themselves. The formation of one

principal group (F) was observed, which had 84% similarity and consisted of ten samples

with M. tenuiflora >50% (Table 1). Within this group, a subgroup was composed with

those samples where that pollen type is more than 95%.

Another group (B) stood out with approximately 70% similarity, with Apr/12,

May/12, Jun/12 and Feb/14 samples, which shared a significant frequency of Angelonia

in their pollen spectra. Samples Jul/12 (26 types), Aug/12 (23 types), and Set/13 (19

types), from group C, also had approximately 60% similarity, with 12 pollen types in

common that had similar frequencies. With 58% similarity, the group E was formed with

samples of Jul/13 and Jun/13, with four pollen types shared. Finally, the group A, with

an approximate similarity of 35%, was formed of three samples: Feb, Apr and Aug/13,

also sharing four pollen types.

The pollen spectrum in the provisioned pollen revealed that Melipona asilvai uses

the taller plants, trees (9 pollen types) and shrubs (13), for collecting pollen grains. Herbs

were represented by 17 pollen types. Vines (3) and lianas (1) were poorly represented in

the pollen spectrum (Table 1).

Page 29: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Table 1. Pollen spectra of pollen provision of Melipona asilvai, monthly frequency (%), frequency of occurrence (FO) and the habit (H) of the

corresponding taxon of pollen types in each pollen sample collected in the Caatinga of Bahia.

Pollen Types 2012 2013 2014

FO H Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar

Amaranthaceae

Alternanthera 0,2 1,9 0,6 0,2 0,2 0,4 4,0 0,4 F H

Froelichia 0,2 R H

Anacardiaceae

Schinopsis 0,6 R A

Schinus 0,4 2,8 0,5 0,6 IN A

Arecaceae

Cocos nucifera 0,4 0,4 0,2 0,5 IN A

Syagrus coronata 45,6 44,4 R A

Asteraceae

Eupatorium 0,4 0,2 0,6 0,0 IN S

Mikania 0,2 1,6 0,8 0,4 0,2 0,4 F C

Vernonanthura 0,4 0,2 0,2 2,2 2,1 0,2 F S

Capparaceae

Cleome 1,6 R S

Commelinaceae

Commelina erecta 0,2 0,4 0,2 0,2 IN H

Convolvulaceae

Jacquemontia confusa 0,6 0,8 R L

Euphorbiaceae

Croton 0,2 0,2 0,2 0,4 0,2 0,2 F

Euphorbia 26,4 6,9 R

Fabaceae

Chamaecrista sp. 5,6 4,0 9,0 2,6 5,0 1,6 F S

Chamaecrista nictitans 0,2 R S

Chamaecrista racemosa 60,5 0,5 33,5 9,1 1,4 29,6 0,2 F S

Page 30: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Table 1. Continued

Pollen Types 2012 2013 2014

FO H Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar

Fabaceae I 0,2 R

Fabaceae II 3,1 R

Mimosa arenosa 3,6 2,8 0,2 12,2 1,5 1,2 6,8 16,7 0,2 95,7 39,0 5,1 5,9 18,4 4,5 0,6 VF S

Mimosa quadrivalvis 0,4 7,1 2,4 0,2 0,2 7,5 0,2 F S

Mimosa misera 0,2 2,0 IN S

Mimosa pudica 1,6 1,0 0,4 1,5 0,2 2,3 0,2 12,5 1,1 6,5 0,2 0,2 F S

Mimosa tenuiflora 2,2 3,6 0,2 3,8 1,6 53,2 82,1 65,5 89,5 0,2 6,3 0,5 62,4 0,5 2,7 2,3 65,9 99,4 99,3 99,8 3,2 97,4 VF S

Plathymenia reticulata 1,3 2,1 R A

Poeppigia 20,9 R A

Senna macranthera 2,9 2,0 1,2 0,2 IN S

Senna rizzinii 3,0 9,1 R S

Lamiaceae

Hyptis 0,6 8,3 6,0 0,2 8,8 3,6 F A

Salvia 0,2 0,2 R H

Malvaceae

Walteria 1,1 0,4 0,2 0,2 F H

Melastomataceae

Melastomataceae 9,8 15,2 2,8 6,8 4,2 2,6 6,0 8,7 1,8 5,1 44,8 33,9 2,3 22,7 21,3 2,0 0,2 8,9 0,2 VF

Miconia 28,1 R A

Myrtaceae

Myrcia 0,6 6,3 13,9 3,3 0,2 4,6 0,9 0,4 0,2 0,8 0,4 0,2 VF A

Psidium 4,6 R S

Passifloracaeae

Passiflora 0,2 R C

Plantaginaceae

Angelonia 73,6 52,7 66,7 20,2 19,8 1,4 4,8 1,0 0,4 0,9 30,7 0,2 0,3 1,0 2,7 33,7 1,1 VF H

Page 31: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Table 1. Continued

Pollen Types 2012 2013 2014

FO H Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar

Poaceae

Poaceae 0,2 R H

Portulacaceae

Portulaca oleracea 0,2 0,2 0,4 PF H

Rubiaceae

Borreria verticillata 1,4 1,0 21,8 16,7 4,0 0,6 0,2 0,2 17,3 44,0 0,2 0,2 1,2 VF H

Mitracarpus frigidus 0,6 3,5 9,5 IN H

Mitracarpus hirtus 9,7 0,2 R H

Richardia grandiflora 0,2 0,2 0,2 IN H

Rutaceae

Citrus 0,6 3,1 IN S

Sapindaceae

Serjania 0,2 0,2 R C

Solanaceae

Solanum megalonyx 8,8 0,4 5,2 6,5 8,5 4,3 1,0 0,6 2,3 1,7 3,5 F S

Solanum paniculatum 2,6 16,2 7,2 2,7 0,4 0,2 0,6 1,4 22,2 2,1 2,9 2,1 5,1 0,2 2,6 0,2 VF S

Turneraceae

Turnera 4,8 R H

nº of indeterminate 2 6 5 3 7 2 3 3 1 1 1 2 1 -- -

-

Total number of pollen

types 10 16 15 26 23 32 12 5 10 9 8 15 13 6 9 8 14 19 9 4 5 2 14 8 --

-

-

Frequency of occurrence (FO): VF – very frequent (> 50%), F – frequent (> 20–50%), IN – infrequent (> 10–20%) and R – rare (< 10%).

Habit (H): A – Arboreal; S – Shrubby; H – Herbaceous; L – Liana; C – Climber. (after Maia-Silva et al 2012; Lorenzi, 2009; Queiroz, 2009).

Page 32: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

20

Figure 3. Photomicrographs of some pollen types found in Melipona asilvai pollen

samples from Caatinga vegetation, Brazil. Fabaceae: A-B. Chamaecrista racemosa. C.

Mimosa arenosa. D. Mimosa pudica. E. Mimosa tenuiflora. F. Melastomataceae. G.

Myrtaceae: Myrcia H. Plantaginaceae: Angelonia. Rubiaceae: I. Borreria verticillata. J.

Richardia grandiflora. K-L. Solanaceae: Solanum paniculatum. (Scale bars = 20 μm)

Page 33: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

21

Figure 4. Frequence of pollen types of Mimosa (black) in relation to other pollen types

(gray) for pollen samples produced by Melipona asilvai in Caatinga, Bahia, Brazil.

(Number of types of Mimosa/ other pollen per sample)

Page 34: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

22

Figure 5. Similarity dendrogram among pollen samples produced by Melipona asilvai in

Caatinga of Bahia, Brazil. (Groups: letters A-G).

Page 35: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

23

DISCUSSION

The pollen spectrum of the pollen provided by Melipona asilvai included a

significant number of plant species used by this bee as a pollen source. Of the pollen

types, 70.8% represented taxa reported by Santos et al. (2006) as important bee plants in

the semiarid region.

Despite the large diversity of resources used, the specialist behavior of M. asilvai

can be seen in the analysis of the monthly pollen spectrum, which shows the intense

exploration of resources of only a few floral sources. Although bees of the genus

Melipona have generalist foraging habits, in certain local contexts they are selective and

tend to focus on plants with mass flowering (Ramalho et al. 1989). This was verified in

the present study because 60% (15 months) of the 24 months analyzed had over 50% of

only one pollen type in the sample: Mimosa tenuiflora (in 10 months), Angelonia (3

months), M. arenosa and Chamaecrista racemosa (1 month each). The specialist behavior

can also be seen by the small variation in the main floral sources used by these bees,

corroborating the hypothesis of floral preferences of the genus Melipona that was also

verified by Ramalho et al. (2007) in a study conducted in another region of Bahia State.

The predominance of Fabaceae in the pollen spectrum, especially the quantity of

types identified (14) and the significant participation of these types within each sample,

was expected. This corroborates the results of previous studies that verified the

importance of this family in the constitution of the pollen spectrum of honey, pollen and

propolis, which were conducted in the Northeast Region of Brazil (e.g., Carvalho et al.

2001; Borges, 2013; Conceição, 2013; Novais et al. 2013; Alves & Santos, 2014; Silva

& Santos, 2015; Matos & Santos 2016), and other regions of the country (e.g., Oliveira

et al. 2009; Novais & Absy, 2013) and world (e.g., Ramos & Ferreras, 2011; Ramírez-

Arriaga et al., 2011; Costa et al. 2013; Dobre et al. 2013).

Among the Fabaceae, Mimosa stands out as the most representative genus and for

its types identified in all of the samples analyzed (M. arenosa, M. quadrivalvis, M. misera,

M. pudica and M. tenuiflora). Some of these had frequencies above 90% in the pollen

spectrum.

In the caatinga, Mimosa is the genus with the highest diversity and is particularly

well represented in dry areas (Queiroz, 2009). Ramalho et al. (1990) considered the genus

the most important in the family, both for native bees and Apis mellifera in the neotropical

region. Frequently, the genus is cited among the resources used by bees in the caatinga

Page 36: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

24

(Lima, 2007; Novais et al. 2010; Oliveira et al. 2010), which is probably associated with

the wide distribution of its species, mainly in the semiarid region of Brazil, and its

productivity that guarantees the availability of pollen and/or nectar (Lima et al. 2006).

Mimosa tenuiflora (Wild) Poir. is a shrub or tree, 2.5–5 m tall, a typical caatinga

species in areas subjected to dry periods and has the ability to colonize degraded areas

and form dense, shrubby, nearly homogenous thickets (Queiroz, 2009). This distribution

pattern, associated with massive flower production, can guarantee resources (pollen and

nectar) in large quantities to bees. In addition, this species flowers throughout the year,

both in the rainy season and the dry season (predominantly) (Maia-Silva et al. 2012),

which explains the occurrence of this pollen type in 91.6% of the samples and the high

percentages during the study period. In some months, even when there was low rainfall,

there were high percentages of M. tenuiflora in the pollen spectrum (e.g., Oct/12 with

53.2%, Dec/12 with 65.5%, Jan/14 with 99.8% and Mar/14 with 97.4%).

The contribution of M. tenuiflora can be seen in the similarity analysis, in which

the principal group (E) comprises the samples of this pollen type with percentages above

50%, and a similarity index of 84%, highlighting the important participation of M.

tenuiflora as a source or resources for M. asilvai in the area of caatinga studied.

Mimosa arenosa (Wild) Poir. is a small tree or shrub that is 2–6 m tall. In the

caatinga, it is usually an invasive species where it occupies cultivated areas that have been

abandoned, mainly in regions with sandy soil subjected to periodic inundation (Queiroz,

2009). Its pollen type was very frequent in the sample set. For beekeepers, this species is

very important for promoting stingless bees, and it is recommended to plant it in areas

with native bees (Maia-Silva et al., 2012).

Mimosa pudica L. is an invasive species that frequently colonizes degraded areas

and the sides of roads. It is one of the most widely distributed species in the genus and is

a subshrub (Queiroz, 2009). The pollen type of M. pudica can be confused with M.

sensitiva L., which has the same distribution characteristics, and M. scrabella Benth. that

is restricted to the South and Southeast regions of the country (Lima et al. 2006, 2008).

Its pollen type was registered in 50% of the samples, but with low percentages (<10%).

Mimosa quadrivalvis L. is a herb or subshrub that occurs in anthropized areas

(Queiroz, 2009), so its presence in the spectrum may be an indication of a degraded area

(Oliveira e Santos, 2014). The pollen and the nectar of its flowers attract floral visitors

and native bees. It is recommended to plant this species in gardens with other bee plants

to promote the presence of stingless bees. In this study, its pollen type was frequent in the

Page 37: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

25

samples, but with low frequency (<10%), something that was also found in Apis mellifera

honey produced in Bahia (Oliveira & Santos, 2014).

Mimosa misera Benth. is a subshrub that occurs principally in areas with sandy

soil in the caatinga (Queiroz, 2009). It is a polliniferous species with high apiculture

potential and is known for adding protein value to honey (Lima, 2007). In this study, it

was registered in only three samples and in low concentrations.

To determine the monofloral origin of bee products, it is necessary to consider the

floral biology aspects of the respective species associated with the pollen types. Some

species of Mimosa are highly representative in these products because they are

polliniferous species (Louveaux et al. 1978; Barth, 1989; Lima, 2007). According to

Barth (1989), an occurrence of 98% in the pollen spectrum is indicative of a monofloral

origin of the product. Therefore, considering the contribution of M. tenuiflora in the

pollen spectrum of some samples of the pollen analysis (Nov/13 with 99.4%, Dec/13 with

99.3% and Jan/14 with 99.8%), a monofloral origin can be inferred for these samples.

The Angelonia (Plantaginaceae, previously Scrophulariaceae) type was important

in the pollen spectrum because it was very frequent with a contribution above 50% in

three consecutive months (Apr/12 with 73.6%, May/12 with 52.7% and Jun/12 with

66.7%). Souza et al. (2002) identified species of this genus for the caatinga, some endemic

and some widely distributed, such as Angelonia campestris Nees & Mart. that occurs in

open and shrubby caatinga. Melittophilous species of Angelonia with herb and shrub

habits were identified by Machado and Lopes (2006), and this pollen type was recorded

in honey by Oliveira et al. (2010), which were studies conducted in the caatinga of Brazil.

