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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA Perfil de ansiedade em estudantes universitários de cursos da área da saúde Rômulo Moreira dos Santos Dissertação apresentada à Universidade Estadual da Paraíba UEPB, em cumprimento dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública, Área de Concentração Saúde Pública. Orientadora: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões Campina Grande PB 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

Perfil de ansiedade em estudantes universitários

de cursos da área da saúde

Rômulo Moreira dos Santos

Dissertação apresentada à Universidade Estadual da

Paraíba – UEPB, em cumprimento dos requisitos

necessários para obtenção do título de Mestre em Saúde

Pública, Área de Concentração Saúde Pública.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

Campina Grande – PB

2014

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Perfil de ansiedade em estudantes universitários

de cursos da área da saúde

Rômulo Moreira dos Santos

Dissertação apresentada à Universidade Estadual da

Paraíba – UEPB, em cumprimento dos requisitos

necessários para obtenção do título de Mestre em Saúde

Pública, Área de Concentração Saúde Pública.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

Campina Grande – PB

2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome do candidato: Rômulo Moreira dos Santos.

Título da dissertação: Perfil de ansiedade em estudantes universitários de cursos da área da

saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual da Paraíba – UEPB, em cumprimento

dos requisitos necessários para obtenção do

título de Mestre em Saúde Pública, Área de

Concentração Saúde Pública.

Aprovado em: ___/___/_____

Banca Examinadora

Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

Universidade Estadual da Paraíba - Orientadora

Prof. Dr. Alessandro Leite Cavalcante

Universidade Estadual da Paraíba – Membro Interno

Prof. Dr. Saulo Rios Mariz

Universidade Federal de Campina Grande – Membro Externo

i

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À minha tia Clívia, que nunca mediu

esforços para ajudar na minha formação

profissional e acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Desde o levantar até o deitar, agradecer sempre a Deus, Senhor de todas as coisas, razão pela

qual existo. Assim, “Eu Te agradeço, Deus, por se lembrar de mim e pelo Teu favor,

E o que me faz crescer”.

Aos meus pais, José Antonio e Walkyria, que a mim outorgam um amor incondicional,

sempre presentes, educando-me para a maior das universidades: a vida.

À minha irmã, Raquel, que sempre esteve de prontidão à minha defesa e que me acompanha

desde o nascimento, também ajudando no meu amadurecimento e aprendendo junto comigo.

À João, meu sobrinho, que me ensina as primeiras lições

de como ser responsável por outra vida.

À Neiva, presente maior desse mestrado, meu apoio e incentivo de todas as horas.

Mulher que aprendeu a me amar, com a qual formarei aliança de vida.

À vó Lucy, sempre orando pela minha vida e por minhas conquistas.

À Mônica, por ter aceitado a orientação, pelos conselhos e

incentivo ao meu crescimento acadêmico.

À todas as professoras com as quais aprendi a importância de ser pesquisador

e de construir relações de amizade nesse meio tão competitivo:

Ivana, Lindomar e Fátima.

Às minhas queridas amigas, Jeane, Rossana e Adriana.

Sempre na torcida e prontidão para ajudar quando necessário.

À Nathaly, auxílio amigo que surgiu em meio às dificuldades.

Aos professores da Universidade Estadual da Paraíba e Faculdade Maurício de Nassau,

que facilitaram o acesso aos alunos durante o período de coleta de dados.

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À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pela bolsa de mestrado.

No mais, muito obrigado a todos!

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“Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber;

nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir.

Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?”

(Mateus 6:25)

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RESUMO

OBJETIVO: Verificar a prevalência de universitários da saúde com perfil de ansiedade,

assim como o uso de medicamentos, em instituições de ensino superior pública e privada,

verificando possíveis correlações com dados sociodemográficos e hábitos de vida.

MÉTODO: Estudo transversal, realizado em uma universidade pública e uma privada do

Município de Campina Grande-PB, de outubro de 2013 a fevereiro de 2014, com 428

universitários. Aplicou-se o Beck Anxiety Inventory na versão validada para o português e um

questionário contendo informações acadêmicas, sociodemográficas, condições de saúde,

hábitos de vida e uso de medicamentos. O tratamento estatístico foi realizado empregando o

Statistical Package for The Social Sciences na versão 18, através dos testes Qui Quadrado,

Regressão Linear Simples, Regressão Linear Multivariada e Análise de Variância, com

intervalo de confiança de 95%.

RESULTADOS: O perfil ansioso foi relacionado com significância às variáveis Sexo

(p=0,02), Cor (p=0,04), Estado civil (p=0,02), Qualidade do sono (p<0,01) e Etilismo

(p<0,01). Todas as relações estabelecidas nas regressões foram significantes e o grupo de

maior escore de ansiedade foi o dos tabagistas (21,75±15,84). Os benzodiazepínicos (76,2%)

foram os ansiolíticos mais relatados e se observou alta prevalência de automedicação (47,4%).

CONCLUSÕES: Mesmo sendo profissionais de saúde em formação, o uso irracional de

medicamentos foi elevado e é sugestiva a criação de políticas para atenção à saúde mental dos

universitários, visando a melhoria da qualidade de vida nas universidades.

Palavras-chave: Ansiedade. Uso de medicamentos. Estudantes de ciências da saúde.

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ABSTRACT

OBJECTIVE: To determine the prevalence of courses health students with an anxiety

profile, as well as the drug use in public and private higher education institutions, checking

possible correlations with sociodemographic and lifestyle habits.

METHODS: Cross-sectional study conducted at a public university and a private one of

Municipality of Campina Grande-PB, from October 2013 to February 2014. Were used the

Beck Anxiety Inventory validated for the portuguese version and a questionnaire containing

academic information, sociodemographic, health status, lifestyle and medication use.

Statistical analysis was performed using the Statistical Package for the Social Sciences

version 18, employing the Chi Square Test, Simple Linear Regression and Multivariate and

Analysis of Variance, with a confidence interval of 95%.

RESULTS: The anxious profile was statistically significant when associated with the

variables sex (p=0.02), color (p=0.04), marital status (p=0.02), quality of sleep (p<0.01) and

alcohol consumption (p<0.01). All relationships established in the regressions were

significant and the group with higher anxiety score was the smokers (21.75±15.84).

Benzodiazepines (76.2%) were the most reported anxiolytic and high prevalence of self-

medication (47.4%) was observed.

CONCLUSIONS: Although health professionals in training, the irrational use of drugs was

high and is suggestive the creation of policies for the mental health of college students, in

order to improve the quality of life in universities.

Keywords: Anxiety. Drug use. Students, Health Occupations.

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INDICE

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13

1.1. DEFINIÇÕES DE ANSIEDADE, CLASSIFICAÇÕES E EPIDEMIOLOGIA ................. 14

1.2. TEORIAS DA GÊNESE DA ANSIEDADE ..................................................................... 15

1.3. ANSIEDADE E ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ..................................................... 16

1.4. RELAÇÃO DA ANSIEDADE E OUTRAS MORBIDADES ........................................... 17

1.5. TRIAGEM E TRATAMENTOS PARA ANSIEDADE..................................................... 18

1.6. POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS, USO RACIONAL E

FARMACOVIGILÂNCIA ............................................................................................... 21

2. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 23

2.1. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 23

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 23

3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 24

3.1. DELINEAMENTO, LOCAL E DURAÇÃO DO ESTUDO .............................................. 24

3.2. POPULAÇÃO .................................................................................................................. 24

3.3. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ................................................................. 26

3.4. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................ 28

3.5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................................... 28

4. RESULTADOS ...................................................................................................................... 29

4.1. ARTIGO 1 ........................................................................................................................ 30

4.2. ARTIGO 2 ........................................................................................................................ 46

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 70

6. REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 71

APÊNDICES ................................................................................................................................ 75

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................... 76

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO SEMIESTRUTURADO......................................................... 77

ANEXOS ...................................................................................................................................... 79

ANEXO I – BECK ANXIETY INVENTORY (BAI) ......................................................................... 80

ANEXO II – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ...................................... 81

ANEXO III – TERMO INSTITUCIONAL UEPB ......................................................................... 82

ANEXO IV – TERMO INSTITUCIONAL FMN .......................................................................... 83

ANEXO V – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO ARTIGO 1.............................................. 84

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Página

Quadro I Teorias biológicas para os transtornos de ansiedade e

respectivas características principais.

15

Artigo 1 Perfil de ansiedade em universitários concluintes de

cursos de saúde

Tabela 1 Distribuição percentual das variáveis sociodemográficas e de

hábitos de vida dos 135 universitários, com valores dos IC%

e de p para o Teste Qui Quadrado.

37

Tabela 2 Regressão Linear Simples das correlações entre a pontuação

do Escore do BAI e variáveis independentes, considerando os

135 participantes.

38

Tabela 3 Análise de variância entre o escore de classificação do BAI e

variáveis independentes, com valores médios, desvio padrão

e IC% para médias, considerando os 135 participantes.

39

Artigo 2 Ansiedade e uso de medicamentos por universitários de

instituições pública e privada

Tabela 1 Frequências das variáveis sociodemográficas e de hábitos de

vida dos 428 universitários, com valores dos IC% e de p para

o Teste Qui Quadrado.

56

Tabela 2 Regressão Linear Simples das correlações entre a

classificação do escore do BAI e variáveis independentes,

considerando os 428 universitários.

57

Tabela 3 Regressão linear múltipla entra a classificação do escore do

BAI e variáveis independentes, considerando os 428

universitários.

58

Tabela 4 Comparação de médias do escore BAI entre as variáveis

independentes, com valores médios, desvio padrão e IC%

para médias, considerando os 428 participantes.

61

Tabela 5 Uso de medicamentos e acompanhamento psicoterapêutico

entre os universitários das IES pública e privada,

considerando N=428.

62

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 Número de matriculados, participantes e perdas por curso. 27

Artigo 1 Perfil de ansiedade em universitários concluintes de

cursos de saúde

Figura 1 Distribuição dos alunos por curso, estratificados por sexo.

Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. 35

Artigo 2 Ansiedade e uso de medicamentos por universitários de

instituições pública e privada

Figura 1 Classificação do escore do Beck Anxiety Inventory agrupada

por curso. – Rate the Beck Anxiety Inventory scores grouped

by course.

55

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BAI Beck Anxiety Inventory

BDZ Benzodiazepínicos

CID Classificação Internacional de Doenças

DW Durbin Watson

EUM Estudo da Utilização de Medicamentos

FMN Faculdade Maurício de Nassau

FVG Farmacovigilância

GABA Gamma-Aminobutyric Acid

IC Intervalo de Confiança

IMC Índice de Massa Corporal

ISRS Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina

OMS/WHO Organização Mundial da Saúde/world Health Organization

PNM Política Nacional de Medicamentos

PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

RLM Regressão Linear Múltipla

RLS Regressão Linear Simples

SNC Sistema Nervoso Central

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UEPB Universidade Estadual da Paraíba

URM Uso Racional de Medicamentos

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1. INTRODUÇÃO

Data do século XIX as primeiras descrições da ansiedade como uma disfunção da

atividade mental, sendo definida como reações fisiológicas e síndrome de cunho emocional.

Por volta dos anos 50 do século passado foram descritos sintomas do que hoje seria

classificado como síndrome do pânico e, na década de 1880, sintomas relacionados ao

transtorno obsessivo-compulsivo.(1)

Uma classificação mais sistemática dos transtornos de ansiedade veio com os estudos

de Sigmund Freud, apresentando os sintomas relacionados à crise aguda de angústia (ataque

de pânico), neurose de angústia (transtorno de pânico) e expectativa ansiosa (transtorno de

ansiedade generalizada).(2)

A Classificação Internacional de Doenças (CID), em 1948, com a publicação da sexta

edição trouxe uma seção sobre os transtornos mentais, que foi julgada insuficiente pela

Associação Americana de Psiquiatria, a qual publica a primeira edição do Manual

Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM) em 1952.(2)

O Brasil participou do estudo multicêntrico “Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental”,

com objetivo de conhecer o perfil epidemiológico das populações sobre a dependência de

substâncias e distúrbios de comportamento. Foram levantadas informações da Região

Metropolitana de São Paulo, contando com cerca de 5000 entrevistados, dos quais mais de

40% apresentaram algum evento de transtorno mental, sendo os transtornos de ansiedade a

classe mais prevalente das doenças com cerca de 30%.(3)

Estudos relacionados aos transtornos mentais são conduzidos há várias décadas, no

entanto, com relação aos transtornos de ansiedade, as pesquisas são pontuais e poucas de base

populacional. O presente estudo traz o levantamento de informações sobre o perfil de

ansiedade e uso medicamentos por estudantes universitários, grupo populacional que não

possui política de cuidados à saúde mental específica. Ainda, visa verificar se algum curso

propicia um ambiente mais ansiogênico, dentre os cursos selecionados, e se o perfil ansioso

associa-se a alguma das variáveis estudadas.

A pesquisa envolve universitários de cursos da área da saúde, diferenciando-se das

demais por não abordar apenas cursos isolados, possibilitando as comparações entre as

diferentes graduações em saúde disponíveis no Município de Campina Grande, importante

centro universitário do Nordeste do Brasil, além de observar possíveis diferenças entre os

alunos de instituições de ensino superior pública e privada.

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1.1. DEFINIÇÕES DE ANSIEDADE, CLASSIFICAÇÕES E EPIDEMIOLOGIA

A ansiedade pode ser definida como um estado adaptativo frente a situações de

estresse, momentos de perigo real ou imaginário, podendo ser dividida em ansiedade estado e

ansiedade traço; a primeira refere-se a estados passageiros, transitórios e, a segunda, a

características mais estáveis, relacionadas a indivíduos mais reativos. No entanto, para alguns

autores, a ansiedade ainda é considerada um construto unidimensional, ou seja, um conceito

teórico não observável e indivisível.(4)

Para Dractu e Lader,(5)

a ansiedade é uma experiência humana funcional de interação

com o meio ambiente que, quando persistente, surgem os sintomas do estresse ou desencadeia

algum distúrbio psiquiátrico.

Semelhantemente, Braga et al.(6)

consideraram a ansiedade normal quando ela se

manifesta frente as respostas adaptativas do organismo, propulsora do desempenho e a

caracterizaram como patológica quando a intensidade ou a frequência não correspondem aos

motivos que a desencadeia, ou se não há motivo aparente. A partir do momento em que a

ansiedade traz sofrimento e prejuízos frente ao comportamento de fuga e esquivo de situações

importantes da vida acadêmica, social e profissional do indivíduo a patologia é definida.(7)

De acordo com a American Psychiatric Association,(8)

no Diagnostic Statistical

Manual of Mental Disorders, os transtornos de ansiedade estão agrupados em: Transtorno de

ansiedade generalizada (TAG), Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno de

pânico e Agorafobia, Transtorno de ansiedade social, Fobia específica, Transtorno de estresse

pós-traumático (TEPT) e Transtorno de Estresse Agudo.

