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  • Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 349

    Salinidade da gua do Lago de So Jos do Jacupe e sua utilizao na agricultura irrigada de plantas perenes tropicais no semirido da Bahia

    Digenes Marcelino Barbosa Santos*

    Resumo

    As mudanas climticas, a alta frequncia de estiagens prolongadas e as altas tempe-raturas tm sido apontadas como responsveis pela escassez de recursos hdricos no semirido da Bahia. Por sua vez, altas taxas de evaporao provocam o aumento da concentrao de sais nos corpos hdricos, fenmeno este apontado por Fontes (2008) como responsvel pela salinizao do Lago da Barragem de So Jos do Jacupe, localizado em Vrzea da Roa (BA). Segundo Paranychianakis e Chartzoulakis (2005), sob estas condies, a disponibilidade de gua para a agricultura decair em termos quantitativos e qualitativos. Neste trabalho so discutidas experincias e resultados de pesquisa sobre a utilizao de gua salina na irrigao de plantas perenes tropicais, com nfase no cultivo de cacau, palma de leo (dend), limo-taiti e romanzeira no semirido da Bahia.Palavras-chave: Irrigao. Salinidade da gua. Semirido. Theobroma cacao. Elaeis guineensis.

    Abstract

    Climate changes, the high frequency of prolonged droughts and high temperatures have

    !!"#$%!"&$'!%#()#*!)+,")$ -!#.,*#&/!#)0(*0$&1#,.#2(&!*#*!),3*0!)#$"#&/!#)!4$(*$%#*!5$,"#

    of Bahia. On the other hand, high rates of evaporation cause an increase in the concen-

    tration of salts in water bodies, a phenomenon noted by Fontes (2008) as responsible

    for salinization of So Jos do Jacupe Lake, located at Vrzea da Roa, state of Bahia,

    Brazil. According to Paranychianakis and Chartzoulakis (2005), under these conditions,

    the availability of water for agriculture will decline in quantitative and qualitative terms.

    Here we discuss experiences and research results on the use of salt water for irrigation

    of tropical perennials crop, with an emphasis on the cultivation of cocoa, oil palm, limes

    and pomegranate in the semiarid region of Bahia.

    Keywords: Irrigation. Salinity water. Semiarid. Theobroma cacao. Elaeis guineensis.

    * Mestre em Geocincias e gradu-ado em Engenharia Agronmica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Insti-tuto Federal de Cincia e Tecno-logia da Bahia (IFBA).

    [email protected]

    BAHIAANLISE & DADOS

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    350 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    INTRODUO

    O longo perodo de estiagem que acomete o se-

    mirido baiano reduziu drasticamente a disponibili-

    dade de gua de qualidade para consumo humano

    e animal e para a agricultura, trazendo srias res-

    tries de uso da gua e a necessidade de aloca-

    o imediata de polticas pblicas para os diferen-

    tes setores da economia da regio. No territrio de

    Piemonte da Chapada, no centro-norte da Bahia,

    medidas drsticas de reduo do fornecimento de

    gua resultaram em mais de 60% de desabasteci-

    mento de gua para os agricultores irrigantes dos

    permetros de irrigao de Ponto Novo/Pedras Al-

    tas e So Jos de Jacupe. Situao semelhante foi

    !"#$%&'&(!)(*# "&)!+,-('!(."/)&'-01-)(.&234#-(

    e no agropolo Ibicoara/Mucug. Em Mirors, o pe-

    rmetro irrigado foi paralisado por absoluta falta de

    gua no lago da barragem.

    Como consequncia, a agricultura ser impul-

    sionada a utilizar guas marginais, tais como gua

    2&4#+&(!(!5/!+,!(,"&,&'-(6&"&(&,!+'!"(&(2/&(%"!2-

    cente demanda. Como meio de reduzir a escassez

    de gua, muitos pases tm desenvolvido tecnolo-

    gias para o uso das guas marginais, notadamente

    para a irrigao, o que, por sua vez, aumentar os

    riscos de salinizao dos solos e de reduo das

    colheitas. No Brasil, particularmente no semirido

    nordestino, as experincias de campo dessa natu-

    reza ainda so incipientes.

    Paranychianakis e Chartzoulakis (2005) apon-

    tam que, nas zonas semiridas e ridas afetadas

    pela escassez, as fontes de gua so degradadas

    ou esto em processo de degradao, o que piora

    ainda mais a disponibilidade de gua para consu-

    mo. Sob estas condies, a disponibilidade de gua

    para a agricultura decair em termos quantitativos

    e qualitativos, portanto, a gua de baixa qualidade

    ser inevitavelmente utilizada em larga escala para

    $+2(&7"3%-4&28( #2&+'-()&+,!"(&(&7"#%/4,/"&(!%-+--

    micamente vivel.

    Diante desse cenrio e da carncia de estudos

    %#!+,3$%-28( &49)( '&( &/2:+%#&( '!( !;6!"#:+%#&( '!(

    campo na Bahia sobre o uso prtico de gua sali-

    na na agricultura, este artigo tem por objetivo fazer

    uma avaliao da qualidade da gua do Lago da

    Barragem de So Jos do Jacupe e da sua utiliza-

    o na agricultura irrigada. A partir do referencial

    dessa avaliao, so discutidos resultados de pes-

    quisas em andamento e as experincias de campo

    dos agricultores sobre o impacto da utilizao de

    gua salina na irrigao de plantas sensveis e tole-

    rantes aos sais, especialmente no cultivo de cacau

    (Theobroma cacao L.), palma de leo (Elaeis guine-

    ensis Jacq.), romanzeira (Punica granatum L.), goia-

    ba (Psidium guajava) e limo-taiti (Citrus latifolia).

    O RIO JACUPE E O LAGO DE SO JOS DO

    JACUPE

    &%/36!(9(-()-"(&5/!+,!('-(=#-(?&-

    raguau e abrange uma rea de drenagem de

    aproximadamente 12.163 km2@(A/&(+&2%!+,!($%&(

    na cidade de Morro do Chapu, a 1.200 metros

    de altitude (Cartograma 1). O clima submido da

    Chapada Diamantina favorece o surgimento de

    nascentes perenes no alto do Jacupe, que formam

    riachos conhecidos como Ferro Doido, Apolinrio,

    Pau do Cedro, Peixe e outros. Entretanto, aps

    o curso do alto Jacupe, a principal fonte hdrica

    Cartograma 1Localizao dos municpios inseridos !"#!$%&$'#&$(!")*+,$-$.//0

    Fonte: Fontes (2008).