Even with a low contribution per sample, some pollen types were very frequent in

the sample set: Melastomataceae type with a frequency of 83.3%, Solanum paniculatum

(Solanaceae) type with 70.8%, Borreria verticillata (Rubiaceae) type with 58.3% and

Myrcia (Myrtaceae) type with 54.1%. The taxa corresponding to these pollen types are

considered key species to the bees because they ensure resources over time, including

times of shortage. These species are important to the apiculture/meliponiculture activities

in caatinga, and these pollen types have been identified in other works conducted in this

biome (Oliveira et al. 2010; Dórea et al. 2013; Novais et al. 2014).

By characterizing the growth habit of the species and/or genera identified in the

pollen spectrum it is possible to infer the domain of herbaceous and shrubby plants that

are evidently abundant in areas of open vegetation (Ramalho et al. 1990), such as the

vegetation type encountered in the study region. Ramalho et al. (1989) noted that

Page 38: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

26

Melipona bees prefer shrubs and trees for foraging. The pollen types of Mimosa, which

stood out in the pollen spectrum, are represented by shrubs, confirming M. asilvai

preference for this plant habit.

Page 39: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

27

REFERENCES

Alves RF, Santos FAR. 2014. Plant sources for bee pollen load production in Sergipe,

northeast Brazil. Palynology 38: 90–100.

Barth OM. 1989. O pólen no mel brasileiro. Rio de Janeiro: Gráfica Luxor.

Borges RLB. 2013. Biodiversidade botânica presente nos méis do estado do Piauí, Brasil:

inferência palinológica. PhD Thesis, Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de

Santana, Brazil.

Bryant Jr. VM, Jones GD. 2001. The r-values of honey: pollen coefficients. Palynology

25: 11–28.

Buril MT, Santos FAR, Alves M. 2010. Diversidade polínica das Mimosoideae

(Leguminosae) ocorrentes em uma área de caatinga, Pernambuco, Brasil. Acta Botanica

Brasílica (Press) 24: 53–64.

Carvalho CAL de, Moreti ACCC, Marchini LC, Alves RM de; Oliveira PCF de. 2001.

Pollen spectrum of honey of “Uruçu” bee (Melipona scutellaris Latreille, 1811). Revista

Brasileira de Biologia 61(1): 63–67.

Carvalho CAL, Marchini LC. 1999. Plantas visitadas por Apis mellifera L. no vale do rio

Paraguaçu, município de Castro Alves, Bahia. Revista Brasileira de Botânica 22: 333–

338.

Climate-Data.Org. 2015. Clima: nova ponte. http://pt.climate-data.org/location/42882/;

accessed 29 May. 2016.

Conceição PJ. 2013. Levantamento florístico e perfil botânico do pólen (samburá) da

abelha Melipona quadrifasciata anthidioides Lepeletier, 1836 (Hymenoptera: Apidae) da

região semiárida, estado da Bahia. Masters dissertation, Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil.

Costa MC, Vergara-Roig VA, Kivatinitz SC. 2013. A melissopalynological study of

artisanal honey produced in Catamarca (Argentina). Grana 52 (3): 229–237.

Dobre I, Alexe P, Escuredo O, Seijo CM. 2013. Palynological evaluation of selected

honeys from Romania. Grana 52(2): 113–121.

Dórea MC, Aguiar CML, Figueroa LER, Lima LCL, Santos FAR. 2013. A study of pollen

residues in nests of Centris trigonoides Lepeletier (Hymenoptera, Apidae, Centridini) in

the Caatinga vegetation, Bahia, Brazil. Grana. 52(2): 122–128.

Erdtman G. 1960. The acetolysis method. A revised description. Svensk Botanisk

Tidskrift 39: 561–564.

Giulietti AM, Du Bocage Neta AL, Castro AAJF, Gamarra-Rojas CFL, Sampaio EVSB,

Virgínio JF, Queiroz LP, Figueiredo MA, Rodal MJN, Barbosa MRV, Harley RM. 2004.

Diagnóstico da vegetação nativa do bioma caatinga. In: Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca

MT, Lins LV, orgs. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e Ações Prioritárias para a

Conservação, 47–90. Brasília, DF: MMA.

Hammer O, Harper DAT, Ryan PD. 2001. PAST: Paleontological Statistics Software

Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4: 1–9.

Hower FN. 1953. Plantas melíferas. Barcelona: Reverté.

Jones GD, Bryant VM Jr. 1996. Melissopalynology. In: Jansonius J, McGregor DC, eds.

Page 40: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

28

Palynology, principles and applications, 933–938. Dollas: American Association of

Stratigraphic Palynologists Foundation.

Lima LCL, Silva FHM, Araujo SS, Santos FAR. 2006. Morfologia polínica de espécie de

Mimosa L. (Leguminosae) apícolas do semiárido. In: Santos FAR, ed. Apium plantae,

87–102. Recife: IMSEAR.

Lima LCL, Silva FHM, Santos FAR. 2008. Palinologia de espécies de Mimosa L.

(Leguminosae - Mimosoideae) do semi-árido brasileiro. Acta Botânica Brasílica 22: 794–

805.

Lima LCL. 2007. Espécies de Mimosa L. (Leguminosae) do semiárido nordestino:

palinologia, fenologia, biologia floral e potencial apícola. PhD Thesis, Universidade

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Brasil.

Lorenzi H. 2009. Árvores brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. vol. 3, Nova Odessa: Editora Plantarum.

Lorenzon MCA, Matrangolo CAR, Schoereder JH. 2003. Flora visitada por abelhas

eussociais (Hymenoptera, Apidae) na Serra da Capivara, em Caatinga do Sul do Piauí.

Neotropical Entomology 32: 27–36.

Louveaux J, Maurizio A, Vorwohl G. 1978. Methods of melissopalynology. Bee World

59: 139–157.

Machado IC, Lopes AV. 2006. Melitofilia em espécies de Caatinga em Pernambuco e

estudos relacionados existentes no ecossistema. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 33–

60. Recife: IMSEAR.

Maia-Silva C, Silva CIS, Hrncir M, Queiroz RTQ, Imperatriz-Fonseca VL. 2012. Guia

de plantas visitadas por abelhas na Caatinga. Fortaleza: Editora Fundação Brasil Cidadão.

Matos VR, Santos FAR. 2016. Pollen in honey of Melipona scutellaris L. (Hymenoptera:

Apidae) in an Atlantic rainforest area in Bahia, Brazil. Palynology 40, no prelo. doi:

10.1080/01916122.2015.1115434

Melhem TS, Cruz-Barros MAV, Corrêa AMS, Makino-Watanabe H, Silvestre-Capelato

MSF, Gonçalves-Esteves VL. 2003. Variabilidade polínica em plantas de Campos do

Jordão (São Paulo, Brasil). Boletim do Instituto de Botânica 16: 1–104.

Morisita M. 1959. Measuring the dispersion and the analysis of distribution patterns.

Memoires of the Faculty of Science, Kyushu University, Series E. Biology 2: 215–235.

Novais JS, Absy ML. 2013. Palynological examination of the pollen pots of native

stingless bees from the Lower Amazon region in Pará, Brazil. Palynology 37(2): 218–

230.

Novais JS, Absy ML, Santos FAR. 2013. Pollen grains in honeys produced by

Tetragonisca angustula (Latreille,1811) (Hymenoptera: Apidae) in tropical semi-arid

areas of north-eastern Brazil. Arthropod Plant Interactions 7: 619–632.

Novais JS, Absy ML, Santos FAR. 2014. Pollen types collected by Tetragonisca

angustula (Hymenoptera: Apidae) in dry vegetation in Northeastern Brazil. European

Journal Entomology 111(1): 25–34.

Novais JS, Lima LCL, Santos FAR. 2010. Bee pollen loads and their use in indicating

flowering in the Caatinga region of Brazil. Journal of Arid Environments 74: 1355–1358.

Oliveira FPM, Absy ML, Miranda IS. 2009. Recurso polínico coletado por abelhas sem

Page 41: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

29

ferrão (Apidae, Meliponinae) em um fragmento de floresta na região de Manaus-

Amazonas. Acta Amazonica 39: 505–518.

Oliveira PP, Santos FAR. 2014. Prospecção palinológica em méis da Bahia. Feira de

Santana: Print Mídia Editora.

Oliveira PP, van den Berg C, Santos FAR. 2010. Pollen analysis of honeys from Caatinga

vegetation of the state of Bahia, Brazil. Grana 49: 66–75.

Queiroz LP. 2009. Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: UEFS/Kew: Royal

Botanic Gardens.

Ramalho M, Kleinert-Giovannini A, Imperatriz-Fonseca VL. 1989. Utilization of floral

resources by species of Melipona (Apidae, Meliponinae): floral preferences. Apidologie

20: 185–195

Ramalho M, Kleinert-Giovannini A, Imperatriz-Fonseca VL. 1990. Important bee plants

for stingless bees (Melipona and Trigonini) and Africanized honeybees (Apis mellifera)

in neotropical habitats: A review. Apidologie 21: 469–488.

Ramalho M, Silva MD, Carvalho CAL. 2007. Dinâmica de uso de fontes de pólen por

Melipona scutellaris Latreilla (Hymenoptera: Apidae): Uma análise comparativa com

Apis mellifera L. (Hymenoptera: Apidae), no domínio tropical atlântico. Neotropical

Entomology 36: 38–45.

Ramírez-Arriaga E, Navarro-Calvo LA, Díaz-Carbajal E. 2011. Botanical

characterisation of Mexican honeys from a subtropical region (Oaxaca) based on pollen

analysis. Grana 50: 40−54.

Ramos IELS, Ferreras CG. 2011. An example of the role of exotic flora in the

geographical characterisation of honey: Schinus molle L. in the Canary Islands (Spain).

Grana 50(2): 136–149.

Rodal, MJN, Sampaio EVSB. 2002. A vegetação da caatinga. In: Sampaio EVSB,

Giulietti AM, Virginio J, Gamarra-Rojas CFL, eds. Vegetação & flora da caatinga, 11–

24. Recife: APNE.

Roubik DW, Moreno PJE. 1991. Pollen and spores of Barro Colorado Island. St. Louis:

Missouri Botanical Garden.

Santos FAR, Oliveira JM, Oliveira PP, Leite KRB, Carneiro CE. 2006. Plantas do

semiárido importantes para as abelhas. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 61–86.

Recife: IMSEAR.

Santos FAR. 2011. Identificação botânica do pólen apícola. Magistra 23: 4–9.

[SEI] Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. 2014. Anuário

Estatístico da Bahia, v. 27. Salvador: SEI.

Silva APC, Santos FAR. 2015. Espectro polínico do mel do semiárido sergipano. In:

Santos FAR, Carneio CE, orgs. De melle semiaridi: analisando o mel nordestino, 121–

170. Salvador: EDUFBA.

Silva FHM. 2007. Contribuição à palinologia das caatingas. PhD Thesis, Universidade

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Brazil.

Souza BA, Carvalho CAL, Alves RMO, Dias CS, Clarton L. 2009. Munduri (Melipona

asilvai): a abelha sestrosa. Série Meliponicultura. Cruz das Almas: Universidade Federal

do Recôncavo Baiano.

Page 42: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

30

Souza VC, Harley RM, Giulietti, AM. 2002. Distribuição das espécies de

Scrophulariaceae. In: Sampaio EVSB, Giulietti AM, Virginio J, Gamarra-Rojas CFL, eds.

Vegetação & flora da caatinga, 159–162. Recife: APNE.

Tabarelli M, Vicente A. 2002. Lacunas de conhecimentos sobre as plantas lenhosas da

Caatinga. In: Sampaio EVSB, Giulietti AM, Virginio J, Gamarra-Rojas CFL, eds.

Vegetação & flora da caatinga, 25–40. Recife: APNE.

Page 43: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

CAPÍTULO 2

Recursos florais utilizados por Melipona asilvai Moure (Hymenoptera:

Apidae) para a produção do mel em uma área de caatinga da Bahia,

Brasil

Page 44: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

32

RESUMO

Melipona asilvai é uma abelha nativa, sem ferrão, que habita naturalmente regiões da

caatinga, onde encontra um conjunto de espécies vegetais que fornecem recursos para sua

alimentação e a manutenção dos seus ninhos. Uma das formas de inferir a flora

meliponícola de uma região é através da análise palinológica dos produtos das abelhas.

Com o objetivo principal de identificar os recursos florais utilizados por M. asilvai na

produção do mel, 24 amostras desse produto foram analisadas, coletadas mensalmente

diretamente dos potes de mel das colônias localizadas em uma área de caatinga da Bahia,

Brasil. No total foram identificados 54 tipos polínicos, distribuídos em 24 famílias

botânicas, sendo a família Fabaceae o destaque no espectro polínico, com 13 tipos e

ocorrência em todas as amostras analisadas. Outras famílias que também se destacaram

em número de tipos identificados foram Rubiaceae (6), Malvaceae (4), Amaranthaceae

(3), Asteraceae (3) e Euphorbiaceae (3). Os tipos Alternanthera, Melastomataceae,

Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea foram considerados os mais significativos nas

amostras de mel analisadas, já que foram dominantes em pelo menos uma amostra, além de

serem muito frequentes no conjunto amostral, indicando assim que as espécies

correspondentes aos referidos tipos possuem importância significativa para M. asilvai na

região da caatinga estudada.

Palavras chave: abelha nativa, análise palinológica, tipos polínicos, Fabaceae.