A palavra ansiedade se origina do grego anshein, que significa estrangular, sufocar,

oprimir. Fazendo uma correlação à angústia, seria oriunda do latim angor, traduzido como

falta de ar e opressão. Daí um dos sintomas mais marcantes dos processos ansiosos: a

dificuldade de respirar.(9)

Outros sintomas relacionados são dores no peito, palpitações,

distúrbios do sono, xerostomia, tensão muscular, fadiga, inquietação e dificuldade de

concentração(4)

.

Essa morbidade vem aumentando expressivamente na população humana desde o

último século, associado às profundas transformações ocorridas no âmbito econômico, social

e cultural. Tais mudanças acabaram por exigir que as populações se adaptassem a um novo

ritmo de vida, tornando o século XX conhecido como a era da ansiedade.(10)

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15

Desde então, a ansiedade tem sido estudada e relacionada às situações vivenciadas

pelos indivíduos em seu cotidiano e às exigências decorrentes dela, como o processo de

ingressar em instituições de ensino superior.(11,12)

Tais investigações apresentam-se de extrema importância e relevância nos meios

científicos e assistenciais, já que a presença e intensidade dos sinais e sintomas de ansiedade

podem trazer consequências prejudiciais para as condições de vida e de saúde da população

em geral, uma vez que níveis elevados de ansiedade podem provocar percepções negativas

quanto às habilidades motoras e intelectuais do indivíduo. Isso, por sua vez, interfere na

atenção seletiva e na codificação de informações na memória, bloqueando a compreensão e o

raciocínio.(13)

1.2. TEORIAS DA GÊNESE DA ANSIEDADE

Algumas teorias biológicas tentam explicar a gênese dos transtornos de ansiedade

através dos neurotransmissores, que causariam as alterações nos Sistema Nervoso Central

(SNC) e Autônomo. Os comportamentos defensivos são as reações à perigos presentes ou

potenciais, sendo modelados pela seleção natural, passíveis de modificação para que atuem

somente quando forem úteis. Neste contexto, tem sido sugerido que transtornos de ansiedade

são causados por uma detecção falha e consequentemente pela expressão inadequada desses

comportamentos.(14)

Os sistemas neurotransmissores envolvidos seriam o noradrenérgico, serotoninérgico e

gabaérgico, já que as zonas implicadas são o tronco cefálico, formado pelo bulbo, ponte e

mesencéfalo (locus ceruleus, núcleo de rafe), sistema límbico e córtex pré-frontal. Poucos

estudos relacionam a influência dopaminérgica aos processos ansiosos.(15,16)

No Quadro I

estão relacionadas algumas teorias bioquímicas da etiologia da ansiedade.

Quadro I. Teorias biológicas para os transtornos de ansiedade e respectivas

características principais (15,16)

Teoria das catecolaminas Descarga massiva do sistema nervoso b-adrenérgico

Teoria do locus ceruleus Aumento da descarga noradrenérgica no SNC

Teoria metabólica Mudanças metabólicas induzidas pelo lactato

Teoria gabaérgica Dessensibilização dos receptores gabaérgicos Teoria do falso alarme de asfixia Hipersensibilidade dos receptores de CO2 no troncoencefalo

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16

A noradrenalina é uma amina, do grupo das catecolaminas, envolvida nos processos

cognitivos, especialmente os relacionados à atenção e excitação, como déficit de atenção, às

variações de humor e à ansiedade, bem como está relacionada a determinados quadros

depressivos. É formada a partir do aminoácido tirosina e dá origem a adrenalina. Suas

principais funções envolve o sistema cardiovascular, atuando como agente hipertensor e

agonista de receptores alfa-adrenérgicos.(17,18)

A serotonina ou 5-hidroxitriptamina é sintetizada a partir do precursor L-triptofano, o

qual sofre hidroxilação pela triptofano hidroxilase, convertendo-se a 5-hidroxitriptofano, que

em seguida é descarboxilado pela 5-hidroxitriptofano descarboxilase, chegando a 5-

hidroxitriptamina. É encontrada geralmente no SNC (tronco cerebral, mesencéfalo, núcleos

talâmicos, hipotálamo), trato gastrintestinal (células enterocromafins da mucosa) e, em menor

concentração, nas plaquetas sanguíneas.(17)

A serotonina relaciona-se com a dimunuição da latência para o sono, diminuição do

apetite, bem como com vários aspectos comportamentais, provocando alterações no humor,

emoções e ansiedade. Seu déficit pode causar depressão, desordens compulsivas e

comportamento agressivo. A principal via de degradação da serotonina é catalisada pela

monoaminoxidase (MAO), que ao desaminar oxidativamente a serotonina, forma o seu

produto de excreção, o ácido 5-hidroxindolacético (5-HIAA).(17)

O Ácido Gama-aminobutírico ou GABA (Gamma Amino Butyric Acid) é o principal

neurotransmissor inibitório do SNC dos mamíferos, causando sedação. Os sítios de ação dos

benzodiazepínicos estão presentes nos mesmos receptores desse ácido e promovem uma

resposta potencializadora dos efeitos do GABA. O ácido é obtido a partir da forma ativa da

vitamina B6 (piridoxal fosfato) e do glutamato, principal neurotransmissor excitatório do

SNC.(18)

1.3. ANSIEDADE E ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

O período de ingresso, como estudante, em instituições de ensino superior,

geralmente, é uma fase de transformações maturacionais fisiológicas, neurológicas e

psicológicas, decorrentes da passagem da adolescência para a fase adulta, onde os jovens

vivenciam um período de crise, pela exigência em se adaptar ao novo papel social.(19)

Na

faculdade, os estudantes são submetidos a uma grande carga de estresse, devido a longas

horas de estudo e cobranças pessoais de professores e familiares.(20)

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17

Semelhantemente, Jadoon et al.(9)

relataram que à vida acadêmica em cursos de saúde

é estressante devido às exigências feitas ao longo da formação, as atividades e avaliações,

aumento da pressão psicológica, tensão, cansaço mental e expectativa com o mercado de

trabalho.

As exigências financeiras e sociais que o ambiente universitário impõe também são

relacionadas ao aumento das taxas de morbidade psicológica, sendo detectadas por vários

instrumentos. Somado a essas características, há ainda a influência da sociedade, que gera

uma enorme pressão no indivíduo, mediante exigências exacerbadas, padrões

socioeconômicos ditados e determinações as quais todos devem se enquadrar.(21)

Perfis ansiosos são encontrados, principalmente, frente a apresentações orais,

observando uma oscilação comportamental de estudantes antes, durante e depois destas

exposições, sendo os sentimentos e estados de felicidade, ansiedade e interesse os mais

prevalentes.(22)

Segundo Cerchiari, Caetano e Faccenda,(23)

algum transtorno psicológico ocorre entre

14% a 19% de estudantes durante a vida acadêmica e que apenas um quarto procura ajuda

profissional. Em triagem de níveis de ansiedade junto a estudantes de enfermagem,(24)

foram

encontrados 43,66% de universitários com nível alto de ansiedade e 36,62% com níveis

moderados.

Em função de sub-diagnósticos e até da baixa procura por tratamento, indivíduos com

algum transtorno de ansiedade frequentemente perdem oportunidades de crescimento pessoal

e profissional, desenvolvendo auto-avaliação negativa e se isolando ainda mais da

participação na sociedade.(25)

1.4. RELAÇÃO DA ANSIEDADE E OUTRAS MORBIDADES

Como problema de saúde pública, os transtornos de ansiedade além de gerarem ônus

com os tratamentos, muitas vezes prolongados, são fatores predisponentes ao surgimento de

outras comorbidades e situações, como a hipertensão, diabetes e casos de suicídio.(21)

Episódios de compulsão alimentar e obesidade foram associados a mulheres que

apresentavam estados ansiosos mais marcantes. O estudo foi realizado com 113 mulheres e o

instrumento para determinação da ansiedade foi o Inventário de Ansiedade de Beck.(26)

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18

Em estudo realizado com 914 adultos sem diabetes, o metabolismo da glicose foi

caracterizado por glicemia de jejum, dosagem de insulina e cálculo do Homeostasis Model

Assessment (HOMA-IR) para resistência insulínica. Como parte das conclusões, os autores

relataram uma relação entre o aumento de níveis glicêmicos em mulheres com a ansiedade, o

que poderia estar relacionado também a fatores de descompensação para portadores de

diabetes tipo 2.(27)

Já em um levantamento sobre a relação entre sintomas de ansiedade e doenças

cardiovasculares durante hospitalizações, não foi obtida significância nesta correlação.(28)

Sardinha et al.(29)

afirmaram que apesar de pacientes com transtornos de ansiedade

apresentarem redução na variabilidade cardíaca e a associação entre ansiedade e doenças

cardiovasculares estarem bastante estabelecidas, mais estudos são necessários.

Em levantamento realizado junto a estudantes de odontologia do quinto ao nono

período, os indivíduos que apresentaram ansiedade em níveis leve, moderado e grave,

aplicando-se a escala de ansiedade de Beck, possuíam uma razão de chances quatro vezes

maior de apresentarem bruxismo.(30)

Bastante relacionada aos transtornos de ansiedade está a insônia. Tomando o sono

como uma condição fisiológica de atividade cerebral, natural e periódica, caracterizada por

modificação do estado de consciência, redução da sensibilidade aos estímulos ambientais,

acompanhados por características motoras e posturais próprias, além de alterações autônomas

e que é através dele que o organismo “renova as energias”.(31)

Um sono de má qualidade pode

levar, além de estados ansiosos, a cansaço, perda da concentração, fadiga, aumento da

sensibilidade à dor, nervosismo, ideias irracionais, alucinações, perda de apetite, constipação

e maior propensão a acidentes.(32)

1.5. TRIAGEM E TRATAMENTOS PARA ANSIEDADE

As triagens mais empregadas nas últimas décadas para o diagnóstico e detecção de

traços de ansiedade são: Hamilton Anxiety Scale (HAM-A), Beck Anxiety Inventory (BAI),

Brief Psychiatric Research Scale (BPRS), Zung Self-Rating Anxiety Scale e State-Trait

Anxiety Inventory (STAI).(33,34,35)

Este último, apesar de bastante empregado em estudos científicos, em 2003, o

Conselho Federal de Psicologia (CFP), classifica o inventário como um “teste psicológico

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sem condições de uso”, por não atender a requisitos mínimos da Resolução nº 002/2003 do

CFP.(36)

No estudo em questão, será empregado o BAI, desenvolvido para avaliar o rigor dos

sintomas da ansiedade, através de 21 perguntas que se referem a características somáticas,

afetivas e cognitivas oriundas da ansiedade e não de estado depressivo.(37)

Uma pontuação elevada por si só não determina que um paciente tenha um transtorno

de ansiedade, mas indica que uma avaliação mais detalhada deve ser realizada. Outros

aspectos do funcionamento psicológico exibidos pelo paciente devem ser considerados como,

por exemplo, qualquer comorbidade e sintomas de depressão.(38)

O tratamento dos sintomas de ansiedade é feito através de psicoterapia ou cognitivo-

comportamental e, quase sempre, são empregados também medicamentos ou remédios com

propriedades ansiolíticas. Os resultados da psicoterapia são relativamente mais lentos, já que é

necessário diagnosticar as possíveis causas que levam ao estado ansioso e adequar a terapia

para cada tipo de transtorno.(39,40)

As classes de medicamentos que podem ser empregadas no tratamento da ansiedade

são os benzodiazepínicos (BZD), Inibidores da Recaptação Seletiva de Serotonina (IRSS),

Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO) e Antidepressivos Tricíclicos. No entanto, por

apresentarem melhor segurança e eficácia, os BDZ e IRSS são os mais indicados.(41)

O uso de substâncias hipnóticas e sedativas vem desde a antiguidade com as misturas

de bebidas alcoólicas e ervas, passando pelo advento dos barbituratos, hoje já em desuso e,

por volta de 1960, iniciou-se uma comercialização desenfreada de BZD. Não é por menos que

esse grupo de fármacos figura entre os três mais vendidos em todo o Brasil.(42)

Os BZD são drogas ansiolíticas por promoverem um aumento da afinidade do GABA

a seus receptores, mais precisamente os da classe GABAα, que agem como canais de íons

cloreto (Cl-), elevando o influxo destes hiperpolarizando os neurônios, levando ao quadro de

depressão do SNC, diminuindo, assim, os sintomas do estado ansioso.(43)

Inicialmente foi constatado que os BDZ apresentavam boa eficácia e baixos riscos de

intoxicação e potencial de reforço. Com o passar dos anos e novos estudos, observaram-se os

primeiros casos de uso abusivo e surgimento de tolerância e síndrome de abstinência. O uso

de BZD por períodos maiores que 6 semanas, possivelmente favorece o surgimento de

tolerância, podendo gerar também o efeito rebote se descontinuados de maneira

abrupta.(43,44,45)

Em perfil epidemiológico das intoxicações medicamentosas registradas pelo Centro de

Assistência e Informação Toxicológica (Ceatox) de Campina Grande, referente ao período de

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20

2005 a 2007, obteve-se que os neuropsicofármacos foram a causa mais frequente de

intoxicação, dentre os quais o clonazepam e o diazepam figuravam entre os mais prevalentes

princípios ativos associados ao problema.(46)

Os IRSS vem sendo empregados desde 1990 e são uma das classes de primeira escolha

para o tratamento da depressão e alguns transtornos de ansiedade, apresentando boa tolerância

e baixa incidência de reações adversas aos medicamentos (RAM). Eles inibem a receptação

da serotonina da fenda sináptica de volta para os botões pré-sinápticos, aumentando o tempo

de contato com os receptores, prolongando as respostas que levam a sensação de bem

estar.(43,45)

Há ainda, algumas terapias alternativas para o tratamento da ansiedade, como a

utilização de agentes betabloqueadores e terapias complementares e integrativas como a

acupuntura e homeopatia. Em estudo duplo-cego, foi encontrado que o grupo usuário de

florais obteve uma redução maior de ansiedade e estatisticamente significante do que o grupo

que não fez uso dos homeopáticos.(47)

A Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopáticos considera essência floral

como um suplemento integrativo para a saúde, elaborado a partir de flores e outras partes de

vegetais, minerais e radiações de ambientes, obtidas pelo método de extração solar, ambiental

ou decoctiva, seguida de diluição. Terapia floral faz parte de um campo emergente de terapias

vibracionais, de características não invasivas. As essências florais, feitas a partir de plantas

silvestres, flores e árvores do campo, tratam as desordens da personalidade e não das

condições físicas. Elas têm o propósito de harmonizar o corpo etério, emocional e

mental.(47,48)

No tocante às plantas medicinais, em levantamento realizado com 267 artigos

relacionando-as na redução dos sintomas de ansiedade, observou-se uma larga utilização deste

método terapêutico, no entanto, poucas evidências científicas de sua eficácia e segurança.(49)

Com relação a acupuntura, 20% (14) dos pacientes de um ensaio clínico randomizado,

submetidos à auriculoterapia, conseguiram reduzir os níveis de ansiedade.(24)

Novas linhas de tratamento vêm sendo desenvolvidas e testadas para associação com

as terapias cognitivo-comportamentais e tratamentos medicamentosos, como a realidade

virtual que expõe o paciente a situações virtuais que o ajudam a fugir dos pensamentos

ansiosos; o neurofeedback que tenta imprimir no cérebro um padrão de funcionamento

semelhante ao de indivíduos sem a doença e a estimulação magnética transcraniana, ainda em

fase de testes, que consiste na aplicação de energia magnética em regiões cerebrais associadas

à ansiedade, com objetivo de reequilibrar a atividade neuronal.(50)

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1.6. POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS, USO RACIONAL E

FARMACOVIGILÂNCIA

A Política Nacional de Medicamentos (PNM) é considerada parte integrante e

essencial da Politica Nacional de Saúde, promovendo princípios fundamentais para que se

torne possível a implementação de ações que criem melhorias na saúde da população.(51)

A PNM traz como parte de suas diretrizes a reorientação da assistência farmacêutica e

a promoção do Uso Racional de Medicamentos (URM) onde se dá ênfase ao processo

educativo dos usuários ou consumidores acerca dos riscos da automedicação, da interrupção e

da troca da medicação prescrita, bem como quanto à necessidade da receita médica, no

tocante à dispensação de medicamentos tarjados.(52)

Ainda é citada na PNM a importância de estudos farmacoepidemiológicos, onde são

levantadas informações sobre o uso de produtos para embasar e fomentar o URM e delega a

farmacovigilância (FVG) a função de busca ativa por problemas relacionados aos

medicamentos em todo o seu ciclo.(51)

Essa FVG, utilizando-se dos estudos de utilização de medicamentos (EUM) objetiva

reduzir a intensidade de efeitos indesejados produzidos por interações medicamentosas e

outras respostas negativas relacionadas à medicamentos, através do acompanhamento da

comercialização, distribuição, prescrição, dispensação e uso em uma sociedade.(53)

Já a Organização Mundial de Saúde define a FVG como a ciência e atividades

relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer

outros possíveis problemas relacionados a medicamentos. Recentemente, ampliando seu

campo de atuação para incluir: produtos fitoterápicos, medicamentos tradicionais e

complementares, hemoterápicos, produtos biológicos, produtos para a saúde e vacinas.(54)

Com relação ao acesso a fármacos benzodiazepínicos e outras substâncias

psicotrópicas, no Brasil, a regulamentação é feita pela Portaria 344 do Ministério da Saúde,

setor de Vigilância Sanitária, que dispõe desde a autorização de dispensação/venda até

controle e fiscalização destes medicamentos.(55)

Apesar de a legislação vigente prever penas severas, há grande comercialização ilegal

destes medicamentos, facilitando o acesso a estas drogas para indivíduos que não necessitam

de tratamento ou prolongam a terapia de usuários mal acompanhados pelo sistema de saúde.

Se considerarmos a atenção primária, a prescrição desses medicamentos, em geral,

também é inadequada, pela falta de gerência e responsáveis técnicos qualificados, o não

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controle do número de usuários dos programas de saúde mental, a gravidade do uso e pela não

monitoração dos efeitos colaterais e/ou reações adversas.(42)

Dados mostram que a maioria dos usuários de ansiolíticos são mulheres, quase três

vezes mais do que homens e, quanto mais idosas, maior o uso. Considerando os pacientes

portadores de transtornos psiquiátricos, a probabilidade do uso é ainda maior.(45)

Com o elevado número de indivíduos ansiosos nos dias atuais, inclusive entre

universitários e consequente uso de medicamentos e substâncias com propriedades

ansiolíticas, são de extrema importância os levantamentos farmacoepidemiológicos e, mais

especificamente, os EUM junto a este segmento populacional, em complemento ao

levantamento de informações sobre o estado geral e gravidade de níveis de ansiedade

apresentados.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar as características de universitários da área de saúde com perfil de ansiedade

e/ou uso de medicamentos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Aplicar o Beck Anxiety Inventory junto a universitários da área da saúde, de

instituições de ensino superior pública e privada;

observar a possível relação entre os universitários ansiosos e o sexo, dados

sociodemográficos e hábitos de vida;

verificar o uso de ansiolíticos e outros medicamentos entre os universitários avaliados;

comparar os dados entre discentes ingressantes e concluintes e entre as instituições de

ensino participantes, assim como entre os cursos abordados.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. DELINEAMENTO, LOCAL E DURAÇÃO DO ESTUDO

O estudo foi do tipo transversal, descritivo-analítico, com abordagem quantitativa. A

pesquisa foi realizada na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e na Faculdade Maurício

de Nassau (FMN), localizadas no Município de Campina Grande, Paraíba, entre outubro de

2013 a fevereiro de 2014. A escolha destas IES se deu pela importância dos serviços

prestados à comunidade acadêmica e a população da cidade.

A UEPB foi reconhecida pelo Conselho Nacional de Educação do Ministério da

Educação (MEC) em 1996 como IES, mas o início de suas atividades remonta de trinta anos

anteriores, quando ainda era Universidade Regional do Nordeste (URNe).

Apresenta oito campi, distribuídos em Campina Grande (Campus I), Lagoa Seca

(Campus II), Guarabira (Campus III), Catolé do Rocha (Campus IV), João Pessoa (Campus

V), Monteiro (Campus VI), Patos (Campus VII) e Araruna (Campus VIII). Conta com 46

cursos de graduação, 02 de nível técnico e 17 programas de pós-graduação recomendados

pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Já a FMN iniciou suas atividades em 1993 e apresenta faculdades em 16 municípios

do nordeste do Brasil, sendo o campi do Recife credenciado pelo MEC como Centro

Universitário. Em Campina Grande, a FMN apresenta 12 cursos de graduação tradicional,

sendo 07 da área da saúde e 11 cursos de graduação tecnológica.

3.2. POPULAÇÃO

Participaram discentes dos cursos de Educação Física, Farmácia e Odontologia da

UEPB e Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia e Nutrição da FMN; de cada curso, foram

coletados dados das turmas ingressante e concluinte, do período da manhã.

Foram incluídos os universitários que estivessem presentes em sala de aula, em uma

das duas tentativas de abordagem, previamente acordadas com as coordenações de cada curso,

com, no mínimo um dia e máximo de sete dias de intervalo entre as coletas. A participação na

pesquisa era iniciada após a apresentação do estudo e assinatura do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A), por parte dos alunos com idade igual ou

superior a 18 anos, não sendo desconsiderados ou discriminados por sexo, posição social,

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etnia ou religião. A recusa em participar da pesquisa e ausência no dia do preenchimento dos

instrumentos de coleta, após as duas tentativas, foram consideradas perdas.

Do total de 480 matriculados em turmas ingressantes (304 – 63,3%) ou concluintes

(176 – 36,7%) dos cursos participantes, obteve-se uma amostra de 428 universitários. Na

Figura 1 estão esquematizados por curso o número de matriculados, participantes e perdas.

Figura 1. Número de matriculados, participantes e perdas por curso.

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3.3. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Beck Anxiety Inventory (BAI) validado para o português (ANEXO 1)

O BAI é um questionário autoaplicável, composto por 21 perguntas, referentes ao

estado emocional, fisiológico e cognitivo da última semana. As perguntas são de múltipla

escolha, cada uma com um escore associado: Nem um pouco (0), Ligeiramente (1),

Moderadamente (2) e Severamente (3). O escore varia entre 0 e 63 pontos, sendo classificado

nas faixas de perfil ansioso: 0 -7 Mínimo; 8 – 15 Suave; 16 – 25 Moderado e 26 – 63

Grave.56

Para o preenchimento do BAI, o participante foi orientado previamente de que não há

respostas certas ou erradas e que as perguntas são referidas à última semana, incluindo o dia

da realização do inventário, período no qual este inquérito apresentou boa consistência interna

(α=0,92) e confiabilidade teste-reteste para este intervalo.56

Questionário semiestruturado (APÊNDICE B)

O questionário semiestruturado foi composto por perguntas objetivas e de resposta

livre, sobre as variáveis sociodemográficas, hábitos de vida, tratamentos e uso de

medicamentos.

Variáveis do estudo

Variável dependente

o Perfil de ansiedade: obtida através da recategorização do escore do BAI em

perfil Não ansioso (mínimo e suave) e Ansioso (moderado e grave).

Variáveis independentes

o Acadêmicas: IES, Curso, Turma.

o Sociodemográficas: Sexo, Idade, Cor, Estado civil, Atividade profissional,

Local de residência, Estado de origem, Condição de moradia.

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o Condições de saúde: Peso e Altura referidos pelos participantes para o cálculo

do IMC, Horas de sono por dia, Qualidade do sono, Doenças referidas.

O IMC foi recategorizado, quando necessário, em: Normal (eutrofia) e

Alterado (baixo peso, Sobrepeso e obesidade).

A classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) foi feita utilizando os pontos de

corte definidos pela Organização Mundial de Saúde,57

sendo considerados como baixo peso

(< 18,5 kg/m²), eutrofia (18,5 – 24,9 kg/m²); sobrepeso (25,0 – 29,9 kg/m²) e obesidade (≥ 30

kg/m²).

Para a variável horas de sono, o ponto de corte foi definido onde o estado ótimo de

vigília é obtido, em média, através de 7 a 8 horas de sono em um período de 24 horas58

e, à

qualidade do sono, foi considerada uma variável subjetiva.

o Hábitos de vida: Pratica de atividade física, Horas de internet/tv por dia,

Etilismo, Tabagismo, Uso de substâncias ilícitas.

Com relação à atividade física foram considerados ativos os indivíduos que referiram

no mínimo 30 minutos diários de atividade física moderada em cinco dias da semana nas

horas de lazer ou 20 minutos diários em três dias da semana de atividade vigorosa, de acordo

com o Questionário Internacional de Atividades Físicas (International Physical Activity

Questionnaire – IPAQ), os demais foram classificados como inativos ou insuficientemente

ativos.59

A classificação do consumo de bebidas alcoólicas seguiu o preconizado pela OMS,60

onde o consumo leve é equivalente a 3 doses de destilados ou garrafas de fermentados;

consumo moderado entre 3 e 7 doses e consumo elevado,acima de 7 doses. Considerando

como doses/garrafas o equivalente a 350 mL de cerveja ou 150 mL de vinho ou 40 mL de

destilados, consumidos na última semana.

Para avaliação do hábito de fumar foram utilizados os critérios da OMS, definindo-se

como fumante todo indivíduo que, por ocasião do inquérito, estivesse fumando qualquer tipo

ou quantidade de tabaco, diariamente há pelo menos seis meses.61

o Condições associadas à ansiedade:(4)

Insônia, Fadiga, Sensação de confusão,

Fasciculações e Medo de ficar só.

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o Tratamento e Uso de medicamentos: Acompanhamento psicoterapêutico, Uso

de ansiolíticos, Condições da aquisição, Medicamentos de uso contínuo,

Automedicação, Práticas Integrativas e Complementares.

Os medicamentos citados foram agrupados de acordo com a Anatomical Therapeutic

Chemical Classification Index (ATC).62

No sistema de classificação ATC, as drogas são

divididas em diferentes grupos, de acordo com o órgão ou sistema no qual eles atuam e suas

propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas. As drogas são divididas em cinco

níveis diferentes, sendo o primeiro dividido em quatorze grupos principais, com um subgrupo

farmacológico/terapêutico (segundo nível). Os terceiro e quarto níveis correspondem a

subgrupos químicos/farmacológicos/terapêuticos, e o quinto nível, à substância química.

3.4. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

As variáveis quantitativas foram agrupadas em tabelas com frequências absolutas e

relativas, médias, desvios-padrão, valores mínimos e máximos. Para as associações e análises,

empregou-se o programa Statistical Package for The Social Sciences na versão 18.0 (SPSS

18), utilizando-se para as análises bivariadas o Teste Qui Quadrado e Regressão Linear

Simples e, para multivariada, a Regressão Linear Múltipla. Para comparação de médias entre

grupos foi utilizada a Análise de Variância (One Way ANOVA) e Teste de Tukey. Os testes

foram realizados para um intervalo de confiança de 95% e α=5% de significância.

3.5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O estudo seguiu de acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde, referente à pesquisa com humanos. O projeto foi devidamente cadastrado na

Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da

Paraíba sob protocolo de número 16902013.5.0000.5187.

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4. RESULTADOS

Os resultados desta dissertação foram divididos em dois artigos científicos originais,

estruturados de acordo os periódicos escolhidos para a submissão e publicação.

ARTIGO 1 – Ao Jornal Brasileiro de Psiquiatria

Perfil de ansiedade em universitários concluintes de cursos de saúde

Screening of anxiety at college students health

ARTIGO 2 – À Revista Brasileira de Epidemiologia

Ansiedade e uso de medicamentos por universitários de instituições pública e privada

Anxiety and drug use by college students from public and private institutions

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4.1. ARTIGO 1

Perfil de ansiedade em universitários concluintes de cursos de saúde

Screening of anxiety at college students health

Ansiedade e universitários de saúde

Anxiety at college students health

Contagem total de palavras: 3.275 palavras

Rômulo Moreira dos Santos1, Mônica Oliveira da Silva Simões

2

1Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da Paraíba,

Campina Grande, Paraíba, Brasil.

2 Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Paraíba,

Brasil

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RESUMO

Objetivos: Verificar a prevalência de universitários concluintes ansiosos, de Instituições de

Ensino Superior (IES) pública e privada, relacionando-os com os dados sociodemográficos e

hábitos de vida. Métodos: Estudo transversal, realizado em uma universidade pública e uma

privada do Município de Campina Grande-PB, nos meses de outubro a dezembro de 2013.