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 351

    2/6!"$%#&4( 9( -( 6"B6"#-(=#-( >&%/36!8( %/C-( "!7#)!(

    foi regularizado pelas construes das barragens:

    Frana, no municpio de Piritiba, e So Jos do

    Jacupe, no municpio homnimo.

    A Barragem de So Jos do Jacupe foi constru-

    da em 1985 e localiza-se nos municpios de Vrzea

    da Roa/So Jos do Jacupe, no mdio Jacupe.

    Est inserida na regio semirida da Bahia, numa

    zona de alta vulnerabilidade a secas recorrentes

    e alta taxa de Evapotranspirao Potencial (ETP).

    do conhecimento do senso comum a baixa qua-

    lidade das guas desse lago em virtude da alta

    salinidade.

    O DISTRITO DE IRRIGAO DO JACUPE

    O Distrito de Irrigao do Jacupe (11,59 S e

    40,07 W) est localizado a sudeste da bacia hi-

    drulica da Barragem de So Jos do Jacupe,

    margem da Rodovia BR 407/BA 130, no trecho

    entre Vrzea da Roa e So Jos do Jacupe. O

    distrito de irrigao compreende uma rea total irri-

    gada de 300 hectares, embora o potencial de terras

    irrigveis seja estimado em mil hectares. Estima-se

    uma demanda hdrica atual de aproximadamente

    0,15 m-3.s-1 para tender ao processo de irrigao.

    Os mtodos de irrigao predominantes so a mi-

    croasperso e o gotejamento, e os principais culti-

    vos so: banana, goiaba, limo, rom e maracuj.

    CARACTERIZAO DO MEIO FSICO DO

    EXPERIMENTO

    Precipitao e evapotranspirao

    O clima caracterizado como tropical semi-

    rido com precipitao mdia regional de apenas

    de 450 mm/ano-1. O balano hdrico, segundo a

    metodologia de Thornthwaite (1948) e utilizando

    o software desenvolvido por Sentelhas e outros

    DEFFFG8(!2,H('#26-2,-(+-(I"H$%-(E@(J-"&)(/,#4#K&-

    dos dados mdios histricos dos municpios de

    Mairi (11,71 S e 40,15 W), Pintadas (11,08 S e

    39,09 W), So Jos do Jacupe (11,50 S e 40,07

    W), Gavio (11,46 S e 39,87 W) e Capim Grosso

    (11,36 S e 40,00 W).

    Ressalta-se que, nos ltimos anos, a precipi-

    tao mdia anual sequer atingiu a marca de 200

    mm.ano-1, o que levou os municpios da regio a

    decretarem estado de emergncia. Dados de ETP

    obtidos por Hargreaves (1974) para o municpio de

    L"3(DEE8MEN(A(!(OP8EQN(RG()-2,"&)(/)('9$%#,(S3'"#-

    co de mil mm.ano-1 para a regio do estudo. Nestas

    condies, a ETP crtica foi estimada em aproxima-

    damente 200 mm.ms-1 para outubro. No vero de

    2013 foram registradas temperaturas prximas de

    40 C, resultando em ETP=10,0 mm.dia-1.

    Geologia e geomorfologia

    A rea do Distrito de Irrigao do Jacupe est

    inserida na Formao Capim Grosso, que corres-

    ponde a um prolongamento da Formao Barreiras

    para o interior. A unidade dos tabuleiros interioranos

    a principal feio geomorfolgica dessa rea.

    caracterizada por feies aplainadas, com altitudes

    entre 400-450 metros, adquirindo uma forma de re-

    levo tabular e plano.

    1234"&$5

    Balano hdrico normal mensal Vrzea da Roa (BA) e adjacncias

    Fonte: Elaborao prpria.

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    352 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    Solos do Distrito de Irrigao

    A cobertura pedolgica dos tabuleiros do Distri-

    ,-('!(T""#7&UV-(W-#(%4&22#$%&'&(%-)-(6"!'-)#+&+,!(

    4&,-22-4-(&)&"!4-('#2,"B$%-(X()-'!"&'-8()/#,-(6"--

    fundo, textura mdia/arenosa, fase acentuadamen-

    te drenado, relevo plano, em associao com latos-

    solo amarelo lico A fraco a moderado. So solos

    desenvolvidos a partir dos sedimentos arenosos e

    areno-argilosos do tercirio-quartenrio.

    Na Tabela 1 so apresentados resultados de

    &+H4#2!2( W32#%&2( !( Y/3)#%&2( '!( /)( 6!"$4( '!( 2-4-(

    virgem representativo do distrito realizadas pela

    Z)["&6&(A!)#H"#'-8(!)(EF\\@(

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 353

    condies de menor presso osmtica dentro do

    bulbo salino, viabilizando, dessa maneira, a utili-

    zao agrcola da gua de baixa qualidade. Sabe-

    -se que, diferentemente do tipo de solo que ocorre

    na rea deste estudo, solos de natureza vrtica,

    ou seja, argilosos e especialmente aqueles com

    argilas do tipo 2:1, tornam-se salinos, sdicos e

    solodizados rapidamente quando submetidos

    prtica de irrigao intensiva. Ao longo desta pes-

    quisa sero realizadas amostragens especiais de

    solos, dentro e fora do bulbo molhado, para moni-

    toramento da evoluo da salinidade do solo e a

    2/&(#+5/:+%#&(2-["!(-2(%/4,# -2@

    Qumica da gua do Lago de So Jos do

    Jacupe

    Em 1996, a Hydros Engenharia realizou estudo

    da anlise fsico-qumica da gua cujas amostras

    foram coletadas na borda do lago e na descarga

    de fundo da barragem com objetivo de realizar sua

    %4&22#$%&UV-( 6&"&( $+2( '!( #""#7&UV-@( X2( &+H4#2!2(

    fsico-qumicas da gua indicaram valores de pH =

    6,9; cloreto (Cl-) = 603,0 mg.L-1; sdio trocvel (Na+)

    = 186,0 mg.L-1; CE=1,20 dS.m-1 e razo de adsor-

    o de sdio (RAS)=3,84. Os resultados obtidos

    W-"&)(%4&22#$%&'-2(%-)-(`aAE8(-/(2!C&8(H7/&('!(

    salinidade muito alta e baixo teor de sdio. gua

    de salinidade alta (0,752,25 dS.m-1) no deve

    2!"(/2&'&(6&"&(#""#7&UV-('!(2-4-2(%-)('!$%#:+%#&(

    de drenagem e podem necessitar de prticas espe-

    ciais para o controle da salinidade. Pode ser usada

    para irrigar plantas com boa tolerncia aos sais.

