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CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE DEFESA DO CONSUMIDOR Rua Paraguassu, nº 478, Juvevê, CEP 80.030-270, Curitiba, Paraná- Fone (41) 3250-8782 [email protected] 1 PARECER PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO nº MPPR-0046.15.047740-7 Interessada: Promotoria de Justiça da Comarca de Arapongas. Natureza: Consulta formulada pela Promotoria de Justiça da Comarca de Arapongas através do Ofício nº 1.160/2015 ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor (CAOPCON) acerca da competência do PROCON em proceder o recolhimento, armazenagem e destruição dos produtos impróprios ao consumo, os quais foram apreendidos em fiscalizações nos supermercados, mercados e lojas de conveniência do Município de Arapongas, bem como a indicação do órgão responsável pela adoção de providências. Ementa: CONSUMIDOR – COMPETÊNCIA DO PROCON – APREENSÃO E DESTINAÇÃO DE PRODUTOS - FISCALIZAÇÃO – RELAÇÕES DE CONSUMO – ARTIGOS 2º, 4º, III, 9º E 10 DO DECRETO FEDERAL 2.181/97 E ARTIGO 55, §3º DA LEI 8.078/90 – AUTO DE INFRAÇÃO – AUTO DE APREENSÃO E TERMO DE DEPÓSITO – PRODUTOS APREENDIDOS IMPRÓPRIOS AO CONSUMO – FIEL DEPOSITÁRIO – FORNECEDOR – RETIRADA DOS PRODUTOS PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA QUANTIDADE NECESSÁRIA PARA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA – PRODUTOS COM PRAZO DE VALIDADE VENCIDO E PRODUTOS EM DESACORDO COM AS NORMAS REGULAMENTARES DE FABRICAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO OU APRESENTAÇÃO (ARTIGO 18, §6º, I, II, SEGUNDA PARTE DA LEI 8.078/90 – NORMA PENAL EM BRANCO – VÍCIO DE NATUREZA FORMAL – EVENTUAL CRIME DE PERIGO ABSTRATO – NÃO EXIGÊNCIA DE LESÃO OU DANO

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Page 1: PARECER PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO nº MPPR … · INFRAÇÃO – AUTO DE APREENSÃO E TERMO ... de Defesa do Consumidor e possui competência para ... para a configuração do crime

CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE DEFESA DO CONSUMIDOR Rua Paraguassu, nº 478, Juvevê, CEP 80.030-270, Curitiba, Paraná- Fone (41) 3250-8782

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PARECER

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO nº MPPR-0046.15.047740-7

Interessada: Promotoria de Justiça da Comarca de Arapongas.

Natureza: Consulta formulada pela Promotoria de Justiça da Comarca de

Arapongas através do Ofício nº 1.160/2015 ao Centro de Apoio Operacional das

Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor (CAOPCON) acerca da

competência do PROCON em proceder o recolhimento, armazenagem e

destruição dos produtos impróprios ao consumo, os quais foram apreendidos em

fiscalizações nos supermercados, mercados e lojas de conveniência do Município

de Arapongas, bem como a indicação do órgão responsável pela adoção de

providências.

Ementa:

CONSUMIDOR – COMPETÊNCIA DO PROCON – APREENSÃO E DESTINAÇÃO DE PRODUTOS - FISCALIZAÇÃO – RELAÇÕES DE CONSUMO – ARTIGOS 2º, 4º, III, 9º E 10 DO DECRETO FEDERAL 2.181/97 E ARTIGO 55, §3º DA LEI 8.078/90 – AUTO DE INFRAÇÃO – AUTO DE APREENSÃO E TERMO DE DEPÓSITO – PRODUTOS APREENDIDOS IMPRÓPRIOS AO CONSUMO – FIEL DEPOSITÁRIO – FORNECEDOR – RETIRADA DOS PRODUTOS PELA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA – QUANTIDADE NECESSÁRIA PARA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA – PRODUTOS COM PRAZO DE VALIDADE VENCIDO E PRODUTOS EM DESACORDO COM AS NORMAS REGULAMENTARES DE FABRICAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO OU APRESENTAÇÃO (ARTIGO 18, §6º, I, II, SEGUNDA PARTE DA LEI 8.078/90 – NORMA PENAL EM BRANCO – VÍCIO DE NATUREZA FORMAL – EVENTUAL CRIME DE PERIGO ABSTRATO – NÃO EXIGÊNCIA DE LESÃO OU DANO