Page 45: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

33

ABSTRACT

Melipona asilvai is a native stingless bee in regions of caatinga and occurs with plant

species that provide resources this bee uses as food and to maintain its nests. One way to

infer the bee flora of a region is to conduct a palynological analysis of bee products. With

the objective of identifying the floral resources used by M. asilvai to produce honey, 24

samples of this product were analyzed, which were collected monthly directly from honey

pots of a colony in an area of caatinga in Bahia, Brazil. In total, 54 pollen types distributed

in 24 families were identified. The family Fabaceae was notable in the pollen spectrum,

with 13 types, and occurred in all of the samples analyzed. Other families that were also

notable in relation to the number of types identified were Rubiaceae (6), Malvaceae (4),

Amaranthaceae (3), Asteraceae (3) and Euphorbiaceae (3). The Alternanthera,

Melastomataceae, Mimosa tenuiflora and Portulaca oleracea types were considered the

most significant in the honey samples analyzed because they were dominant in at least

one sample and were very frequent in the sample set, indicating that the species

corresponding to these types are significantly important to M. asilvai in the region of

caatinga studied.

Keywords: native bees, palynological analysis, pollen types, Fabaceae.

Page 46: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

34

INTRODUÇÃO

As abelhas visitam flores para obter néctar, pólen, óleo e resina, recursos

necessários à manutenção de suas colônias e suas atividades reprodutivas (Roubik, 1989).

Para a produção de mel, as abelhas coletam o néctar das flores e transportam

involuntariamente o pólen, que é adicionado ao mel quando o néctar é regurgitado nos

alvéolos ou nos potes de mel das colônias, configurando-se em uma contaminação que

acontece de forma natural (Borges et al., 2006).

Pela análise do conteúdo polínico dos produtos das abelhas é possível inferir as

fontes florais utilizadas por esses insetos como fonte de recursos para a colmeia, seja do

mel, pólen ou própolis. Em adição, o pólen torna-se um importante indicador da origem

botânica e geográfica desses produtos (Moar, 1985; Freitas & Silva, 2006).

A identificação das plantas visitadas pelas abelhas é de importância fundamental

para a atividade apícola/meliponícola. Esses dados podem contribuir para a maximização

da utilização dos recursos naturais de forma sustentável, além de proporcionar tanto a

manutenção do pasto apícola/meliponícola como a sua implantação, principalmente em

áreas de vegetação natural (Hower, 1953). Além disso, essas informações podem ainda

indicar uma série de plantas importantes para as abelhas, cujo papel é subestimado ou até

mesmo ignorado (Santos et al., 2006).

A flora brasileira possui um grande potencial para a produção apícola decorrente

de fatores como a sua grande diversidade de plantas, atrelados à extensão territorial do

país e às suas variabilidades climáticas (Marchini, 2001). Na região Nordeste, esse

potencial também é destacado, devido à riqueza de sua flora e à diversidade de abelhas

encontradas, incluindo uma série de abelhas nativas, além de possuir um clima favorável

(Santos et al., 2006). A região da caatinga, bioma que cobre a maior parte do nordeste do

país, é apontada como a maior responsável pela produção de mel e de cera de abelha,

embora o potencial apícola/meliponícola dessa formação vegetal seja ainda pouco

conhecido (Freitas, 1991).

Com o intuito de preencher lacunas do conhecimento sobre a flora local de

importância para as abelhas, especialmente as abelhas nativas, a análise palinológica de

amostras de mel de Melipona asilvai Moure (abelha munduri) foi realizada para

determinar o espectro polínico desse produto, indicar os tipos polínicos mais

representativos e relacioná-los com a flora meliponícola da região, com destaque para a

identificação dos principais recursos florais utilizados pelas abelhas na região da caatinga

estudada.

Page 47: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

35

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O meliponário encontra-se situado no Distrito de Salgadália, na zona rural do

município de Conceição do Coité, Bahia, Brasil (Figura 1). Sua localização geográfica é

11° 33' 50'' Latitude Sul e 39° 16' 58'' Longitude Oeste, altitude de 440 m. O município

está situado na região do semiárido do estado da Bahia, numa região conhecida pela

produção de sisal (Agave sisalana Perrine), com predominância da vegetação caatinga, e

pertencente ao Território de Identidade do Sisal, com uma área de 1.016,00 km2 (SEI,

2014).

Segundo Köppen-Geiger, a região possui um clima árido (seco e quente), com

precipitação anual compreendida entre 380 e 760 mm e temperatura média anual superior

a 18 °C. O clima é classificado como BSh (clima das estepes quentes de baixa latitude e

altitude) (Climate-Data.Org, 2015). Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia a

temperatura média registrada no período de coleta foi de 25,7 °C, com mínima de 22,5

°C em agosto/12 e máxima de 29,1 °C em março/13, e média de precipitação mensal de

43,8 mm, com a ausência de chuvas em dezembro/12 e o maior registro em janeiro/14,

com 114 mm (Capítulo 1).

Coleta das amostras

Um total de 24 amostras foi coletado entre abril/2012 a maio/2014. Para obtenção

das amostras, um blend da produção mensal de potes de mel, previamente selecionados,

de quatro caixas de Melipona asilvai foi realizado para garantir a quantidade de material

necessário para o processamento palinológico. Mensalmente as caixas foram fotografadas

para o acompanhamento da arquitetura interna dos ninhos e procedimentos de coletas. De

cada caixa, todo o material foi extraído dos potes selecionados com o auxílio de seringas

descartáveis. Preferencialmente, as amostras foram obtidas dos mesmos potes de mel e,

quando não foi possível, novos potes foram selecionados observando a arquitetura interna

dos ninhos nos registros fotográficos e considerando também a coloração mais clara dos

opérculos recentemente fechados. As amostras foram armazenadas em frascos com

tampa, devidamente identificados e, posteriormente, acondicionados em refrigeração.

Page 48: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

36

Processamento palinológico

Em laboratório, sempre que possível, 5,0 g de mel por amostra foram diluídos em

água (Louveaux et al., 1978) e, em seguida, em etanol 95%, para minimizar a perda dos

grãos de pólen após as centrifugações durante o descarte do liquido sobrenadante (Jones

& Bryant, 2004). O sedimento polínico foi submetido à acetólise (Erdtman, 1960). Com

o conteúdo resultante, foram montadas quatro lâminas permanentes para serem

submetidas às análises microscópicas. Todo o processamento palinológico foi realizado

no Laboratório de Micromorfologia Vegetal (LAMIV) da Universidade Estadual de Feira

de Santana (UEFS) e as lâminas depositadas na Palinoteca do LAMIV-UEFS.

Análise dos dados

Para a obtenção do espectro polínico das amostras, um mínimo de 500 grãos de

pólen foram contados. O reconhecimento dos tipos polínicos foi realizado por observação

da flora local, consulta de listas de espécies vegetais encontradas na região, comparação

com lâminas depositadas na Palinoteca do LAMIV-UEFS e com o auxílio dos catálogos

polínicos disponíveis (Roubik & Moreno, 1991; Melhem et al., 2003; Silva, 2007; Lima

et al., 2008).

Os tipos polínicos foram classificados segundo as categorias estabelecidas por

Louveaux et al. (1978), de acordo com o número de grãos de pólen identificados na

amostra, sendo: pólen dominante (>45%), pólen acessório (16-45%), pólen isolado

importante (3-15%), pólen isolado ocasional (1-3%) e pólen traço (<1%). A frequência

de ocorrência dos tipos polínicos no conjunto amostral foi estabelecida conforme Jones e

Bryant Jr. (1996): muito frequente (>50%), frequente (20-50%), pouco frequente (10-

20%) e raro (<10%).

Com a lista de tipos polínicos identificados, foi realizada uma busca na literatura

sobre o hábito e recursos florais das plantas com afinidade a cada tipo polínico, buscando

as espécies e/ou gêneros que ocorrem na caatinga e que são comumente citados em

trabalhos de flora apícola/meliponícola, obtendo assim dados sobre o estrato vegetacional

de forrageamento da abelha M. asilvai na área estudada e os seus principais recursos

utilizados.

Page 49: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

37

Figura 1. Localização da área de coleta das amostras de mel de Melipona asilvai. A –

Mapa do Brasil B – Estado da Bahia, com destaque para o município de Conceição do

Coite ( ).

Page 50: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

38

RESULTADOS

O espectro polínico do mel produzido por M. asilvai foi composto por 71 tipos

polínicos, dos quais 54 (76%) tipos tiveram a sua afinidade botânica determinada (Tabelas

1 e 2, Figura 2). Uma média de 16,2 tipos polínicos foi encontrada por amostra, variando

de um total de 10 tipos polínicos na amostra de dez/12 a 26 na de jan/14 (Tabela 2).

Os tipos polínicos identificados possuem afinidade botânica com 24 famílias,

sendo a família Fabaceae o destaque na composição polínica das amostras de mel, com

uma representatividade de 13 (18,3%) tipos polínicos e com ocorrência em todas as

amostras. As demais famílias que se destacaram em número de tipos foram Rubiaceae

(6), Malvaceae (4), Amaranthaceae (3), Asteraceae (3) e Euphorbiaceae (3). Outras 18

famílias contribuíram com um ou dois tipos polínicos cada (Tabela 1).

Dos 54 tipos identificados, 12 deles foram considerados muito frequentes no

conjunto amostral (>50%), com destaque para os tipos Melastomataceae, com frequência

de 100%, Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea com 95,8%, Alternanthera com 87,5%,

Angelonia, Borreria verticillata, Mimosa arenosa e Solanum paniculatum com 70,8%

cada. Outros quatro tipos polínicos foram considerados como muito frequentes:

Chamaecrista racemosa (62,5%), Mimosa quadrivalvis (58,3%) Croton e Herissantia

(54,2% cada). Os demais tipos polínicos foram distribuídos da seguinte maneira: onze

frequentes, nove pouco frequentes e 22 raros (Tabela 1).

Em onze (45,8%) das 24 amostras, houve sempre a presença de um dos seguintes

tipos polínicos dominantes: Portulaca oleracea em quatro amostras, Melastomataceae e

Mimosa tenuiflora em três amostras cada e Alternanthera em uma amostra. Esses tipos

polínicos ocorreram juntos em 87,5% das amostras e contribuíram com mais de 50% do

espectro polínico em 15 (62,5%) amostras analisadas. Esses tipos polínicos juntos

representaram 94,8% no espectro polínico da amostra de mel de set/2013, e sua menor

representatividade foi na amostra de mai/2012, que somaram 11,8% (Figura 3).

A presença de pólen acessório foi registrada em vinte amostras, na maioria delas

(13) mais de um tipo foi enquadrado nessa categoria: o tipo Melastomataceae em dez

amostras, Angelonia e Portulaca oleracea em seis amostras cada, Mimosa tenuiflora em

quatro amostras, Alternanthera em três amostras, Mimosa arenosa e Solanum

paniculatum em duas amostras cada, Schinus terebinthifolius, Borreria verticillata e

Senna macranthera em uma amostra cada (Tabela 2).

Pela caracterização do hábito de crescimento das principais espécies relacionadas

Page 51: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

39

aos tipos polínicos identificados, foi possível inferir que o estrato vegetacional

preferencial de M. asilvai na área estudada foi composto por um domínio de plantas com

porte herbáceo e arbustivo, ambas representadas por 23 tipos polínicos cada. Com

proporções semelhantes, plantas subarbustivas (14) e arbóreas (15) também foram

verificadas, assim como as trepadeiras (4), porém menos expressivamente (Tabela 1).

Em relação ao tipo de recurso disponibilizado pelas plantas afins aos tipos

polínicos, foi observado que 21 (39,6%) táxons são essencialmente poliníferos, 12

(22,6%) nectaríferos e 19 (35,8%) nectarífero/poliníferos. Foi também encontrado um

tipo polínico (Angelonia) relacionado a plantas que oferecem pólen e principalmente óleo

para as abelhas e outro que oferece os três recursos (óleo, pólen e néctar).

Page 52: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

40

Tabela 1. Espectro polínico do mel produzido por Melipona asilvai em uma região da caatinga da Bahia,

Brasil.

Família Tipos polínicos Amostras por classe**

FO Recurso

Floral Hábito

PD PA PIi PIo Pt

Amaranthaceae Alternanthera 1 3 9 5 3 MF N1 H1

Amaranthus 1 3 PF P2 H3

Gomphrena 2 R P4 Sb/H3

Anacardiaceae Schinus terebinthifolius 1 1 2 PF N/P5 Av5

Spondias tuberosa* 1 R N1 Av1

Arecaceae Cocos nucifera 1 R P5 Av5

Asteraceae Eupatorium 1 1 4 F N/P6 Sb4

Mikania 6 F P7 T8

Vernonanthura 1 4 F N/P8 Av/Ab/H8

Boraginaceae Boraginaceae 1 R P8 H8

Cactaceae Cactaceae 1 R N/P/O9 Av/Ab/Sb/H/T3

Cannabaceae Celtis 3 PF P4 Av/Ab3

Commelinaceae Commelina erecta* 1 R N1 H1

Euphorbiaceae Croton* 3 4 6 MF N/P5 Av5

Euphorbia 3 1 PF P8 Ab8

Euphorbiaceae 1 R N/P5 Av/Ab/Sb/H/T3

Fabaceae Aeschynomene 2 R N10 Ab/Sb/H7

Anadenanthera colubrina* 1 R N/P11 Av7

Chamaecrista nictitans 1 R P12 H7

Chamaecrista racemosa 6 1 8 MF P11 Ab11

Mimosa arenosa* 2 3 2 10 MF N/P1 Av/Ab7

M. misera 1 R P4 Sb7

M. pudica 1 1 5 F P4 Sb7

M. quadrivalvis* 3 4 7 MF N/P1 Sb/H7

M. somnians 1 R P6 Sb7

M. tenuiflora* 3 4 6 4 6 MF N/P1 Ab7

Piptadenia stipulacea 1 R N/P2 Ab7

Senna macranthera* 1 2 1 2 F P11 Ab7

Senna rizzinii 1 R P11 Ab7

Lamiaceae Hyptis* 2 1 6 F N1 H8

Salvia 1 R N4 Ab/Sb/H3

Malvaceae Herissantia* 1 3 9 MF P11 H11

Waltheria I* 2 6 F N/P5 Sb1

Waltheria II* 1 1 R N/P5 Sb1

Sida* 1 R N/P1 Ab/Sb1

Melastomataceae Melastomataceae 3 10 11 MF P13 Av/ H8

Meliaceae Trichilia 2 R N13 Av/Ab3

Page 53: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

41

Tabela 1. Continuação

Família Tipos polínicos Amostras por classe**

FO Recurso

Floral Hábito

PD PA PIi PIo Pt

Myrtaceae Myrcia 2 2 8 F N/P6 Av7

Psidium guajava 1 R P5 Av5

Plantaginaceae Angelonia 6 5 2 4 MF P/O12,11 Ab/H11

Poaceae Poaceae 4 PF P6 H4

Portulacaceae Portulaca oleracea* 4 6 7 3 3 MF P5 H5

Rubiaceae Borreria 3 1 2 F N/P14 H5

Borreria verticillata* 1 3 4 9 MF N/P14 H5

Mitracarpus frigidus 1 2 PF N4 Ab4

M. hirtus 2 3 F N4 Ab4

M. salzmannianus 1 R N4 Ab4

Richardia grandiflora* 3 PF N/P5 H5

Rutaceae Citrus 3 PF N5 Av/Ab5,8

Sapindaceae Paulinia 1 R N4 Ab/Sb/T3

Solanaceae Solanum megalonix 4 2 2 F P5 Ab5

Solanum paniculatum* 2 8 2 5 MF P2 Ab5

Talinaceae Talinum triangulare* 3 PF N/P5 H5

Turneraceae Turnera 1 1 R N/P1 H5

(*) Tipos polínicos correspondentes às espécies importantes para as abelhas na região da caatinga, segundo Maia-Silva et al., 2012.

