pedagogia e arte rudolf steiner

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8/3/2019 Pedagogia e Arte Rudolf Steiner http://slidepdf.com/reader/full/pedagogia-e-arte-rudolf-steiner 1/13 1 .. " ~ i_1 . ~ { _"_--1 PEDAGOGIA E ARTE Rudolf Steiner":' GA:304a Stuttgart, 25 de março de 1923 Meus queridos amigos. desde os primórdios da antiga Grécia. uma frase bem conhecida e muito citada chega à humanid'ade como uma advertência. ressoando nas profundezas da alma: uHomem, . conhece-te .a.. ti... mes,mo','.~' É colocada diante do ser humano uma enorme 'exigência;. muitas .vezes'. não percebida tão fortemente', .ou seja, .a exig.ênqi~ . , 9 ~ _que ~o. se~ hu~ano trave conhecimento com seu ser verdadeiro e.'real, 'seu v~rdade'iro e real significado , universal. através dasua'atividade anímica e espir~tual mais.yaliosa.;. .:';' ,.- Bem: em geral é- assim 'que, ,qu~ndo uma exigência 'destas é coloc~da à humanidade, num a determinad~ época: ~ ,pa~ir de um local significativo, elã não, está indicando algo de fácil realização, .a19'O que possa ser atingido facilmente,' mas, antes ".de tudo, indica a ausência. n~ ssa época," de algo espec.~al cuja concretização é difícil. E quem olhar para tr.~s na História. nã o de maneira superficial. teórica, mas de forma, a sentir historicamente, antigas ,épocas da civilização humana," irá perceber que o surgimento desta.~'exigência ,na antiga Grécia significa, no fundo, a diminuição 'e não o. crescimento da força do , autoconhecimento humano, da força de um verd'~déiro e.profundo conhecimento do homem.Pofs" olhando para trás •. paraaquêl~" 'épo.eB do des~nvolvimento' humano no qual o sentir"rellgioso, o'obs.ervar artf~tiço e O"c9h~.ecer conceituai e idea,Lainda se uniam 'em uníssono, serítimo~ .como ~naqu~l~ 'p~~í~do de união harmoniosa entre..a religião, a _ l.a r te e a ciê'ncia".' o ""'s e r' humano se percebia natural'mente como a cópia, como '8 imagem 'do espírito .di.vino que permeia e intarpenetra o mundo. 9 horn~rrL~ª-Q!@.:~~_I:J.!I! ~~~pI.ov.enienteae. Deus na terra.' .' E na verdade, nos primórdiosdª--_b!lmª.o.tgª,g~.i~~~[ª~.,. ~ .Y . iç J e n ~ ~ qu'e ,"o ~ autocohhecímentonlfm-ãhõ-'. '- ê r ã - - - p - r c ic u r a d o ';'; 'Qº~:~,çºo,he.clme'nto. d . e . . . . - . Deus~ no conheCImento aõ~£f_~~i!fq~'~n.~-=9Iig~'TIh~~pif.@?I. p'rl!Il9rºi~.1atuªr1te.l)o bo.mªI.Tl,que a.o '~ ~ .~ i i i c f te 'rn p o era vivenciad~ .. ,~.,p~nsada ,_como:.sendo.a".orig~rn,. pr~!TIordiat ~o univeliõ~-Qué~fn-dó,-'em"- te m p o s ' muito antigos." o ' homem. :pro,nunci,ava o que na nossa língua soaria' 'aproximadamente como "eu", ele pronunciava ao 'mesmo tempo a ~oma de toda.s as forças centrais do ser tJnivers~t e.fazia re.ssoar n.esta . palavra com a qual des'ignava a si mesmo, aquilo"queé o.ser atuante e criativo no universo. Ele se sentia uno a este universo no se'u' cerne mais íntimo. O que originalmente era evidente. que aparecia aos olhos tal como as cores se , manifestam no mundo lá .fora ao órgão da visão. tornou~se posteriormente algo difícil de ser conquistado. E, se nesses tempos. passados, surgisse ao homem um apelo para o autoconhecimento. se ele ouvisse um ser extraterreno dizer a frase "conhece-te a ti mesmo" dificilmente um ser terrestre a diria - ele responderia: "Para que serve o esforço do autoconhecimento? Nós, homens 

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_"_--1

PEDAGOGIA E ARTE

Rudolf Steiner":' GA:304aStuttgart, 25 de março de 1923

Meus queridos amigos. desde os primórdios da antiga Grécia. uma frasebem conhecida e muito citada chega à humanid'ade como uma advertência.ressoando nas profundezas da alma: uHomem, .conhece-te . a..ti...mes,mo' , ' .~ '  Écolocada diante do ser humano uma enorme 'exigência;. muitas .vezes'. nãopercebida tão fortemente', .ou seja, .a exig.ênqi~ . , 9 ~ _que ~o.se~ hu~ano traveconhecimento com seu ser verdadeiro e.'real, 'seu v~rdade'iro e real significado

, universal. através dasua'atividade anímica e espir~tual mais.yaliosa.;. . :';',.- Bem: em geral é- assim 'que, ,qu~ndo uma exigência 'destas é co loc~da  àhumanidade, nu m a determinad~ época: ~ ,pa~ir de um local significativo, elã não,está indicando algo de fácil realização, . a19 'O que possa ser atingido facilmente,'mas, antes ".de tudo, indica a ausência. n ~ s s a época," de algo espec.~al cujaconcretização é difícil. E quem olhar para tr.~s na História. nã o de maneirasuperficial. teórica, mas de forma, a sentir historicamente, antigas ,épocas dacivilização humana," irá perceber que o surgimento desta.~'exigência ,na antigaGrécia significa, no fundo, a diminuição 'e não o. crescimento da força do

