perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de referência em urgências e emergências Oddone Freitas Melro Braghiroli Salvador (Bahia) Fevereiro, 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de

referência em urgências e emergências

Oddone Freitas Melro Braghiroli

Salvador (Bahia)

Fevereiro, 2014

II

FICHA CATALOGRÁFICA

UFBA/SIBI/Bibliotheca Gonçalo Moniz: Memória da Saúde Brasileira

Braghiroli, Oddone Freitas Melro B813 Perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de referência em urgências e emergências /

Oddone Freitas Melro Braghiroli. Salvador: OFM, Braghiroli, 2014.

VIII; 43 fls. : il. [fig.].

Inclui anexos.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Fernandes Canedo. Monografia (Conclusão de Curso) Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da

Bahia, Salvador, 2013.

1. Emergências. 2. Trauma. 3. Epidemiologia. I. Canedo, Leonardo Fernandes. II. Universidade

Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina. III. Título.

CDU : 616.-083.98

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de

referência em urgências e emergências

Oddone Freitas Melro Braghiroli

Professor orientador: Leonardo Fernandes Canedo

Coorientador: André Gusmão Cunha

Monografia de Conclusão do Componente

Curricular MED-B60/2013.2, como pré-requisito obrigatório e parcial para conclusão

do curso médico da Faculdade de Medicina da

Bahia da Universidade Federal da Bahia, apresentada ao Colegiado do Curso de

Graduação em Medicina.

Salvador (Bahia)

Fevereiro, 2014

IV

Monografia: Perfil dos pacientes cirúrgicos em um novo hospital de referência em urgências e emergências, de Oddone Freitas Melro Braghiroli.

Professor orientador: Leonardo Fernandes Canedo

Coorientador: André Gusmão Cunha

COMISSÃO REVISORA: Leonardo Fernandes Canedo, Professor Adjunto I do Departamento de Anestesiologia e

Cirurgia da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Lorene Louise Silva Pinto, Professora Adjunto III do Departamento de Medicina Preventiva

e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Zuinara Pereira Gusmão Maia, Doutoranda do Curso de Doutorada do Programa de Pós

graduação em Medicina e Saúde (PPgMS) da Faculdade de Medicina da Bahia da

Universidade Federal da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada

pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no VI

Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA,

com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de

Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em

24 de janeiro de 2014.

V

EQUIPE Oddone Freitas Melro Braghiroli, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Endereço para

contato: Rua São Paulo, 219 - Pituba – 41830-180 Salvador, Bahia, Brasil. E-mail:

[email protected];

Dr. Leonardo Fernandes Canedo, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Dr. André Gusmão Cunha, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;

Leonardo de Souza Barbosa, Estudante de Medicina (FMB-UFBA), da LAEME – UFBA.

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

HOSPITAL DO SUBÚRBIO

Setor de Cirurgia Geral

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios do autor e equipe.

VI

AGRADECIMENTOS

Ao meu Professor orientador, Doutor Leonardo Canedo, pela atenção e pelos ensinamentos

para medicina e para a vida.

Ao Doutor André Gusmão Cunha, meu Coorientador, por todo incentivo e inspiração na

busca por conhecimentos e transformações.

Aos meus colegas Leonardo de Souza Barbosa e Ricardo Zantieff Topolski Chaves pela

colaboração constante.

Aos colegas da Liga Acadêmica de Trauma e Emergências Médicas (LAEME – UFBA)

pelo ambiente crítico e construtivo, tão fértil para brotar ciência e amizades.

1

SUMÁRIO

Índice de tabelas e gráficos ................................................................................................... 3

Resumo .................................................................................................................................. 4

Objetivos ................................................................................................................................ 5

Principal ............................................................................................................................. 5

Secundários........................................................................................................................ 5

Fundamentação teórica ......................................................................................................... 6

Descentralização e papel da gestão estadual ................................................................... 6

Urgências e emergências .................................................................................................. 7

Estatísticas em Saúde ........................................................................................................ 8

Metodologia ......................................................................................................................... 10

Desenho do estudo .......................................................................................................... 10

População e local do estudo ........................................................................................... 10

Critérios de inclusão ....................................................................................................... 10

Coleta de dados ............................................................................................................... 11

Metodologia da análise estatística.................................................................................. 11

Comitê de ética em pesquisa .......................................................................................... 11