(**) Número de tipos polínicos nas respectivas classes de frequência.

Classes de frequência: pólen dominante (PD); pólen acessório (PA); pólen isolado importante (PIi); pólen isolado ocasional (PIo);

pólen traço (Pt).

Frequência de ocorrência (FO): muito frequente (MF); frequente (F); pouco frequente (PF); raro (R).

Recursos florais: néctar (N), pólen (P) e óleo (O).

Hábito: árvore (Av); arbusto (Ab); subarbusto (Sb); herbácea (H) e trepadeira (T).

Referências consultadas para recursos florais e hábito: 1 – Maia-Silva et al., 2012; 2 – Tabatinga Filho, 2013; 3 – Flora do Brasil; 4

– Matos & Santos, 2016a; 5 – Conceição, 2013; 6 – Souza et al., 2009; 7 – Queiroz, 2009, 8 – Modro et al., 2011; 9 – Quirino, 2006;

10 – Dórea et al., 2010; 11 – Machado e Lopes, 2006; 12 – Aguiar et al., 2003; 13 – Tavares, 2011. 14 – Freitas & Silva, 2006;

Page 54: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

42

Tabela 2. Perfil polínico das amostras de mel produzidas por Melipona asilvai em uma área da caatinga da

Bahia, Brasil.

Amostras

Total

de

tipos

Tipos

indet.

Nº de

Famílias

Nº de

tipos de

Fabaceae

Tipos polínicos por Classe de Frequência

Pólen

Dominante

Pólen

Acessório PIi* Pio* Pt*

abr/12 15 -- 12 3 -- Angelonia

Schinus terebinthifolius

5 2 6

mai/12 21 1 14 3 -- Angelonia

Senna macranthera

4 4 10

jun/12 22 3 12 5 -- Angelonia

Melastomataceae

5 4 8

jul/12 20 3 12 2 -- Melastomataceae 7 4 5

ago/12 18 2 11 4 -- Angelonia

Borreria verticillata

Portulaca oleracea

6 2 5

set/12 20 3 12 3 -- Angelonia

Melastomataceae

4 3 8

out/12 21 2 13 4 Portulaca oleracea -- 6 4 8

nov/12 13 1 10 3 Melastomataceae Mimosa tenuiflora

Portulaca oleracea

2 -- 7

dez/12 10 2 8 1 -- Melastomataceae

Mimosa tenuiflora

Portulaca oleracea

1 2 2

jan/13 15 2 10 3 -- Mimosa tenuiflora

Portulaca oleracea

2 2 7

fev/13 11 3 7 2 Melastomataceae -- 5 -- 2

mar/13 17 4 10 4 Melastomataceae Alternanthera 3 3 5

abr/13 14 2 9 4 -- Angelonia

Melastomataceae

5 1 4

mai/13 14 1 9 3 Portulaca oleracea -- 6 1 5

jun/13 17 3 10 5 -- Mimosa arenosa

Solanum paniculatum

3 4 5

jul/13 18 2 10 6 -- Melastomataceae

Mimosa arenosa

Portulaca oleracea

4 -- 9

ago/13 12 -- 10 3 Alternanthera Melastomataceae 1 1 8

set/13 11 -- 9 2 Portulaca oleracea Alternanthera 1 2 6

out/13 11 1 8 2 -- Mimosa tenuiflora

Portulaca oleracea

3 1 4

nov/13 19 2 11 4 Mimosa tenuiflora Melastomataceae 3 1 11

dez/13 17 -- 10 6 Portulaca oleracea Alternanthera 2 4 9

jan/14 26 2 14 7 -- Melastomataceae 7 4 12

fev/14 17 2 8 7 Mimosa tenuiflora -- 3 2 9

mar/14 12 -- 9 4 Mimosa tenuiflora Melastomataceae

Solanum paniculatum

2 1 6

Classe de frequência: pólen isolado importante (PIi); pólen isolado ocasional (Plo); pólen traço (Pt).

(*) número de tipos polínicos na respectiva classe de frequência.

Page 55: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

43

Figura 2. Fotomicrografia de alguns tipos polínicos encontrados nas amostras de mel de

Melipona asilvai originados de uma área de Caatinga, Brasil. A. Amaranthaceae:

Alternanthera. B. Asteraceae: Mikania. Fabaceae: C. Mimosa arenosa. D. Mimosa

tenuiflora. E. Lamiaceae: Hyptis. F. Malvaceae: Sida. G. Melastomataceae. H.

Portulacaceae: Portulaca oleraceae. I. Rubiaceae: Borreria. J-K. Rutaceae: Citrus. L.

Talinaceae: Talinum triangulare. (Escala = 20 μm)

Page 56: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

44

Figura 3. Variação na frequência (%) dos tipos polínicos que foram muito frequentes

(>50%) no conjunto amostral e classificado como pólen dominante em ao menos uma das

amostras de mel de Melipona asilvai ao longo do período de coleta das amostras.

Page 57: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

45

DISCUSSÃO

O espectro polínico do mel produzido por M. asilvai na área de caatinga em estudo

foi composto por uma grande riqueza de tipos polínicos (71 tipos), dentre eles, tipos

correspondentes a espécies pertencentes à lista de plantas importantes para as abelhas da

caatinga (Maia-Silva et al., 2012), como alguns tipos pertencentes às famílias

Anacardiaceae, Commelinaceae Euphorbiaceae, Fabaceae, Lamiaceae, Malvaceae,

Portulacaceae, Rubiaceae, Solanaceae e Talinaceae. Além disso, 83,3% do espectro

polínico encontra-se representado na lista de plantas apícolas/meliponícolas do semiárido

brasileiro (Santos et al., 2006). Assim, verifica-se a representatividade da flora local no

mel analisado.

A caatinga contém uma grande diversidade de espécies vegetais, que incluem um

número expressivo de táxons raros e endêmicos (Giulietti et al., 2004). Contudo, verifica-

se uma mudança nesse padrão, visto que o bioma está passando por um extenso processo

de alteração e deterioração ambiental provocado principalmente pela ação antrópica (Leal

et al., 2003).

No espectro polínico do mel analisado, podem-se verificar traços dessas

alterações, através da caracterização de espécies vegetais que correspondem a alguns

tipos polínicos, como: Mimosa arenosa (Willd.) Poir. que ocorre principalmente como

invasora e ocupa áreas de cultivo abandonadas; Mimosa sensitiva L., espécie invasora,

característica de ambiente antropizado e Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., planta que

apresenta grande capacidade de colonização de áreas degradadas onde forma densas

moitas arbustivas quase homogêneas (Queiroz, 2009).

Tipos polínicos correspondentes a plantas introduzidas e cultivadas também foram

encontradas, como o caso de espécies do gênero Citrus L. e Cocos nucifera L. (Conceição

et al., 2004; Santos et al., 2006). É importante destacar que, apesar de serem

características de ambientes antropizados e refletirem o atual estágio de conservação da

caatinga, essas espécies são importantes como fonte de recursos para as abelhas, visto

que, juntamente com as espécies nativas, garantem a oferta de pólen e néctar para

subsistência das colônias e a sua manutenção no ambiente.

Tipos polínicos pertencentes à Fabaceae são frequentemente encontrados em

trabalhos melissopalinológicos (Borges et al., 2006; Oliveira et al., 2010, Alves & Santos,

2014, Silva & Santos, 2014, Matos & Santos, 2016b). A família foi a mais representativa

no espectro polínico do mel analisado, tanto em número de tipos identificados (13) como

Page 58: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

46

a sua presença em todas as amostras analisadas, com destaque para Mimosa, com seis

tipos reconhecidos e ocorrência também em todas as amostras analisadas. Tipos polínicos

desse gênero são característicos dos méis originados da região nordeste do Brasil (Barth,

2004) confirmando, portanto, a importância de espécies de Fabaceae e do gênero Mimosa

como fonte de recursos para as abelhas.

O tipo Alternanthera corresponde a espécies de porte herbáceo que fornecem

néctar como recurso floral. Segundo Freitas e Silva (2006), espécies correspondentes a

esse tipo, apesar de pouco atrativas e/ou produzirem pouco néctar, tornam-se espécies de

interesse para as abelhas por serem abundantes ou adensadas em certos locais. O seu tipo

polínico foi encontrado com todas as classes de frequências, sendo pólen dominante em

ago/13. Além disso, teve sua ocorrência registrada em 87,5% das amostras, sendo

encontrado também em outros trabalhos desenvolvidos na região da caatinga brasileira

(Dórea et al., 2010; Oliveira et al., 2010)

O tipo correspondente a Portulaca oleracea L. também possuiu um valor

significativo para a produção do mel na região. A espécie tem um importante papel na

meliponicultura, por proporcionar a manutenção e conservação das espécies de abelhas

nativas (Maia-Silva et al., 2012). P. oleracea possui hábito herbáceo e apresenta pólen

como principal recurso. Seu tipo polínico foi registrado como dominante em quatro

amostras e sua frequência no conjunto amostral de 95,8%. Espécies correspondentes a

seu tipo polínico foram visitadas por M. asilvai em outra região do semiárido brasileiro

(Souza et al., 2009) e seu tipo polínico indicado por Borges e Santos (2015) como um dos

principais tipos que ocorrem no mel do semiárido brasileiro.

Melastomataceae foi o único tipo polínico verificado em todas as amostras

analisadas, sendo encontrado como pólen dominante em três delas. Caracteristicamente,

espécies pertencentes a esse tipo são herbáceas ou árvores que oferecem grãos de pólen

aos seus visitantes (Tabela 1). Tipos polínicos associados com essa família são

frequentemente encontrados em trabalhos melissopalinológicos na região nordeste do

Brasil (Jesus et al., 2014; Oliveira & Santos, 2014)

Mimosa tenuiflora é uma espécie muito importante para a manutenção da

biodiversidade e funcionamento do ecossistema, sendo utilizada para a restauração de

áreas degradadas. Essa espécie floresce durante um longo período do ano, porém,

predominantemente, durante a estação seca, fornece pólen e néctar como recursos florais

para muitas espécies de abelhas (Maia-Silva et al., 2012). M. tenuiflora é considerada

uma espécie melitófila muito atrativa devido à organização de suas flores pequenas em

Page 59: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

47

densas inflorescências (Machado & Lopes, 2006). Seu tipo polínico foi registrado em

95,8% das amostras, sendo pólen dominante em três delas. Em estudos desenvolvidos na

região nordeste do Brasil, esse tipo é encontrando no mel (Novais et al., 2013; Jesus et

al., 2014), pólen (Conceição 2013, Alves & Santos, 2014) e própolis (Matos et al., 2014;

Matos & Santos, 2016a), de abelhas nativas ou africanizadas, sendo destacado como

pólen dominante e/ou muito frequente em alguns desses produtos. Indica-se, portanto, M

tenuiflora como um importante fornecedora de recursos para as abelhas.

O néctar é o principal recurso utilizado pelas abelhas para a produção do mel,

sendo frequentemente referido como o mais abundante em espécies de qualquer sistema

de polinização e ecossistemas (Machado & Lopes, 2006, Ramalho et al. 1990). Trabalhos

de levantamento da flora utilizada por abelhas, sejam através de inferências palinológicas

(Dórea et al., 2010; Matos et al., 2016b) ou observação direta de visita às plantas (Aguiar

et al., 2003; Machado & Lopes, 2006), indicam a presença do néctar como o recurso mais

abundante. Contudo, no presente estudo, o espectro polínico apresentou uma relação

maior com espécies essencialmente polinífera ou polinífera/nectaríferas (Tabela 1).

Estudos da biologia floral das espécies poliníferas são necessários para indicar a

sua real importância para produção do mel pelas abelhas como, por exemplo, espécies de

Fabaceae, pertencentes ao gênero Senna Mill. e Chamaecrista Moench, e Solanaceae, do

gênero Solanum L., todas com tipos polínicos encontrados no mel analisado, que possuem

anteras poricidas e são polinizadas por abelhas que vibram o corpo durante a visita

(Aguiar et al., 2003; Machado & Lopes, 2006).

