patrícia campos pereira - iftm.edu.br · liciane mateus da silva secretária da pró-reitoria de...

147

Upload: duongtu

Post on 09-Feb-2019

223 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes
Page 2: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

Patrícia Campos PereiraAdriano Elias

Estelamar Maria Borges TeixeiraJosé Antonio Bessa

Rosemar Rosa(Organizadores)

RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOSPROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM

2015

1ª Edição

Uberaba-MGIFTM2016

Page 3: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

ReitorRoberto Gil Rodrigues Almeida

Pró-Reitor de ExtensãoEurípedes Ronaldo Ananias Ferreira

Diretor de ExtensãoJosé Antônio Bessa

Coordenadora Geral de Extensão e Assistencia EsudantilEstelamar Maria Borges Teixeira

Coordenador de Extensão e Assistencia EstudantilAdriano Elias

Coordenadora de Estágio e Acompanhamento de EgressosLiciane Mateus da Silva

Secretária da Pró-Reitoria de ExtensãoCláudia Helena Rezende Lemes

Apoio AdministrativoMaria José Diogenes Vieira Marques

Revisão TextualMariangela Castejon

CapaDanilo Silva de Almeida

DiagramaçãoMarcos Roberto Capuci Lima

Impresso no BrasilEdição: 2015

ISBN: 978-85-64139-10-7 Tiragem: 700 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Instituto Federal do Triângulo Mineiro

Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2015 / Organizadores: Patrícia Campos Pereira , Adriano Elias, Estelamar Maria Borges Teixeira, José Antonio Bessa, , Rosemar Rosa [Orgs.].-- Uberaba - MG: IFTM, 2015.148p.: il

Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTMISBN: 978-85-64139-10-7

1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional. 4. Livros de leitura. I. Pereira, Patricia Campos. II. Elias, Adriano. III. Teixeira, Estelamar Maria Borges. IV. Bessa, José Antônio. V. Rosa, Rosemar. II. Título.

R 586

CDD 378.103

Page 4: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

Apresentamos a quarta edição do livro intitulado Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM, uma publicação que di-vulga as atividades extensionistas realizadas no âmbito do Instituto. As atividades de extensão são pensadas e articuladas por meio de projetos com o propósito de divulgar o conhecimento e de estreitar os laços com a comunidade. A proposta do trabalho da extensão é que o envolvimento entre a comunidade acadêmica e a sociedade propiciem reflexão e ação em cenários da realidade local e regional, de forma a abranger o trabalho interdisciplinar.

Ao romper com seus limites do espaço físico, o IFTM dia-loga com saberes e oportuniza outros campos de pesquisa. Com essa dinâmica, o conhecimento se torna renovado a cada encon-tro, pois permite uma abertura para o novo. A extensão consti-tui-se uma parte importante do Instituto, sendo indissociável do ensino e da pesquisa. Esta edição é composta por projetos apresentados pelos di-versos campi que compõem o IFTM, colocando em evidência ativida-des que abordam diferentes temáticas oriundas de múltiplas lingua-gens artísticas socioculturais construídas no decorrer de 2015. Nesse sentido, o IFTM, ao publicar o livro Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2015 utiliza mais uma estratégia realizada com vista a cumprir a sua missão institucional para atuar como um agente de transformação da realidade socioeconômica local e regional.

Eurípedes Ronaldo Ananias FerreiraPró-Reitor de Extensão

APRESENTAÇÃO

Page 5: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes
Page 6: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

SUMÁRIO

09 | A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesqui-sa e a comunidade rural

19 | Biblioteca de Tecnologias Assistivas para os campi do IFTM em Uberaba

31 | Cine Cultural Cenid

40 | Cine History: O uso da telona para ampliar os horizontes

51 | Diagnóstico da percepção ambiental dos alunos do ensino fundamental: estudo de caso em escola rural no município de Uberaba-MG

58 | Educação Inclusiva: convivendo com as diferenças no IFTM

65 | Educação Nutricional e Alimentar na Escola

75 | IFTM em Verso

83 | IFTM Inclui-Instituto Crê-Ser

94 | Inclusão da pessoa com deficiência: Transformando

103 | LAMOLF: Laboratoire Mobile de la Langue Française

110 | Microbiologia aplicada às indústrias e estabelecimentos de manipulação de alimentos de origem animal inspecionados pelo serviço de inspeção municipal (SIM) de Uberaba

119 | Núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS – na capacitação de manipuladores de alimentos

128 |Projeto de Extensão A Caminho da Inclusão

136 | Rotulagem de alimentos: avaliação e orientação às indústrias e con-sumidores quanto aos aspectos legais e informativos dos rótulos

Page 7: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes
Page 8: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

9

A SEMANA DA FAMÍLIA RURAL –DIÁLOGO ENTRE O ENSINO, A PESQUISA

E A COMUNIDADE RURALJoão Mateus de Amorim1

João Mateus de Amorim, Maria Aparecida de Lima, Deborah Santesso Bonas, Luis Augusto Santos Domingues, Susana Elisa Rieck, Thiago Taham, Nísia Maria Teresa Salles, Caroline Silva Severino, Márcia

Santos Rosa, Hélia dos reis Xavier Silva, Cícera Fernandes Ferreira, Ana Clara Santos Costa, Eduardo Santos Almeida, Nara Moreira, Nísia Maria, Pedro Ordones, Carlos Fonseca, Hildérico Ferreira de Castro,

Sebastião Soares e Antônio Alberto Bispo, Welber Moitinho, Luis Antônio Ribeiro, Tibúrcio, José Flávio dos Reis e Alexandre2

Andressa Manoel Meira, David Silva Oliveira, João Vitor Gomes Teodoro, Fabrício de Freitas de Oliveira, Igor Gabriel de Paulo, Isabella Duarte Nogueira, Lucas Cavichioni Nabas, Márcio Henri-que Ferreira Júnior, Otávio Gabriel Pereira, Vitória Regina Bessa, Matheus Cunha Reis, Garibaldi

Ernandes Gomes de Avelar, Lincoln Cardoso Mariana de Souza Guerin, Lorraine da Silva Sanches Nogueira, Lorraine da Silva Sanches Nogueira, Lorrayne Lucinda Silva Borges,

Amanda Moraes Prado3

Priscila dos Santos Pereira, Mayara Rosa de Carvalho, Wéllica Gomes dos Reis, Leopoldo Faria Santana, Lorraine da Silva Sanches Nogueira, Jackeliny Batista Amorim, Leandro José Carvalho, Siro Paulo Moreira,

Cícero Augusto Ferreira Silva4

Mariane Pereira Riceto, Mylena Ferreira Alves, Mylene Rosa da Silva Ferreira,Mislene das Graças de Paula, Kellen Alice Fernandes,

Patrícia Alves de Matos5

Luiz Eduardo Araújo Portes,João Paulo de Oliveira6

Maria Vitória Prado Monteiro, Gabriel Vitorino Soares Pereira,Giulia Bettio Fonseca7

Gilberto Carlos de Freitas8

Ricardo Luis de Barros Silva9

Tony Garcia Silva10

RESUMO

Este projeto apresenta ações e experiências desenvolvidas durante a organização e realização da 27ª Semana da Família Rural, reali-zada no IFTM Campus Uberlândia, no período de 14 a 17 de julho de 2015. Este evento de extensão é realizado em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais - EMATER-MG, Prefeitura de Uberlândia, por meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, e a Co-operativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo Mi-neiro Campus Uberlândia. É dirigido a agricultores e seus familiares,

Page 9: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

10

oriundos de diversos municípios do Triângulo Mineiro, Alto Para-naíba e sul de Goiás. Tem como objetivo proporcionar qualificação e aperfeiçoamento do conhecimento técnico e administrativo, por meio de cursos nas áreas de agropecuária, agroindústria, artesana-to, meio ambiente, administração rural e informática. Proporciona também o acompanhamento das tendências de mercado, além de propiciar oportunidades de integração e troca de experiências entre os participantes.

Palavras-chave: Semana da Família Rural. Qualificação. Aperfeiço-amento.

1 INTRODUÇÃO

A articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão é fun-damental no processo de produção do conhecimento, pois permi-te estabelecer um diálogo entre o saber científico relacionando-o à realidade social. Com o objetivo de promover esse “diálogo” é que o IFTM Campus Uberlândia realiza a Semana da Família Rural, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais -EMATER-MG, a Prefeitura de Uberlân-dia, por meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abasteci-mento, e a Cooperativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo Mineiro Campus Uberlândia. São organizados para ofertar a agricultores e familiares oportunidades de qualificação e de aper-feiçoamento do conhecimento técnico e administrativo, por meio de cursos nas áreas de agropecuária, agroindústria, artesanato, meio ambiente e administração rural, que resultam em melhores condi-ções de atuação no mercado de trabalho.

As relações no mercado de trabalho têm se mostrado bas-tante competitivas e tal competitividade pode ser demonstrada, den-tre outros aspectos, por meio da significativa variedade de produtos à disposição dos consumidores e pelas diversas formas sob as quais esses produtos são apresentados. Pode-se dizer que é preciso, não

Page 10: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

11

apenas produzir um bem ou serviço, mas torná-lo atrativo ao seu potencial consumidor. Por outro lado, a qualidade é fundamental para um consumidor cada vez mais exigente.

No meio rural não é diferente. A qualidade dos bens e ser-viços tipicamente agropecuários é uma preocupação dos produ-tores e, a Semana da Família Rural, responde a essa necessidade, por meio de uma capacitação que ensina a produzir com qualidade valorizando conhecimentos tradicionais, atualizados pelo uso de novas tecnologias.

Na medida em que o (a) agricultor (a) familiar torna-se “pro-fissional”, também se torna cada vez mais capaz de caminhar na construção, solidificação dos seus próprios meios de sobrevivên-cia, sua consequente inserção e permanência e, de seus familiares, no mundo do trabalho. Proporcionar ao agricultor e seus familiares capacitação e aperfeiçoamento profissional contribui para elevar a qualidade de vida da população do meio rural, na medida em que possibilita melhorar as condições de produção e do próprio trabalho, por meio do emprego de conhecimentos/técnicas que propiciam a melhora do produto ou serviço (o que contribui para agregar-lhe valor), aumento da produção e, consequentemente da renda. Essa é, sabidamente, uma maneira eficaz de inclusão social, na medida em que a valorização do trabalho no meio rural é capaz de criar e man-ter condições dignas de subsistência para o agricultor.

Outro norteador de significativa relevância no âmbito da re-alização da Semana da Família Rural constitui-se na possibilidade de proporcionar a união e a permanência da família no campo. Ao pro-piciar a profissionalização do agricultor e dos membros de sua famí-lia, estes passam a contar com a opção de escolher ficar no campo e sobreviver de atividades econômicas desenvolvidas na propriedade.

Contribuir para fixar o trabalhador rural em seu meio ajuda a minimizar problemas sociais tais como o êxodo rural que, dentre outras consequências, reduz em muito a qualidade de vida das pes-soas, pois ao migrarem para os centros urbanos, em geral, passam

Page 11: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

12

a trabalhar em subempregos. Essa condição deve-se ao fato de que esse trabalhador rural que migra para a cidade não está preparado para o exercício de funções típicas do meio urbano.

Nesse sentido, a relevância do papel social da extensão pos-sibilita levar para a sociedade o conhecimento a ser aplicado e auxi-liar na melhora das condições de trabalho e de vida das pessoas.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Organização

Com fundamento na ideia central de proporcionar a cita-da profissionalização do agricultor e de seus familiares e reconhe-cendo as atividades de extensão como mecanismo de promoção do desenvolvimento social e econômico local e regional, organizou-se uma equipe com a participação de estudantes que, sob orientação de docentes e técnicos, levaram aos participantes resultados de pes-quisas e conhecimentos gerados na Instituição, principalmente nos cursos das áreas de ciências agrárias. Para o estudante, esse trabalho oportuniza o contato com o produtor para que ele conheça a reali-dade do mesmo, aprenda e possa agregar conhecimentos no sentido completo da extensão acadêmica.

A 27ª Semana da Família Rural foi realizada no período de 14 a 17 de julho de 2015 e contou com 650 pessoas inscritas, dentre produtores rurais e demais interessados. Os seguintes cursos foram ofertados, de acordo com as áreas:

Agropecuária: Avicultura Caipira; Bovinocultura de Leite; Cultivo orgânico de Hortaliças; Manejo integrado de pragas e do-enças em plantas, Integração, Lavoura, Pecuária e Floresta; Jardi-nagem e Paisagismo; Noções Básicas de Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas; Piscicultura – Convencional; Piscicultura Tanque-Rede; Bonsai sem segredos e Noções básicas de máquinas e mecanização agrícola.

Page 12: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

13

Administração Rural: Como Gerir uma Propriedade Rural e Gestão para comercialização em feiras de agricultores e Informá-tica básica na agropecuária.

Agroindústria: Processamento Artesanal de Carnes – De-fumação; Processamento Artesanal de Derivados do Leite; Quitan-das caseiras; Processamento Artesanal de Pimentas e Vegetais, Boas práticas de manipulação de alimentos e Bolo confeitados.

Artesanato: Artesanato em Boneca de Pano; Artesanato Decoupage; Bordado à Mão, artesanato com flores e folhas do cer-rado e Sabonetes Artesanais e Medicinais.

Meio Ambiente: Produção de mudas nativas, manejo, con-servação e recuperação de áreas degradadas; Uso racional da água: práticas sustentáveis para não faltar água na propriedade rural e o Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Estética: Limpeza de pele usando produtos naturais e maquiagem.A carga horária total dos cursos foi de 27 (vinte e sete) horas,

distribuídas da seguinte maneira: - dias 14, 15 e 16: 8 (oito) horas por dia;- dia 17: 4 (quatro) horas. Ao todo 650 (seiscentos e cinquenta) pessoas se inscreveram

para a Semana, dentre produtores rurais, estudantes e comunidade em geral interessadas. Os cursos com maior quantidade de inscritos foram o de Produção de Mudas Nativas, Manejo, Conservação, Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas, Piscicultura Tanque-rede, Piscicultu-ra Convencional, Noções de Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas, Bovinocultura, Cultivo Orgânico de Hortaliças e Processa-mento Artesanal de Derivados do Leite e Bolo Confeitado.

Foram oferecidas 180 vagas no alojamento do Campus para moradores de outras cidades que se inscreveram para os cursos.

2.2 Atividades desenvolvidas pelos bolsistasA organização de cada curso ficou sob a responsabilidade de

um docente ou técnico administrativo (do Campus Uberlândia e do

Page 13: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

14

Campus Uberlândia Centro) ou extensionista da EMATER-MG, de acordo com a área de trabalho/saberes de cada um, denominados “coordenadores de curso”. Cada coordenador de curso contou com a participação de um bolsista, selecionado por meio de edital. Ao todo foram selecionados 28 bolsistas.

Os bolsistas, juntamente com o coordenador de cada curso, desenvolveram as seguintes atividades:

- organização de arquivos eletrônicos compartilhados pelos envolvidos no evento, que possibilitaram as inscrições, o acompa-nhamento destas pelos envolvidos e registro de atividades;

- elaboração de arte para impressão de material gráfico de divulgação do evento (cartazes e folders);

- organização dos cursos (definição dos temas, palestrantes e convites);

- organização de palestra ou tópico específico, sob orientação do coordenador do curso (orientador);

- implantação e acompanhamento de experimentos para de-monstração durante a Semana.

2.3 Atividades ParalelasParalelamente aos cursos, nos horários de intervalo (almo-

ço) e final da tarde, os cursistas participaram das atividades técnico--culturais:

a) Integração Rural:• Orientações sobre Inspeção Municipal;• Câmara Itinerante; • Atendimento jurídico - família, criminal, cível e previdenciário; • Campanha de vacinação anti-rábica;• Teste de papanicolau;• Doação de cães;• Espaço bem viver: Corte de cabelo, maquiagem;• Atrações musicais;• Teatro;

Page 14: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

15

• Apresentação da Banda Municipal;• Apresentação da Orquestra do Conservatório de Música

de Uberlândia;b) Roda de Conversa “Gestão de Recursos Hídricos”; c) Palestra “Combate ao Agrotóxico”; d) Apresentação de dança árabe – grupo de dança UFU;h) Plantões Técnicos• Atendimento aos programas: Aquisição de Alimentos, Lei-

te, Horta, Mandala, Piscicultura, Feira Urbana, Feira de Produtos Rurais, Pró-pão, Segurança Alimentar e Nutricional;

• Informações em: Crédito Rural, PRONAF, DAP, Piscicul-tura, PAA, PNAE, Associativismo, Cooperativismo, Agroindústria, Artesanato e Habitação Rural; - Regularização ambiental da proprie-dade rural e assessoria jurídica na área rural;

• Agroindústria de Pequeno Porte.i) Exposição de máquinas e implementos agrícolas A exposição aconteceu durante a 27ª Semana da Família Ru-

ral com objetivo de atualizar o produtor rural e alunos sobre as tec-nologias atuais em máquinas e implementos agrícolas.

g) Feira de artesanato e gastronomiaA Feira contou com a participação de ex-alunas da Semana

da Família Rural como objetivo de demonstrar os produtos con-feccionados (artesanato) e processados (alimentos) por alunos que fizeram os cursos da semana e se profissionalizaram na área.

h) Mostra do projeto de extensão: Ampliação da cultu-ra do uso de ora-pro-nóbis – Parte II

Coordenado pela Profa. Dra. Carla Regina Amorim dos An-jos Queiroz, o projeto contou com 02 bolsistas do curso de Tecno-logia em alimentos. A mostra foi realizada em um stand preparado com banner explicativo e exposição de produtos alimentícios pro-cessado pelas bolsistas com a planta de ora-pro-nóbis para degus-tação. Foram doadas mudas para incentivar as pessoas no plantio desse vegetal. Durante a mostra à comunidade, orientou-se sobre a

Page 15: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

16

importância e os benefícios que a planta proporciona à saúde. Os alimentos degustados foram bem aceitos pela comunidade, identifi-cados através da pesquisa realizada durante a mostra.

As atividades realizadas com a participação dos parceiros do evento, além dos benefícios trazidos à organização do trabalho na propriedade rural, proporcionaram integração entre os participantes e oportunidades de trocas de experiências.

3 CONCLUSÃO

Por meio de depoimentos colhidos na avaliação feita pelos cursistas e com base nas experiências vivenciadas pela equipe res-ponsável pela organização e realização do evento, podem ser consi-derados pontos fortes da 27ª Semana da Família Rural:

- a sua abrangência, que possibilita alcançar uma quantidade significativa de pessoas;

- a qualidade e a diversidade dos cursos, em consonância com os arranjos produtivos locais e regionais;

- as atividades técnico-científicas desenvolvidas; - a participação dos docentes, técnico-administrativos e es-

tudantes do IFTM Campus Uberlândia e Campus Uberlândia Centro;- as parcerias, fundamentais para a organização, divulgação

e realização do evento e que contribuem para a consolidação do IFTM, no cenário local e regional, como instituição geradora de conhecimentos técnico-científicos que contribuem para melhorar a qualidade do trabalho (e da vida) da comunidade;

- as atividades musicais e culturais proporcionando a integração dos alunos;

- as atividade complementares como visitas técnicas e Integração Rural;

Assim, considerando a extensão como uma troca de saberes, a 27ª Semana da Família Rural, com a atuação dos estudantes, docentes e técnico-administrativos, possibilitou a interação do Instituto com as

Page 16: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

17

necessidades da capacitação profissional de pessoas que desenvolvem ou desejam desenvolver atividades produtivas do setor rural.

Sendo assim, fica evidente que o evento possibilitou o en-contro entre estudantes, docentes e agricultores possibilitando aos discentes vivenciarem a prática do ensino comprometido com de-mandas reais, levando saberes aos produtores, mas também apren-dendo e gerando conhecimento.

Identificou-se também a necessidade de intensificar orienta-ções prévias e acompanhamento dos alunos bolsistas, no desenvol-vimento de estratégias na ação extensionista.

Além de capacitar os produtores rurais nas áreas dos cursos ofertados e possibilitar a aplicação de conhecimentos constituídos no âmbito do espaço escolar, a Semana da Família Rural também proporcionou a integração da Instituição com a sociedade, no cum-primento de seu papel de criar soluções que agreguem melhorias na qualidade de vida da comunidade.

4 NOTAS

1Coordenador do projeto. Doutor em Geografia. Coordenador de estágio IFTM Campus Uberlândia. [email protected] 2Equipe executora: [email protected] Especialista em Gestão pública - Coordenadora de extensão, [email protected] . Profª Drª em Alimentos e Diretora de Ensino - DDE, [email protected] – Prof. Dr. em Agronomia e Coordenador de Produção, Inovação e Pesquisa - CGPIP, [email protected] Profª Drª em veterinária – coordenadora do curso Técnico em Agropecuária, [email protected] Prof. Me. em Alimentos - coordenador do curso de Tecnologia em Alimentos, ní[email protected] Pedagoga Ma. em Educação, [email protected] – Técnica em Assuntos Educacionais – Ma. em História - Coordenadora de ensino - CGE3Técnico em Agropecuária. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013. E-mail. extensã[email protected] Agronômica. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013. *Bolsista voluntária: E-mail. extensã[email protected] 5Superior de Tecnologia em Alimentos. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013. E-mail. extensã[email protected] 6Técnico em Manutenção e Suporte em Informática. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro

Page 17: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

18

– Edital 03/2013. E-mail. extensã[email protected] 7Técnico em Meio Ambiente. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013. E-mail. extensã[email protected] 8Parceiros Externos: [email protected] – Gerente Regional da EMATER em Uberlândia.9Parceiros Externos. Prefeitura Municipal de Uberlândia: [email protected] Diretor de Agropecuária na Secretaria de Agropecuária e Abastecimento10Parceiros Externos. Cooperativa Escola dos Alunos do IFTM – Campus Uberlândia. [email protected] – Prof. Me. em Educação Física - coordenador da cooperativa.

5 REFERÊNCIAS

INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO – IFTM. Resolução nº 27/2012: aprova o Regulamento das Atividades de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Uberaba: Conselho Superior – CONSUP, 2012.

_______. Resolução nº 139/2011: dispõe sobre a aprovação da Regulamentação das Atividades de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Uberaba: Conselho Superior.

SEMANA DA FAMÍLIA RURAL, 25, 2012, Uberlândia. Projetos. Uberlândia: Coordenação de Integração Escola Comunidade do IFTM Câmpus Uberlândia - CIEC, 2012.

SEMANA DA FAMÍLIA RURAL, 26, 2013, Uberlândia. Folder. Uberlândia: Coordenação de Integração Escola Comunidade do IFTM Câmpus Uberlândia - CIEC, 2013.

Page 18: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

19

BIBLIOTECA DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA OS CAMPI DO IFTM EM UBERABA

Rutiléia Maria de Lima Portes1

Daniela Resende Silva Orbolato2

RESUMO

Este trabalho relata as experiências vivenciadas pelos integrantes do projeto “Biblioteca de tecnologias assistivas para os campi do IFTM em Uberaba.”, cujas atividades aconteceram no período de agosto a dezembro de 2015. O projeto realizou a catalogação e composição de um acervo constituído por tecnologias assistivas disponíveis às pes-soas com deficiência nos dias atuais. A pesquisa teve como objeto as novas tecnologias, ou seja, aquelas que envolvem a informática com o intuito de possibilitar ou facilitar o acesso à informação da pessoa com deficiência ao conhecimento, bem como à interação nos meios/ambientes sociais comuns a todos. Ao fim, vários tutoriais de tecnolo-gias assistivas foram construídos e postados numa plataforma virtual que esperamos aperfeiçoá-la e disponibilizar no próximo ano a partir da continuidade deste projeto em sua segunda versão.

Palavras-chave: Tecnologias Assistivas. Educação. Pessoas com deficiência.

1 INTRODUÇÃO

Desde a criação da LDB em 1997, as orientações dos órgãos públicos apontaram para a inclusão de alunos com deficiências na rede regular de ensino, mas, ainda hoje, tal rede não está totalmente preparada para esse tipo de atendimento. Entretanto, preparadas ou não, as escolas, públicas e privadas, não podem impedir a matrícula de quaisquer alunos com deficiência, estando sujeitas à penalização de acordo com a legislação atual.

Page 19: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

20

O avanço exponencial da Tecnologia Assistiva (TA) nos úl-timos anos tornou-se um grande aliado desses processos inclusivos, facilitando as intervenções dos especialistas, professores e pais e, so-bretudo, a vida cotidiana e escolar dos alunos com deficiência. Pela via de uma TA vemos hoje um aluno com deficiência visual desem-penhar, com total autonomia, suas atividades escolares valendo-se de um computador com leitor de tela, ou um aluno surdo se comu-nicando com alguém que nem sabe libras. Infelizmente, ainda são poucos os alunos com deficiência que têm acesso a tais ferramentas, por inúmeros fatores, dentre eles a desinformação ou a dificuldade de acessá-las de modo fácil e sem muitos custos financeiros.

As tecnologias assistivas compõem o conjunto das TIC (Tecnologias de informação e comunicação). De acordo com a Lei Brasileira da Inclusão – LBI 13146 – aprovada recentemente em julho de 2015, tecnologia assistiva é:

(...) tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equi-pamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estraté-gias, práticas e serviços que objetivem promover a fun-cionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, vi-sando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão educacional (art. 3, inciso iii).

Ressalta-se que apesar do termo “tecnologia” - amplamente citado nas políticas públicas atuais, se refira muitas vezes ao termo mais genérico da palavra, nós o utilizaremos para nos referirmos principalmente às novas tecnologias, ou seja, àquelas que envolvem a informática e as redes digitais. Enfatizaremos a função comunica-cional dessas tecnologias, pois a proposta é compreender como elas contribuem para os processos educacionais de pessoas com defici-ências, analisando suas potencialidades interacionais e comunicacio-nais tão importantes desde os anos iniciais da educação.

De acordo com Raiça (2008), o próprio conceito de tecno-logia nos possibilita inferir sua aplicabilidade e contribuição para os processos inclusivos de pessoas com deficiência. A autora explica

Page 20: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

21

que a palavra possui etimologia grega, que significa a ciência da téc-nica, proveniente da junção entre téchne, que significa arte e destreza, e logos, que quer dizer estudo e ciência. Nessa perspectiva, pode-se pensar que tecnologia envolve a aplicação dos conhecimentos cien-tíficos na solução de problemas, ou seja, é o estudo das técnicas que auxiliam a humanidade a viver com melhor qualidade (RAIÇA, 2008). Então, se a função da tecnologia assistiva é de auxiliar uma vida melhor para as pessoas com algum tipo de limitação, o seu conceito está atrelado ao conceito genérico de tecnologia, ambos se adequando perfeitamente à melhoria da vida de todas as pessoas.

Considerando-se a necessidade cada vez mais atual de per-manente atualização de conhecimentos e informações para ingresso e permanência no mercado de trabalho, as tecnologias assistivas po-dem ser determinantes para o livre acesso ao conhecimento, comu-nicação e interação social das pessoas com deficiência. Tais tecno-logias estão disponíveis em diversos sites na internet, mas buscá-las e utilizá-las nem sempre é simples e imediato. Não há um catálogo unificado das mesmas e nem todas possuem um roteiro claro de instalação e de utilização. Logo, a catalogação e a documentação desses recursos demandam algum conhecimento em informática. Outro aspecto favorável é que o IFTM possui vários cursos volta-dos à informática, foi propício realizar essas atividades com os alu-nos desses cursos para que, posteriormente, possamos divulgá-las ao público interno e externo.

Desse modo, o objetivo principal do projeto foi disponibili-zar ao público interno e externo do IFTM, um site com ferramentas para tecnologias assistivas com possível aplicação em educação jun-tamente com roteiros de instalação e utilização das mesmas.

Com a finalidade de atingir esse principal, elencamos outros objetivos: tencionou-se oferecer aos alunos da área de informática do IFTM (campus UPT) oportunidade para conhecer os recursos tecnológicos que possibilitam às pessoas com deficiência terem o mesmo acesso à informação, ao conhecimento, à comunicação e

Page 21: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

22

interação social comum a todos; constituir grupos de estudo e dis-cussão acerca da importância das tecnologias para o processo edu-cacional das pessoas com deficiência e sua inclusão social como um todo; e catalogar as tecnologias assistivas disponíveis às pessoas com deficiência nos dias atuais.

Nos campi de Uberaba do IFTM, embora haja um certo preparo para acolher os alunos com deficiências, ainda há espaço para a melhoria no que se refere ao uso de tecnologias assistivas. A eficiência das propostas inclusivas que as Tecnologias Assistivas oferecem está diretamente relacionada a fatores contextuais presen-tes no universo habitual dentro do campo de atuação dos agentes sociais como: o dia a dia, rotinas educacionais, rotinas de trabalho e entretenimento. Portanto, esforços para a progressão de todos com aprendizagem estão direcionados para a construção coletiva do am-biente favorável à vivência de uma inclusão social com ênfase na aprendizagem, significativa, contextualizada e interdisciplinar.

2 DESENVOLVIMENTO

Apesar dos projetos de extensão previrem um único coorde-nador, é importante destacar que o envolvimento da coordenadora do curso de engenharia da computação do UPT/IFTM foi determi-nante para a organização das atividades e para os resultados obtidos e, por isso, em vários momentos deste relato, falamos em coorde-nadoras ou orientadoras. Ressaltamos ainda que consideramos im-portante constar nesse relato algumas falas dos alunos bolsistas, que embora não identificadas, são muito significativas ao trazerem suas próprias percepções sobre o desenvolver deste trabalho.

Ainda que a proposta do projeto não abrangesse uma dis-cussão conceitual acerca da inclusão educacional das pessoas com deficiência, acreditamos que qualquer projeto que se empreenda nes-se sentido exige sensibilidade e percepção de seus participantes. Isso porque qualquer intervenção ou ajuda técnica que busque minimizar

Page 22: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

23

as limitações de uma pessoa com deficiência possui um significado para além de suas aplicações práticas e objetivas na vida diária.