Resultados ............................................................................................................................ 13

Discussão ............................................................................................................................. 17

Limitações do estudo ...................................................................................................... 19

Conclusões ........................................................................................................................... 21

2

Conflitos de interesse .......................................................................................................... 22

Abstract ................................................................................................................................ 23

Referências bibliográficas .................................................................................................. 24

Anexos ................................................................................................................................. 27

Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa....................................................................... 27

Carta de anuência ............................................................................................................ 34

Termo de compromisso do uso do banco de dados ...................................................... 36

3

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 - Características básicas da amostra. .................................................................. 13

Tabela 2 - Comparação entre pacientes procedentes do entorno do HS e demais

bairros/municípios. .............................................................................................................. 14

Tabela 3 - Número de pacientes atendidos procedentes do entorno do HS por bairro. .. 16

Tabela 4 - Correlação entre mortalidade e variáveis demográficas. ................................ 16

Figura 1 - Mapa com número de atendimentos por bairro no entorno do HS. ................ 15

4

RESUMO

A política de saúde brasileira vem passando por mudanças profundas nas últimas

décadas, com alterações importantes na estrutura e papel do Estado e a implementação

do Sistema Único de Saúde (SUS). As modalidades de efetivar a ação em saúde são

inúmeras, tanto do nível de complexidade como em seu aspecto gerencial. Definir

especialidades ou regiões prioritárias também é uma tarefa árdua diante de tantas

carências. A qualidade do atendimento de Saúde no Brasil vem melhorando, mas ainda

carece de avanços para assegurar padrões elevados. Avaliar constantemente os

indicadores de atendimento (quantitativos e qualitativos) é etapa indispensável para

manter um alto padrão de qualidade e buscar melhorias contínuas. Metodologia: estudo

de corte transversal, avaliando pacientes submetidos a alguma intervenção cirúrgica em

hospital de esfera pública e natureza administrativa público-privada, referência local em

urgência e emergência. Resultados: foram avaliados 1129 pacientes, com mediana de

idade de 35 anos (IIQ 21-53), 720 pacientes do sexo masculino (63,8%) e mediana do

tempo de internamento de 84 horas (IIQ 41-181). Causas externas estiveram

relacionadas ao internamento de 595 pacientes. Foram constatados 78 óbitos intra-

hospitalares (6,9%) sendo 06 deles intraoperatórios. Os bairros no entorno do hospital

responderam por 45,4% dos pacientes avaliados. Idade avançada e classificação de risco

vermelha foram fatores associados a maior mortalidade. Discussão: o perfil dos

pacientes cirúrgicos do hospital é compatível com o esperado para serviços similares

descritos na literatura. A análise crítica (bem como a comparação com outros serviços

da região) dos indicadores de qualidade, incluindo a taxa de mortalidade, é importante

para contribuir na evolução da capacidade dos gestores políticos e técnicos em usar os

dados estatísticos para efetivamente melhorar a qualidade do atendimento. Conclusão:

o perfil dos pacientes cirúrgicos é similar ao descrito na literatura, com predominância

de jovens do sexo masculino, hospitalizados devido a lesões por causas externas e não

se altera em função da procedência do paciente. A taxa de mortalidade é compatível

com séries descritas na literatura para pacientes cirúrgicos em serviços de emergência.

Palavras chave: emergências; trauma; epidemiologia.

5

OBJETIVOS

PRINCIPAL

Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes cirúrgicos em um centro hospitalar de

referência em urgências e emergências na cidade do Salvador (Bahia).

SECUNDÁRIOS

1. Analisar o perfil demográfico e a procedência dos pacientes admitidos no

serviço de emergência e submetidos a procedimentos cirúrgicos;

2. Correlacionar perfis epidemiológicos com dados de mortalidade.

6

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

DESCENTRALIZAÇÃO E PAPEL DA GESTÃO ESTADUAL

A política de saúde brasileira vem passando por mudanças profundas nas últimas

décadas, com profundas alterações na estrutura e papel do Estado e a implementação do

Sistema Único de Saúde (SUS). Na década de noventa, a descentralização teve destaque

na agenda nacional da saúde, sendo o setor frequentemente citado por seus avanços no

âmbito da descentralização, associada ao esforço de constituição de um novo arranjo

federativo (1,2). Este processo, entretanto, não se deu de forma plenamente harmoniosa

