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Pelos Olhos do Vulto

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L.B.CORR

Pelos olhos do

VULTO

ROMANCE POLICIAL

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“A grandeza do homem é inversamente proporcional à pena que sente de si”

L.B.Corr

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Ao meu pai Reinaldo e meu avô Jonas, os quais usei como base para a elaboração de alguns personagens. Ainda que eu fosse um gênio literário, não conseguiria expressar em palavras o amor e a admiração que tenho por eles.

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Índice Preâmbulo .......................................................................................................... 1

A notícia .............................................................................................................. 1

Reynold Deckland ........................................................................................... 12

A missa .............................................................................................................18

O dia seguinte ............................................................................................... 32

A aparição ...................................................................................................... 50

A festa ............................................................................................................. 56

O crime ............................................................................................................ 70

O resultado .................................................................................................... 83

O enterro ........................................................................................................ 86

Revelações ..................................................................................................... 98

Depoimentos ................................................................................................... 117

O segundo crime ......................................................................................... 146

Hora de falar ................................................................................................ 157

Proteção ........................................................................................................ 166

A visão do medo .......................................................................................... 178

Deckland e o guarda ................................................................................... 188

Deckland visita Vernon ............................................................................. 203

McLeon em cena ......................................................................................... 207

Quando a morte está ao lado. .................................................................. 210

Deckland furioso. ......................................................................................... 217

Tensão na igreja. ........................................................................................ 229

A penúltima peça. ....................................................................................... 234

A viagem ....................................................................................................... 240

A preparação .............................................................................................. 244

Xeque-Mate. ................................................................................................. 248

Pelos olhos do vulto................................................................................... 265

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PELOS OLHOS DO VULTO 1

Preâmbulo

conteceu no Canadá, em um pequeno vilarejo chamado

FeetMontain; um lugar paradisíaco, onde os moradores, em

sua maioria, eram pessoas ricas, que se afastaram das agitações

habituais das grandes cidades. Aquele era realmente o lugar ideal

para isso: a natureza e a tranquilidade estavam presentes a todo

momento no vilarejo.

Porém, naquele dia, a mais bela e rica jovem do lugar, Sarah

Dryhill, acordou diferente: estava muito feliz, feliz demais.

Tinha uma grande notícia a dar, mas o que não imaginara é que

tal notícia causaria reações tão diferentes das que havia previsto,

e que as consequências disso seriam mais do que drásticas:

seriam fatais.

A notícia

s 9:30 da manhã de sábado, Sarah Dryhill se encontrava na

sala de estar, sentada em uma bela poltrona de couro

escuro, o que destacava ainda mais a beleza de seu corpo

envolto por um robe de seda prateado. Seus cabelos negros

recobriam os ombros e, enquanto uma de suas pequenas e

delicadas mãos pousava sobre a coxa, a outra mantinha-se

apoiada em uma mesinha de carvalho branco, sobre a qual uma

garrafa de Don Pérignon encontrava-se imersa em um balde de

A

À

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prata trabalhada; ao lado, uma taça de cristal acomodava o

líquido dourado borbulhante.

Seus alegres olhos azuis pareciam flutuar pela sala,

contemplando os adornos. Apreciava os quadros, as estatuetas

antigas, os móveis simetricamente produzidos para ocupar o

espaço do grande cômodo, e as cortinas de veludo azul, que

proporcionavam ao ambiente um tom mórbido porém elegante.

De repente, seus olhos pararam, apreciando o fogo já acesso na

lareira para dispersar o frio do dezembro canadense.

Pensava o quanto era bom morar ali: a paz; a tranquilidade;

o silêncio que dava lugar somente a sons da magnífica floresta

boreal, com seus pássaros e animais maravilhosos que ali viviam

encantando o lugar; o ar puro que invadia o ambiente; e a

deslumbrante e privilegiada visão das Montanhas Rochosas.

Tudo tão perfeito!

Eu tenho tudo pensou Sarah sempre tive! Moro

em uma casa maravilhosa, situada em um lugar paradisíaco,

passo o dia cuidando de meus cavalos ou fazendo qualquer coisa

que porventura deseje. Posso comprar o que quiser sem me

preocupar se vai sobrar dinheiro (não que eu dê muita

importância para isso). E o mais importante de tudo: tenho

pessoas ao meu lado, que realmente me querem bem.

