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GABRIELA MENEGAZZI CASEIRO
PERFIL DA CONDIÇÃO SISTÊMICA DE PACIENTES
PERIODONTAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA
UNIVERSITÁRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA (COU-UEL)
Londrina - PR
2017
GABRIELA MENEGAZZI CASEIRO
PERFIL DA CONDIÇÃO SISTÊMICA DE PACIENTES
PERIODONTAIS ATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA
UNIVERSITÁRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA (COU-UEL)
Londrina – PR
2017
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de
Odontologia da Universidade Estadual de
Londrina para obtenção do título de
Cirurgião Dentista.
Orientadora: Profª Drª Priscila Paganini
Costa Tiossi
GABRIELA MENEGAZZI CASEIRO
PERFIL DA CONDIÇÃO SISTÊMICA DE PACIENTES PERIODONTAIS
ATENDIDOS NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA UNIVERSITÁRIA DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (COU-UEL)
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Orientador: Profª. Drª. Priscila Paganini Costa Tiossi
Universidade Estadual de Londrina - UEL
____________________________________
Profª. Drª. Fernanda Akemi Nakanishi Ito Componente da Banca
Universidade Estadual de Londrina - UEL
Londrina, _____de ___________de _____.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Odontologia da Universidade
Estadual de Londrina para obtenção do título de
Cirurgião Dentista.
Orientadora: Profª Drª Priscila Paganini Costa Tiossi
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar à Deus, por me proporcionar o dom da vida e sempre guiar
meus caminhos e minhas escolhas.
Aos meus pais, Luis Carlos Caseiro e Patricia Menegazzi Caseiro, pelo apoio
incondicional nas minhas escolhas, incentivo, amor e carinho.
As minhas irmãs, Bianca Menegazzi Caseiro e Tatiana Menegazzi Caseiro, que sempre
acreditaram em mim.
Ao meu namorado, Johnny Trovó Rota, pela ajuda em todos os momentos e por ser
sempre compreensivo, companheiro e amigo.
Agradeço a professora Priscila Paganini Costa Tiossi, por aceitar ser minha orientadora,
pela paciência e disposição em colaborar com o meu aprendizado.
À professora Fernanda Akemi Nakanishi Ito, por aceitar corrigir este trabalho,
enriquecendo-o com seus conhecimentos.
A todos os professores do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina
que contribuíram para a minha formação, dividindo suas experiências e transmitindo
seus conhecimentos. Meu muito obrigada.
Agradeço a todos os funcionários da Clínica Odontológica Universitária, pela atenção e
disponibilidade em ajudar.
Agradeço as amizades sinceras que fiz durante estes cinco anos e também aquelas
mais antigas que estiveram comigo nos momentos bons e nas dificuldades durante o
curso. Certamente levarei por toda a vida. Meus sinceros agradecimentos.
RESUMO
O conceito de saúde foi modificado nas últimas décadas. A visão do indivíduo como um
todo ganhou destaque, sendo substituída a definição de que a saúde é apenas a
ausência de doença, por um conceito que integra os aspectos sociais, econômicos,
políticos e culturais, ou seja, a qualidade de vida. A saúde bucal está intimamente
ligada à saúde sistêmica e vice-versa. Muitas doenças sistêmicas manifestam-se na
cavidade bucal e podem interferir no atendimento odontológico; do mesmo modo que
doenças bucais, como a doença periodontal, tendem a interferir no prognóstico de
doenças sistêmicas. Dessa forma, torna-se importante avaliar as condições sistêmicas
dos pacientes que procuram atendimento odontológico, para que o cirurgião-dentista
possa conhecer e assim se preparar para atender este paciente com mais segurança.
Com base no citado, o objetivo do presente trabalho é avaliar a relação da doença
periodontal com as condições sistêmicas dos pacientes atendidos na Clínica
Odontológica Universitária da Universidade Estadual de Londrina (COU-UEL).
Palavras-chave: Medicina Periodontal. Periodontite. Diabetes.