(3). Além das dificuldades inerentes à implantação de um projeto grandioso como o

SUS, a Norma Operacional de Assistência à Saúde 01/2001 causou um significativo

impacto no processo de descentralização da gestão de saúde. Apesar de ter como

objetivo ampliar as responsabilidades dos municípios, a NOAS/SUS/01, efetivamente,

aumentou as responsabilidades das Secretarias Estaduais de Saúde (4), uma vez que

cabe a estas a elaboração do Plano Diretor de Regionalização. Este plano visa garantir

ao cidadão um conjunto mínimo de ações e serviços e pactuar atendimentos de

referência intermunicipais.

Na configuração primordial e ideal do SUS, a responsabilidade pelos cuidados

primários à saúde da população sob responsabilidade do município. Porém, pessoas e

suas necessidades de saúde não se circunscrevem a uma das esferas de governo, seja ela

qual for. Para melhoria do sistema, além de mudanças na condução da política, existe a

necessidade de se reconfigurar o papel da esfera estadual, que foi limitado pela ênfase

na municipalização nos vinte primeiros anos do SUS (1). Para concretizar a atuação em

rede e aperfeiçoar seu funcionamento, não só a assistência, mas também as estatísticas

de saúde precisam ser integradas (5).

7

É neste contexto de uma legislação complexa, subfinanciamento e uma alta demanda

mal definida pelas informações demográficas e estatísticas de saúde que o Estado deve

programar seus investimentos. As modalidades de efetivar a ação em saúde são

inúmeras, tanto do nível de complexidade como em seu aspecto gerencial. Definir

especialidades ou regiões prioritárias também é uma tarefa árdua diante de tantas

carências.

URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

As unidades de emergências hospitalares e pronto-atendimentos são serviços

direcionados para o atendimento de pacientes acometidos sobretudo por agravos

agudos, das mais variadas complexidades. Os serviços de acolhimento às emergências

apresentam diferentes níveis de complexidade, mas todos os níveis de atenção devem

estar preparados para acolher estes pacientes e encaminhar para os demais componentes

da rede quando esgotarem-se os recursos diagnósticos e terapêuticos do serviço

necessários para a conduta do caso (6).

A qualidade do atendimento de Saúde no Brasil vem melhorando mas ainda precisa de

muitos avanços para assegurar padrões elevados (2). Nos serviços de emergência, um

problema recorrente, é a superlotação. Definida como uma situação na qual a demanda

supera a capacidade do serviço em fornecer um atendimento de qualidade em uma

janela de tempo aceitável (7), a superlotação está presente principalmente nos grandes

centros médicos direcionados para emergências, sendo notório o descompasso estrutural

entre oferta de recursos e demanda. Entre as causas pode-se identificar a baixa

resolutividade da atenção básica e a precariedade das redes hospitalares (8). Analisando

a demanda dos serviços de emergências hospitalares no Brasil, nota-se uma utilização

indevida, sendo 65% dos pacientes com indicação de atendimento ambulatorial.

8

Adicionalmente, 36% destes pacientes não dão prosseguimento em ambulatórios à

patologia que motivou sua ida ao serviço de emergência (9).

A superlotação dos serviços de urgência e emergência não é uma exclusividade dos

serviços públicos, nem ocorre somente no Brasil (10,11). Entre os problemas

enfrentados estão: a falta de leitos, com pacientes espalhados pelos corredores;

profissionais em número insuficiente, sobrecarregando a equipe; falta de capacitação

específica, pouca ou nenhuma reciclagem e vínculo precário, levando à busca por

diversos vínculos, acúmulo de plantões e horas consecutivas de trabalho; escassez e

gerenciamento inadequado dos recursos; pouca integração com restante da rede de

atendimento; e ausência de planejamento ordenado (12).

As consequências decorrentes da superlotação incluem o risco à saúde pública,

insatisfação e prolongamento de dor e sofrimento dos pacientes, movimentação errática

de ambulâncias, redução da produtividade da equipe médica, violência, comunicação

deficiente e dificuldades para concretizar objetivos acadêmicos nos centros vinculados a

instituições de ensino (13). Apesar destes efeitos perturbadores, pouca pesquisa é feita

para identificar, quantificar e compreender estes desfechos e atuar sobre suas causas.