Por isso, a coordenadora deste projeto, logo no primeiro en-contro com os bolsistas, relatou suas próprias experiências enquan-to pessoa com deficiência visual, falando de sua trajetória educacio-nal, suas frustrações e dificuldades enfrentadas sem qualquer apoio de especialistas ou de tecnologias assistivas. Demonstrou como hoje o computador com leitor de tela é até mesmo determinante para o desempenho de suas atividades profissionais e pessoais. Vejamos o que expressou um dos bolsistas acerca desse depoimento:

Ficamos ainda mais empolgados com o tema, quando nossa orientadora, que possui uma deficiência, nos contou alguns de seus relatos e de como algumas TA a ajudaram a superar todas as barreiras e a se tornar uma mestra, além de saber dominar o computador como qualquer outra pessoa que não possui a deficiência. Devido a isso todos se empenharam avi-damente para fazer o melhor trabalho possível.

Para o desenvolvimento das atividades específicas de exten-são, se fez necessário a realização de pesquisas para que os alunos se inteirassem acerca do tema, buscando informações como: o concei-to de tecnologia assistiva, tipos, classificação, TIC assistivas, impor-tância social e educacional dessas tecnologias na vida das pessoas com deficiência, suas relações com o ambiente computacional e, por fim, os tipos de deficiências para as quais tais tecnologias são arqui-tetadas. Sobre esse momento, um dos alunos destacou o seguinte: “Ao fim da pesquisa e da discussão do tema, começamos a ter uma mente mais aberta e a entender melhor algumas coisas que antes não entendíamos muito bem”.

A partir dessa pesquisa inicial, foi desenvolvida uma dis-cussão aberta em que todos puderam falar de suas experiências de leitura, suas percepções e perspectivas acerca do tema. O envolvi-mento e interesse dos alunos foi perceptível desde esses primeiros momentos, pois desfrutavam da oportunidade de construção de conhecimentos novos e diferentes, não estudados nos cursos téc-

Page 23: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

24

nicos e superiores do IFTM. Para que os alunos também pudessem ter uma boa noção acerca das particularidades de cada categoria de deficiência, cada um passou a pesquisar sobre uma modalidade, o que os conduziu na sequência à pesquisa por tecnologias assistivas relacionadas à deficiência já estudada. Por fim, ficou claro que ja-mais conseguiríamos abranger todos os tipos de tecnologias assis-tivas num só projeto e definimos que o nosso foco seriam aquelas que contribuíssem diretamente para o sucesso educacional do aluno com deficiência.

Na sequência, os alunos passaram a elaborar os tutoriais para utilização dos aplicativos, nos quais deveriam constar: como fazer o download (caso fosse um software), como instalar, como usar, e quaisquer outras informações pertinentes. E, assim, a cada semana um aluno se responsabilizou por apresentar seus tutoriais, contando com as dicas de aprimoramento das coordenadoras.

São exemplos dos tutoriais construídos: meaVox, um software feito para autistas se comunicarem com mais facilidade; I can have conversation, um software utilizado para auxiliar na vida diária de pesso-as autistas; MyHomework criado para ajudar na organização da vida escolar de qualquer estudante; o TalkBack e o NVDA, para deficien-tes visuais; o HandTalk e o ProDeaf, para deficientes auditivos; o He-adDev para os deficientes físicos. Para favorecer aos estudantes com deficiência intelectual em sala de aula, foram analisados aqueles que facilitam a interação com os conteúdos e com o ambiente escolar, como o Evernote, o Wunderlist e o Any do. Também os jogos, como o Peak e o Fit Brains Trainer.

Esses aplicativos favorecem o raciocínio lógico, a função psicomotora, a concentração, o seguimento de regras, o levanta-mento de hipóteses, a curiosidade, os interesses, a noção temporal e o reforço dos acertos por possibilitar um feedback rápido do próprio desempenho, estimulando a memória, a capacidade perceptiva, a motivação, a solução de problemas, o seguimento do ritmo próprio na execução da atividade, o reconhecimento e o treino da intencio-

Page 24: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

25

nalidade, a consciência da ação etc.Uma aluna bolsista destacou o seguinte a partir de sua pes-

quisa: “CâmeraMouse com certeza é um software favorito. Nunca imaginei utilizar o computador sem precisar movimentar braços, mãos e dedos. É tecnologia que surpreende com os seus resultados espetaculares”.

À medida que as tecnologias foram aprovadas pela equipe executora, os alunos extensionistas passaram a incluí-las em um site (design e criação pelos alunos), disponível provisoriamente em http://kelwin-hike.wix.com/test1, com informações pertinentes à tecnologia, como e onde obtê-la, os requisitos para sua instalação, o descritivo das funcionalidades, da forma de instalação e de uso. O formato de disponibilização dessas informações na web foi cons-tantemente analisado pela equipe executora e extencionistas tendo em vista proporcionar o acesso mais adequado e inclusivo aos da-dos. Esse processo de construção incremental permitiu avaliações, por parte da equipe executora, do formato e dos dados disponibi-lizados, retroalimentado a construção do site para as tecnologias já listadas e para as próximas.

Acerca desse site ainda provisório, um dos alunos bolsistas escreveu o seguinte:

Esse site é motivo de orgulho para todos nós. Muitas ve-zes os profissionais da educação não sabem como lidar com o aluno que precisa de um atendimento diferenciado. Em nosso site, tentamos elucidar que é possível receber esse aluno dentro da sala de aula e realizar a inclusão dele de forma que ele se sinta independente.

No próximo ano pretendemos dar continuidade ao projeto, aprimorando o site e disponibilizando-o ao público, em especial aos educadores e às pessoas com deficiência. Esses primeiros instantes de pesquisa, catalogação e estruturação do site foram imprescindíveis para a próxima fase, pois poderemos de fato desenvolver o caráter extensionista do projeto. Nos momentos em que tivemos oportuni-dades, falamos aos professores do município e do Estado acerca do

Page 25: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

26

objetivo do nosso projeto e já percebemos um grande interesse na disponibilização dos tutoriais aos profissionais da área.

Apesar de não termos concluído todos os objetivos propos-tos, a experiência da busca por informações novas, da discussão em grupo, das interrogações acerca da vida singular de uma pessoa com deficiência enriqueceu a todos em suas concepções acerca do signi-ficado e importância das tecnologias assistivas. Apresentamos a se-guir algumas falas dos alunos que dão provas de nossas experiências positivas: “ao mesmo tempo em que se presta um serviço em prol da comunidade, o pesquisador adquire um conhecimento capaz de desenvolver o lado humano”.

Minha experiência foi bastante prazerosa, pois pude aprender muito com as coordenadoras/professoras e demais colegas, consegui entender que é extremamente importante a consciência de cada um para que possamos ajudar na inclusão social de pessoas com algum tipo de limitações físicas e/ou intelectuais. Com as pesquisas realizadas pude ver que para poder con-cretizar a apreensão e prover a estimulação dos processos cognitivos dos alunos deve-se criar condições para a atu-ação ativa do aluno, o uso de situações aplicadas (contex-tualizadas), o uso de um conteúdo curricular funcional e o trabalho de habilidades positivas. Aprendi que as Tecnologias Assistivas são todos os meios analógicos ou digitais que podem ajudar de alguma forma uma pessoa com limitações e que está disponível e acessível a todos. Foi muito emocionante poder concluir esse tra-balho e ajudar na criação da Biblioteca Virtual, onde será de grande uso, espero ter contribuído com meu esforço e dedicação com o projeto a fim do melhor uso por todos.

Consideramos, entretanto, que a concretização dos objetivos deste projeto significa apenas uma pequena parcela de um objetivo maior e mais abrangente. Trata-se da utilização dessas tecnologias digitais assistivas no dia a dia da escola, entre educadores e alunos com deficiências. Esse é um desafio que perpassa não somente a educação inclusiva, pois a utilização de tecnologias digitais em am-

Page 26: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

27

biente escolar tem produzido inúmeros debates entre estudiosos. Entretanto, independente dos defensores e críticos, o fato é que es-sas tecnologias integram o dia a dia dos alunos e não é mais possível pensar em políticas públicas educacionais, didática e metodologia docente sem a contemplação dessas tecnologias.

A análise em torno das políticas públicas, tanto referentes à educação geral como à educação especial e inclusiva, demonstra que no âmbito prescritivo, estão acompanhando as tendências sociais e culturais da era digital. São claras quanto à necessidade de inser-ção das TIC nos currículos escolares e nos planos docentes, dando abertura para a adequação da escola aos tempos do mundo virtual e informatizado. Fala-se da necessidade de adequação curricular e pedagógica, da formação dos professores e provimento de recursos tecnológicos na escola. Contudo, não há uma orientação específica de como os professores devem inserir essas tecnologias no cotidia-no da sala de aula e quais as estratégias que realmente causariam estas mudanças.

Por meio do Decreto nº 6.571/2008, o MEC amplia o apoio aos sistemas de ensino para a disponibilização de recursos de tec-nologia assistiva nas escolas, alcançando significativos avanços na efetivação do direito de todos à educação (INTERVOX, 2015).

Emer (2011), ao investigar a percepção dos professores da rede municipal de ensino das cidades de Caxias do Sul e Farroupi-lha, referente ao processo de inclusão escolar de alunos com defici-ência, concluiu que uma das questões mais evidenciadas na pesquisa foi concernente à falta de formação do professor. Dessa forma, a grande maioria dos professores precisa conhecer as potencialidades das tecnologias assistivas e se informarem acerca do seu baixo e alto custo para mediar o processo de desenvolvimento do aluno com de-ficiência. A autora ainda aponta outras conclusões em sua pesquisa: falta formação de professores para o uso de TIC, seja de baixa ou de alta tecnologia; não existe tempo de planejamento entre os profes-sores da sala de recurso multifuncional e da sala comum; não existe

Page 27: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

28

tempo de estudo referente aos recursos de tecnologia assistiva; mui-tas falas relataram a falta de conhecimento do que é tecnologia as-sistiva; a atividade mais desenvolvida na sala de recurso são os jogos pedagógicos; a maioria dos professores não percebe uma relação entre a sala de recurso multifuncional, a tecnologia assistiva e a sala de aula comum (EMER, 2011). E, por fim, concluiu a autora, que as tecnologias assistivas não estão inseridas no contexto escolar.

O mais preocupante é que essa realidade figura o quadro da maioria das escolas brasileiras, fato constatado por pesquisas se-melhantes aplicadas em outras regiões, afirmação da própria autora dessa pesquisa.

Existem muitos projetos de inclusão digital nas escolas, tan-to no âmbito da educação inclusiva como no ensino convencional, mas se tratam de iniciativas isoladas que não abrangem todo o corpo escolar, fazendo que se desenvolvam apenas através de interesses de alguns gestores ou professores cientes da importância da inclusão digital. Para uma maior abrangência o ministério da educação preci-sa traçar diretrizes específicas sobre como inserir as tecnologias no currículo escolar e na didática geral dos professores, independente de seus interesses particulares com as novas tecnologias. O profes-sor só será capaz de atuar na perspectiva da inclusão digital, seja com pessoas com deficiências, seja com os demais alunos, se tiver orientações claras sobre como trabalhar seus conteúdos disciplina-res usando as novas tecnologias, assim como domina a utilização do livro didático em suas aulas.

3 CONCLUSÃO

A conclusão do presente projeto e a divulgação de seus re-sultados são de grande importância para a disseminação de ideias, concepções e práticas em torno do uso das tecnologias assistivas em ambiente educacional. Tendo em vista a continuidade deste projeto para o ano de 2016, pretendemos como meta final ministrar um

Page 28: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

29

curso para educadores, pais, especialistas e pessoas com deficiências ensinando-as como utilizá-las.

Enfrentamos assim de modo consciente, o desafio de ofere-cer nossa contribuição à garantia dos direitos de todos à vida social e educacional plenas, independente de suas condições físicas, senso-riais e intelectuais.

Vimos que qualquer projeto empreendido nesse sentido passa pelo conhecimento do perfil dos usuários, aliado à suas expectativas de sucesso. São na sua grande maioria indivíduos oriundos de núcleo familiar com pouca instrução acerca das possibilidades de melhoria para suas vidas como um todo. Nesse contexto, acreditamos que as Tecnologias Assistivas favorecem grandemente ampliando as possibi-lidades de inclusão social e educacional pela via digital.

4 [email protected], mestre em educação, pedagoga, presidente do NAPNE do IFTM Campus [email protected], mestre em ciência da computação, professora EBTT, coordenadora do curso de Engenharia de Computação

5 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: Informação e documentação: numeração progressiva das se-ções de um documento. Rio de Janeiro, 2003.

BRASIL. Lei n. 9. 394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 1996.

_____. Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015. Estabelece o estatuto da pessoa com deficiência. Brasília, 2015.

EMER, Simone de Oliveira. Inclusão escolar: Formação docen-

Page 29: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

30

te para o uso das TICS aplicada como tecnologia assistiva na sala de recurso multifuncional e sala de aula. 2011. 149f. Dissertação (Mestrado) programa de pós-Graduação da Faculdade de Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

INTERVOX. O MECDAISY. Disponível em: <http://intervox. nce. ufrj. br/mecdaisy/daisy. htm> acesso em maio de 2012

RAIÇA, Darcy (Org.). Tecnologia para Educação Inclusiva. São Paulo: Avercamp, 2008.

Page 30: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

31

CINE CULTURAL CENIDLuana Aparecida Silva Borges1, José Lucas Lopes2, Márcia de Fátima Xavier3,

Lívio Soares de Medeiros4, Osvando de Melo Marques5

“Agora mais do que nunca nós temos que conversar uns com os outros, ouvir uns aos outros e entender como ve-mos o mundo e (o) cinema é o melhor meio de fazer isso.” ― Martin Scorsese

RESUMO

Apresenta-se por meio deste trabalho o relato de experiência do projeto de extensão CINE CULTURAL CENID, apoiado pelo Ins-tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mi-neiro — Edital 01/2014. O referido projeto visou aprimorar, por meio da inclusão cinematográfica de diferentes categorias, gêneros e nacionalidades, o conhecimento cultural e linguístico de discentes, servidores e comunidade externa de Patos de Minas com interesse no aprendizado de línguas estrangeiras. Propiciou-se ainda o desen-volvimento do diálogo, da criticidade reflexiva e da ampliação do repertório cultural em âmbito escolar, numa sociedade ideal mais ampla culturalmente.

Palavras-chave: Cinema. Língua Estrangeira. Conhecimento Cultural.

1 INTRODUÇÃO

Com o advento da globalização propiciada pelas Grandes Navegações e Descobertas Marítimas dos séculos XV e XVI, o homem se deparou com inúmeras transformações de caráter mundial em que os povos dos mais diversos territórios estabe-leceram relações comerciais, culturais e sociais com os demais continentes. Este processo de integração socioeconômico teve sua efetivação firmada no final do século XX com a queda do so-cialismo, tornando possível que a sociedade se relacionasse com

Page 31: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

32

as demais, disseminando suas culturas, realizando transações co-merciais e financeiras, além de criarem padrões mundiais e pos-sibilitar o debate e exposição de ideias. (Útil lembrar que esses padrões mundiais, não raro, se exacerbados ou levados à ultima consequência, podem acabar com ricas peculiaridades regionais.) A grande rede de informações que se criou em consequência desta globalização, difundida pelos meios de comunicação, tem exercido forte influência nos hábitos e opiniões humanas, sendo necessário que as pessoas adquiram conhecimentos acerca das línguas e das culturas estrangeiras, bem como sobre o desenvol-vimento crítico tecnológico.

A elaboração deste projeto se justifica ao proporcionar ao público envolvido a obtenção deste conhecimento por meio de atividades culturais mediadas por sessões cinematográficas que ressaltem a importância da compreensão e da interpretação da língua estrangeira, assim como do posicionamento crítico, uma vez que os contextos sociais representados na tela podem entrar em contraste com os cenários da vida quotidiana, possibilitando debates entre a comunidade e o aprimoramento da concepção “educação/cultura”.

O projeto Cine Cultural CENID teve como objetivo ge-ral o aprimoramento dos aprendizados culturais e linguísticos dos envolvidos nas atividades, acrescendo na acessibilidade dos mesmos às produções do ramo cinematográfico de diversas na-cionalidades, gêneros e categorias. Inseridos dentro deste objeti-vo ecumênico citar-se-ão as especificidades que ansiamos:

• ampliar a capacidade crítico-reflexiva com a adesão da cinematografia ao acervo cultural na vida e nos ofícios;

• incentivar o desenvolvimento de atividades voltadas às línguas inglesa (idioma universal) e espanhola voltadas para inte-ressados, com a participação de discentes;

• estabelecer o debate entre a narrativa do cinema e o entendimento social assimilado no decorrer da nossa formação;

Page 32: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

33

• agregar a linguagem cinematográfica à nossa formação, reconhecendo-a como elemento constitutivo da mesma;

• capacitar os alunos tanto para o mundo globalizado em contato com diversas culturas e falantes nativos quanto para o mercado de trabalho hodierno.

2 DESENVOLVIMENTO

A equipe executora do projeto Cine Cultural CENID foi composta pelos professores do CENID do campus Patos de Mi-nas: Márcia de Fátima Xavier, Lívio Soares de Medeiros e Os-vando de Melo Marques; e pelos alunos Luana Aparecida Silva Borges e José Lucas Lopes. As atividades do projeto foram de-senvolvidas em uma sala de aula adaptada no próprio campus.

Inicialmente, desenvolveu-se um formulário de pesqui-sa aplicado aos discentes e servidores do IFTM, campus Patos de Minas, para averiguar qual era o gosto cinematográfico e o horário de interesse para realização das sessões (em anexo). Em sequência, realizou-se a apuração dos resultados obtidos com a pesquisa, e constatou-se que das pessoas que responderam o questionário, 40 preferiam filmes de ficção; o horário que mais agradou foi às segundas-feiras das 12h às 14h, horário de almoço dos alunos do ensino técnico integrado ao médio. Em relação ao interesse pela exibição de curtas-metragens, 35 disseram interes-sar-se.

Obtendo-se os resultados, ficou estabelecida a segunda--feira como dia fixo para a realização das sessões, que ocorreria a cada quinze dias no período das 12h às 14h, em uma sala de aula do campus Patos de Minas, utilizando para isso os aparelhos dis-ponibilizados pelo mesmo. Decidiu-se também, baseando-se na preferência do público, o primeiro filme a ser exibido foi “Festim diabólico”, um filme estadunidense de 1948, do gênero suspense, dirigido por Alfred Hitchcock. Tendo sido feita a escolha da

Page 33: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

34

obra, preparou-se um sucinto comentário inicial e programou-se um debate para o final da sessão. A exibição das legendas em idioma original ou em idioma nacional foi escolhida no momen-to da exibição pelos presentes.

As demais sessões seguiram um padrão de pesquisa, esco-lha, planejamento, divulgação e execução. A pesquisa basicamen-te se realizava ao observar os gostos do público, levando-se em conta assuntos e temáticas atuais. A escolha era feita embasada na pesquisa ou ainda por indicações do público. Muitas vezes ti-vemos dificuldades com a seleção dos filmes, visto que a maioria dos que nos eram sugeridos tinham duração excedente ao tempo disponibilizado para sua exibição, privando, em alguns momen-tos, o público da realização dos debates. Tendo a pesquisa sido feita, a bolsista iniciava um processo de obtenção do filme, fos-se baixando-o pela internet ou adquirindo-o em uma locadora de filmes. Planejavam-se, então, o comentário e o debate, par-tindo-se para a divulgação, para a qual se criou uma logomarca — “representação visual ou gráfica que identifica uma marca ou empresa, criando uma ligação com os consumidores e poten-ciais consumidores” — para representar o projeto e um cartaz de exibição disponibilizado na página do Centro de Idiomas na rede social Facebook e nas dependências do campus. A bolsista preparava a sala de exibição previamente, dispondo as cadeiras de forma a criar um ambiente de comodidade para o público e montando o equipamento utilizado para os fins do projeto.

Mediante pedidos, a fim de não chocar horários com ou-tras atividades realizadas no campus no momento das exibições dos filmes, os responsáveis pela coordenação do projeto procu-ravam horários alternativos para as sessões, visando atender um público maior. Em alguns momentos também foram convidados docentes de outras áreas para participar das sessões e dos de-bates que as sucediam. O gráfico a seguir quantifica o público presente em cada sessão.

Page 34: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

35

Com o objetivo de atingir o máximo possível a comunidade externa, todas as sessões do Cine Cenid foram anunciadas nas páginas das redes sociais do campus. Tivemos um alcance de visualizações con-siderável em muitas chamadas. A distância do campus em relação ao centro da cidade e o horário das exibições dos filmes nos pareceram ser um dos maiores impedimentos da falta de presença do público externo. Desejosos de atingir mais efetivamente esse público, fizemos uma sessão de cunho social em parceria com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), de Patos de Minas. Assim, o projeto expandiu suas atividades para o exterior do campus. Inicialmente fez-se contato com a instituição, que gentilmente nos abriu as portas para que a atividade fosse realizada. Fizemos uma visita prévia ao local

Page 35: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

36

e lá tivemos uma orientação acerca do público e de quais tipos de atividades poderiam ser desenvolvidas, na intenção de atender me-lhor aos pacientes da instituição. Optou-se por exibir um episódio do seriado mexicano “El Chavo del ocho”, no Brasil, simplesmente Chaves, intitulado “O Banho do Chaves”, como forma de incentivar os frequentadores do CRAS, de forma lúdica, sobre a importância da higiene pessoal. O cuidado com o corpo era um tema que vinha sen-do trabalhado com os pacientes do CRAS pelos servidores da institui-ção. O tema, portanto, nos foi sugerido para atender a uma demanda existente. No dia da exibição do filme contamos com a presença de 35 pacientes da instituição. O público se mostrou bastante interessado e envolvido com episódio escolhido.

Nessa sessão houve uma maior participação de alunos vo-luntários e de outros três professores do campus: Maíra Rezende (pro-fessora de Biologia), Cristina Matos (professora de Artes) e Fabrício Peixoto (professor de Filosofia e de Sociologia). Após a exibição do filme, a professora de Biologia falou sobre a importância da higiene pessoal. Houve uma grande interação nesse momento, pois os pa-cientes da instituição se mostram interessados no tema, desejosos de saber mais. Os questionamentos foram respondidos e, em seguida, abrimos espaço para momentos de brincadeiras lúdicas para refor-çar a mensagem do episódio e das dicas de higiene que haviam sido repassadas pela professora de Biologia. Inicialmente os pacientes se mostraram receosos a participar, porém, à medida que as atividades eram realizadas e que a equipe os incentivava, eles foram relaxando e participando ativamente das mesmas, tendo solicitado ao final que voltássemos ao local com outras atividades.

Como forma de incentivo, os participantes receberam um kit de higiene básico com itens arrecadados em uma campanha de doação realizada no IFTM. Além dos produtos de higiene, também foram arrecadados materiais de oficina terapêutica (lápis de cor, tin-ta, giz de cera etc) para atividades da instituição.

Levar o Cine Cenid para a comunidade externa foi uma ex-

Page 36: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

37

periência enriquecedora para todos os envolvidos no projeto: alunos, servidores e público atingido. No momento da despedida, firmamos o compromisso de voltar à instituição porque tivemos um retorno maravilho deles e o desejo manifestado de que pudéssemos oferecer outros momentos como o que foi vivenciado. Os alunos também se sentiram bastante motivados e tocados com a atividade. Saíram de lá bastante agradecidos por poderem participar desse momento do projeto, que teve como culminância essa atividade de cunho social tão enriquecedora e gratificante.

3 CONCLUSÃO

A aquisição de conhecimentos acerca de novas culturas e de línguas estrangeiras faz-se imprescindível à sociedade hodierna, uma vez que têm se tornado cada vez mais comuns relações en-tre países distintos. A globalização propiciou um constante fluxo de informações e de pessoas, além de uma inegável aproximação cultural. O mercado de trabalho atual exige profissionais que de-tenham conhecimentos gerais sobre outras culturas e que saibam falar e compreender outras línguas, principalmente o inglês e o es-panhol, além de possuírem criticidade e capacidade de interpreta-ção. Assim, percebemos que a elaboração do projeto em questão foi de suma importância para a construção destes conhecimentos e para nossa formação crítica, propiciando ainda um momento de lazer e de conversação. Concluímos com o Cine Cultural CENID que os discentes e as pessoas no geral apresentam maior facilidade em aprender outras línguas por meio de atividades lúdicas que os incitem a desenvolver a concentração, a percepção, a interpretação, a prática da fala; atividades que despertam interesse nos mesmos, acrescendo conhecimento em seu vocabulário e em seu entendi-mento. Contudo, também foi possível inferir com esse projeto que a exibição das sessões em horário semelhante ao de outras atividades provoca grande decréscimo de público, que demonstra vontade em

Page 37: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

38

participar. Além disso, como grande parte das obras cinematográfi-cas tem duas horas como média de duração, muitas vezes o tempo que tínhamos para a realização da atividade mostrou-se insuficiente para a exibição do filme e o posterior debate. Ademais, acreditamos que o projeto agregou, de forma positiva, incontável melhora na capacidade crítico-reflexiva dos envolvidos, e que se tivéssemos tido a disponibilização de um horário mais extenso, as melhoras teriam sido bem maiores.

4 NOTAS

1Aluna do Curso Técnico em Logística Integrado ao Ensino Médio, bolsista do projeto, campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] do Curso Técnico em Eletrotécnica Integrado ao Ensino Médio, voluntário do projeto, campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] em Literatura Modernas e Contemporâneas (UFMG), professora EBTT de Português/Espanhol e coordenadora do projeto, campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] em filosofia (UNIPAM), professor EBTT de Português/Inglês, campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês (USP), professor EBTT de Português/Inglês, campus Patos de Minas. E-mail: [email protected]

Page 38: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

39

5 ANEXO A - FORMULÁRIO DE PESQUISA

Page 39: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

40

CINE HISTORY: O USO DA TELONA PARA AMPLIAR OS HORIZONTES1

Prof. Dr. Luciano Marcos Curi2Camila Adriane Almeida Silva3

Laís Helena do Amaral Matos4

RESUMO

O projeto de extensão intitulado Cine History: História, Cultura e Arte é desenvolvido desde o ano de 2013, no IFTM, e tem como objetivos a ampliação do universo cultural dos estudantes e da comunidade exter-na, o estímulo à curiosidade e o desenvolvimento da criticidade e do interesse pelo estudo da sociedade. Procura utilizar a linguagem cine-matográfica para propiciar debates e inferências sobre os mais diver-sos aspectos sociais. O projeto também discute a própria linguagem cinematográfica como elemento cultural e construtor de interpreta-ções sociais. Trata-se enfim de uma ação interdisciplinar voltada para estudantes dos cursos do IFTM e, também, para a comunidade exter-na. Desde o princípio, o projeto mostrou-se frutífero e enriquecedor promovendo uma interação transformadora dos participantes. Até o presente momento já foram exibidos 44 filmes seguidos de debates formatados para problematizar e ampliar as temáticas expostas nos filmes. Os relatos recebidos apontam que o projeto consegue abor-dar vários temas não contemplados rotineiramente no âmbito escolar, evidenciado sua estreita articulação com o Ensino.

Palavras-Chave: Relato de experiência. Cinema. História. Cultura. Arte. IFTM. Extensão.

Page 40: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

41

1 INTRODUÇÃO

O projeto Cine History foi formalizado pela primeira vez du-rante o ano de 2013, no IFTM Campus Ituiutaba, pelo professor Dr. Luciano Marcos Curi. Naquela ocasião, o referido professor lecionava a disciplina de História e movido pelo debate com os estudantes dos cursos técnicos de Informática e Agroindústria5 formatou-se a primeira edição do Cine History que foi então dedicada ao tema da Revolução Francesa. O nome Cine History também surgiu nessa ocasião.

A ideia original era criar uma forma e um espaço-tempo ade-quado para se exibir os filmes relacionados ao tema estudado em sala de aula; entretanto, a duração prolongada impossibilitava de se-rem assistidos durante as aulas. Como o professor Luciano Marcos Curi possuía experiências nesse sentido durante o período que lecio-nou no Uniaraxá e no Cefet-MG, os filmes foram pré-selecionados e os debates foram estruturados para cada exibição. Participaram da organização os seguintes estudantes: Bruna Alves Carneiro, Daruick Cunha, Gabriel Resende, Letícia Finholdt, Pedro Chagas e Thalia Rissa Silva. O objetivo era ir para além do que se fazia em sala de aula. Desde a primeira edição o Cine History foi aberto à participação da comunidade externa.

A iniciativa foi um sucesso e extrapolou muito os objetivos iniciais propostos. O tema da Revolução Francesa contagiou os estudantes que compreenderam de forma muito vívida a impor-tância da Revolução para a formação da sociedade contemporâ-nea. Quando o professor Luciano Marcos Curi teve sua remoção publicada para o IFTM Campus Patrocínio, ainda em 2013, os es-tudantes confeccionaram uma bandeira francesa para a despedida e retomaram vários temas então debatidos. Reflexos visíveis do Cine History. Ficou muito evidente que a linguagem cinematográfi-ca possuía uma expressividade, narratividade e encantamento que não podiam mais ser ignorados.

Page 41: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

42

A partir do ano de 2014, já no IFTM Campus Patrocínio, com a inauguração dos cursos Técnicos Integrados ao Ensino Médio de Administração, Eletrônica e Manutenção e Suporte à Informática, o projeto foi retomado e ampliado. Outros professores foram convi-dados a participar e o nome do projeto foi também ampliado para Cine History: História, Cultura e Arte. Até o presente momento, parti-ciparam do projeto os seguintes profesores(as): Afonso Bernardino de Almeida Júnior (Eletrônica), Alcione de Souza Júnior (História), Ana Lúcia Araújo Borges (Gestão), Ana Luiza Borges de Paula Nunes (Biologia), Dirceu Fernando Pereira (Filosofia), Eloisa Elena Resende Ramos (Letras), Jonatas Aparecido Guimarães (Literatura), Laila Li-diane Costa Galvão (Gestão), Márcia Rodrigues Brogio Soler Montal-vo (Artes), Rafaela Cardoso Alves Portilho (Matemática), Rosa Amé-lia Barbosa (Artes), Rosana Machado de Souza (Artes). No Campus Patrocínio surgiu a ideia da criação do logotipo do projeto até hoje utilizado, uma criação do professor Matheus Garcia Soares.