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– CARACTERIZAÇÃO APENAS COM A TRANSGRESSÃO DA NORMA – DESNECESSIDADE DE PERÍCIA PARA ATESTAR A IMPROPRIEDADE – PROVA IDÔNEA – SUFICIÊNCIA DOS AUTOS DE APREENSÃO E DE INFRAÇÃO REALIZADOS PELOS ÓRGÃOS COMPETENTES PELA FISCALIZAÇÃO – DESTINAÇÃO/DESTRUIÇÃO DOS PRODUTOS – OBRIGAÇÃO DO FORNECEDOR. CONCLUSÕES.

1. Relatório

A Promotoria de Justiça da Comarca de Arapongas encaminhou o

Ofício nº 1.160/2015 a fim de obter parecer jurídico sobre a competência do

PROCON em proceder o recolhimento, armazenagem e destruição dos produtos

impróprios ao consumo, os quais foram apreendidos em fiscalizações nos

supermercados, mercados e lojas de conveniência do Município de Arapongas,

bem como a indicação do órgão responsável pela adoção de providências.

É o relatório.

2. Da Competência do PROCON para Realizar a Fiscalização nas Relações de Consumo.

O PROCON de Arapongas é parte integrante do Sistema Nacional

de Defesa do Consumidor e possui competência para efetuar fiscalizações

quando se trata de relação de consumo. Esta competência encontra amparo nos

artigos 2º, 4º, III, 9º e 10 do Decreto Federal 2181/97 e artigo 55, §3º da Lei

8.078/90: Decreto Federal 2181/97: Art. 2º. Integram o SNDC a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e dos demais órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal, municipais e as entidades civis de defesa do consumidor. (Redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 2012).

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Art. 4º. No âmbito de sua jurisdição e competência, caberá ao órgão estadual, do Distrito Federal e municipal de proteção e defesa do consumidor, criado, na forma da lei, especificamente para este fim, exercitar as atividades contidas nos incisos II a XII do art. 3º deste Decreto e, ainda: III – fiscalizar as relações de consumo. Art. 9º. A fiscalização das relações de consumo de que tratam a Lei nº 8.078, de 1990, este Decreto e as demais normas de defesa do consumidor será exercida em todo o território nacional pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, pelos órgãos federais integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, pelos órgãos conveniados com a Secretaria e pelos órgãos de proteção e defesa do consumidor criados pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em suas respectivas áreas de atuação e competência. (Redação dada pelo Decreto nº 7.738, de 2012). Art. 10. A fiscalização de que trata este Decreto será efetuada por agentes fiscais, oficialmente designados, vinculados aos respectivos órgãos de proteção e defesa do consumidor, no âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, devidamente credenciados mediante convênio. Lei 8.078/90: Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atuação administrativa, baixarão normas relativas à produção, industrialização, distribuição e consumo de produtos e serviços. §3º Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal e municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o mercado de consumo manterão comissão permanentes para elaboração, revisão e atualização das normas referidas no §1º, sendo obrigatória a participação dos consumidores e fornecedores.

Diante do que estabelecem as leis federais acima mencionadas, o

PROCON de Arapongas tem competência legal para realizar fiscalizações no

âmbito do município.

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3. Do Auto de Infração, Auto de Apreensão e Termo de Depósito.

Inicialmente, antes de adentrar no mérito dos Autos de Infração e

Autos de Apreensão emitidos pelo PROCON de Arapongas, faz-se necessário

esclarecer alguns pontos sobre esta matéria.

O Decreto Federal 2.181/97 disciplina em seus artigos 21, §1º, §2º e

35, I, II o Auto de Infração, o Auto de Apreensão e o Termo de Depósito.