Abstract
The concept of health has been modified in recent decades. The view of an individual as
a conjunction of different aspects has become more prominent, replacing the definition
that health is solely the absence of disease by a concept that integrates social,
economic, political and cultural aspects – thus, the quality of life. Oral health is closely
related to systemic health, and vice versa. Many systemic diseases manifest in the oral
cavity and can interfere with dental care; likewise, oral diseases tend to interfere with the
prognosis of systemic diseases. Thus, it is important to evaluate the systemic condition
of patients seeking dental care because it allows a surgical dentist to prepare a safer
patient care. Based on the above, the objective of the present study is to evaluate the
relationship between periodontal disease and the systemic conditions of patients treated
at the Dental Clinic of the State University of Londrina (COU-UEL).
Keywords: Periodontal medicine. Periodontitis. Diabetes.
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................................................... 8
2. Objetivos ............................................................................................................ 11
3. Material e Métodos ............................................................................................ 12
4. Resultados ......................................................................................................... 13
5. Discussão .......................................................................................................... 14
6. Considerações Finais ....................................................................................... 16
7. Referências ........................................................................................................ 17
8. Anexos ................................................................................................................ 23
TABELA 1 - Características da população ………………..…………………….… 23
TABELA 2 - Possível relação entre condição sistêmica e dados periodontais .. 24
GRÁFICO 1 - Distribuição das condições sistêmicas ........................................ 24
GRÁFICO 2 - Distribuição das condições sistêmicas ........................................ 24
GRÁFICO 3 - Distribuição dos pacientes por Diagnóstico Periodontal ...........24
8
1. INTRODUÇÃO
A doença periodontal na forma de gengivite ou periodontite, é altamente
prevalente na população. No Brasil a prevalência de gengivite é aproximadamente de
100% (CUNHA & CHAMBRONE, 1998; KATO SEGUNDO et al., 2004) e a de
periodontite também é consideravelmente alta. Susin e colaboradores (2004),
mostraram no Brasil que 79% e 65% da população estudada apresentou
respectivamente, perda de inserção e profundidade de bolsa maior que 5 mm.
Nos últimos anos tem sido dada atenção especial à relação da doença periodontal com
possíveis fatores de risco, como fumo e condições sistêmicas específicas como
diabetes, problemas cardiovasculares, parto prematuro, entre outros. Essas doenças ou
alterações de ordem sistêmicas podem acelerar uma doença pré-existente aumentando
sua progressão e destruição tecidual (WILLIAMS & OFFENBACHER, 2000).
Sendo assim a medicina periodontal surgiu com o objetivo de estabelecer uma
relação de mão dupla entre doenças periodontais e a saúde em geral. Em 2005, o
Comité Internacional da Medical Journal Editors (ICMJE) recomendou que os autores
de publicações RCT (Randomized Clinical Trial) catalogassem os seus estudos em um
registro de acesso público, o que proporciou uma boa oportunidade para mapear a
atividade de pesquisa em medicina periodontal (IRIGOYEN M.C. et al).
A relação da doença periodontal com o diabetes está bem documentada na literatura,
onde se comprovou que a doença periodontal é agravada pelo diabetes, e vice-versa,
havendo mudanças na resposta do hospedeiro ao tratamento periodontal
(TRAMONTINA et al., 1997; LAUDA et al., 1998; GREGORI et al., 1999).
O tratamento periodontal tende a melhorar o controle glicêmico de pacientes
diabéticos sugerindo, portanto, uma relação bidirecional entre as duas doenças. A
melhora do controle glicêmico pode ser explicada pela diminuição dos níveis de
mediadores inflamatórios, relacionados à resistência à insulina presente no sangue,
após a realização do tratamento periodontal. A resolução da infecção pode ser
alcançada por meio da realização da terapia periodontal mecânica associada ou não à
antibioticoterapia (CARRANZA et al., 2004).
Nishimura et al. (2003) levantaram a hipótese de que o fator de necrose tumoral
α (TNF-α) circulante em um processo inflamatório gengival exacerbado pode estar
9
associado diretamente ao mecanismo de resistência à insulina ao influenciar órgãos,
como fígado, músculos e tecido adiposo, e, indiretamente, aumentar a liberação de
moléculas, como ácidos graxos leves, os quais também produzem resistência à
insulina. Além disso, o TNF-α tem sido identificado como um potente bloqueador do
receptor de insulina.
O mecanismo mais aceito para explicar como o diabetes influencia a condição
periodontal está baseado na via de produtos finais da glicosilação avançada (AGEs).