Há ainda um déficit importante de estrutura e organização da rede assistencial (8).

Como solução para alguns destes problemas, outras áreas de grande demanda apelam

para relações com o setor privado para suprir a demanda de atendimento (14). A

redução de custos e a melhoria de gestão permitidas pela gestão privada tem um papel

importante nestas escolhas.

ESTATÍSTICAS EM SAÚDE

A obtenção dos dados do perfil dos pacientes e dos atendimentos realizados após a

implantação de um novo hospital é fundamental tanto pela justificativa da gestão

9

pública diante da população, evidenciando efetivamente a presença de demanda que

justificasse o investimento, bem como para avaliação dos indicadores do padrão de

atendimento.

Infelizmente o Brasil tem poucos dados disponíveis na literatura sobre a área de saúde

de forma geral. Mais especificamente sobre o funcionamento dos serviços, estes dados

são ainda mais raros. Conhecer a população é fundamental não só para definir as

estratégias e planos de saúde bem como para adequar protocolos e tratamentos de

acordo com grupos e perfis populacionais específicos. Ademais, avaliar constantemente

os indicadores de atendimento (quantitativos e qualitativos) é etapa indispensável para

manter um alto padrão de qualidade e buscar melhorias contínua (15,16).

Obter dados e análises estatísticas sobre a população atendida e indicadores de

qualidade visa, portanto, entender melhor a demanda pelos serviços de saúde, avaliar a

adequação da estrutura disponível e manter o processo de vigilância e aprimoramento

dos serviços prestados à população.

Desta forma, fica evidente a importância de se avaliar a implementação do Hospital do

Subúrbio (HS) na região do Subúrbio Rodoviário em Salvador – BA. Concebido como

uma parceria público-privada, modelo que apresenta um perfil diferenciado dentre as

tradicionais medidas adotadas na área da saúde no Brasil mas que já foi empregado com

sucesso em outras áreas e países (17–20), o hospital se insere em uma região de baixo

nível socioeconômico, carência social e grande densidade populacional.

10

METODOLOGIA

DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo do tipo corte transversal.

POPULAÇÃO E LOCAL DO ESTUDO

Foram selecionados, através de prontuário eletrônico, pacientes admitidos no período de

novembro de 2011 a março de 2012, na emergência do HS – hospital este com perfil de

urgência e emergência, da esfera pública e natureza administrativa público-privada,

localizado no Subúrbio Ferroviário da cidade de Salvador (Bahia). No período do

estudo o HS apresentava uma capacidade total de 268 leitos, sendo 208 leitos de

enfermarias distribuídas entre 64 de internação pediátrica e 144 de internação para

adultos. Na terapia intensiva eram disponibilizados 10 leitos de UTI pediátrica e 50

leitos de UTI para adultos. Realizava em média 523 procedimentos cirúrgicos por mês.

Os pacientes chegaram através do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(SAMU192) ou por civis/ meios próprios, não havendo admissão por transferência.

Os bairros considerados como situados no entorno do HS, tomando como base os

bairros do Subúrbio Ferroviário da cidade do Salvador (Bahia) e demais bairros

geograficamente localizados no entorno do hospital, foram: Águas Claras, Alto do

Cabrito, Boa Vista do Lobato, Cajazeiras, Coutos, Fazenda Coutos, Ilha Amarela,

Itacaranha, Lobato, Marechal Rondon, Nova Brasília de Valéria, Paripe, Periperi, Pirajá,

Plataforma, Praia Grande, Rio Sena, São Tome de Paripe e Valeria.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Pacientes admitidos na emergência do HS, submetidos a intervenção cirúrgica de

qualquer natureza.

11

COLETA DE DADOS

Este projeto se baseia na análise de um banco de dados já coletado por membros deste

grupo de pesquisa, com autorização prévia do Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Medicina da Bahia, através de acesso ao registro eletrônico dos

atendimentos realizados pela equipe médica do HS.

METODOLOGIA DA ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise descritiva calculou as médias e desvios-padrão para as variáveis contínuas

com distribuição normal e medianas e intervalos interquartis (IIQ) para as não-normais.