Mas, por que levei 23 anos para perceber isto? Eu sempre

me privei de todas estas coisas desde que nasci. Tinha uma mãe,

que era a pessoa mais maravilhosa deste mundo. E agora,

passados esses anos, percebo que todas as oportunidades de ser

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PELOS OLHOS DO VULTO 3

feliz foram-me proporcionadas, e nunca dei valor a elas. Acho

que pelo fato de sempre terem estado ali, à minha inteira

disposição. Então, por que agora? Por que tão tarde?

Seus olhos brilharam e uma magia pareceu contagiar a linda

jovem.

Ah, o amor, é claro! O amor nos faz ver coisas que jamais

havíamos visto, ou deixamos passar despercebidas. Permite-nos

valorizar coisas que antes considerávamos banais, desde o piar

dos pássaros ao prazer de degustar um bom champanhe.

Sorrindo, Sarah Dryhill apreciou o seu delicioso Don

Pérignon e exclamou em voz alta:

Como é bom amar! Exclamou, espreguiçando-se

delicadamente e fechando os olhos.

Nem sempre, minha querida!

A voz pareceu acordá-la de um sono profundo. Com um

pulo, ela se voltou para a porta e lá estava Meleine, a governanta.

A mulher, de seus cinquenta anos, (apesar de aparentar mais do

que isso em função do diabetes que a torturava desde a

infância), arrumava os cabelos grisalhos em um grande coque

acomodado por uma rede preta. Abriu um sorriso e comentou:

Desculpe se a assustei, Sarah! Não foi minha intenção.

Tudo bem, Mel! Mas por que disse que amar nem sempre

é bom? Perguntou a jovem, encantadoramente.

Porque o amor e a dor andam juntos! Existem pessoas

que até matam por amar demais, sabia?

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Como a senhora sabe disso? Não sabia que era entendida

no assunto.

Não é preciso ser entendida, está todo dia nos jornais e,

também, nos livros de mistério que leio.

Ah, que horror, Meleine disse Sarah sorrindo Não

diga uma coisa dessas nem por brincadeira.

Tudo bem! Mas eu não vim falar de amor, até porque sou

primária no assunto. Vim avisá-la de que Jéssica está aqui.

E por que não a mandou entrar? Sabe que Jéssie é

sempre bem-vinda!

É que hoje você acordou tão estranha, veio para cá tomar

champanhe sem dizer nada, então fiquei em dúvida se receberia

alguém.

Mande-a entrar e peça a Joseph para trazer uma taça de

champanhe para ela e outra para você. Hoje é dia de

comemorar, disse Sarah Dryhill abrindo os braços, radiante.

Comemorar o quê? Não tem nada a ver com essa história

de “como é bom amar”, tem? Questionou, com expressão

séria, a governanta.

Você saberá em breve! Agora vá fazer a Jéssie entrar,

pois a coitada já deve estar com cãibras.

Jéssica Lewis entrou pela grande porta de mogno com

figuras de animais silvestres entalhados.

Era uma moça alta e magra, com longos cabelos loiros que

delineavam seu rosto delgado. Uma jovem atraente, de 21 anos,

mas que sempre teve a beleza ofuscada pela de Sarah. Seus

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ingênuos olhos castanho-esverdeados deixavam transparecer, a

todo momento, sua particular veneração pela amiga.

Vestindo calça jeans e um suéter vermelho, Jéssica deu um

grande sorriso:

Meleine disse que você tem uma novidade para nos

contar. Estou ansiosa!

Sente-se e controle sua curiosidade. Quero que Meleine

esteja aqui quando eu der a notícia. Comentou Sarah,

puxando uma cadeira com o pé.

Ela disse que já vem, mas me adiante alguma coisa sobre

o assunto.

Andei refletindo e vendo o quanto minha vida é

maravilhosa. Pensei bastante e tomei a minha decisão.

Realmente, FeetMontain é o lugar ideal para você

disse, percorrendo a sala com o olhar. Apreciando à vista que se

descortinava através da janela, concluiu: Uma mulher que

pode tomar champanhe às dez horas da manhã e ficar sentada

imaginando o que vai fazer no resto do dia não pode ser infeliz.

Dinheiro não é tudo, Jéssie!

Pra mim é! Retrucou com um olhar ambicioso, e

continuou:

Tudo mesmo! Eu daria qualquer coisa para ter uma vida

como a sua. Jóias, roupas lindas, vários homens aos meus pés.

A jovem flutuava imersa em seus pensamentos.