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    Pedagogia dos Sem Nomes

    Gislene Valrio de Barros [email protected]

    I Introduo

    "A essncia da educao a natalidade" (ARENDT : 1996, 186)

    Iniciei minha formao acadmica com a licenciatura em Histria, e durante o

    exerccio profissional a busca por melhor compreender o processo pedaggico, a

    formao do aluno e a construo do conhecimento conduziram-me ao curso dePedagogia.

    Busquei na Faculdade de Educao ferramentas que me possibilitassem um maior

    entendimento do processo de aprendizagem e sa com a convico de que essa

    busca seria constante e que este entendimento construdo em uma interao

    entre a escola e a vida, a universidade e a sociedade.

    Durante meu exerccio profissional como professora de Histria e depois como

    diretora, em escolas que pertencem Campanha Nacional de Escolas da

    Comunidade (CNEC)1, minhas indagaes sobre o exerccio da prtica

    profissional somaram-se as indagaes de um contexto maior - a instituio na

    qual a escola est inserida e a relao da escola com a comunidade. E, o

    convvio com inmeras outras questes, entre elas: por ser a CNEC uma rede de

    escolas comunitrias, como a especificidade da prtica pedaggica destas escolas

    influenciava na organizao do trabalho escolar e na formao dos alunos? Ocarter comunitrio - de pertencimento - de grupo - conferia quelas escolas um

    diferencial na formao dos alunos? O motivo apontado pelos pais e alunos na

    1 A CNEC uma instituio comunitria que atua no pas 60 anos da educa;ao infantil ao ensino superior.Est presente em 23 Unidades da Federao. So 928 escolas que atendem perto de meio milho de

    brasileiros. Fonte: Anurio da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Braslia. 2000

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    escolha dessas escolas era puramente a falta de escolas pblicas? Os alunos que

    estudavam nestas escolas constituam uma clientela distinta? Por ser comunitria

    havia uma formao de valores como solidariedade, participao,

    comprometimento? E, como tais fatores influenciavam no processo de formao

    dos alunos?

    Todos estes questionamentos foram determinantes na escolha da temtica a ser

    investigada no Programa de Ps-Graduao em Educao da UFMG - A

    Trajetria da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade na educao

    brasileira.

    A idia inicial era a anlise da prtica pedaggica do cotidiano das escolascomunitrias, mas dado inexistncia de estudo histrico sobre a instituio, e por

    conhecer melhor a proposta de uma pesquisa histrica e sua importncia para a

    instituio CNEC naquele momento, a dissertao tratou de investigar a histria

    da Campanha e sua insero no cenrio poltico educacional brasileiro, discutindo

    a questo do comunitrio e suas relaes com o pblico e o privado.

    O mestrado possibilitou uma rica reflexo sobre o sentido de comunidade, de

    comprometimento, a solidariedade, e participao. E, principalmente sobre a

    importncia da organizao de prticas pedaggicas alternativas. O mestrado

    respondeu algumas e levantou novas indagaes.

    Atualmente, como professora do curso de Pedagogia, me incluo no grupo de

    educadores e pesquisadoras que buscam repensar as prticas educativas e as

    matrizes pedaggicas de uma educao que se assume como parte dos dilemassociais e anseia por reformulaes.

    Concordo que uma das maneiras de avanar esta reflexo olhar com mais

    ateno para a prtica pedaggica que vm sendo produzida pela dinmica das

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    lutas sociais que no aceitam a excluso e que lutam pelo seu direito de exercer a

    sua cidadania. E, neste sentido, os estudos dos trabalhos produzidos pelas ONGs

    so uma referncia importante nesta discusso.

    E neste tempo de uma maior sensibilidade para prticas de educao e de

    escola ligadas a processos de transformao social e recuperao da

    solidariedade e da dignidade humana que uma questo se coloca: Como bbados,

    drogados, marginalizados, viciados, excludos da sociedade, podem eles prprios

    construir um processo de ajuda e de restabelecimento da sua dignidade?