As proporções das variáveis categóricas entre os grupos foram comparadas através dos

Testes Exato de Fisher ou Chi-quadrado de Pearson com correção de continuidade de

Yates, conforme apropriado. As médias / medianas das variáveis contínuas foram

comparadas através do Teste T de Student, quando a variável analisada possuir padrão

de distribuição normal, e do teste não paramétrico de Mann-Whitney, quando o padrão

de distribuição não seguiu uma curva normal. Todos os testes foram bicaudados e

considerados estatisticamente significantes resultados com p < 0,05.

A análise univariada foi realizada com base nas variáveis de interesse: idade, gênero,

cidade de origem, estado civil, classificação de risco à admissão, grau de contaminação,

horário e turno de admissão, dia de admissão e desfecho intra-hospitalar / mortalidade.

Pacientes com classificação de risco azul tiveram este dado considerado como perda

devido a falha na classificação de risco pelo serviço. Dados analisados através do

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows V. 18.0.

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Este estudo é um subprojeto da pesquisa “Avaliação de desfechos em pacientes

estratificados por turno de atendimento em emergência de hospital público de referência

na cidade de Salvador – BA”, cujo protocolo foi aceito em 02/04/2013, pelo CEP da

12

Faculdade de Medicina da Bahia, pelo parecer 234.541 (Anexo I). Teve consentimento

da instituição (HS), através da carta de anuência da mesma (Anexo II). A equipe

pesquisadora se comprometeu a utilizar os dados coletados eletronicamente,

preservando o sigilo médico, para fins exclusivamente científico (Anexo III).

13

RESULTADOS

Foram avaliados 1129 pacientes, cujas características estão apresentadas na Tabela 1. A

mediana da idade foi de 35 anos (intervalo interquartil [IIQ] 21-53), com 720 pacientes

do sexo masculino (63,8%) e mediana do tempo de internamento de 84 horas (IIQ 41-

181). Analisando os códigos de CID-10 descritos para internamento, alta, pré-operatório

e pós-operatório, 595 pacientes tiveram seus atendimentos relacionados a lesões por

causas externas. Foram constatados 78 óbitos intra-hospitalares (6,9%) sendo seis deles

intraoperatórios.

Tabela 1 - Características básicas da amostra.

Característica Frequência (%)

Idade (mediana e IIQ) 35 anos (21 - 53)

Tempo de internamento (mediana e IIQ) 84 horas (41 - 181)

Gênero Masculino 720 (63,8)

Feminino 409 (36,2) Classificação de risco Verde 488 (54,8)

Amarelo 273 (30,6)

Vermelho 130 (14,6)

Cidade de origem Salvador 884 (78,3)

Simões Filho 61(5,4)

Lauro de Freitas 28 (2,5)

Bairro de Origem Periperi 88 (7,8)

Paripe 56 (5,0)

Fazenda Coutos 50 (4,4)

Plataforma 50 (4,4)

Cajazeiras 35 (3,1)

Outros 850 (75,3)

Causa externa associada 595 (52,7)

Óbito intraoperatório 6 (0,53)

Óbito intra-hospitalar 78 (6,9)

IIQ: intervalo interquartil

Salvador foi a cidade de origem de 884 pacientes (78,3%). Entre os demais municípios

de origem, destacam-se Simões Filho (5,4%) e Lauro de Freitas (2,5%), municípios

vizinhos à capital e partes da região metropolitana. Em Salvador, os bairros com maior

14

número de atendimentos foram: Periperi (7,8%); Paripe (5%), Fazenda Coutos (4,4%),

Plataforma (4,4%), Coutos (2,8%), todos eles no entorno do HS.

Tabela 2 - Comparação entre pacientes procedentes do entorno do HS e demais bairros/municípios.

Pacientes

procedentes do

entorno do HS

N (%)

Pacientes procedentes

de demais

bairros/municípios

N (%)

p

Idade (mediana e IIQ) 35 (20 – 53) 36 (22 – 53) 0,360

Tempo de internamento (mediana e IIQ) 84 (41 – 182) 85 (40 – 181) 0,626

Gênero 0,031

Masculino 345 (67,3) 375 (60,9)

Feminino 168 (32,7) 241 (39,1)

Classificação de risco 0,665

Verde 226 (50,8) 275 (53,5)

Amarelo 148 (33,3) 158 (30,7)

Vermelho 71 (16,0) 81 (15,8)

Óbito intraoperatório 5 (1,0) 1 (0,2) 0,098

Óbito intra-hospitalar 39 (7,6) 39 (6,3) 0,471

IIQ: intervalo interquartil; Idade em anos; Tempo de internamento em horas

Analisando separadamente os pacientes provenientes do entorno do HS e os procedentes

de demais bairros da cidade de Salvador ou outros municípios (Tabela 2), pode-se

perceber, além de um número importante de pacientes do entorno (45,4%), um perfil

similar, sem diferenças estatisticamente significantes em relação a idade, tempo de

internamento, perfil de classificação de risco e mortalidade intraoperatória ou intra-

hospitalar. Houve somente predominância de pacientes do sexo masculino entre aqueles

procedentes do entorno do HS (67,3% VS 60,9%).