O tipo Angelonia, muito frequente nas amostras analisadas, está relacionado com

espécies que oferecem pólen e, principalmente, óleo como recurso para as abelhas. Esse

tipo de recompensa é essencial para a manutenção das colônias. Espécies correspondentes

a esses tipos foram encontradas em diferentes listas de plantas melitófilas da caatinga de

nordeste (Aguiar et al., 2003; Machado & Lopes, 2006).

Plantas de diferentes hábitos de crescimento, sejam árvores, arbustos, subarbustos,

herbáceas e trepadeiras, são citadas como importantes para as abelhas na área da caatinga

(Maia-Silva et al., 2012). Tipos polínicos relacionados a plantas com esses diferentes

hábitos foram encontrados nas amostras de mel analisadas, sendo evidenciada a utilização

variada da fonte de recursos por M. asilvai quanto ao hábito de crescimento das plantas.

No espectro polínico, houve um predomínio de plantas herbáceas e arbustivas,

destacado tanto com a riqueza de tipos relacionados a essas espécies, como também a

frequência de participação desses tipos, visto que grãos de pólen dominantes e muito

Page 60: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

48

frequente no conjunto amostral estão relacionados com espécies pertencentes aos

referidos hábitos de crescimento, sendo predominantemente herbáceos. Freitas e Silva

(2006) afirmam que plantas com esse hábito apresentam rápido crescimento e propagam-

se velozmente, não estando ameaçadas pela ação do homem, características que

favorecem o potencial apícola/meliponícola dessas plantas. O espectro polínico

encontrado refletiu a composição da flora meliponícola local, que mostra, segundo

Conceição (2013), uma composição florística composta por 61% de espécies herbáceas e

arbustivas.

O estrato vegetacional predominante do local de origem das amostras também foi

refletido em outros trabalhos melissopalinológicos (Alves & Santos, 2014; Silva &

Santos, 2015; Matos & Santos, 2016b). A discriminação de certos recursos florais pelas

abelhas está ligada à abundância (aspectos quantitativos) e produtividade das espécies

vegetais (aspectos qualitativos) (Tepedino & Stanton, 1981) e indica-se, portanto, que a

relação do hábito de crescimento das plantas e a sua disponibilidade de recursos

(quantitativo e qualitativo), presente na flora local, é refletido no espectro polínico dos

produtos das abelhas.

Page 61: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

49

CONCLUSÃO

Com base nas análises realizadas nas amostras de mel de Melipona asilvai, na área

de caatinga, são indicadas como as principais fontes de recursos melíferos as espécies

relacionadas aos tipos Alternanthera (Amaranthaceae), Melastomataceae, Mimosa

tenuiflora (Fabaceae) e Portulaca oleracea (Portulacaceae). Seus tipos polínicos foram

encontrados em alta representatividade nas amostras, em muitas delas ocorreu como

pólen dominante.

Além disso, esses quatro tipos polínicos foram responsáveis pela constituição da

maior parte do espectro polínico da maioria das amostras analisadas, indicando-se assim

essa assembleia polínica como característica do mel da abelha munduri na região sisaleira

da Bahia.

Page 62: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

50

REFERÊNCIAS

Aguiar CML, Zanella FCV, Martins CF, Carvalho CAL de. 2003. Plantas visitadas por

Centris spp. (Hymenoptera: Apidae) na Caatinga para obtenção de recursos florais.

Neotropical Entomology 32: 247–259.

Alves RF, Santos FAR. 2014. Plant sources for bee pollen load production in Sergipe,

northeast Brazil. Palynology 38: 90–100.

Barth OM. 2004. Melissopalynology in Brazil: A review of pollen analysis of honeys,

propolis and pollen loads of bees. Scientia Agricola 61: 342–350.

Borges RLB, Lima LCL, Oliveira PP, Silva FHM, Novais JS, Dórea MC, Santos FAR.

2006. O pólen no mel do semi-árido brasileiro. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 103–

118. Recife: IMSEAR.

Borges RLB, Santos FAR. 2015. Tipos polínicos de méis de Apis mellifera L. do

semiárido. In: Santos FAR, Carneio CE, orgs. De melle semiaridi: analisando o mel

nordestino, 95–120. Salvador: EDUFBA.

Climate-Data.Org. 2015. Clima: nova ponte. http://pt.climate-data.org/location/42882/;

accessed 29 May. 2016.

Conceição ES, Delabie JHC, Costa ACN. 2004. A entomofilia do coqueiro em questão:

avaliação do transporte de pólen por formigas e abelhas nas inflorescências. Neotropical

Entomology 33: 679–683.

Conceição PJ. 2013. Levantamento florístico e perfil botânico do pólen (samburá) da

abelha Melipona quadrifasciata anthidioides Lepeletier, 1836 (Hymenoptera: Apidae) da

região semiárida, estado da Bahia. Masters dissertation, Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil.

Dórea MC, Aguiar CML, Figueroa LER, Lima LCL, Santos FAR. 2010. Pollen residues

in nests of Centris tarsata Smith (Hymenoptera, Apidae, Centridini) in a tropical semiarid

area in NE Brazil. Apidologie 41: 557–567.

Erdtman G. 1960. The acetolysis method. A revised description. Svensk Botanisk

Tidskrift 39: 561–564.

Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

http://floradobrasil.jbrj.gov.br/; accessed 27 May 2016

Freitas BM, Silva EMS. 2006. Potencial apícola da vegetação do semi-árido brasileiro.

In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 19–32. Recife: IMSEAR.

Freitas BM. 1991. Potencial da caatinga para a produção de pólen e néctar para a

exploração apícola. Masters dissertation, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza,

Brasil.

Giulietti AM, Du Bocage Neta AL, Castro AAJF, Gamarra-Rojas CFL, Sampaio EVSB,

Virgínio JF, Queiroz LP, Figueiredo MA, Rodal MJN, Barbosa MRV, Harley RM. 2004.

Diagnóstico da vegetação nativa do bioma caatinga. In Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca

MT, Lins LV, orgs. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e Ações Prioritárias para a

Conservação, 47–90. Brasília, DF, MMA.

Hower FN. 1953. Plantas melíferas. Barcelona: Reverté.

Jesus MC, Borges RLB, Souza BA, Neves HB, Santos FAR. 2014. A study of pollen from

Page 63: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

51

light honeys produced in Piauí State, Brazil. Palynology 39: 1–32.

Jones GD, Bryant Jr VM. 2004. The use of EtOH for the dilution of honey. Grana 43:

174–182.

Jones GD, Bryant VM Jr. 1996. Melissopalynology. In: Jansonius J, McGregor DC, eds.

Palynology, principles and applications, 933–938. Dollas: American Association of

Stratigraphic Palynologists Foundation.

Leal IR, Tabarelli M, Da Silva JMC. 2003. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife:

Universidade Federal de Pernambuco.

Lima LCL, Silva FHM, Santos FAR. 2008. Palinologia de espécies de Mimosa L.

(Leguminosae - Mimosoideae) do semi-árido brasileiro. Acta Botânica Brasílica 22: 794–

805.

Louveaux J, Maurizio A, Vorwohl G. 1978. Methods of melissopalynology. Bee World

59: 139–157.

Machado IC, Lopes AV. 2006. Melitofilia em espécies de Caatinga em Pernambuco e

estudos relacionados existentes no ecossistema. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 33–

60. Recife: IMSEAR.

Maia-Silva C, Silva CIS, Hrncir M, Queiroz RTQ, Imperatriz-Fonseca VL. 2012. Guia

de plantas visitadas por abelhas na Caatinga. Fortaleza: Editora Fundação Brasil Cidadão.

Marchini LC. 2001. Caracterização de amostras de méis de Apis mellifera L. 1758

(Hymenoptera: Apidae) do estado de São Paulo, baseada em aspectos físico-químicos e

biológicos. Livre-Docência. Piracicaba: ESALQ.

Matos VR, Alencar SM, Santos FAR. 2014. Pollen types and levels of total phenolic

compounds in propolis produced by Apis mellifera L. (Apidae) in an area of the Semiarid

Region of Bahia, Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências 86: 407–418.

Matos VR, Santos FAR. 2016a. The pollen spectrum of the propolis of Apis mellifera L.

(Apidae) from the Atlantic Rainforest of Bahia, Brazil. Palynology, online. doi:

10.1080/01916122.2016.1146175

Matos VR, Santos FAR. 2016b. Pollen in honey of Melipona scutellaris L.

(Hymenoptera: Apidae) in an Atlantic rainforest area in Bahia, Brazil. Palynology, online.

doi: 10.1080/01916122.2015.1115434

Melhem TS, Cruz-Barros MAV, Corrêa AMS, Makino-Watanabe H, Silvestre-Capelato

MSF, Gonçalves-Esteves VL. 2003. Variabilidade polínica em plantas de Campos do

Jordão (São Paulo, Brasil). Boletim do Instituto de Botânica 16: 1–104.

Moar NT. 1985. Pollen analysis of New Zealand honeys. New Zealand Journal of

Agricultural Research 28: 39–70.

Modro AFH, Message D, Luz CFP, Neto JAAM. 2011. Flora de importância polinífera

para Apis mellifera (L.) na região de Viçosa, MG. Revista Árvore 35(5): 1145–1153.

Novais JS, Absy ML, Santos FAR. 2013. Pollen grains in honeys produced by

Tetragonisca angustula (Latreille,1811) (Hymenoptera: Apidae) in tropical semi-arid

areas of north-eastern Brazil. Arthropod Plant Interactions 7: 619–632.

Oliveira PP, Santos FAR. 2014. Prospecção palinológica em méis da Bahia. Feira de

Santana: Print Mídia Editora.

Oliveira PP, van den Berg C, Santos FAR. 2010. Pollen analysis of honeys from Caatinga

Page 64: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

52

vegetation of the state of Bahia, Brazil. Grana 49: 66–75.

Queiroz LP. 2009. Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: UEFS/Kew: Royal

Botanic Gardens.

Quirino ZGM. 2006. Fenologia, síndromes de polinização e dispersão e recursos florais

de espécies vegetais do Cariri Paraibano. PhD Thesis, Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, Brasil.

Ramalho M, Kleinert-Giovannini A, Imperatriz-Fonseca VL. 1990. Important bee plants

for stingless bees (Melipona and Trigonini) and Africanized honeybees (Apis mellifera)

in neotropical habitats: A review. Apidologie 21: 469–488.

Roubik DW, Moreno PJE. 1991. Pollen and spores of Barro Colorado Island. St. Louis:

Missouri Botanical Garden.

Roubik, D.W. 1989. Ecology and natural history of tropical bees. Cambridge: Cambridge

University Press.

Santos FAR, Oliveira JM, Oliveira PP, Leite KRB, Carneiro CE. 2006. Plantas do

semiárido importantes para as abelhas. In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 61–86.

Recife: IMSEAR.

[SEI] Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. 2014. Anuário

Estatístico da Bahia, v. 27. Salvador: SEI.

Silva APC, Santos FAR. 2014. Pollen diversity in honey from Sergipe, Brazil. Grana

53(2): 159–170.

Silva APC, Santos FAR. 2015. Espectro polínico do mel do semiárido sergipano. In:

Santos FAR, Carneio CE. orgs. De melle semiaridi: analisando o mel nordestino, 121–

170. Salvador: EDUFBA.

Silva FHM. 2007. Contribuição à palinologia das caatingas. PhD Thesis, Universidade

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Brazil.

Souza BA, Carvalho CAL, Alves RMO, Dias CS, Clarton L. 2009. Munduri (Melipona

asilvai): a abelha sestrosa. Série Meliponicultura. Cruz das Almas: Universidade Federal

do Recôncavo Baiano.

Tabatinga Filho GM. 2013. Rede de interações entre flores e abelhas em caatinga:

atributos florais e dinâmica da oferta de recursos. PhD Thesis, Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, Brasil.

Tavares ACM. 2011. Atributos e visitantes florais e polinização em uma área de Floresta

Ombrófila Densa Submontana do litoral norte de São Paulo. Masters dissertation,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil.

Tepedino VJ, Stanton NL. 1981. Diversity and competition in bee-plant communities on

short-grass prairie. Oikos 36: 35–44.

Page 65: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

CAPÍTULO 3

Influxo polínico nas colônias de Melipona asilvai Moure

(Hymenoptera: Apidae): uma análise comparativa do mel e pólen

originados de uma área de caatinga da Bahia, Brasil

Page 66: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

54

RESUMO

Uma das formas de conhecer a flora utilizada pelas abelhas em uma determinada região

é através da análise palinológica de seus produtos. Com o objetivo principal de investigar

o influxo polínico em amostras de mel e pólen de Melipona asilvai Moura, originados de

uma região da caatinga da Bahia – Brasil, um total de 48 amostras foi analisado, sendo

essas coletadas mensalmente entre maio de 2012 e abril de 2014, em duplicata, sendo

uma de cada produto meliponícola. Foram identificados 69 tipos morfologicamente

distintos, distribuídos em 27 famílias. Desses, 33 tipos foram comuns a ambos os

produtos. Fabaceae foi a família que apresentou o maior número de tipos identificados –

18 tipos, com destaque para o gênero Mimosa. Apesar de compartilharem uma grande

quantidade de tipos, a proporção de participação deles em cada produto foi variável ao

longo dos meses amostrados. Tipos polínicos com valores acima de 50% foram

verificados em 20 amostras, sendo seis em amostras de mel e 14 nos potes de pólen, sendo

eles: Alternanthera, Melastomataceae e Portulaca oleracea, ocorrendo exclusivamente

no mel, e Angelonia, Chamaecrista racemosa e Mimosa arenosa, somente nas amostras

de pólen. Apenas o tipo M. tenuiflora foi observado com porcentagens elevadas em ambos

os produtos analisados, o que indica a importante participação das espécies relacionadas

a esse gênero como fonte de recursos para M. asilvai na região da caatinga estudada.

Palavras chave: abelha nativa, espectro polínico, Mimosa, recursos florais.