, autoconhecimento humano, da força de um verd'~déiro e.profundo conhecimentodo homem.Pofs" olhando para trás •. paraaquêl~" 'épo.eB do des~nvolvimento'

humano no qual o sentir"rellgioso, o'obs.ervar artf~tiço e O"c9h~.ecer conceituai eidea,Lainda se uniam 'em uníssono, ser ít imo~ .como ~naqu~l~ 'p~~ í~do de uniãoharmoniosa entre ..a religião, a _ l.a r te e a ciê'ncia".' o "" 's e r' humano se percebianatural'mente como a cópia, como '8 imagem 'do espírito .di.vino que permeia eintarpenetra o mundo. 9 horn~rrL~ª-Q!@.:~~_I:J.!I!~~~pI.ov.enienteae. Deus na terra.' .'E na verdade, nos primórdiosdª--_b!lmª.o.tgª,g~.i~~~[ª~.,. ~ .Y . iç J e n ~ ~ qu'e ,"o ~autocohhecímentonlfm-ãhõ-'. '- ê r ã - - - p - r c ic u r a d o '; '; 'Qº~:~,çºo,he.clme'nto. d . e . . . .- . Deus~ no J 

conheCImento aõ~£f_~~i!fq~'~n.~-=9Iig~'TIh~~pif.@?I.p'rl!Il9rºi~.1atuªr1te.l)o bo.mªI.Tl,quea.o '~ ~ .~ i i i c f  te 'r n p o era v ivenciad~ . .,~.,p~nsada ,_como:.sendo.a".orig~rn,. pr~!TIordiat ~ouniveliõ~-Qué~fn-dó,-'em"-t e m p o s ' muito antigos." o 'homem. :pro,nunci ,ava o que nanossa língua soaria' 'aproximadamente como "eu", ele pronunciava ao 'mesmo

tempo a ~oma de toda.s as forças centrais do ser tJnivers~t e.fazia re.ssoar n.esta. palavra com a qual des'ignava a si mesmo, aquilo"queé o.ser atuante e criativo

no universo. Ele se sentia uno a este universo no se'u' cerne mais íntimo. O queoriginalmente era evidente. que aparecia aos olhos tal como as cores se

, manifestam no mundo lá .fora ao órgão da visão. tornou~se posteriormente algodifícil de ser conquistado. E, se nesses tempos. passados, surgisse ao homemum apelo para o autoconhecimento. se ele ouvisse um ser extraterreno dizer afrase "conhece-te  a ti mesmo" -  dificilmente um ser terrestre a diria - eleresponderia: "Para que serve  o esforço do autoconhecimento? Nós, homens 

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somos  a imagem de Deus que reluz, que ressoa, que aquece e abençoa  omundo inteiro. Ao reconhecer  o que  o vento 'eva por entre  as árvores, o que  oraio envia através do ar, o que ressoa no  trovão, o que transforma'  nas nuvens, oque vive na haste do capim, o que. floresce na flor, recónhece-se também  opróprio ser'. Quando tal conhecimento do universo,. quando o conhecimento

espiritual divino não foi mais possível ao longo do desenvolvimento progressivo

da autonomia humana, o homem deixou soar o "conhece-te  a ti mesmo"  das

profundezas de seu ser, indicando algo que anteriormente fora uma vivência

natural do ser humano atuante no mundo, que foi se tornando cada vez mais

difícil de atingir.Entre o aparecimento desta exigência - "conhece-te  a ti mesmo" -  e uma

outra afirmação surgida somente na nossa época, durante o último terço do

século XIX, temos um período importante do desenvolvimento humano. Esta

outra afirmação é. de certa forma, uma resposta à frase apolínea "conhece-te  a

ti mesmo". Ela, foi enunciada por um excelente cientista naturalista do último

terço do século X IX : "Jamais conheceremos - ignorabimusl"  Temos que

considerar este "ignorabimus" como uma resposta à antiqüíssima frase apolínea,

porque quando foi enunciada por Ou Bois-Raymond significava que a ciência

natural moderna, que fez um progresso tão grande, tem que parar. diante de

determinados limites, o limite da consciência, por um lado, e por outro,. o .Iimite

da matéria. º serhum~od~ª- conhecer- o ..Clue._~tá contido ente a -=

consciência e a maté.ria-foi isto que este naturalista verbalizou, ele que bem

-compreendeu ooque a pesquisa natural é capaz quando se toma grande. Mas,

de acordo com a sua opinião, o ser humano jamais será capaz de conhecer o

que vive como mundo da consciência na matéria corporal humana e como o que

se passa no corpo humano de forma física se transforma em vivência .interior da .

alma que atua na consciência. [Mas o homem é exatamente a vida daconsciência na matéria humana, o espiritualizar da matéria corporal. humanaatravés dos impulsos da consciênci~ E quem não chegar ao conhecimento de

como a consciência permeia. influencia, vivifica a matéria corpórea do. homem.

de como a matéria pode, por si mesma. ser levada àquela luz. na qual. a

consciência pode aparecer, não poderá pensar em realizar a exigência "Homem,

conhece-te  a ti  mesmo", por mais quase esforce.Entre estas duas af irmações históricas de importância universal. "Homem,

conhece-te  a ti mesmo" e aÇQmo seres humanos,jamais conheceremos  o atuar da consciêl}cia na matéria':  existe um importante período de tempo no

desenvolvimento anímico do homem. Durante este período, ainda existia

.suficiente força interior humana, vinda dos tempos antigos, de modo que o queera evidente antigamente. ou seja, procurar o ser humano no ser divino

manifesto, era percebido assim: ao se empenhar, através de sua força interior, o

homem irá conquistar lentamente o autoconhecimento.Mas esta força auto.

COIlhecedora foi se debilitando cada vez mais. té que no último terço do século

XIX ela havia se ao raca que ressoou o negativo da frase apolínea,

após o ocaso definitivo do autoconhecimento: "Homem, tu não  és capaz de te .

aufoconhecer".

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I~

!;:.: .: 3

Bem. se for assim - e a ciência natural como, é praticada maisrecentemente de fato leva a penetrar os segredos da natureza apenas na formaque corresponde às necessidades da humanidade moderna _ se a ciêncianat~r~I..deve.:onfe;ss.ar não se..r possível.reconh:cer a a.tuação.da.~nSC!êliCia na/1..•matena. entao e apenas outra formulaçao da constataçao dIzer: "O

conhecimento do ser humano é impossíver~Contudo.devemos dizer agora algodiferente.

Da mesma forma como a capacidade de reconhecer-se no conhecimentode Deus já estavaern processo de obscurecimento. quando ressoou a frase:"Homem, conhece-te a ti mesmo':  assim também a renúncia aoautoconhecimento. ou seja. o conhecimento  do homemjá' estava em processode .Obscurecimento. q~ando foi colocada a exigê~cia "Oh.I   homem, r~~" ..i  . 1na-t: a qualquer autoconheclmento, a qualquer conhecimento do homem".f.!!lmbemaqui esta frase não indica  o que nela está contido. mas sim o oposto vlvenciadopela  humanida~ ' .'