Durante os anos de 2014, 2015 e 2016, foram realizados no Campus Patrocínio oito edições do projeto Cine History sobre temá-ticas e períodos históricos variados: 1) Civilizações: da origem da Humanidade às Primeiras Civilizações; 2) Mundo Greco-romano; 3) Sociedade Medieval 4) Civilizações; 5) Mundo Moderno; 6) Ra-cismo; 7) Guerras Mundiais; 8) Ditadura Militar.

O projeto sofreu algumas alterações de formato e procurou adequar-se a outras demandas que, inicialmente, não haviam sido contempladas. A exploração da linguagem cinematográfica foi mais acentuada e temas relacionados à verdade e à ética tornaram-se cada vez mais presentes. Ao todo já foram exibidos 44 filmes diferentes e com as re-exibições contam-se 49 sessões de cinema, todas seguidas de debate.

O Cine History desenvolve-se em três etapas: a primeira é o planejamento; a segunda, a execução; a terceira; a finalização.

Na etapa de planejamento, primeiro realiza-se uma escuta na qual os estudantes sugerem temas. Os professores e bolsistas do pro-

Page 42: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

43

jeto reúnem-se e verificam quais temas foram mais indicados e quais possuem filmes em quantidade e qualidade para serem escolhidos. Nessa etapa, o esforço é para contemplar os temas numericamente mais indicados. Escolhido o tema pela comissão, procede-se nova consulta aos estudantes para indicação de filmes. Novamente, com ajuda dos bolsistas, é feito um levantamento de filmes indicados que podem ser aceitos ou substituídos pela equipe do Cine History. Nessa ocasião, a experiência dos professores com cinema e com o tema escolhido ajuda muito a escolher bons filmes. Filmes que agradam o público e que também permitam ser explorados, tanto do ponto de vista cinematográfico quanto temático. Definidos os filmes, pro-cede-se a confecção dos cartazes e do folder para divulgação interna e externa. Elabora-se uma escala com a distribuição dos filmes por professores/debatedores responsáveis. Agenda-se a utilização do Anfiteatro do IFTM Campus Patrocínio. Alguns filmes são exibidos e re-exibidos sempre com o propósito de proporcionar oportunida-de para o maior número de pessoas assisti-los e debatê-los.

Na segunda etapa, é a execução propriamente dita. Os filmes são exibidos e, geralmente, dois professores ou mais acompanham toda a sessão, além dos bolsistas. Neste momento, além da pontua-lidade, é preciso ater-se a questões técnicas que podem prejudicar a exibição. Problemas com equipamentos, som, iluminação, etc. Inicial-mente um dos professores ou mesmo um dos bolsistas abre a sessão fazendo alguns poucos comentários sobre o filme que será exibido. Logo a seguir inicia-se a exibição. Um pequeno intervalo geralmente é feito aproximadamente quando 60% do filme foi exibido. É sempre importante escolher um momento do filme de clímax, de tensão ou suspense para interromper a exibição. Isso ajuda a plateia a retornar mais rápido do intervalo. Quando há recursos financeiros ou patroci-nadores, um lanche é servido para o público presente. Terminado o filme, o debate começa logo na sequência de forma livre. Geralmente cada professor faz uma exposição rápida (10 minutos aproximada-mente) e, depois, abre-se o espaço para perguntas do público. Fin-

Page 43: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

44

das as perguntas, faz-se o encerramento da sessão e os professores responsáveis ou os bolsistas relembram o público da data e do filme que será exibido na próxima sessão. Em cada sessão, procede-se a apuração da frequência do público interno e da comunidade externa mediante a utilização ingressos que são devolvidos aos bolsistas em dois momentos: no intervalo e ao término do debate. Essa mesma sistemática é adotada em todas as sessões.

A terceira etapa é o que ocorre após a exibição do último filme. Trata-se da elaboração dos relatórios para encaminhamen-to à Coordenação de Extensão. Para isso é preciso elaborar uma tabela com a frequência dos participantes. Depois disso é preciso preencher o formulário com a solicitação de certificados para a Coordenação de Extensão. Desde 2015, o projeto não tem mais frequência mínima obrigatória. Todas as pessoas podem obter sua certificação de que participou do projeto com a carga horária refe-rente aos filmes que assistiu (carga horária proporcional). Apenas quem assiste a todos os filmes tem direito a certificação com a carga horária total do Cine History. Terminada esta etapa inicia-se uma nova fase de planejamento.

Apesar das pequenas alterações sofridas pelo Cine History, sua formatação geral permaneceu. Isso significa que o projeto re-presentou um acerto na sua concepção, ou seja, exibir filmes segui-dos de debates. As mudanças que ocorreram foram fruto de uma reflexão sobre a prática. Desse modo, seus dois principais objetivos permanecem inalterados.

O primeiro deles é fazer uma ligação interdisciplinar entre Ensino e Extensão. Ao discutir temas que também estão em pauta na agenda escolar, o Cine History contribui de maneira decisiva para consolidar a aprendizagem escolar. Mas isso não é tudo. Ao abordar suas temáticas com o uso da linguagem cinematográfica, a história e a sociedade ganham vida perante os olhos atentos dos estudantes e demais participantes, além de a compreensão tão desejada dos fe-nômenos sociais pelo público juvenil ficar possibilitada para temas

Page 44: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

45

muitas vezes áridos de se trabalhar em sala de aula. O cinema ma-terializa com sua combinação de imagem e som uma narratividade muito rica e encantadora cujos benefícios na aprendizagem não de-vem ser desprezados. Nesse quesito, a composição interdisciplinar dos professores que participam do projeto e compõem as mesas--debatedoras é muito importante. Professores diferentes trazem vi-sões muito variadas do mesmo filme e dos mesmos fatos narrados. O contato do público com essa multiplicidade de opiniões torna o projeto muito rico e produtivo.

O segundo é ampliar o universo cultural dos estudantes e demais participantes do projeto, inclusive, dos professores que tam-bém relatam experiências ricas de aprendizagem durante os debates. Com a utilização dos filmes, temas como Racismo e Guerras Mundiais, por exemplo, ganharam uma dimensão ímpar e atingiram um grau de compreensão dificilmente alcançável na labuta escolar. Decididamen-te é o uso da telona para ampliar os horizontes. Portanto, o uso do cinema, além de recreativo, prazeroso, interativo e interdisciplinar de-monstrou no projeto Cine History ser também um agente consolidador e ampliador da formação crítica do público e dos membros integrantes do projeto.

Embora o Cine History tenha nascido de um diálogo de sala de aula e a partir de uma demanda escolar, articulando Ensino & Extensão, as últimas edições realizadas no ano de 2015 e 2016 evi-denciaram outra faceta que se pretende explorar cada vez mais. Tra-ta-se da dimensão externa, do contacto com o público externo, tão carente de oportunidades culturais de interação e debate quanto os alunos do próprio IFTM. Em 2015, o projeto felizmente contou com o apoio financeiro da Pró-reitoria de Extensão do IFTM atra-vés do Edital nº 03 de 2014. Esse apoio permitiu o recrutamento de duas monitoras com bolsa: as estudantes Camila Adriane Almeida Silva e Laís Helena do Amaral Matos. Com o auxílio delas, tornou--se possível ao projeto um salto ao se buscar a participação do públi-co externo. Enfim, tratou-se do IFTM Campus Patrocínio caminhar

Page 45: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

46

no sentido do cumprimento de sua missão quanto à Extensão, a saber: levar ações culturais e intelectuais à comunidade. Pretende-se, a partir de 2016, estabelecerem-se estratégias mais ousadas de arre-gimentação do público externo. Para isso intenciona-se um contato formal e o estabelecimento de um convênio formal com a Secretaria Municipal de Educação de Patrocínio e com o Centro Universitário do Cerrado (Unicerp) para que essas instituições encaminhem seus estudantes para participar do Cine History. Em 2016, uma vinheta publicitária foi confeccionada para utilização nas sessões do Cine History: a música Happy Children (de P. Lion), versão instrumental, simbolizando o projeto.

Portanto, com o auxílio da Pró-reitoria de Extensão do IFTM, ressaltou-se as justificativas de existência do projeto – aca-dêmicas e sociais. O Cine History mostrou-se valoroso tanto interna quanto externamente ao Campus. Uma ação de impacto também na comunidade, já que esta é carente de debater as mesmas temáticas que os estudantes do IFTM. Debates ricos e engrandecidos pelo uso do cinema – recurso midiático que por si só garante um bom conteúdo cultural às atividades do Cine History. Acredita-se que, em 2016, frutos ainda melhores virão.

2 DESENVOLVIMENTO

O uso do cinema, como ferramenta de ensino, é uma es-tratégia que remonta a década de 1980. Essa é uma temática bem consagrada em praticamente todas as Ciências Humanas, uma vez que inúmeras disciplinas utilizam dessa abordagem.

Isso não significa dizer que se possa, na atualidade, prescin-dir do cinema como ferramenta de ensino. Muito pelo contrário. O ensino de História, Cultura e Arte na atualidade tem demandado novas ferramentas e instrumentos. Um das questões urgentes é en-contrar formas mais atrativas para a apresentação de tais conteúdos para os mais jovens. Nesse sentido, a utilização do cinema destaca-se

Page 46: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

47

como uma opção valorosa, rica e diversificada. Isso se deve a vários aspectos: primeiramente, à grande quantidade de filmes disponíveis sobre as temáticas abordadas no Cine History; depois, à utilização crí-tica da própria linguagem cinematográfica é uma forma eficiente de despertar nos estudantes a percepção da realidade enquanto constru-ção histórica. Os filmes permitem um contato, ainda que limitado, com a cultura e a religião de outros povos e de outras épocas.

A metodologia utilizada no Cine History consiste na exibição dos filmes escolhidos seguida de debate por professores especialis-tas e convidados. Já ocorreu também a participação de estudantes que desenvolviam ações de Iniciação Científica como debatedores. Os filmes escolhidos correspondem a períodos históricos ou temas bem delimitados nos quais são observados os variados aspectos so-ciais (Pré-História, Antiguidade, Mundo Greco-romano, Sociedade Medieval) ou temas de grande relevância social como Racismo e Guerras Mundiais.

Tem-se em conta que os filmes passam a compor o imagi-nário dos participantes do projeto e se refletem tanto na sala de aula quanto no convívio externo. Relatos dos estudantes nos informam de debates acalorados ocorridos junto de suas famílias suscitados pelas atividades do Cine History. Isso evidencia o impacto do projeto.

Uma das aprendizagens que o projeto proporcionou aos pro-fessores com ele envolvido é que a escolha do filme é uma etapa fun-damental. No ano de 2015, os estudantes foram quem indicaram os filmes e os professores procederam a escolha entre a lista ofertada por eles. Houve pouquíssimos filmes indicados por professores. A experiência apontou no sentido de que o viés mais produtivo é, prefe-rencialmente, a partir dos filmes apreciados pelo público e no debate e na abordagem empreender o debate ético, crítico, metalinguístico e metacinematográfico. Observou-se que os professores tendem a es-colher filmes muito intelectualizados que fogem ao escopo do que se pretende o projeto. Cristalizou-se a ideia que deve-se partir do público e a ele retornar com uma abordagem mais crítica e construtiva. Nesse

Page 47: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

48

sentido, o desapreço por filmes mais comerciais diminuiu ao longo do projeto e evidenciou-se que é possível fazer um grande debate com qualquer filme, desde que devidamente preparado. A preparação e estruturação para o debate é que deve ser diferente.

Nesse sentido, verificou-se que as edições temáticas foram mais produtivas que aquelas que abordavam períodos históricos e que os filmes comerciais envolviam mais o público que os filmes mais intelectualizados. Percebeu-se, enfim, que o filme seria o meio pelo qual o projeto se realizaria e não sua finalidade última.

Segue uma tabela com todas as edições realizadas no Cine History.

Nº Nome da Edição IFTM DataAno/Semestre

Quant. Filmes

01 A Revolução Francesa e a forma-ção da sociedade contemporânea.

Campus Ituiutaba 2013/1º 05

02 Civilizações: Da origem da Huma-nidade às Primeiras Civilizações

Campus Patrocínio 2014/1º 05

03 Mundo Greco-romano Campus Patrocínio 2014/1º 05

04 Sociedade Medieval Campus Patrocínio 2014/2º 06

05 Civilizações Campus Patrocínio 2015/1º 05

06 Mundo Moderno Campus Patrocínio 2015/1º 05

07 Racismo Campus Patrocínio 2015/2º 05

08 Guerras Mundiais Campus Patrocínio 2015/2º 04

09 Ditadura Militar Campus Patrocínio 2016/1º 04

10 Anima History Campus Patrocínio 2016/1º -

Total de Filmes Exibidos 44

Page 48: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

49

Outro detalhe importante a se considerar é a classificação in-dicativa. Hoje no Brasil essa classificação é empreendida pelo Minis-tério da Justiça e disponível no site do próprio ministério via internet. Como o projeto contempla o público interno e externo do IFTM, sempre procurou-se acatar a classificação indicativa a risca. Houve uma aprendizagem importante nesse aspecto: primeiro, que a única fonte de consulta confiável é o próprio site do Ministério da Justiça; segundo, que a classificação pode ser revista a qualquer momento pelo órgão responsável do ministério motivada por recursos tanto dos pro-dutores do filme, quanto de pessoas e organizações que as contestem. Houve filmes mais antigos que foi preciso estabelecer um contacto di-reto com o ministério em Brasília para se saber a classificação e outros que havia divergência entre a informação impressa na capa do filme e a informação do site do ministério. Nesse último caso, preferiu-se sempre a informação do site do ministério. Aprendeu-se até mesmo um procedimento indicado pelo ministério para proceder com filmes ainda não classificados ou importados sem edição brasileira.

Esses detalhes não são um preciosismo. Como o público ju-venil e adolescente são alvo do projeto, é passível de haver contesta-ção das escolhas dos filmes. Portanto, a observância da Classificação Indicativa é quesito fundamental que sempre deve reger iniciativas que façam utilização do cinema como meio de ação extensionista.

Por fim, uma inovação importante no projeto de 2015 foi à introdução de debatedores estudantis. As primeiras debatedoras estudantis foram Judie Lorena Côrtes Ferreira e Jadie Letícia Côr-tes Ferreira (filme: Cruzada) e Camila Adriane Almeida Silva (filme: Conquista de Reis).

3 CONCLUSÃO

Os resultados até agora apontam para uma boa aceitação do projeto e um bom retorno pedagógico já que os estudantes e público externo têm demonstrado uma fluência melhor nos estudos escola-

Page 49: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

50

res após o projeto. O Cine History apresenta um formato bem simples e prático que, no entanto, pode ser ampliado para obtenção de re-sultados mais amplos. Acredita-se, contudo, que o formato possa ser aperfeiçoado para alcançar melhores resultados. Um dos aspectos que merece ser ressaltado é que o Cine History também é utilizado para divulgar o IFTM para a comunidade externa patrocinense.

4 NOTAS

1Também participam do projeto os(as) professores(as): Alcione de Souza Júnior, Jonatas Aparecido Guimarães, Laila Lidiane Costa Galvão, Márcia Rodrigues Brogio Soler Montalvo e Rafaela Cardoso Alves Portilho. A servidora e pedagoga do IFTM Campus Patrocínio, Pâmela Junqueira Freitas, e o pedagogo da Secretaria Municipal de Patrocínio, Alexandre Vitor Castro da Cruz, também compõem o projeto. 2Doutor em História das Ciências (UFMG) e Mestre em História Social (UFU). Professor EBTT do IFTM Campus Patrocínio. E-mail: [email protected]. Coordenador do Projeto: Cine History: História, Cultura e Arte.3Estudante do curso Técnico em Manutenção e Suporte a Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. E-mail: [email protected] do curso Técnico em Administração Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. E-mail. [email protected] dois cursos são na modalidade integrados ao Ensino Médio.

Page 50: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

51

DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ESTUDO DE CASO EM ESCOLA RURAL NO

MUNICÍPIO DE UBERABA-MGVera Lúcia Abdala¹, Ana Laura Pereira Dias²

Hygor Evangelista Siqueira³, Berenice de Paula Amaral4

RESUMO

Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de ex-tensão intitulado “Diagnóstico da percepção ambiental dos alunos do ensino fundamental: Estudo de caso em escola rural no mu-nicípio de Uberaba-MG” apoiado pelo Edital 5/2014 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba. A ideia partiu devido à necessidade de disseminar um conhecimento ambiental que é de suma importância – água e a preservação dos mananciais. Conhecimento necessário para atingir alunos de escola rural, e ao mesmo tempo focando atividades que auxiliassem no entendimento da questão ambiental. Ao longo dos trabalhos foi possível observar que os alunos possuíam noções bá-sicas do tema bacia hidrográfica e, à medida que havia discussões, mais informações eram repassadas e o conhecimento, ampliado. Uma troca de experiência e de ensinamentos.

Palavras-chave: Bacia hidrográfica. Educação ambiental. Ensino Fundamental

1 INTRODUÇÃO

A relação homem-natureza, nem sempre foi problemática, mas a partir do período Iluminista, em que havia o domínio da vi-são antropocêntrica, o homem passou a utilizar os recursos naturais disponíveis sem preocupações futuras. (SOUZA, 2012). Esta falta

Page 51: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

52

de visão com o futuro acarretaria, mais tarde, a crise ambiental, co-locando em risco a existência humana e os recursos disponíveis, em especial, a água potável. Devido a esses problemas causados pelo impacto ao meio ambiente e, consequentemente, aos recursos hí-dricos, torna-se necessária a realização de atividades práticas que visem à identificação dos danos gerados ao meio ambiente e, prin-cipalmente, as causas deste processo, que cada vez mais provoca a redução e indisponibilidade dos recursos naturais, principalmente os hídricos.

Assim, utilizar a bacia hidrográfica como unidade de análise e de educação ambiental permite colocar os alunos em contato dire-to com diferentes agentes e setores que diretamente influenciam na qualidade ambiental em uma bacia hidrográfica. Entende-se, pois, que a bacia hidrográfica é compreendida como unidade de plane-jamento pelo fato de constituir-se num sistema natural delimitado geograficamente, em que os fenômenos e interações podem ser in-tegrados. Podem ser, portanto, consideradas unidades geográficas em que há uma integração dos recursos naturais. (ABDALA, 2012). Pensando neste panorama mundial, em que os recursos hídricos passam a ser uma problemática para seus governantes, que este tipo de experiência pode auxiliar os envolvidos no processo educativo a terem uma melhor dimensão da necessidade da busca de esforços que sejam efetivos no processo de mitigação de impactos ambien-tais. Uma das maneiras de mitigar tais impactos é disceminar o co-nhecimento por meio da Educação Ambiental entendida como

processos por meio dos quais o indivíduo e a coletivida-de constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem como de uso comum do povo, es-sencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999).

Assim, o objetivo geral dessa proposta foi o de avaliar o nível de conhecimento dos alunos do 9º ano do ensino fundamental em relação aos problemas ambientais. Para alcançar esse objetivo maior,

Page 52: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

53

estabeleceu-se os específicos: o desenvolver atividades teórico-prá-ticas em uma unidade de bacia hidrográfica, a fim de diagnosticar a percepção ambiental dos alunos envolvidos; promover reflexões sobre a importância da educação ambiental em consonância com a Lei 9.795 de 27/04/99, na qual se instituiu o Plano Nacional de Educação Ambiental.

2 DESENVOLVIMENTO

O projeto foi realizado em uma escola municipal localizada em área rural no município de Uberaba-MG, tendo como público--alvo alunos do 9º ano do ensino fundamental.

A coordenadora e a equipe executora do projeto seleciona-ram a escola levando em consideração sua disponibilidade e locali-zação na bacia hidrográfica de interesse, a do rio Uberaba.

Inicialmente foi apresentado o projeto aos dirigentes das escolas em busca do apoio e aprovação do estudo e, ainda, ver a disponibilidade das atividades em conformidade com o calendário escolar das instituições.

Após a aprovação da direção das escolas, deu-se início a apli-cação do questionário inicial aos alunos do 9º ano. As atividades foram realizadas em conjunto com os docentes da escola e com a supervisão do coordenador do projeto, visando identificar a visão dos alunos sobre as questões ambientais por meio de um estudo de caso, avaliando sem-pre as possíveis dificuldades de entendimento das questões ambientais, principalmente as relacionadas à bacia hidrográfica.

Antes da aplicação de do questionário, foi ressaltada a im-portância do projeto para os alunos, situando-os sobre a problemá-tica da falta de conhecimento da preservação da bacia hidrográfica para o município. Assim, colocando-os ao par de que o conheci-mento não pode apenas ficar na teoria, porém que a prática cotidia-na deve permear a atitude cidadã de cada um não só no ambiente escolar, mas também no seu meio social. (SOUZA, 2012).

Page 53: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

54

O segundo momento foi o da aplicação de um questioná-rio com a finalidade de se ter a percepção que os alunos possuíam sobre o tema explanado anteriormente. Foram aplicados no total 18 questionários, um para cada aluno; os questionários apresentavam 4 (quatro) questões de múltipla escolha sendo 1 (uma) alternativa correta. Ainda havia no questionário 1 (uma) questão ilustrativa em que os alunos deveriam desenhar qual o entendimento que eles pos-suíam sobre bacia hidrográfica.

O terceiro momento foram as aplicações práticas com vi-sitas a unidade de bacia hidrográfica, visita ao Instituto Federal do Triângulo Mineiro e oficinas para que os alunos demonstrassem o ensino-aprendizagem.

2.1 Resultado e discussões

Após a aplicação do questionário inicial, a equipe executora do projeto identificou por meio das respostas ao questionário as ques-tões em que os alunos tiveram maior dificuldade de compreender ou que até mesmo não tinham conhecimento do assunto. Estes assuntos e estas dificuldades diagnosticadas serviram de base para a elaboração das atividades de ensino, como aulas expositivas, oficinas e trabalhos de campo junto aos alunos, sendo estas realizadas em seguida.

De acordo com Queiroz (2015), quando da introdução do tema Bacias Hidrográficas, quatro alunos, dos 15 participantes, se mostraram mais participativos e iniciaram a atividade respondendo às questões so-licitadas e se expressando de uma forma mais correta do que a maioria. Consequentemente, a classe levou a discussão para um caráter mais des-contraído e todos os alunos puderam participar.

As questões de múltipla escolha dos questionários, após serem res-pondidas pelos alunos, foram tabuladas e analisadas estatisticamente com o objetivo de se obter em percentagem os resultados das questões.

Foram realizadas visitas em campo em uma microbacia lo-calizada em área urbana de fácil acesso e já conhecida pela equipe

Page 54: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

55

executora para facilitar o conhecimento prático de uma bacia hidro-gráfica e suas interações com o meio ambiente e a sociedade. Foi percorrido com os alunos o perímetro da microbacia. Em locais estratégicos de interesse, como nascentes, foz e vertentes, foi pos-sível identificar, junto com os alunos, alguns impactos ambientais. Observou-se que havia muita poluição dos recursos hídricos nestes locais; logo, os alunos perceberam a importância da preservação e conservação dos recursos naturais.

Após a visita em campo, foram realizadas com os alunos na escola oficinas sobre o tema “Bacia Hidrográfica” e, ainda, uma ofi-cina musical com o referido tema. Foram apresentados aos alunos as suas características e funções, bem como sua importância.

Como atividade final, foi realizada a visita às dependências do IFTM Campus Uberaba, onde se fez uma apresentação da insti-tuição e, logo em seguida, a oficina interativa.

Como resultado das análises dos questionários aplicados, ob-serva-se que os alunos já tinham o conhecimento básico do assunto tratado, e que a questão que teve menos acertos foi a questão sobre a causa da poluição dos rios e a importância da reciclagem dos rios.

Das 4 (quatro) questões de múltipla escolha, do primeiro ques-tionário, os alunos compreenderam mais sobre a questão da contami-nação da água e, em segundo, sobre o conhecimento da bacia em que os alunos estão inseridos, em que aborda o nome do rio que passa pelo município. E, de acordo com Ribeiro e Pinheiro (2012), o reconhe-cimento, por parte do aluno, da importância de sua participação na minimização ou mesmo na resolução dos problemas socioambientais referentes ao seu espaço vivido é parte integrante do processo de sensi-bilização e constitui elemento fundamental para a “mudança de menta-lidade e de comportamento”.

Como resultado da oficina musical, obteve-se 2 (duas) canções com o tema “Bacia Hidrográfica”, confeccionadas pelos alunos do 9° ano, sendo 1 (uma) feita pelos meninos da turma e outra pelas meninas. As paró-dias foram elaboradas com o auxílio da equipe executora do projeto.

Page 55: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

56

3 CONCLUSÃO

As práticas pedagógicas diferenciadas, como aula expositiva interdisciplinar e a exploração do ambiente local auxiliaram no ensi-no-aprendizagem de Educação Ambiental (EA).

As atividades teóricas e práticas de EA desenvolvidas na uni-dade territorial da de bacia hidrográfica foram de fundamental impor-tância para a construção do conhecimento do aluno em Educação Ambiental, que é tratada como tema transversal – meio ambiente – de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio.

Portanto, o emprego de metodologias inovadoras encerra uma concepção que prioriza a aquisição de estratégias cognitivas de nível superior, na qual o estudante é o responsável por sua apren-dizagem, uma vez que a sociedade moderna, exige do cidadão ini-ciativa; criatividade; diagnóstico de situações; tomada de decisões e comunicação interpessoal, para compreender e ser compreendido inserido no mundo globalizado.

4 NOTAS

1Geógrafa, Doutora em Agronomia. Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected] do curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2014. [email protected] 3Tecnólogo em Gestão Ambiental, Especialista em Saneamento Ambiental. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2014. [email protected] em Biologia/Técnica administrativa. IFTM. [email protected]

5 REFERÊNCIAS

ABDALA, V. L. Diagnóstico do recurso hídrico do rio Uberaba como subsídio para o controle das áreas de conflito ambiental. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ci-ências Agrárias e Veterinárias, 2012

Page 56: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

57

BRASIL. Lei 9.795 de 27 de abril de 1999. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/ Leis/L9795.htm> Acesso em: fev. de 2016.

SOUZA, M.A.S.S. Análise do Ensino-Aprendizagem de Edu-cação Ambiental em Microbacia Hidrográfica. Tese (douto-rado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2012.

QUEIROZ, T. V. et al. Ensino sobre Bacias Hidrográficas no Ensino Fundamental: Uma Perspectiva na Educação Ambiental. ENCONTRO PESQUISA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 8., 2015, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, 2015. Disponí-vel em: <http://epea.tmp.br/epea2015_anais/pdfs/plenary/46.pdf> Acesso em: fev. de 2016.

RIBEIRO C. R.; PINHEIRO, E. A. Avaliação da Percepção Am-biental de Alunos do Ensino Fundamental Residentes na Bacia Hi-drográfica do Córrego São Pedro – Juiz de Fora/MG . Bol. geogr., Maringá, v. 30, n. 2, p. 73-85, 2012.

Page 57: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

58

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: CONVIVENDOCOM AS DIFERENÇAS NO IFTMCAMPUS UBERLÂNDIA CENTRO

Polyana Aparecida Roberta da Silva1, Marilda Resende de Melo2

Ana Abadia dos Santos Mendonça3, Danielle Cristina Silva4

Eliane Souza Silva Bueno5, Leila Márcia Costa Dias6

Lucas Amaral de Pádua7, Maria Lúcia Batista8

Marcela Macedo Silveira9, Sarah Souto Santos10

José Coelho da Silva Neto11, Daniela Mendes Oliveira12

Márcia Aparecida Belloti Camborda13, Maria Fernanda Soares de Almeida14

RESUMO

Este projeto foi desenvolvido pela equipe do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas - Napne e alunos bol-sistas, envolvendo a comunidade acadêmica do IFTM Campus Uberlândia Centro, servidores e comunidade externa. A sua implementação objetivou promover momentos de formação para cidadania, por meio de atividades como: minicursos, oficinas, rodas de conversas, estudos, reflexões, trocas de experiências, dentre outras, que possibilitaram a convivência com as diferenças. Foi uma oportunidade para que a comunidade acadêmica dis-cutisse e refletisse as atitudes de preconceito e discriminação em relação às deficiências em geral, sexo, raça, gênero ou etnia. Muitos foram os desafios enfrentando durante a execução do projeto, mas ressaltamos que as capi-laridades alcançadas pelos nossos momentos dedicados à temática foram importantes para o processo que estamos consolidando, que é: conviver e respeitar as diferenças no IFTM Campus Uberlândia Centro.

Palavras-chave: Caracterização. Situação. Bubalinocultura. Demanda.

1 INTRODUÇÃO

Este projeto é a continuação das ações efetuadas pelo Nú-cleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas – Napne, do IFTM Campus Uberlândia Centro, num ter-

Page 58: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

59

reno mais amplo, para trazer a comunidade externa para junto dos discentes, docentes e demais servidores, possibilitando a reflexão sobre a necessidade de permear valores e pessoas num contexto de cidadania. Nessa perspectiva, a inclusão de pessoas em igualdade de raça, gênero, sexualidade, etnia e deficiência dentre outras barreiras inclusivistas é importante no cotidiano escolar, sendo que a institui-ção escolar é o lugar onde há possibilidades de trabalhar este mundo diverso em consonância com os anseios de indivíduos que são ou não marcados pelo preconceito, discriminação e intolerância.

Entendemos que um projeto de extensão cumpre de fato seu papel social, uma vez que aproxima diretamente da comunida-de, ao traduzir os conhecimentos, as discussões, por meio de ações capazes de impactar no interior da instituição a qual representa seu entorno e, também, pelo viés das produções escritas que extrapolam a limitação física, podendo ter efeitos local, regional, nacional e, até mesmo, internacional. Nesse sentido, iniciamos o projeto sabendo da urgência e da relevância do que queríamos desenvolver. Para tan-to, a gênese de todo processo está diretamente relacionada aos an-seios do NAPNE (Núcleo de Apoio as Pessoas com Necessidades Específicas) que não cessa suas ações para que a inclusão torne dia a dia uma realidade dentro do nosso Campus.

Sendo assim, o fio condutor que traçamos foi o de possibi-litar no IFTM Campus Uberlândia Centro a cultura da educação para aceitação e convivência com a diversidade, destacando seus benefí-cios educacionais, culturais e sociais, através da quebra de barreiras e dificuldades tanto arquitetônicas, quanto educacionais e atitudinais.

Assim, nossa pretensão com a concessão de bolsas foi pro-porcionar aos estudantes do IFTM Campus Uberlândia Centro a participação nas atividades do Núcleo de Atendimento às Pesso-as com Necessidades Educacionais Específicas – Napne, voltadas para a Educação Inclusiva, Diversidade e Formação Cidadã, como: apoio na organização e no momento do acolhimento dos estudan-tes ingressantes; colaboração na elaboração e execução das oficinas;

Page 59: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

60

estudos, levantamento bibliográfico e todas as atividades de apoio a execução do projeto.

2 DESENVOLVIMENTO

O projeto Educação Inclusiva: convivendo com as diferen-ças no IFTM Campus Uberlândia Centro foi desenvolvido numa perspectiva inclusivista na qual todos os envolvidos tiveram a pos-sibilidade de desenvolver as ações em conjunto com a comunidade interna e externa, direcionando a sociedade para a compreensão e aceitação das pessoas com as suas especificidades e singularidades. Nele foram envolvidos alunos bolsistas, equipe do Napne, comuni-dade docente da instituição, alunos e comunidade externa. Duran-te o período vigente, tivemos: palestra, oficina, ações comunitárias, interações interpessoais e momentos de reflexão sobre as diversas formas de discriminação e preconceito. Pudemos ainda promover intercâmbio com outros campi como forma de diálogo e sensibiliza-ção para a promoção humana em todas as suas deficiências.

Num primeiro momento, participamos do Projeto Fazenda Escola, considerando a importância do diálogo e da parceria entre os campi e, também, da importância de alcançarmos em nosso projeto os da Rede Pública de Ensino da cidade de Uberlândia. Com essa parceria, ressaltamos a importância da inclusão escolar e social para a promoção do respeito às diferenças. Nesse sentido, contamos a histó-ria do Peixinho de Chocolate da autora Carmem Mendoça. A contação de história foi realizada com a utilização de fantoches confeccionados pelos estudantes bolsistas e membros do projeto e alguns voluntários. Esse momento teve a participação de alunos e servidores dos cam-pi Uberlândia e Uberlândia Centro. Tivemos como objetivo levar as crianças da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental a perceberem-se como diferente do outro, respeitando as diferenças de cada um.

Num segundo momento, aproveitando a Semana Nacional

Page 60: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

61

da Ciência e Tecnologia, oferecemos a oficina intitulada “Tecnologias Assistivas: possibilitando a inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho”, para alunos e servidores do Campus Uberlândia Centro e comunidade externa. Os objetivos que permearam a construção e execução da oficina foram: demonstrar os equipamentos e utensílios que possibilitam autonomia doméstica às pessoas com deficiência; e desenvolver atividade com cadeira de rodas pela biblioteca, demons-trando seu espaço físico acessível.

Foram realizadas as seguintes atividades:a) apresentação de slide Show sobre equipamentos e

utensílios acessíveis;b) demonstração de utensílios domésticos que facilitam a vida do

deficiente. Todo material foi elaborado, manualmente, pela equipe respon-sável pela oficina. A ideia foi mostrar que é possível confeccionar material acessível para uso doméstico, mesmo com pouco recurso financeiro.

Utilizamos canecas, copos, barbeador, escova de dente, pen-tes, espelhos, papel EVA, tesoura, cola quente, fitas coloridas, entre outros. Simulamos, com os participantes, para que, em cadeira de rodas, pudessem circular normalmente entre as estantes do acervo da biblioteca; utilizamos microcomputadores e a mesa de atendi-mento e apresentamos o Sistema Operacional DOSVOX, que per-mite às pessoas cegas utilizarem um microcomputador comum (PC) para desempenhar uma série de tarefas, adquirindo assim, um nível alto de independência no estudo e no trabalho.

Um emocionante momento para o projeto foi a palestra: Tecnologias Assistivas: Possibilitando a Inserção de Pessoas com Deficiência no Mundo do Trabalho proferida por Guilherme Pinheiro de Freitas, médico que aos 32 anos de idade sofreu um grave AVC e teve um péssimo diagnóstico: síndrome do encarceramento. Felizmente, com muita luta e sacrifício, esse jovem, vem superando suas limita-ções e escreveu, com utilização de tecnologia simples, um livro “O quarto 65”, no qual narra de forma bem humorada as vivências e lembranças de sua vida. Além da palestra, tivemos a oportunidade

Page 61: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

62

de adquirir o livro autografado pelo autor. Demonstrando como vencer os desafios da cegueira, a pe-

dagoga do IFTM Campus Uberaba nos proporcionou por meio de uma roda de conversa, um descortinar do cotidiano e dos desafios da cegueira. Relatou sua trajetória enquanto formação profissional, sua graduação, mestrado e seu cotidiano como pedagoga do Campus Uberaba. Conhecemos a tecnologia utilizada para leitura, para os trabalhos nos computadores, além de levantar aspectos sobre a im-portância da acessibilidade virtual.

Com a execução do projeto, entendemos que a inclusão “passa por uma mudança no modo de vermos o outro, de agirmos para que todos tenham seus direitos respeitados.” (MANTOAN, 2001, p. 107). Compreendemos que quando falamos sobre educação inclusiva não especificamos a quem, mas, apregoamos uma educação de qualidade, comprometida com cada sujeito, de modo que não o segregue sob nenhum pretex-to ou razão. Há diversidade sim, mas precisamos olhá-la sob outro prisma. É a diversidade que conduz o processo ensino-aprendizagem. São as opiniões e as divergências que impulsionam as reflexões que nos fazem crescer e amadurecer como pessoa.

Cada educando aprende e se relaciona com os demais de ma-neira singular, pois trazemos conosco uma história e uma ideologia. Nossas crenças e valores não se desvinculam de nós em nenhum ins-tante. Direcionar nossa atenção apenas às pessoas com necessidades específicas não vai mudar o atual sistema de ensino caótico, no qual muitas crianças ainda reprovam porque não “compreenderam” algu-mas equações, ou não escrevem em letras cursivas, ou ainda não de-coraram toda a tabuada e os verbos que o professor quer, no presente, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, entre outras.

Só podemos cultivar a inclusão numa experiência inclusiva. Só podemos cultivar uma prática pedagógica inclusiva e para todos se as-sim for vivenciado, mas, para vivenciar, precisamos buscar ou refletir sobre nossas ações, sobre nossas experiências. Cada um de nós é res-ponsável por compreender as regras ou princípios que conduzem sua

Page 62: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

63

forma de pensar. “A rua de acesso à inclusão não tem um fim porque ela é em sua essência, mais um processo do que um destino” (MITTLER, 2003, p. 36).

Neste sentido, a inclusão é um processo que deve ser revisto diariamente, e é nesta perspectiva que o NAPNE do IFTM Campus Uberlândia Centro e o Projeto: Convivendo com as diferenças no Campus Uberlândia Centro pretendeu implementar suas ações políti-cas e pedagógicas em conjunto com a comunidade interna e externa, respeitando a individualidade e os limites dos estudantes, com ênfa-se nas suas capacidades, habilidades e potencialidades.

Sabemos que o papel da inclusão está além de aceitar as dife-renças, ele tem início numa tomada de consciência por parte daquele que está inicialmente mais próximo dos alunos ou crianças: o educador, independente da faixa etária em que trabalha, ou seja, em creche, pré-es-cola, ou ensino fundamental. Este precisa buscar algum referencial que o faça compreender a inclusão na sua complexidade, esta complexidade que envolve tanto o sentimento daquele a ser incluso como também a postura da instituição e da família frente a esta questão.

Finalizamos esse projeto, mas temos a pretensão de dar continuidade a todas as ações desenvolvidas anteriormente e ain-da planejar e realizar ações de apoio a estudantes com necessida-des educacionais específicas; construir ações referentes à Educação Inclusiva e apoio a diversidade voltados para toda comunidade do IFTM Campus Uberlândia Centro; constituir grupos de estudos so-bre Educação Inclusiva (comunidade interna e externa); participar de encontros e eventos externos relacionados ao tema, envolvendo os profissionais e alunos.

4 NOTAS

1Professora do IFTM Campus Uberlândia Centro, coordenadora do Projeto. [email protected]. 2Professora do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected] do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected]. 4Professora do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected].

Page 63: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

64

5Núcleo de Apoio Pedagógico do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected]. 6Núcleo de Apoio Pedagógico do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected]. 7Coordenação de Apoio ao aluno do IFTM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto. [email protected]. 8Aluna do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto.9Aluna do Curso em Administração Integrado ao Ensino Médio do IFTM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do Projeto.10Aluna do Curso de Tecnologia em Redes de Computadores do IFTM Campus Uberlândia Centro, bolsista do Projeto. [email protected]. 11Aluno do Curso de T do IFTM Campus Uberlândia Centro, bolsista do [email protected] do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro, bolsista do Projeto. [email protected]. 13Bibliotecária , documentalista do IFTM Campus Uberlândia Centro. [email protected], 14Professora do IFM Campus Uberlândia Centro, membro da equipe executora do [email protected].

5 REFERÊNCIAS

MANTOAN. Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar : o que é? por quê? como fazer? São Paulo : Moderna 2003.

MENDONÇA, Carmem. Peixinho de Chocolate. Uberlândia: s/ed, 2000.

MITTER, P. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Porto Ale-gre: Artmed, 2003.

Page 64: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

65

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EALIMENTAR NA ESCOLA

Estelamar Maria Borges Teixeira1, Loriana Linhares Teixeira2

Lariane Geovanna Ribeiro3, Giselle Cristina Alves Pereira3

Ana Fábia Nunes Gomes3

RESUMO

A Educação Nutricional e alimentar na escola têm um papel impor-tante na melhoria dos hábitos alimentares saudáveis promovendo essas modificações a médio e longo prazo e está relacionada a repre-sentações sobre o alimento, conhecimentos, atitudes e valores desde a infância por ser o local onde crianças e adolescentes passam gran-de parte de seu dia, as ações de orientação de promoção da saúde constituem importantes meios de informação e formação de hábitos. Este trabalho permitiu desenvolver, na escola, atividades de educa-ção nutricional com ações coletivas que favoreceram a efetividade por meio da troca de ideias e interação entre os alunos participantes. Essa ação foi realizada em encontros da extensionista e os alunos durante 3 (três) meses, em 2015, em todas as salas de 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. As intervenções tiveram caráter informativo e visaram apresentar a promoção de práticas alimentares saudáveis à comunida-de escolar apresentando como tema o modelo da pirâmide alimentar proposto por Philippi et al. (1999). Foram utilizadas três estratégias de intervenção, tendo como base a faixa etária das crianças e adolescen-tes. Intervenção A – Apresentação de vídeo infantil aos alunos do 1º ao 3º ano. Intervenção B – Pirâmide Alimentar – teve como público-alvo os alunos do 4º ao 6º ano, sendo trabalhadas uma turma de cada vez. Intervenção C – Semáforo da Alimentação para alunos do 7º ao 9º ano. Com ativi-dade de fixação ao final. No que tange às oficinas, os alunos foram participativos. Destaca-se a escola como um local privilegiado para se ensinar sobre a alimentação saudável e, também, para a prática da alimentação correta; no entanto, essas atividades devem ocorrer de

Page 65: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

66

forma contínua ao longo do ano letivo para maior impacto na adoção de hábitos alimentares saudáveis.

Palavras-chave: Educação alimentar. Escolares. Nutrição.

1 INTRODUÇÃO

A escola é um ambiente propício para a promoção da alimenta-ção saudável, pois se caracteriza por um espaço de troca de informações e ideias. É na escola que a criança obtém conhecimento, desenvolve suas habilidades, tem contato com diferentes culturas, alimenta-se e educa-se de uma forma abrangente (BRASIL, 2006).

A educação nutricional é um processo multidisciplinar que inclui a transferência de informações, o desenvolvimento da motivação e da mudança de hábitos, e pode até contribuir para a redução de gastos pú-blicos na área da saúde com tratamentos de doenças associadas aos maus hábitos alimentares (GAGLIANONE, 2003). Para Kain et al. (2001), os custos para implementar programas de prevenção da obesidade, como atividades de educação nutricional, são reduzidos quando comparado aos gastos com tratamento das patologias associadas à obesidade.

Dessa forma, as atividades de educação nutricional podem ser desenvolvidas com ações individuais ou coletivas. No entanto, as ativida-des coletivas podem favorecer a efetividade das ações por meio da tro-ca de ideias entre os participantes, favorecendo a mudança de hábitos alimentares (MAFFACCIOLLI; LOPES, 2005; TORRES; HORTALE; SCHALL, 2003).

Para Aranceta Bartrina (1995), a educação nutricional é uma par-te da nutrição que oferece recursos para a aprendizagem, adequação e aceitação de hábitos alimentares saudáveis, objetivando a promoção da saúde de indivíduos e da comunidade.

De acordo com Contento (1995), a educação nutricional é toda experiência de aprendizagem que tenha por finalidade auxiliar a adoção voluntária de comportamentos e hábitos alimentares que acarretará no

Page 66: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

67

bem-estar do indivíduo.Segundo Boog (1999), a educação nutricional é de fundamen-

tal importância em relação à promoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância. Desta forma, iniciar atividades de orientação nutricional ainda na infância é primordial para que o indivíduo avalie suas escolhas ao longo da vida.

Gobbi (2005) ressalta que a educação nutricional é uma parte importante da educação em saúde, tornando-se imprescindível na for-mação de conceitos e atitudes para hábitos saudáveis ao longo da vida de um indivíduo.

Borges et al. (2006) enfatiza que a obesidade não é o único pro-blema a ser trabalhado nas atividades de educação nutricional a fim de orientar o comportamento alimentar, já que nos últimos anos tem cresci-do os casos de transtornos alimentares como anorexia e bulimia.

Santos (2005) pontua que o papel da educação nutricional está as-sociado à criação e assimilação de informações que contribua para auxiliar as decisões dos indivíduos, principalmente na adolescência, fase de maior autonomia nas escolhas alimentares.

De acordo com Muller et al.(2001), é pouco provável que inter-venções isoladas em uma única área solucionem a questão da obesidade infantil. Fatos como a influência dos pais, a pressão dos colegas, o marke-ting e a autoimagem devem ser considerados no desenvolvimento de es-tratégias para enfrentar a complexidade das causas.

Uma das diretrizes do Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) preconiza a inclusão da educação alimentar no processo de en-sino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o desenvolvimento de práticas saudáveis na perspectiva da segurança ali-mentar e nutricional (BRASIL, 2013).

O propósito da educação nutricional desenvolvida no ambiente escolar é informar às crianças sobre os princípios gerais da alimentação e nutrição, orientando comportamentos específicos para que estes se tor-nem aptos a fazer escolhas conscientes ao longo de suas vidas (DIAS; CHIANTELE; ALMADA, 2005).

Page 67: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

68

Ochsenhofer et al. (2006) considera que a escola é o melhor espaço na prevenção da má nutrição por meio da educação nutricional, uma vez que a criança e o adolescente podem atuar como agentes de mudanças na família.

Um estudo norte-americano realizado por Muñozet et al.(1997) destaca a necessidade de se encorajar crianças e adolescentes quanto as suas escolhas alimentares, estimulando o consumo de frutas, vegetais e grãos, através da educação nutricional.

Estudos realizados nos Estados Unidos e Europa com atividades de educação nutricional em escolas apontaram mudanças positivas nos hábitos alimentares na adolescência (SINGH et al., 2007; JAMES et al., 2004).

Diante do exposto, optou-se por realizar atividades em uma es-cola, em nível de ensino fundamental, com caráter informativo e forma-tivo, as quais serão relatadas no próximo item.

2 DESENVOLVIMENTO

Esse projeto foi desenvolvido na Escola Estadual Anexa SUPAM, em Uberaba (MG), na qual se encontram matriculadas 547 alunos de 1º ao 9º ano.

A ação de Educação Nutricional foi realizada em encontros da extensionista e bolsistas de extensão com os alunos em cada sala de aula. As intervenções tiveram caráter informativo e visaram apre-sentar a promoção de práticas alimentares saudáveis à comunidade escolar apresentando como tema o modelo da pirâmide alimentar proposto por Philippi et al. (1999).

A ação de Educação Nutricional utilizou três estratégias de in-tervenção, tendo como base a faixa etária das crianças e adolescentes.

Intervenção A - Apresentação de vídeoEssa intervenção teve como público-alvo os alunos do 1º ao

3º ano. Foi escolhida a estória dos personagens infantis Charlie e Lola, com o título “Eu nunca vou comer tomate na minha vida”. A estória aborda o tema de uma criança que fala que nunca comerá tomate e ou-tros alimentos sem antes experimentá-los e conhecer o sabor. Charlie,

Page 68: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

69

como seu irmão mais velho, convence-a a comê-los. Após o vídeo, a moderadora abordou a importância de experimentar todos os alimen-tos antes de classificá-lo como indesejado. Como forma de fixação do tema, os alunos do 1º ano receberam uma atividade para colorir (ativi-dade1) contendo alguns legumes citados pelo personagem:

Os alunos do 2º ano receberam uma atividade de palavras cruzadas identificado como Cruza-Frutas (Atividade 2) exemplifi-cando algumas frutas citadas na estória:

ATIVIDADE 1 – Colorir alimentos

ATIVIDADE 2 – Cruza-frutas

Page 69: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

70

Os alunos do 3º ano receberam uma atividade de caça-palavras, contendo alguns legumes citados pelo personagem (Atividade3).

ATIVIDADE 3 – Caça-palavras

Intervenção B – Pirâmide AlimentarA intervenção B teve como público-alvo os alunos do 4º ao

6º ano, trabalhadas uma turma de cada vez, utilizando o período de aula de 50 minutos com cada sala. Foi reproduzida a forma da pi-râmide alimentar em papel pardo e dividida em Alimentos de Base, Alimentos para Proteger, Alimentos para Crescer e Alimentos para Correr, referindo-se respectivamente aos carboidratos; vitaminas e minerais; proteínas; açúcares e gorduras. A moderadora explicou sobre a função de cada grupo de alimento no corpo humano e rela-cionou os alimentos que compunham os grupos. Após exposição, a turma foi dividida em quatro grupos, entregou-se recortes de revis-tas de alimentos para os alunos colarem as gravuras na categoria a qual o alimento pertencia.

Page 70: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

71

Intervenção C – Semáforo da AlimentaçãoEssa intervenção teve como público-alvo os alunos do 7º

ao 9º ano, sendo trabalhada uma turma em cada horário de aula, com duração de 50 minutos. A turma foi dividida em três equipes, cada uma representando uma cor do semáforo de trânsito. Em uma mesa, no centro da sala de aula, foram dispostos rótulos de diversos alimentos como biscoito integral, biscoito recheado, pão de forma, pão de forma integral, refrigerante, água mineral, tempero pronto, óleo de soja, requeijão cremoso, iogurte, leite em pó, leite integral UHT, caixa de bombom, bebida à base de carboidrato e minerais, batata frita, suco de fruta em pó, suco de fruta de caixinha e goma de mascar. Cada equipe escolheu um representante para selecionar alguns rótulos que se encaixaria na seguinte categoria: alimentos da equipe verde representam alimentos que podem ser consumi-dos diariamente, trazendo benefícios ao corpo; alimentos da equi-pe amarela representam os que podem ser consumidos, mas com moderação, pois em excesso podem trazer prejuízos ao corpo; e alimentos da equipe vermelha são aqueles que devem ser evitados, pois em sua composição trazem ingredientes maléficos ao organis-mo, como excesso de sódio, açúcar ou gordura. Após a escolha dos alimentos, cada grupo apresentou os alimentos escolhidos e a mo-deradora explicou se houve acerto ou erro na escolha

3 CONCLUSÃO

Este projeto de educação alimentar e nutricional demonstrou que ocorreram as interações nas aulas como pelo interesse demons-trado pelos alunos e pelos resultados encontrados, que este tipo de intervenção é viável e bem aceito pelos estudantes. As atividades rea-lizadas são exemplos de alternativas para se trabalhar esses temas na escola, mesmo com a utilização de poucos recursos. Existem procedi-mentos apropriados para desenvolver o assunto, levando os alunos a discutir e a pensar uma forma mais saudável de alimentação, relacio-

Page 71: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

72

nando hábitos alimentares saudáveis com a boa saúde. É importante ressaltar que as atividades em educação nutricional, em sua maioria não alteram o estado nutricional dos participantes, talvez pelo fato de terem curta duração.

Assim, a educação é um processo, fruto de uma construção contínua e, desse modo, acredita-se que a prática constante de hábitos alimentares saudáveis pode ser estabelecida a partir de uma educação alimentar e nutricional permanente dentro da escola, pois essas ativi-dades chamam a atenção dos alunos, despertando interesse na apren-dizagem de assuntos relacionados à alimentação e nutrição.

4 NOTAS

1Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. E-mail: [email protected];2Aluna do mestrado profissional em Tecnologia de alimentos do IFTM. E-mail: [email protected] de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro.

5 REFERÊNCIAS

ARANCETA BARTRINA, J. Educación nutricional. In: Serra MA-JEM, L.L.; ARANCETA BARTRINA, J.; MATAIX VERDÚ, J. Nu-trición y salud pública: métodos, bases científicas y aplicaciones. Bacelona: Masson, 1995. p.334-342.

BOOG, M. C. F. Educação nutricional em serviços públicos de saúde. Cad. Saúde Pública, v. 15, n. 2, p. 139-148, 1999.

BORGES, N. J. B. G. et al. Transtornos alimentares: quadro clínico. Medicina, v. 39, n. 3, p. 340-348, 2006.

BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvi-mento da Educação. Resolução/CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alu-

Page 72: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

73

nos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimen-tação Escolar – PNAE. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000026&seq_ato=000&vlr_ano=2013&s-gl_orgao=FNDE/MEC>. Acesso em 15 jun 2015.

______. Resolução FNDE/CD/Nº 32/2006. Estabelecer normas para execução do PNAE, 2006.

CONTENTO, I. The effectiveness of nutrition education and implica-tions for nutrition education policy, programs, and research: a review of research. J. Nutr. Educ.,v. 27, n. 6, p. 279-418, 1995. Edição especial.

DIAS, A.M.L.R.; CHIANTELE, C.; ALMADA, R. Avaliação do estado nutricional, atividade física e preferência alimentar de crianças pré-escolares e escolares. Araçatuba, 2005. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Nutrição) - Universidade Paulista.

GAGLIANONE, C.P. Educação nutricional: teoria e prática. Nutr Saúde Performance.v. 4, n. 21, p. 59-62, 2003.

JAMES, J. et al. Preventing childhood obesity by reducing consumption of carbonated drinks: cluster randomised controlled trial. BMJ, v. 328, n. 7450, p. 1237-1241, 2004.

KAIN, J. et al. Validación y aplicación de instrumentos para evaluar intervenciones educativas em obesidade de escolares. Rev Chil Pe-diatr, v.72, p. 308-318, 2001.

MAFFACCIOLLI, R.; LOPES, M.J.M. Educação em saúde: a orien-tação alimentar através de atividades de grupo. Acta Paul. Enferm., v.18, n.4, p.439-445, 2005.

Page 73: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

74

MULLER, M.J. et al. Preventions of obesity - it is possible? Obes Re-v.,v. 2, p. 15-28, 2001.

MUÑOZ, K.A. et al. Food intake os US children and adolescents com-pared with recommendation. Pediatrics, v. 100, n.3, p.323-329, sept. 1997.

NEUTZLING MB, TADDEI JAAC, RODRIGUES EM, SIGU-LEM DM. Overweight and obesity in Brazilian adolescents. Int J Obes Relat Metab Disord 2000;24:869-74.

OCHSENHOFER, K. et al. O papel da escola na formação da esco-lha alimentar: merenda escolar ou cantina? Nutrire, São Paulo, v.31, n.1, p.1-16, abr. 2006.

PHILIPPI, S. T. et al. Pirâmide Alimentar Adaptada: Guia para Es-colha dos Alimentos. Revista de Nutrição, Campinas, v. 12, n. 1, p. 65-80, jan./abr. 1999.

SANTOS, L. A. S. Educação alimentar e nutricional no contexto da promoção de práticas alimentares saudáveis. Rev. Nutr., v. 18, n. 5, p. 681-692, 2005.

SINGH, A.S. et al. Short-term effects of school-based weight gain prevention among adolescents. Arch Pediatr Adolesc Med.; v. 161, n. 6, p. 565-71, 2007.

TORRES, H.C.; HORTALE, V.A.; SHCALL, V. A experiência de jogos em grupos operativos na educação e saúde para diabéticos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n.4, p.1039-1047, 2003.

Page 74: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

75

IFTM EM VERSOAndréa Cristina de Paula1, Alysson Dartagnan Rocha Gomes2, Maria Laura Alves Freitas3,

José Lucas Lopes Gonçalves4, Saulo Soares Júnior5, Gabriela Lorena Abreu Ribeiro6,Lívio Soares de Medeiros7, Márcia de Fátima Xavier8, Osvando de Melo Marques9,

Fernanda Imaculada Faria10, Cristina Matos Silva e Dias11, Ivone Aparecida Bontempo12,Pedro Augusto Ramos de Freitas13.

RESUMO

A escola deve ser um lugar em que a convivência com a poesia acon-teça de fato, permitindo o contato dos estudantes com diferentes au-tores e estilos, por intermédio de atividades que lhes permitam uma compreensão maior da linguagem poética e lhes deem condições para que ensaiem seus próprios passos em poesia. Com a realização do projeto IFTM em Verso, intentou-se descobrir o que os alunos já sa-biam sobre o gênero, ampliando seu repertório através de atividades de leitura, pesquisa, análise e interpretação de poemas, além de lhes oportunizar a exposição de diferentes habilidades artístico-literárias, por meio da publicação de uma antologia poética e da organização de um sarau cultural. Pretende-se, por meio deste relato de experiên-cia, apresentar os resultados obtidos com a execução do projeto em questão, aprovado pelo programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Patos de Minas, Edital 01/2014.

Palavras-chave: Poesia. Projeto de extensão. Sarau Cultural.

1 INTRODUÇÃO

Este A realização do projeto de extensão IFTM em Verso ob-jetivou organizar uma coletânea de poemas, contendo textos em portu-guês, em espanhol e em inglês, como forma de conduzir os estudantes envolvidos ao reconhecimento das principais características do gênero lírico, além de oportunizar a esses estudantes a ampliação de seus co-

Page 75: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

76

nhecimentos culturais, apresentando-lhes os mestres da tradição literá-ria do gênero e incentivando-os à produção de seus próprios textos po-éticos. Também fez parte da proposta extensionista a publicação dessa coletânea, em formato impresso e digital, a fim de divulgar o resultado do trabalho interdisciplinar desenvolvido em sala de aula.

Além da publicação do livro, intentou-se, com a realização des-te projeto, comemorar a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, instituída pelo decreto nº 84631 de 1980. Para tanto, organizou-se um sarau cultural, no qual os estudantes do curso integrado em Eletrotécni-ca e em Logística – autores do livro – tiveram a oportunidade de, além de divulgar sua obra, apresentar tanto à comunidade interna quanto à comunidade externa, trabalhos artísticos, envolvendo o teatro, o canto, a dança e a declamação. No caso desta última habilidade, um concurso de recitação de poesia foi previsto e realizado no dia 27 de outubro de 2015, data em que o livro foi lançado. Em síntese, pode-se afirmar que o projeto de extensão buscou a concretização dos seguintes objetivos: desenvolver as habilidades de leitura, interpretação e escrita de textos poéticos dos discentes, culminando com a produção de um livro com textos dos próprios alunos envolvidos.

Tal produção poética também foi desenvolvida em comemo-ração ao dia Nacional do Livro e da Biblioteca, bem como em prol da integração entre a escola e a sociedade, por meio da produção lírica di-vulgada e do sarau cultural apresentado à comunidade. Salienta-se que todo o plano de ação no qual se insere o projeto em questão está em sintonia com o Plano de Desenvolvimento Institucional do IFTM, uma vez que este tem como um dos objetivos principais “ampliar pro-gramas artísticos, culturais e de extensão” (INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO, 2014).

2 DESENVOLVIMENTO

De acordo com Todorov (2009, p. 22), “a literatura não nasce no vazio, mas no centro de um conjunto de discursos vivos, compar-

Page 76: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

77

tilhando com eles numerosas características”. Nesse sentido, o viés que conduziu a realização das atividades que envolvem o trabalho de-senvolvido em 2015, no campus Patos de Minas, assume uma postura pragmática, de modo a valorizar a experiência dos alunos, construin-do, a partir dela, um caminho em direção ao letramento literário. Em razão disso, o trabalho ora relatado foi realizado de forma interdisci-plinar, uma vez que, conforme assegurou Todorov, a literatura emer-ge em diálogo com outros discursos. Entretanto, o enfoque literário utilizado na realização do projeto de extensão executado foi para a poesia, o que justifica o seu título: IFTM em verso. A proposta era que os estudantes envolvidos (duas turmas de primeiro ano do cur-so integrado em Logística e em Eletrotécnica) conhecessem melhor o gênero e suas características, como a métrica, as estrofes, alguns modelos fixos, como os haicais, sonetos, etc. Contudo, mais do que conduzir esses estudantes ao aprendizado da forma na qual os textos poéticos se apresentam, o projeto tinha em vista conscientizá-los das peculiaridades concernentes à linguagem poética.

Para tanto, era preciso saber o que eles já conheciam sobre o gê-nero para, somente partir dessas informações, dar andamento às demais ações previstas no projeto. Isso feito, os estudantes tiveram a oportuni-dade de conhecer autores consagrados da literatura, tais como Drum-mond, Olavo Bilac, Cecília Meireles, Gonçalves Dias, Mário Quintana, entre outros. Mais familiarizados com a escrita poética desses autores, os discentes puderam iniciar a sua experiência no universo lírico, redi-gindo poemas, em língua materna, em inglês e em espanhol que expres-sassem a sua sensibilidade em relação ao mundo.

Os estudantes produziram textos abordando diferentes te-máticas, tais como a efemeridade da vida; a saudade (da infância, da terra natal, de alguém que já faleceu ou que está distante), o amor; a tristeza, enfim, sobre assuntos diversos, e sempre deixando marcas de como eles enxergavam a vida. Também redigiram poemas que tratam de questões filosóficas e políticas, demonstrando visão crítica em relação à realidade social do país.

Page 77: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

78

Nesse sentido, diversas propostas de produção textual foram trabalhadas com os alunos nas disciplinas de inglês, português e espa-nhol. Além da produção escrita dos poemas, os estudantes, orienta-dos pela professora de Artes, conjugaram texto verbal e não verbal, de modo a expressar por meio da linguagem artística como eles definiam poesia. A ideia era que eles pensassem em um desenho que pudesse ser utilizado para servir como inspiração para a capa do livro. Feita a confecção dos trabalhos artísticos, foi criada uma comissão para reali-zar a escolha do melhor desenho. O trabalho de Ester Dutra Pereira, do curso de Logística, foi selecionado e utilizado como modelo para a produção da capa do livro IFTM em Verso.

Após essa primeira fase, os textos foram digitados pelos bolsistas de extensão: Alysson Dartagnan Rocha Gomes (Eletro-técnica) e Maria Laura Alves Freitas (Logística) e pelos extensionis-tas voluntários: José Lucas Lopes Gonçalves, Saulo Soares Júnior e Gabriela Lorena Abreu Ribeiro. Digitados, os poemas foram avalia-dos, a fim de selecionarem-se aqueles que fariam parte da coletânea poética. Ao final, escolheram-se 122 textos em português, 10 em in-glês e 5 em espanhol, de modo que cada estudante contivesse, pelo menos, um texto de sua autoria publicado, independente da língua escolhida. Terminada essa etapa, passou-se à revisão dos textos e à realização de atividades que envolviam a organização gráfica do livro. Todo o processo relacionado à estética da obra, bem como a produção do texto de apresentação da antologia, foi elaborado nesse momento. Além disso, duas fotografias dos discentes envolvi-dos (uma da turma de Eletrotécnica e outra da turma de Logística) foram acrescentadas ao final da obra, a fim de se registrar a imagem dos alunos-autores do livro.

Estando a obra organizada digitalmente, colheram-se dife-rentes orçamentos em gráficas da cidade e região para se fazer a impressão de 300 exemplares do livro. A empresa que apresentou o melhor orçamento foi a Gráfica Edibrás, situada em Uberlândia e foi, pois, a escolhida para fazer o trabalho de publicação da obra.

Page 78: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

79

Após o envio do arquivo, a equipe auxiliou a editora no processo de revisão final dos textos.

Findada essa etapa, começou-se a pensar no cerimonial de lançamento da obra. O teatro municipal de Patos de Minas fora re-servado meses antes para o evento de entrega da obra aos estudan-tes que, na ocasião, receberam dois exemplares do livro cada um. Os demais volumes foram distribuídos entre as escolas do município e região e também enviados aos outros campi do IFTM. Além disso, cada servidor, terceirizado ou não, recebeu uma unidade, a fim de que houvesse maior integração entre os membros do ambiente in-terno e externo da instituição. No intuito de se ampliar a divulgação da coletânea poética, criou-se, ainda, um espaço virtual, onde os textos do livro foram armazenados. Tai iniciativa foi executada para que mais pessoas pudessem ter acesso ao conteúdo do livro, visto o número limitado de obras impressas. O endereço de acesso ao livro digital é: www.andreaportuguesredacao.com.br. Nesta página, o lei-tor visualizará um campo para que dê a sua apreciação (críticas e/ou sugestões) sobre o projeto, sobre a obra e sobre o sarau cultural, realizado no dia do lançamento do livro. Essas informações nortea-rão a realização de outras ações extensionistas, uma vez que indicam a recepção que o trabalho obteve junto ao público e os pontos que precisam ser ajustados, caso o projeto seja novamente executado no âmbito institucional. Com a obra pronta e o local de entrega do livro reservado, confeccionou-se o convite de lançamento do livro.

Como, além da publicação do livro, também fazia parte do pro-jeto a preparação de um sarau cultural no dia do lançamento da obra, o próximo passo seguido, para a realização do trabalho proposto, foi a organização de números artísticos para serem apresentados no dia 27 de outubro de 2015, data em que o livro foi divulgado à sociedade.

Nesse sentido, espaço para que os estudantes demonstras-sem talentos artísticos foram reservados no cerimonial de lança-mento da antologia, observando a aptidão e a habilidade de cada discente. Também um concurso de declamação de poemas reali-

Page 79: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

80

zou-se nesse dia. Para tanto, um edital, contendo as orientações necessárias ao candidato foi publicado e divulgado anteriormente aos alunos e servidores da instituição. Os candidatos poderiam se inscrever para declamarem poemas de autoria própria ou de outro autor. Poderiam, inclusive, escolher se apresentar sozinho, em du-pla, ou em trio. Ao todo, dez inscrições foram realizadas; apenas uma para a apresentação em dupla.

Uma comissão julgadora avaliou as performances artísticas dos inscritos, selecionando as três que mais lhe agradaram. E o re-sultado final do concurso ficou assim: Yasmin Amorim Viana de Castro conquistou o primeiro lugar, interpretando parte do poema “A balada do rochedo”, de Joaquim Manuel de Macedo; Gabriela Lorena de Abreu Ribeiro ficou em segundo, recitando o texto “Atra-ção fatal”, de própria autoria; e Geovanna Francesca da Silva Araújo conquistou o terceiro lugar, com a declamação da poesia “Ainda assim eu me levanto”, de Maya Angelou. Cada uma das ganhadoras recebeu, como premiação, medalhas (ouro para o primeiro lugar; prata para o segundo; e bronze para o terceiro) e obras de autores renomados das literaturas brasileira e estrangeira. Todos os decla-madores de poemas receberam certificado oficial de participação da competição. Além do concurso de declamação, houve apresenta-ções de dança, canto e teatro.

3 CONCLUSÃO

O trabalho realizado com os estudantes do curso integra-do em Logística e em Eletrotécnica priorizou práticas interdis-ciplinares e educativas que propiciaram o surgimento de vários benefícios, entre eles o de motivar os discentes para a leitura e escrita literária, enriquecendo a capacidade de interpretação e a criatividade poética dos alunos. Além disso, comprovou-se, por meio desse trabalho, a interação entre membros da escola e so-ciedade, uma vez que a publicação e divulgação do livro, mais que

Page 80: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

81

disseminar a escrita poética dos estudantes, também propiciou o diálogo entre a comunidade interna e externa do instituto, levan-do a outros espaços educacionais os avanços adquiridos com a realização do projeto pedagógico-literário envolvendo poesia e outras práticas culturais.

Tal comunicação pôde ser percebida ainda por meio da apresentação artística dos estudantes no teatro municipal de Patos de Minas, momento em que pais, amigos e familiares se reuniram para prestigiar um momento especial na vida dos estudantes en-volvidos, visto que eles puderam revelar àqueles que se fizeram presentes no evento de lançamento de sua primeira obra talentos artísticos para a dança, para o canto, para a declamação e para a arte dramática. Ademais, o desenvolvimento do trabalho de ex-tensão demonstrou que a parceria entre a poesia, a arte e outras disciplinas (como as de línguas estrangeiras) tem oferecido bons resultados, como ampliar o repertório linguístico-literário do dis-cente por intermédio de estratégias que permitem que o aluno visite culturas de outras nacionalidades e aprendam a reconhecer a relevância do trabalho em equipe.

Observou-se ainda que o trabalho executado ofertou à co-munidade patense acesso à cultura e a novas metodologias de pro-moção à educação, por meio da divulgação e distribuição da obra literária desenvolvida pelos alunos – membros do projeto – bem como através da atuação performática dos discentes, durante as apresentações artísticas no sarau cultural.

Em virtude do que foi exposto, o presente trabalho aponta para uma necessidade urgente de se ampliar e consolidar as práti-cas de projetos integradores como este, para que outros estudan-tes possam vivenciar a experiência de conhecer melhor a poesia, avançando em seus conhecimentos literários e, consequentemen-te, participando de tal empreitada não só como leitor, mas também como agente de suas próprias escolhas poéticas.

Page 81: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

82

4 NOTAS

1Professora EBTT de Português do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] do curso de Eletrotécnica integrado ao ensino médio do IFTM – Campus Patos de Minas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 01/2014.3Aluna do curso de Logística integrado ao ensino médio do IFTM – Campus Patos de Minas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 01/2014.4Aluno do curso de Eletrotécnica integrado ao ensino médio do IFTM – Campus Patos de Minas, voluntário de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 01/2014.5Aluno do curso de Eletrotécnica integrado ao ensino médio do IFTM – Campus Patos de Minas, voluntário de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 01/2014.6Aluna do curso de Logística integrado ao ensino médio do IFTM – Campus Patos de Minas, voluntária de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 01/2014.7Professor EBTT de Português/Inglês do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] EBTT de Português/Espanhol do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] 9Professor EBTT de Português/Inglês do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected]ária do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] 11Professora EBTT de Artes do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] de Biblioteca do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected] 13Professor EBTT de Eletrotécnica do IFTM – Campus Patos de Minas. E-mail: [email protected]

5 REFERÊNCIAS

INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Plano de Desenvolvimento Institucional. Uberaba, 2009

TODOROV, T. A literatura em perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.

Page 82: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

83

IFTM INCLUI – INSTITUTO CRÊ-SERJúnio Moreira1, Jaqueline Aparecida Jorge Papini Soares2

Gabriela de Oliveira Silva3, Camila Verônica de Carvalho e Moncorvo4

Camila Adriane Almeida Silva5, Leandro dos Santos Silva6

RESUMO

Atualmente, vive-se em um mundo integrado às tecnologias, prin-cipalmente aos computadores. É notável que a cada dia as pessoas se tornam mais dependentes desses recursos, logo, aprender a uti-lizá-los da maneira correta é fundamental frente à situação atual. A educação, quanto aos computadores, torna-se então um elemento chave para a transformação social e deve estar presente em todos os espaços educacionais. Dessa forma, o IFTM Inclui-Instituto Crê--Ser teve como objetivo levar a inclusão digital a uma parcela da sociedade, tendo como público-alvo crianças de faixa etária de apro-ximadamente 7 a 13 anos que ainda estão em processo de formação. Uma equipe formada por alunos bolsistas e voluntários do IFTM Campus Patrocínio foi capacitada para desenvolver e ministrar aulas semanais durante um período de oito meses (abril a novembro), do ano de 2015, em uma instituição filantrópica denominada Instituto Crê-Ser. O Instituto Crê-Ser atende crianças da população local e trabalha pelo bem-estar social, inclusão e valorização das mesmas. Ao fim do projeto, mais de 84 crianças foram beneficiadas com a aprendizagem e ampliação de conhecimentos técnicos em Informá-tica, além de ter possibilitado a elas o contato com computadores que até então não existia.

Palavras-chave: Educação. Inclusão digital. Crianças.

Page 83: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

84

1 INTRODUÇÃO

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) vêm assumindo, cada vez mais importância, em especial, na Educação. Para Almeida e Prado (2008), elas apresentam contribuições sig-nificativas voltadas ao desenvolvimento da capacidade de pensar e aprender com tecnologias.

De acordo com Almeida e Moran (2005), as tecnologias po-dem ser importantes aliadas no processo educativo. Para tanto, o projeto de extensão que é alvo deste trabalho, “IFTM Inclui – Ins-tituto Crê-Ser”, tem como tarefa levar, de forma gratuita, o conhe-cimento adquirido na área de informática pelos alunos que estão em período de formação tanto no Ensino Médio quanto no Ensino Superior no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) - Cam-pus Patrocínio. O público-alvo dos projetos são duas instituições que acolhem crianças na cidade de Patrocínio. Muitas vezes essas crian-ças são carentes e não têm acesso a nenhum tipo de equipamento eletrônico.

De acordo com Prado (2005), utilizando métodos tradicionais ou não, a informática tem dado uma grande contribuição à Educação, por meio de softwares educacionais que lançam mão da multimídia como uma forte “arma”, tornando os programas mais atrativos e pri-vilegiando o desenvolvimento das capacidades do educando.

Para Santarosa et al. (2001), o uso do computador não se encerra no seu manuseio, mas sim na sua utilização como meio para as relações também interpessoais. Portanto, considera-se o compu-tador como uma ferramenta que pode potencializar a articulação de conhecimentos de áreas diversas e promover um trabalho de for-ma brilhante. O papel do professor, neste contexto, ou de outros profissionais, é de mediador/facilitador, visando o desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos através de atividades socialmente rele-vantes, que poderão propiciar novas descobertas.

No século da evolução tecnológica, mediado por recursos

Page 84: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

85

tecnológicos (SACERDOTE, 2012), é de suma importância que es-sas crianças aprendam a lidar com o básico da área de informática, tendo como um dos objetivos, direcionar e preparar essas crianças que estão em período de crescimento para o mercado de trabalho, que está cada vez mais concorrido.

Nos últimos anos, a utilização da informática na educação vem crescendo consideravelmente. Esta utilização tem permitido a criação de várias experiências de aprendizagem. O resultado dessas experiências evidencia a grande versatilidade da informática na edu-cação (MATTEI, 2003).

Diante dessa versatilidade é fundamental a exploração das possibilidades que a área da informática oferece, integrando-a com as diversas áreas do conhecimento e do dia a dia para que elas con-tribuam no processo de aprendizagem.

O programa IFTM Inclui-Instituto Crê-Ser tem por justifi-cativa a necessidade de gerar subsídio para que o conhecimento em nível básico em computadores seja possível para crianças com uma faixa etária de aproximadamente 7 a 13 anos, oferecendo acesso à informação e propiciando novas formas de conhecimento digital. O programa teve por objetivo, também, a qualificação de crianças frente à formação de uma nova geração.

É importante ressaltar que o IFTM Campus Patrocínio conta com cursos em Informática, tanto em nível técnico quanto em nível superior e que os alunos que ministraram as aulas estavam matricu-lados em algum desses cursos. Dessa maneira, o programa relacio-na, em nível de extensão, as atividades de prática na especificidade dos cursos de Informática com a possibilidade de transição desse conhecimento a outros indivíduos cujo acesso a essas informações ainda são restritas. Serve também para que os envolvidos consigam ver formas de aplicação do curso na realidade atual, além de servir como base para a integração com o meio onde futuramente desen-volverão suas atividades.

Todos os envolvidos, ao final do projeto conseguiram se re-

Page 85: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

86

lacionar e aprender uns com os outros de forma muito positiva, vis-to que traçaram uma rede de aprendizado na qual o conhecimento de um era repassado para o outro o que gera uma relação de mutu-alismo, pois aquele que ensina também aprende e vice-versa. Para Dotta et al. (2003), o aprendizado não deve se restringir ao local em que se está aprendendo, pelo contrário, deve ter etapas vivenciadas externamente, uma vez que não existe conhecimento sem experiên-cia e vivência concreta.

2 DESENVOLVIMENTO

O IFTM Inclui, projeto de extensão desenvolvido no IFTM Campus Patrocínio, teve como objetivo levar e gerar um conheci-mento básico de computadores por meio de aulas teóricas, práticas e interdisciplinares, softwares educativos e outras ferramentas de tec-nologia da informação. O programa já havia contado com outras versões iniciadas em 2012, atendendo diversos públicos, como ido-sos, professores de rede pública de ensino do município de Patrocí-nio, jovens em situação de risco, comunidades rurais e comunidade acadêmica, envolvendo professores e alunos. Dessa vez, o projeto teve como público-alvo crianças de Patrocínio (MG), atendidas pelo Instituto Crê-Ser em parceria com o Lar da Criança, instituições filantrópicas que recebem crianças de toda a cidade e oferecem ati-vidades em diversas áreas do conhecimento, além de cultura e lazer.

O projeto IFTM Inclui-Instituto Crê-Ser juntamente com o projeto IFTM Inclui Lar da Criança atendeu um total de cento e quarenta crianças com idades variadas. Para a realização do mesmo, o IFTM Campus Patrocínio estabeleceu uma parceria com o local de realização das atividades emprestando máquinas que estavam em desuso para as entidades filantrópicas possibilitando o andamento do projeto, visto que o Instituto Crê-Ser não possuía a infraestrutura necessária para a realização do projeto, que carecia de um laborató-rio de informática.

Page 86: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

87

Para a montagem dos laboratórios de Informática, a equipe de extensão contou com a ajuda de alunos do segundo ano do Cur-so Técnico em Manutenção e Suporte em Informática Integrado ao Ensino Médio. Essa colaboração só foi possível devido à matéria da grade curricular do curso “Fundamentos de Hardware e Manutenção de Computadores” que necessita de aulas práticas de manutenção em computadores. Assim, esses alunos colaboraram na manutenção e recuperação de aproximadamente 10 máquinas danificadas, na pa-dronização e formatação das mesmas que, posteriormente, foram utilizadas para atender o público-alvo da instituição recebedora do projeto.

Ainda, no período anterior ao início efetivo das atividades, reuniões foram feitas entre orientados e orientadores. A instituição filantrópica foi visitada para que fosse possível diagnosticar qual o nível de conhecimento que os alunos já obtinham, possibilitando assim traçar caminhos mais adequados para a execução do progra-ma de extensão. Esse diagnóstico se deu em forma de conversa com discentes e docentes do local. Foi constatado que o nível de conhe-cimento de algumas crianças era muito baixo, em alguns casos o processo teria que ser mais lento e cauteloso, especialmente em rela-ção a discentes que ainda não sabiam ler ou que tinham dificuldades na construção de frases.

Em contrapartida, outras crianças apresentaram um alto ní-vel de conhecimentos em informática. Coincidentemente, esse nível estava diretamente relacionado à idade das crianças, visto que os que possuíam uma faixa etária mais alta apresentaram maior domínio em técnicas ligadas ao curso e aqueles com menor idade apresentaram menor domínio. Com essa avaliação diagnóstica, foi possível obter informações sobre os desejos, sentimentos e interesse dos alunos em relação à aprendizagem da Informática Básica.

Feito isso, as aulas começaram a ser ministradas semanal-mente com conteúdos acerca de entendimentos básicos em com-putadores, como: digitação; manuseamento do mouse; posturas e

Page 87: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

88

comportamentos corretos frente aos computadores; utilização de ferramentas básicas e criação de documentos Word, Power Point, Excel, Paint e Bloco de Notas; além da utilização do OpenOffice.

É importante ressaltar que tudo isso aconteceu de forma integrada às matérias estudadas e vivenciadas pelas crianças em sua rotina escolar, como Português, Matemática, História, Ciências, Ar-tes, dentre outros, a fim de despertar uma relação entre ambos os meios, o que traz um benefício ainda maior para as crianças, dado que desenvolvem assim mais de uma habilidade simultaneamente.

Nas turmas com alunos com idade inferior a oito anos, os conteúdos foram ministrados a partir de conversas com temas pré--definidos, como “O que quero ser quando crescer?”, em que as crianças debateram entre si o que pensam para o futuro e depois aplicaram suas ideias fazendo desenhos sobre as profissões escolhidas no “Paint”, junto a isso aprenderam como utilizar o programa.

O progresso quanto às técnicas de informática era nítido du-rante as aulas, muitas vezes o próprio aluno por curiosidade desco-bria sozinho qual a funcionalidade de alguma tecla ou de um botão que realiza alguma função em um programa. A coordenação motora na utilização do teclado e do mouse também foram quesitos que obtiveram grande evolução, além do raciocínio lógico e a educação com o computador.

A aprendizagem e domínio de técnicas, principalmente em programas básicos, são de extrema relevância e tratam de um traba-lho contínuo visto que a Informática é algo dinâmico e que está em constante mudança.

Os resultados obtidos com este projeto se revestem de gran-de importância e servem como um incentivo para que mais ativida-des de computação surjam em outras entidades. É possível afirmar que, ao fim desse período, todos os envolvidos foram beneficiados, não só a comunidade externa, mas também o IFTM Campus Patro-cínio e toda a equipe extensionista.

A comunidade externa por meio do IFTM pode desfrutar de

Page 88: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

89

novas alternativas de acesso à informação de forma gratuita, além de adquirir novos conhecimentos que contribuíram com sua for-mação. Os bolsistas e voluntários tiveram a experiência de estar no papel de um educador e de serem agentes ativos na vida de outras pessoas passando a olhar o aluno e o seu fazer de um outro modo, pois se colocam em um novo lugar, de quem provoca e potencializa os processos de produção conhecimento. Desta forma, os estudan-tes passam a vivenciar uma experiência construtiva do fazer, ou seja, em ação nos ambientes onde aprende além de terem adquirido no-vos aprendizados e compartilhado seus conhecimentos.

Cabe ainda ressaltar a vocação e potencial do IFTM Campus Patrocínio que conta com os cursos Técnicos em Informática e o superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Sendo assim, o programa atende em nível de extensão as atividades de prática na especificidade dos cursos de Informática e faz com que o nome da Instituição seja cada vez mais valorizado e reconhecido pela sociedade local. Além disso, o número de aproximadamente 140 crianças beneficiadas com a ação de extensão mostra a grandio-sidade e a necessidade de continuidade de projetos dessa espécie.

2.1 Metodologia

Os projetos de extensão visam de maneira geral e objetiva, auxiliar na melhoria da sociedade como um todo. Para isso, o proje-to de extensão “IFTM Inclui - Instituto Crê-Ser”, buscou oferecer para um determinado grupo de crianças, conhecimentos técnicos e básicos na área da Informática.

Assim, a metodologia adotada para a realização das ativida-des foi a divisão do corpo discente do local de realização do projeto em turmas e horários que foram preestabelecidos com a coorde-nação do local, bem como a divisão dos alunos orientandos para ministrarem aulas semanalmente durante o período de oito meses (abril a novembro de 2015), configurando, ao final desse tempo, um curso de Informática Básica para as crianças com carga horária de

Page 89: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

90

80 horas. A divisão das turmas se deu de acordo com a faixa etária de cada aluno.

As ações ocorreram todas as terças e quintas-feiras, visto que nesses dias não eram desenvolvidas outras atividades pelo Ins-tituto Crê-Ser, o qual oferece práticas em diferentes áreas, como reforço, pintura, costura, dentre outros. Além disso, os orientandos foram divididos em duplas para que o trabalho pudesse se tornar mais dinâmico e que a atenção dedicada aos alunos fosse maior, contribuindo para o melhor aprendizado.

As aulas visaram transmitir o conhecimento já adquirido pe-los alunos do IFTM Campus Patrocínio, tanto em nível técnico quanto em nível superior, para aqueles que ainda estão iniciando sua vida acadêmica e que futuramente poderão atuar e fazer a diferença na vida de outras pessoas. Foi decidido em conjunto com toda a equipe envol-vida tópicos com os principais temas que o curso se basearia, a fim de nortear os trabalhos e os conteúdos a serem seguidos ao decorrer do ano de efetuação do curso (2015), como podemos ver abaixo:

a) Introdução a Informática Básica: teoria, conceitos e história da informática;b) Introdução a Softwares pedagógicos: desenvolvimento de habilidades com o mouse, teclado e raciocínio;c) Digitação: Softwares de auxílio à digitação;d) Ferramentas do Office: trabalhar documentos word, planilhas, apresentações, dentre outros;e) Ferramentas do OpenOffice: trabalhar documentos word, planilhas, apresentações.

Para o desenvolvimento de cada tema acima citado, foram utilizados:

a) dinâmicas de conhecimento do grupo para início das aulas, conceitos introduzidos e transmitidos por meio de conversa com os alunos sobre a história e utilidade da informática na atualidade;

Page 90: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

91

b) softwares pedagógicos como “Klavaro” e “Gcompris” que auxiliam no ensino sobre a prática da digitação e o manuseio do mouse de forma lúdica;c) aprofundamento no software “Klavaro” para desenvolver habilidades específicas de digitação, como o correto posi-cionamento das mãos no teclado, o posicionamento de cada tecla, dentre outros;d) ferramentas do Office 2010: Microsoft Word 2010, Microsoft PowerPoint 2010 e Microsoft Excel 2010;e) ferramentas do OpenOffice 4.1.2: OpenOffice Writer, OpenOffice Calc e OpenOffice Impress.

Buscou-se a utilização de softwares educativos a fim de intro-duzir e auxiliar no segmento do conteúdo programado e tornar as aulas mais lúdicas, o que chama a atenção do discente e faz com que este aprenda de uma forma diferenciada, com uma linguagem fácil e ao mesmo tempo adequada para sua faixa etária.

Alguns instrumentos, principalmente “Microsoft Word”, “Paint” e “Power Point”, juntamente com conceitos sobre compu-tadores, foram trabalhados de forma mais profunda, ou seja, cada ferramenta e possibilidade do software foi explorada, principalmente, por se tratar de noções básicas e de extrema importância para quem inicia um curso voltado para a área da Informática.

Além disso, o conteúdo era ministrado de forma prática, teórica e interdisciplinar com as matérias que são aprendidas nas escolas regulares o que proporcionou um benefício ainda maior, principalmente para as crian-ças, dado que desenvolvem assim várias habilidades ao mesmo tempo.

3 CONCLUSÃO

O uso adequado do computador na educação pode facilitar o desenvolvimento e a organização do pensamento, bem como des-pertar interesse e a curiosidade dos alunos por estarem aprendendo

Page 91: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

92

aparentemente de uma forma diferente da tradicional. Neste sentido, percebem-se os benefícios que este sistema pode trazer à Educação, uma vez introduzido no processo de aprendizagem de crianças.

O ensino em Informática trata-se de um trabalho contínuo, para o qual este trabalho tem como resultado a redução da desigualda-de no acesso a ferramentas de tecnologia da informação e um maior entendimento em computadores e suas funcionalidades. Graças ao IFTM Inclui, o Instituto Crê-Ser passou a ter acesso a computadores, o que é muito positivo, visto que para algumas crianças a única manei-ra de ter contato com esses é por meio da instituição.

É possível afirmar que o projeto de extensão IFTM Inclui, que ocorre desde o ano de 2012, é cada vez mais um sucesso e sua impor-tância para os envolvidos é de fato notória. Ademais, com esta iniciativa foi possível promover a inclusão digital e incentivar os alunos a estarem sempre estudando e relacionando aquilo que eles aprendem a práticas do dia a dia que podem trazer benefícios para outras pessoas.

Por fim, oportunizando maior agregação de valor por meio do uso da tecnologia e de acesso ao conhecimento e à informação, o Programa IFTM Inclui-Instituto Crê-Ser garantiu a contribuição para a educação, aprendizado e o acesso à informação nos locais em que se fez presente.

4 NOTAS

Mestre em Engenharia de Sistemas, Professor EBTT, [email protected] em Ciência da Computação, Professora EBTT, [email protected] 2º ano do Curso Técnico em Manutenção Suporte e Informática Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2014. [email protected] em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2014. [email protected] 2º ano do Curso Técnico em Manutenção Suporte e Informática Integrado ao Ensino Médio. Voluntária de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03 /2014. [email protected] em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, voluntário de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2014. [email protected]

Page 92: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

93

5 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. E.; PRADO, M. E. Desafios e possibilidades da integração de tecnologias ao currículo. In: SALGADO, M.; AMA-RAL, A. Tecnologias na educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Brasília: Ministério da Educação, 2008.

DOTTA, E.A.V. et al. O Ensino de Informática para Crianças: Um estímulo à aprendizagem. 2003. Disponível em: <http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/510>. Acesso em: 11. dez. 2015.

MATTEI, C. O Prazer de Aprender com a Informática na Educação Infantil. 2003. Disponível em: <http://www.posuniasselvi.com.br/arti-gos/rev02-11.pdf>. Acesso em: 09. dez. 2015.

PRADO, M. E. B. B. Articulações entre áreas de conhecimento e tec-nologia. Articulando saberes e transformando a prática. In: AL-MEIDA, M. E. B. de; MORAN, José Manuel (Org.). Integração das tecnologias na educação. Brasília: Ministério da Educação/SEED/TV Escola/Salto para o Futuro, 2005. cap. 1, artigo 1.8, p. 54-58. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto>. Acesso em: 12 jul. 2009

SACERDOTE, H. C. Análise do vídeo como recurso tecnológico educacional. REVELLI: Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG, Inhumas, v. 2, n. 1, p. 28-37, 2012.

SANTAROSA, L. M. C. et al. Formação de Professores a Distância e em Ser-viço: Ambiente TelEduc no Projeto Nacional de Informática na Educação Especial do MEC. Revista Informática na Educação: Teoria e prática, v. 4 n. 2, Dezembro, 2001.

Page 93: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

94

INCLUSÃO DA PESSOA COMDEFICIÊNCIA: TRANSFORMANDO

DISCURSOS EM PRÁTICASMarina Beatriz Ferreira Vallim1, Gislene Ferreira Venerando2,

Kênia Palhares Gonçalves Siqueira3, Natália Cristina Reis de Moraes4

RESUMO

O presente relato apresenta as práticas desenvolvidas no projeto de extensão do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) - Edital 02/2014. O projeto visa propiciar o efetivo desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem do alu-no surdo através do uso da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em conjunto com atividades pedagógicas apoiadas em material concreto, com vistas ao melhoramento de seu rendimento escolar, buscando concretizar uma prática autêntica de inclusão educacional e social. É importante destacar que foi propósito essencial do projeto promover atividades significativas não apenas para o aluno surdo, mas para a co-munidade escolar como um todo, estimulando assim a construção de um ambiente verdadeiramente inclusivo na escola regular. Para tanto, foram desenvolvidas oficinas de Libras para os professores de escolas da rede pública estadual, como a oficina “A inclusão vista do lado de cá”, realizada para professores e alunos dessas escolas e para os alu-nos do curso de Especialização em Educação Profissional e Tecno-lógica Aplicada à Gestão de Programas e Projetos de Aprendizagem do IFTM Campus Uberaba. Assim, nessas oficinas, observou-se o quanto a inclusão necessita ser efetivamente vivenciada nas escolas da educação básica da rede pública de ensino, pois a resistência ob-servada nas falas de alguns professores aponta para a importância desse tema ser objeto de outros projetos que permitam a reflexão e o conhecimento sobre a inclusão escolar.

Palavras-chaves: Inclusão. Deficiências. Libras. Oficinas.

Page 94: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

95

1 INTRODUÇÃO

Os educadores, quando estudam as questões ligadas à inclusão educacional, podem ter a impressão da existência de um abismo entre teoria e prática. Não que a literatura seja ineficiente ou escassa, mas a informação realmente transforma-se em conhecimento quando é ela-borada por meio de vivências. A prática docente, para caminhar ao tom das demandas inclusivas, requer um engajamento proativo por parte do educador interessado em buscar as soluções mais adequadas.

Por isso, o presente projeto justifica-se pela premente neces-sidade de respostas práticas às reais demandas dos alunos surdos na escola comum, sendo um estímulo ao fomento de estratégias pedagó-gicas que operem no sentido de oferecermos enquanto educadores, respostas criativas à altura das concepções inclusivas atuais.

O projeto foi desenvolvido nos dois últimos anos, sendo adap-tado a partir das experiências anteriores. O retorno dos profissionais e alunos das escolas, dos bolsistas e dos voluntários que participaram do projeto demonstrou que o tema é relevante; contudo, em processo de estudos, adaptações e apropriações nas escolas. Buscando a apro-ximação do IFTM com as escolas da educação básica da rede pública de ensino as atividades do projeto foram enriquecedoras para os inte-grantes, pois os estudos, debates, vivências propiciadas pelas oficinas permitiram-nos ampliar o conhecimento sobre a inclusão.

O objetivo geral do projeto é de propiciar o efetivo desen-volvimento do processo ensino-aprendizagem do aluno surdo por meio do uso da Língua Brasileira de Sinais em conjunto com ati-vidades pedagógicas apoiadas em material concreto, com vistas a melhorar seu rendimento escolar, buscando concretizar uma prática autêntica de inclusão educacional e social. É importante destacar que também foi propósito essencial do projeto, promover atividades significativas não apenas para o aluno surdo, mas para a comunidade escolar como um todo, estimulando assim a construção de um am-biente verdadeiramente inclusivo na escola regular.

Page 95: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

96

Os objetivos específicos foram:

- favorecer uma mudança do paradigma que cultiva uma visão não inclusiva focada exclusivamente nas aparentes limitações no processo ensino-aprendizagem;- ampliar e enriquecer a capacidade de intercomunicação entre surdos e ouvintes no ambiente educacional;- promover uma integração efetiva entre alunos surdos e professores ouvintes;- desenvolver atividades com surdos e ouvintes visando difundir a língua de sinais.

O projeto “Inclusão da pessoa com deficiência: transfor-mando discursos em prática” permitiu o contato com a Língua Brasileira de Sinais em tempo real. Ao vivenciar as experiências do dia a dia, percebe-se que o saber é uma conquista necessária a todos e a sua prática é essencial.

Levando a refletir sobre a necessidade de conhecer este uni-verso, tendo como finalidade conhecer as dificuldades e despreparos por parte dos educadores ouvintes em não saber se comunicar com os seus alunos surdos. Lembramos que essas crianças surdas necessitam que a sua primeira língua seja a Línguas de Sinais e a segunda a Língua Portuguesa, este fator ficou evidente no decorrer do projeto.

Fator intrínseco é aguçar um novo olhar do professor em relação à língua nativa da comunidade surda. Tornando-se necessário o desbravar de um novo horizonte, a disposição de aprender a Libras teve o despertar ao vivenciar as dificuldades de comunicação com o mundo verbal.

O projeto foi executado de forma prática trazendo a realidade da educação da comunidade surda para o interior da sala de aula. Re-latos de experiências de vidas de alguns participantes do projeto pro-vocaram a curiosidade de aperfeiçoamento, por parte dos educadores, em conhecer Libras.

A comunicação tem como instrumento a linguagem, os alunos

Page 96: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

97

trocam os seus conhecimentos por meio de sua língua natural. É fato que os alunos surdos devem ter convívio com a Libras em sua comunicação e, principalmente, na construção do ensino-aprendizado no ambiente es-colar. O sucesso escolar depende do desempenho da equipe pedagógica em que este aluno está inserido, fortalecendo a necessidade do educador de buscar o aperfeiçoamento na Língua Brasileira de Sinais.

Portanto, a equipe definiu que as atividades seriam práticas e que buscariam promover a discussão sobre a inclusão no ambiente escolar. As oficinas, que serão relatas posteriormente, demonstra-ram a importância da mudança de postura e que adquirir conheci-mento sobre a inclusão e as deficiências deve fazer parte da forma-ção dos professores e dos profissionais da educação.

2 DESENVOLVIMENTO

O sistema de ensino deve garantir a inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais, diversas formas de inclu-são são observadas nos espaços escolares e na sociedade. No entan-to, quanto ao aspecto educacional as dificuldades enfrentadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais os levam ao aban-dono e ao fracasso escolar. Podemos citar como aspectos que pre-cisam ser melhorados no ambiente escolar: a falta de acessibilidade para cadeirante; a não existência do intérprete de Libras; o material didático não adaptado ao deficiente visual, entre outras.

Visando a concretização do processo de inclusão todos os sujeitos precisam estar envolvidos, assim as autoras Benites e Domi-niconi tratam da questão:

A inclusão escolar, na perspectiva da educação inclusiva, de-manda, portanto, a participação e o envolvimento de diferen-tes agentes educacionais. Quando os comportamentos desses agentes são congruentes e interdependentes no ambiente es-colar, aumentam-se as possibilidades de aprendizagem, além de serem mantidos e propagados com o tempo. De tal modo, o comportamento de cada agente educacional ocorre, em função de contingências individuais. Ao somar tais contingên-

Page 97: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

98

cias umas às outras, podem resultar em práticas culturais que perduram ao longo do tempo. Exemplos disso são: o com-portamento do professor de Educação Especial, que realiza a adaptação da atividade para o aprendiz; o comportamento do professor de sala de aula, que ensina o aprendiz a ler; o com-portamento de ler do aprendiz; o comportamento dos profes-sores que preparam e adaptam o material didático; o compor-tamento dos diretores diante das políticas educacionais vigen-tes; o comportamento dos pais de monitorar os estudos dos filhos e tantos outros comportamentos promissores, que de-terminam a aprendizagem dos educandos. No entanto, alguns desses agentes nem sempre entram em contato direto uns com os outros (BENITES, DOMINICONI; 2015; p. 1010).

Nesse sentido, ressaltamos que a equipe do projeto observou que os profissionais demonstraram desconhecimento sobre as deficiên-cias e alguns ainda possuem desinteresse pelo assunto. Os alunos com necessidades educacionais especiais e seus familiares é que se respon-sabilizam pela adaptação à escola. Portanto, a acessibilidade não está efetivada nas instituições de ensino.

Muitos desafios são enfrentados e os resultados aparecem em longo prazo no processo de inclusão escolar. Segundo Lacerda (2006), a política de inclusão dos sujeitos com necessidades educativas especiais foi difundida a partir da década de 1990 no mundo, cuja proposta era de respeito e socialização desses sujeitos e também da comunidade surda. Os programas de educação especial foram desprestigiados e houve um movimento para a inclusão de pessoas surdas nas escolas regulares.

Nesse sentido, buscando minimizar as barreiras da inclusão no espaço escolar, as atividades do projeto iniciaram após encontros para estudos que pudessem trazer fundamentação para os bolsistas e vo-luntários do projeto adquirem conhecimentos e, posteriormente, mi-nistrarem as oficinas. Nas reuniões, a partir dos diversos materiais para estudo, os temas foram discutidos.

A equipe por meio da contribuição de cada um dos participan-tes realizou a oficina de “Libras” e a oficina “A inclusão vista do lado de cá” nas escolas estaduais da rede pública de ensino com os alunos e professores e com a primeira turma de Especialização em Educação

Page 98: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

99

do IFTM. Cada vivência proporcionou à equipe momentos de reflexão sobre as nossas práticas, assim, a apropriação do assunto foi adquirida por todos no decorrer do projeto.

Segundo o documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva:

Os sistemas de ensino devem organizar as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comu-nicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a atender as necessida-des educacionais de todos os alunos. A acessibilidade deve ser assegurada mediante a eliminação de barreiras arquite-tônicas, urbanísticas, na edificação – incluindo instalações, equipamentos e mobiliários – e nos transportes escolares, bem como as barreiras nas comunicações e informações. (BRASIL, 2007).

Assim, o projeto, visando contribuir para a promoção da aprendizagem, realizou suas atividades no ano de 2015. Inicialmente, fazíamos o acolhimento dos participantes e discutíamos as dificulda-des e facilidades dos deficientes visuais e auditivos. O deficiente visual, voluntário do projeto, por meio de exposição dialogada, trouxe aspec-tos da sua realidade envolvendo as dificuldades e as diversas situações enfrentadas por ele para estudar e trabalhar. Entretanto, demonstrou que as tecnologias não são empecilhos para os deficientes visuais, pelo contrário, elas contribuem para a independência do deficiente visual em suas tarefas diárias. Em relação aos deficientes auditivos, outra vo-luntária do projeto relatou sobre as barreiras que encontrou no curso de graduação pela ausência do intérprete, mesmo com a legislação vigente garantindo tal apoio em sala de aula. A seguir, os participantes discutiram temas referentes à deficiência e à aplicação da legislação, à necessidade de inclusão, à inclusão como um direito e à falta de pre-paro dos professores e da própria estrutura das instituições de ensino, além do principal ponto abordado nas oficinas que é a falta de tempo para capacitação. Após essas discussões iniciais, o segundo momento era monitorado pelos alunos bolsistas do projeto e pelos seus coor-denadores: ao vendar os olhos dos participantes e proporcionar um

Page 99: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

100

momento de independência, eles caminhavam sozinhos pelos pátios e locais abertos experimentando a vivência de como seria a realidade de um deficiente visual. Já em sala de aula, ainda vendados, a próxima experiência foi realizar o lanche, momento em que dois participantes voluntários, ainda vendados, foram designados para servir os demais alunos. Ainda, incluíamos a temática das experimentações que consis-tia em utilizar o tato, paladar, olfato, audição para identificar os diver-sos objetos e frutas dispostos em uma sala.

Depois dessas atividades, nas oficinas, os participantes tiravam as vendas e voluntariamente se manifestaram e, com o resultado, a equipe do projeto obteve diversas representações, tais como: medo, inseguran-ça, pânico, sofrimento e agonia e até mesmo falta de ar. Partindo dessas informações e com a ajuda dos colaboradores, foi possível realizar a pós--discussão que difere da ideia apontada no início da oficina sobre inclusão, ou seja, as ideias iniciais foram demonstradas do ponto de vista externo e a pós-oficina os relatos traziam uma nova concepção, o impacto de um novo olhar, ou seja, “A inclusão vista do lado de cá”.

Além de proporcionar uma nova experiência aos participantes, a equipe notou diversas dificuldades, pois lidar com acessibilidade e in-clusão em escolas gera muitas discussões devido à ausência de interesse de alguns participantes, a falta de tempo para realizar cursos como ca-pacitação extra, além da deficiência na divulgação dos cursos gratuitos sobre Libras ofertados em algumas escolas no município de Uberaba. Percebe-se que a inclusão está ganhando espaço nas discussões no meio acadêmico, porém há a necessidade de estender essas reflexões à so-ciedade e isso se dará também por meio de projetos de extensão, pois esses funcionam como ferramenta de interligação entre instituições de ensino e a sociedade para o compartilhamento de experiências.

3 CONCLUSÃO

Por meio das oficinas, os alunos e professores puderam per-ceber as dificuldades de um deficiente, visual ou auditivo, em qualquer

Page 100: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

101

ambiente, seja ele escolar ou de trabalho, e que a inclusão vai além de garantir a vaga, por meio de lei. Ademais, para inserir o deficiente no mercado de trabalho, requer boa estrutura física para deslocamento, si-nalização adequada, instituições de ensino e profissionais preparados. Compreenderam que a tecnologia é uma aliada e está longe de ser um entrave para inclusão da pessoa com deficiência na escola ou mercado de trabalho. E, realmente, só haverá inclusão quando a própria socie-dade cobrar políticas públicas mais efetivas e quando houver profis-sionais, em todos os âmbitos, dispostos a aprender e realizar cursos de capacitação para receber essa comunidade que urge por seu espaço e independência na sociedade com um todo.

A inclusão ainda é uma questão que estimula o debate principal-mente nas redes públicas de ensino. As oficinas realizadas pelo grupo de extensão “Inclusão da pessoa com deficiência: transformando dis-cursos em práticas” mostraram que esse tema ainda possui resistências por parte de alguns professores. São relatos de profissionais que lidam com o dia a dia escolar e que reconhecem a necessidade da inclusão nas escolas. Entretanto, responsabilizam as políticas públicas pela não capacitação para lidarem com alunos deficientes e com necessidades educacionais específicas. Por outro lado, há aqueles que se abrem para essa nova realidade e acreditam que a inclusão somente será efetiva se cada profissional tomar para si como uma realidade necessária.

Colocar-se no lugar do outro, abrir-se para novas experiências, aprimorar outros sentidos além da visão e audição, foram temas abor-dados pelos próprios profissionais após as oficinas. Participar das ativi-dades do projeto foi uma experiência de grande valia tanto para aqueles que a conduziram quanto para os que a sentiram. Foram momentos nos quais o grupo pode mostrar que, mesmo sendo um portador de de-ficiência, é possível estudar, trabalhar e realizar as atividades com grande autonomia e, ainda, a tecnologia tem contribuído cada vez mais para a independência dos deficientes visuais.

Buscando contribuir com as escolas e permitindo um mo-mento de reflexão sobre a inclusão junto à comunidade escolar, por

Page 101: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

102

meio do projeto, evidenciamos o quanto precisa ser realizado para que as barreiras da aprendizagem sejam minimizadas e o sucesso escolar seja garantido a todos.

4 NOTAS

1Especialista em Educação Especial: deficiência auditiva. Graduação em Pedagogia. Docente. Equipe executora do projeto. [email protected] em Educação. Pedagoga. Equipe executora do projeto. [email protected] da Pós-Graduação em Educação do IFTM. Graduação em Ciências Contábeis. Bolsista do projeto de extensão edital 02/2014. [email protected] da Pós-Graduação em Gestão Ambiental do IFTM. Graduação em Geografia. Bolsista do projeto de extensão edital 02/2014. [email protected]

5 REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, pror-rogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007. Disponível em: <portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em: 13. fev.2016.

LACERDA, C. B. F. de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes, Campinas, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago. 2006. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 12. fev. 2016.

BENITEZ, P. ; DOMENICONI, C. Inclusão Escolar: o Papel dos Agen-tes Educacionais Brasileiros. Psicologia: cência e Profissão, v. 35, n.4, p. 1007-1023. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v35n4/1982-3703-pcp-35-4-1007.pdf>. Acesso em: 11. fev. 2016.

Page 102: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

103

LAMOLF: LABORATOIRE MOBILE DE LA LANGUE FRANÇAISE / LABORATÓRIO

MÓVEL DA LÍNGUA FRANCESALara Kuhn1

Francisco Lopes da Cunha2

RESUMO

Este texto apresenta o relato de experiência do desenvolvimento do projeto de extensão “Lamolf: Laboratoire Mobile de la Langue Fran-çaise / Laboratório Móvel da Língua Francesa”, executado no Cam-pus Uberlândia Centro, do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). O projeto teve como objetivo produzir um espaço de divul-gação cultural, por meio de um processo de criação colaborativo e o uso de tecnologias inovadoras, explorando a língua e a cultura francó-fonas. Com isso, pretendeu-se contribuir para a formação dos indiví-duos, para que construíssem habilidades e competências de cidadania e consciência intercultural. O projeto envolveu membros da comuni-dade interna e externa. As atividades realizadas permitiram aos alunos extensionistas a aplicação prática dos conhecimentos e habilidades que têm desenvolvido em seus cursos de origem, além de levá-los a refletir sobre sua prática profissional. Para realização bem sucedida das atividades, foram adotadas técnicas de Gestão de Projetos e, para acompanhamento da sua execução, foram implementados mecanis-mos de avaliação processual e avaliação de resultados.

Palavras-chave: Francofonia. Cidadania Global. Tecnologias Digitais.

1 INTRODUÇÃO

Em um contexto de internacionalidade e contraposição às ten-dências nacionalistas advindas do sistema educacional, o ensino de lín-guas e culturas estrangeiras pode contribuir para a formação de cidadãos

Page 103: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

104

que se identifiquem com problemáticas supranacionais (GEORGIOU, 2015). Nesse sentido, o processo de internacionalização que o Brasil tem passado, torna fundamental o desenvolvimento de ações comprometidas com uma educação para a competência intercultural e a cidadania global. Diante desse cenário, o projeto de extensão Lamolf: Laboratoire Mobile de la Langue Française teve como objetivo produzir um espaço de divulgação e experimentação cultural, por meio de um processo de criação colabo-rativa (SILVA, 2008) e o uso de tecnologias inovadoras, explorando a língua e a cultura francófonas. Com isso, pretendeu-se contribuir para a formação dos participantes, para que desenvolvessem habilidades e competências de cidadania e consciência intercultural (BYRAM; GRI-BKOVA; STARKEY, 2002), por meio de experiências significativas, que conectassem pessoas, informações e lugares.

2 DESENVOLVIMENTO

A cidadania global pode ser entendida como o sentimento de pertencimento a comunidade além das fronteiras nacionais, no sen-tido em que a identidade humana é ressaltada e a interconexão entre as dimensões local e global estão evidentes, havendo a possibilidade de se executar ações para que as pessoas experimentem o mundo de forma mais justa, pacífica e sustentável (UNESCO, 2015).

Segundo a UNESCO, a Educação para a Cidadania Global (ECG)

[...] visa a equipar alunos de todas as idades com valores, conhecimentos e habilidades que sejam baseados e pro-movam o respeito aos direitos humanos, à justiça social, à diversidade, à igualdade de gênero e à sustentabilidade ambiental. Além de empoderar os alunos para que sejam cidadãos globais responsáveis, a ECG oferece as compe-tências e as oportunidades de concretizar seus direitos e suas obrigações, com vistas a promover um mundo e um futuro melhores para todos (UNESCO, 2015).

Page 104: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

105

Nessa perspectiva, o projeto explorou relações tangíveis com conteúdos e práticas da cultura francófona, mediadas por tec-nologias diversas, com variados níveis de engajamento e interativi-dade, na perspectiva da metodologia colaborativa. Para realização dos objetivos específicos do projeto, foram desenvolvidas as se-guintes ações, no período de agosto a dezembro do ano de 2015: 1) elaboração e implementação de um conjunto de atividades de formação baseadas em um modelo de competência comunicativa intercultural, visando desenvolver a curiosidade, a disponibilidade e a prontidão para reavaliar crenças sobre outras culturas, e a sua própria; 2) elaboração de proposta de parceria e identificação de instituições potenciais parceiras, atuantes no ensino e pesquisa de Francês como segunda língua, na preservação e difusão do patri-mônio cultural e no desenvolvimento de projetos de Design e Ar-quitetura; 3) planejamento de uma exposição itinerante e interativa sobre a língua e a cultura francófonas.

Para execução das ações, foram adotadas técnicas de Ges-tão de Projetos, a fim de garantir a qualidade e eficiência na sua realização. Cada uma das ações planejadas foi problematizada e analisada, para embasamento da tomada de decisões. Diante dis-so, foram estabelecidos os resultados e os benefícios que a ação produziria no contexto do projeto, seus requisitos, as pessoas e elementos externos envolvidos, as restrições, as entregas neces-sárias, as atribuições dos membros da equipe, os prazos, os riscos e os custos. A avaliação das ações foi orientada a resultados, e se baseou na comparação entre os resultados previstos e realizados, por meio de uma matriz que continha perguntas norteadoras para os resultados estabelecidos para cada ação, objetivos do projeto, indicadores qualitativos e quantitativos, os quais apresentavam evi-dências do êxito dos resultados, registro das fontes de informação (pessoas, reuniões, documentos, etc.), formas de coleta de dados e periodicidade da avaliação.

O desenvolvimento das atividades de formação envolveu

Page 105: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

106

a realização de reuniões da equipe executora, planejamento de ações, seleção de recursos e estudo de material de referência. No tópico a seguir, faremos a descrição das ações executadas.

2.1 Visita Técnica “Centro de Tecelagem Fios do Cerrado”

Visita realizada no Centro de Tecelagem Fios do Cerrado com o objetivo de sensibilizar os participantes e promover sua compreensão sobre os recursos e estruturas produtivas, culturais, sociais e históricas que compõem o Centro de Tecelagem. E, com isso, estimular os par-ticipantes a refletirem sobre a interdependência e interconectividade cultural, econômica e histórica entre o Brasil e outros países, a partir de um contexto local.

2.2 Oficina “FrancoMobile”

Oficina realizada com o objetivo de sensibilizar os participan-tes e promover sua compreensão sobre elementos constituintes do espaço francófono (espace francophone), por meio da interação com conteúdos digitais e manipulação de informações, utilizando dispo-sitivos móveis. A oficina teve como objetivos específicos apresentar aspectos constituintes do espaço francófono (espace francophone), apresentar a plataforma de desenvolvimento de aplicativos “Fábrica de Aplicativos” e desenvolver aplicativos informacionais sobre países francófonos, utilizando mesma. A oficina foi ministrada em língua francesa e portuguesa, foram apresentados informações e conceitos ligados a francofonia e os países que passaram pelo processo de co-lonização francesa. Para produção dos aplicativos, os participantes utilizaram fontes como textos, vídeos, músicas e depoimentos, em língua francesa, publicados na internet por sites de instituições gover-namentais, agências de notícias e organizações diversas, de origem dos países francófonos pesquisados. Os aplicativos produzidos possuem conteúdos em língua francesa e portuguesa.

Page 106: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

107

2.3 Mesa redonda SNCT 2015 “France mon Paradis: o processo de imigração de países africanos e aspectos da cultura francófona”

Foi realizada a Mesa Redonda “France mon Paradis: o pro-cesso de imigração de países africanos e aspectos da cultura fran-cófona”, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2015, com o objetivo de sensibilizar os participantes e estimular sua refle-xão sobre os fluxos migratórios africanos-europeus e a relação com a cultura francófona. O evento foi realizado em língua francesa e portuguesa e teve como mediador o professor Me. José Bartolomeu Jocene Marra, da Universidade Pedagógica de Moçambique, espe-cialista em ensino de Francês como língua estrangeira e doutorando em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia. Para fomen-tar o debate, foram exibidos segmentos do documentário Paris mon paradis: Une Burkinabè à Paris, com áudio original em francês e legendas em português. O documentário narra a experiência de Éléonore Yaméogo, uma jovem do país francófono Burkina Faso, que ao completar seus estudos em cinema no Institut Supérieur de l’Image et du Son de Ouagadougou, iniciou um projeto audiovisual para desconstruir o mito do paraíso parisiense, mantido por muitos imigrantes africanos.

2.4 Oficina “Un Brésil Français”

A oficina Un Brésil Français teve o objetivo de sensibilizar os participantes e estimular sua reflexão sobre a representação cultural do Brasil e suas condições sociais, culturais e econômicas, no discurso do espaço francófono, veiculado pela mídia francesa, por meio da produ-ção de visualizações gráficas de textos e o uso de dados digitais. A ofi-cina teve como objetivos específicos contextualizar aspectos da repre-sentação cultural do Brasil na mídia francesa, apresentar plataformas online de visualização de dados e desenvolver visualizações de textos

Page 107: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

108

de jornais franceses, sobre o Brasil. A oficina foi ministrada em língua francesa e portuguesa, com apresentação e debate de conceitos sobre a representação cultural nos meios de comunicação, a francofonia e a relação franco- brasileira. Os participantes selecionaram na internet textos em língua francesa, de notícias de jornais da França, sobre as-pectos diversos do Brasil e procederam à visualização desse material utilizando ferramentas de visualização de dados. Os gráficos gerados permitiram observar a frequência de ocorrência, a distribuição e as associações das palavras nos textos, que são usadas para representar o Brasil, sua cultura e sua sociedade.

3 CONCLUSÃO

Com este projeto, foi produzido um conjunto de resul-tados, de caráter educacional e técnico, com o desenvolvimento de habilidades e a produção de conteúdos como fotos, aplica-tivos para dispositivos móveis, gráficos e eventos para a co-munidade. As ações do projeto promoveram a formação dos participantes da comunidade interna e externa, levando-os ao desenvolvimento de competências culturais, técnicas e tecnoló-gicas. Ainda, a comunidade externa poderá ser beneficiada com o acesso aos produtos do projeto, que se alinham aos esforços dos programas e políticas públicas de promoção e divulgação da diversidade cultural e inclusão digital.

Além disso, os conteúdos técnicos e corpo de práticas ge-rados poderão ser aplicados em outros contextos de ensino e pes-quisa. Por fim, o projeto fortaleceu o desenvolvimento do IFTM, contribuindo para seus objetivos estratégicos enquanto instituição de Ensino Superior, em sua internacionalização e em sua capacida-de tecnológica. Os mecanismos de avaliação adotados permitiram aferir a qualidade e eficiência das ações e a medição de resultados obtidos, o que resultou na construção de aprendizagens, mobiliza-ção de recursos e planejamento de ações futuras.

Page 108: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

109

4 NOTAS

1Professora EBTT no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Doutoranda em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] Lopes da Cunha. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. [email protected].

5 REFERÊNCIAS

BYRAM, M.; GRIBKOVA, B.; STARKEY, H. Developing the inter-cultural dimension in language teaching: a practical introduction for teachers. Strasbourg: The Council Of Europe, 2002.

GEORGIOU, M. Language learning for global citizenship: the intercultural and political dimensions of Foreign language education. Disponível em: http://www.academia.edu/395750/Langua-ge_learning_for_global_citizenship_the_intercultural_and_political_ dimensions_of_Foreign_language_education. Acesso em: 13 mar. 2015.

SILVA, D. D. da. Pesquisa colaborativa e ensino da língua materna: Contribuições para a prática docente. In: ARAÚJOFILHO, T. de; THIOLLENT, M. Jean-marie (Org.). Metodologia para Projetos de Extensão: Apresentação e Discussão. Sao Carlos: Cubo Multimídia, 2008. p. 197-209.

UNESCO. Educação para a cidadania global: A abordagem da UNESCO.2015. Disponível em:<http://www.unesco.org/new/filea-dmin/MULTIMEDIA/FIELD/Brasilia/pdf/brz_ed_global_citizen-chip_brochure_pt_2015.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2015.

Page 109: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

110

MICROBIOLOGIA APLICADA ÀS INDÚSTRIAS E ESTABELECIMENTOS DE MANIPULAÇÃO

DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL INSPECIONADOS PELO SERVIÇO DE

INSPEÇÃO MUNICIPAL (SIM) DE UBERABAElaine Donata Ciabotti1 Cíntia Cristina de Oliveira2 Bianca Brito Amorim3

Mayara Rodrigues Silva Ferreira4, Karla Silva Tomaz5, Mércia da Silva Mesquita6

Giovane Tonelli7, Luiz Otávio de Queiroz Vieira8

RESUMO

Estabelecimentos que manipulam produtos cárneos e lácteos ins-pecionados pelo Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba (SIM) necessitam verificação das condições higiênico-sanitárias de seus pro-dutos e orientações a respeito de técnicas para se conseguir um pa-drão microbiológico legal para seus produtos. Esse projeto objetivou compartilhar experiências com pequenos industriais e comercian-tes que trabalham com produtos de origem animal na comunidade Uberabense. Foram realizadas 24 análises de 18 produtos, incluindo as águas utilizadas pelas indústrias. Os estabelecimentos visitados ti-nham como o principal problema a qualidade da água e a educação para a higiene, o que levou a equipe a ministrar cursos de higiene e prestar assessoria técnica a estes. O contato realizado com produto-res e a verificação de sua realidade e dificuldades, assim como ter leva-do a microbiologia ao alcance das pequenas indústrias e comerciantes foi enriquecedor para todos e o consumidor uberabense ganhou em qualidade e segurança alimentar.

Palavras-chave: Agroindústria familiar. Segurança alimentar. Ins-peção municipal. Produtos cárneos e produtos lácteos.

Page 110: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

111

1. INTRODUÇÃO

Apesar de ser uma das principais cidades produtoras de carne e leite, Uberaba tem uma carência de mão de obra especializada e de orientações técnicas, principalmente no que se refere à higiene na ma-nipulação de alimentos na grande maioria dos estabelecimentos produ-tores. Nossos queijos e churrasquinhos, presentes no cardápio Mineiro são lembranças obrigatórias para quem visita Uberaba. O Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba assim como outros órgãos nacionais, estaduais e municipais de fiscalização da segurança alimentar, têm difi-culdade em comprovar a qualidade dos produtos, devido à carência de laboratórios especializados. Com a tradição de vinte e quatro anos de atuação na área da Tecnologia de Alimentos, o IFTM Campus Uberaba auxilia esses produtores na melhoria da qualidade dos seus produtos e serviços. Da carência citada e dessa experiência do campus nasceu o acordo de mútua cooperação entre o IFTM Campus Uberaba e a Prefei-tura Municipal de Uberaba, que, desde agosto de 2012, vêm trabalhan-do juntos nesse projeto. Ou seja, em 2015, o Projeto completou 3 (três) anos. O planejamento das ações sempre foi realizado em conjunto: Co-ordenadora, Veterinários do Serviço de Inspeção Municipal, Técnica do Laboratório de Microbiologia e alunos bolsistas. Entre alunos bolsistas e voluntários, já passaram pelo projeto 26 alunos.

Além disso, promover o contato com a comunidade produtora é uma experiência de valor inestimável para alunos e professores. Per-mite a vivência e aplicação dos conhecimentos adquiridos no curso de Tecnologia de alimentos e no Mestrado em Ciência e Tecnologia de Ali-mentos, mais especificamente da Microbiologia e da Higiene Alimentar. Essa assessoria abrangeu o processo produtivo desde a aquisição de matéria-prima, passando pela produção, armazenamento e chegando à comercialização de alimentos. Todas as ações desse projeto foram ali-nhadas com o Projeto Político Pedagógico Institucional, sem separar o ensino, a pesquisa e a extensão.

O objetivo geral desse projeto foi compartilhar experiências

Page 111: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

112

com pequenos e médios produtores agroindustriais, fornecedores e comerciantes de produtos cárneos e lácteos, detectando problemas e discutindo soluções para a melhoria da qualidade dos seus produtos e serviços. Os objetivos específicos foram:

1 – emitir resultados de análises microbiológicas preventivas em pelo menos 3 (três) amostras (matéria-prima, amostras de equipa-mentos, ambientes e manipuladores) por semana provenientes da agri-cultura familiar, da produção alimentar local de assentados e pequenos produtores agroindustriais;

2 – orientar o público-alvo para a melhoria da qualidade mi-crobiológica da matéria-prima e dos produtos finais baseando-se nos resultados das análises, atendendo cada produtor separadamente de acordo com a condição específica, em seu local de trabalho, facilitando o acesso às informações necessárias ao fornecimento de um alimento seguro para a população;

3 – treinar grupos de alunos em análises microbiológicas, inten-sificando suas práticas de laboratório, promovendo maior segurança na realização e na interpretação das mesmas;

4 - aplicar os resultados das análises microbiológicas na detec-ção de problemas higiênicos e sanitários dos alimentos analisados, con-versando com o produtor sobre as possíveis causas e soluções para a sua correção;

5 – estimular os produtores que prezam pela qualidade de seus produtos a continuar fornecer produtos seguros ao consumidor, levan-do a eles a resposta da microbiologia às boas práticas de fabricação;

6 – divulgar o Curso de Tecnologia de Alimentos e situar o profissional Tecnólogo em Alimentos no contexto produtivo;

7 – visitar diferentes instalações agroindustriais, verificando as diversas possibilidades de implantação e ao mesmo tempo visualizando as vantagens e dificuldades do seu funcionamento;

8 – treinar manipuladores, gerentes e proprietários, iniciando pelos conceitos de microbiologia e chegando aos cuidados essenciais da manipulação de alimentos.

Page 112: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

113

2 DESENVOLVIMENTO

Os bolsistas foram selecionados seguindo os critérios estabe-lecidos no edital. No primeiro dia de trabalho, foi feita uma reunião para deixar claro o compromisso ético com os produtores e com o Serviço de Inspeção Municipal e a responsabilidade na execução das análises. Uma das regras mais importantes do trabalho é manter sigilo absoluto sobre os resultados obtidos no laboratório, pois, se as infor-mações saírem do laboratório, o IFTM perderia a credibilidade junto aos produtores e à Prefeitura, fechando-se as portas para a nossa Ins-tituição e, consequentemente, para os estudantes.

As análises microbiológicas foram realizadas semanalmente e seguiam sempre o mesmo ritual:

- coleta das amostras através do Serviço de Inspeção Municipal (SIM);

- recepção das amostras;- preparação e esterilização de materiais, meios de cultura e

vidrarias para as análises;- realização das análises e verificação dos resultados (SILVA;

JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2007); - elaboração dos laudos (BRASIL, 2001);- reunião técnica para discussão e comparação com padrão

estabelecido pela legislação: BRASIL (1997); (BRASIL, 2011a) e (BRASIL, 2011b);

- descarte e esterilização de materiais contaminados;- reuniões e visitas semanais aos produtores e banco de

alimentos;- oferta de Minicurso, dessa vez com exclusividade para as

empresas que apresentaram problemas.

Foram realizadas 72 análises de 18 produtos de origem ani-mal, incluindo também água utilizada pelas indústrias, obtendo os re-sultados constantes nas Tabelas 1 e 2.

Page 113: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

114

Em 50% dos casos, o resultado estava dentro dos padrões microbiológicos aceitáveis para a comercialização dos produtos. De acordo com os resultados e com a visita para verificação in loco das condições da indústria e ainda das entrevistas realizadas, os produ-tores que não conseguiam atingir o padrão microbiológico mínimo tinham três problemas básicos: higiene do manipulador, qualidade da matéria-prima e qualidade da água.

Assim, a equipe ministrou um curso de Higiene na manipu-lação de alimentos para uma das empresas, cujos resultados foram mais insatisfatórios, atingindo um total de 15 participantes. O curso aconteceu dentro da indústria para que as demonstrações fossem feitas in loco e para que não corresse o risco de algum membro fal-tar. Demonstração de uso de novos detergentes e sanitizantes mais adequados às condições da indústria, verificação das condições de limpeza por todos, detalhes que na maioria das vezes são esqueci-dos na hora da limpeza. Desse modo, os estudantes mostraram um pouco do que aprendem no IFTM, levando honrosamente o nome da Instituição ao estabelecimento. Exercitaram a comunicação com o público e a pesquisa e, ainda, aprenderam a fazer adaptações a di-ferentes públicos, pois o curso tinha que ser modificado, conforme a realidade da empresa. Os palestrantes foram as alunas, sempre supervisionadas pela coordenadora, que estava presente em todos os momentos do curso, suprindo possíveis dúvidas.

Nesse ano, o projeto aconteceu de setembro a novembro. Os recursos destinados à compra de materiais não foram gastos com meios de cultura, conforme previsto, pois não ocorreu o pregão a tempo de efetuar a compra.

Os estudantes bolsistas e uma voluntária participaram de todas as atividades descritas, sempre em conjunto. Nada foi feito na ausên-cia dos mesmos e nenhuma ação foi isolada. A equipe trabalhou feliz no laboratório e as visitas técnicas eram o ponto alto do trabalho, que decepcionou um pouco as estudantes devido às condições precárias encontradas. Na ausência de um, por motivos justificados, nas análises,

Page 114: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

115

outro membro assumia a parte do outro, sempre com a mesma compe-tência e sem perda de qualidade. A equipe no segundo mês de trabalho era capaz de realizar as análises, cálculos, interpretações e elaboração de laudos. Dentro do laboratório, outra regra básica foi a responsabilidade de todas.

Tabela 1: Produtores e produtos analisados nas pequenas e médias agroindústrias de Uberaba.

Produtor e data da visita Produto

Art Queijos Indústria e Comércio LTDA - SIM: 208 -Visita 09/12/2015

Leite Pasteurizado, Queijo Minas Frescal, água.

Queijos Delmi - SIM: 215 - 15/10/2015; Laticínios Eduarda SIM 204; Queijaria Santos Reis SIM: 218 Visita 07/10/2015

Leite pasteurizado, queijo minas padrão, água.

Dandara Milk 24/04/2014Leite de búfala pasteurizado, mussarela de leite de búfala, água.

Queijaria Trança SIM: 20108/05/2014

Leite cru, queijo nozinho, água.

Beira Rio Indústria de AlimentosSIM 114 13/11/2014

Água, linguiça de frango, linguiça suína, linguiça de pernil

Churrasquinho Uberaba - Muri-lo Nascimento M. E - SIM 107 18/09/2014

Kafta carne, churrasquinho de frango com bacon e água.

Batata Fio Dourado dia 05/05/2014 Batata palha e água

Frango Carijó – SIM: 110Água, filé de frango com banco e linguiça de pernil

Alimentos Bandeirantes – SIM 108Água, tripa suína, tripa de carneiro, peito de frango, massa para quibe, linguiça de frango, linguiça de pernil, linguiça toscana.

Indústria de Embutidos Silvano – SIM 109

Água, linguiça de frango, linguiça suína, linguiça de pernil, churrasquinho de carne bovina e de frango.

Page 115: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

116

N. B. Indústria & Comércio de Alimen-tos LTDA EPP – SIM 105 – (D e A)

Água, linguiça de pernil e linguiça de frango

Natureza Orgânica – Projeto Queijo Orgânico FAZU SIM 238

Queijo minas frescal, leite cru e água

Laticínios Eduarda – SIM 204 Queijo nozinho, leite e água

Rancho PRODOMA sim 203 Queijo minas frescal, leite e água

Queijo da Roça - SIM 223 Queijo minas prensado, leite e água

Tabela 2: Análises realizadas nos diferentes tipos de produtos.

Produto Análises realizadas

Leite Pasteurizado, pasteurizado, leite cruColiformes totais e termotolerantes;

Aeróbios Mesófilos e Samonella

Queijo Minas Frescal, Mussarela NozinhoColiformes totais e termotoleran-

tes; Staphilococcus coagulase positiva. Listeria spp e Samonella spp

Água Coliformes totais e termotolerantes

Linguiça toscana e de pernilColiformes totais e termotolerantes;

Staphilococcus coagulase positiva e Samonella

Linguiça de frango, Linguiça suína, Churrasqui-nho de frango com bacon, Espeto de carne

Coliformes totais e termotolerantes, Staphilococcus coagulase positiva e

Salmonella

3 CONCLUSÃO

Nesse ano, observou-se uma redução nos cuidados com algu-mas Instalações de processamento de produtos cárneos. As fábricas, que eram novas, estão carecendo de pequenas reformas e outras de

Page 116: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

117

grandes reformas. A equipe visitou 04 (quatro) estabelecimentos de produção de derivados da carne e 2 (dois) produtores de queijos de Uberaba. Três instalações para produtos cárneos foram consideradas em péssimas condições e uma pode ser considerada boa. As três care-cendo de manutenção e educação para o manipulador e proprietários, pois o manipulador não tem preparo técnico suficiente para exercer a função e a inconstância de funcionários não permite um treinamento eficaz desses trabalhadores.

Portanto, o trabalho do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) com a comunidade produtora da região é essencial para a conscientização dos mesmos sobre a importância dos cuidados hi-giênicos na produção e aceitação das Tecnologias a serem adota-das e, consequentemente, para o sucesso do trabalho de extensão. Ao mesmo tempo, o trabalho do Laboratório de Microbiologia do IFTM deu apoio e respaldo ao trabalho do SIM, comprovando, por meio das análises, a qualidade dos produtos e, em alguns casos, as falhas dos mesmos. A atividade proporcionou novas experiências e consequente crescimento a toda equipe.

4 NOTAS

1Doutora em Agronomia. Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected] em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Técnica em Agroindústria IFTM-Campus Uberaba [email protected] em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. [email protected] em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. [email protected] em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014. [email protected] em Tecnologia de Alimentos, voluntária do Projeto. [email protected] em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Diretor do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]édico Veterinário, Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]

Page 117: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

118

5 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997: aprova o Regulamento Técnico sobre “Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Esta-belecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”. 1997. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso: 15 out. 2012.

_______. Ministério da Agricultura. Resolução da Diretoria Co-legiada Nº12, de 02 de janeiro de 2001: aprova o Regulamento Técnico sobre “Padrões microbiológicos para alimentos”. 2001. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connec-t/a 47bab804 7458b9 0 9541d53fbc4c6735/RDC_12_2001.pdf?-MOD=AJPERES>. Acesso em: 10 jul. 2013.

_______. Portaria n° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011. 2011a Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15 out. 2012.

_______. Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro DE 2011. 2011b. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Aces-so: 15 out. 2012.

SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.; SILVEIRA, N. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo,SP: Livraria Varela, 2007.

Page 118: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

119

NÚCLEO DE ESTUDOS PARA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS SEGUROS – NEPAS – NA CAPACITAÇÃO DE MANIPULADORES DE

ALIMENTOSDeborah Santesso Bonnas¹, Elaine Alves dos Santos², Letícia Vieira Castejón3

Mislene das Graças de Paula4, Kellen Alice Fernandes4, Mylene Rosa da Silva4

Mariane Barcelos Carneiro4, Mariana Rodrigues Silva4

RESUMO

O Núcleo de Extensão em Produção de Alimentos Seguros (NEPAS) do IFTM – Campus Uberlândia foi constituído em 2012, vinculado ao Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, com objetivo contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos alimentícios produzidos e manipulados por ambulantes e pequenos empreendedores do mu-nicípio, por meio da oferta de cursos gratuitos de Segurança Alimen-tar na Manipulação de Alimentos. Os cursos ministrados por alunos dos períodos finais do curso superior de Tecnologia em Alimentos permitem que eles atuem junto a pequenos empresários e ambulantes informais, desenvolvendo as habilidades adquiridas na academia para segurança dos alimentos como microbiologia, conservação de alimen-tos, boas práticas de fabricação entre outras. Em 2015, as atividades foram desenvolvidas nos meses de julho a novembro, sendo realiza-dos três (03) cursos com carga horária de 40 horas de Responsável Técnico pela Manipulação de Alimentos. No total, foram capacita-dos 95 manipuladores envolvendo 05 alunos de graduação bolsistas do Projeto atingindo a proposta original que é promover a inclusão social de jovens e adultos trabalhadores. Dessa forma, garante-lhes acessibilidade à qualificação profissional em alimentos, no âmbito de uma proposta pedagógica favorecedora de cidadania e senso crítico de bem estar social.

Palavras-chave: Qualificação profissional. Higiene. Alimento seguro.

Page 119: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

120

1 INTRODUÇÃO

Atualmente o conceito de segurança alimentar abrange di-ferentes aspectos que superam a acessibilidade e disponibilidade dos alimentos e que, na percepção dos consumidores, está cada vez mais relacionada à sua qualidade, a higiene, ao método de produção desses alimentos a fim de torná-los seguros para o consumo. Assim a qualifica-ção profissional de pessoal para o trabalho no setor é essencial.

Os ambulantes têm ocupado espaço fundamental no merca-do dos serviços de alimentação, devido à diversidade e a facilidade de acesso aos produtos. Os alimentos de rua podem proporcionar alguns benefícios são eles: i) uma forma rápida, barata e conveniente de consumir alimentos por pessoas de baixo nível socioeconômico; ii) fortalecimento de hábitos alimentares tradicionais e regionais; iii) uma maneira atrativa para a alimentação de turistas, devido às diversas variedades de alimentos locais; iv) uma importante fonte de renda para um grande número de pessoas, e v) uma chance de auto-empre-endimento e oportunidade de crescer em um negócio próprio, e sem necessidade de grandes investimentos de capital (GARCIA-CRUZ; HOFFMAN; BUENO, 2000; WHO, 1996; FAO, 2001).

Contudo, o comércio informal de produtos alimentícios tam-bém pode levar a problemas significativos, como a dificuldade de con-trole da qualidade higiênico-sanitária do grande número de alimentos de rua, devido à grande diversidade, mobilidade dos vendedores ambu-lantes e natureza temporária da atividade. Esta questão pode estar asso-ciada à baixa escolaridade e pouco conhecimento dos ambulantes sobre noções básicas de alimentos seguros e de boas práticas de fabricação, mas também à intenção de lucro rápido com a utilização de matéria-pri-ma de qualidade duvidosa, tanto em termos higiênico-sanitários, quanto em relação aos aspectos nutricionais (WHO, 1996).

Embora originalmente o Núcleo de Estudos para Produção de Alimentos Seguros tenha sido concebido com a proposta de qualificar ambulantes das zonas urbanas do Município de Uberlândia, em 2015

Page 120: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

121

o projeto ampliou o público alvo atendido, proporcionando também a realização de 02 cursos para assentados a agricultura familiar.

Há que se considerar que a agricultura familiar corresponde a cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos e o segmento detém 20% das terras e responde por 30% da produção do país. Em alguns produtos básicos da dieta do brasileiro, esse segmento chega a ser responsável por 60% da produção. Em geral, são agricultores com baixo nível de escolaridade que diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental (PORTUGAL,2004).

Em Uberlândia, o poder público vem atuando no sentido de apoiar a agricultura familiar viabilizando espaços e infraestru-tura para a comercialização da produção, porém para que esses produtos cheguem seguros aos consumidores a capacitação é um requisito indispensável.

O presente projeto teve como objetivo contribuir para a melhoria da qualificação dos profissionais e, consequentemente, da qualidade dos produtos alimentícios produzidos e manipula-dos por ambulantes, microempreendedores e agricultores familia-res por meio das atividades do Núcleo de Extensão em Produção de Alimentos Seguros (NEPAS) no IFTM – Campus Uberlândia, por meio da oferta de cursos de Segurança Alimentar na Mani-pulação de Alimentos. No caso dos agricultores familiares, além da capacitação e adequação à legislação, o curso contribui para que as agroindústrias formalizadas fiquem aptas a comercializarem seus produtos dentro de Minas Gerais, incluindo o atendimen-to ao Programa de Alimentação Escolar por meio da Lei Federal n° 11.947/2009 (BRASIL, 2009). A legislação determina que 30% dos gêneros alimentícios consumidos na alimentação escolar se-jam provenientes de agricultores familiares. Essa é uma motivação para os produtores buscarem cada vez mais a regularização de seus estabelecimentos.

Page 121: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

122

2 DESENVOLVIMENTO

O controle de qualidade dos alimentos requer o monitoramen-to de todo o processo produtivo, desde a seleção da matéria-prima até o seu consumo, utilizando produtos de boa qualidade, mantendo os critérios de conservação, utilizando técnicas corretas de preparo, priori-zando a higienização e garantindo alimentos próprios para o consumo. Uma simples falha durante a produção pode levar ao surgimento de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) (FARCHE et al., 2007; NASCIMENTO; BARBOSA, 2007).

Os alimentos podem ser causadores de doenças, dependendo da quantidade e dos tipos de micro-organismos neles presentes. Sendo as-sim, é preciso orientar os manipuladores sobre os cuidados na aquisição, acondicionamento, manipulação, conservação e exposição à venda dos alimentos, bem como a estrutura física do local de manipulação para que a qualidade sanitária do alimento não esteja em risco pelos perigos quími-cos, físicos e biológicos. Desta forma, as Boas Práticas de Manipulação são regras que, quando praticadas, ajudam a evitar ou reduzir os perigos ou contaminação de alimentos (FORSYTHE, 2002).

A falta de esclarecimentos entre as pessoas que lidam com ali-mentos contribui de forma significativa para a contaminação dos mesmos, que pode ser minimizados através de treinamento específico e adoção de medidas sanitárias rigorosas para manutenção de um padrão adequado de higiene dos indivíduos que trabalham nas unidades de produção (SILVA et al., 2012). A importância do treinamento é dar aos manipuladores de alimentos conhecimentos teórico-práticos (Boas Práticas de Fabricação) necessários para capacitá-los e levá-los ao desenvolvimento de habilida-des e atitudes de trabalho (GÓES et al., 2001).

Nesse contexto, o presente projeto de extensão Núcleo de Es-tudos para Produção de Alimentos Seguros (NEPAS) objetivou a qua-lificação de manipuladores de alimentos da cidade de Uberlândia – MG quanto à produção de alimentos livres de contaminação, de acordo com as exigências Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), con-

Page 122: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

123

forme RDC 216/2004(BRASIL, 2004). Assim, o propósito do trabalho foi de contribuir com população uberlandense, a partir da oferta de produtos de melhor qualidade e segurança microbiológica.

Além dos cursos ofertados diretamente pelo IFTM Campus Uberlândia, desde 2013, as atividades dos NEPAS são desenvolvidas em parceria com a Associação Comercial e Industrial de Uberlândia- ACIUB e o Serviço de Apoio a Pequenas e Micro Empresas – SE-BRAE, por meio do Programa EMPREENDER. Segundo ACIUB (2010), O Programa Empreender é um programa de mobilização, em que empresários de micro, pequenas e médias empresas se reúnem, trocam experiências, auxiliam-se e conquistam mercados, atuando como agentes estratégicos no processo de desenvolvimento de nossa cidade e região. O objetivo é contribuir para o aumento da competiti-vidade das MPMEs (micro, pequenas e médias empresas).

Assim, ACIUB/SEBRAE contribuem para o Projeto mobi-lizando os ambulantes e microempresários que necessitam da capaci-tação. Também disponibiliza o espaço para as aulas em local central mais acessível aos participantes.

Em meados de 2015, a Coordenação do NEPAS foi procura-da para atendimento a Secretaria Municipal de Agricultura e Abasteci-mento para atendimento a uma demanda de capacitação de um grupo de 30 assentados da reforma agrária. Devido à grande demanda fo-ram formadas duas turmas capacitadas, respectivamente em outubro e novembro de 2015.

A seguir serão relatadas as atividades realizadas.

2.1 Conhecimento da proposta, orientação e preparação para as atividades do projeto

O projeto se renova anualmente e, a cada início da sua execu-ção, realizam-se reuniões, para apresentação do conteúdo programáti-co do curso e seus componentes curriculares, os quais são estabeleci-dos pela RDC 216/2004. É permitido a cada bolsista que escolha, por

Page 123: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

124

afinidade ao assunto, o componente curricular que ministrará.O material didático foi elaborado embasado na Cartilha sobre

Boas Práticas para Serviços de Alimentação – GICRA, publicação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Para a elaboração do material, os estagiários/bolsistas também utilizaram as apostilas e anotações adquiridas nas disciplinas já cursadas na graduação.

Foram preparados roteiros de aulas, abordando os temas:• Doenças transmitidas por alimentos • Saúde do manipulador• Manual de Boas Práticas de Fabricação e Procedimentos

Operacionais Padronizados• Conservação dos Alimentos• Noções básicas sobre microbiologia

Os bolsistas participantes desenvolveram os materiais instrucionais e recursos a serem utilizados durante as aulas

Para a elaboração de todas as aulas, seguiu-se um crono-grama previamente proposto pela orientadora do projeto.

As aulas foram elaboradas pelas participantes do projeto e verificadas pela orientadora do mesmo. Realizou-se, também, dinâ-micas que possibilitavam de uma forma clara e objetiva a importân-cia de uma boa higienização do manipulador e utensílios, facilidade de contaminação cruzada e demonstração através de placas de labo-ratório a rapidez da proliferação de micro-organismos.

2.2 Desenvolvimento dos Cursos

Locais de realização O primeiro curso foi ministrado na ACIUB (Associação

Comercial e Industrial de Uberlândia), que se localiza na Avenida Vasconcelos Costa , 1500- Bairro Martins Uberlândia - Minas Ge-rais, das 19h as 22h30min, em setembro de 2015.

O recrutamento dos participantes foi realizado pela ACIUB/

Page 124: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

125

SEBRAE totalizando 20 participantes.Os segundo e terceiro cursos realizados em outubro e no-

vembro ocorreram no Anexo da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Uberlândia (SMAA) localizado à Avenida das Game-leiras n°10, Bairro Planalto.

Os cursos contaram com 35 e 40 participantes respectivamente.Um aspecto interessante do curso foi associar a pesquisa e a ex-

tensão. Duas alunas Bolsistas de Iniciação científica que desenvolviam pesquisas sobre o queijo artesanal do município foram convidadas a participar e orientar os produtores na manipulação higiênica para fabri-cação dos queijos. Deve-se destacar que também era parte do projeto de Pesquisa a orientação técnica de produtores.

Ao final dos cursos, foi pedido aos participantes que fizessem uma avaliação dos aspectos positivos e negativos do curso. Todos os participantes consideraram o curso muito importante para sua atividade destacando a ação das bolsistas descritas como dedicadas, competentes, simpáticas, entre outros adjetivos.

3 CONCLUSÃO

O projeto de extensão permitiu qualificar os manipula-dores quanto à produção de alimentos seguros, seguindo as po-líticas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), auxiliando-os a se adequarem às legislações vigentes. Com base nisso, contribuiu à sociedade por possibilitar a oferta de produ-tos alimentícios de maior qualidade e segurança higiênico-sani-tária à população.

Aos bolsistas foi proporcionada a ampliação do conte-údo adquirido no decorrer das disciplinas cursadas, através de atividades, permitiram agregar experiência profissional e pessoal aos mesmos, além de obter contato com a realidade da profis-são. Através do trabalho realizado tornou-se possível o desen-volvimento de habilidades e competências capazes de preparar

Page 125: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

126

os estudantes para o mercado de trabalho e possivelmente para a carreira acadêmica, uma vez que adquiriram aptidões e didática ao ministrar o curso.

4 NOTAS

1Doutora em Ciência dos Alimentos. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. Coordenadora. e-mail: [email protected]óloga em Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. e-mail [email protected] em Engenharia Química. Coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. e-mail: [email protected] de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2014

5 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL E COMERCIAL DE UBERLAN-DIA - ACIUB. O Programa EMPREENDER. 2010. Disponível em <http://www.empreenderuberlandia.com.br/empreender.php>Acesso em: 22nov.2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC nº 216, de 15 de se-tembro de 2004. Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. 2004. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 set. 2004. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/aa0bc300474575dd83f2d73fbc4c6735/rdc_n_216_de_15_de_setembro_de_2004.pdf?mod=%20ajperes>. Acesso em 10 nov. 2015.

BRASIL. Lei 11.947/2009 . 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/lei/l11947.htm>. Acesso em 17 nov. 2015.

FARCHE, L.M. et al. O panorama higiênico-sanitário nas cozinhas das escolas da rede pública de Franca,SP. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 21, n. 154, p. 27 – 29, 2007.

Page 126: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

127

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNI-TED NATIONS. News & Highlights. Street foods made safer. 2001. Disponivel em: http://www.fao.org/news/2001/010803-e.htm Acesso em 26/11/2015.

FORSYTHE, S. J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 76p.

GARCIA-CRUZ, C.H.; HOFFMAN, F.L.; BUENO, S.M. Moni-toramento microbiológico de lanches vendidos por ambulantes na parte central da cidade de São José do Rio Preto-SP. Higiene Alimentar, v. 14, n. 75, p. 48-51, 2000.

GÓES, J. A. W. et al. Capacitação dos manipuladores de Alimentos e a qualidade da alimentação servida. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 15, n. 82, p. 20-22, 2001.

NASCIMENTO, G.A.; BARBOSA, J.S. BPF – boas práticas de fabricação: uma revisão. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 21, n. 148, p. 24 – 30, 2007.

PORTUGAL, A. D. O Desafio da Agricultura Familiar. Dispo-nível em: http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2002/arti-go.2004-12-07.2590963189/. Acesso em 26/11/2015.

SILVA, M. N. da et al. Importância de capacitação para manipulado-res de alimentos em serviço de alimentação na cidade de Santa Maria (RS). SEMINÁRIO DE NUTRIÇÃO DA UNIFRA, 6., 2012, Santa Maria. Anais... Santa Maria: Centro Universitário Franciscano, 2012.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Division of Food and Nu-trition. Essential safety requirements for street-vended foods. (Re-vised edition). 1996 . Disponível em: http://www.who.int/fsf/96-7.pdf Acesso em 10 nov. 2015.

Page 127: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

128

PROJETO DE EXTENSÃO A CAMINHO DA INCLUSÃO – PARTE II

Maria Djanira de Oliveira1, Luiz Sérgio Resende Ferreira2

Danyel Augusto Sousa Castro Oliveira3, Emilianne Maciel Silva Alves4

Stefany Tomaz Teixeira4, Tiffany Borges Cabral4

RESUMO

Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto A Caminho da Inclusão – Parte II do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Uberaba – Edital 03/2014. O projeto, que teve início em abril de 2014 e agora está em sua parte II de desenvolvimento, surgiu para disseminar conhecimentos básicos na área da deficiência visual, auditiva, motora e intelectual para professores, profissionais e estudantes da área de educação, familiares e demais interessados.

Nesta versão, o projeto tem como objetivo principal levar à comunidade interna e externa do IFTM Campus Uberaba e Uberaba Parque Tecnológico um estudo sobre a surdez e o uso de tecnologias na inclusão social. Os envolvidos puderam conhecer e experimentar os apps (Aplicativos de SmartPhone) mais utilizados para a inclusão social e educacional de pessoas com deficiência.

Palavras-chave: Inclusão Social. Surdez. Aplicativos. Tecnologias.

1 INTRODUÇÃO

A inclusão social e educacional deve ser um processo no qual haja o respeito às diferenças, em que se desvele os limites se-gregadores da padronização e homogeneização, no sentido de cons-truir uma cultura na qual a diferença tenha espaço para expressar e interagir, aprendendo e ensinando, produzindo novas concepções e novos conhecimentos.

Page 128: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

129

Neste sentido, o projeto de extensão A Caminho da Inclusão, desde sua primeira versão (Parte I), tem como objetivo principal dis-seminar conhecimentos básicos na área das diversas deficiências para que professores, educadores, a comunidade de um modo geral, possam adquirir novos conceitos e habilidades para trabalhar e conviver com sujeitos de diferentes contextos sociais numa atmosfera de coleguismo, colaboração e apoio de uns aos outros, aprimorando continuamente seus conhecimentos.

2 DESENVOLVIMENTO

A parte II do projeto A Caminho da Inclusão teve início em agosto de 2015, com o foco inicial nas áreas da deficiência visual, audi-tiva, motora e intelectual. Contudo, em razão do prazo para conclusão do projeto ser de apenas 03 (três) meses, foi necessário delimitar a área de estudo, que ficou em torno da deficiência auditiva e das tecnologias na inclusão de pessoas portadoras de deficiências.

Fizeram parte da equipe, além da coordenadora, 5 (cinco) alu-nos bolsistas e 2 (duas) alunas voluntárias:

• Danyel Augusto Sousa Castro Oliveira - Técnico em Manu-tenção e Suporte à Informática integrado ao Ensino Médio

• Giovanna Maria Rodrigues Silva – Técnico em Agropecuá-ria Integrado ao Ensino Médio

• Lourraine Antunes Bizo Calegari - Técnico em Manutenção e Suporte à Informática integrado ao Ensino Médio

• Luiz Sérgio Resende Ferreira – Engenharia da Computação• Tiffany Borges Cabral – Técnico em Agropecuária Integrado

ao Ensino Médio• Emilianne Maciel Silva Alves - Técnico em Manutenção e Su-

porte à Informática integrado ao Ensino Médio (Voluntários)• Stefany Tomaz Teixeira - Técnico em Manutenção e Suporte

à Informática integrado ao Ensino Médio (Voluntários)

Page 129: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

130

O primeiro passo, portanto, foi realizar uma pesquisa históri-ca sobre surdez, inclusão e tecnologias. Em 1857, através da Lei 839, Dom Pedro II fundou o “Imperial Instituto dos Surdos-mudos” que, depois, em 1957, passou a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). A partir daí, outras escolas regulares seguiram esse plano e passaram a incluir portadores de deficiência.

A inclusão social orientou a elaboração de políticas e leis na criação de programas e serviços voltados ao atendimento das neces-sidades especiais de deficientes nos últimos 50 anos. Este parâmetro consiste em criar mecanismos que adaptem os deficientes aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de alguns deles, criar-lhes sistemas especiais em que possam participar ou tentar acom-panhar o ritmo dos que não tenham alguma deficiência específica.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 25 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, ou seja, o número corresponde a 14% da população do país — sendo que 40% repre-sentam o grupo de deficientes visuais (parcial ou total).

Isso levou o governo a tomar providências e implantar me-lhorias nas cidades para trazer maior segurança e comodidade a esta parcela da população. Alguns municípios possuem ônibus especiais com bancos preferenciais, gravações e letreiros luminosos informan-do a próxima parada, além de plataformas para acesso de cadeira de rodas. Outro exemplo são os dispositivos sonoros para avisar quando o semáforo fica verde ou vermelho.

Os avanços da ciência e da tecnologia possibilitam ganhos significativos que melhoram a qualidade de vida dos portadores de deficiências, neste contexto inserem-se os Aplicativos Mobile.

Aplicativos Mobile são softwares que desempenham objeti-vos específicos em smartphones e tablets. É possível acessá-los por meio das “lojas de aplicativos”, como a App Store, Android Market, BlackBerry App World, Ovi Store, entre outros.

Alguns aplicativos são gratuitos e outros pagos. Normal-mente, são destinados a dispositivos como iPhone, iPad, BlackBerry

Page 130: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

131

ou Android, mas também podem ser baixados para computadores menos portáteis, como laptops ou desktops. Os aplicativos são des-tinados a facilitar o desempenho de atividades do usuário, para di-versas finalidades, assim como para puro divertimento.

A partir destes estudos, foi pensada, dentro da perspectiva da educação interdisciplinar, a realização de uma palestra seguida de ofi-cina de conscientização sobre os aplicativos para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Foram feitas várias reuniões presenciais e a distância para estudos dos temas, escolha do nome da oficina e ela-boração do material de apoio, vendas e folder contendo explicações detalhadas sobre as deficiências e os aplicativos relacionados a cada uma delas. Os bolsistas criaram um grupo no WhatsApp para facilitar a comunicação do grupo e agilizar as decisões. No dia 19 de outubro, durante a 1° Mostra Técnica do Campus Avançado Uberaba Parque Tecnológico (UPT), aconteceu a palestra “InfoHelp: Tecnologias na inclusão de pessoas com deficiência”. O objetivo foi apresentar aos estudantes do curso técnico em Manutenção e Suporte em Informáti-ca os apps (aplicativos mobile) mais utilizados na promoção de inclu-são social para pessoas com deficiências. Por problemas técnicos não foi possível levar esta atividade ao IFTM Campus Uberaba.

A palestra foi dividida em momentos, sendo que, em um pri-meiro momento, nós pesquisamos sobre o tema, para melhor com-preender o assunto. Em seguida, dividimos o tema em subitens de forma que cada um ficasse com aquilo que se identificasse mais.

A apresentação também foi dividida em dois momentos: uma apresentação teórica e uma apresentação prática. A apresentação teóri-ca contou com um folder elaborado pelos pesquisadores. Além disso, foi feito um power point para auxiliar a apresentação. Nesse momento, foram exibidos conceitos, dados e curiosidades sobre as deficiências. A parte prática baseava-se na mostra de aplicativos para dispositivos móveis. Infelizmente, o instituto não disponibilizou os tablets para o uso. Como solução, foi instalada nos desktops do instituto uma plata-forma que simula um aparelho Android.

Page 131: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

132

Foram apresentados os seguintes aplicativos: a) Deficiência visual: “Talkback”, “Alarme Falante” e “ePub Leitor de Livros Skoob”, que pode ser usado para pessoas de baixa visão, próximo à cegueira e cegueira.b) Deficiência auditiva: cuja classificação é deficiência mode-rada, severa e profunda, os indicados são o “Hand Talk”, “Pe-tralex Aparelho Auditivo” e “Hearing Aide”.c) Deficiência intelectual: “Memotraining”, um jogo que ajuda a exercitar a memória.

A palestra, na tentativa de imersão, procurou criar um ambiente em que o aluno se sentisse na posição do deficiente, com isso foram utilizadas vendas, fone de ouvido com microfones para simulação da surdez e cegueira.

2.1 Visita Técnica (ou Humana?)

Durante o projeto também foi realizada uma visita à Escola para Surdos Dulce de Oliveira que tem como proposta de trabalho ser uma instituição de ensino para crianças e adolescentes portadores de deficiência auditiva. A escola, criada em 1967, é uma instituição sem fins lucrativos com professores cedidos pela Prefeitura Municipal. Para se manter, conta com parceiras. Também oferece o ensino fundamental I e II, além da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

Fomos recebidos pela Diretora Florence Queiroz e pela Peda-goga Vivian Zerbinatti que, após responder todas as nossas dúvidas em relação ao atendimento aos deficientes visuais, também nos rela-tou belas histórias de vivências cotidianas com estes alunos. Histórias comoventes de muito suor e lágrimas, mas também de muitas alegrias e compensações. A seguir nos levou para conhecer as instalações da escola e seu funcionamento.

Para estas atividades, foi elaborado um formulário de observa-ções para que os alunos registrassem suas impressões e sugestões.

Page 132: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

133

2.2 Impressões gerais dos alunos

“A partir da visita pude conhecer melhor e pensar em ideias de me-lhorias para o ambiente educacional de deficientes auditivos.”

“A minha sugestão é em ampliar a biblioteca da Escola tanto em con-teúdo quanto em espaço físico para trazer mais benefícios aos alunos.”

Danyel Augusto Sousa Castro Oliveira

“A palestra INFO HELP foi uma oportunidade indescritível. Sair do papel de ouvinte e se tornar um palestrante mostra o quanto o projeto pode contribuir na vida pessoal, mas principalmente profissional.”

“O que podemos perceber é que, apesar da tecnologia estar presente na atualidade, muitos ainda desconhecem os benefícios dela. Os softwares apresentados eram desconhecidos para plateia. Assim, podemos compar-tilhar o conhecimento e, principalmente, mostrar o quanto a tecnologia pode contribuir de maneira significativa e positivamente.”

2.3 Visita técnica à escola para surdos

“As minhas expectativas eram de sanar as minhas dúvidas que tinha sobre o assunto. Queria compreender como funcionava a escola, como era a pedagogia que eles utilizavam com os alunos. Queria descobrir a diferença entre a escola dos surdos de uma escola convencional e descobri que, apesar das dificuldades, a instituição não tem tantas diferenças.”

“Os trabalhadores daquela escola transmitem um carinho muito grande pelo o que fazem ali. A instituição não é apenas um ambiente político, no qual as pessoas estão ali apenas como alunos, mas sim uma verdadeira segunda casa. Os alunos têm acompanhamento psicológico e terapêutico. Infelizmente, o que podemos perceber é que as famílias dos deficientes, na maioria dos casos, não estão preparadas. A escola tem que tomar posicio-namentos que deveriam ser da família.”

“Com a visita técnica, tive um ganho de conhecimento excepcional, mas principalmente humano. Percebi que um bom profissional é aquele que serve. E que se coloca no lugar do próximo e consegue ajudá-lo.”

Page 133: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

134

“A escola precisa de maiores parcerias, na qual a nossa própria esco-la poderia contribuir. Um exemplo é a lousa digital que eles possuem e não utilizam por falta de instalação e conhecimento, requisitos que nossa escola poderia auxiliar.” Emilianne Maciel Silva Alves

“A partir da visita pude conhecer de perto o trabalho da instituição que não é tão conhecido e divulgado para o público que não tem contato com a deficiência, pude observar o empenho dos organizadores e profissionais da instituição para mantê-la. Tive contanto com as dificuldades enfrentadas também, além de poder ver o belo trabalho ali realizado.Sugestões de melhorias: ter uma melhor divulgação da instituição para o público.” Stefany Tomaz Teixeira

“Ao final do projeto, podemos dizer que a realização do Projeto A Caminho da Inclusão – Parte II teve um valor imensurável para a população em geral, estudantes e professores, que foram orientados sobre o processo de inclusão social, e mostrou como a tecnologia pode ajudar nesse movimento tão desejado”.

Luiz Sérgio Resende Ferreira

“Ao final do projeto podemos dizer que foi muito produtivo, de grande conhecimento tanto ao grupo quanto ao público. O tempo foi pouco, mas tivemos grande proveito de tudo.”

Tiffany Borges Cabral

3 CONCLUSÃO

A proposta de inclusão social de alunos com necessidades es-peciais, no ensino regular, é hoje garantida pela legislação educacional brasileira. Contudo, a inclusão social com garantia de direitos e qua-lidade de educação ainda é um sonho a ser alcançado, um caminho a ser construído, para o qual várias mudanças serão necessárias: estrutu-rais, pedagógicas e de capacitação de professores no que diz respeito a lidar com situações corriqueiras do dia a dia de sala de aula.

Page 134: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

135

Cada vez mais as pessoas com deficiências estão partindo em busca das escolas, buscando o espaço que lhe são de direito, para tanto é necessário mais projetos de inclusão social dentro dos ambientes escolares. Neste sentido, o Projeto de extensão A Cami-nho da Inclusão, imbuído do compromisso de transformar a escola e a sociedade para se adequar aos novos tempos, colabora para que mudanças se concretizem e a escola se transforme num ambiente acolhedor, de total integração entre todos os sujeitos e de promoção da tão proclamada igualdade social.

4 NOTAS

1Técnica em Assuntos Educacionais e Coordenadora de apoio pedagógico. [email protected] 2Aluno do Curso Superior de Engenharia da Computação Campus Uberaba Parque Tecnológico, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Edital 03/2015. [email protected] do curso Técnico de Manutenção e Suporte em Informática integrado ao Ensino Médio, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Uberaba Parque Tecnológico, Edital 03/2015. [email protected], [email protected], [email protected] do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Uberaba, Edital 03/2015. [email protected]

Page 135: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

136

ROTULAGEM DE ALIMENTOS:AVALIAÇÃO E ORIENTAÇÃO ÀSINDÚSTRIAS E CONSUMIDORESQUANTO AOS ASPECTOS LEGAIS

E INFORMATIVOS DOSRÓTULOS – PARTE 2

Fernanda Barbosa Borges Jardim1, Bruna Lopes Saldanha Marinho2

Letícia Camila Rodrigues Santos3, Maísa dos Santos Gonçalves4

Ivone Maria de Melo Carneiro5, Maurício de Oliveira5

Gisele Remy Rodrigues da Cunha5, Adilson Caetano da Silva5

RESUMO

A rotulagem é um requisito fundamental para a apresentação de alimen-tos embalados para o consumidor. O conteúdo do rótulo é um critério de escolha do consumidor e permite que a indústria explore os seus diferen-ciais em relação à concorrência. Os objetivos do projeto foram: analisar 70 rótulos de alimentos disponíveis no mercado, fornecer palestra para alunos do curso de Tecnologia em Alimentos do IFTM e elaborar carti-lha informativa de rotulagem para os consumidores. Foi possível verificar que 30% dos rótulos (21 alimentos) apresentaram conformidades e 70% dos rótulos (49 alimentos) apresentaram não conformidades. Houve 72 não conformidades detectadas e os itens que apresentaram mais ocor-rências de erros foram: informação nutricional, identificação de origem, corantes/aromas e informação nutricional complementar. Os rótulos dos alimentos ainda possuem muitas falhas que podem causar danos à saúde do consumidor. Os alunos do curso superior de Tecnologia em Alimentos participaram como ouvintes em palestra sobre rotulagem de alimentos ministrada pelo grupo de extensão, com enriquecimento so-bre a correta interpretação, elaboração e análise crítica da rotulagem. A Superintendência Regional de Saúde de Uberaba atuou como parceira da equipe de projeto ao dar apoio técnico e viabilizar o compartilhamen-to de experiências nas ações de vigilância sanitária na área de rotulagem.

Page 136: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

137

A cartilha informativa aos consumidores de como interpretar os rótulos de alimentos atingiu o objetivo de conscientizar os consumidores e dar subsídios no momento de escolha dos alimentos a partir de uma análi-se crítica do rótulo. Os resultados do projeto foram tema de Trabalho de Conclusão de Curso de uma das bolsistas, o qual juntamente com a cartilha, foram disponibilizados para todos os alunos e comunidade ex-terna. A experiência adquirida pela equipe do projeto, a capacitação das bolsistas em rotulagem e a transferência de conhecimento dos membros do projeto e representantes da vigilância sanitária para os consumidores e comunidade interna foram bem sucedidas, viabilizando o alcance dos objetivos propostos pela atividade de extensão.

Palavras-chave: Legislação. Rotulagem. Tabela nutricional.

1 INTRODUÇÃO

Rotulagem é o processo no qual se estabelece uma linha de comu-nicação entre as empresas que produzem e os consumidores que desejam maiores informações sobre os produtos que estão comprando. A rotula-gem de alimentos tem como finalidade a informação das propriedades dos alimentos ao público-alvo. Entretanto, os diferentes envolvidos nos proces-sos de produção, distribuição e comercialização também buscam favorecer seus interesses financeiros, com estímulos ao consumo (marketing).

Considerando a necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área de alimentos, visando à prote-ção, à saúde da população e à importância de compatibilizar a legisla-ção nacional com base nos instrumentos harmonizados na rotulagem de alimentos embalados (BRASIL, 2002), as informações que consta-rem nos rótulos não devem de maneira alguma, induzir o consumidor ao erro em relação à verdade do produto, composição e qualidade do alimento, destacar a presença ou ausência de componentes que sejam intrínsecos ou próprios dos alimentos. Os rótulos ainda devem informar sobre como consumir o produto, quais nutrientes possuem

Page 137: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

138

e quais suas quantidades, além do valor calórico desse produto.Assim, a rotulagem de alimentos contribui para que os consu-

midores, os quais têm direito à informação e a esclarecimentos, façam suas escolhas alimentares, sendo este um direito do cidadão. Uma das dificuldades nesse processo é viabilizar que as informações técnicas sejam assimiladas no cotidiano dos consumidores, pois muitos pos-suem dificuldades de entendimento dos rótulos. Um aspecto positivo é que trata-se de uma área ampla e fortalecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, órgão vinculado ao Ministério da Saúde.

Diante disso se configuraram os objetivos do presente pro-jeto: analisar rótulos de alimentos de diferentes grupos alimentares e fornecer informações à comunidade sobre interpretação e análise dos rótulos de alimentos.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Material e Métodos

Foram realizadas avaliações de 70 rótulos de alimentos provenien-tes de estabelecimentos comerciais de Uberaba (MG), coletados nos meses de agosto a novembro de 2015, pertencentes a sete categorias de alimentos:

I - produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes, tubérculos e seus derivados;II - frutas, sucos, néctares e refrescos de frutas;III - leite e derivados;IV - carnes e ovos;V - óleos, gorduras e sementes oleaginosas;VI - açúcares e produtos que fornecem energia proveniente de carboidratos e gorduras;VII - molhos, temperos prontos, caldos, sopas e pratos preparados.

A análise englobou parâmetros indicados no Quadro 1. O quadro foi aplicado como check-list da rotulagem em cada um dos alimentos com base no modelo utilizado pela Vigilância Sanitária Estadual do município de

Page 138: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

139

Uberaba (MG), no programa PROGVISA – Programa de Monitoramento da Qualidade de Alimentos do Estado de Minas Gerais.

Quadro 1. Check-list de análise de rótulo de alimentos.

PRODUTONC/C/NA

MARCA01 Denominação de venda Item 6.1 RDC 259/200202 Lista de ingredientes Item 6.2 RDC 259/200203 Aditivos Item 6.2.4 RDC 259/2002

04 Corantes/aromasArtigos 13 a 17, RDC 2/2000, Decreto lei 986/1969,Informe técnico 26/2007

05 Glúten Artigo 1 Lei 10.674/200306 Conteúdo líquido Portaria 157/2002 Inmetro07 Corante amarelo tartrazina Artigo 1 RDC 340/200208 Identificação de origem Item 6.4 RDC 259/200209 Identificação de lote Item 6.5 RDC 259/200210 Prazo de validade Item 6.6 RDC 259/200211 Cuidados especiais de conservação Item 6.6.2 RDC 259/2002

12 Instruções sobre o preparo e uso do alimento se couber Item 6.7 RDC 259/2002

13Denominações, símbolos e emblemas, ilustrações que causam equívoco, erro, confusão ou engano

Item 3.1 alínea aRDC 259/2002

14 Informação nutricionalRDC 359/2003, RDC 360/2003, RDC 163/2006,Informe técnico 36/2008

15 Apresentação e distribuição da informação obrigatória Item 8 RDC 259/2002

16 Informação nutricional comple-mentar

RDC 54/2012,RDC 269/2005

17 Advertência fenilalanina RDC 19/201018 Alimentos diet Portaria 29/1998

19 Organismos geneticamente modificados como ingredientes

Portaria 2658/2003Decreto 4680/2003

Fonte: PROGVISA.Legenda: NC – NÃO CONFORME; C – CONFORME; NA – NÃO SE APLICA

Page 139: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

140

Após a análise, foram elaborados relatórios de cada rótulo contendo a descrição das não conformidades encontradas e as formas de adequação das irregularidades. Também, elaborou-se uma cartilha direcionada ao consumidor para esclarecimentos de como interpretar rótulos e desenvolver uma análise crítica do conteúdo.

A coordenadora do projeto e as alunas bolsistas do projeto de extensão ministraram uma palestra sobre Rotulagem de Alimen-tos, com duração de 2 horas, para alunos do 2º período do curso superior de Tecnologia em Alimentos. Foram abordadas as normas gerais de rotulagem de alimentos, interpretação dos rótulos e instru-ções sobre o regulamento de informações complementar.

2.2 Resultados e Discussão

Do total de 70 rótulos de alimentos analisados, 21 rótulos (30%) estavam conformes e 49 rótulos (70%) apresentaram uma ou mais não conformidades.

Os rótulos com mais ocorrências não conformidades perten-ciam aos grupos alimentares IV (carnes e ovos) e V (óleos e gordu-ras) com 100%, II (frutas, sucos, néctares e refrescos de frutas) com 85,71% e III com 73,68%.

Em estudo realizado por Maciel (2012), dos 209 produtos industrializados analisados 66% estavam não conformes, resultado semelhante ao deste trabalho (70%), deixando claro que ainda exis-tem muitos erros e que a permanência desses erros pode enganar o consumidor e, em alguns casos, acarretar danos a sua saúde. Garcia e Carvalho (2011) encontraram em alimentos diet e light (27 rótulos) não conformidades em 85,2% dos rótulos, valor superior ao deste traba-lho. Provavelmente, estes autores encontraram maiores porcentagens devido aos alimentos diet e light apresentarem normas de rotulagem mais complexas em relação aos alimentos tradicionais.

Foram detectadas 72 não conformidades, como especifica-das no Quadro 2:

Page 140: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

141

Quadro 2. Apresentação das não conformidades encontradas em rótulos de alimentos e número de ocorrências.

Não conformidades Número deocorrências

Denominação de Venda 0Lista de Ingredientes 3Aditivos 2Corantes/Aromas 4Glúten 3Conteúdo Líquido 1Corante Amarelo Tartrazina 0Identificação de Origem 12Identificação de Lote 0Prazo de Validade 2Cuidados Especiais de Conservação 0Instruções sobre o Preparo e o uso do Alimento se couberem 0Denominações, símbolos e emblemas, ilustraçõesque causam equívoco, erro, confusão ou engano 0

Informação Nutricional 40Apresentação e Distribuição da Informação Obrigatória 2Informação Nutricional Complementar 3Advertência Fenilalanina 0Alimentos Diet 0Organismos Geneticamente Modificados como Ingredientes 0

TOTAL 72

As maiores ocorrências de erros foram referentes à lista de ingre-dientes; corantes/aromas; glúten; identificação de origem; informação nu-tricional e informação nutricional complementar.

Os erros na lista de ingredientes foram: apresentação de aditivos antes dos ingredientes em um rótulo de salgadinho; ausência do nome de estabilizante ou código INS em um rótulo de iogurte; e ausência da função de um aditivo realçador de sabor em um rótulo de molho de pimenta.

Alguns erros foram encontrados em relação aos aromas. De acor-do com o Informe Técnico 26/2007 (BRASIL, 2007), alimentos naturais

Page 141: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

142

que usam aromatizantes para reforçar ou reconstituir seu sabor devem tra-zer no rótulo a informação “contém aromatizante”, sendo que uma marca de molho de tomate não apresentou esta informação. Foram declarados que contém aromatizante na lista de ingredientes em uma marca de mar-garina, uma marca de maionese e uma marca de ketchup, mas em nenhum dos rótulos foi indicada a classificação dos aromas como natural, idêntico ao natural ou artificial (BRASIL, 1969; 2007).

Em relação à obrigatoriedade do dizer “contém glúten” ou “não contém glúten” (BRASIL, 2003), três rótulos não apresentaram uma das frases. Vale ressaltar que a falta de informação deste item envolve risco à saúde do consumidor, no caso de indivíduos portadores de doença celíaca.

Erros na identificação de origem foram constatados em 12 rótulos. A identificação da origem são os dados do fabricante, ou produtor, ou fra-cionador, ou titular (proprietário) da marca, endereço completo, país de ori-gem e município, número de registro ou código de identificação do estabe-lecimento fabricante junto ao órgão competente (BRASIL, 2002). Os erros estiveram relacionados à ausência de CEP na descrição de endereço em 11 rótulos e um rótulo não apresentou o endereço completo e país de origem. É importante que se tenha os dados completos de onde é feito o produto, para segurança e controle da empresa e conhecimento do consumidor.

Em relação à informação nutricional complementar, houve três in-conformidades. Em um rótulo de água de coco, apareceu o dizer “Repõe Potássio e outros sais minerais”, porém na tabela nutricional é apresentada quantidade não relevante de potássio (7% de VD – Valor Diário) e não é apresentado nenhum mineral em quantidade significativa para que o pro-duto alegue reposição de minerais. Outras duas inconformidades foram identificadas, respectivamente, a ausência do detalhamento da quantidade/tipo de açúcares presentes no alimento e ausência da quantidade/tipo de gorduras presentes no alimento. A inconformidade de não apresentação quantidade de açúcares e/ou polióis, e/ou amido, e/ou outros carboidratos, presentes no alimento foi identificada em 44,4% dos alimentos light e 7,4% dos alimentos diet em trabalho de Garcia e Carvalho (2011).

O item que apresentou o maior número de irregularidades (40

Page 142: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

143

ocorrências) foi a informação nutricional. Os principais erros foram relativos à conversão do valor calórico de kcal em kJ; cálculo de Valor Diário (%VD) e expressão dos valores em números inteiros ou com casas decimais. Especialmente, os principais erros no cálculo de %VD foram para os nutrientes gorduras totais e sódio.

A rotulagem nutricional informa ao consumidor sobre as pro-priedades nutricionais de um alimento. Portanto, o número significativo de erros encontrados nos rótulos em relação a este item indicou que o consumidor está sendo lesado na informação das propriedades nutri-cionais no momento de escolha dos alimentos que devem integrar a sua dieta alimentar. Conforme Santos; Barros Filho (2002), a tabela de informação nutricional permite ao consumidor identificar a quantidade de nutrientes que contém na porção de determinado alimento. Essa tabela deve servir como um fator de decisão para a escolha de um ali-mento mais saudável.

Observaram-se problemas de interação entre a empresa e o consumidor pela alta porcentagem de não conformidades encontradas nos rótulos neste projeto. Os erros são agravados pela falta de entendi-mento e/ou interesse pleno da rotulagem por parte dos consumidores, como descrito na literatura. Uma hipótese do não interesse do consu-midor pela rotulagem é justamente o não entendimento dos itens des-critos nos rótulos dos alimentos. Por esse motivo, foi desenvolvida uma cartilha, que teve como objetivo disponibilizar uma ferramenta eficaz para esclarecer ao consumidor quanto aos itens básicos e obrigatórios de um rótulo de alimento, de maneira clara e objetiva.

A confecção da cartilha de Rotulagem de Alimentos foi parte do trabalho de conclusão de curso da bolsista Bruna Lopes Saldanha Marinho. O material consistiu em nove páginas, intercalando textos, ta-belas e figuras ilustrativas de forma clara, lúdica e objetiva, com foco no consumidor e utilizou-se de referencial teórico confiável e legal, principalmente a partir textos disponíveis no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A cartilha abordou os seguintes tópicos: como entender o rótulo; definição dos itens obrigatórios que compõem o ró-

Page 143: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

144

tulo; informações sobre o que não se pode colocar nos rótulos; signi-ficado dos nutrientes na tabela nutricional; como selecionar os produ-tos a partir da interpretação dos rótulos; dúvidas rotineiras durante as compras; noções de porções e medidas. A cartilha foi disponibilizada digitalmente para a comunidade interna e externa e um exemplar físico está disponível na Biblioteca do IFTM Campus Uberaba.

Como verificado por Bendino; Popolim; Oliveira (2012), con-sumidores não consideram muito importante a informação nutricional, uma vez que eles têm muita dificuldade de entender essas informações. Diante deste fato, a cartilha funciona como material educativo e objeti-vo para toda a sociedade, conscientizando claramente de como enten-der uma tabela nutricional e saber o que está realmente consumindo.

A equipe do projeto entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais para tirar algumas dúvidas técnicas da análise de rotulagem e para adquirir material informativo para palestra sobre Rotulagem de Alimentos destinada aos alunos do 2º período do curso superior de Tecnologia em Alimentos. O público conheceu as principais normas vigentes de rotulagem de alimentos, com destaque nas informações complementares. O público teve a oportunidade de praticar a análise de rótulos de alimentos, pois ficou enfatizada a impor-tância da rotulagem correta para que o alimento seja seguro para o con-sumidor, sem riscos a sua saúde e com informações que não o levem a dúvidas e enganos no ato de escolha do alimento. Todos participantes receberam material informativo em formato digital com o conteúdo das palestras e as legislações principais da área de rotulagem.

A Secretaria Regional de Saúde de Uberaba (MG) foi parceira nas atividades do projeto como consultores técnicos e contribuíram para a transferência de conhecimentos e capacitação do grupo de extensão.

As alunas bolsistas organizaram os slides de apresentação da palestra, foram palestrantes, organizaram o evento, além de se respon-sabilizarem pelo contato e recebimento de material junto à Secretaria Regional de Saúde.

Destaca-se, ainda, a aluna Bruna Lopes Saldanha Marinho que

Page 144: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

145

utilizou o projeto como tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso. Também apresentou o projeto final dos trabalhos da equipe de extensão mediante participação de professores como membros examinadores do trabalho e perante os alunos do curso de Tecnologia em Alimentos e comunidade externa.

As alunas estudaram e conseguiram interpretar os conteúdos das legislações e aplicaram os conhecimentos adquiridos na análise dos ró-tulos. A palestra ministrada pelas alunas foi um evento enriquecedor e contribuiu para o desenvolvimento de habilidades em falar ao público. O objetivo de capacitação das alunas bolsistas foi atingido plenamente.

De forma geral, o projeto acarretou em melhorias sociais com a capacitação da equipe do projeto, orientação da comunidade interna sobre a interpretação correta dos rótulos de alimentos e o despertar de uma análise crítica do conteúdo a partir da palestra proferida pela equipe do projeto.

3 CONCLUSÃO Este trabalho permitiu identificar dados de conformidade e não

conformidade da rotulagem de alimentos de algumas categorias alimen-tares. Foram analisados 70 rótulos, dos quais 70% apresentaram uma ou mais não conformidades. A informação nutricional foi o item que apre-sentou maiores erros no rótulo, podendo lesar o consumidor quanto às informações das propriedades nutricionais contidas nos alimentos e pre-judicar suas escolhas alimentares.

A clareza, compreensão e fidelidade das informações gerais dos rótulos de alimentos são benéficas, tanto para consumidor que procura segurança no consumo e uma alimentação saudável, quanto para as em-presas que ganham credibilidade e podem atrair cada vez mais clientes para seus produtos alimentícios.

Os objetivos do projeto foram alcançados ao promover extensão através da instrução, compartilhamento e transferência de conhecimento entre a equipe do projeto, Secretaria de Saúde e comunidade interna.

Page 145: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

146

4 NOTAS 1Doutora em Alimentos e Nutrição. Professora no curso superior de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. [email protected] no curso superior de Tecnologia em Alimentos. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2015. [email protected] no curso superior de Tecnologia em Alimentos. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2015. [email protected] no curso superior de Tecnologia em Alimentos. Bolsista voluntária de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2015. [email protected] na Superintendência Regional de Saúde de Uberaba no Núcleo de Vigilância Sanitária. [email protected]

5 REFERÊNCIAS

BENDINO, N. I.; POPOLIM, W. D.; OLIVEIRA, C. R. de A. Avalia-ção do conhecimento e dificuldades de consumidores frequentadores de supermercado convencional em relação à rotulagem de alimentos e informação nutricional. J Health Sci Inst, v. 30, n. 3, p. 261-265, 2012.

BRASIL. Decreto-Lei nº. 986, de 21 de outubro de 1969. Institui normas básicas sobre alimentos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 out. 1969, Seção 1.

______. Informe técnico nº 26, de 14 de junho de 2007. Pro-cedimentos para a indicação do uso de aroma na rotulagem de ali-mentos. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/alimentos/informes/26_140607.htm>. Acesso em: 22 set. 2015.

______. Lei nº 10674, de 16 de maio de 2003. Obriga a que os pro-dutos alimentícios comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. Di-ário Oficial da União, Brasília, DF, 19 maio. 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.674.htm> Acesso em: 12 dez. 2013.

Page 146: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes

147

______. Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002. Apro-va regulamento técnico sobre rotulagem de alimentos embalados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 set. 2002. Seção 1. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/ 36bf398047457db389d8dd3fbc4c6735/RDC_259.pdf ?MOD= AJPERES>. Acesso em: 22 set. 2015.

GARCIA, P. P. C.; CARVALHO, L. P. da S. Análise da rotulagem nutricional de alimentos diet e light. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, v. 15, n. 4, p. 89-103, 2011.

MACIEL, E. O gostoso e o saudável: uma análise da utili-zação de apelos de saúde na rotulagem de alimentos e sua convergência com o conteúdo nutricional. 2012. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana Aplicada) – Nutrição Humana Aplicada, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. Disponí-vel em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/89/89131/ tde-21032013-123948/pt-br.php>. Acesso em: 30 nov. 2015.

SANTOS, K. M. O.; BARROS FILHO, A. A. Fontes de informação sobre nutrição e saúde utilizadas por estudantes de uma universida-de privada de São Paulo. Rev Nutr., v. 15, n. 2, p. 201-210, 2002.

Page 147: Patrícia Campos Pereira - iftm.edu.br · Liciane Mateus da Silva Secretária da Pró-Reitoria de Extensão Cláudia Helena Rezende Lemes Apoio Administrativo Maria José Diogenes