    Vale a pena indagar: Como a escola formal lida com essas questes e com essas

    pessoas? Pessoas marginalizadas da sociedade, que a escola se incumbe de

    tambm marginalizar e excluir. A escola formal no est preparada (ns) para

    educar, ensinar essas pessoas. Tambm a famlia, como outro espao

    educativo, geralmente acaba por optar pela excluso

    A minha entrada nos grupos annimos ocorreu por problemas familiares. A

    permanncia, e atualmente a coordenao nacional de um grupo, aconteceu por

    intensa admirao - passei a conhecer os mais diversos grupos e a sua literatura.

    Durante esses dois anos de intensa participao vrias lies contriburam para a

    minha formao e para a minha prtica profissionbal - Reafirmei minha crena no

    ser humano e na possibilidade da mudana.

    No anseio de conhecer mais o trabalho dos grupos annimos, busquei leituras no

    meio acadmico e encontrei referncias na Psicologia - como por exemplo:

    PACHECO (1998) "No Pense, Acredite e Faa": Sobre as Estratgias de

    Construo da Subjetividade nos Alcolicos Annimos. Uma dissertao de

    mestrado defendida na rea de Psicologia Social que trata de aspectos da prtica

    do AA.

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    J PEA-ALFARO (1993) em " Alcoolismo: os seguidores de Baco" , dissertao

    de mestrado defendida na Universidade da Paraba, o autor faz uma anlise

    atravs da psicologia e da antropologia, fazendo uso do mito de Dionsio.

    Na Cincia das Religies, GUIMARES (2001), em " Spiritus contra Spiritum.

    Aspectos rituais e simblicos dos grupos de AA, a autora investiga o aspecto

    religioso presente no grupo.

    Na Antropologia, TROIS (1998) A Cura pelo Espelho. Uma leitura antropolgica

    do dispositivo teraputico dos grupos de auto-ajuda de neurticos annimos. A

    dissertao de mestrado faz uma leitura do grupo e analisa as representaessobre a neurose pelos participantes do grupo.

    As leituras desses trabalhos proporcionaram elementos interessantes de anlise,

    mas que no esgotam a temtica, e a indago: Por que no estudar os grupos

    annimos em educao?

    E por que estudar Grupos Annimos, num doutorado: Educao - no grupo de

    Currculo numa linha de pesquisa: Interdisciplinaridade? Por serem questes de

    vida e morte e de vida inteira, porque vinculadas s razes de um processo de

    humanizao mais profundo que a dignidade e seu direito vida.

    E so nas palavras2 da Dra. Ivani Fazenda que busco este sustento, na sua

    anlise sobre a etimologia da palavra interdisciplinaridade, ela coloca:

    " Disciplina: conjunto organizado de conhecimentos, umadenominao, outra disciplina militar, ou seja, imposta. Mas,se voc analisar a raiz grega e no a latina a palavra disciplinasignifica fundamentalmente encontro. Neste sentido,

    disciplina: possibilidade de encontro. Dade determina ummovimento. Inter - entre.

    Se eu utilizo esta expresso como encontro entre asdisciplinas, eu preciso tentar entender a disciplina, conjuntoorganizado de conhecimento na sua dimenso Dade, ou seja,

    2 Este comentrio foi transcrito da palestra da Dra. Ivani Fazenda - em Setembro de 2001 no auditrio doCentro Universitrio Newton Paiva em Belo Horizonte para o Curso de Pedagogia.

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    da histria. E quem eu vou encontrar na histria dasdisciplinas? A histria das pessoas que constroem osconhecimentos. Portanto, a interdisciplinaridade entendidacomo o encontro entre pessoas em movimento."

    E, neste sentido,ao conceber que o processo de educao tambm um modo

    de produo da formao humana, que esta pesquisa se apresenta.

    Uma luta que permite ao ser humano parar de morrer, s pode nos trazer lies

    fundamentais de pedagogia. assim, que CALDART (2000) No seu trabalho

    sobre a Pedagogia da Luta pela Terra argumenta e acrescenta:

    "Principalmente se acreditarmos que em tempos dedesumanidade crescente, a educao somente tem sentidocomo uma prtica radical de humanizao, ou de formaohumana em seu sentido mais inteiro e profundo; e que nestetempo e em nosso pas, um dos saberes fundamentais paraos educadores e as educadoras do povo , como nos dizPaulo Freire, o aprendizado de que mudar difcil, mas

    possvel." (p.32)

    Como sabemos, a educao nunca se restringiu escola. Prticas educativas tm

    ocorrido, ao longo do tempo, fora dessa instituio e, s vezes, com maior fora

    do que se considera, principalmente para certos grupos sociais e em

    determinadas pocas. A cidade, o trabalho, o lazer, os movimentos sociais, a

    famlia, a Igreja foram, e continuam sendo, poderosas foras nos processos de

    insero de homens e mulheres em mundos culturais especficos.