    Fontes (2008) revisou dados analticos das

    guas do Lago de So Jos obtidos por Linhares e

    Mestrinho (2001) que determinaram concentrao

    de cloreto (Cl-) 500 mg.L-1, e de Ing (2004), que indi-

    cou concentraes de cloretos de 540 a 605 mg.L-1.

    A pesquisa realizada por Fontes (2008) incluiu

    um levantamento da qualidade das guas do Lago

    de So Jos do Jacupe no perodo entre julho de

    2006 e novembro de 2007. O estudo foi realizado

    em trs localidades estrategicamente posicionadas:

    na entrada do lago (montante), no lago prximo

    captao para irrigao e na sada do lago, na des-

    carga de fundo da barragem (jusante) e na locali-

    dade de Gavio, distante 20 km a jusante da barra-

    gem. Concluiu-se que as guas do reservatrio de

    So Jos do Jacupe permanecem empobrecidas

    (isotopicamente menos enriquecidas) at a entrada

    '-("!2!" &,B"#-8(Y/!("!5!,!(-2( &4-"!2(!+%-+,"&'-2(

    6&"&(&2( &Kb!2('!(!+,"&'&@(c!"#$%-/^2!(+'&(Y/!(

    as guas so afetadas pela evaporao, principal-

    mente nos pontos mais prximos barragem e nas

    guas mais profundas, sobretudo devido elevada

    taxa de evapotranspirao local.

    A autora sugere que as concentraes de sais

    na gua vm aumentando ao longo dos anos por

    causa do progressivo aporte de sais provenientes

    da sua rea de drenagem, com ascenso cres-

    cente, ultrapassando o limite de 250 mg.L-1, aps a

    construo da Barragem do Frana. Segundo a au-

    tora, os processos de aporte de sais no reservatrio

    contribuem mais vigorosamente para a salinizao

    '&2(H7/&2('-(Y/!(6&"&(&(2/&(2-'#$%&UV-@(

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    354 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    AVALIAO DA SALINIDADE E QUALIDADE

    DA GUA PARA FINS DEIRRIGAO DO LAGO

    DE SO JOS DO JACUPE

    D2#?E2#&9$%,$"8!99#4"!BC&$,$#7?,2+2,?!BC&$%,$

    resultados

    Segundo Ayers e Westcot (1991), a qualidade

    da gua para irrigao est relacionada a seus

    efeitos prejudiciais aos solos e s culturas, reque-

    rendo muitas vezes tcnicas especiais de manejo

    para controlar ou compensar eventuais problemas

    associados a sua utilizao. Ainda segundo o mes-

    mo autor, os problemas causados pela qualidade

    da gua podem ser resumidos nos seguintes efeitos

    principais: salinidade, permeabilidade do solo e to-

    xidez s plantas cultivadas.

    Toda gua usada na irrigao contm sais dis-

    solvidos. O efeito destes sais sobre as caracte-

    rsticas qumicas e fsicas de solos irrigados de

    grande importncia para a manuteno da sua ca-

    pacidade produtiva.

    Em geral, as guas que contm menos de 600

    mg.L-1 de sais totais podem ser usadas para a irri-

    gao de quase todos os cultivos. guas com con-

    centrao salina entre 500 e 1.500 mg.L-1 tm sido

    usadas na irrigao de plantas sensveis a sais em

    solos de boa drenagem interna ou providos de sis-

    tema de drenagem. As guas que contm de 1.500

    a 2.000 mg.L-1 podem ser usadas na irrigao de

    culturas moderadamente tolerantes se for adotada

    uma maior frequncia de irrigao combinada com

    uma lmina de sobreirrigao. Entretanto, guas

    que contm de 3.000 a 3.500 mg.L-1 s podero

    produzir rendimentos com culturas altamente tole-

    rantes (CORDEIRO, 2001).

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 355

    rendimento zero, foram estimados para determi-

    nar os grupos de tolerncia no Quadro 1.

    METODOLOGIA

    As campanhas de coletas de gua foram re-

    alizadas em janeiro de 2006; agosto e novembro

    de 2007; outubro de 2010; janeiro, fevereiro e ju-

    nho de 2011; janeiro, junho e setembro de 2012

    e janeiro de 2013, totalizando 13 amostragens no

    perodo. As amostras de gua foram coletadas no

    canal de irrigao e no lote de irrigantes dentro

    do permetro de irrigao. As amostras coletadas

    em 1996 por Hydros e em 2006 pelo autor des-

    te estudo foram consideradas referncias para a

    comparao das eventuais mudanas temporais

    que ocorreram na qualidade da gua no permetro

    de irrigao.

    Aps a coleta, as amostras foram refrigeradas

    e, em at 24 horas, entregues para anlises no

    laboratrio de solo e gua da Empresa Baiana de

    Desenvolvimento Agrcola (EBDA) em Salvador.

    Foram determinados os seguintes parmetros

    de interesse agrcola: pH, condutividade eltrica

    (dS.m-1), clcio (mmolc.L-1), magnsio (mmolc.L-1),

    sdio (mmolc.L-1), potssio (mmolc.L-1) e RAS. Os

    resultados foram submetidos ao diagrama de Ri-

    chards (1954) e aos parmetros de qualidade de

    gua estabelecidos por Ayers e Westcot (1991).

    ?&"&($+2('!(%-)6&"&UV-('!("!2/4,&'-2(W-"&)(2#2-

    tematizados dados obtidos da pesquisa realizada

    por Fontes (2008) no lago da barragem, os quais

    W-"&)(#+,!"6"!,&'-2(d(4/K('&2(%4&22#$%&Ub!2(&7"--

    +e)#%&2(6&"&($+2('!(#""#7&UV-@

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Caractersticas fsico-qumicas da gua

    Em 1996, a gua foi enquadrada na classe

    C3S1, portanto gua de alta salinidade e baixa so-

    dicidade, segundo o diagrama de Richards (1954).