Aplicou-se o Beck Anxiety Inventory na versão validada para o português e um questionário

contendo informações acadêmicas, sociodemográficas, condições de saúde e hábitos de vida.

O tratamento estatístico foi realizado empregando o Statistical Package for The Social

Sciences na versão 18, através dos testes Qui Quadrado, Regressão Linear Simples e Análise

de Variância, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, sob parecer nº

16902013.5.0000.5187, emitido pela Plataforma Brasil. Resultados: Foi encontrada relação

significantemente estatística entre os universitários ansiosos e a variável Horas de sono por

dia e relação de linearidade positiva com as variáveis IES, Horas de sono por dia, Qualidade

do sono, Insônia, Fadiga e Medo de ficar só. Na analise de variância, os grupos de maiores

médias de escore no inventário de ansiedade foram: Universitários da IES pública, curso de

farmácia, sexo feminino, qualidade do sono não satisfatória, consumir menos de 03 refeições

por dia e ser fumante. Conclusões: A alta prevalência de universitários com perfil ansioso

pode indicar a necessidade de políticas de atenção à saúde mental desse segmento

populacional, melhorando a qualidade de vida nas universidades.

Palavras-chave: Ansiedade; Universitários; Cursos de saúde.

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ABSTRACT

Objectives: To check the prevalence of college seniors eager, of higher education institutions

(HEIs) both public and private, in relation to the socio-demographic data and life habits.

Methods: Cross-sectional study, performed in a public university and a private one in the city

of Campina Grande-PB, in the months of October to December 2013. Applied the Beck

Anxiety Inventory in version validated for the Portuguese and a questionnaire containing

demographic information, academic, health and life habits. The statistical analysis was

conducted using the Statistical Package for The Social Sciences in version 18, through tests

chi square, simple linear regression and analysis of variance, with 95% confidence interval.

The research was approved by the Research Ethics Committee of the State University of

Paraíba, in opinion No. 16902013.5.0000.5187, issued by Brazil Platform. Results:

Significantly statistical relationship was found between colleges eager and variable Hours of

sleep per day and linearity relation positive with the variables: HEI, Hours of sleep per day,

Quality of sleep, Insomnia, Fatigue and Fear of being alone. In analysis of variance, larger

groups of average score in anxiety inventory were: Students of public HEI, Pharmacy course,

Female, Sleep quality not satisfactory, Consume less than 03 meals per day and Be a smoker.

Conclusion: The high prevalence of students with anxious profile may indicate the need for

policy attention to the mental health of this population segment, improving the quality of life

in universities.

Keywords: Anxiety; College students; Courses health.

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INTRODUÇÃO

A ansiedade é um distúrbio comum que afeta o funcionamento emocional e

psicossocial do indivíduo1

podendo ser definida como uma experiência funcional persistente

de interação com o meio ambiente2 ou mesmo um estado adaptativo à situações de estresse,

perigo real ou imaginário.3

São sintomas de estados ansioso a falta de ar, dores no peito, distúrbios do sono,

fadiga, tensão muscular, dificuldade de concentração, palpitações, vertigens, náuseas,

nervosismo e inquietação, variando a intensidade destes de acordo com a reatividade do

indivíduo à situação ansiogênica.3,4

Essa morbidade vem aumentando expressivamente na população humana desde o

último século, associado às profundas transformações ocorridas no âmbito econômico, social

e cultural, sendo relacionada às situações vivenciadas pelos indivíduos em seu cotidiano.5,6

Ao ingressar na faculdade, os universitários são submetidos a uma grande carga de

estresse, devido a longas horas de estudo, cobranças pessoais e de professores e familiares.7

Jadoon et al.8

relatam que à vida acadêmica em cursos de saúde é estressante devido às

exigências feitas ao longo da formação, as atividades e avaliações, aumento da pressão

psicológica, tensão, cansaço mental e expectativa com o mercado de trabalho.

Assim, algum transtorno psicológico ocorre entre 14% a 19% de universitários durante

a vida acadêmica9 e em função de subdiagnósticos e até da baixa procura por tratamento,

indivíduos com algum transtorno de ansiedade frequentemente perdem oportunidades de

crescimento pessoal e profissional, desenvolvendo auto-avaliação negativa e se isolando ainda

mais da participação na sociedade.10

Dessa forma, o estudo teve como objetivo verificar a prevalência de universitários

concluintes ansiosos, de Instituições de Ensino Superior (IES) pública e privada,

relacionando-os com os dados sociodemográficos e hábitos de vida.

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MÉTODOS

O estudo foi do tipo transversal, com abordagem quantitativa, realizado em duas IES,

uma pública e outra privada, no Município de Campina Grande – PB, importante centro

acadêmico do nordeste do Brasil, durante os meses de outubro a dezembro de 2013.

Participaram universitários concluintes dos cursos: educação física, farmácia e

odontologia da IES pública e enfermagem, fisioterapia e nutrição da IES privada, não sendo

desconsiderados ou discriminados por sexo, posição social, etnia ou religião.

Foram incluídos os alunos que estavam presentes em uma das duas tentativas de

abordagem para participação do estudo, que possuíssem 18 anos ou mais, considerando-se as

faltas após tentativas e recusas como perdas. Dos 155 matriculados e assíduos, obteve-se uma

perda de 12,9% (20), não havendo nenhuma por recusa. A participação no estudo foi iniciada

após a apresentação da pesquisa e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Para determinação do perfil ansioso foi empregado o Inventário de Ansiedade de Beck

ou Beck Anxiety Inventory (BAI), na versão validada em português. O inventário é

autoaplicável e apresenta 21 perguntas, sendo considerado um bom instrumento psicométrico

para detecção de ansiedade, sem interferência de outros transtornos mentais menores, como a

depressão.11,12

As perguntas são de múltipla escolha, cada uma com um escore associado: Nem um

pouco (0), Ligeiramente (1), Moderadamente (2) e Severamente (3). A soma dos escores varia

entre 0 e 63 pontos, sendo classificado nas faixas de perfil ansioso: 0 -7 Mínimo; 8 – 15

Suave; 16 – 25 Moderado e 26 – 63 Grave.

Após o preenchimento do BAI, os participantes responderam a um questionário

contendo informações acadêmicas (curso e turma), sociodemográficas (sexo, idade, cor da

pele, estado civil, atividade profissional, local de residência, número de moradores do

domicílio), condições de saúde (altura e peso para o cálculo do índice de massa corporal

[IMC], horas de sono por dia, qualidade do sono, doenças referidas) e hábitos de vida

(tabagismo, etilismo, atividade física, uso de substâncias ilícitas e horas de internet/tv por

dia).

Para o cálculo e classificação do IMC, a altura e o peso dos participantes foram

autorreferidos e considerados os pontos de corte definidos pela Organização Mundial de

Saúde (OMS):13

baixo peso (< 18,5 kg/m²), eutrofia (18,5 – 24,9 kg/m²), sobrepeso (25,0 –

29,9 kg/m²) e obesidade (≥ 30 kg/m²).

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35

Para a variável Horas de sono, o ponto de corte foi onde o estado ótimo de vigília é

obtido, em média, através de 7 horas de sono em um período de 24 horas14

e, à qualidade do

sono, foi considerada uma variável subjetiva.

Com relação à atividade física foram considerados ativos os universitários que

referiram no mínimo 30 minutos diários de atividade física moderada em cinco dias da

semana nas horas de lazer ou 20 minutos diários em três dias da semana de atividade

vigorosa, de acordo com o Questionário Internacional de Atividades Físicas (International

Physical Activity Questionnaire – IPAQ).15

A classificação do consumo de bebidas alcoólicas segue o indicado pela OMS,16

onde

o consumo leve é equivalente a 3 doses de destilados ou garrafas de fermentados; consumo

moderado entre 3 e 7 doses e consumo elevado, acima de 7 doses. Considerando como

doses/garrafas o equivalente a 350mL de cerveja ou 150mL de vinho ou 40mL de destilados,

consumidos na última semana.

Foram considerados tabagistas todo indivíduo que, por ocasião do inquérito, estivesse

fumando qualquer tipo ou quantidade de tabaco, diariamente há pelo menos seis meses.17

O tratamento estatístico foi realizado através do programa Statistical Package for The

Social Sciences na versão 18.0 (SPSS 18). As variáveis quantitativas foram agrupadas em

tabelas com frequências absolutas e relativas e valores de p obtidos das análises bivariadas,

através dos testes do Qui Quadrado e Regressão Linear Simples.

Para a comparação de médias entre grupos foi empregada a análise de variância (One

Way ANOVA), obedecendo ao teste de homogeneidade de variância - Teste de Levene. O nível

de significância para as correlações foi considerado p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.

O estudo foi cadastrado na Plataforma Brasil e submetido à avaliação do Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, sendo aprovado sem pendências ou

inadequações, através do parecer nº 16902013.5.0000.5187.

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36

RESULTADOS

Participaram do estudo 135 universitários de cursos da área da saúde, com média de

idade de 25,71 (± 5,17) anos, estando matriculados 52,6% (71) em IES privada. Do total,

75,56% (102) eram do sexo feminino, 79,3% (107) oriundos de cidades do Estado da Paraíba

e os demais vindos de outros 13 estados brasileiros.

Na Figura 1 está representado o total de alunos matriculados por curso, estratificados

por sexo.

Com relação ao IMC, 9,6% (13) estavam com baixo peso, 69,6% (94) eutróficos,

18,5% (25) com sobrepeso e 2,2% (3) com obesidade. Posteriormente, a classificação foi

reagrupada em IMC normal (eutrófico) e IMC alterado (baixo peso, sobrepeso e obesidade),

para as análises estatísticas analíticas.

Quando questionados se apresentavam alguma doença diagnosticada, 9,6% (13) dos

alunos declararam ao menos uma condição, sendo 84,6% (11) do sexo feminino e dos

diagnósticos: 59,9% (9) eram doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, 33,3% (5)

doenças do aparelho circulatório e 6,7% (1) doenças do aparelho respiratório.

A prevalência de indivíduos insuficientemente ativos foi maior que a de ativos, com

65,2% (88) declarando fazer menos de 30 minutos diários de atividade moderada nas horas de

lazer, por cinco dias na semana.

12

1

6

9

4

1

8

19 18

11

31

15

Ed.Física Enfermagem Farmácia Odontologia Fisioterapia Nutrição

Masculino Feminino

Figura 1. Distribuição dos alunos por curso, estratificados por sexo.

Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014.

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37

Dos 39,3% (53) alunos que declararam consumir bebidas alcoólicas, 1,9% (1) não

consumiram bebidas na semana anterior ao dia de participação no estudo, 66,0% (35) tiveram

um consumo leve de álcool, 20,8% (11) consumo moderado e 11,3% (06), elevado.

Apenas 3,7% (05) são fumantes e, quando questionados sobre uso de drogas ilícitas,

15,6% (21) declararam já ter consumido ao menos uma vez. Foram citadas loló/lança perfume

(60,0% - 15), maconha (36,0% - 09) e ecstasy (4,0% - 01).

Com a análise dos escores do Inventário de Ansiedade de Beck (Beck Anxiety

Inventory - BAI), obteve-se 18,5% (25) dos universitários com perfil mínimo de ansiedade,

34,1% (46) com perfil suave, 34,1% (46) moderado e 13,3% (18) grave. Para a estatística

analítica, esta classificação foi dicotomizada em dois perfis: Não ansioso (mínimo e suave) e

Ansioso (moderado e grave).

A Tabela 1 traz as frequências absolutas e relativas das variáveis sociodemográficas e

hábitos de vida dos 135 universitários, assim como o Intervalo de Confiança a 95% e valores

de p para o Teste do Qui Quadrado de Pearson, empregando-se o Teste Exato de Fisher

quando necessário.

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Tabela 1:

Distribuição percentual das variáveis sociodemográficas e de hábitos de vida dos 135

universitários, com valores dos IC% e de p para o Teste Qui Quadrado.

Variável Não Ansioso Ansioso

N Fr% N Fr% IC% p

IES

Pública 28 43,8 36 56,3 0,994 – 3,920 0,05

Privada 43 60,6 28 39,4

Sexo

Masculino 21 63,6 12 36,4 0,143 – 1,204 0,14

Feminino 50 49,0 52 51,0

Cor

Branca 45 50,0 45 50,0 0,665 – 2,816 0,39

Não Branca 26 57,8 19 42,2

Local de residência Campina Grande 56 50,9 54 49,1

0,485 – 4,055 0,41 Outra 15 60,0 10 40,0

Com quem mora Sozinho 07 53,8 06 46,2

0,113 – 2,055 0,92 Acompanhado 64 52,5 58 47,5

Atividade profissional Estudante 43 53,1 38 46,9

0,228 – 1,489 0,88 Estuda e Trabalha 28 51,9 26 48,1

Estado civil

Solteiro 51 48,6 54 51,4 1,268 – 14,386 0,08

Casado 20 66,7 10 33,3

IMC

Normal 49 52,1 45 47,9 0,440 – 3,778 0,87

Alterado 22 53,7 19 46,3

Horas de sono por dia

Menos de 7 horas 50 47,6 55 52,4 0,163–0,927 0,03

Mais de 7 horas 21 70,0 09 30,0

Qualidade do sono

Satisfatória 36 66,7 18 33,3 0,300 – 3,023 <0,01

Não satisfatória 35 43,2 46 56,8

Número de refeições/dia

Menos de 03 5 31,3 11 68,8 0,119 – 1,115 0,06

03 ou mais 66 55,5 53 44,5

Atividade Física

Sedentário 44 50,0 44 50,0 0,300 – 2,997 0,40

Ativo 27 57,4 20 42,6

Horas de internet/tv por dia Menos de 04 horas 38 48,1 41 51,9

0,323 – 1,289 0,21 Mais de 04 horas 33 58,9 23 41,1

Etilismo Sim 24 45,3 29 54,7

0,307 – 1,235 0,17 Não 47 57,3 35 42,7

Tabagismo Sim 02 40,0 03 60,0

0,095 – 3,645 0,66** Não 69 53,1 61 46,9

Nota: Fonte: Dados do estudo. Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. IC%=Intervalo de Confiança a 95%; IES=Instituição de Ensino Superior; IMC=Índice de Massa Corporal; *Qui Quadrado **Teste Exato de Fisher

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Foi estatisticamente significante a relação entre o escore do BAI e a variável Horas de

sono por dia, para os indivíduos que dormem menos de 07 horas, com o p=0,03. Apesar da

relação com as variáveis IES e Qualidade do sono ter obtido um p<0,05, não se configuram

significantes para os intervalos de confiança considerados, já que não rejeitam a hipótese nula.