Colaciono os referidos dispositivos legais: Art. 21. A aplicação da sanção prevista no inciso II do art. 18 terá lugar quando os produtos forem comercializados em desacordo com as especificações técnicas estabelecidas em legislação própria, na Lei 8.078, de 1990, e neste Decreto: §1º. Os bens apreendidos, a critério da autoridade poderão ficar sob a guarda do proprietário, responsável, preposto ou empregado que responda pelo gerenciamento do negócio, nomeado fiel depositário, mediante termo próprio, proibida a venda, utilização, substituição, subtração ou remoção, total ou parcial, dos referidos bens. (destaquei) §2º A retirada do produto por parte da autoridade fiscalizadora não poderá incidir sobre quantidade superior àquela necessária à realização da análise pericial. (grifei) Art. 35. Os Autos de Infração, de Apreensão e o Termo de Depósito deverão ser impressos, numerados em série e preenchidos de forma clara e precisa, sem estrelinhas, rasuras ou emendas, mencionando: I – o Auto de Infração: a) o local, a data e a hora da lavratura; b) o nome, o endereço e a qualificação do autuado; c) a descrição do fato ou do ato constitutivo da infração; d) o dispositivo legal infringido; e) a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de dez dias; f) a identificação do agente autuante, sua assinatura, a indicação do seu cargo ou função e o número de sua matricula; g) a designação do órgão julgador e o respectivo endereço; h) a assinatura do autuado; II – o Auto de Apreensão e o Termo de Depósito: a) o local, a data e hora da lavratura;

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b) b) o nome, o endereço e qualificação do depositário; c) a descrição e a quantidade dos produtos apreendidos; d) as razões e os fundamentos da apreensão; e) o local onde o produto ficará armazenado; f) a quantidade de amostra colhida para análise; g) a identificação do agente autuante, sua assinatura, a

indicação do seu cargo ou função e o número de sua matrícula;

h) a assinatura do depositário; i) as proibições contidas no §1º do art. 21 deste Decreto.

(destaque nosso).

De acordo com os dispositivos legais acima referidos extraem-se os

seguintes apontamentos:

1. Quando a autoridade administrativa no exercício do seu poder de

policia realizar fiscalização em estabelecimentos comerciais e necessitar efetuar a

apreensão de determinados bens, estes poderão ficar sob a guarda do

proprietário, dono do estabelecimento fiscalizado, que será nomeado fiel

depositário.

2. A autoridade administrativa somente pode retirar a quantidade de

produtos necessária para a realização de exame pericial, quando for

imprescindível a realização deste.

3. Deve ser lavrado junto com o Auto de Apreensão o Termo de

Depósito que obrigatoriamente deve conter o local onde o produto apreendido

ficará armazenado.

Feitas estas considerações, passa-se a analisar a documentação

enviada a este CAOPCON no Ofício nº 1.240/2015 oriundo da 5ª Promotoria de

Justiça da Comarca de Arapongas.

Foram enviados a pedido deste Centro de Apoio os Autos de

Apreensão e os Autos de Infrações lavrados pelo PROCON de Arapongas

juntamente com o Ofício nº 016/2015/PROCON no qual o Coordenador Executivo

Paulo Sérgio Camparoto informou que: “a respeito dos produtos apreendidos, e tendo

a preocupação com a destinação e destruição de forma correta, e que não apresente

qualquer problema para o meio ambiente, procedemos da seguinte forma: - Produtos de

origem animal: entregamos para destruição no Frigorífico Frigomax, conforme termo

anexo. – Demais produtos de higiene, alimentos, bebidas e outros: estamos formalizando

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convênio com a empresa Senatran Saneamento Ambiental S/A. Com exceção dos

produtos de origem animal, todos os demais estão estocados no PROCON, solicitamos

junto a Sanetran, documentos constitutivos, licenças ambientais, para formalização de

convênio, para destruição dos produtos listados em Autos de Apreensão anexos.”

Com relação a estas informações, fazem-se os seguintes

esclarecimentos:

a) De acordo com os dispositivos legais já referidos anteriormente

(artigo 21, §1º, §2º e 35, I, II do Decreto Federal 2.181/97) o agente fiscal não

pode retirar os produtos dos estabelecimentos, exceto a quantidade necessária

para a realização do exame pericial, quando obrigatório.