    Dez anos mais tarde, o autor realizou novas anli-

    ses e concluiu que a classe da gua havia decres-

    cido em qualidade, alcanando a categoria C4S2. A

    partir do segundo semestre de 2007 at janeiro de

    2011, a qualidade da gua variou entre as classes

    C3S1, C3S2 e C3S3, porm com um pico obtido

    em outubro de 2010, quando foi enquadrada como

    C4S4 (Quadro 1). As anlises realizadas por Fontes

    (2008) entre junho de 2006 e novembro de 2007

    indicaram um enquadramento nas classes C3S1 e

    C4S1 (Tabela 4).

    Tabela 3Interpretao da qualidade da gua para irrigao

    Efeito consideradoGrau de problema

    Nenhum Crescente Severo

    Salinidade

    CE mmhos/cm ou dS/m < 0,75 0,75 3,00 > 3,00

    Permeabilidade

    CE mmhos/cm ou dS/m > 0,5 0,5 0,2 < 0,2

    RASaj

    Montmorilonita (2:1) < 6,0 6,00 9,00 > 9,0

    Ilita vermiculita (2:1) < 8,0 8,0 16,0 > 16,0

    Kaolinita (1:1) < 16,0 16,0 24,0 > 24,0

    f-;#'!K('-(3-+(!26!%3$%-

    Sdio (RAS aj.) < 3,0 3,0 9,0 > 9,0

    Cloreto (meq/l) < 4,0 4,0 10,0 > 10,0

    Boro (meq/l) < 0,75 0,75 2,0 > 2,0

    Outros efeitos

    HCO3 (meq/l) < 1,5 1,5-8,5 > 8,5

    pH Faixa normal 6,5 a 8,4

    Fonte: Ayers e Westcot (1991).

    Grupos de tolerncia salinidade do extrato de saturao do solo(1)

    Condutividade eltrica

    (EC em dS/m)

    Plantas sensveis < 1,3

    Plantas moderadamente sensveis 1,3 a 3,0

    Plantas moderadamente tolerantes 3,0 a 6,0

    Plantas tolerantes 6,0 a 10,0

    No adequado para a maioria das culturas > 10,0

    Quadro 1Tolerncia de plantas salinidade do extrato de saturao do solo

    Fonte: Ayers e Westcot (1991).

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    356 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    1234"&$.

    Evoluo da condutividade eltrica (CE) e dos sais dissolvidos totais (SDT) da gua ofertada pelo Distrito de Jacupe, oriunda do Lago de So Jos do Jacupe

    Fonte: Elaborao prpria.

    De fevereiro de 2011 at janeiro de 2013 ocor-

    reu um decrscimo da qualidade da gua devido

    trajetria crescente dos teores de sais totais dis-

    2-4 #'-2(DI"H$%-(gG@(1#&+,!('#22-8(&(H7/&(6&22-/(&(

    ser enquadrada como da classe C4S2 (Quadro 1).

    X(%4&22!(`O(2#7+#$%&(Y/!(&(H7/&(,!)(/)&(2&4#+#-

    dade muito alta, no podendo ser usada em condi-

    es normais, apenas em solos muito permeveis

    e plantas altamente tolerantes aos sais. Quanto

    ao perigo de alcalinizao, a classe S2 indica teor

    mdio de sdio. Em associao com alta salinida-

    de, pode produzir nveis txicos de sdio trocvel

    nos solos, necessitando de prticas especiais de

    manejo. O rendimento dos cultivos seriamente

    afetado nessa situao.

    Na Figura 1 nota-se que, no perodo entre o se-

    gundo semestre de 2007 at 2011, a CE varia entre

    2,0 a 3,0 dS.m-1 e os Sais Dissolvidos Totais (SDT),

    Amostra da gua

    pHCE

    (dS.m-1)RAS

    Clcio(mmolc.L-1)

    Magnsio(mmolc.L-1)

    Sdio(mmolc.L-1)

    Potssio(mmolc.L-1)

    Classe

    Irrigao

    30.09.1996 6,90 1,20 3,76 4,00 6,00 8,40 1,00 C3S1

    17.01.2006 7,90 3,95 5,68 5,67 13,32 17,50 1,36 C4S2

    09.08.2007 9,00 2,12 6,07 3,47 7,07 6,07 0,36 C3S2

    23.11.2007 7,50 1,89 3,16 3,10 6,81 7,04 0,38 C3S1

    23.11.2007 7,60 1,94 3,29 3,03 7,03 7,38 0,40 C3S2

    23.11.2007 6,40 2,78 3,30 3,22 7,11 7,48 0,41 C3S3

    15.10.2010 8,20 2,65 16,42 3,27 10,33 42,83 0,46 C4S4

    14.01.2011 5,90 2,08 4,27 3,43 7,68 10,05 0,35 C3S1

    07.02.2011 7,40 2,66 3,07 2,97 10,61 8,00 0,42 C4S1

    27.06.2011 7,50 2,79 2,03 7,05 7,97 5,57 0,65 C4S2

    18.01.2012 7,30 3,18 3,33 8,16 9,39 9,87 0,66 C4S1

    14.06.2012 8,00 3,77 3,75 4,34 13,44 11,17 0,82 C4S2

    14.06.2012 8,10 3,28 3,82 4,13 13,91 11,48 0,84 C4S2

    10.09.2012 8,20 3,86 3,86 5,20 13,74 15,71 0,77 C4S2

    15.01.2013 7,60 4,93 4,46 5,59 14,63 14,17 0,95 C4S2

    S)!%2&$.

    ',9)8?!%&9$%!9$!738#9,9$:*9#"&T;)*

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 357

    entre 1,36-1,79 g.L-1. A partir do segundo semes-

    tre de 2011 at janeiro de 2013, observa-se uma

    tendncia crescente nos valores de CE e de SDT

    e, consequentemente, um agravamento das condi-

    Ub!2('&(Y/&4#'&'!('&(H7/&(6&"&($+2('!(#""#7&UV-@(

    A CE ultrapassa o valor de 3,0 dS.m-1 em janeiro

    de 2012 at atingir um valor de, aproximadamente,

    CE=5,0 dS.m-1 em janeiro de 2013. Neste mesmo

    perodo, os SDT passam de 1,79 g.L-1 para 3,16

    g.L-1 (Figura 1).