15

Figura 1 - Mapa com número de atendimentos por bairro no entorno do HS.

A mortalidade intra-hospitalar foi comparada para diversos subgrupos (Tabela 4). Para

pacientes do sexo masculino, a taxa de mortalidade foi de 6,0% enquanto a feminina foi

de 8,6% (p=0,127) OR=1,573 (IC=0,927-2,343). A taxa de mortalidade de pacientes da

capital foi de 7,1% enquanto a dos pacientes do interior foi de 6,1% (p=0,685) OR=

1,177 (IC= 0,658-2,105). A mortalidade no primeiro quartil foi 2%, a interquartil foi de

5% e no quarto quartil foi de 15% (p< 0,001). Quando comparado o último quartil com

os outros três, a taxa de mortalidade para os mais velhos foi de 15% enquanto para o

mais novos foi de 4% (p<0.001) OR= 4,257 (IC=2,66-6,81). Mediana de 41 anos

(Intervalo Interquartil [IIQ] 22-60,5) para mulheres e mediana de 33 anos (IIQ 20-

16

48,75) para homens (p<0,001). Mediana de 36 anos (IIQ 21-53) para pacientes da

capital e mediana de 33 anos (IIQ 19-50) para pacientes do interior (p= 0,112).

Tabela 3 - Número de pacientes atendidos procedentes do entorno do HS por bairro.

Bairro Pacientes atendidos

Periperi 88

Fazenda Coutos e Coutos 82

Paripe e São Tome De Paripe 66

Plataforma 50

Lobato, Boa Vista do Lobato e Ilha Amarela 41

Rio Sena e Praia Grande 37

Valeria 36

Cajazeiras 35

Águas Claras 27

Pirajá 22

Itacaranha 17

Alto do Cabrito e Marechal Rondon 12

Tabela 4 - Correlação entre mortalidade e variáveis demográficas.

Taxa de

Mortalidade

(%)

p OR

Sexo

Homens Mulheres

6,0 8,6

0,127 1,47

(IC= 0,93 – 2,34) Procedência

Capital Interior

7,1 6,1

0,685 1,18

(IC= 0,66 – 2,11) Bairro de origem

Entorno do HS Demais

7,6 6,3

0,471 1,22

(IC= 0,77 – 1,93) Classificação de risco

Vermelho Demais

14,5 5,7

0,001 2,80

(IC= 1,63 – 4,81) Idade

1º Quartil 2º Quartil

3º Quartil 4º Quartil

1,8 3,6

6,6 15,2

0,001 -----------

1º - 3º quartis 4º Quartil

4 15,2

0,001 4,26

(IC=2,66-6,81) IIQ: intervalo interquartil; OR: Odds Ratio

17

DISCUSSÃO

A predominância de indivíduos jovens (mediana de 35 anos) e do sexo masculino

(63,8%) é compatível com o perfil do hospital, bastante voltado para pacientes vítimas

de lesão por causas externas (responsáveis por mais da metade dos atendimentos do

período analisado), e similar ao encontrado na literatura (21–25).

Esta predominância de homens jovens está associada a diversos fatores a depender da

causa externa associada. Aspectos socioeconômicos são de fundamental importância

sobretudo nos pacientes vítimas de lesões por arma branca ou arma de fogo e nos casos

de violência doméstica (25), mas não se deve desconsiderar aspectos jurídicos e o papel

da segurança pública. Para outros mecanismos, como, por exemplo, os acidentes

envolvendo motocicletas, pode-se elencar desde aspectos culturais, como aprender

precocemente a dirigir e a simbologia de sucesso e felicidade atribuída ao jovem que

guia (mesmo que ilegalmente) uma motocicleta, até fatores bem reconhecidos como uso

de álcool e outras drogas, falta de experiência, ausência de equipamentos de proteção,

entre outros (22). A presença de uma triagem específica para os pacientes com lesões

com causas externas, incluindo descrição das lesões através de um escore de trauma,

seria um recurso importante para auxiliar na compreensão dos mecanismos e,

principalmente, nos aspectos preventivos.