E, segundo entendimento deste CAOPCON, nas hipóteses do artigo

18, §6º, inciso I (os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos) e inciso II,

segunda parte (aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,

distribuição ou apresentação), o crime é de perigo abstrato, pois basta que haja o

desrespeito a determinada norma para que esteja configurado, sendo irrelevante

a constatação por perícia de que o produto não tinha condições de ser

consumido, pois é recorrente a impropriedade formal.

Por outro lado, nas hipóteses do inciso II, primeira parte (os produtos

deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados,

nocivos à vida ou à saúde e perigosos) e do inciso III (os produtos que, por qualquer

motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam) implicam em impropriedade

material, cuja comprovação exige prova técnica acerca da impropriedade ao uso e

consumo1.

Verifica-se pelos Autos de Infração emitidos pelo PROCON de

Arapongas que os estabelecimentos comerciais infringiram o artigo 18, §6º, I

(prazos de validade vencidos) e neste caso, basta à embalagem do produto 1 A jurisprudência atual do TJPR tende a exigir, para a configuração do crime contra as relações de consumo, que nos casos de prazo de validade vencido (com menos incidência) e nos casos dos produtos em desacordo com normas regulamentares de fabricação, etc (inciso II, segunda parte do art 18 do CDC), em especial nos produtos de origem animal, há necessidade de perícia para atestar a impropriedade do produto. Por entendermos que tal exigência não se sustenta, já que em ambas as situações trata-se de impropriedade formal, como vencedora maioria da jurisprudência anterior, este CAOPCON está desenvolvendo estudos para compor material de convencimento que se pretende entregar tanto aos Procuradores de Justiça (em segundo grau) quanto aos Desembargadores que compõem as câmaras do Tribunal de Justiça e que têm competência para conhecer do assunto.

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conter a informação obrigatória da data de validade para que se possa verificar o

que determina a lei e se for constatado que está fora do prazo de validade, o

produto torna-se impróprio para o consumo e 18, §6º, II, segunda parte (aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação), portanto, não há necessidade de realização de perícia nos

produtos apreendidos para comprovar a sua impropriedade ao consumo,

bastando à violação da norma consumerista.

Diante do exposto e tendo em vista que a informação referente ao

prazo de validade é obrigatória, quando forem expostos à venda produtos com

data de validade vencida, trata-se da incidência de crime formal, pois basta à

visualização consubstanciada em uma norma (Resolução nº 259/2002 – ANVISA),

bem como na lei 8.078/90, não havendo necessidade da realização de perícia,

para configurar o crime previsto no artigo 7º, IX da Lei 8.137/1990, bastando o

auto de infração realizado pelo órgão competente, no caso o PROCON de

Arapongas para comprovar o delito.

b) O agente fiscalizador juntamente com o Auto de Apreensão

deverá lavrar o Termo de Depósito e nomear o proprietário ou preposto responsável pelo estabelecimento fiscalizado como fiel depositário dos bens, os quais não poderão ser vendidos, utilizados, subtraídos ou removidos,

total ou parcialmente.

Observa-se ainda que o Ministério da Justiça, por intermédio da

Secretaria de Direito Econômico, editou a Portaria nº 06 de 14 de novembro de

2002, tendo como um dos objetivos a necessidade de uniformização dos

procedimentos administrativos adotados em todas as unidades da federação e

neste documento consta no Anexo II modelo de Auto de Apreensão/Termo de

Depósito e o item 8 trata especificamente do Termo de Depósito que está assim

redigido:

8. TERMO DE DEPÓSITO Fica (m) apreendidos(s) o(s) produto(s) acima, pelo que lavrei o presente auto, em 3 (três) vias, assinados por mim e o fornecedor, seu mandatário ou preposto, constituindo o Sr. _______ qualificado acima (item 02), seu fiel

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depositário, sujeitando-se às penas da lei em caso de infidelidade. Fica proibida a venda, utilização, substituição, subtração ou remoção total ou parcial do bem(ens) acima referido(s), de acordo com o §1º Fo artigo 21 do Decreto 2.181/97.