Page 67: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

55

ABSTRACT

One way to know the flora used by bees in a certain region is to conduct a palynological

analysis of bee products. With the main objective of investigating the pollen influx in

honey and pollen samples of Melipona asilvai Moura from a region of caatinga in Bahia,

Brazil, 48 samples were analyzed. The samples were collected monthly (one of each bee

product) between May 2012 and April 2014. Sixty-nine morphologically distinct pollen

types, distributed in 27 families, were identified. Of these, 33 types were common in both

of the products. The family Fabaceae had the highest number of types identified (18

types), and the genus Mimosa was notable. Despite sharing a large quantity of types, the

proportion of these in each product varied throughout the months sampled. Pollen types

with values above 50% were found in 20 samples, 6 in honey samples and 14 in the pollen

pots, which were the following: Alternanthera, Melastomataceae and Portulaca oleracea,

occurring exclusively in honey; and Angelonia, Chamaecrista racemosa and Mimosa

arenosa, only in the pollen samples. Only the Mimosa tenuiflora type had high

percentages in both of the products analyzed, indicating the important role of the species

related to this genus as a source of resources for Melipona asilvai in the region of caatinga

studied.

Keywords: native bee, pollen spectrum, Mimosa, floral resources.

Page 68: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

56

INTRODUÇÃO

Muitas espécies de abelhas nativas, solitárias e sociais vêm sofrendo com a forte

ação do homem no meio ambiente, apresentando redução na sua diversidade, distribuição

e abundância, principalmente na região do semiárido brasileiro. A causa principal dessa

alteração está no efeito que a ação antrópica causa na vegetação decorrente do

desmatamento, agronegócio e do manejo inadequado dos recursos naturais (Martins,

2002; Freitas & Silva, 2006). Algumas abelhas já são raras e ameaçadas de extinção em

dadas áreas, como a espécie Melipona asilvai Moure, uma abelha nativa, sem ferrão, que

habita naturalmente regiões da caatinga (Souza et al., 2009).

Nesse contexto, a atividade apícola/meliponícola representa uma alternativa para

modificar esse cenário, pois a preservação da vegetação é o principal requisito para a sua

sustentabilidade, já que sem os recursos florais das espécies vegetais não existe a

produção de mel, nem de pólen (Souza, 2002). Como resultados em longo prazo, o

manejo das abelhas nativas para a atividade meliponícola traz a conservação da flora

local, que tem nesses vetores a possibilidade da manutenção da biodiversidade e,

consequentemente, da qualidade dos ecossistemas (Maia-Silva et al., 2012).

Uma das formas de conhecer a flora utilizada pelas abelhas em uma determinada

região é através da análise palinológica de seus produtos (principalmente mel e pólen),

pois esse método está baseado na identificação de grãos de pólen com afinidade às

espécies vegetais que as abelhas utilizaram como fonte de recursos, inclusive fornecendo

informações sobre a proporção de participação das espécies através da contagem desses

grãos (Moar, 1985; Freitas & Silva, 2006). No Brasil, as listas de flora apícola são poucas,

principalmente no que diz respeito às abelhas nativas, o que dificulta estudos em diversas

áreas.

Comumente encontram-se trabalhos palinológicos que analisam de forma isolada

os produtos das abelhas, sejam de mel, pólen ou própolis, de abelhas nativas ou

africanizadas (com ferrão). Estudos que analisam de forma relacionada os seus produtos

ainda são pontuais. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo principal

identificar as espécies-chave para a produção do mel e pólen de M. asilvai em uma área

da caatinga, assim como realizar um estudo comparativo do influxo dos grãos de pólen

nesses produtos.

Page 69: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

57

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A pesquisa foi desenvolvida em uma área experimental de estudos com abelhas

nativas, localizada em uma região de caatinga no Distrito de Salgadália, na zona rural do

município de Conceição do Coité, Bahia, Brasil (Figura 1). Sua localização geográfica é

11° 33' 50'' Latitude Sul e 39° 16' 58'' Longitude Oeste, altitude de 440 m (SEI, 2014).

O clima local da região é do tipo semiárido (BSh), com pouca pluviosidade ao

longo do ano, média anual de 585 mm, caracterizado pela desigualdade na distribuição

pluviométrica, com longos períodos de estiagem (Climate-Data.Org, 2015).

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), pelos dados da estação

meteorológica localizada mais perto do local de estudo, a temperatura média registrada

no período de coleta (entre maio de 2012 a abril de 2014) foi de 25,7 °C, com mínima de

22,5 °C em agosto/12 e máxima de 29,1 °C em março/13, e média de precipitação mensal

de 43,8 mm, com a ausência de chuvas em dezembro/12 e o maior registro em janeiro/14,

com 114 mm.

Coleta das amostras

As amostras foram coletadas mensalmente, durante 24 meses, totalizando 48

amostras, duas por mês, sendo uma de cada produto meliponícola (mel e pólen).

Foram selecionadas quatro caixas racionais de Melipona asilvai para obtenção das

amostras (Figura 2). Para cada caixa, um pote de mel e outro de pólen foram marcados

para a coleta dos produtos. Realizou-se um blend da produção mensal de cada produto

(um mix de quatro subamostras), com o objetivo de garantir amostras mensais e

quantidade de material necessário para o processamento palinológico.

Para a coleta do mel, foram utilizadas seringas descartáveis e para a coleta do

pólen, utilizou-se colheres de plástico descartáveis (Figura 3). Todo o material presente

em cada um dos potes selecionados foi retirado para minimizar possíveis contaminações

com as amostras seguintes. Em seguida, os produtos foram armazenados em frascos com

tampa, identificados e acondicionados em geladeira para posterior processamento

palinológico.

Page 70: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

58

Processamento palinológico

O processamento palinológico foi realizado no Laboratório de Micromorfologia

Vegetal (LAMIV) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). As amostras de

mel foram diluídas em água (Louveaux et al., 1978) e, em seguida, em álcool, segundo

as recomendações de Jones e Bryant Jr.(2004). Para as amostras de pólen, segue-se a

técnica descrita por Novais e Absy (2013). Todas as amostras foram acetolizadas

(Erdtman, 1960) e, posteriormente, confeccionadas lâminas e, após análises foram

depositadas na Palinoteca do LAMIV-UEFS.

Análise das amostras

Para cada amostra foram contados, no mínimo, 500 grãos de pólen (Moar, 1985),

identificados com o auxílio de catálogos polínicos disponíveis (Roubik & Moreno, 1991;

Melhem et al., 2003; Silva, 2007; Lima et al., 2008). Os dados foram expressos em

porcentagem, representando a contribuição – frequência – de cada tipo polínico nas

amostras analisadas.

A frequência de ocorrência dos tipos polínicos no conjunto amostral seguiu o

proposto por Jones e Bryant Jr. (1996): raro (<10%), pouco frequente (de 10 a 20%),

frequente (de 21 a 50%) ou muito frequente (> 50%), com base na percentagem de

ocorrência de cada tipo polínico no conjunto amostral.

Foi realizada uma análise de similaridade das amostras (coeficiente de Morisita,

1959), com base na constituição mensal do espectro polínico, tanto dos tipos

identificados, como no valor absoluto de cada um deles. As análises foram realizadas

utilizando o software PAST (Palaeontological Statistics) versão 2.15 (Hammer et al.,

2001).

Page 71: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

59

Figura 1. Localização da área de coleta das amostras de Melipona asilvai. A – Região

Nordeste do Brasil. B - Destaque para o município de Conceição do Coité, Bahia, Brasil

( ).

Page 72: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

60

Figura 2. Caixas racionais de Melipona asilvai selecionadas para a coleta de mel e pólen,

em uma área de caatinga de Conceição de Coite, Bahia, Brasil, entre 2012 e 2014. A e B

– Caixas selecionadas para a coleta das amostras. C – Vista interna da caixa selecionada.

D – M. asilvai na entrada do ninho. E – Arquitetura do ninho F – Destaque para M. asilvai

nos potes da colônia.

Page 73: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

61

Figura 3. Procedimento de coleta mensal de mel e pólen dos potes de Melipona asilvai

localizadas em uma área de caatinga de Conceição de Coite, Bahia, Brasil, entre 2012 e

2014. A – Material usado para o procedimento. B – Destaque para os potes de pólen e

mel selecionados para a coleta. C – Coleta do mel com uso da seringa. D – Mel sendo

depositado nos frascos da amostra. E – Coleta do pólen com uso de colheres descartáveis.

F – Frascos com o pólen coletado.

Page 74: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

62

RESULTADOS

O espectro polínico das colônias de M. asilvai pela análise do mel e pólen

apresentou 69 tipos polínicos morfologicamente distintos, distribuídos em 27 famílias

(Tabela 1 e 2). Um total de 32 (46,4%) tipos polínicos não teve a sua origem botânica

determinada, ocorrendo em 32 amostras, na maioria delas (27) com participação inferior

a 4% por amostra.

Isoladamente, o espectro polínico do mel foi composto por 54 tipos identificados,

com afinidade a 24 famílias, e do pólen com 48 tipos polínicos, possuindo afinidade

botânica com 22 famílias. Quando comparados, os espectros polínicos apresentaram 33

tipos em comum e 19 famílias botânicas. Já separadamente, foram encontrados 21 tipos

polínicos pertencentes a cinco famílias exclusivamente no mel e 15 tipos polínicos

pertencentes a três famílias exclusivamente no pólen (Tabela 3).

Os meses amostrados que apresentaram menor número de tipos polínicos comuns

entre as amostras de mel e pólen foi jan/13 e jan/14, com apenas dois tipos polínicos em

cada mês, e o maior foi verificado em set/12, com 13 tipos em comum. Em relação aos

tipos polínicos encontrados exclusivamente em um dos produtos, o menor número para

mel foi de dois tipos em set/13 e o maior foi de 22 tipos em jan/14. Já para as amostras

de pólen, não foi encontrado tipo exclusivo em dez/13 e jan/14 e o maior número de tipos

exclusivos foi de 12 tipos em set/12. A comparação mensal dos tipos polínicos comuns e

exclusivos de cada produto encontra-se representada na figura 4.

A média do influxo polínico mensal nas colônias estudadas, com inclusão dos

tipos indeterminados, foi de 22 tipos polínicos, com mínimo de 13 tipos na amostra de

mar/14 e máximo de 38 tipos na de set/12. Comparando a quantidade de tipos polínicos

encontrados nas amostras, por produto analisado, o mel apresentou uma maior riqueza de

tipos polínicos, com média de 16,2 tipos por amostra, com os valores extremos de 10 em

dez/12 e 26 em jan/14. Para o pólen, foi verificada uma média de 12,5 tipos polínicos por

amostra, variando de dois tipos em jan/14 e 32 tipos em set/12 (Figura 5).

Mensalmente, o número de tipos polínicos encontrados nas amostras de mel

também foi maior que nos potes de pólen, com exceção das amostras de jul/12, ago/12 e

set/12, em que os potes de pólen apresentaram um número maior de tipos polínicos. Em

dez/13 e jan/14, o número de tipos polínicos encontrados nas colônias foi igual ao das

respectivas amostras de mel, visto que as amostras de pólen de cada mês não tiveram

tipos polínicos exclusivos.

Page 75: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

63

Em relação à composição geral do espectro polínico das colônias estudadas,

Fabaceae foi a família que apresentou o maior número de tipos identificados – 18 tipos

(26%), seguidas de Rubiaceae com seis tipos, Amaranthaceae, Anacardiaceae e

Malvaceae com quatro, Asteraceae, Euphorbiaceae e Myrtaceae com três tipos. Outras

cinco famílias apresentaram dois tipos cada e as demais contribuíram apenas com um tipo

polínico. Mimosa (Fabaceae) foi o gênero que mais se destacou em número de tipos

polínicos, representado por seis tipos.

A quantificação dos tipos polínicos por amostra permitiu a identificação de

espécies vegetais que possuem contribuição efetiva na constituição mensal das amostras

de cada produto. Tipos polínicos com valores acima de 50% foram verificados em 20

amostras, sendo seis em amostras de mel e 14 nos potes de pólen, sendo eles: Mimosa

tenuiflora (Fabaceae) em 11 amostras, Angelonia (Plantaginaceae) e Melastomataceae

em duas amostras cada, Alternanthera (Amaranthaceae), Chamaecrista racemosa

(Fabaceae), Mimosa arenosa (Fabaceae) e Portulaca (Portulacaceae) em uma amostra

cada. Desses, apenas o tipo M. tenuiflora foi observado com porcentagens elevadas em

ambos os produtos analisados (Tabela 3).

Em relação à frequência de ocorrência dos tipos polínicos no conjunto amostral

(colônias), oito tipos polínicos foram verificados como muito frequentes (>50%) nas

amostras, sendo eles: Mimosa tenuiflora (Fabaceae) com 93,7%, Melastomataceae com

89,5%, Angelonia (Plantaginaceae) com 70,8%, Mimosa arenosa (Fabaceae) e Solanum

paniculatum (Solanaceae) com 68,7%, Borreria verticillata (Rubiaceae) com 62,5%,

Alternanthera (Amaranthaceae) com 60,4% e Portulaca (Portulacaceae) com 54,1%

(Figura 6). Outros 12 tipos polínicos foram classificados como frequentes (de 21 a 50%),

onze como pouco frequentes (de 10 a 20%) e 37 como raros (<10%) (Tabela 4).

Page 76: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Tabela 1. Espectro polínico com a frequência mensal (%) dos tipos polínicos encontrados em amostras de mel (M) e pólen (P) produzidas entre abril de

2012 e março de 2013 por Melipona asilvai em uma área da caatinga da Bahia, Brasil.