Também foram calculados os valores de p para o Qui Quadrado relacionando o escore

do BAI a outros fatores associados à ansiedade pela literatura, como Sensação de confusão

(p= 0,07 e IC= 0,019 – 1,483), Diminuição da coordenação motora (p= 0,26 e IC= 0,029 –

2,865), Insônia (p<0,01 e IC= 0,124 – 0,711), Fadiga (p<0,01 e IC= 0,102 – 0,451) e Medo

de ficar só (p<0,01 e IC= 0,01 – 0,710), sendo estas três últimas relações estatisticamente

significantes.

Utilizando-se como ponto de corte os valores de p<0,20, foram selecionadas as

variáveis IES, Sexo, Estado civil, Horas de sono por dia, Qualidade do sono, Número de

refeições por dia, Etilismo, Insônia, Fadiga e Medo de ficar só, para obtenção dos modelos de

Regressão Linear Simples (RLS), expostos na Tabela 2.

Tabela 2:

Regressão Linear Simples das correlações entre a pontuação do Escore do BAI e variáveis independentes,

considerando os 135 participantes.

Variáveis r R2 F

Durbin

Watson p

Classificação do

Escore do BAI*

IES 0,168 0,028 3,869 1,838 0,05

Sexo 0,126 0,016 2,139 1,726 0,14

Estado Civil 0,151 0,023 3,089 1,791 0,08

Horas de sono por dia 0,186 0,035 4,784 1,850 0,03

Qualidade do sono 0,230 0,053 7,438 1,894 <0,01

Número de refeições por dia 0,157 0,025 3,349 1,877 0,06

Etilismo 0,118 0,014 1,868 1,805 0,17

Insônia 0,242 0,058 8,263 1,832 <0,01

Fadiga 0,360 0,130 19,811 2,020 <0,01

Medo de ficar só 0,241 0,058 8,220 1,825 <0,01 Nota: Fonte: Dados do estudo. Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. BAI=Beck AnxietyInventory; IES=Instituição de Ensino Superior.

Na RLS, observando o resultado do R2 (Coeficiente de Determinação), a variável

preditora de maior interferência nos resultados do escore do BAI foi obtida no modelo

correlacionando a Fadiga (13,0%), seguida por Insônia e medo de ficar só(ambas 5,8%)e

Qualidade do sono (5,3%). O ajuste adequado das variáveis ao modelo de RLS é verificado

através dos valores de Durbin Watson próximos a 2, indicando não haver autocorrelação entre

as variáveis. Apresentaram valores de p estatisticamente significantes as relações com IES,

Horas de sono por dia, Qualidade do sono, Insônia, Fadiga e Medo de ficar só.

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Na Tabela 3 estão os resultados para a análise de variância simples (One Way

ANOVA).

Tabela 3

Análise de variância entre o escore de classificação do BAI e variáveis independentes, com valores médios,

desvio padrão e IC% para médias, considerando os 135 participantes.

Variáveis Escore do BAI

p Média ± DP (IC%*)

IES

0,04 Pública 17,92 ± 9,185 (15,63 – 20,22)

Privada 14,61 ± 9,802 (12,29 – 16,93)

Curso

<0,01

Educação Física 18,55 ± 12,024 (12,92 – 24,18)

Enfermagem 11,40 ± 7,598 (7,84 – 14,96)

Farmácia 19,42 ± 8,356 (15,89 – 22,94)

Odontologia 15,50 ± 6,420 (12,50 – 18,50)

Fisioterapia 18,06 ± 10,120 (14,58 – 21,53)

Nutrição 11,06 ± 9,391 (6,06 – 16,07)

Sexo

0,45 Masculino 15,09 ± 9,389 (11,76 – 18,42)

Feminino 16,54 ± 9,718 (14,62 – 18,44)

Horas de sono por dia

<0,01 Menos de 07 horas 17,53 ± 9,864 (15,66 – 19,41)

Mais de 07 horas 11,43 ± 7,855 (8,50 -14,37)

Qualidade do sono

<0,01 Satisfatória 12,89 ± 7,709 (10,78 – 14,99)

Não satisfatória 18,37 ± 10,178 (16,12 – 20,62)

Número de refeições/dia

0,01 Menos de 03 21,69 ± 10,675 (16,00 – 27,38)

03 ou mais 15,44 ± 9,274 (13,75 – 17,12)

Atividade Física

0,169 Sedentário 17,01 ± 9,869 (14,92 – 19,10)

Ativo 14,62 ± 9,042 (11,96 – 17,27)

Etilismo 0,197 Fumante 17,51 ± 9,968 (14,76 – 20,26)

Não fumante 15,32 ± 9,354 (13,26 – 17,37)

Tabagismo

0,01 Fumante 26,80 ± 17,49 (5,07 – 48,53)

Não fumante 15,77 ± 9,04 9 14,20 – 17,34

Insônia

<0,01 Insone 22,20 ± 9,998 (18,47 – 25,93)

Não insone 14,16 ± 8,832 (12,75 – 16,17)

Fadiga

<0,01 Sim 20,55 ± 8,677 (18,20 – 22,89)

Não 13,18 ± 9,122 (11,15 – 15,20)

Medo de ficar só

0,09 Sim 21,10 ± 7,310 (15,87 – 26,33)

Não 15,78 ± 9,700 (14,07 – 17,50) Nota: Fonte: Dados do estudo. Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2014. BAI=Beck Anxiety Inventory; IC%=Intervalo de Confiança a 95%; IES=Instituição de Ensino Superior.

A média geral do escore do BAI foi de 16,18 ± 9,623 pontos (IC% = 14,54 – 17,82),

resultando em um perfil geral de ansiedade moderada para a amostra. Universitários da IES

pública, curso de farmácia, sexo feminino, qualidade do sono não satisfatória, consumir

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menos de 03 refeições por dia e ser fumante, obtiveram as maiores médias de escore do BAI.

Não houve significância estatística na comparação das médias apenas para as variáveis: Sexo,

Atividade Física, Etilismo e Medo de ficar só.

DISCUSSÃO

Todo indivíduo apresenta um nível de ansiedade quando frente às situações de estresse

ou adaptativas aos acontecimentos do cotidiano. O que define o comportamento como

patológico é a intensidade e frequência que o organismo apresenta frente ao motivo que

desencadeia o estado ansioso.18

Avaliando-se o resultado do escore do BAI, a população estudada apresenta uma

prevalência semelhante ao estudo de Prado, Kuberayashi e Silva19

para universitários com

perfil moderado de ansiedade, mas diferem quanto ao perfil grave, com percentual três vezes

menor.

Após a recategorização do escore do BAI, a amostra apresentou aproximadamente a

metade de indivíduos com ansiedade, o que seria mais que o dobro da prevalência esperada de

um transtorno psicológico para a população estudada.9

Deve-se levar em consideração que uma pontuação elevada por si só não determina

que um indivíduo tenha um transtorno de ansiedade específico, mas é um forte preditor que

indica a necessidade de uma avaliação mais detalhada.20

A correlação com os sexos não foi verificada neste estudo, semelhante ao encontrado

por Fernande e Souza21

, no entanto, espera-se que o sexo feminino apresente uma correlação

positiva com a ansiedade,22

como encontrado por Gama et al.,23

que também obtiveram

correlação significativa entre o estado civil, sendo os solteiros mais propensos a perfis

ansiosos. Ainda, Gama et al. não encontraram relação entre os universitários que apenas

estudavam com os que estudavam e trabalhavam.

As variáveis estado civil, número de refeições por dia, IMC, consumo de bebidas

alcoólicas, tabagismo e prática de atividade física não apresentaram correlações de

independência ou linearidade com o perfil ansioso, mas fazendo uma análise individual dessas

características, temos que em estudo realizado por Carvalho e Martins et al.,24

18,2% (110)

dos universitários apresentavam sobrepeso ou obesidade e 52% (315) eram inativos ou

insuficientemente ativos, percentuais em conformidade com este estudo.

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Relatos na literatura indicam que a prática regular de atividade física seja considerada

um fator preventivo de estados ansiosos, por produzir efeitos antidepressivos e ansiolíticos,

protegendo o organismo dos resultados prejudiciais do estresse na saúde física e mental.25

Para Araújo, Mello e Leite26

apenas os exercícios que não ultrapassem o limite de

força e resistência do indivíduo são adequados na melhoria e proteção contra alterações de

humor e que os exercícios anaeróbios são considerados ansiogênicos.

Com relação ao uso de álcool, tabaco e outras drogas, em levantamento junto a

universitários de cursos de saúde de uma instituição particular foram verificados percentuais

bem maiores de consumo comparados a este estudo, onde 70,0% (376) dos participantes

declararam consumir bebidas alcoólicas, 32,0% (172) serem tabagistas e 37,18% (200) já

haver feito uso de alguma substância ilícita, sendo maconha a droga mais relatada e dos

motivos, o uso para diminuir a ansiedade e estresse foi o segundo mais prevalente.27

As variáveis relativas ao sono (horas de sono por dia, qualidade do sono e insônia)

apresentaram correlações significantes seja na verificação da linearidade ou diferença de

médias entre grupos, confirmando a forte relação deste fator aos processos ansiosos. Poucas

horas de sono por dia e sono de má qualidade podem levar, além de estados ansiosos, a

cansaço, perda da concentração, fadiga, aumento da sensibilidade à dor, nervosismo, ideias

irracionais, alucinações, perda de apetite, constipação e maior propensão a acidentes.14

O estudo reuniu informações relacionadas aos processos ansiosos de forma

condensada e com resultados semelhantes a outros estudos envolvendo o mesmo segmento

populacional, corroborando as associações encontradas junto aos grupos de maiores escores

do BAI.

Verifica-se a necessidade de outras pesquisas, através das quais sejam feitas avaliações

psicológicas para confirmação dos resultados e diagnósticos diferenciais, classificando os

possíveis transtornos de ansiedade apresentados.

Como adversidades, ressaltam-se a dificuldade em encontrar tempo e espaço nas

universidades adequado à aplicação dos instrumentos de coletas de dados e a disponibilidade

de universitários concluintes presentes em um só ambiente.

CONCLUSÕES

Os instrumentos psicométricos para a detecção de perfis ansiosos, como o BAI,

apresentam boa confiabilidade e são ferramentas úteis na prática clínica para definir um

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quadro diagnóstico de ansiedade, no entanto, deve-se associar ao contexto em que ocorrem os

sinais e sintomas e à história pregressa do indivíduo.

Quase metade da amostra participante do estudo apresentou perfil moderado ou grave

de ansiedade, o que pode indicar a necessidade de políticas voltadas para a saúde mental desse

segmento populacional, ajudando na formação de profissionais qualificados e melhorando a

qualidade de vida dentro das universidades.

CONTRIBUIÇÕES INDIVIDUAIS

Os autores Rômulo Moreira dos Santos e Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

contribuíram de forma conjunta na concepção e desenho do estudo, análise e interpretação dos

dados; na elaboração do artigo e revisão crítica do conteúdo intelectual e, por fim, na

aprovação da versão final do manuscrito.

CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores Rômulo Moreira dos Santos e Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões não

possuem conflitos de interesse a serem declarados.

AGRADECIMENTOS

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo

financiamento cedido ao pesquisador principal para realização do estudo.

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46

4.2. ARTIGO 2

Ansiedade e uso de medicamentos por universitários de instituições pública e privada

Anxiety and drug use by college students from public and private institutions

Rômulo Moreira dos Santos1, Mônica Oliveira da Silva Simões

2

1Mestrando do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da

Paraíba, Campina Grande, Paraíba, Brasil.

2Departamento de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Paraíba,

Brasil.

Endereço para correspondência:

Rômulo Moreira dos Santos

Rua São João, 45, Centro, Itambé, Pernambuco. CEP: 55.920-000

E-mail: [email protected]

Título abreviado: Ansiedade, medicamentos e universitários.

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RESUMO

OBJETIVO: Verificar entre universitários da área da saúde, de instituições de ensino

superior pública e privada, a frequência de perfil de ansiedade e uso de medicamentos entre os

avaliados. MÉTODO: Estudo transversal, realizado em universidades pública e privada do

Município de Campina Grande-PB, de outubro de 2013 a fevereiro de 2014, com 428

universitários. Aplicou-se o Beck Anxiety Inventory na versão validada para o português e um

questionário contendo informações acadêmicas, sociodemográficas, condições de saúde,

hábitos de vida e uso de medicamentos. O tratamento estatístico foi realizado empregando o

Statistical Package for The Social Sciences na versão 18, através dos testes Qui Quadrado,

Regressão Linear Simples, Regressão Linear Multivariada e Análise de Variância, com

intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Estadual da Paraíba, sob parecer nº 16902013.5.0000.5187. RESULTADOS: O

perfil ansioso foi relacionado com significância às variáveis Sexo (p=0,02), Cor (p=0,04),

Estado civil (p=0,02), Qualidade do sono (p<0,01) e Etilismo (p<0,01). Todas as relações

estabelecidas nas regressões foram significantes e o grupo de maior escore de ansiedade foi o

dos tabagistas (21,75±15,84). Os benzodiazepínicos (76,2%) foram os ansiolíticos mais

relatados e se observou alta prevalência de automedicação (47,4%). CONCLUSÕES: Mesmo

sendo profissionais de saúde em formação, o uso irracional de medicamentos foi elevado e é

sugestiva a criação de políticas para atenção à saúde mental, devido a alta prevalência de

discentes com perfil ansioso, visando a melhoria da qualidade de vida dos universitários.

Palavras-chave: Ansiedade; Uso de medicamentos; Estudantes de ciências da saúde.

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ABSTRACT

OBJECTIVES: The study aims to determine the prevalence of courses health students with

an anxiety profile, as well as the drug use in public and private higher education institutions.

METHODS: Cross-sectional study conducted in public and private universities in the city of

Campina Grande- PB, from October 2013 to February 2014, with 428 college students. Were

used the Beck Anxiety Inventory validated for the Portuguese version and a questionnaire

containing academic information, sociodemographic, health status, lifestyle and medication

use. Statistical analysis was performed using the Statistical Package for the Social Sciences

version 18, employing the Chi Square test, Simple and Multivariate Linear Regression and

Analysis of Variance, with a confidence interval of 95%. The study was approved by the

Ethics Committee in Research of the State University of Paraíba, in opinion No.