Os AGEs são capazes de ativar células de defesa, tais como monócitos, macrófagos e
células endoteliais levando à liberação de citocinas pró-inflamatórias, como também,
proteases que contribuem para a destruição dos tecidos de suporte periodontal. O nível
de expressão dos receptores de AGEs (RAGE) é maior em indivíduos diabéticos e com
periodontite, quando comparado aos indivíduos não diabéticos com periodontite
(TAYLOR et al., 2013).
Um paciente diabético não controlado pode apresentar cárie de rápida evolução,
cálculo dental, aumento da parótida, periodontite, xerostomia, alteração do paladar e
alterações na microbiota da cavidade oral, com maior predominância de Candida
albicans, estreptococos hemolíticos e estafilococos, aumento no sangramento gengival,
maior perda de inserção clínica, mobilidade dentária acentuada e tendência à formação
de abscessos (BRANDÃO; SILVA; PENTEADO, 2011).
Um dos maiores fatores de risco na prevalência, extensão e severidade das
doenças periodontais destrutivas é o fumo. Seus efeitos deletérios no periodonto estão
relacionados, especialmente, às alterações imunológicas e ao contato com substâncias
nocivas capazes de causar danos ao DNA celular (CAMPOS & DEMONTE, 2003),
juntamente com o aumento na profundidade de sondagem, perda clínica de inserção,
perda óssea alveolar e perda dental (PANNUTI et al., 2006).
Bergstron & Preber (1994) mostraram por meio de estudos experimentais que o
fumo diminui a reação vascular observada na gengivite, e em consequência, têm-se
uma disfarçada supressão dos sinais da inflamação gengival.
É também um dos principais fatores modificadores da saúde geral, pois
apresenta grande número de constituintes tóxicos (BEZERRA et al., 2003). Além da
resposta imuno-inflamatória suprimida, ilustrada pela produção de anticorpos deficiente,
10
fumantes pesados apresentaram um prognóstico menos favorável ao tratamento
periodontal (PANNUTI et al, 2006).
As alterações pulmonares de ordem crônica e aguda, tais como bronquite, asma,
pneumonia e enfisema têm sido relacionadas com a doença periodontal e também são
consideradas como fatores modificadores, segundo pesquisas de Scannapieco et al.
(1998) e Terpenning et al. (2001), constatando em indivíduos com estas patologias uma
relação significativa com a má qualidade de higiene bucal.
Estudos recentes também têm sugerido que a periodontite tem um papel
importante no desenvolvimento da doença cardiovascular (BECK et al., 1994;
HARASZTHY et al., 2000; KINANE; LOWE, 2000). A doença periodontal é um fator
predisponente ao desenvolvimento e exacerbação de problemas de ordem sistêmica,
como as doenças cardiovasculares (DESTEFANO et al., 1993; GENCO et al., 1997;
ARBES; SLADE; BECK, 1999; BECK et al., 2001). Em resposta à infecção e à
inflamação, causada pela doença periodontal, certas pessoas podem exibir um grande
número de mediadores químicos locais e sistêmicos que podem aumentar o risco de
aterosclerose (BECK et al., 1994).
Outra relação com a doença periodontal bastante discutida atualmente são
partos prematuros ou nascimentos antecipados, os quais ocorrem antes de serem
completadas 37 semanas de idade gestacional. Offenbacher et al. (1996) propuseram
que as infecções bucais, como a periodontite, poderiam constituir uma fonte
significativa de infecção e inflamação durante a gravidez ao observarem que as mães
de crianças prematuras e de baixo peso ao nascer apresentavam quadro mais severo
de periodontite, quando comparadas com mães cujos filhos tinham nascido com peso e
idade gestacional adequados. Estes autores referiram que as infecções periodontais,
que servem de reservatórios para microrganismos anaeróbios Gram-negativos,
lipopolissacarídeos e mediadores inflamatórios, incluindo prostaglandina (PGE2) e TNF,
podem ser uma ameaça para a unidade feto-placentária.
11
2. OBJETIVOS
Objetivo geral:
O objetivo do presente trabalho foi relatar o perfil da condição sistêmica dos
pacientes atendidos na Clínica Odontológica Universitária da Universidade Estadual de
Londrina (COU-UEL) e avaliar a relação da doença periodontal com as condições
sistêmicas, por meio de levantamento de dados dos prontuários dos pacientes
atendidos no ano de 2016.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado por meio de levantamento de dados dos prontuários dos
pacientes atendidos na Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina
durante o ano de 2016.