Pois pelo  fato da força do autoconhecimento  ter se tomado cada vez mais 

fraca. j!havia surgido a ansie.da.dftporconhe.cer o ser humaoo. e agora não pornecessidade teórica  do intelecto. não através de algum impulso científico, masantes q,[iginada  pelos, impulsos  do coração, pelos  mais...profun.Q9simpulsos da ..alma  humana. A humanidade já havia começado a sentir que, por mais que sepenetre no "Conhecimento  da natureza, da forma brilhante que tanto ofereceu àhumanidade  moderna, não se penetrará com este conhecimento da natureza naessência do homem. Deve, no entanto, existir  um caminho para penetrar naessência do humano. A-P-actir.do osicionamento desta nova exi ênciaelo 

conhecimento  do. homem, negado pela ciência natural -  na medida que declara,

o oposto - ª,stá a9Jndode forma fundamental, paralelo' a outros âmbitos da vida.o-ª.!Ís_ io '. edagó ico .•da humanidade, o anse' , , ~o..b&" u m _f-ª'.a.cLO.illmlento correto uentreo homem _. ser humanQ~m devir, com o ser, (3 ,

humano que deve  ser educado e instruíao. Justamentenesta época. em que sequis afirmar a desistência quanto a qualquer  Possibilidade de conhecimento dohomem - j~!amente nesta época também se manifesta cada vez mais,_~travésd~_.-ª/mas  humanas. preocUpadas-eom aeducação e CH::flSfAQ;-S- seguintecerteza: o intelectualismõ, o conhecimento exterior baseado nos sentidos e na'razão = - que também querem se aproximar do homem_ são inadequados paralhe  dar algo  através do qual  se possa tratar do ser humano em formação, dacriança. dos jovens adolescentes  de maneira educativa e instrutiva. Por issopercebemos nesta época. em todo lugar, a seguinte convicção: deve-se apelar 

às forças do sentimento eda  vontade no homem. partindo do desenvolvimento 

do intelecto. que trouxe 'resultados  tão significativos para os conhecimentosexigidos por nossa época.. t ifu ? ~ deve estimular unilateralmente  ai~ctualidade  na cria~. n~Q_~ª~~Jº[!lª:l.ª-!11_~fª,~_~QJ~_~üm'COrineceaõr,' rn .é ;l ,~ L s íõ L a lg u .é .J I lÇ Q !n C ª-P _ é !çL Q f ld e s . _

Mas, nesta proposta pedagógica se faz valer algo  importante: renuncia-se'à verdadeira introspecção sobre a entidade humana, à entidade do ser humanoem formação, a criança; está presente uma dúvida quanto a ser possível 

conhecer algo  no homem que sirva para tratá-lo  corretamentena educação e no

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-" ~:'. ~ - _ . ~ - - ~ ~ . . . . . - . - . . . . .,,~ - " ' . . . . . • . • . . • .-. - _ . _ - ~ . .. .

4

ensino, da 'mesma forma como se duvida em relação à natureza. E então surge

uma corrente dentro da arte de educar moderna na qual não se está interessado

em fundamentar-se no real conhecimento do ser humano de ma-neira pensada econsciente. Pretende-se confiar em instintos educativos. nos impulsos' ..:~~subconscientes indefinidos que podem atuar no educador, no professor, mais do

que nas ações conscientes. Quem tiver possibilidade de avaliar estas coisasobservará que nos vários, nos mais diversos esforços -em parte altamente .louváveis -. no âmbito da educação da atualidade •..reina justamente esta

te.ndência de buscar os ideais' pedagógico-didáticos a partir do elementar danatureza humana. dos impulsos meramente instintivos.

Apenas quem percebe. com intensa participação humana. a tendência I mais recente na vida cultural acima caracterizada. poderá sentir a importância i 

para. a criança do que é buscado pela Ciência Espiritual. da qual aqui se trata, I para o cultivo do sentido pedagógico, da força criadora didática em geral e na \ 

escola. Pois esta Ciência Espiritual, este conhecimento espiritual, que também é . I .

a base de todos os esforços que deverão se manifestar neste encontro entre o

artístico e o pedagógico, emana de fontes que não são as mesmas antigas. de .

onde se hauria nos velhos tempos. quando o conhecimento do ser humano

ainda era o conhecimento imediato de Deus. Ela provém de_urn~t~qr[~que dá

continuidade à busca científica verdadeira pará dentro do espinfüal, para que setorne .possíveluma verdadeira e real ciência espiritual, como conhecimento da

entidade humana. E tal conhecimento da entidade humana é necessário quando

se quer empreender conscientemente a tarefa do ensino e da educação. Naverdade, na evolução da humanidade nós já ultrapassamos a vida meramente

instintiva. Sem perdermos ó instintivo. o arquetípico elementar, temos de chegar. I a penetr~r 'cpnscientémente em 'todos os seres cornos quai~ temos a" ver na \ vida, como homens. - 1 >1

É possível termos um a sensação agradável ao dizermos que o homem

não deve dar tanta importância ao que reconhece claramente, que ele deveria

se e,ntregar à atuação maravilhosa dos impulsos instintivos. Mas esta sensação

.agradável não se presta(?) em nossa época porque, como seres humanos

dentro da cqrrente de evolução de toda a humanidade, perdemos a antigasegurança da vivência instintiva, da vida dos impulsos instintivos e temos de

cpn,guistar uma nova segurança. que não é menos arquetípica~- menôselementar do que a antiga v~vência. mas..que-é-capaz. de penetrar no .âmbito daRl .ena consciênc;a.

Justamente aquele que. com o entusiasmo do conhecimento, se entrega

à maneira como hoje se pratica a pesquisa .da nature~a. 'descobrirá que estaforma específica de usar o.ssentidos. de colocar os instrumentos a -serviço da

pesquisa experimental e da forma como se usa os julgamentos racionais sobre

os conhecimentos sensoriais. ele descobrirá que o conhecimento do ser humano

n.ão P O .de. resulta.r. d.esta f.o.rmaparticUlar. de conhecer a nature.za. Ele C h e g a . a J .

compreender que deve existir um..J~onhecimento do humano .que provenllª. __ d . e " , J.Q.[ÇBs bem diferentes ~aquelasatraves- das. qUais se aborda atualmente os

fenômenosda natureza exterior.

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Em meus livros "Como adquirir conhecimentos dos mundos superiores"  e"Ciência Oculta"  eu relatei quais as forças que o ser humano deve alcançar em

.seu próprio ser. Indiquei como ele pode ativar tais forças em' sua vida anímica,

: . ~ . ! . i . ;. . .~ ~ ~ .

" ' < se as forças que nele dormem. Estes são os dois asp-edos que hoje devem~ . • . •o o . . estar totalmente .fQmpreensíveis n~ no~a ciência espiritual: primeiro, que não é

possível se aproximar ao homem atravé da ciª"ê'nclãnãturale segundo~que ..feve existir uma ClenCla própria do espírito, que pe e re no espiritual do mundo

com a mesma segurança que a assim chamada pesquisa da natureza empírica-sensorial penetra no mundo natural. Porém, eu gostaria de frisar que só se pode

entender, sentindo todo o significado do que foi dito aqui, pela prática doconhecimento.

Quem tentar aplicar os métodos de conhecimento' que hoje adotamoscomo seguros na pesquisa experimental, que aplicamos na pesquisa da

observação dos fenômenos - isto sempre foi tentado e para muitas pessoas é

uma experiência evidente - verá que, quando este estado de alma específico for

aplicado para conhecer o ser humano, ela não irá chegar ao cerne humano que

se vivencia e se sente em si mesmo. A pessoa sabe que permanece fora do

humano, e quero mostrar um paradoxo: se aplicarmos o método de pesquisa da

natureza ao ser humano e depois verificarmos como o experimentamos em nós

mesmos, ao que acreditamos ser, então logo teremos diante da nosSa alma o

seguinte, principalmente quando temos entusiasmo pelo conhecimento: nos

sentimos, a partir desta imagem do homem criada sobre os dados da ciência

natural, como alguém que - através de seus sentidos e de.tudo que possui como.

forças de cognição. - não perCebesse de si mesmo. nada além do próprio ..

eSqueleto. Esta é uma experiência arrasadora, interiormente arrasadora, que

'aparece Como resultado no sentir e na (índole?) justamente a partir da ciência

natural levada a sério. A gente se "esqueletiza" enquanto ser humano através da

ciência natural. Quando vivenciamos esta sensação interna arrasadora,

tomamos o impulso que nos leva hoje à verdadeira ciência espiritual. Ela nos

diz: "você deve penetrar no ser do homem de uma maneira diferente daquela co m  a qual  nos aproximamos  da natureza inanimada': 

De que forma então deve ser este conhecimento do homem que nos l / I  J ! / '  introduz realmente na vida humana? Ele não pode ser aquele através do qual \~ . (. / tenhan.,os a impressão de sermos um esqueleto anímico-espiritual ao tomarmos

conhecimento de nós mesmos, ele deve ser algo diferente. O que somos comoseres humanos na circulação sanguínea e na respiração, por exemplo,., o

sentimos, mas não percebemos em detalhes, embora tenhamos como nosso

ser. A forma como vivenciamos a respiração, a circulação sanguínea na vida

habitual, se resume na vivência que temos de nós mesmos como pessoas

sadias, sem que o expressemos. Deve também haver algo através do qual

conquistemos o conhecimento do ser humano, algo que possamos transformar

no interior de tal maneira, que possamos vivenciar como o ser natural do

homem, da mesma maneira que vivenciamos como saúde, a respiração e a

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circulação sanguíneà. Surge então a pergunta: "qual será  o caminho para um tal  . 1. .conhecimento do ser humano, um conhecimento que também nos leve para  o

.ser da criança que devemos lidar como educadores  emestres?': 

Como chegamos à. natureza sensorial exterior? Por que temos órgãos desentidos. São os nossos olhos que nos permitem o conhecimento da

multiplicidade do mundo da lui e das cores. Para que possamos ter.conhecimento intimo do. qualquer âmbito do mundo, devemos ter órgãos de

sentido. Devemos ter órgãos de sentido. para o que será nossa propriedade.

interior. E quem estuda a maravilhosa construção do olho humano, de acordo

com os fatos relativos ao conhecimento exterior dos sentidos, com seu

relacionamento com o cérebro humano, irá sentir profundamente o que Goethesentiu quando repetiu o verso de um antigo místico:

Não fosse o olho solar,Como poderíamos ver a luz.

.Não jazesse em nós a própria força de Deus,

Como o divino poderia nos encantar?

.Esta qualidade solar dos olhos, que atua no interior como luz criadora, fazcom que possamos receber a luz externa. .

Se quisermos compreender a relação que o hQmem deve  ter para com o

mundo é necessário dirigir a atenção para o órgão, para obter qualquer

conhecimento como propriedade da alma. Temos que olhar para o órgão que

. nos leva ao verdadeiro conhecimento do ser ,humano. E qual é o sentido que nos

leva ao verdadeiro conhecimento do mundo? Nossos 'olhos, ouvidos e outros

sentidos nosl~vam ao C()nhecimento da natureza' exterior. O ser humano ..

i'1!~rio~~n~ i1u~ina~~ pelo eSBirito _ no~_J~'{ª-ª..Q _ÇQ ~h~_ç i rn~JJ j~LQ .Q_. .m undQ - , -espiritual. que pode ser conquistado p ª , - ª vi~ ,g'='.~.º_~~~~Y-i_~~.:Comose adquire .o conhecimento  dos mundos superiores?". lá encontramos, de certa maneira,

os dois lados da busca pelo conhecimento humano: de um lado, Q .. conhecimento

sensorial inserido no corpo humano, e de outro lado, oconheçjro~mJº-º~~lrito, .

que permeia como uma unidade tanto a natureza, como o ser humano, aquele.

c:on~eciment~~<!2..~~.E~~tp_qy.~~,,_alc~nçado quandÇ>.fi?~rl}1º~,d~.,r!~s " .'. I ~ - ~ r :n . ~ ~ ! J .! ! 1orgaõãe sentido espiritual, como ser humano inte ral quando fizermos de todas

a's--i1ossã'f õ j- ~ s : . - . é ; i' ~ - : ~ O s s ã 'ir1"teirezanumana m órgão cognitivo para o espiritual.no mundo.'_ .'. . ~ 1 ' .

--ejüStamente entre estas dúas polaridades que está o conhecimento do

ser humano. Se somente conhecemos a natureza exterior através dos nossos.sentidos, não. chegaremos ao. ser. humano, pelas. razoes já menciohadas~.? .

Quando conhecemos apenas o espiritual, temos.que elevar os sentidos para tais

alturas espirituais, que o ser humano, tal como ele está diante de nós no mundo,

desaparece - vocês podem ler isto no livro "Ciência Oculta"  e noutras no âmbito

da ciência espiritual. Necessitamos de algo que nos leve mais intimamente para

o interior do ser humano, algo diferente do que aquilo que nos leva a vê-lo como

um membro da espiritualidade que permeia o mundo. De.v~Jlª.Yer !Im sentido

para o conhe~imento imediato do ser humano, tal como existe a visão para' as

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f   .: : .

. . . . • . _ - . . • . . , . • . . _ - . . . • . . • ~ , - ,~ - ,'':'' - _:.. ~ ~ -. . • . . . - - - - . . . .

.

7

cores. Qual é este sentido na época atual do desenvolvimento humano? Como

podemos penetrar o ser do homem que está presente diante de nós no mundo,

da mesma forma como podemos penetrar na multiplicidade das cores através damaravilhosa organização do olho, na multiplicidade dos sons através do ouvido? _ Onde está o sentido que permite captar o ser humano e seu conhecimento?~~~~~

Bem, este sentidq não é outro senão o que nos é dado, a nós homens,Q .aC 9 admirar a arte. o sentido_actistÍCQ .• .o sentido que pode nos transmitir" oreluzir do espírito na matéria, que se nos revela como obelo que nos vem ao

encontro pela arte. ~te semido artístic~Lé, simultaneamente, o sentido que nospermite captar imediata e cognitivamente_o __ humano em seu ser, de forma que

este conhecimento se torna prática imediata na vida. Sei bem quanto esta

afirmação soa paradoxal para a humanidade de hoje. Mas, quem ousar pensar

até o fim. aqueles conceitos e idéias através dos quais captamos a natureza

exterior, e acima de tudo, penetrar com lodo o seu ser nestes conceitos e idéias

da ciência natural ao chegar ao limite, dirá: "aqui nos aproximamos bastante da natureza com conceitos e idéias':  e sentirá como alguma coisa o impele, diante

do limite, a abandonar os contornos dos conceitos e se elevar à expressãoartística dessas mesmas idéias. - . .

Foi esta a razão pela qual escrevi, em 1894, na introdução à "Filosofia da Uberdade'-; "Para compreender  o ser humano  é necessária uma arte das idéias e não apenas capta-Ias abstratamente'~É  necessário vivenciar o forte impulso

que nos leva a transformar os conceitos abstratos através dos quais se aborda a -

natureza numa. visão artística,. viva. Isto é possível. Devemos permitir o

conhecimento desembocar na arte, e então chegaremos à utilização do sentido

artístico. Enquanto só deixarmos valer a ciência natural, devemos dizer: "Jamais.. se compreenderá como  a consciência está ligada  àmatéria".Mas  se permitirmos. aos conceitQs _~ -às idéias -da ciência natural desembocarem na concepção

artística.écpmo se, de-repente, caíssem as vendas dos olhos. Tudo que é da

êsferã-d~is idéias passa a servjsão artística interior e o que então se vê, de certa

fôrma envolve a entidade do homem, como as cores captadas pelos olhos

envolvem as flores e os outros seres da natureza. Da mesma forma como o

órgão da visão se une ao ser dos fenômenos coloridos ao captar a cor, assim

também o sentido artístico interiorizado se amalgama com" o ser do homem. Só

depois de termos visto a cor, podemos refletir sobre ela. Só depois de termos

olhado o ser humano através do sentido artístico, é,que podemos começar a

usar nossos conceitos e idéias abstratas. E assim, quando a ciência se" torna

arte, .odo  o conhecimento que temos sobre o. homem, tudo  sobre o que 

refletimos depois de termos olhado a imagem exterior do homem de maneiraartística, se torna uma conquista .da alma através da .qual não nos sentimos

como esqueletos, mas através da qual podemos nos unir. ao que adquirimos

com a ampliação artística dos conceitos e das idéias sobre o ser do homem, de

forma que elas se derramam na alma, como a corrente sanguínea e a respiração

se derramam no corpo. E então estará presente no homem algo que é pleno de

vida, assim como é pleno de vida o que temos na manifestação da respiração e

da circulação normais, que desperta em nós a sensação: estou saudável.

Desperta uma sensação abrangente na qual está contido o ser humano, assim

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como a saúde está contida no corpo e a ela se dirige o que toma possível um talconhecimento do ser humano, que conquista de forma íntima - através dosentido artístico - a visão do homem vivo no presente imediato, não daqueleelevado às alturas espirituais. Ao refletirmos desta maneira sobre' esteconhecimento real do ser humano que se toma simultaneamente vontade, emcada uma das suas observações, .. em que atividades como respiração ecirculação sanguínea se tomam vontade e atividade, ao refletirmos sobre oresultado a que tal conhecimento deve levar- bem, aqui também avançamos'por meio de comparações. Aqui a comparação é algo mais que uma mera.comparação, ela não é retirada da abstração, mas an!e~ºª.I~ª1i.ç1.~º~.:..No que seresume a sensação humana de estar saudável? O que é esta sensação básicaque nem precisa ser verbalizada, que é apenas vivenciada de. maneira abafadana consciência, enfim, o que se manifesta nesta sensação básica: "sou organizado de tal forma que posso  me considerar como uma pessoa sadia no lC lU náo.?" . - - .. -_._ ..- - ., ..__o - •• ~_.-

Nela se expressa a corOéi da vida humana. E ela é a.Jorça ..d9.-amor.Afinal, a saúde flui e fluem também todas as forças sadias da alma para seunirem na sensação, no sentimento que pode abarcar com amor o outro serhumano que está ao meu lado, porque reconhecemos o ser humano sadio emnós. O amor P9Lº-uJrO_.ser..humªn().~ro.t?.~e~~~ Ç9nh~cime.ntQ.~adio do homem,no ~ j i r~~.!1.he_cemos.o .mesmo que .somos .. Nos reencontramos.-n6-outro--serhumano. Este conhecimento do homem não se tomará uma referência teóricacomo a tem, por exemplo, um técnico que depois tem que transformá-Ia paraisto ou aquilo de maneira exterior; não, este conhecimento se toma uma vivênciainterior imediata,. de vida prática.Pois na sua transformação, ele flui para dentro ..

. da força do amor. Ele se torna conhecimento atuante no homem, Ao estar diante .....

de uma criança como educador, como mestre, brota o conhecimento da criançado meu conhecimento do ser humano, dentro do amor anímico-espir itual quedesabrocha. Não necessito de indicações. de opiniões teóricas sobre o ser

humano copiada da ciência natural para introduzi-Ias na Pedagogia;. p'~~.cisoapenas.sent;f ...•o con..l:tecimento do homem, assim como vivencio.a.respiração._ . . . c . : . * .

sÊ~~ªy~I, .:.~..circulação saudável como minha saúde total. Des.t~...m~D.~jIª, < ? - .

conhecimento do ser humano vivificado corretamente se torna arte ped.a..9ºgi~.O que deve vir a ser este conhecimepto do homem? Ele já resulta do que .

foi exposto. Deverá ser possível ao homem fazer com que seu conhecimento dohumano atue carregado pelas asrs do amor sobre o ambiente humano e acimade tudo, sobre o ambiente humano da criança. O que foi adquirido como

conhecimento do homem terá que passar a ser mentálidads,.aquela mentálidade ..na qual ele vive como amor. Atualmente, a base mais importante para aPedagogia é que ela deve ser encarada como uma questão da mentalidade doprofessor e educador, que não se afirme somente que o intelecto na criança nãodeve ser desenvolvido, para em s eg uid a s e por muito inteligentemente a

trabalhar, com o cuidado de não desenvolver o intelecto. É pedido ao professortrabalhar s_ª-ªpoiando.jl'}t~ligentemente sobr~ __ .q j J J ! ~ .l~ ,Ç lo ~ P"ª-[ª._oªº_educac a .cri~D.~_...ª P . ª O ª ~ _ .int~J~~~I.:I~Irn.~nte!Temos que iniciar o aperfeiçoamento daPedagogia cóm o professor, para que ele não atue com o puro intelectualismo

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que não é artístico, que comecemos justamente com o professor a passar doconhecimento do homem para uma. mentalidade artístico-pedagógico-didáticaque vive imediatamente na criança, através da qual se concre'tizao contato entreprofessor e criança, entre o educador e a criança, onde conhecimento dohomem em amor atuante se torna ensino e educação espontâneos.

A ciência natural não pode entender como a consciência atua na matéria.Por .que não? Porque ela D f f i ~ tem ~~~~p.!~ender como~~rtistico

-':conflgura:B formãj O conhecImento. do homem nos leva a entender que a. consciência é uma artista. que age artisticamente sobre a matéria corpórea

humana. Enquanto não se buscar o conhecimento do homem com o sentidoartístico, estaremos diante do "ignora bimus':  Só quando começarmos areconhecer que a consciência humana atua artisticamente na matéria. que énecessário perceber a atuação artística quando se quer abarcar o ser dohomem, só então será superado o "ignorabimus': 

Mas chegaremos ao conhecimento humano que simultaneamente à suaaquisição, não é mais cognição teórica. é também atuante no interior, atuante na .vontade, um conhecimento do homem que é prática de vida, que é uno à práticada vida.

Quem está desta forma diante do ser humano em amadurecimento,diante da criança em desenvolvimento, e olha para o que está crescendo nela,verá muito através deste conhecimento do homem atingido pelo Sentido artísticoe carregado sobre as asas do amor.

Quero dar um exemplo: a pessoa vê amadurecer na criança aqueledesenvolvimento admirável  que avança  do brincar para o trabalhar. A criançabrinca, naturalmente brinca. O adulto  é obrigado a trabalhar. Ele é colocado diante da necE1ssidadede trabalhar: Se. olharmos hoje para a vida. social,

teremos que caracterizaro

brincar infantil como sendo oposto. ao trabalhosocialmente necessário para a maioria das pessoas, teremos que dizer: ao olhar p-ara.a...criança.vemps,que, ela  concretiza no brincar algo que,está IigadCfã-üma..'ª.r~gr.iaJit;>~rtadora,por que ela está desenvolvendo uma atividade necessária aoser humano. Observem a criança quando brinca. Não podem'osimaginar que ela nã<)queira fazer o que está fazendo quando brinca. Por que? Porque o brincar é

~~~ lib_~raç~.<?da a~ivl~.ª~~.quequer_~airdo home~U brincar aa cnan~e uma-~~ libertaaora pela execução de uma~tividade  ~rínse~ E no

momentOâIDaJaã l iu m an iaa ê fe , o que é o trabalho na maioria das vezes _e istoirá se alastrar cada vez  mais no futuro sen~cada vez  mais freqüente _? Ele é opeso sufocante da vida .. A.criança passa da vida da alegria libertadora para o

. ~e~(L~.~f9cante. do trabalho., Ao .colocarmos estes opostos diante de nossasalmas, seremos' Jev~idõs'áuma pergunta importante: "Como criar  a ponte entre  aalegria libertadora  e. o peso sufocante do trabalho na vida?"  Quem seguir de

perto o desenvolvimento da criança, com o conhecimento artístico do homemsobre o qual acabei de falar. encontrará esta ponte na aplicação do artístico naescola. A arte corretamente executada na escola conduz adequadamente obrincar libertador ao trabalho. que é visto como uma necessidade da vida, mas

que, depois da ponte ter sido criada, não é mais sentido necessariamente comoum peso sufocante. E só poderemos resolver a questão social depois de tirar do

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trabalho este peso sufocante. A questão social irá sempre ressurgir de formadiferente se os opostos, se o contraste entre a alegria libertadora do brincar e o

. peso asfixiante do trabalho não forem eliminados da vida através da educaÇão: .O que se pretende com esta introduçãO do elemento artístico na

Pedagogia, na prática da.educação e do ensino? Podemos facilmente chegar a

conclusões .falsas sobre a aplicação do elemento artístico na escola. Qualquerpessoa entende que o raciocínio deva ser desenvolvido. Na nossa consciênciamoderna se gravou profundamente a necessidade do ser humano adquirir umdeterminado desenvolvimentq intelectual para poder se. manter hoje na vida.Portanto, não surgirá facilmente o desprezo perante a necessidade dodesenvolvimento do trabalho na escola. Também é reconhecido por todos que a.dignidade humana, ou seja, O' ser humano. como totalidade. não pode seratingido sem a educação moral. Todos temos mais ou menos o sentimento queum homem sem moral não é um homem completo. ele. é quase um aleijadoanímico-espiritual. E assim. a atenção está dirigida,' por um. lado. aodesenvolvimentO da atuação intelectual. e por outro 'Iado. para o cultivo da

verdadeira dignidade-humana - o conceito 'sagrado. do dever e. o conce!!Q...sagrado da virtude. Mas a mesma atenção não está dirigida em toda parte ao

artístico. que poaeser levado ao homem em plena liberdade e amor.. E necessário que se tenha o elevado respeito e o amor especial pelo ser

do homem como Schiller o tinha - também perante o seu amadurecimento nainfância. Ele fez. de forma maravilhosa. deste respeito e deste amor, a base dassuas exposições nas "Cartas sobre  a educação estética do homem~ infelizmente tão pouco valorizadas. Temos aqui. na vida espiritual alemã. aautêntica valori~ação do artístico na educação. Podemos toma-lo como ponto de .partida.A visão de Schiller pode então' ser ,'aprofundada pelo que se podeconquistar através da ciência espiritual. Basta somente olhar para o brincar

infantil. como ele transborda. porque a natureza hur:m~.~-ª-.I\_ªº.t~m comp não

estar em atividade. Observe-se primeiro como a criança se expande ao brincar.atrãvesáa süa organização e a partir da sua entidade humana. Em seguida,observe-se a forma como o conteúdo do trabalho nos é dado de acordo Com asnecessidades externas da vida. como temos que executa-lo sem que. asrealizações surjam espontaneamente da natureza humana. ou pelo menos nãopodem. na maioria. resultar da natureza total de homem algum. E veremos como

o ser humano evolui da vida infantil para a adulta, nesta esfera.Porém algo nunca deve ser perdido de vista. Em geral. olhamos para o

que a criança realiza no brincar a partir do enfoque do adulto. Sim, é do ponto de

vista. do adulto que observamos o brincar infantil. Se' não fosse assim; jamais.ouviríamos os comentários diletantes. sempre repetidos. que a criança na escola .deve "ap-rel}d..er  _brincando". Não pode haver nada pior que chegar a ponto de .dizer que a criança ,aprende brincando. E se levarmos artificialmente a criança aaprender brincando, não conseguiremos outro resultado senão que ela. ao se

tornar adulta•.fará_g.~_yjQa_umabriocad~i~~:Quem falar de maneira tão diletanteque o aprender deva ser apenas alegrias. que o aprendizado deva acontecerbrincando, olha o brincar da criança com a mesma atitude anímica que o adulto'tem quando brinca. Para o adulto,' brincar é brincadeira. é um prazer que se

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.acrescenta à vida.. Para a ..criança, o brincar é o conteúdo sério da vida. A. criança leva o seu brincar a sério,_acaracterística do brin.caçlofao1iLé-Qu..eelELé.

~ ~ e .',;_ sustentado ~I~ seriedade. Só quem compreende a seriedade do brincar,ó.; ." . ~ - l f . ,~ . .compreenderá da maneira êOrreta.Quem observar o brincar.infantil, verá como a

. f \- t< ' . natureza humana se projeta com toda sêriedade no manuseio dos objetos do

mundo exterior, e estará em condições - quando a criança entrar na escola ._deconduzir a força, o dom, a capacidade de brincar ase transformarprincipalmente na capacidade que a leve a se expressar, de todas as maneiras.

possíveis, na atividade artística, na qual ainda temos a liberdade da atividadeinterior; mas, ao mesmo tempo, a pessoa se verá diante do desafio de ter quelidar com a matéria exterior como no trabalho. Veremos então como exatamenteno sentido artístico que trazemos para a criança, é perfeitamente possívelconduzir a educação de tal forma, que a alegria na execução do artístico possaestar ligada à seriedade, e até mesmo seja ligado à plenitude do caráter o quena escola pode causar alegria e prazer.

Devemos ter a condição de trazera-Slrte,_nos primeiros anos escolares,

principalmente desde a entrada na escola, até o nono ou décimo ano de vida, deuma. for.ma.;.em._que_tudo_.que-é...feito....seja-dedUzidCL.das-.D~çe.s.~.igªdes..queréconhecemos,no ser ,humano.em.desenvolvimento. Desta forma conduziremosa atividade lúdica que a criança tinha praticado até então, para a atividadeartística. A criança que entra na escola é perfeitamente capaz de fazer estatransição. Mesmo que ela, ao chegar COm seis ou sete anos se mostredeSajeitada na atividade plástica, desajeitada no pintar com cores sobre o papel,com grandes dificuldades interiores no canto musical e no poético-artístico _.mesmo levando em consideração as tendências que tomam desajeitada _ se .Soubermos levar corretamer}te o artístico para a criança iremos constatar queapesar da toda sua inabilidade na atividade plástica, a criança pequena _ já.comq_ 1 1 m -artiS4Lplástico .infantil,.'como -um-pintor.'7c[i~n~,_$E:mte.._COJD.9.(L~~rhumano mais P-.r.9fu.ndo.nãotermil1~na ponta dQsded.os,no limite da pele, masfL~!.i ..para fora, para o mundo. Já enquanto criança, Ô ' ser.humàno penetra 'ascores, a argila, a madeira quando as manuseia de forma que ela cresce paradentro do mundo. Ela cresce, aprende a ter uma sensibilidade perante o íntimo eprofundo entretecer do ser do homem com o ser do mundo. O ser humanoenquanto criança é enriquecidâ'pelo que recebe do mundo quando é introduzidocorretamente na atividade plástica e pictórica, ainda que seja praticada demaneira desajeitada. E s~ a criança é conduzida corretamente para a .receptividade ao musical, ac, poético, ela  vivenciará C ? -m~~oétiÇQ~em seu