Tipos polínicos ABR/12 MAI/12 JUN/12 JUL/12 AGO/12 SET/12 OUT/12 NOV/12 DEZ/12 JAN/13 FEV/13 MAR/13

M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P

Amaranthaceae

Alternanthera 0,2 7,4 0,2 2,6 1,9 1,4 0,6 3,0 0,2 0,2 7,8 5,2 0,2 16,5

Amaranthus 0,6 1,0 0,2

Gomphrena 0,2

Anacardiaceae

Schinopsis 0,6

Schinus 0,4 2,8

S. terebinthifolius 19,5 15,4

Arecaceae

Cocos nucifera 0,4 0,4 0,4

Syagrus coronata 45,6

Asteraceae

Eupatorium 0,4 0,2 3,0 0,2 3,4 0,2

Mikania 0,2 0,2 0,2 0,2 1,6 0,8 0,4 0,4

Vernonanthura 0,4 0,2 0,2 0,2

Boraginaceae

Boraginaceae 0,6

Cactaceae 0,2

Cactaceae

Capparaceae

Cleome 1,6

Cannabaceae

Celtis 0,4

Commelinaceae

Commelina erecta 0,2 0,2 0,4 0,2

Convolvulaceae

Jacquemontia confusa 0,6 0,8

Euphorbiaceae

Croton 9,2 9,6 0,2 2,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 1,4 0,2 8,3 0,4 0,4

Euphorbia 0,6 8,5 26,4

Euphorbiaceae 0,2

Fabaceae

Anadenanthera colubrina 0,2

Chamaecrista 5,6 4,0 9,0 2,6 5,0 1,6

C. nictitans 0,6

Page 77: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Tabela 1. Continuação

Tipos polínicos ABR/12 MAI/12 JUN/12 JUL/12 AGO/12 SET/12 OUT/12 NOV/12 DEZ/12 JAN/13 FEV/13 MAR/13

M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P

C. racemosa 9,7 6,2 2,2 3,8 3,8 0,2

Fabaceae I 0,2

Fabaceae II 3,7

Mimosa arenosa 3,6 0,2 2,8 7,5 0,2 1,2 12,2 1,5 1,2 0,4 6,8 0,2 16,7 0,6

M. misera 0,2 2,0

M. pudica 1,6 1,6 0,8 1,0 0,4 1,5

M. quadrivalvis 1,4 0,4 7,6 7,1 0,2 2,4 1,6 0,2 0,2

M. tenuiflora 1,8 2,2 1,0 3,6 2,0 0,2 5,2 3,8 0,2 1,6 1,2 53,2 20,5 82,1 4,5 65,5 36,9 89,5 4,0 0,2 4,7 6,3

Plathymenia reticulata 1,3 2,1

Poeppigia 20,9

Senna macranthera 7,5 2,4 4,0 2,9 2,0 1,2

Senna rizzinii 3,0 5,5 9,2

Lamiaceae

Hyptis 0,2 0,6 3,2 8,3 0,4 6,0 4,6 0,4

Salvia 0,2 0,2

Malvaceae

Herissantia 0,2 0,2 0,4 0,2 2,9 0,2

Waltheria I 1,6 2,4 1,1

Waltheria II 1,2

Sida 0,2

Melastomataceae

Melastomataceae 12,3 9,8 1,8 15,2 23,8 2,8 18,2 6,8 9,6 4,2 16,4 2,6 8,2 6,0 47,4 8,7 28,5 1,8 12,7 5,6 66,6 44,8 61,6

Miconia 28,8

Myrtaceae

Myrcia 2,0 0,6 0,2 0,6 7,8 1,4 6,3 0,8 13,9 0,4 3,3 0,4 0,2 4,6 3,5 0,9

Psidium 4,6

Psidium guajava 0,4

Passifloraceae

Passiflora 0,2

Plantaginaceae

Angelonia 31,0 73,6 31,2 52,7 31,5 66,7 11,8 20,2 16,6 19,8 38,4 1,4 1,8 4,9 1,0 0,4

Poaceae

Poaceae 0,2 0,2 0,2 0,2

Portulacaceae

Portulaca oleracea 0,6 3,8 7,6 0,2 18,6 3,4 0,2 54,2 16,9 17,9 36,0 7,4 1,6 0,4

Page 78: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Tabela 1. Continuação

Tipos polínicos ABR/12 MAI/12 JUN/12 JUL/12 AGO/12 SET/12 OUT/12 NOV/12 DEZ/12 JAN/13 FEV/13 MAR/13

M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P

Rubiaceae

Borreria 0,8 5,5 6,8

Borreria verticillata 0,6 1,4 0,2 1,0 1,2 21,8 19,8 16,7 4,0 0,3 2,0 0,4 0,6

Mitracarpus frigidus 0,6 7,0 3,5 0,4 9,5 0,6

M. hirtus 1,2 9,7 0,2 0,2

M. salzmannianus 1,4

Richardia grandiflora 0,2 0,2 0,2 0,2 0,6

Rutaceae

Citrus 0,6 3,2 9,2 3,8 3,3

Sapindaceae

Serjania 0,2 0,2

Solanaceae

Solanum megalonix 8,8 0,4 13,0 5,2 6,5 8,7 8,5 5,6 4,3 2,4 1,0 0,6

Solanum paniculatum 5,3 2,6 4,6 8,1 16,2 14,8 7,2 0,4 2,7 0,4 0,2 0,2 0,6 7,6 1,4 1,2 22,2

Talinaceae

Talinum triangulare 0,4 0,2 0,2

Turneraceae

Turnera 0,6 1,2 4,8

Nº de indeterminados -- -- 1 2 3 6 3 5 2 3 3 7 2 2 1 -- 2 3 2 3 3 -- 4 1

Total de tipos 15 10 21 16 22 15 20 26 18 23 20 32 21 12 13 5 10 10 15 9 11 8 17 15

Page 79: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Tabela 2. Espectro polínico com a frequência mensal (%) dos tipos polínicos encontrados em amostras de mel (M) e pólen (P) produzidas entre abril de 2013 e março

de 2014 por Melipona asilvai em uma área da caatinga da Bahia, Brasil.

Tipos polínicos ABR/13 MAI/13 JUN/13 JUL/13 AGO/13 SET/13 OUT/13 NOV/13 DEZ/13 JAN/14 FEV/14 MAR/14

M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P

Amaranthaceae

Alternanthera 9,2 4,3 2,8 1,4 68,9 0,4 19,2 4,0 12,8 0,4 11,5 31,0 3,1 2,0 1,0

Amaranthus 0,2

Froelichia 0,2

Gomphrena 0,2

Anacardiaceae

Schinus 0,5 0,6

S. terebinthifolius 0,2 0,8

Spondias tuberosas 0,2

Arecaceae

Cocos nucifera 0,2 0,6

Syagrus coronata 44,5

Asteraceae

Eupatorium 0,6 0,2 0,2

Mikania 0,2 0,2 0,2 0,4

Vernonanthura 4,1 2,2 0,4 3,0 0,2 0,4 0,2

Cannabaceae

Celtis 0,2 0,2

Commelinaceae

Commelina erecta 0,2

Euphorbiaceae

Croton 2,2 0,2 1,3 0,2 0,2

Euphorbia 5,4 12,9 6,9

Fabaceae

Aeschynomene 0,6 0,4

Chamaecrista. nictitans 0,2

C. racemosa 60,5 0,4 0,4 0,6 0,2 33,5 9,1 0,8 1,4 0,4 0,6 3,7 0,2 29,6 4,0 0,2

Mimosa arenosa 0,4 0,2 1,4 19,6 95,7 17,6 40,0 0,8 6,0 0,2 5,9 18,4 0,2 1,0 14,5 0,8 4,5 0,4 0,6

M. misera 0,4

M. pudica 0,4 0,2 2,3 0,2 0,2 12,6 1,1 6,5 0,4 0,2 0,2 10,4 0,2

M. quadrivalvis 6,7 1,0 2,8 0,2 4,1 0,2 0,4 1,8 0,2 7,5 0,2 0,2

M. somnians 1,8

M. tenuiflora 7,4 0,5 3,7 62,4 0,2 0,6 0,6 0,6 2,7 1,0 2,3 42,7 65,9 54,2 99,4 0,2 99,3 6,5 99,8 72,1 30,2 47,2 97,4

Piptadenia stipulacea 0,2

Senna macranthera 0,4 0,2 0,6 1,2

Page 80: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Tabela 2. Continuação.

Tipos polínicos ABR/13 MAI/13 JUN/13 JUL/13 AGO/13 SET/13 OUT/13 NOV/13 DEZ/13 JAN/14 FEV/14 MAR/14

M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P M P

Lamiaceae

Hyptis 0,2 1,2 8,8 3,6 0,2 0,6 1,0

Salvia 0,2

Malvaceae

Herissantia 0,8 0,2 0,2 2,0 3,2 1,4 0,4

Waltheria I 0,4 0,8 0,6 0,4 0,4 0,2 0,2 0,2 0,2

Waltheria II 0,2

Melastomataceae

Melastomataceae 21,3 33,9 1,3 2,3 13,4 26,0 16,2 22,7 7,6 21,3 14,2 2,0 19,1 6,0 0,2 3,1 3,4 8,9 19,6 0,2

Meliaceae

Trichilia 0,8 0,6

Myrtaceae

Myrcia 0,4 0,2 0,2 0,8 0,4 0,2 0,6 0,4

Plantaginaceae

Angelonia 41,5 0,9 13,2 30,7 4,8 0,2 0,6 0,4 0,2 1,0 2,7 0,6 4,6 9,8 0,6 33,7 1,6 1,1

Poaceae

Poaceae 0,4

Portulacaceae

Portulaca oleracea 6,3 48,5 2,6 30,2 0,8 67,1 21,7 5,5 5,6 1,4 0,4 5,1

Rubiaceae

Borreria 10,0 0,6 1,6

Borreria verticillata 3,1 0,2 0,2 0,6 0,2 0,8 17,3 2,3 44,0 4,9 0,2 2,6 1,0 0,2 0,2 1,2 0,2

Mitracarpus hirtus 0,2 0,2 2,2

Richardia grandiflora 0,2

Sapindaceae

Paulinia 0,2

Solanaceae

Solanum megalonix 0,6 2,3 4,3 1,8 0,4 3,5 1,0

S. paniculatum 1,9 2,1 43,5 2,9 3,3 0,2 3,0 0,2 5,9 0,2 0,2 6,8 7,2 2,6 20,0 0,2

Nº de indeterminados 2 1 1 -- 3 -- 2 -- -- 1 -- 2 1 -- 2 -- -- -- 2 -- 2 1 -- --

Total de tipos 14 13 14 6 17 9 18 8 12 14 11 18 11 9 19 4 17 5 26 2 17 14 12 8

Page 81: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

69

Tabela 3. Diagnóstico palinológico comparativo de amostras de mel e pólen (por potes e por colônias) produzidas

por Melipona asilvai, coletados simultaneamente em uma área de caatinga da Bahia Brasil.

Potes Colônia

Mel Pólen Mel + Pólen

Tipos polínicos identificados 54 48 69

Famílias identificadas 24 22 27

Tipos polínicos de Fabaceae 13 14 18

Tipos polínicos exclusivos 21 15 --

Tipos polínicos comuns -- -- 33

Média de tipos encontrados

(faixa de variação)

16,2 (10 - 26) 12,5 (2 - 32) 22 (13 - 38)

N° de amostras com tipos

polínicos com frequência >50%

6 14 20

Tipos polínicos exclusivos com

frequência >50% na respectiva

amostra

Alternanthera

Melastomataceae

Portulaca oleracea

Angelonia

Chamaecrista racemosa

Mimosa arenosa

--

Tipos polínicos comuns com

frequência >50% na amostra

-- -- Mimosa tenuiflora

Tipos polínicos muito frequentes

(>50%) no conjunto amostral

Alternanthera

Angelonia

Borreria verticillata

Chamaecrista racemosa

Croton

Herissantia

Mimosa arenosa

M. quadrivalves

M. tenuiflora

Melastomataceae

Portulaca oleracea

Solanum paniculatum

Angelonia

Borreria verticillata

Melastomataceae

Mimosa arenosa

Mimosa tenuiflora

Myrcia

Solanum paniculatum

Alternanthera

Angelonia

Borreria verticillata

Mimosa arenosa

M. tenuiflora

Melastomataceae

Portulaca oleracea

Solanum paniculatum

Page 82: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

70

Tabela 4. Frequência de ocorrência dos tipos polínicos identificados nos produtos (mel e pólen) das

colônias de Melipona asilvai entre abril/12 a março/14 em uma área de caatinga da Bahia, Brasil.

Muito Frequentes

> 50%

Frequentes

21 a 50%

Pouco Frequentes

10 a 20%

Raros

<10%

Alternanthera Croton Borreria Aeschynomene

Angelonia Chamaecrista racemosa Citrus Amaranthus

Borreria verticillata Herissantia Chamaecrista Anadenanthera colubrina

Mimosa tenuiflora Hyptis Commelina erecta Boraginaceae

Mimosa arenosa Mimosa pudica Cocos nucifera Cactaceae

Melastomataceae Mimosa quadrivalves Eupatorium Celtis

Portulaca oleracea Mikania Euphorbia Chamaecrista nictitans

Solanum paniculatum Myrcia Mitracarpus frigidus Cleome

Senna macranthera Mitracarpus hirtus Euphorbiaceae

Solanum megalonix Poaceae Fabaceae I

Vernonanthura Richardia grandiflora Fabaceae II

Waltheria I Froelichia

Gomphrena

Jacquemontia confusa

Mimosa misera

Mimosa quadrivalvis

Mitracarpus salzmannianus

Mimosa somnians

Miconia

Passiflora

Paulinia

Piptadenia stipulacea

Plathymenia reticulata

Poeppigia

Psidium

Psidium guajava

Salvia

Schinopsis

Schinus

Schinus terebinthifolius

Senna rizzinii

Serjania

Sida

Syagrus coronata

Talinum triangulare

Trichilia

Turnera

Waltheria II

,

Page 83: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

71

Figura 4. Diagrama comparando o número de tipos polínicos identificados (exclusivos e

compartilhados) nas amostras de mel (linha contínua) e pólen (linha pontilhada) produzidas entre

abr/12 e mar/14 por Melipona asilvai em uma área de caatinga da Bahia, Brasil.