A população estudada foi composta por pacientes submetidos ao tratamento
periodontal, atendidos na Clínica Odontológica Universitária da UEL. A amostra
consistiu em pacientes maiores de 18 anos, portadores ou não de doenças sistêmicas,
tais como diabetes, problemas respiratórios, doenças cardiovasculares, além de
fumantes. No item fumantes, foram observados a ausência e presença de fumantes,
bem como o número de cigarros/ dia e o tempo do hábito. Os dados da condição
sistêmica e hábito de fumar foram verificados na ficha de anamnese do prontuário.
Os dados periodontais para determinar ausência ou presença de doença
periodontal, bem como sua categorização, foram os seguintes: profundidade de
sondagem, nível clínico de inserção, recessão gengival, sangramento gengival em
todos os dentes, obtidos na ficha clínica periodontal.
Após a coleta de dados dos prontuários, os mesmos foram tabulados. Dados
quantitativos como profundidade de sondagem, nível clínico de inserção, recessão
gengival, quantidade de cigarro/dia e tempo do hábito de fumar foram registrados como
média e desvio padrão. Já os dados qualitativos como presença ou ausência de
sangramento gengival, do hábito de fumar e das diversas condições sistêmicas foram
apresentados de forma descritiva em porcentagens.
Na comparação entre as prevalências das condições sistêmicas, foi aplicado o
teste t de uma amostragem entre as proporções para determinar se houve diferença
estatisticamente significativa. Para avaliar uma possível associação da doença
periodontal com a alterações sistêmicas, foram aplicados o teste de Qui-quadrado e
Pearson e o teste Exato de Fisher na análise e tabelas de contingência entre o nível
clínico de inserção e a presença de condições sistêmicas e hábito de fumar. O nível de
significância foi de 5% (α < 0,05).
13
4. RESULTADOS
De um total de 115 prontuários, 55 (47,8%) foram desprezados por falta de um
correto preenchimento. Dos 60 prontuários avaliados, 39 (65%) eram do sexo feminino
e 21 (35%) do sexo masculino, 40 (66%) eram casados e 14 (23,3%) era do lar. A idade
média foi 49,3 anos, com desvio padrão de 12,51 anos. (TABELA 1)
Dos 60 prontuários, 36 (60%) dos pacientes possuíam alguma alteração
sistêmica, sendo a hipertensão a mais frequente com 18 (31,6%) pacientes e, em
segundo lugar, a depressão com 8 (13,33%) pacientes. Vinte e oito (46,67%) pacientes
possuíam duas ou mais alterações sistêmicas. Outras alterações encontradas foram a
hipercolesterolemia, diabetes e hipotireoidismo, de acordo com a ordem de prevalência.
(GRÁFICO 1 e 2)
A média de dentes presentes foi de 22,3 e de ausentes de 9,5. Dos 8.040 sítios
analisados através da sondagem na ficha periodontal, 7.082 apresentaram
profundidade de sondagem entre 1 e 4 mm, 939 sítios apresentaram sondagem entre 4
e 6 mm e 91 sítios apresentaram profundidade de sondagem maior ou igual a 7 mm,
tendo como média da profundidade de sondagem 2,27 mm com desvio padrão de 0,92.
A média do índice de placa foi de 60,65%, do sangramento à sondagem de 10,78%, e
da recessão gengival de 2,05 mm com desvio padrão de 0,79 mm. As alterações
periodontais mais comuns foram periodontite crônica leve 19 pacientes (31,6%) e
moderada 19 pacientes (31,6%), seguida de periodontite crônica severa com 12
pacientes (20%), gengivite com 9 (15%) e periodontite agressiva com 1 paciente (6%).
(GRÁFICO 3)
Foi realizado teste do qui-quadrado nas possíveis correlações: diagnóstico
periodontal x condição sistêmica (p=0,085), profundidade de sondagem (PS) X
condição sistêmica (α = 0,97), categorização da PS X condição sistêmica (α = 1,2),
sangramento à sondagem X condição sistêmica (α = 0,99), nos quais não foram
observadas nenhuma correlação estatisticamente significante (α < 0,05), havendo
apenas uma tendência de se correlacionar o diagnóstico periodontal com a condição
sistêmica (α = 0,085), provavelmente devido ao pequeno tamanho da amostra.