    Os dados obtidos mostram que, em relao ao

    ano de 1996, a condutividade eltrica aumentou de

    valor cinco vezes, de aproximadamente 1,0 dS.m-1

    para 5,0 dS.m-1, e os teores de sais dissolvidos to-

    tais, de 0,77 g.L-1 para 3,16 g.L-1 , portanto, um au-

    mento de quatro vezes. Considerando-se o perodo

    entre 2011 e o incio de 2013, a CE aumentou duas

    vezes e meia, e os SDT, duas vezes.

    Salienta-se que o valor da CE acima de 0,75

    dS.m-1, de acordo com Ayers e Westcot (1991),

    apresenta grau de problema crescente quanto

    salinizao do solo, e o valor da CE maior que 3,0

    dS.m-1 indica grau de problema considerado severo.

    Segundo Cordeiro (2001), guas com concen-

    trao salina entre 0,500 e 1,5 g.L-1 tm sido usadas

    na irrigao de plantas sensveis a sais em solos

    de boa drenagem interna ou providos de sistema

    de drenagem. As guas que contm de 1,5 a 2,0

    g.L-1 podem ser usadas na irrigao de culturas mo-

    deradamente tolerantes se for adotada uma maior

    frequncia de irrigao combinada com uma lmina

    de sobreirrigao. Entretanto, guas que contm de

    3,0 a 3,5 g.L-1 s podero produzir rendimentos com

    culturas altamente tolerantes a sais.

    No perodo estudado, o pH da gua manteve-se

    na faixa entre 6,0 e 8,0, no havendo restries im-

    portantes para o crescimento vegetal. O valor de RAS

    manteve-se na faixa entre 2 e 4 a partir de 2011 at

    C&+!#"-('!(gPEa(DI"H$%-(aG@(Z+,"!,&+,-8(!)(%-+'#UV-(

    de gua de elevada salinidade, os limites divisrios

    de RAS se aproximaram de 4, em vez de RAS=10,

    como indicador de risco de alcalinizao do solo,

    conforme sugerido por Aalison, citado por Cordeiro

    (2001). Ou seja, para valores maiores de salinidade

    (CE) necessita-se de menores valores de RAS para

    aumentar o perigo de alcalinizao do solo.

    Quanto distribuio de ctions na gua,

    constata-se que a gua rica em sdio e magn-

    sio, em teores e propores semelhantes, e po-

    ["!(!)(6-,H22#-(DI"H$%-(OG@(

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    358 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    Utilizando-se o diagrama de Richard (1954) e

    &4-"!2('!(`Z(!(=XA(%-)(&($+&4#'&'!('!(6"! !"(

    "#2%-('!(2&4#+#K&UV-(!(2-'#$%&UV-('-(2-4-8(%-+%4/#-

    -se que as guas esto enquadradas nas classes

    `aAE(!(`OAE@(?&"&(&(%4&22#$%&UV-(`aAE8(-[,#'&(+-(

    lago, conclui-se tratar-se de gua com salinidade

    alta. No pode ser usada em solo com drenagem

    '!$%#!+,!8( !8( )!2)-( %-)( '"!+&7!)( &'!Y/&'&8(

    podem ser necessrias prticas especiais para o

    controle da salinidade, e essa gua s deve ser apli-

    cada para irrigao de plantas tolerantes aos sais.

    h/&+,-(&-(6!"#7-('!(2-'#$%&UV-(D&4%&4#+#K&UV-G8(!;-

    pressa pelo smbolo S1, indica gua com baixo teor

    de sdio. Pode ser usada para irrigao em quase

    todos os solos, com pouco perigo de desenvolvi-

    )!+,-('!(6"-[4!)&2('!(2-'#$%&UV-@

    De acordo com os dados de cloreto das amos-

    tras e aplicando-se os parmetros de avaliao da

    qualidade da gua proposta por Ayers e Westcot

    (1991), conclui-se que os teores de cloreto 393

    mg.L-1, 625 mg.L-1, 735 mg.L-1 apresentam risco se-

    vero de toxidez por cloro nas plantas e no solo. Teor

    de cloreto na gua de irrigao acima de 350 mg.L-1

    considerado inadequado para uso na agricultura.

    350 mg.L )mg.L

    Entrada do lago

    1,35 92 52,7 140 5 389 3,71 0,864 C3S1 Severo

    (Montante) Na barragem

    1,92 213 88,55 180 16,5 625 3,69 1,228 C3S1 Severo

    Descarga de fundo (Jusante)

    2,38 168 113 275 16 737 5,67 1,523 C4S1 Severo

    Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados obtidos de Fontes (2008).

    !"#$%&'

    Evoluo da concentrao catinica da gua ofertada pelo Distrito de Irrigao do Jacupe, oriunda do Lago de So Jos do Jacupe

    Fonte: Elaborao prpria.

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 359

    A expanso da cacauicultura para zonas de

    clima seco pode se constituir em escapes para as

    principais doenas que atacam a cultura, como a

    vassoura-de-bruxa e a podrido-parda. Almeida e

    Valle (2007) estimam que a perda por problemas

    !"##$%&!'(&"#)%$)*("+,-.")/,%+&$0)+1)2$2$,)3)+$)

    ordem de 30 a 40%. Sabe-se que a produtividade

    mdia dessa cultura na Bahia de apenas 300

    kg.ha-1.ano-1 ou 20 @.ha-1, sobretudo devido ao

    fungo da vassoura- de-bruxa (Moniliophtora perni-

    ciosa). No Par, a produtividade alcana at 900

    kg.ha-1.ano-1 ou 60 @.ha-1.

    Com o desenvolvimento de tecnologias de ir-

    (&4$-.")0"2$0&5$+$6)")2"%712&/1%!")2&1%!8 2")+"#)

    benefcios do manejo controlado da gua de irri-

    gao, a adequao das prticas de nutrio ve-

    getal fertirrigao de alta preciso, ao lado da

    disponibilidade de material gentico de qualidade

    superior, vislumbram-se possibilidades de adapta-

    o do cultivo do cacau em regies marginais ou

    at mesmo em regies hoje consideradas inaptas,

    como nas zonas semiridas tropicais, atingindo

    nmeros mais expressivos de produtividade des-

    se cultivo.