Conhecer o perfil destes pacientes é fundamental para quantificar o problema, sobretudo

da violência, e identificar quais medidas devem ser adotadas (ou continuadas) no âmbito

político-educacional (25). Contudo, são necessárias também pesquisas que forneçam

mais informações sobre os mecanismos de trauma envolvidos (23), o padrão das lesões

encontrados e tipo de tratamentos indicados (24,26), ajudando inclusive a formular

modelos para aliviar a superlotação dos serviços de emergência (8,13,27).

18

A avaliação do serviço também é um aspecto importante e foi possível observar uma

taxa de mortalidade aceitável (6,9%). Estudos multicêntricos visando avaliar o

desempenho de diferentes serviços encontram uma série de fatores associados a

diferentes taxas de mortalidade (28). A seleção de procedimentos específicos para

algumas análises, visando selecionar pacientes com maior risco cirúrgico, leva alguns

centros a publicarem taxas elevadas, acima de 15% (29), mesmo em locais com bons

indicadores de saúde. As análises visando avaliar o desempenho do serviço se ressentem

da dificuldade em avaliar objetivamente a presença de complicações, fator fundamental

na compreensão da mortalidade cirúrgica. Entretanto, o perfil do paciente é também

fundamental nesta análise, levando inclusive à adoção do conceito de “falência de

resgate” (30), visando ressaltar a importância do paciente como fator prognóstico

independente, eventualmente mais importante do que o hospital,após análises de risco

ajustadas.

No Brasil ainda temos poucos estudos que expõem publicamente no meio científicos os

indicadores dos serviços e a comparação de dados é extremamente difícil tanto pela

ausência de informatização em grande parte dos hospitais como pela segregação dos

registros, mesmos nas instituições públicas que compõe o SUS. Compreender as razões

para variações em nas taxas de mortalidade deve contribuir para a evolução na

capacidade dos gestores políticos e técnicos em usar os dados estatísticos para

efetivamente melhorar a qualidade do atendimento (8,30).

No período do estudo o hospital ainda não estava com sua funcionalidade plenamente

utilizada, como pôde ser observado nos meses seguintes pelas revisões dos parâmetros

de atendimento. Todavia, o volume de cirurgias foi significativo e com uma parcela

importante proveniente do entorno do hospital, uma região carente do ponto de vista

socioeconômico – o que já constitui um grande fator de risco para diversos

19

acometimentos à saúde (25,31). A demanda da região se mostrou tamanha e evidenciou,

inclusive, que houveram equívocos quantitativos e qualitativos em sua estimativa

inicial, sobretudo pela quantidade significativa de pacientes com necessidade de

cuidados básicos (32,33). Os atendimentos complexos a pacientes graves foram

gradualmente aumentando, inclusive pela necessidade de adequação às metas impostas

na parceria com o poder público.

A demanda por serviços de alta complexidade, como os procedimentos cirúrgicos

avaliados neste trabalho, contribuem para justificar a instalação de um serviço hospitalar

em detrimento de unidades de pronto-atendimento. A localização de uma unidade

hospitalar é particularmente importante em populações mais carentes, para as quais a

distância causa maior impacto no comparecimento aos serviços de saúde (34). A

população do entorno também exerce influência sobre o tipo de serviço demandado e é

fundamental que o hospital esteja preparado para responder às demandas em termos de

equipamentos, equipe e referência para outras unidades da rede (35). É notável no SUS

ainda uma grande dificuldade na articulação de referência – contra-referência, sobretudo

quando se observa os serviços de emergência. Nesta perspectiva, a informatização da

rede através de sistema único seria de grande importância, não só para facilitar a

articulação entre atenção primária, serviços de urgência e emergência e demais

unidades, mas também para obter informações mais completas sobre a utilização dos

serviços.

LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Como estudo um estudo inicial, podem ser elencadas uma série de limitações

metodológicas e em relação aos dados utilizados. Inicialmente, foram obtidos somente

dados de um período curto, limitando a amostra a possíveis vieses sazonais do perfil de

vítimas. Um período de pelo menos um ano seria mais adequado e está entre os

20

objetivos futuros no seguimento deste trabalho. A limitação a pacientes cirúrgicos

restringe também a extrapolação dos dados para o serviço como um todo, dificultando a

compreensão mais adequada da demanda dos serviços da unidade. Ademais, estudos

semelhantes usualmente adotam uma amostra maior e preferencialmente multicêntrica,

visando a comparação do atendimento entre os diferentes serviços (16,28).

A classificação de risco utilizada pelo serviço não contempla plenamente a avaliação da

gravidade dos pacientes, de forma que podem haver discrepâncias entre as taxas de

mortalidade que seriam melhor explicadas por outros escore de gravidade mais

apropriados (36), como o Injury Severity Score (37) ou o Revised Trauma Score (38).

Houve também uma limitação importante na definição da etiologia. O único meio

disponível para tal foi preenchimento do CID referente ao internamento, alta e pré/pós

operatório. Este preenchimento, contudo, se mostra bastante deficiente e incompleto,

dificultando a comparação entre diferentes etiologias / mecanismos envolvidos nos

atendimentos. A melhoria do preenchimento deste dado ou mesmo a inclusão de

campos específicos objetivos, no atendimento ou na triagem, referente a síndromes

gerais, seria um avanço importante para obter um painel geral do perfil de pacientes

atendidos.

21

CONCLUSÕES

1. O HS, hospital de referência para urgência e emergências, tem um perfil de

pacientes cirúrgicos similar ao descrito na literatura, com predominância de

jovens do sexo masculino, hospitalizados devido a lesões por causas externas.

2. Um percentual significativo dos pacientes cirúrgicos é oriundo de bairros

próximos ao hospital, demonstrando a demanda significativa e a importância da

expansão da rede de atendimento de urgências e emergências nesta região da

cidade de Salvador – Bahia.

3. Não há diferenças marcantes entre o perfil de pacientes oriundos do entorno do

hospital e os provenientes de outras regiões, nem diferença significativa entre a

mortalidade destes grupos.

4. A taxa de mortalidade é compatível com séries descritas na literatura para

pacientes cirúrgicos em serviços de emergência.

5. Há melhorias nos registros do hospital que podem ser feitas visando caracterizar

melhor os pacientes e os serviços prestados e permitindo a obtenção de

indicadores e dados úteis para aprimorar a qualidade do atendimento e as

políticas públicas.

22

CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores declararam inexistência de conflito de interesses.

23

ABSTRACT

The Brazilian health policy has undergone profound changes in recent decades,

concerning its structure and role of the state and the implementation of the Unified

Health System (SUS). The modalities for effecting health action are numerous, both in

level of complexity as in its management aspects. Set priority specialties or regions is

also an arduous task in face of so many needs. The level of healthcare in Brazil is

improving but it still far from high standards. To constantly evaluate the quantitative

and qualitative indicators of service is essential to achieve a high quality service and

seek continuous improvements. Methods: retrospective descriptive cross sectional

study assessing patients undergoing any surgical intervention in a public hospital, local

reference for emergency services. Results: 1129 patients were evaluated, with a median

age of 35 years (IQR 21-53), 720 males (63.8 %) and median hospital stay of 84 hours

(IQR 41-181). External causes were related to hospitalization of 595 patients. Inhospital

mortality rate was 6.9%, with 06 intraoperative deaths. The neighborhoods surrounding

the hospital accounted for 45.4 % of the patients. Advanced age and red risk

classification were associated with increased mortality. Discussion: the profile of

surgical patients is consistent with that expected for similar services in the literature. A

critical analysis (as well as a comparison with other services in the region) of quality

indicators, including mortality rates, is important to contribute to the ability of

politicians and technical managers to use statistical data to effectively improve the

quality of care. Conclusion: the profile of surgical patients is similar to that described in

the literature, with a predominance of young males, hospitalized with injuries from

external causes and does not change depending on the patient's origin. The mortality

rate is compatible with the series described in the literature for surgical patients in

emergency departments.

Keywords: emergencies; trauma; epidemiology.

24

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ANEXOS

PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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34

CARTA DE ANUÊNCIA

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36

TERMO DE COMPROMISSO DO USO DO BANCO DE DADOS

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