    "Ao buscarem conquistar o direito dignidade, estes sujeitos esuas lutas nos ensinam algo mais sobre processos detransformao humana, e sobre prticas de educao a elesvinculados. " (CALDART : 2000;42)

    II Os Grupos:

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    "Sou algum que teve a oportunidade de ter sua vidaresgatada pelos princpios que norteiam os programas dosGrupos Annimos" (MASCARENHAS: 1996,7)

    Internautas Annimos, Devedores Annimos, Dependentes de amor e Sexo

    Annimos, Comedores Annimos, Introvertidos Annimos, Neurticos Annimos,

    Narcticos Annimos, Jogadores Annimos, Fumantes Annimos, Emocionais

    Annimos, Alcolicos Annimos e outros.

    Um fenmeno cada vez mais comum em nossa sociedade, em nmero cada vez

    maior, os grupos annimos de auto-ajuda, em que pessoas de diferentes idades e

    classes sociais buscam apoio mtuo para superar vcios e comportamentos

    compulsivos crescem cada vez mais. Eles funcionam em vrias cidades e renempessoas com os mais diversos tipos de problemas e afinidade.

    O funcionamento de todos esses grupos se inspira nos Alcolicos Annimos

    (A.A.), a mais antiga e bem organizada associao do gnero. Fundado em 1935

    por dois alcolicos 3 Bill W. e Bob4

    Em uma recente estimativa5 (2000) foi verificado que o A.A. possui atualmente

    cerca de 99.024 grupos em 146 pases, com 1.990.504 membros. No Brasil, a

    estimativa que existam 6.000 grupos, com 200 000 freqentadores. E, em Minas

    Gerais, estima-se que tenham 539 grupos.

    3 A designao alcolatra, ainda muito utilizada em A.A. , mas tem sido gradualmente substituda poralcolico, isto se justifica porque etimologicamente alcolatra traduz-se por adorador do lcool (sufixo latra:adorador). Alcolico ou alcoolista supe mais submisso do que adorao, segundo membros do A.A.4 De acordo com um dos princpios de A.A. (12 tradio), os seus membros so identificados apenas pelo pr-nome. Nesse sentido os seus co-fundadores tambm so assim denominados.5 A freqncia aos grupos varivel e os dados divulgados so de responsabilidade do Escritrio de ServiosGerais e Servios de informao do A A

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    Alm disso, existem cerca de 30.000 grupos de Al-Anon6 e Alateen registrados no

    Escritrio de Servios Mundiais em 112 pases. No Brasil h cerca de 1.200

    grupos de Al-Anon e 80 grupos de Alateen.

    O grupo de Jogadores Annimos, de acordo com a sua definio, umaIrmandade de Homens e Mulheres que compartilham suas experincias, foras e

    esperanas, a fim de resolverem o seu problema comum e ajudarem a outros a se

    recuperarem do problema do jogo.

    Jogadores Annimos teve o seu incio atravs de uma reunio entre dois homens

    no ms de janeiro de 1957. Estes homens possuam uma histria repleta de

    confuso, encrencas, misrias, dvidas e uma obsesso para jogo. Eles

    comearam a se reunir regularmente e conforme passaram-se os meses, nenhum

    deles retornou a jogar. Em consequncia disto, formou-se uma publicidade

    favorvel e a primeira reunio do grupo de Jogadores Annimos aconteceu numa

    Sexta-feira, 13 de Setembro de 1957, em Los Angeles, Califrnia. Desde essa

    data o grupo vem crescendo por todas as partes do mundo.