    Porque irrigar cacau no semirido

    Pelo fato de o cacaueiro ser cultivado nas

    regies tropicais midas, a maioria destas com

    precipitao pluviomtrica anual superior a 1.500

    mm.ano-1 e regularidade na distribuio, no so

    encontradas muitas pesquisas relativas aos efeitos

    da irrigao nesse cultivo. Tampouco se conhe-

    cem, com clareza, as melhores prticas de mane-

    jo da gua dentro das diversas fases fenolgicas,

    91/)2"/")"#)1:1&!"#)+")+3 2&!)78+(&2")2"%!("0$+"6)

    a exemplo do que ocorre na cafeicultura e na citri-

    cultura, como tcnicas para fazer a sincronizao

    da safra de acordo com a convenincia do produ-

    tor e do mercado, visando maximizar a produtivi-

    dade e o valor da produo (WOOD, 1984).

    Em meados do sculo passado, Alvim (s.d) le-

    vantou questionamentos sobre a crena de que o

    cacaueiro requer alta umidade relativa para cres-

    cer e produzir satisfatoriamente. Naquela poca foi

    relatado por ele o cultivo do cacau sob irrigao

    nas zonas desrticas do Peru (P=100 mm.ano-1 e

    UR=50%) com produtividades entre 800 e 1.000

    kg.ha-1 e no Vale do Cauca, na Colombia, com pre-

    cipitao inferior a 1.000 mm.ano-1. No Equador,

    por sua vez, h muitas plantaes de cacau sob

    irrigao por inundao na zona semirida.

    No atual cenrio so escassas as pesquisas

    de campo, nas regies cacaueiras do mundo, so-

    bre a adaptao dessa planta fora da zona tropical

    ;/&+$6)91/)2"/")%.")#1)$(+)?@ABAC)$ (/$)

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    360 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    #"9(1)$)&%E),F%2&$)+")#G+&")%$)%,!(&-."6)%")2(1#2&H

    mento e na produo do cacaueiro. Portanto, esti-

    ma-se que este estudo seja pioneiro em submeter

    plantas de cacau salinidade da gua em condio

    de campo na zona semirida tropical.

    A pesquisa est em andamento no Distrito de

    Irrigao do Jacupe, na localidade de Vrzea da

    Roa (11,60o S e 40,07o W,) no semirido da Bahia,

    Brasil. O plantio foi realizado em maro de 2010

    ? )4,($#)@)1)IC)16)+1#+1)1%!."6)$)*(12&*&!$-.")/3+&$)

    anual foi de apenas 200 mm.ano-1, distribuda em

    apenas dois eventos de chuva por ano e tempera-

    turas diurnas na primavera/vero entre 35 e 40 C.

    J)#"0"):"&)20$##& )2$+")2"/")0$!"##"0")$/$(10")

    1,!(G )2"6)!1D!,($)$(1%"#$)!($%#&2&"%$0)*$($)%1"#H

    solo quartzarnico antropizado. Portanto, em con-

    dies totalmente desfavorveis para o cultivo do

    cacau. O sistema de irrigao utilizado foi o de

    4"!1K$/1%!")2"/)+,$#) )01&($#)+1) !,9")4"!1K$+"()

    *"() )01&($) +1) *0$%!&") ?2"%#G(2&") 2$2$,L9$%$%$CM)

    As irrigaes foram realizadas diariamente para

    manter o solo prximo da capacidade de campo e

    atender a uma lmina emprica de lixiviao.

    As mudas clonais de cacau foram produzidas

    por meio do enraizamento de estacas de caule,

    oriundas de extremidades de ramos plagiotrpi-

    cos, pelo Instituto Biofbrica de Cacau, e utilizadas

    com aproximadamente 6 meses de idade. Esto

    em avaliao os seguintes clones: Cepec 2004,

    Ipiranga, CCN 51, SJ 02, Cepec 2002 e PH 16. O

    espaamento 3,0, x 1,5 m e estande de 2.222

    plantas.ha-1. Os diferentes clones foram plantados

    em blocos formados por trs ou duas linhas de

    plantio. Aps o plantio, as mudas receberam uma

    cobertura provisria com palhas de licuri (Syagrus

    coronata) por seis meses, at que o sombreamen-

    !")+1 )%&!&=")2"/)9$%$%1&($)?I6A)D)I6A)/C)$!&%4#1)")

    estgio ideal de sombreamento do cacaueiro.

    Os resultados alcanados at a idade de 17 me-

    ses (510 dias de campo) apontaram que o clone

    Ipiranga atingiu a altura de 1,55 m, destacando-se

    dos demais clones, que variaram entre 1,10 m e 1,16

    m. Os clones SJ 02, Cepec 2004, CCN 51 e Cepec

    2002 obtiveram crescimento absoluto semelhante

    entre si. A mdia geral do experimento aponta que,

    no perodo analisado, a altura absoluta da planta

    *$##$)+1)A6N@)/)*$($)B6BN)/)?O(' )2")PCM

    Os dados de crescimento absoluto do dimetro

    do tronco medido a 20 cm do solo indicam que o

    clone SJ02 destacou-se dos demais alcanando

    28,0 mm de dimetro. O clone PH16 atingiu o menor

    dimetro entre os clones avaliados, com uma mdia

    de 21,0 mm. Os demais clones so semelhantes

    entre si, com dimetro mdio de 24,00 mm. A mdia

    ()*+!,&-

    Clone de cacau promissor submetido gua salina Vrzea da Roa (BA)

    Foto: Digenes Santos.

    Figura 3Clone de cacau irrigado por gotejamento com gua salina Vrzea da Roa (BA)

    Foto: Digenes Santos.

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 361

    geral do experimento aponta que, no perodo avalia-

    do, o dimetro mdio absoluto do tronco passa de

    Q6RP)//)*$($)@N6A)//)?O(' 2")PCM

    Os resultados demonstram que, nas condies

    do estudo, os clones Ipiranga e SJ02 destacaram-

    -se em ambientes salinos, apresentando maior vi-

    gor entre os clones avaliados a partir do segundo

    ano. Os demais clones so semelhantes entre si e

    todos os clones aparentam possuir relativa tolern-

    2&$)$"#)#$M)S##1#)(1#,0!$+"#6)#1)2"% (/$+"#)$")

    longo do estudo, podem indicar que determinados

    gentipos de cacaueiros possuem mecanismos de

    tolerncia salinidade, o que facilitaria prticas de

    fertirrigao e nutrio especializada, alm de abrir

    novos horizontes para o cultivo no semirido.