Page 84: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

72

Figura 5. Variação mensal da quantidade de tipos polínicos encontrados nas amostras de mel e pólen (por

potes e por colônias) produzidas por Melipina asilvai em uma área de caatinga da Bahia, Brasil.

Page 85: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

Figura 6: Variação na concentração polínica (%) dos tipos polínicos considerados muito frequentes (<50%) nos produtos (mel e pólen) das

colônias de Melipona asilvai em uma área de caatinga da Bahia, Brasil.

Page 86: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

74

DISCUSSÃO

Os dados demostram uma grande riqueza de espécies utilizadas por M. asilvai

como fonte de recursos, inferidos através da análise palinológica de amostras de mel e

pólen coletadas simultaneamente em uma área de caatinga. Esses diferentes recursos

estão representados pelos 69 tipos polínicos identificados, distribuídos nas 27 famílias.

Contudo, a análise individual das amostras de cada produto permitiu a identificação dos

tipos que possuem importante contribuição como fonte de recursos para as abelhas, sendo

eles: Alternanthera, Angelonia, Chamaecrista racemosa, Melastomataceae, Mimosa

arenosa, Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea que, além de serem muito frequentes

no conjunto amostral, apresentaram também porcentagem acima de 50% em pelo menos

uma das amostras analisadas. Os referidos tipos foram igualmente verificados em outros

trabalhos de espectros polínicos de produtos meliponícolas para a região nordeste do

Brasil (Novais et al., 2013; Matos & Santos, 2016).

Destaca-se no espectro polínico das colônias a importante participação de

Fabaceae, pois, dos setes tipos citados anteriormente, indicados como as principais fontes

de recursos para as abelhas, três pertencem a essa família (Chamaecrista racemosa,

Mimosa arenosa e M. tenuiflora) com registro tanto no mel como nos potes de pólen.

Fabaceae obteve uma representatividade de 26% em número de tipos polínicos

identificados, sendo verificados em todas as amostras analisadas, e também uma

significativa contribuição no espectro polínico individual das amostras, com valores

maiores que 50% em 14 delas. A alta representatividade dessa família é verificada em

outros trabalhos palinológicos que analisaram de forma isolada os produtos das abelhas

(Novais et al., 2013; Alves & Santos 2014; Jesus et al., 2014).

Maia-Silva et al. (2012) fizeram um levantamento das plantas da caatinga que são

importantes para a manutenção das abelhas nativas e ao relacionar o espectro polínico das

colônias analisadas com as espécies vegetais pertencentes a essa flora é possível

identificar os seguintes tipos com afinidade botânica às espécies listadas: Anadenanthera

colubrina, Borreria verticillata, Commelina erecta, Croton, Herissantia, Hyptis, Mimosa

arenosa, M. quadrivalvis, M. tenuiflora, Portulaca oleracea, Richardia grandiflora,

Senna macranthera, Sida, Solanum paniculatum, Spondias tuberosa, Talinum

triangulare e Waltheria. Diante dessa informação, pode-se observar que a flora regional

da caatinga está expressa nos produtos de M. asilvai analisados.

Quando comparados os espectros polínicos dos produtos de M. asilvai analisados,

Page 87: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

75

observa-se uma maior quantidade de amostras de pólen com predominância de apenas

um tipo polínico (com frequência >50%). Das 20 amostras com esse perfil, 14 foram

originadas dos potes de pólen. Esse padrão pode ser também explicado pelo fato da abelha

reduzir o número de espécies vegetais para a coleta do pólen, o que restringe essa

atividade para as flores de uma única espécie ou mesmo de um indivíduo (Novais et al.,

2015). Estudos sobre o comportamento das abelhas são necessários para compreender as

suas preferências florais e indicar se as fontes de recursos são de fato escolhidas ou se

está associado apenas à disponibilidade dos mesmos no ambiente.

Apesar de compartilharem um significativo número de tipos polínicos (33 tipos),

verifica-se que a proporção de participação deles no mel e pólen é variável ao longo das

amostras, como observado também por Novais et al. (2015) na análise dos mesmos

produtos de Tetragonisca angustula Latreille. Quando observado os tipos polínicos com

frequência >50%, verifica-se que apenas o tipo M. tenuiflora possui altas porcentagens

nos produtos analisados. Isoladamente, no mel foi verificado os tipos Alternanthera,

Melastomataceae e Portulaca oleracea e nos potes de pólen Angelonia, Chamaecrista

racemosa e Mimosa arenosa. É importante destacar que todos esses tipos polínicos

ocorrem em ambos os produtos, contudo, como visto, com proporções variadas em cada

um.

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir é uma espécie típica de áreas secas e fornece

pólen e néctar como recurso floral, além de possuir uma grande capacidade de

colonização de áreas degradadas (Queiroz, 2009; Maia-Silva et al., 2012). A associação

dessas características torna M. tenuiflora uma espécie-chave para a meliponicultura,

sendo considerada o principal recurso utilizado por M. asilvai na área da caatinga

estudada. Seu tipo polínico teve influência marcante tanto no mel como no pólen

analisado, sendo o único tipo com importância compartilhada em ambos os produtos. Em

outros trabalhos, que analisaram de forma isolada o mel (Silva & Santos, 2015; Oliveira

et al., 2010) e o pólen (Conceição, 2013), também foi verificada a importância desse tipo

na constituição polínica dos produtos das abelhas.

Page 88: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

76

CONCLUSÃO

Para a produção do mel e pólen de Melipona asilvai identificou-se uma grande

amplitude de fontes de recursos florais. Contudo, indicam-se as espécies vegetais

relacionadas a apenas sete tipos polínicos como as principais fontes para a região da

caatinga estudada, sendo eles: Alternanthera, Angelonia, Chamaecrista racemosa,

Melastomataceae, Mimosa arenosa, Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea.

Evidencia-se no espectro polínico a participação de tipos pertencentes à família

Fabaceae, com destaque para os tipos do gênero Mimosa. As espécies vegetais

correlacionadas ao tipo M. tenuiflora são indicadas como espécies-chave para a atividade

meliponícola na caatinga, sendo evidenciada a participação desse tipo não apenas nessa

pesquisa, como também em outros trabalhos citados anteriormente.

Os espectros polínicos do mel e do pólen de M. asilvai compartilharam um número

significativo de tipos, contudo, a proporção de contribuição em cada produto foi variável.

No mel, as amostras apresentaram-se mais ricas em número de tipos polínicos e com

poucas amostras com frequências altas de apenas um tipo. Já no pólen, as amostras

tiveram menos tipos morfologicamente distintos, com a predominância de altas

frequências de um tipo na maioria delas.

Page 89: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

77

REFERÊNCIAS

Alves RF, Santos FAR. 2014. Plant sources for bee pollen load production in Sergipe,

northeast Brazil. Palynology 38: 90–100.

Barth OM. 2004. Melissopalynology in Brazil: A review of pollen analysis of honeys,

propolis and pollen loads of bees. Scientia Agricola 61: 342–350.

Climate-Data.Org. 2015. Clima: nova ponte. http://pt.climate-data.org/location/42882/;

accessed 29 May. 2016.

Conceição PJ. 2013. Levantamento florístico e perfil botânico do pólen (samburá) da

abelha Melipona quadrifasciata anthidioides Lepeletier, 1836 (Hymenoptera: Apidae) da

região semiárida, estado da Bahia. Masters dissertation, Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil.

Erdtman G. 1960. The acetolysis method. A revised description. Svensk Botanisk

Tidskrift 39: 561–564.

Freitas BM, Silva EMS. 2006. Potencial apícola da vegetação do semi-árido brasileiro.

In: Santos FAR, ed. Apium plantae, 19–32. Recife: IMSEAR.

Hammer O, Harper DAT, Ryan PD. 2001. PAST: Paleontological Statistics Software

Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4: 1–9.

Jesus MC, Borges RLB, Souza BA, Neves HB, Santos FAR. 2014. A study of pollen from

light honeys produced in Piauí State, Brazil. Palynology 39: 1–32.

Jones GD, Bryant VM Jr. 1996. Melissopalynology. In: Jansonius J, McGregor DC, eds.

Palynology, principles and applications, 933–938. Dollas: American Association of

Stratigraphic Palynologists Foundation.

Jones GD, Bryant Jr VM. 2004. The use of EtOH for the dilution of honey. Grana 43:

174–182.

Lima LCL, Silva FHM, Santos FAR. 2008. Palinologia de espécies de Mimosa L.

(Leguminosae - Mimosoideae) do semi-árido brasileiro. Acta Botânica Brasílica 22: 794–

805.

Louveaux J, Maurizio A, Vorwohl G. 1978. Methods of melissopalynology. Bee World

59: 139–157.

Maia-Silva C, Silva CIS, Hrncir M, Queiroz RTQ, Imperatriz-Fonseca VL. 2012. Guia

de plantas visitadas por abelhas na Caatinga. Fortaleza: Editora Fundação Brasil Cidadão.

Martins CJP. 2002. Diversity of the bee fauna of the Brazilian caatinga. In: Kevan PG,

Imperatriz-Fonseca VL, eds. Pollinating Bees. The conservation link between agriculture

and nature. 99–101. Brasília: MAA.

Matos VR, Santos FAR. 2016. Pollen in honey of Melipona scutellaris L. (Hymenoptera:

Apidae) in an Atlantic rainforest area in Bahia, Brazil. Palynology 40, no prelo. doi:

10.1080/01916122.2015.1115434

Moar NT. 1985. Pollen analysis of New Zealand honeys. New Zealand Journal of

Agricultural Research 28: 39−70.

Melhem TS, Cruz-Barros MAV, Corrêa AMS, Makino-Watanabe H, Silvestre-Capelato

MSF, Gonçalves-Esteves VL. 2003. Variabilidade polínica em plantas de Campos do

Jordão (São Paulo, Brasil). Boletim do Instituto de Botânica 16: 1–104.

Page 90: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

78

Morisita M. 1959. Measuring the dispersion and the analysis of distribution patterns.

Memoires of the Faculty of Science, Kyushu University, Series E. Biology 2: 215–235.

Novais JS, Absy ML. 2013. Palynological examination of the pollen pots of native

stingless bees from the Lower Amazon region in Pará, Brazil. Palynology 37(2): 218–

230.

Novais JS, Absy ML, Santos FAR. 2013. Pollen grains in honeys produced by

Tetragonisca angustula (Latreille,1811) (Hymenoptera: Apidae) in tropical semi-arid

areas of north-eastern Brazil. Arthropod Plant Interactions 7: 619–632.

Novais JS, Garcêz ACA, Absy ML, Santos FAR. 2015. Comparative pollen spectra of

Tetragonisca angustula (Apidae, Meliponini) from the Lower Amazon (N Brazil) and

caatinga (NE Brazil). Apidologie 46 (4): 417-431.

Oliveira PP, van den Berg C, Santos FAR. 2010. Pollen analysis of honeys from Caatinga

vegetation of the state of Bahia, Brazil. Grana 49: 66–75.

Queiroz LP. 2009. Leguminosas da Caatinga. Feira de Santana: UEFS/Kew: Royal

Botanic Gardens.

Roubik DW, Moreno PJE. 1991. Pollen and spores of Barro Colorado Island. St. Louis:

Missouri Botanical Garden.

[SEI] Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. 2014. Anuário

Estatístico da Bahia, v. 27. Salvador: SEI.

Silva APC, Santos FAR. 2015. Espectro polínico do mel do semiárido sergipano. In:

Santos FAR, Carneio CE, orgs. De melle semiaridi: analisando o mel nordestino, 121–

170. Salvador: EDUFBA.

Silva FHM. 2007. Contribuição à palinologia das caatingas. PhD Thesis, Universidade

Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Brazil.

Souza BA, Carvalho CAL, Alves RMO, Dias CS, Clarton L. 2009. Munduri (Melipona

asilvai): a abelha sestrosa. Série Meliponicultura. Cruz das Almas: Universidade Federal

do Recôncavo Baiano.

Souza DC. 2002. Apicultura orgânica: alternativa para exploração da região do semiárido

nordestino. Congresso Brasileiro de Apicultura, Campo Grande. Anais 14: 133–135.

Page 91: Perfil palinológico do mel e pólen de Melipona asilvai€¦ · 2016. Ao que tenho de mais sagrado: o amor de meus pais, Zildgar e Rita ... outro para a construção de uma linda

79

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise palinológica dos produtos (mel e pólen) das colônias de Melipona

asilvai demonstrou uma grande diversidade de plantas visitadas por essas abelhas na

busca de recursos para manutenção de suas colmeias. Tipos polínicos com afinidade

taxonômica a espécies da flora nativa da caatinga foram identificados nos produtos

analisados, algumas delas com grande importância para atividade meliponícola na região.

Fabaceae foi a família mais importante para a atividade meliponícola na caatinga

estudada, e o gênero Mimosa contribuiu de forma significativa. Apesar da grande

variedade de tipos polínicos reconhecidos - 69 tipos nas colônias, foi possível identificar

as preferências florais dessas abelhas para a elaboração de cada produto meliponícola

analisado, com uma exploração intensa de poucas espécies vegetais na busca de recursos

para elaboração dos seus produtos.

Assim, destacaram-se nas amostras de mel uma assembleia polínica composta

pelos tipos Alternanthera, Melastomataceae, Mimosa tenuiflora e Portulaca oleracea, e

nas amostras de pólen Angelonia, Chamaecrista racemosa, Mimosa arenosa e M.

tenuiflora. Esses tipos polínicos foram os mais representativos das colônias de M. asilvai

estudadas e, assim, indicam espécies vegetais correspondentes a esses próprios tipos

polínicos para compor as listas de plantas importantes para as abelhas (Melipona spp.) na

região da caatinga e as espécies vegetais relacionadas ao tipo M. tenuiflora, que se

destacou em ambos os produtos, diagnosticada como espécies-chave para a atividade

meliponícola na caatinga, sendo evidenciada a participação desse tipo não apenas nessa

pesquisa, como também em outros trabalhos citados anteriormente.