16902013.5.0000.5187 issued by Brazil Platform. RESULTS: The anxious profile was

significance associated with the variables sex (p=0.02), color (p=0.04), marital status

(p=0.02), quality of sleep (p<0.01) and alcohol consumption (p<0.01). All relationships

established in the regressions were significant and the group with higher anxiety score was the

smokers (21.75±15.84). Benzodiazepines (76.2%) were the most reported anxiolytic and high

prevalence of self-medication (47.4%) was observed. CONCLUSIONS: Although health

professionals in training, the irrational use of drugs was high and is suggestive the creation of

policies for mental health care of college students, in order to improve the quality of life in

universities.

Keywords: Anxiety; Drugs; College students.

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INTRODUÇÃO

A ansiedade é um sentimento elusivo, que remete ao medo, apreensão, caracterizado

por tensão ou desconforto frente a situações de perigo, de algo desconhecido ou estranho.1

São considerados sintomas ansiosos, a dificuldade de respirar, dores no peito,

palpitações, distúrbios do sono, xerostomia, tensão muscular, fasciculações, fadiga,

inquietação, medo de ficar só e dificuldade de concentração.2,3

A partir do momento em que esses sintomas trazem sofrimento e prejuízos frente ao

comportamento de fuga e esquivo de situações importantes da vida acadêmica, social e

profissional do indivíduo, a patologia pode ser definida.4,5

As exigências feitas ao longo da formação, tensão, cansaço mental, aumento da

pressão psicológica, seja por cobranças pessoais ou de professores, somadas a longas horas de

estudo, fazem da vida acadêmica em cursos de saúde um ambiente ansiogênico e

estressante.3,6

A baixa procura por ajuda profissional por parte dos universitários que apresentam

algum transtorno psicológico pode favorecer a prática da automedicação, quando do

surgimento dos sintomas ansiosos.7,8

Dos medicamentos disponíveis para o tratamento dos transtornos de ansiedade,

destacam-se os benzodiazepínicos (BZD) e os inibidores seletivos da recaptação de serotonina

(ISRS). Os primeiros por promoverem um aumento da afinidade do Ácido Gama

Aminobutírico (GABA) a seus receptores, aumentando a resposta depressora do sistema

nervoso e os ISRS por inibirem a receptação da serotonina das fendas sinápticas, prolongando

as respostas que levam a sensação de bem estar.9,10,11

Há ainda, algumas terapias alternativas para o tratamento da ansiedade, como a

utilização de terapias integrativas e complementares, a exemplo da acupuntura e homeopatia,

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incentivadas no âmbito do sistema único de saúde (SUS) do Brasil pela Política Nacional de

Práticas Integrativas e Complementares no SUS.12

Dessa forma, frente aos fatores ansiogênicos impostos pelo ambiente acadêmico e ao

possível uso irracional de medicamentos, seja para tratar sintomas de ansiedade ou outras

condições, o estudo tem como objetivo verificar a prevalência, em instituições de ensino

superior pública e privada, de universitários da saúde com perfil de ansiedade, assim como o

uso de medicamentos.

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MÉTODOS

O estudo foi do tipo transversal, com abordagem quantitativa, realizado em duas

instituições de ensino superior (IES), uma pública e outra privada, no Município de Campina

Grande – PB, importante centro acadêmico do nordeste do Brasil, de outubro de 2013 a

fevereiro de 2014.

Participaram estudantes ingressantes e concluintes dos cursos: Educação física,

Farmácia e Odontologia da IES pública e Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição

da IES privada, não sendo desconsiderados ou discriminados por sexo, posição social, etnia

ou religião.

Os universitários que estavam presentes em uma das duas tentativas de abordagem

para participação do estudo foram incluídos, desde que possuíssem no mínimo18 anos. As

faltas e recusas foram consideradas como perdas. Dos 480 matriculados e assíduos nas duas

turmas de cada curso, obteve-se uma perda de 10,8% (52), não havendo nenhuma por recusa.

A participação no estudo foi iniciada após a apresentação da pesquisa e assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido.

O Beck Anxiety Inventory (BAI) foi empregado para determinação do perfil ansioso. O

inventário é autoaplicável e apresenta 21 perguntas, sendo considerado um bom instrumento

psicométrico para detecção de ansiedade.13,14

As perguntas são de múltipla escolha, cada uma com um escore associado: Nem um

pouco (0), Ligeiramente (1), Moderadamente (2) e Severamente (3). A soma dos escores varia

entre 0 e 63 pontos, sendo classificado nas faixas de perfil ansioso: 0 -7 Mínimo; 8 – 15

Suave; 16 – 25 Moderado e 26 – 63 Grave.

Após o preenchimento do BAI, os participantes responderam a um questionário

contendo informações acadêmicas (curso e turma), sociodemográficas (sexo, idade, cor da

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pele, estado civil, atividade profissional, local de residência, número de moradores do

domicílio), condições de saúde (altura e peso para o cálculo do índice de massa corporal

[IMC], horas de sono por dia, qualidade do sono, doenças referidas), hábitos de vida

(tabagismo, etilismo, atividade física, uso de substâncias ilícitas e horas de internet/tv por

dia), condições associadas à ansiedade (insônia, fadiga, sensação de confusão, fasciculações e

medo de ficar só) e sobre tratamentos e uso de medicamentos.

Para o cálculo e classificação do IMC, a altura e o peso dos participantes foram

autorreferidos e considerados os pontos de corte definidos pela Organização Mundial de

Saúde (OMS):15

baixo peso (< 18,5 kg/m²), eutrofia (18,5 – 24,9 kg/m²), sobrepeso (25,0 –

29,9 kg/m²) e obesidade (≥ 30 kg/m²).

Para a variável horas de sono, o ponto de corte foi onde o estado ótimo de vigília é

obtido, em média, através de 7 horas de sono em um período de 24 horas16

e, à qualidade do

sono, foi considerada uma variável subjetiva.

Com relação à atividade física foram considerados ativos os indivíduos que referiram

no mínimo 30 minutos diários de atividade física moderada em cinco dias da semana nas

horas de lazer ou 20 minutos diários em três dias da semana de atividade vigorosa, de acordo

com o Questionário Internacional de Atividades Físicas (International Physical Activity

Questionnaire – IPAQ), os demais foram classificados como inativos ou insuficientemente

ativos.17

A classificação do consumo de bebidas alcoólicas segue o indicado pela OMS,18

onde

o consumo leve é equivalente a 3 doses de destilados ou garrafas de fermentados; consumo

moderado entre 3 e 7 doses e consumo elevado, acima de 7 doses. Considerando como

doses/garrafas o equivalente a 350mL de cerveja ou 150mL de vinho ou 40mL de destilados,

consumidos na última semana.

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Foram considerados tabagistas todo indivíduo que, por ocasião do inquérito, estivesse

fumando qualquer tipo ou quantidade de tabaco, diariamente há pelo menos seis meses.19

Os medicamentos de uso contínuo foram agrupados de acordo com o primeiro nível da

Anatomical Therapeutic Chemical (ATC), considerando os sistemas de atuação e com relação

às práticas integrativas e complementares foram questionados sobre a utilização de plantas

medicinais, fitoterapia, homeopatia e acupuntura para redução de ansiedade.

O tratamento estatístico foi realizado através do programa Statistical Package for The

Social Sciences na versão 18.0 (SPSS 18). As variáveis quantitativas foram agrupadas em

tabelas com frequências absolutas e relativas e valores de p obtidos das análises bivariadas,

através dos testes do Qui Quadrado e Regressão Linear Simples e, para a análise multivariada,

foi empregada a Regressão Linear Multivariada.

Para a comparação de médias entre grupos foi empregada a análise de variância (One

Way ANOVA), obedecendo ao teste de homogeneidade de variância - Teste de Levene, e o

Teste de Tukey, para comparações de médias intragrupos. O nível de significância para as

correlações foi considerado α=5% e intervalo de confiança de 95%.

O estudo foi submetido à Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Estadual da Paraíba, sem pendências ou inadequações, através do

parecer nº 16902013.5.0000.5187.

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RESULTADOS

O estudo contou com a participação de 428 universitários, sendo 30,6% (131) de IES

pública e 69,4% (297) da IES privada. Da primeira, participaram os cursos Educação Física

(52 – 12,1%), Farmácia (36 – 8,4%) e Odontologia (43 – 10,0%) e, da última, discentes dos

cursos de Enfermagem (107 – 25,0%), Fisioterapia (99 – 23,1%), Nutrição (54 – 12,6%) e

Biomedicina (37 – 8,6%). Do total, estavam matriculados no primeiro ano de curso 64,5%

(276) e 35,5% (152) no último ano.

Relataram ser brancos 61,0% (261) da amostra, a idade média foi de 24,22 ± 5,99 anos

(mínima 18 – máxima 63), a maioria foi do sexo feminino com 75,2% (322), sendo o sexo

masculino mais prevalente apenas no curso de Educação Física (34 - 65,4%).

Quanto ao local de origem, depois da Paraíba (365 – 85,3%), Pernambuco (26 –

6,1%), São Paulo (07 – 1,6%) e Ceará (06 – 1,4%) foram as unidades federativas mais

citadas, contando ainda com universitários vindos de outros 14 estados brasileiros. Residem

no local do estudo 78,5% (336) e, apenas, 7,7% (33) declararam morar sozinhos.

Dos universitários que estudavam e trabalhavam (187 – 43,7%), a maioria pertencia

aos cursos de Enfermagem (61 – 32,6%), Fisioterapia (41 – 21,9%) e Educação Física (28 –

15,0%).

O estado nutricional, classificado através do IMC, mostrou que 8,2% (35) dos

universitários estavam com baixo peso, 69,4% (297) eutróficos, 18,2% (78) com sobrepeso e

4,2% (18) com obesidade. A minoria referiu consumir menos de 03 refeições por dia (45 –

10,5%).

Os universitários insuficientemente ativos foram mais prevalentes com 62,4% (267) e

dos ativos (161 -37,6%) foram maioria nos cursos de Educação Física (37 – 23,0%) e

Fisioterapia (37- 23,0%).

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Com relação à presença de alguma doença diagnosticada, 9,6% (41) referiram ao

menos uma condição, destas 31,0% (13) foram doenças do aparelho circulatório, 25,5% (17)

doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, 14,3% (6) do aparelho respiratório, 9,6% (4)

transtornos mentais e comportamentais, 2,4% (1) doenças do sistema nervoso e 2,4% (1)

doenças do ouvido, classificadas de acordo com os capítulos da Classificação Internacional de

Doenças (CID 10).

O consumo de bebidas alcoólicas foi declarado por 37,6% (161) dos universitários,

que com base na semana anterior a participação do estudo, o consumo foi classificado em

64,6% (104) como leve, 21,1% (34) moderado e 9,3% (15) elevado.

Afirmaram serem fumantes apenas 2,8% (12) e 9,1% (39) alegaram já ter consumido

alguma droga ilícita; destas foram citadas loló/lança perfume (24 – 52,2%), maconha (19 –

41,3%) e ecstasy (03 – 6,5%).

Com a análise do escore do BAI, os universitários apresentaram perfis mínimos de

ansiedade em 25,0% (107) dos casos, suaves em 32,5% (139), moderados em 29,7% (127) e

graves em 12,9% (55). Na Figura 1 estão representados os perfis de ansiedade de acordo com

cada curso participante do estudo.

Na Tabela 1 estão os valores absolutos e relativos das variáveis acadêmicas,

sociodemográficas e hábitos de vida, relacionados ao escore do BAI recategorizado em perfil

não ansioso (mínimo e suave) e perfil ansioso (moderado e grave), assim como os valores de

p para o Teste do Qui Quadrado, com nível de significância de 5,0% e Intervalos de

Confiança a 95,0%.

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14

32

3 4

23

18

13

21

29

12 14

32

18

13 12

33

14

20

27

15

6 5

13

7 5

17

3 5

EducaçãoFísica

Enfermagem Farmácia Odontologia Fisioterapia Nutrição Biomedicina

Mínimo Suave Moderado Grave

Figura 1. Classificação do escore do Beck Anxiety Inventory agrupada por curso.

Figure 1- Rate the Beck Anxiety Inventory scores grouped by course.

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Tabela 1 - Frequências das variáveis sociodemográficas e de hábitos de vida dos 428 universitários,

com valores dos IC% e de p para o Teste Qui Quadrado.

Table 1 - Frequencies of sociodemographic and lifestyle habits of 428 college variables, with values

of IC% and p for Chi Square.

Variável Não Ansioso Ansioso

N Fr% N Fr% IC%a p

IESa

Pública 68 51,9 63 48,1 0,477 – 1,092 0,13

Privada 178 59,9 119 40,1

Turma

Ingressante 164 59,4 112 40,6 0,838 – 1,863 0,30

Concluinte 82 53,9 70 46,1

Sexo

Masculino 71 67,0 35 33,0 0,370 – 0,930 0,02

Feminino 175 54,3 147 45,7

Cor

Branca 140 53,6 121 46,4 0,447 – 0,991 0,04

Não Branca 106 63,5 61 36,5

Com quem mora

Sozinho 18 54,5 15 45,5 0,430 – 1,794 0,85

Acompanhado 228 57,7 167 42,3

Atividade profissional

Estudante 134 55,6 107 44,4 0,569 – 1,235 0,37

Estuda e Trabalha 112 59,2 75 40,1

Estado civil Solteiro 187 54,7 155 45,3

0,334 – 0,912 0,02 Casado 59 68,8 27 31,4

IMCa

Normal 166 55,9 131 44,1 0,531 – 1,228 0,34

Alterado 80 61,1 51 38,9

Horas de sono por dia Menos de 7 horas 165 55,6 132 44,4

0,506 – 1,174 0,24 Mais de 7 horas 81 61,8 50 38,2

Qualidade do sono

Satisfatória 128 65,3 68 34,7 0,372 – 0,813 < 0,01

Não satisfatória 118 50,9 114 49,1

Número de refeições/dia

Menos de 03 23 51,1 22 48,9 0,404 – 1,392 0,42

03 ou mais 223 58,2 160 41,8

Atividade Física

Insuficientemente ativo 155 58,1 112 41,9 0,717 – 1,581 0,76

Ativo 91 56,5 70 43,5

Horas de internet/tv por dia

Menos de 04 horas 166 60,4 109 39,6 0,933 – 2,071 0,12

Mais de 04 horas 80 52,3 73 47,7

Etilismo

Sim 78 48,4 83 51,6 0,373 – 0,823 < 0,01

Não 168 62,9 99 37,1

Tabagismo

Sim 05 41,7 07 58,3 0,162 – 1,661 0,37

Não 241 57,9 175 42,1 aIC%=Intervalo de Confiança a 95%; IES=Instituição de Ensino Superior; IMC=Índice de Massa Corporal.

aCI = Confidence Interval to 95%; HEI = Higher Education Institution, BMI = Body Mass Index.