    Os resultados de anlises foliares de plantas

    aos 20 meses de campo (600 dias) indicaram que

    7')%8!&+$)+1 2&F%2&$)+1)*"!'##&")1/)!"+"#)"#)20"-

    %1#)1#!,+$+"#M)T)(10$!$+$)+1 2&F%2&$)+1)*"!'##&")

    em plantas perenes cultivadas em regime de sali-

    nidade devido ao efeito antagnico entre o sdio e

    o potssio. Entre os micronutrientes, h destaque

    *$($)$#)+1 2&F%2&$#)+1)2"9(16)/$%4$%F#)1)5&%2"M)

    Em termos de concentrao de ons, txicos sdio

    (Na) e cloro (Cl) nas folhas, observou-se que h

    diferenas na absoro destes ons em funo dos

    diferentes gentipos avaliados.

    O clone Cepec 2002 destacou-se dos demais

    quanto precocidade, sendo seguido pelos clones

    SJ 02 e Ipiranga nas condies deste estudo (SAN-

    TOS; CASTRO NETO, 2012 c,d).

    Cultivo da palma de leo (dend) (elaeis

    guineensis Jacq.) para a produo sustentvel

    de biodiesel no semirido brasileiro

    A palma de leo (Elaeis guineensis Jacq.) co-

    nhecida no Brasil como dend, amplamente utilizado

    na gastronomia afrobaiana representada pelo acara-

    j, abar e moquecas. considerada como a cultura

    energtica de maior potencial para a produo de

    leo no mundo, cultivada em mais de 42 pases em

    11 milhes de hectares, espalhados na frica Oci-

    dental Equatorial, no sudoeste asitico (Malsia e

    Indonsia), na Amrica Latina (Brasil, Equador, Am-

    rica Central) e na ndia (SHINO et all, 2011).

    Estima-se que um hectare de cultivo de palma

    de leo tem potencial para produzir 55,0 toneladas

    +1)/$!3(&$)#12$)%$):"(/$)+1)9&"/$##$) 9("#$)1)

    5,5 toneladas de leo (CORLEY, 1983). Em regime

    de irrigao na Malsia, constatou-se que a pro-

    duo potencial situa-se entre 45-50 t/hectare de

    cachos frescos e at 15 t/hectare de leo bruto.

    A baixa produtividade agrcola do dend no

    Brasil (10,0 t/hectare) e na Bahia (3,5 t/hectare)

    o principal entrave utilizao sustentvel dessa

    cultura energtica para a produo de biodiesel

    (MACEDO et al., 2010). Estima-se que as condi-

    es de baixa luminosidade nas regies tradicio-

    nais de cultivo, Bahia e Par, um fator limitante

    para a obteno de sua alta produtividade agrcola.

    Sabe-se que quanto maior a radiao solar global

    maior o teor de leo dos frutos do dend e melhor a

    !"#$%&.

    Altura da planta (m) e dimetro do troco de clones de cacaueiro submetidos gua salinaFonte: Elaborao prpria.

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    362 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    ()*+!,&'

    Cultivo de plantas de palma de leo no semirido da Bahia e detalhe do sistema de irrigao por gotejamento

    Foto: Digenes Santos.

    uniformidade de sua maturao no cacho, que, por

    #,$)=156)&%E,1%2&$)%$)

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 363

    Com o objetivo de nortear as prticas culturais

    das plantas da unidade de observao, em outubro

    de 2010 foram plantados trs exemplares de den-

    dezeiro da mesma variedade tenera. Nestes, a di-

    :1(1%2&$-.")E"($0)"2"((1,)$"#)@N)/1#1#)+1)2$/*"M

    Resultados e discusso

    U"#)O(' 2"#)V)1)Q)#.")$*(1#1%!$+"#)+$+"#)+1)

    crescimento inicial da palma de leo.

    U"#)O(' 2"#)N)1)P)#.")$*(1#1%!$+"#)+1!$071#)

    da unidade de observao.

    J#)+$+"#)+$)W&4,($)R)1)O(' 2")P)+1/"%#!($/)

    que, aos 17 meses de campo (510 dias), a palma

    de leo irrigada com gua salina nas condies do

    semirido da Bahia atingiu os seguintes ndices:

    a) taxa de crescimento em altura: 2650 m/dia;

    b) taxa de crescimento da circunferncia do tron-

    co: 1160 m/dia;

    c) taxa de foliao: uma folha a cada 39 dias;

    d) relao taxa de crescimento em altura / taxa de

    crescimento da circunferncia do tronco: 2,3;

    1C)+&:1(1%2&$-.")E"($0)$"#)@N)/1#1#)$*G#)")*0$%-

    !&")+1 %&!&="6)#,41(&%+")*(12"2&+$+1)1/)(10$-

    o regio tradicional;

    f) ausncia de registro da ocorrncia de pragas

    e doenas;

    g) crescimento alcanado nas condies semi-

    ridas e irrigao com gua salina superiores

    queles obtidos nas regies tradicionais de cul-

    tivo do dend;

    h) salinidade aparentemente incua ao desempe-

    nho da planta, sugerindo que a palma de leo

    tem relativa tolerncia salinidade;

    &C)")#!1/$)+1)4"!1K$/1%!")2"/)+,$#) 01&($#)+1)

    !,9") 4"!1K$+"() *"() 01&($) +1) *0$%!$) /"#!(",)

    ser uma alternativa vivel nas condies do

    estudo.

    TOLERNCIA SALINIDADE DE DIFERENTES

    ESPCIES E GENTIPOS

    De todas as espcies frutferas perenes culti-

    vadas pelos agricultores do Distrito de Irrigao

    do Jacupe, a goiabeira (Psidium guajava) de-

    monstrou ser a que melhor se adapta s condi-

    es de alta salinidade. Esse cultivo no revela

    sintomas visuais de toxidez de sais e possui alto

    vigor vegetativo e reprodutivo, sugerindo que a

    goiabeira uma planta que tolera muito bem a

    alta salinidade (Figura 6).