próprio ser, e isto será para ela como se recebesse uma dádiva do céu para .captar um segundo ser humano em. seu ser. humano .comum. Com.os sons,enquanto cultivo da linguagem poética, temos algo como se um ser cheio degraça se aproximasse a nós e se já enquanto crianças nos chamasse a atenção:"Em você vive algo que desce das alturas espirituais e que amplia sua entidadehuman strita".

Ao se viver com a criança nesta visão artística, vivendo-se a~te,educando e ensinando artisticamente, se revelará para nós, ao observarmos as .atividades pictóricas, plásticas da criança - como ela manuseia a argila, a

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.madeira, as. cores, mesmo que desajeitadamente - .-quetendênCia deverá seestimulada ehtre as tendências da vida e da alma. Aprende-se a conhecer acriança intimamente, aprende-se a conhe~Ls_ua~iliIDitaçÕese slias..babilidaâeao vermos como flui o artístico de suas mãoso artístico das artes plásticas. E noconví"'.iocom a acnança, apren- emos-quan oea e capaz e dirigir o seu sér, asua força para os mundos espirituais e novamente trazer dele forças para o

..mündo físico-sensível, todo o relacionamento-do ser-criança para com o mundo.-superior espiritual. Nó convívio com ela, o educador e 6 professor aprendem a .

conhecer.a-foJ:ça-queela.teráum...dia na vida se le~~ela o_Q.º~ljÇQ.-musical.Quando forem desenvolvidas as artes no ser humano, a plástica, poética,

a musical, formando-as nas crianças pelos movimentos euritmicos~ quandoatravés da -Euritmia se desperta o que se mostra abstrato nas palavras,vivificando-o, forma-se -então no homem a harmonia interior entre o poético-musical - que é sustentado pelo espírito - e o plástico-pictórico, onde -omaterialé iluminado pelo espírito, se entretece anímico-artísticamente com o corpóreo-.

físico. JIiuando se cons~g'ye .desº~o espírito ~ ".~-""~I!l!~h"~"ª_"~lªD~L_s~aRrende á I~cionãil Aprende-se a lecion"ãTdeP

lãf  -forma que o ensino é, aomesmo tempo, estimulante dª-~~(I.d.ee ~ ç > crescim~mo. estimulante de forças~dias-pam-toda-ELvida. Ao refletirmos sobre isso. lembramos de uma frasegrega cheia de sabedoria artística. Os antigos gregos denominavam a estátuade Zeus de Phídias uma fórmula mágica. transmissora de saúde. A arteverdadeira não é algo que chega apenas ao homem para que ele a capte com .sua alma e espírito. A arte verdadeira é algo que atua sobre o crescimento. asaúde e o progresso do homem. A arte verdadeira sempre foi uma fórmulamágica para a saúde. ?..., ._ .

O .educador e professor que sabe amar a arte e que temo necessário

. respeito pelo ser humano. terá condição de introduzir a arte como magiasanadora em todo o ensino e educação.-Ela então fluirá por si só, também parao que costumamos aplicar na escola na formação do raciocínio e as formas docoração que devemos desenvolver com a formação religiosa fluirão e penetrarãoo que é. por um lado. sustentado pela liberdade humana e por outro lado, peloamor humano. Se o próprio professor for artístico e apelar para a sensibilidadeartística da criança e viver lecionando e educando artisticamente com asensibilidade artística da criança. irradiará do sentido artístico para o ensino e aeducação. a pedagogia correta. a atuação humana correta para todos os meiosde educação e para todas as matérias do ensino.Não se pr}tenderá economizaro artístico em função das outras matérias do ensino, ao contrário. se incluirá o

artístico no organismo global de todo o ensino e de toda a educação, para queele não seja relegado ao segundo plano. dizendo:. aqui. temos as matériasprincipais para o raciocínio. aqui outras para o sentimento e para o dever, e .depois. independente do horário escolar. mais ou menos de maneira opcional, Q

que a criança deve adquirir artisticamente. Não. a arte estará situadacorretamente na escola quando todas as outras aulas, toda a outra educação "forem colocadas de tal forma que. no momento certo. o sentimento da criançaexija a arte, quando a arte for executada na escola de tal forma que desperta nacriança. pela própria atividade, o sentido para compreender também com o

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intelecto, de permear também com o senso do dever o que ela aprendeu a verna arte como o' belo, como o humano puramente livre. Isto deveria demonstrarcomo a arte pode realmente penetrar no organismo global da educação e doensino; como a arte pode iluminar e aquecer toda a Pedagogia e.Didática. A arte I e o sentido artístico são o que coloca o conhecimento do homem entre oconhecimento puramente espiritual. e o conhecimento da natureza baseado nos I 

órgãos de sentidos. A arte étambém o que pode nos introduzir da maneira maisbela na prática da vida educativa! . . .

Quem ama a arte e respeita o ser humano, irá dar o devido lugar à arte -na escola, com a mentalidade pedagógica que tentei esboçar aqui. Dará a elaseu devido lugar através da sua percepção plena, total do homem, aqual seconcentrará por si mesma numa mentalidade e vida pedagógica, pelaconvivência com os alunos. Pois na sua atuação não descuidará nem daformação que tende ao espiritual, nem da tende para o corpo. A artecorretamente introduzida na escola fará com que nela reine o espírito correto

para o correto desenvolvimento do corpo da criança. Pois a arte, onde quer quese encontre, atua na .vida de tal forma que é receptiva à luz divina que o serhumano necessita para o próprio desenvolvimento. Ela pode se permear de luzdivina por sua própria forma de ser, e arte permeada de luz divina preserva emsi esta luz. Onde seu ser resplandece, ela impregna aquilo sobre o que sederrama com a luz que recebeu do sol espiritual, impregna também a matériacom esta luz, de forma que o material possa expressar o espiritual, iluminando oseu exterior pelo brilho anímico. A arte écapaz de concentrar em sh:fluz do

~niverso. r;@Jé:!.'!!º~!!L~_Ç-ªP~~.~.~,~ar a todo~ómii!~r,ial te r T e s ~ r êo resplandeCéi'"..._ da..!Yb Por isso, a arte tem condições de trazer para. dentro da 'escol~os

segredos do mundo espiritual, e transmitir para a alma infantil o brilhQ espidtual-

anímico com o qual a alma infantil poderá ,entrar na vida de tarforma que o .trabalho não será mais sentido apenas como um peso sUfocante, mas que,gradualmente, com a colabor~ção da humanidade, se nós, por mais paradoxalque isso possa soar, fOfrTlOs'capazes de introduzir a arte de forma correta naescola. ."~.'

Amanhã' fâíaremos sobre' a situação moral, sobre a visão ética e asensibilidade ética deotro' d a vida escolar e da educação em geral. Hoje eu quismostrar apena? queô espírito necessário à escola é intr<?duzidoflela, como quemagicamenté,'através da magia da arte, da arte corretamente impregnada de luzespiritual, como ela é capaz de produzir aquele brilho nas almas infantis atravésdo qual a alma pode se situar novamente no corpo, e assim no mundo todo de

maneira adequ~da para toda a sua vida posterior.

Tradução: Christa Glass

Esta palestra foi retirada de um ciclo de conferGencias públicas feitas por Rudolf Steiner, que

estão compiradas no livro l'Anthroposophische JI/Ienschenkunde und Paedagogik". GA 304a