(TABELA 2)
14
5. DISCUSSÃO
Como apresentado por Cunha & Chambrone (1998) e Kato Segundo (2004), a
prevalência de periodontite no Brasil é alta; assim também foi a prevalência de
periodontite neste estudo, 60% dos pacientes apresentavam periodontite crônica. Essa
distribuição da periodontite crônica também vai de encontro aos dados apresentados
por Gusmão et al. (2002), que constataram uma porcentagem de 47,8% e de Gusmão
et al. (2005), que foi de 59,8%.
Já a periodontite agressiva foi encontrada em apenas um paciente, mas a
própria literatura (LINDHE, 2010; CARRANZA, 2012) demonstra uma ocorrência bem
menor dessa forma na população mundial. Entretanto, os dados mostraram que no
Brasil a prevalência de gengivite é aproximadamente de 100% (CUNHA &
CHAMBRONE, 1998; KATO SEGUNDO et al., 2004), enquanto os dados do presente
estudo monstraram uma porcentagem de 15%. Essa pequena prevalência pode ser
explicada por ser uma doença mais fácil de se tratar e na qual, muitas vezes, não é
encaminhada para a Clínica de Periodontia.
As alterações sistêmicas das mais diversas estavam presentes em 60% da
amostra avaliada. Este resultado foi similar ao encontrado por Gusmão et al. (2005),
que foi de 50%. As alterações sistêmicas encontradas em pacientes com doença
periodontal foram constatadas em estudos realizados por Tramontina et al. (1997);
Lauda et al. (1998); Assaf (1999); Fowler et al. (2001).
Gregori et al. (1999) e Castro et al. (2000) destacaram a importância das
alterações sistêmicas tanto no diagnóstico quanto no tratamento das doenças
periodontais. De fato, o presente apresentou uma tendência de se correlacionar o
diagnóstico periodontal com a condição sistêmica (α = 0,085), provavelmente devido ao
pequeno tamanho da amostra (n = 60). Com o aumento do tamanho da amostra, exista
a possiblidade de provar essa correlação. A medicina periodontal, por meio de estudos
controlados, já apresentou relação bem estabelecida da doença periodontal com
algumas condições sistêmicas como diabetes, doenças pulmonares, cardiovasculares,
parto prematuro e bebês de baixo peso (CARRANZA, 2012) e há indícios fortes de uma
possível relação com obesidade, alguns tipos de câncer, hipertensão entre outros.
15
A hipertensão foi a alteração sistêmica de maior prevalência atingindo 31,6%,
este resultado colabora com os encontrados por Moraes et al. (1993), Peralta et al.
(1995) e Gusmão et al. (2005), nos quais essa condição sistêmica também foi a mais
prevalente. Em ratos, já há estudo demonstrando que a hipertensão arterial está
associada à perda óssea alveolar progressiva e se especula que essa condição
sistêmica pode perpetuar essa perda óssea alveolar (de Medeiros Vanderlei et al.,
2013).
A segunda condição sistêmica mais prevalente encontrada no presente trabalho
foi a depressão. De fato, a literatura (ROSANIA et al., 2009; WARREN et al., 2014)
demonstrou que o estresse e a depressão podem estar associados à destruição
periodontal por meio tanto do comportamento dos pacientes que apresentam uma
higiene mais precária e também por meio de mecanismos fisiológicos como a liberação
de cortisol. Portanto, como parte de um estudo futuro, deve-se aumentar o tamanho da
amostra e tentar correlacionar individualmente cada uma dessas condições sistêmicas
com os dados periodontais e/ ou diagnóstico periodontal. E se comprovado, assim
como os estudos da literatura científica sugerem, pode-se abordar os fatores
psicológicos como uma importante parte tanto do tratamento periodontal como da
manutenção preventiva periodontal.
16
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de não haver diferenças significativas, o grupo com condição sistêmica
apresentou uma tendência de condição periodontal pior quando comparada ao grupo
saudável sistemicamente. Estes dados preliminares demonstraram que a hipertensão é
uma condição com alta prevalência e que pacientes periodontais tendem a ter uma
condição periodontal pior, embora seja necessário um maior número de prontuários
avaliados.
17
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8. ANEXOS
TABELA 1. Características da população.
TABELA 2. Possível relação entre condição sistêmica e dados periodontais.
Valor de p é estatisticamente significante quando < 0,05. Teste X2 realizado no Excel.