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Obtiveram significância estatística as correlações com as variáveis Sexo, Cor, Estado

civil, Qualidade do sono e Etilismo. Ainda, fatores relacionados à ansiedade pela literatura

apresentaram significância na relação com o perfil de ansiedade: Insônia (p<0,01 e IC= 0,194

– 0,545), Fadiga (p<0,01 e IC= 0,299 – 0,722), Sensação de confusão (p<0,01 e IC= 0,09 –

0,629), Fasciculações (p<0,01 e IC= 0,073 – 0,588) e Medo de ficar só (p<0,01 e IC= 0,075 –

0,365).

Utilizando-se como ponto de corte p<0,20 das correlações realizadas através do qui

quadrado, foram selecionadas as variáveis para construção dos modelos de regressão linear

simples (RLS). Na Tabela 2, encontram-se as relações que apresentaram significância

estatística.

Tabela 2 - Regressão Linear Simples das correlações entre a classificação do escore do BAI e

variáveis independentes, considerando os 428 universitários.

Table 2 - Simple Linear Regression correlations between the rating score of the BAI and independent

variables, considering the 428 students.

Variáveis r R2 F DW

a p

Classificação do

Escore do BAIa

(Recategorizada)

Sexo 0,110 0,012 5,247 1,954 0,02

Cor 0,097 0,009 4,048 1,950 0,04

Estado civil 0,113 0,013 5,498 1,974 0,02

Qualidade do sono 0,146 0,021 9,222 1,968 < 0,01

Etilismo 0,142 0,020 8,745 1,941 < 0,01

Insônia 0,212 0,045 20,112 1,968 < 0,01

Fadiga 0,217 0,047 21,046 2,021 < 0,01

Sensação de confusão 0,187 0,035 15,475 1,956 < 0,01

Tremores/Fasciculações 0,197 0,039 17,153 1,961 < 0,01

Medo de ficar só 0,241 0,058 26,158 1,950 < 0,01 aBAI=Beck Anxiety Inventory; DW=Durbin Watson.

Através dos resultados dos coeficientes de determinação (R2), verifica-se que a

variável de maior predição como interferente na classificação do escore do BAI, foi a Medo

de ficar só (5,8%), seguida pela Fadiga (4,7%) e Insônia (4,5%). Os valores de Durbin

Watson próximos a 02 indicam que os modelos propostos não sofreram autocorrelação.

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Para construção da tabela de regressão linear múltipla (RLM), foram empregadas as

variáveis que obtiveram significância estatística na RLS. Testaram-se 10 modelos, sendo o

décimo proposto o de melhor ajuste, quando observado que o coeficiente de determinação

ajustado (R2 ajustado) aumentava e o desvio padrão do modelo diminuía. O método

empregado foi o Forward, ou de inclusão sequencial, começando pelo modelo nulo,

analisando a possível inclusão de variáveis preditora.

Tabela 3 – Regressão linear múltipla entra a classificação do escore do BAI e variáveis

independentes, considerando os 428 universitários.

Table 3 - Multiple linear regression between the classification of the BAI score and independent variables, considering the 428 students.

Variável

Dependente

Variáveis

Independentes B SE

a p VIF

a r

R2

Ajustado

Distância

máxima de

Cook

F DWa p

Cla

ssif

ica

ção

do

Esc

ore

do B

AIa

(Reca

teg

oriz

ad

a)

Sexo 0,11 0,05 0,02 1,11

0,447 0,181 0,158 10,422 1,992 <

0,01

Cor -0,09 0,04 0,03 1,04

Estado civil -0,13 0,05 0,01 1,04

Qualidade do

sono 0,11 0,04 0,01 1,15

Etilismo -0,13 0,04 <

0,01 1,08

Insônia -0,14 0,05 0,01 1,10

Fadiga -0,10 0,04 0,03 1,15

Sensação de

confusão -0,25 0,12 0,04 1,08

Fasciculações -0,25 0,09 <

0,01 1,10

Medo de ficar só -0,30 0,07 <

0,01 1,04

aBAI=Beck Anxiety Inventory; SE=Erro padrão; VIF=Fatores de inflação da variância; DW=Durbin Watson.

aBAI = Beck Anxiety Inventory, SE = standard error; VIF = variance inflation factors; DW = Durbin Watson

Todas as correlações do modelo proposto foram estatisticamente significativas, além

de o modelo apresentar predição de interferência no escore do BAI de 18,1%. Os valores dos

fatores de inflação da variância (VIF) abaixo de 05 indicam não haver multicolinearidade no

modelo, confirmado pelos baixos valores dos erros padrões.

A distância máxima de Cook com valor menor que 01 é sugestivo da ausência de

valores influentes no modelo e o resultado do Durbin Watson sinaliza a não ocorrência de

autocorrelação.

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60

As comparações das médias obtidas no escore do BAI estão estruturadas na Tabela 4,

onde houve comparações significantes nos grupos das variáveis Curso, Estado civil, IMC,

Horas de sono por dia, Qualidade do sono, Número de refeições por dia, Horas de internet/tv

por dia, Etilismo e Tabagismo.

A amostra apresentou escore médio com pontuação de 14,97 ± 9,91 (mínimo 00 –

máximo 51) e os grupos de maiores escores foram curso de farmácia, qualidade do sono não

satisfatória, consumir menos de 03 refeições por dia e ser tabagista. Ainda, em análise

intragrupos, verificada através do Teste de Tukey, observou-se diferença estatística na

comparação das médias dos universitários eutróficos com os que apresentaram sobrepeso

(p=0,02).

Com relação aos medicamentos de uso contínuo 20,1% (86) declaram consumir ao

menos 01 medicamento, sendo citadas 32 substâncias diferentes, das quais o uso de algum

anticoncepcional oral (45 – 43,3%) foi o mais prevalente, seguidos pela dipirona (08 -7,7%) e

Levotiroxina sódica (08 – 7,7%).

Dos universitários classificados com perfil ansioso (182 – 42,5%), apenas 5,5% (10)

declararam estar sob acompanhamento psicoterapêutico e 8,8% (16) relataram uso de ao

menos um ansiolítico, sendo o mais prevalente o Alprazolam (10 – 41,7%).

Dos discentes que fazem uso de BZD e/ou ISRS, 81,0% (17) obtiveram através de

notificação de receita ou receituário de controle especial, 85,7% (18) adquiriram em

drogarias, 90,5% (19) utilizam há mais de seis semanas e 57,1% (12) declararam ter recebido

orientação para a descontinuação do tratamento.

Questionados sobre a prática de automedicação, 47,4% (203) dos universitários

declararam consumir medicamentos sem prescrição médica e/ou orientação de profissional

farmacêutico. Esse costume foi mais prevalente nos cursos de Farmácia (22 – 61,1%),

Odontologia (23 – 53,5%) e Educação Física (26 – 50,0%).

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61

Das Práticas Integrativas e Complementares (PIC), a fitoterapia (22 – 35,48%) foi a

mais frequentemente citada para tratar sintomas de ansiedade, onde 14,48% (62) do total de

discentes referiram ao menos uma das práticas questionadas (fitoterapia, plantas medicinais,

acupuntura e homeopatia).

Na Tabela 5, encontram-se as informações sobre tratamentos e uso de medicamentos,

estando às substâncias classificadas de acordo com o primeiro nível do Anatomical

Therapeutic Chemical (ATC).

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Tabela 4 - Comparação de médias do escore BAI entre as variáveis independentes, com valores

médios, desvio padrão e IC% para médias, considerando os 428 participantes.

Table 4 – Comparison of average BAI score between the independent variables, with mean values,

standard deviation and CI% for medium, considering the 428 participants.

Variáveis N Escore do BAI

p Média ± DP (IC%

a)

IESa

Pública 131 15,97 ± 9,34 (14,34 – 17,59) 0,16

Privada 297 14,53 ± 10,13 (13,37 – 15,69)

Curso Educação Física 52 13,35 ± 9,94 (10,58 – 16,11)

0,04

Enfermagem 107 14,07 ± 9,68 (12,22 – 15,93)

Farmácia 36 17,97 ± 8,18 (15,20 – 20,74)

Odontologia 43 17,47 ± 8,95 (14,71 – 20,22)

Fisioterapia 99 16,26 ± 10,86 (14,10 – 18,43)

Nutrição 54 12,80 ± 10,86 (10,52 – 15,07)

Biomedicina 37 13,76 ± 11,47 (9,93 – 15,91)

Sexo Masculino 106 13,75 ± 9,08 (12,00 – 15,49)

0,14 Feminino 322 15,38 ± 10,15 (14,26 – 16,49)

Estado civil

Solteiro 342 15,56 ± 9,91 (14,51 – 16,62) 0,01

Casado 86 12,63 ± 9,63 (10,56 – 14,69) IMC

a

Baixo peso 35 14,54 ± 10,47 (11,57 – 18,72)

0,04 Normal 297 15,66 ± 10,09 (14,51 – 16,81)

Sobrepeso 78 12,10 ± 8,21(10,25 – 13,95)

Obesidade 18 15,72 ± 11,22 (10,14 – 21,31)

Horas de sono por dia

Menos de 07 horas 297 15,85 ± 9,89 (14,72 – 16,98) < 0,01

Mais de 07 horas 131 12,98 ± 9,69 (11,30 – 14,65)

Qualidade do sono

Satisfatória 196 13,02 ± 9,33 (11,70 – 14,33) < 0,01

Não satisfatória 232 16,63 ± 10,10 (15,32 – 17,93)

Número de refeições por dia

Menos de 03 45 18,49 ± 11,40 (15,06 – 21,92) 0,01

03 ou mais 383 14,56 ± 9,65 (13,59 – 15,53)

Horas de Internet/tv por dia

Menos de 04 horas 275 14,18 ± 9,69 (13,03 – 15,33) 0,02

Mais de 04 horas 153 16,40 ± 10,17 (14,77 – 18,02)

Etilismo

Sim 161 16,57 ± 10,25 (14,97 – 18,16) 0,01

Não 267 14,01 ± 9,59 (12,86 – 15,17)

Tabagismo

Sim 12 21,75 ± 15,84 (11,69 – 31,81) 0,01

Não 416 14,78 ± 9,91 (14,03 – 15,91) aIC%=Intervalo de Confiança ; IES=Instituição de Ensino Superior; IMC=Índice de Massa Corporal.

aCI% = confidence interval; HEI = Higher Education Institution, BMI = Body Mass Index.

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Tabela 5 – Uso de medicamentos e acompanhamento psicoterapêutico entre os universitários

das IES pública e privada, considerando N=428.

Table 5 – Use of medication and psychotherapy monitoring among college of public and private

HEIs, considering N = 428.

IESa Pública IES Privada

N Fr% N Fr%

Tratamento Psicoterapêutico

Sim 05 1,2 07 1,6 Não 126 29,4 290 67,8

Uso de ansiolítico

Sim 09 2,1 12 2,8 Não 122 28,5 285 66,6

Linha de Tratamento*

Benzodiazepínico 09 42,9 05 23,8

ISRSa - - 05 23,8

BZDa + ISRS - - 02 9,5

Aquisição do ansiolítico*

Drogaria 09 42,9 09 42,9 Familiares/Amigos - - 03 14,3

Tempo de uso*

Menos de 06 semanas - - 02 9,5 Mais de 06 semanas 09 42,9 10 47,6

Informação para descontinuação*

Sim 06 28,6 06 28,6

Não 03 14,3 06 28,6

Automedicação

Sim 71 16,6 132 30,8

Não 60 14,0 165 38,6 PIC

a

Fitoterapia 08 1,9 14 3,3

Planta medicinal 05 1,2 13 3,0 Acupuntura 01 0,2 13 3,0

Homeopatia 01 0,2 07 1,6

Medicamentos de uso contínuo

Sim 26 6,1 60 14,0 Não 105 24,5 237 55,4

Classificação ATC dos medicamentos de uso contínuo (N=103)

A – Trato alimentar e metabolismo 09 8,7%

C – Sistema cardiovascular 08 7,7% D – Dermatológicos 02 1,9%

G – Hormônios sexuais 45 43,3%

H – Preparações hormonais 12 11,5% M – Sistema músculo-esquelético 07 7,2%

N – Sistema nervoso 13 12,5%

R – Sistema respiratório 07 7,2% aIES=Instituição de ensino superior; BDZ=Benzodiazepínico; ISRS=Inibidor seletivo da recaptação de serotonina;

PIC=Práticas integrativas e complementares; ACT= Anatomical Therapeutic Chemical –Nível 1. * N=21, correspondente aos universitários que fazem uso de ansiolíticos. aIES=institution of higher education; BZD = Benzodiazepines, SSRI = selective serotonin reuptake inhibitor;

PIC = complementary and integrative practices. ATC= Anatomical Therapeutic Chemical – first level. * N = 21, corresponding to universities that make use of anxiolytics;

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DISCUSSÃO

Os transtornos de ansiedade têm aumentado expressivamente desde o século passado,

associados às transformações ocorridas no âmbito econômico e cultural, acompanhadas por

pressões de uma sociedade tecnológica, moderna e mais competitiva.20

Diversos fatores ansiogênicos permeiam a vida de estudantes universitários como a

apreensão em relação ao futuro e horas desordenadas de sono. Para alguns autores, um nível

baixo de ansiedade, em proporções fisiológicas, pode ajudar na aprendizagem, enquanto que

sintomas moderados e graves dificultam o processo.21,22

Os níveis de ansiedade encontrados no estudo foram semelhantes a outros

levantamentos junto a universitários, onde discentes com perfis moderado e grave

representaram pouco mais de um terço da amostra.23,24

Estes universitários, possivelmente, apresentam uma redução da cognição, atenção

seletiva e codificação de informações na memória, bloqueando raciocínio e compreensão,

dificultando o desempenho em geral, quando comparados aos universitários não ansiosos.26

A relação entre ansiedade e o sexo feminino, como encontrado no estudo, é uma

associação esperada, verificada também por outros autores,26,27

no entanto, nem sempre essa

correlação é estabelecida.28

Verificou-se que os universitários que se declararam brancos

apresentaram uma maior prevalência de perfis ansiosos (p=0,04); nos estudos consultados,

não foram encontrados resultados que verificassem esta associação entre universitários.