    O limo-taiti (Citrus latifolia), considerado uma

    planta que apenas suporta gua de baixa salinidade

    (CE=1,1-1,4 dS.m-1), tem demonstrado tolerncia

    salinidade e aos efeitos de ons txicos, com um

    crescimento vigoroso, muito alm do esperado para

    a espcie. Assim como a goiabeira, no h aparen-

    te sintoma visual de toxidez.

    !"#$%&/

    Altura da planta (m) e circunferncia do tronco (cm) em plantas de palma de leo irrigadas com gua salina no semirido da Bahia

    Fonte: Elaborao prpria.

    !"#$%&0

    Nmero de folhas em plantas de palma de leo no semirido da Bahia

    Fonte: Elaborao prpria.

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    364 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    A romzeira (Punica granatum L.) est sendo

    testada com utilizao de gua salina, revelando

    bons resultados (Figura 7). Essa espcie consi-

    derada como moderadamente tolerante a sais. As

    pesquisas indicam que as antocianinas da rom-

    zeira tm maior concentrao de atividades antio-

    xidantes do que as da vitamina E (alfa tocoferol),

    da vitamina C (cido ascrbico) ou do betacaro-

    teno (BHANTANA; LAZAROVITCH, 2009). Alm

    disso, o suco de rom possui trs vezes mais ativi-

    dades antioxidantes que o ch verde e o vinho. As

    antocianinas so compostos fenlicos que contri-

    buem para a colorao vermelha, azul e rosa das

    frutas, sendo tambm responsveis pela atividade

    antioxidante dessa fruta.

    O Brasil no possui tradio no cultivo dessa

    fruta, embora haja pesquisas em andamento reali-

    zadas pela Embrapa. Nas condies do Distrito de

    Irrigao do Jacupe, plantas de romzeira irrigadas

    por gotejamento esto em incio de produo com

    $*1%$#)IA)/1#1#)$*G#)")*0$%!&")+1 %&!&=")?XYZJ[-

    BO, 2012). Anlises das antocianinas (Tabela 5)

    Figura 5Plantas de palma de leo em incio de produo no semirido da Bahia, irrigadas com gua salina nas condies do Distrito de Jacupe, Vrzea da Roa (BA)

    Foto: Digenes Santos.

    Figura 6Plantas de limo-taiti e de goiabeiras no semirido da Bahia, irrigadas com gua salina nas condies do Distrito de Jacupe, Vrzea da Roa (BA)

    Foto: Digenes Santos.

  • DIGENES MARCELINO BARBOSA SANTOS

    Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013 365

    presentes nas amostras de rom colhidas em 2012

    em lote do produtor do Distrito de Jacupe foram

    realizadas pela Embrapa Tecnologia de Alimentos,

    tendo sido obtidos os seguintes resultados:

    Os resultados revelam que os valores obtidos

    esto dentro da faixa estudada por Ali Tehranifar e

    outros (2010), que avaliaram as propriedades de 20

    cultivares de rom originrios do Ir. A romzeira

    possui futuro promissor para se tornar uma opo

    rentvel para a fruticultura do semirido brasileiro.

    CONCLUSO

    Diante dos resultados de pesquisa obtidos at

    o momento e das observaes realizadas em cam-

    po nas condies do Distrito de Irrigao do Jacu-

    pe, conclui-se que a gua do Lago de So Jos

    do Jacupe utilizada para irrigao pelo Distrito de

    Jacupe apresenta tendncia crescente de varia-

    o dos valores de condutividade eltrica e do teor

    +1))#$)+#"0=&+"#)!"!$M)T)20$##& 2$+$)2"/")#$-

    lina e medianamente sdica, portanto s pode ser

    utilizada para cultivo de plantas moderadamente

    tolerantes salinidade. So consideradas plantas

    moderadamente tolerantes a sais o abacaxizeiro,

    a romzeira (Punica granatum) e a oliveira (Olea

    europea). Sob a tica da concentrao dos sais

    dissolvidos totais, somente possvel utiliz-la em

    plantas altamente tolerantes a sais. Plantas pere-

    nes reconhecidamente tolerantes salinidade so:

    coqueiro (Cocus nucfera), tamareira (Phoenix dac-

    tylfera) e jojoba (Simmondsia chinensis).

    Nas condies apresentadas neste trabalho,

    o desenvolvimento do cacaueiro (Theobroma ca-

    cao) e do limoeiro (Citrus latifolia), que so plantas

    Figura 7(!+1%&2,&!%3456)!,&6&78,91,&63&:%!,;4%&9%&

  • SALINIDADE DA GUA DO LAGO DE SO JOS DO JACUPE E SUA UTILIZAO NA AGRICULTURA IRRIGADA DE PLANTAS PERENES TROPICAIS NO SEMIRIDO DA BAHIA

    366 Bahia anl. dados, Salvador, v. 23, n. 2, p.349-367, abr./jun. 2013

    reconhecidas como sensveis salinidade, parece

    sugerir que ambos desenvolveram mecanismos de

    resistncia e/ou tolerncia salinidade e que mere-

    cem ser melhor investigados. A goiabeira (Psidium

    guajava) comporta-se como uma planta tolerante

    salinidade.

    O desenvolvimento alcanado pela palma de

    leo (Elaeis guineensis) sugere que a espcie tem

    potencial para explorao no semirido para a pro-

    duo de biodiesel e que aparentemente tole-

    rante salinidade, podendo ser irrigada com gua

    marginal, de baixa qualidade, tal como ocorre com

    a tamareira no Oriente Mdio, que largamente

    irrigada com guas residurias (guas servidas).

    relevante considerar o uso de guas margi-

    nais, seja salina ou residuria, diante de um cen-

    rio de escassez de gua severo. Portanto, tornam-

    -se necessrios esforos para o desenvolvimento

    de pesquisas, bem como de tecnologias que pos-

    sibilitem conhecer e alterar favoravelmente esse

    cenrio de escassez de gua.

    O estudo revelou que h potencial para a pro-

    duo de plantas perenes com utilizao de gua

    salina nas condies do semirido da Bahia. Para

    tanto, deve ser posta em pauta a reviso dos para-

    digmas que restringem o cultivo de plantas perenes

    no semirido.

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    Artigo recebido em 29 de maio de 2013

    e aprovado em 10 de junho de 2013.