    No Brasil, foi no Rio de janeiro, em Copacabana, no dia 26 de maro de 1983, que

    um grupo de homens e mulheres se reuniu e iniciou o grupo de jogadores

    annimos. Os primeiros ingressantes lamentavam as perdas nas corridas de

    cavalo, outros no jogo de bicho, outros na loteria esportiva. Cada qual com sua

    histria, cada qual com a sua perda. Este grupo comemora com muito orgulho a

    recuperao de muitos membros, dentre eles seu fundador que completa onze

    anos de abstinncia. Ele ingressou primeiro no grupo de Neurticos Annimos e

    atualmente fundador e membro nacional do Jogadores Annimos que se

    espalhou pelo Brasil. O grupo est presente em grande parte do pas, comreunies dirias, inclusive do Jog-anon que atende aos familiares e amigos dos

    6Al-Anon - uma associao de homens e mulheres cujas vidas foram afetadas pela maneira de beber de umfamiliar ou amigo. Os grupos de familiares e amigos tiveram sua origem em New York, no Brasil, existedesde 1965 e tem sua sede na cidade de So Paulo. O Al-Anon inclui o Alateen para os membros mais jovensda famlia. A organizao Mundial de Sade reconhece o alcoolismo como doena que pode ser detida, masno curada. Os familiares e amigos so afetados pela doena do alcoolismo: enquanto a obsesso do alcolico pela bebida, a obsesso da famlia controlar essa bebida.

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    jogadores compulsivos. Alm disto, no so apenas reunies presenciais, as

    reunies virtuais so dirias e atendem a centenas de pessoas.

    Nosso trabalho no pretende analisar os fatores biolgicos, sociais,

    qumicos e psicolgicos que tornam algum um sujeito compulsivo, mas,

    sim, investigar o programa de recuperao buscando elementos de uma

    prtica educativa.

    I.II. Por qu jogadores annimos ?

    Os grupos annimos tm reunies fechadas e reunies abertas, alm disso

    inmeros so os depoimentos publicados nas pginas da internet em seus

    endereos eletrnicos. Ao participar de uma reunio aberta do grupo de jogadores

    Annimos em Belo Horizonte, alguns aspectos chamaram minha ateno:

    " No incio no passava de uma brincadeira; comecei a ir umdia sim e outro no e com o passar dos meses comecei a irtodos os dias e isso sucedeu durante 10 anos de minha vida.""Jogava desde criana, mesmo as mais banais das disputastinha de haver apostas... Adorava quando a professorabrincava com jogos..."

    Os jogos - o brincar - o ldico - elementos to presentes na prtica pedaggica,

    foram questes que fizeram refletir diretamente na minha prtica profissional. Nas

    escolas, vrias propostas pedaggicas incentivam o aprendizado por meio dos

    jogos. Os jogos pedaggicos constituem um material didtico largamente utilizado

    em todos os nveis de ensino.

    Aquela fala despertou meu olhar e, em uma breve incurso na vida cotidiana fui

    percebendo:

    Em um percurso pela ruas, seja em qualquer lugar do pas, observamos letreiros

    luminosos com decoraes reproduzindo cifras $$$, indicam: Bingo.

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    Em J, 19,23-24, lemos: " Os soldados, depois de terem crucificado Jesus,

    tomaram quatro partes, uma para cada soldado, e a tnica(...) E disseram: no a

    rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver quem a tocar.

    O jornalista Hlio Schwartsman comenta que "nada encanta mais o homem do

    que o jogo; isso ajuda a explicar por que programas, como o show do milho nos

    fascinam tanto."( F.S.P. 25.03.2001)

    No livro "Homo Ludens" (1938), o historiador holands Johan Huizinga (1872-

    1945) afirma que o jogo um trao essencial, talvez o mais importante, das

    sociedades humanas. Diferentemente dos outros animais que brincam o homem

    o nico que o faz conscientemente, e durante toda a vida, para obter prazer. ParaHuizinga, todas as atividades humanas, incluindo filosofia, guerra, arte, leis e

    linguagem, podem ser vistas como o resultado de um jogo.

    Os jogos apresentam os mais variados aspectos segundo as necessidades de

    cada poca, no so apenas um passatempo, podem ser iniciticos, didticos,

    mimticos, competitivos e ligados a adivinhao. O jogo lana sobre ns um

    feitio: fascinante, cativante. Os jogos refletem o seu tempo e esto presentes

    em todos os tempos e todos os lugares, em todas as culturas, em vrias

    instncias.

    Para o esprito humano as idias de felicidade, de sorte e de destino parecem

    estar muito prximas do domnio do sagrado. Para compreender estas

    associaes mentais, basta ao homem moderno pensar nessa espcie de fteis

    augrios que todos ns costumamos praticar durante toda a nossa vida, mesmo

    sem neles realmente acreditar.

    To grande o prazer implcito na arte de jogar que em sua prtica reside

    igualmente o risco de servir como veculo de excessiva canalizao da libido,

    quando se torna um vcio. E, quando isso acontece, o jogo torna-se para muitas

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    pessoas motivo de sofrimento, dor, perda, suicdio. O por qu isso acontece? O

    que vem a ser um jogador compulsivo? Como uma pessoa chega a desenvolver a

    dependncia do jogo? Por que algumas pessoas desenvolvem essa dependncia

    e outras no? As respostas a elas ainda so controvertidas. Permanece como

    uma espcie de quebra-cabeas desencaixado. So questes que nos aguam e

    que vamos conviver com elas o tempo todo no nosso trabalho, mas que no , no

    momento, a nfase da nossa pesquisa.

    Mas, afinal que questes prprias do grupo de Jogadores Annimos que

    considerarmos possibilitar uma prtica educativa?

    O prprio grupo, a sua estrutura, a sua prtica. Entre os diversos aspectos dessa

    organizao, destacamos:

    Os 12 passos7, que so considerados um guia, uma maneira didtica de se

    alcanar um aperfeioamento. A tica: "O que se v aqui, o que se ouve aqui,

    deixe que fique aqui ". Ritual de entrega das fichas marcando o tempo de

    abstinncia. O ritual... A questo do Tempo - o importante o dia de hoje - S

    por hoje evitarei a primeira aposta. O tempo.... na Educao, na Psicologia, na

    Histria... o passado, o presente, o futuro... coisa difcil para uma cultura com

    formao crist .. viver o hoje pode causar, inicialmente, a impresso de se estar

    solto temporalmente... e quando eu morrer, para onde eu vou? Em geral, nsvivemos para o futuro ou ento das lembranas passado. Responsabilidade

    com o outro e a Solidariedade: o Dcimo segundo passo - ajude para se ajudar.

    71o. Passo: Admitimos que somos impotentes perante o jogo que nossas vidas haviam se tornadoingovernveis. 2.o. Passo: Viemos a acreditar que Um Poder Superior a ns mesmos poderia nosreintegrar a uma forma normal de

    pensar e viver. 3o. Passo: Tomamos a deciso de entregar a nossa vontade e a nossa vida aoscuidados deste Poder de nossoentendimento.4o. Passo: Fizemos um inventrio minucioso e destemido de ns mesmos, noaspecto moral e financeiro. 5o. Passo: Admitimos perante ns mesmos e perante outro serhumano a natureza exata de nossas falhas. 6o. Passo: Prontificamo-nos inteiramente para a

    eliminao de nossos defeitos de carter.7o. Passo: Humildemente pedimos ao Deus de nossoentendimento, que eliminasse nossos defeitos. 8o. Passo: Fizemos uma lista de todas as pessoasque havamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos causados a elas. 9 o. Passo:Fizemos reparaes de nossos erros com todas as pessoas que nos fosse possvel, excetoquando faz-lo significasse prejudic-las ou a outrem. 10o. Passo: Continuamos fazendo uminventrio pessoal e quando estvamos errados, admitamos prontamente. 11o. Passo: Procuramosatravs da prece e da meditao melhorar nosso contato consciente com o Deus de nossoentendimento, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade com relao a ns e foras pararealiz-la. 12o. Passo: Tendo feito um esforo para a prtica deste princpios em todos os nossosassuntos, procuramos levar esta mensagem a outros jogadores compulsivos.

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    preconceitos por parte da sociedade. Ele se d fora do grupo, permitindo a

    atmosfera de confiana mtua de que no sero estigmatizados e de abertura

    para falarem de seus problemas. "Deixemos que fiquem guardados, dentro desta

    sala, os problemas que nos forem confiados e o anonimato pessoal dos que aqui

    compareceram."

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