Gama, Araújo e Teixeira-Silva27

de forma semelhante encontraram que os solteiros

são mais ansiosos do que os universitários casados e que a relação entre apresentar perfil

ansioso com os discentes que estudavam e trabalhavam comparados aos que apenas

estudavam, não foi estatisticamente significante.

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65

Com relação ao consumo de álcool, tabaco e outras drogas, os universitários que

experienciam mais desses eventos adversos na vida, estão mais propensos a manifestarem

maiores índices de ansiedade e outros transtornos comportamentais.29

Observou-se que os

universitários que declararam consumir bebidas alcoólicas foram mais ansiosos e os fumantes

obtiveram as maiores médias de escore do inventário de ansiedade.

A qualidade do sono parece ser um dos fatores mais associáveis à ansiedade dos

universitários do estudo, já que as relações verificadas nos testes realizados foram todas de

significância estatística, em consonância com estudo onde se verificou o ciclo sono-vigília de

universitários, no qual a irregularidade deste processo devido aos horários escolares e as

demandas acadêmicas pareceram contribuir para aumentar o estado de ansiedade.30

A prevalência de universitários com perfil ansioso que estavam ou já haviam feito

acompanhamento psicoterapêutico foi diferente da observada por Cerchiari, Caetano e

Faccenda,7 quando menos de um quarto procurou ajuda profissional.

Observando o uso de ansiolíticos, apenas um décimo dos universitários com perfil

ansioso fazia uso de ao menos um medicamento. Em estudo no estado de São Paulo, foi

verificada uma proporção semelhante de universitários ansiosos sob tratamento com

ansiolíticos, entretanto, comparando o recebimento de alguma informação sobre o tratamento

medicamentoso, a referência neste estudo foi quase três vezes maior.24

A classe de ansiolítico mais prevalente foi a dos BDZ, que no Brasil, culturalmente

ainda é a primeira linha de tratamento para os transtornos de ansiedade mais comuns, em

detrimento ao uso dos agentes que afetam o sistema serotoninérgico, incluindo os ISRS, que

estão surgindo como tratamento de primeira escolha pela efetividade e por serem

considerados equipotentes aos BDZ.31

Os BDZ proporcionam respostas de melhora muito rápidas, possivelmente essa

característica favoreça a sua popularidade nas prescrições. Entretanto, com a utilização destes

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fármacos em longo prazo deve ser considerada a relação entre riscos e benefícios, já que a

administração superior a seis semanas favorece o surgimento de tolerância e síndrome de

abstinência. Este fator, talvez seja o mais decisivo quando da interrupção da descontinuação

do tratamento, induzindo ao usuário prolongar sua utilização.31,32

Quase todos os usuários de

BZD do estudo utilizavam o medicamento de forma cronificada, o que possivelmente

favorecerá o surgimento dos problemas citados acima.

A ansiedade surge de forma sutil e até que seus sintomas se agravem pode passar

despercebida pelo indivíduo, que aos poucos vai perdendo a capacidade adaptativa. Assim, o

ansioso tende a superestimar a probabilidade de perigo real, subestimando sua capacidade de

enfrentar as ameaças a seu bem-estar físico e psicológico.

Um ponto a ser tratado com mais atenção é acerca do uso de medicamentos, por vezes

irracional, sem indicação e orientação de profissional habilitado. A automedicação foi

frequentemente relatada, mesmo sendo profissionais da saúde em formação. Talvez, por esse

motivo, estes universitários tenham a ilusão de estarem aptos a se medicarem, com aparente

segurança e livres dos problemas relacionados a medicamentos associados a esta prática.

A atenção à saúde mental do segmento populacional estudado deve ser priorizada,

para melhoria da qualidade de vida dos universitários, já que os resultados indicam que quase

a metade da amostra apresenta perfil ansioso moderado ou grave.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Estadual da

Paraíba e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela bolsa de

mestrado concedida ao primeiro autor.

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67

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ansiedade é um estado presente em todos os indivíduos que, fisiologicamente,

favorece à capacidade adaptativa do organismo ao meio vivente, desde que não interfira na

qualidade de vida, dificultando as relações interpessoais e atividades do cotidiano.

No estudo, foi possível observar que mais da metade da amostra apresentava um perfil

ansioso e, majoritariamente, sem acompanhamento psicoterapêutico, por parte de um

profissional habilitado.

Ainda, foi possível associar positivamente os universitários com perfil ansioso e o

sexo feminino, cor da pele branca, estado civil solteiro, qualidade do sono não satisfatória e

ao consumo de bebidas alcoólicas, observando-se altas médias no escore do inventário de

ansiedade para os fumantes e significância estatística na comparação das médias dos escores

entre os cursos de saúde participantes.

O estudo sugere que, aparentemente, não há diferenças entre os universitários de

instituições de ensino pública e privada, ou serem de turmas ingressantes ou concluintes, para

as associações com perfis ansiosos, o que pode indicar que o ambiente acadêmico é um

universo ansiogênico como um todo, sem diferenças para o tipo de instituição ou período de

graduação.

Apesar de o estudo envolver futuros profissionais de saúde, responsáveis por orientar a

população em geral, sobre hábitos e práticas que fomentem o bem-estar, observou-se uma alta

prevalência de automedicação, prática esta responsável por parcela considerável dos casos de

intoxicação no país.

É sugestiva a criação de políticas voltadas para a saúde mental dos universitários,

envolvendo acompanhamentos cognitivo-comportamentais quando necessário e promover e

incentivar campanhas para conscientização sobre o risco do uso inadequado de substâncias

entorpecentes e psicotrópicas e de medicamentos em geral.

Para tanto, a divulgação dos resultados nas IES participantes, com resultados

específicos de cada curso, podem ajudar aos serviços de assistência à saúde disponibilizados

para a comunidade, como os promovidos pela clínica de psicologia da UEPB, a traçar

estratégias de irradiação do serviço de acompanhamento psicoterapêutico e, mais

especificamente, aos departamentos dos cursos de farmácia, caberia, por exemplo, formulação

de campanhas periódicas de combate ao uso irracional de medicamentos nos Campus

Universitários.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

“PERFIL DE ANSIEDADE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE CURSOS DA ÁREA

DA SAÚDE”

AUTOR: RÔMULO MOREIRA DOS SANTOS

ORIENTAÇÃO: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

TERMO DE COMPROMISSO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente termo de consentimento livre e esclarecido, eu, _________________________________________________________________________, cidadão

brasileiro, em pleno exercício dos meus direitos me disponho a participar da pesquisa “Perfil de

Ansiedade em Estudantes Universitários de Cursos da Área da Saúde” sob a responsabilidade da pesquisadora Professora Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões.

O meu consentimento em participar da pesquisa se deu após ter sido informado (a) pelo pesquisador,

de que:

1. A pesquisa se justifica pela necessidade de pensarmos e discutirmos sobre a utilização racional de

medicamentos e obtenção de dados referentes ao perfil de ansiedade em universitários.

2. Seu objetivo é estudar o uso de medicamentos e substâncias ansiolíticas e o perfil e gravidade da

ansiedade apresentada por universitários de cursos de saúde.

3. Minha participação é voluntária, sendo garantido o meu anonimato e guardado sigilo de dados

confidenciais, tendo o direito à desistência a qualquer momento sem risco de penalização.

4. Caso sinta a vontade de contatar a pesquisadora durante e/ou após a coleta de dados, poderei fazê-lo

pelo telefone (83) 8872-1471; (83) 9946-9906.

5. Ao final da pesquisa, se for do meu interesse, terei livre acesso ao conteúdo da mesma, podendo

discutir os dados com a pesquisadora.

Campina Grande, ____ de ______________ de _______.

Participante

Autor ou Coordenadora da Pesquisa

Av. das Baraúnas, nº 351 - Campos Universitário – Bodocongó - CEP 58109-753 - Campina Grande (PB)

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO SEMIESTRUTURADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

“PERFIL DE ANSIEDADE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS DE CURSOS DA ÁREA

DA SAÚDE”

AUTOR: RÔMULO MOREIRA DOS SANTOS

ORIENTAÇÃO: Profa. Dra. Mônica Oliveira da Silva Simões

PARTE 1 Data: ___/___/______ (dia/mês/ano)

Quest1. Curso matriculado: ⎕Enfermagem3 ⎕Fisioterapia7 ⎕Nutrição8 ⎕Biomedicina9

Quest2. Ano de curso: ⎕Inicial1 ⎕Final2

Quest3. Sexo:⎕Masculino1 ⎕Feminino2

Quest4. Data de Nascimento: ___/___/______ (dia/mês/ano) – Idade: ________ (anos)

Quest5. Cor: ⎕Branco1 ⎕Não branco2

Quest6. Local de Residência: ⎕Campina Grande1 ⎕Outra2__________________________

Quest7. Unidade Federativa de origem (Estado): ______________________________

Quest8. Atividade Profissional: ⎕Estuda1 ⎕Estuda e Trabalha2

Quest9. Você mora: ⎕Sozinho1 ⎕Com os pais2 ⎕Outros familiares3 ⎕Amigos4

Quest10. Estado Civil: ⎕Solteiro1 ⎕Casado/União Estável2 ⎕Divorciado3 ⎕Viúvo4

Quest11. Altura: __________(m)Peso: __________(Kg)

Quest12. Horas de sono por dia: ⎕Menos de 7h1 ⎕Mais de 7h2

Quest13. Você classifica a qualidade do seu sono como:

⎕Satisfatória1 ⎕Não satisfatória2

Quest14. Número de refeições por dia: ⎕Menos de31 ⎕Entre 3-52 ⎕Mais de 53

Quest15. Condições de saúde: ⎕Hipertensão ⎕Diabetes ⎕Hipertireoidismo

⎕Nenhuma ⎕Outro4 ___________________________________

Quest16. Pratica de atividades físicas:

⎕1Menos de 30 minutos diários em5 dias na semana de atividade moderada nas horas de

lazer.

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⎕2Mais de 30 minutos diários em 5 dias na semana de atividade moderada ou

20 minutos diários em 3 dias na semana de atividade vigorosa nas horas de lazer.

Quest17. Horas de internet/televisão por dia: ⎕Menos de 4h1 ⎕Mais de 4h2

Quest18. Já fez uso de: ⎕Maconha ⎕Cocaína ⎕Crack ⎕Loló ⎕Lança-perfume

⎕Cola ⎕Ecstasy⎕Nenhuma

Quest19. Consome bebidas alcoólicas: ⎕Sim1 ⎕Não2

Se sim, responda com base na última semana, considerando como dose/garrafa = 350mL

de cerveja ou 150mL de vinho ou 40mL destilados:

⎕Até 3 doses (destilados) ou garrafas (fermentados)1

⎕Entre 3 – 7 doses (destilados) ou garrafas (fermentados)2

⎕Acima de 7 doses (destilados) ou garrafas (fermentados)3

Quest20. Você fuma/é tabagista: ⎕Sim1 ⎕Não2

Considere-se fumante se fizer uso de qualquer quantidade de tabaco diariamente, há pelo

menos seis meses.

Quest21. Apresenta alguma dessas características: ⎕ Insônia ⎕Fadiga ⎕Confusão

⎕Fasciculações ⎕Medo de ficar só ⎕Diminuição da coordenação motora ⎕Nenhuma

Quest22. Faz acompanhamento psicológico/psiquiátrico: ⎕Sim1 ⎕Não2

Quest23. Faz uso de ansiolíticos (medicamentos para tratar a ansiedade): ⎕Sim1 ⎕Não2

(Se “Não”, passe para a Quest28)

Qual: ______________________________________________________________________

Quest24. Foi prescrito: ⎕Sim1 ⎕Não2

Quest25. Onde comprou/recebeu: ⎕Farmácia/Drogaria1 ⎕Posto de Saúde2

⎕Familiares/amigos3

Quest26. Tempo de uso: _________________________

Quest27. Recebeu orientação para descontinuação do tratamento: ⎕Sim1 ⎕Não2

Quest28. Uso regular de outros medicamentos: ⎕Sim1 ⎕Não2

Qual(is): _____________________________________________________________________

Quest29. Você pratica automedicação: ⎕Sim1 ⎕Não2

Quest30. Já fez uso de alguma dessas práticas para diminuir a ansiedade:

⎕Fitoterapia ⎕Plantas medicinais ⎕Acupuntura ⎕Homeopatia⎕Nenhuma

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ANEXOS

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ANEXO I – BECK ANXIETY INVENTORY (BAI)

Inventário de Ansiedade de Beck

Indique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana,

incluindo hoje, circulando ou marcando um “x” sobre o número da coluna que mais

claramente corresponde à situação descrita.

Opções: 0 – Nem um pouco; 1 – Ligeiramente (Não me incomodava muito); 2 –

Moderadamente (Era muito desagradável, mas eu aguentava); 3 – Severamente

(Insuportável).

NEM

UM

POUCO

LIGEIRAMENTE MODERADAMENTE SEVERAMENTE

N 1. Dormência ou formigamento 0 1 2 3

A 2. Sensação de calor 0 1 2 3

N 3. Pernas inquietas 0 1 2 3

S 4. Dificuldade em relaxar 0 1 2 3

S 5. Medo de acontecer o pior 0 1 2 3

N 6. Tonturas ou vertigens 0 1 2 3

P 7. Dor no peito ou palpitações 0 1 2 3

N 8. Inseguro ou indeciso 0 1 2 3

S 9. Amedrontado 0 1 2 3

S 10. Nervoso ou apreensivo 0 1 2 3

P 11. Sensação de asfixia ou “nó na

garganta”

0 1 2 3

N 12. Mãos trêmulas 0 1 2 3

N 13. Cansaço 0 1 2 3

S 14. Medo de perder o controle 0 1 2 3

P 15. Dificuldade de respirar 0 1 2 3

P 16. Medo de morrer 0 1 2 3

S 17. Assustado 0 1 2 3

A 18. Indigestão ou desarranjo

intestinal

0 1 2 3

N 19. Desmaio 0 1 2 3

A 20. Rubor facial ou sensação de

calor

0 1 2 3

A 21. Sudorese (não devido ao calor) 0 1 2 3

Total

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

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ANEXO II – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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ANEXO III – TERMO INSTITUCIONAL UEPB

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ANEXO IV – TERMO INSTITUCIONAL FMN

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ANEXO V – COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO ARTIGO 1