Portanto, quando houver a apreensão de produtos faz-se necessário

emitir o Termo de Depósito estabelecendo quem será o fiel depositário dos

produtos que este CAOPCON recomenda seja o responsável pelos

estabelecimentos comerciais.

4. Da Adequada Destinação dos Produtos Apreendidos.

A destinação dos produtos apreendidos, que recomenda este

CAOPCON estar sob a responsabilidade do fornecedor como fiel depositário

pode ser realizada da seguinte forma2:

♦ Produtos alimentícios apreendidos em pequena quantidade podem

ser inutilizados na hora, mantendo a embalagem ou ainda é possível tirar

fotografias do produto e o Auto de Infração e o Auto de Apreensão/Termo de

Depósito servem como prova.

♦ Produtos alimentícios apreendidos em grande quantidade, o

estabelecimento comercial deve possuir um aparelho para realizar a destruição na

hora e se não possuir tem que contratar uma empresa especializada em descarte

de produtos alimentícios e o PROCON de Arapongas ficaria responsável por

acompanhar a inutilização dos produtos.

♦ Para a destruição dos produtos alimentícios também é necessário

verificar se o município possui aterro sanitário.

♦ Produtos de Limpeza quando apreendidos a responsabilidade de

dar a destinação correta, contratando uma empresa especializada em realizar o

descarte é o fornecedor.

♦ Pode também, o Coordenador Executivo do PROCON Arapongas

entrar em contato com a Vigilância Sanitária Municipal com o intuito de verificar o 2 De acordo com informações da Vigilância Sanitária Municipal de Curitiba.

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procedimento correto a ser realizado para a destinação adequada dos produtos

que já foram apreendidos e encontram-se no PROCON.

É a fundamentação.

5. Considerando tudo o que foi exposto, extraem-se as seguintes conclusões:

5.1 Que o PROCON de Arapongas, integrante do Sistema Nacional

de Defesa do Consumidor, tem o poder de polícia para exercer a fiscalização no

que tange às relações de consumo no âmbito do Município;

5.2 Que conforme disciplina o Decreto Federal 2.181/97 nos artigos

21, §1º, §2º e 35, I, II os bens apreendidos poderão ficar sob responsabilidade do

proprietário do estabelecimento comercial, como fiel depositário, devendo a

autoridade administrativa lavrar o Termo de Depósito respectivo.

5.3 Que o agente fiscal somente pode retirar a quantidade de

produtos necessária para a realização de perícia, quando esta for imprescindível

de acordo com o §2º do artigo 21 do Decreto Federal 2.181/97.

5.4 Que em se tratando de produtos com prazo de validade vencido

(artigo 18, §6º, I) e produtos em desacordo com as normas regulamentares de

fabricação, distribuição ou apresentação (artigo 18, §6º, II, segunda parte) não há

necessidade da realização de perícia, bastando para a configuração da infração

administrativa o Auto de Infração emitido pela autoridade competente.

5.5 Que o PROCON de Arapongas pode, como tentativa, devolver

os produtos para os estabelecimentos comerciais que já foram autuados, lavrando

o respectivo Termo de Depósito ou ainda, pode o órgão entrar em contato com a

Vigilância Sanitária Municipal para orientação de como proceder.

5.6 Que o ente municipal de Defesa do Consumidor deve adotar os

modelos de Auto de Infração, Auto de Apreensão e Termo de Depósito elaborado

pela Secretaria de Direito Econômico através da Portaria nº 06, de 14 de

novembro de 2002 que segue em anexo, estabelecendo como fiel depositário o

responsável pelo estabelecimento.

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5.7 Que a destinação/destruição adequada dos produtos

apreendidos deve ser realizada pelo fornecedor, devendo o PROCON apenas

acompanhar a inutilização, ficando com o comprovante do termo de destruição.

Curitiba, 28 de julho de 2015.

Ciro Expedito Scheraiber Procurador de Justiça

Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor