parcelas integrantes e não integrantes do salário de contribuição

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Para a v2 de previdenciário: Identificar 10 parcelas integrantes do salário de contribuição E 10 não integrantes do salário de contribuição. Parcelas integrantes do salário-de-contribuição O § 1º do art. 457 da CLT estabelece que as percentagens, comissões também fazem parte do salário, devendo, portanto, incidir a contribuição previdenciária sobre tais pagamentos. Haverá a incidência da contribuição sobre o aviso prévio trabalhado, as etapas (dos marítimos), a remuneração relativa a repouso semanal e a feriados civis e religiosos, o pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado por motivo de doença, a remuneração paga pela empresa aos empregado licenciado para o exercício do mandato sindical, a remuneração paga pelo sindicato a dirigente sindical. Para o empregado doméstico o seu salário-de-contribuição será a remuneração registrada na sua CTPS (art.28, II da Lei nº 8.212/91). O salário-de-contribuição do empregado doméstico sujeita-se aos limites mínimo e máximo (8,9,11%).Anteriormente à edição da Lei nº 8.212 o custeio da contribuição dos empregados domésticos era de 8% do salário-de-contribuição entre 1 salário mínimo até 3 salários mínimos (§ 1º do art. 5º da Lei nº 5.859). O empregador doméstico contribuía com 10% sobre o salário-de-contribuição do empregado doméstico. Atualmente o empregador doméstico contribui com 12% do salário-de-contribuição do empregado, observado o limite máximo de contribuição. Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo. Exercendo o empregado mais de um emprego, está sujeito ao salário- de-contribuição em cada um deles, de maneira proporcional. O salário-maternidade fará parte do salário-de-contribuição da empregada que deu à luz, ou está prestes a ter a criança (§ 2º do art. 28 da Lei nº 8.212).A estabilidade da gestante (art.10,II,b, do ADCT) integra o salário-de-contribuição, salvo se for convertida a estabilidade em indenização, aplicando-se por analogia os arts. 496 e 497 da CLT.No entanto, ao contrário do que menciona o § 15 do

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Page 1: Parcelas integrantes  e não integrantes do salário de contribuição

Para a v2 de previdenciário:

Identificar 10 parcelas integrantes do salário de contribuição E 10 não integrantes do salário de contribuição.

Parcelas integrantes do salário-de-contribuição

O § 1º do art. 457 da CLT estabelece que as percentagens, comissões também fazem parte do salário, devendo, portanto, incidir a contribuição previdenciária sobre tais pagamentos.

Haverá a incidência da contribuição sobre o aviso prévio trabalhado, as etapas (dos marítimos), a remuneração relativa a repouso semanal e a feriados civis e religiosos, o pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado por motivo de doença, a remuneração paga pela empresa aos empregado licenciado para o exercício do mandato sindical, a remuneração paga pelo sindicato a dirigente sindical.

Para o empregado doméstico o seu salário-de-contribuição será a remuneração registrada na sua CTPS (art.28, II da Lei nº 8.212/91). O salário-de-contribuição do empregado doméstico sujeita-se aos limites mínimo e máximo (8,9,11%).Anteriormente à edição da Lei nº 8.212 o custeio da contribuição dos empregados domésticos era de 8% do salário-de-contribuição entre 1 salário mínimo até 3 salários mínimos (§ 1º do art. 5º da Lei nº 5.859). O empregador doméstico contribuía com 10% sobre o salário-de-contribuição do empregado doméstico. Atualmente o empregador doméstico contribui com 12% do salário-de-contribuição do empregado, observado o limite máximo de contribuição.

Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado, inclusive o doméstico, ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo.

Exercendo o empregado mais de um emprego, está sujeito ao salário-de-contribuição em cada um deles, de maneira proporcional.

O salário-maternidade fará parte do salário-de-contribuição da empregada que deu à luz, ou está prestes a ter a criança (§ 2º do art. 28 da Lei nº 8.212).A estabilidade da gestante (art.10,II,b, do ADCT) integra o salário-de-contribuição, salvo se for convertida a estabilidade em indenização, aplicando-se por analogia os arts. 496 e 497 da CLT.No entanto, ao contrário do que menciona o § 15 do art.37 do Decreto nº 612 a gestante doméstica não é beneficiada pela estabilidade prevista na alínea b, do inciso II do art. 10 do ADCT, ,pois o parágrafo único do art. 7º da Constituição não dá a gestante doméstica o direito ao disposto no inciso I do art. 7º da mesma norma. O art. 10 do ADCT é claro ao estabelecera estabilidade da gestante "até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I da Constituição", que não foi ofertado a doméstica. Logo, não tem direito esta à estabilidade disciplinada na alínea b, do inciso II, do art. 10 do ADCT.

O limite mínimo do salário-de-contribuição é de um salário mínimo, tomado o seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês (§ 3º do art. 28 da Lei nº 8.212).

O limite mínimo do salário-de-contribuição do menor aprendiz corresponde a sua remuneração mínima definida em lei(§ 4º do art. 28 da Lei nº 8.212). Segundo o art. 80 da CLT, o menor aprendiz terá como salário metade do salário mínimo regional, durante a primeira metade da duração prevista para o aprendizado e 2/3 na segunda metade . Tal artigo, porém, foi revogado pela Constituição, visto que o inciso XXX do art. 7º da Lei Maior dispõe que não haverá diferença de salários em razão de idade. Assim, o salário do aprendiz será de um salário mínimo, pelo menos, que será seu salário- de -contribuição.

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Conceito – De acordo com o artigo 28 da Lei 8212/91 (Lei de Custeio da Previdência Social), o salário-de-contribuição tem várias definições de acordo com o segurado: a) Para o empregado e o trabalhador avulso – é a remuneração auferida de uma ou mais fonte, devidos ou creditados a qualquer título durante o mês, para retribuir o trabalho prestado, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, outros ganhos habituais, adiantamento decorrente de reajuste salarial. b) Para o empregado doméstico – será a remuneração registrada em sua carteira de trabalho. c) Para o contribuinte individual – a remuneração recebida durante o mês, pelo exercício de atividade por conta própria, prestada a pessoa física ou a empresas. d) Para o segurado facultativo – o valor por ele declarado. Parcelas integrantes do salário-de-contribuição: a) Férias – integram o salário-de-contribuição as férias gozadas e o terço constitucional (adicional de 1/3 sobre as férias). A incidência da contribuição será no mês em que as férias se ferirem, não importando se foram antecipadas. Os abonos de férias e a conversão de 10 dias em pecúnia (venda de férias), por terem natureza indenizatória não integram o salário-de-contribuição. b) 13º salário – integra o salário de contribuição, exceto para cálculo do benefício. No entanto a incidência é em separado do salário-de-contribuição e seu recolhimento deverá ser feito até dia 20 do mês de dezembro. c) Abonos – são os adiantamentos, se a lei estabelecer que o abono tem natureza salarial fará parte do salário-de-contribuição. A súmula 241 do STF estabelece que “a contribuição previdenciária incide sobre o abono incorporado ao salário”. d) Gratificações – as gratificações ajustas fazem parte do salário-de-contribuição. As gratificações eventuais não terão incidência da contribuição previdência, pois, neste caso, não há habitualidade. e) Diárias – é o pagamento feito ao empregado para indenizar despesas com deslocamento, hospedagem ou pousada, alimentação e sua manutenção quando precisar viajar a serviço do empregador. Integram o salário-de-contribuição quando excederem a 50% da remuneração mensal. f) Ganhos habituais – são entendidos como prestações fornecidas, periodicamente, ao trabalhador. g) Comissões e porcentagens sobre vendas – por ter caráter de habitualidade, integram o salário-de-contribuição. Parcelas não integrantes do salário-de-contribuição a) Os benefícios da previdência social, nos termos legais, salvo o salário-maternidade. Lembre-se que a incidência sobre benefícios concedidos aos servidores públicos pelo Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). No Regime Geral de Previdência Social (RGPS), para os trabalhadores da iniciativa privada, não incide contribuição sobre benefícios. b) A ajuda de custo e o adicional mensal recebidos pelos aeronautas (Lei 5929/73); c) A alimentação gratuita fornecida pelo empregador de acordo com o PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). d) Transporte do trabalhador – vale transporte de acordo com a Lei 7418/85 (Lei do vale-transporte). Se substituído por dinheiro incide a contribuição previdenciária. e) A importância recebida a título de férias indenizadas e o respectivo terço constitucional. f) Ajuda de custo em parcela única. g) As diárias que não excedam a 50% da remuneração; h) A participação nos lucros ou resultados (PLR), quando pago ou creditado pela empresa de acordo com a Lei. i) Abono do PIS-Pasep. j) Importância paga pelo empregador como complemento do auxílio-doença. k) Plano de saúde médico-odontológico e reembolso de medicamentos. l) Contribuições para previdência complementar. m) Plano educacional para educação básica. n) Indenização de 40% do FGTS por ocasião da dispensa do trabalhador. o) Indenização pagas aos safristas. p) Ganhos eventuais e abonos desvinculados dos salários. q) Férias pagas em dobro(art. 137 da CLT). r) Auxílio-creche e auxílio-babá. s) Ajuda de custo paga mensalmente. Limite máximo e Limite mínimo Limite mínimo – corresponde ao piso salarial, caso não exista, o salário mínimo. Limite máximo – atualizado pelo Ministério da Previdência Social, por meio de portaria. É o máximo que o trabalhador poderá receber quando aposentar. Publicado em: junho 09, 2007   Updated: outubro 05, 2010

REVISTA ÂMBITO JURÍDICO ®Parcelas integrantes e n?integrantes do sal?o-de-contribui?1 - IntroduçãoUm dos principais pontos do estudo do Direito Previdenciário é a análise da base de incidência das contribuições previdenciárias. A legislação,muitas vezes, suscita dúvidas a respeito da inclusão de algumas rubricas na composição da base de tributação previdenciária.

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As empresas, por outro lado, costumam cometer equívocos, cada vez mais freqüentes, na definição de sua tabela de incidência, ou seja, dasparcelas que consideram integrantes do salário-de-contribuição. Quando estes erros são verificados pela Fiscalização Previdenciária, são gerados,de imediato, processo de débito, que comprometem o planejamento orçamentário das corporações, gerando gastos imprevistos.Em outras situações, mesmo a empresa estando ciente do posicionamento do Fisco, decide não oferecer à tributação algumas parcelas, por possuirum entendimento divergente à pregada pela Instituição Tributária Previdenciária.Neste artigo, traremos à discussão cinco pontos polêmicos sobre a base de cálculo previdenciária, enfocando o posicionamento fiscal, doutrinário ejurisprudencial, que foram também tratados no livro Salário-de-Contribuição – A Base de Cálculo Previdenciária das Empresas e dos Segurados,além de outros 48 tópicos[1]. São os temas escolhidos para este breve texto:a) Aviso Préviob) Benefícios da Previdência Socialc) Alimentação do Trabalhadord) Gueltae) Stock OptionsComo regra básica do estudo do salário-de-contribuição, poderíamos afirmar que toda fez que a parcela paga pela empresa ao trabalhador fordestinada a retribuir o seu trabalho, deve ser incluída no salário-de-contribuição, exceto as parcelas excluídas expressamente por força do art. 28,§9°, da Lei 8.212/91, que traz uma lista exaustiva de isenções.2 - Aviso PrévioA Carta Magna, no seu artigo 7°, inciso XXI, elencou como direito do trabalhador o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo este de, nomínimo, de trinta dias, nos termos da lei.De acordo com Alice Monteiro de Barros, “a finalidade do aviso prévio é impedir que as partes sejam pegas de surpresa com a ruptura brusca docontrato indeterminado. O período a ele alusivo propicia ao empregado pré-avisado a procura de um novo emprego e ao empregador pré-avisado asubstituição do empregado que pretende se desligar”. [2]A CLT dispõe que “a falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso,garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço” (art. 487, §1°). Foi assim criada a possibilidade de indenização monetáriapela falta de concessão de aviso prévio por parte do empregadorEsclarece ainda mais Godinho que “a CLT prevê dois tipos de pré-aviso, classificados segundo a modalidade de cumprimento de seu prazo:mediante labor ou não, caso em que o respectivo período se torna indenizado. Trata-se do aviso prévio trabalhado e do aviso prévio não trabalhado”.[3]Do ponto de vista da tributação previdenciária, não há qualquer divergência doutrinária, fiscal ou jurisprudencial quanto à incidência de contribuiçãosobre o aviso prévio trabalhado. A dúvida persiste em saber se deverá haver incidência sobre o aviso prévio indenizado, o que tentaremos explorarneste tópico.A Lei 8.212/91 não elenca, no seu §9°, artigo 28, expressamente, o aviso prévio indenizado como parcela não integrante do salário-de-contribuição.Já o Decreto 3.048/99, por sua vez, prevê tal exclusão, no art. 214, §9°, V, “f”. Teria o Decreto extrapolado a Lei, instituindo isenção por atoinfralegal?Independentemente da resposta, é preciso mencionar que a posição oficial da Secretaria da Receita Federal do Brasil é de que o aviso prévio

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indenizado não faz parte do salário-de-contribuição, o que equivale dizer que ela aplica a disposição do Regulamento da Previdência Social.Elucidando o questionamento é preciso demonstrar que a Lei 8.212/91 traz implícita a impossibilidade de o aviso prévio indenizado ser incluído nabase de cálculo da contribuição previdenciária, uma vez que o inciso I, do artigo 28 define o salário-de-contribuição para empregados como “aremuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título,durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma deutilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição doempregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentençanormativa”. Desta forma, para ser considerado salário-de-contribuição, é necessário que o valor recebido seja destinado a retribuir o trabalho, o que,de fato, não ocorre com a indenização do aviso prévio.Nesta mesma linha, leciona Wladimir Novaes Martinez, ao aludir que “o caput de um artigo – norma geral – pode ser quebrado pela norma especial,constante de inciso ou alínea abaixo dele postada e, então, não há dúvidas quanto a todas as letras do §9°. Trata-se de disposição comissiva.Entretanto, por omissão, ou por raciocínio contrário sensu, nem sempre a conclusão é possível. Ausente da enorme lista, comporta interpretação eserá possível recorrer ao caput, onde o aviso prévio indenizado não tem abrigo. Quer dizer, embora não faça parte do §9° (relação de valores nãointegrantes do salário-de-contribuição) necessariamente não está sujeito à exação securitária”.[4]Saliente-se, ainda, que a redação original da alínea “e”, do artigo 28, da Lei 8.212/91, previa, expressamente, a exclusão do aviso prévio indenizadoda base de cálculo da contribuição previdenciária, tendo tal disposição sido suprimida pela Lei 9.528, de 10/12/97, ficando esta previsão apenassitiada em norma infralegal (Decreto 2.173/97 e, posteriormente, Decreto 3.048/99).Este mesmo diploma, ao suprimir da Lei 8.212/91 a expressa previsão legal da não incidência de contribuição previdenciária sobre o aviso prévio,alterou a redação do inciso I, do artigo 28, da Lei 8.212/91. Vejamos:Art 28, I, da Lei 8.212/91Redação anterior:Art 28. Entende-se por salário-de-contribuição:I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração efetivamente recebida ou creditada a qualquer título, durante o mês em uma ou maisempresas, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades, ressalvado o disposto no § 8° e respeitados os limites dos §§ 3°, 4° e 5° desteartigo;Redação original, alterada pela Lei 9.528/97:Art 28. Entende-se por salário-de-contribuição:I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos,devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, osganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, querpelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo detrabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)Note-se que a mesma lei que suprimiu o aviso prévio indenizado do rol de não incidência do §9º, do art. 28, da Lei 8.212/91, alterou a redação do

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conceito deste instituto, incluindo a expressão “destinada a retribuir o trabalho”. Ora, se o aviso prévio indenizado não se destina a retribuição doesforço laboral, não há que se falar em incidência de contribuição previdenciária, independentemente de expressa previsão.A dúvida faz-se presente, também, devido ao fato de a CLT mencionar que o aviso prévio deverá ser considerado para fins de integração ao tempode serviço (art. 487, §1°). Desta forma, alguns Juizes do Trabalho têm entendido que, na execução das contribuições previdenciárias decorrentes desuas sentenças, deve-se considerar o período correspondente ao aviso prévio indenizado base de tributação, com o intuito de que seja contado comotempo de contribuição para a Previdência Social. Neste caso, consideram que o “aviso prévio não trabalhado” tem caráter salarial.Ora, é nítida a natureza indenizatória do “aviso prévio não trabalhado”, pois, sendo o instituto do aviso prévio uma obrigação de fazer (pré-avisar aotrabalhador sobre o seu desligamento com a antecedência mínima de 30 dias), uma vez descumprida, conforme dispõe o artigo 247, do Código Civilde 2002, “importa em obrigação de INDENIZAR em perdas e danos o devedor”.Ademais, o artigo 487, §1º, da CLT, quando impõe que a falta de aviso prévio garante a integração deste período no tempo de serviço do trabalhador,estabelece uma contagem de tempo de serviço fictícia o que é vedado constitucionalmente desde a EC 20/98 (art. 40, §10, CF c/c art. 4º, da EC20/98). Note-se que a nomenclatura “tempo de serviço” utilizada pela CLT refere-se ao extinto benefício da aposentadoria por tempo de serviço,substituída pela aposentadoria por tempo de contribuição. Desta forma, acreditamos que a EC 20/98 revogou este dispositivo da CLT.A doutrina moderna tem se mostrado omissa na discussão sobre a incidência de contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado. Ajurisprudência, contudo, tem entendido, de forma majoritária, pela impossibilidade desta, devido ao caráter eminentemente indenizatório do avisoprévio pago em dinheiro, não podendo este, de forma alguma, ser confundido com a noção de remuneração. Vejamos:“TST RECURSO ESPECIAL Nº 410.435 - RS (2002/0014338-7) RELATOR : MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS DJ 16.12.2002.Orecurso especial desafia acórdão que restou assim ementado: "TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. ABONOLEGAIS E VERBAS INDENIZATÓRIAS. (...)Tribunal a quo negou provimento à apelação do INSS, pois entendeu que: a cobrança da contribuiçãoprevidenciária sobre aviso prévio indenizado, indenização por tempo de serviço e indenização adicional exigida com base no artigo 22, § 2º da Lei8.212/91 é indevida, visto que tais parcelas tem nítido caráter indenizatório, sendo impossível incluí-las no conceito de salário; somente por meio delei complementar, é que se poderia criar outras fontes de custeio da seguridade social (195, § 4º, da CF); o STF, no julgamento da ADIn 1659/97,suspendeu a eficácia do artigo 22, § 2º da MP 1.523/96, por ofensa ao artigo 195, I da CF.”“TST: JUÍZA CONVOCADA WILMA NOGUEIRA DE A. VAZ DA SILVA EMENTA RECURSO DE REVISTA. NATUREZA JURÍDICA DO ADICIONALDE QUEBRA DE CAIXA. AUSÊNCIA DE OFENSA AO ART. 28, § 9º, DA LEI Nº 8.212/91. Fundamentada a decisão regional no pressuposto danatureza indenizatória da parcela quebra de caixa, não se verifica a indigitada ofensa ao art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91, cuja alínea "e"expressamente exclui verbas em razão da mencionada natureza indenizatória, como o aviso prévio indenizado, as férias indenizadas e a indenizaçãopor tempo de serviço. Não se pode pretender que seja taxativa essa enumeração excludente do conceito do salário-de-contribuição, porque não

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apenas a parcela quebra de caixa deixou de ser mencionada, mas também o transporte fornecido para o trabalho, o prêmio-assiduidade, o prêmio detempo de serviço concedido anualmente, o prêmio-aposentadoria etc. Recurso não conhecido.”Para reforçar ainda mais o entendimento da impossibilidade de cobrança de contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado, trazemos acolação a Medida Provisória 1523-7, de 30/04/97, que alterou o texto do §2°, do art. 22, da Lei 8.212/91 que assim passou a dispor: “Para os finsdesta Lei, integram a remuneração os abonos de qualquer espécie ou natureza, bem como as parcelas denominadas indenizatórias pagas oucreditadas a qualquer título, inclusive em razão da rescisão do contrato de trabalho”. Tentou-se, desta forma, tributar as parcelas indenizatórias, entreelas o aviso prévio indenizado, a partir de agosto de 1997, devido à anterioridade nonagesimal.A matéria foi objeto de análise pelo STF em 27/11/97, através da ADIn 1659/97, que suspendeu, liminarmente, a eficácia da alteração promovida pelaMedida Provisória 1.523/97, por ofensa ao artigo 195, I da CF, com efeitos “ex nunc”.Durante o período compreendido entre a data do início da vigência da MP 1523-7, de 01/08/97, e a sua suspensão, por decisão liminar, em 27/11/97,o Fisco Previdenciário exigiu contribuição previdenciária sobre o aviso prévio indenizado.Anote-se que tanto o texto constitucional (art. VII, XXI) quanto a CLT (art. 487) dispõem que o aviso prévio será de, no mínimo, 30 dias, não havendoqualquer obstáculo legal para que as partes acordem um tempo superior a este, sem que seja descaracterizada a natureza da parcela.É muito comum que as empresas convencionem com os sindicatos que o prazo do aviso prévio dos trabalhadores que têm idade avançada sejasuperior ao mínimo legal. Havendo pagamento deste sob a forma de indenização não há que se cogitar incidência de contribuição previdenciária.Por fim, trazemos a tona a discussão gerada recentemente pela Instrução Normativa 20/2007, da SRP, que revogou a alínea f, do inciso VI, do artigo72, da Instrução Normativa 03/2005, onde havia expressa previsão da não incidência de contribuição sobre o aviso prévio indenizado. Note-se,contudo, que mesmo com esta revogação nada mudou, pois a não incidência continua prevista no inciso I, do Caput, da Lei 8.212/91 e no §9º, doartigo 214, do Decreto 3.048/99.3 - Benefícios da Previdência SocialEm regra, os benefícios da Previdência Social não são considerados salário-de-contribuição, exceto o salário-maternidade, que é o único sobre oqual há incidência de contribuição previdenciária (art. 28, §9°, Lei 8.212/91).Recentemente, com a Reforma da Previdência operada pela aprovação da Emenda Constitucional 41/03, a incidência de contribuição previdenciáriasobre os proventos de aposentadoria e pensão ficou em evidência.O fato é que o art. 195, II, da Carta Magna dispõe sobre o pagamento de contribuição previdenciária pelo trabalhador e pelos demais segurados daPrevidência Social, asseverando não incidir contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social.Não havia, entretanto, qualquer vedação expressa na Constituição Federal de 1988 quanto à tributação dos proventos de aposentadoria e pensãodos servidores vinculados a regimes próprios de previdência social, ligados a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Por isso, alguns EstadosBrasileiros, antes mesmo da Reforma da Previdência, decidiram instituir contribuição previdenciária sobre a aposentadoria e pensão dos seusservidores.Observe-se, todavia, que o §12 do art. 40 da Constituição menciona que o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivoobservará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. Ou seja, na falta de dispositivo expresso na Lei

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Maior sobre os regimes próprios, aplica-se, subsidiariamente, as regras do RGPS. Com base neste parágrafo, o STF julgou inconstitucional atributação dos inativos efetuada anteriormente à publicação da EC 41/03.Com a Reforma da Previdência (EC 41/03), foi inserida explicitamente no texto constitucional a previsão da incidência de contribuição previdenciáriasobre o valor das aposentadorias e pensões dos servidores ligados a regimes próprios. Alegou-se, na época, que a EC 41/03 era portadora de víciode constitucionalidade por ferir direito adquirido. O STF, todavia, julgou a ADIN 3.105, rejeitando a ocorrência de inconstitucionalidade.Embora o tema seja bastante controvertido, filiamo-nos à tese da constitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária, pois não há direitoadquirido no que se refere à tributação. Se assim fosse, poderíamos considerar inconstitucional a criação ou majoração de tributos, já que atributação sempre representa decréscimo patrimonial ao cidadão. Desta forma, seria também inconstitucional o acréscimo de alíquota do imposto derenda de 25% para 27,5%, como ocorreu em um passado recente.Por outro lado, o regime previdenciário é contributivo, compulsório e solidário, estando equivocado o pensamente de que o segurado contribui a vidatoda para ter direito a sua aposentadoria. Em realidade, o segurado contribui, em primeiro lugar, porque é obrigado. A contribuição, por si só, nãogarante que ele irá, de fato, usufruir de qualquer benefício, pois o regime é solidário, e dele somente extrairá benefícios quem se enquadrar nassituações seletivas definidas pela lei. O fato de o segurado continuar contribuindo após a aposentadoria é justificado também pelo caráter solidário dosistema.Salientamos, no entanto, que quando o Governo Federal propôs a tributação dos inativos, materializada pela Emenda Constitucional 41/03, tevecomo principal objetivo o aumento da arrecadação em atendimento aos princípios neoliberais que têm norteado as decisões estratégicas na áreaprevidenciária, desde 1990.Frisamos, contudo, que esta polêmica não afeta o Regime Geral de Previdência Social e o salário-de-contribuição, pois para os inativos do RGPS avedação à tributação dos inativos encontra-se expressa na Carta Magna.Os demais benefícios do RGPS, com exceção do salário-maternidade, como já afirmado, não integram o salário-de-contribuição. Qual é, então, omotivo da incidência da tributação sobre o salário-maternidade?Inicialmente, é necessário analisar os aspectos históricos da criação do salário-maternidade. A CLT, em seu artigo 392, instituiu alicença-maternidade para a empregada gestante originariamente de 12 semanas. Neste período, o empregador estaria obrigado a manter o vínculoempregatício e arcar com os salários correspondentes.A Lei 6.136, de 07/11/74, com alterações posteriores, incluiu o salário-maternidade entre as prestações previdenciárias, permitindo o reembolso dopagamento deste benefício pela empresa nas guias da Previdência Social. Tal reembolso estaria condicionado à manutenção do emprego e dosalário, conforme dispõe o art. 392 da CLT. Esta Lei manteve, todavia, a tributação previdenciária sobre o referido benefício.A tributação é questionada do ponto de vista legal e doutrinário. Do ponto de vista legal questiona-se se a Lei, ao prevê a taxação de um benefícioprevidenciário incorre em vício de constitucionalidade, pois se considerarmos que este pagamento não está destinado a retribuir o trabalho, não hárazão para a sua tributação. Do ponto de vista doutrinário, questiona-se se é possível ser sujeito passivo da obrigação tributária previdenciária, semque se pratique o fato gerador, que, na hipótese, é a remuneração que se destina a retribuir o trabalho. Ora, se o benefício é previdenciário e quanto

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a isso não resta dúvida, quem absorve o custo é a Previdência Social e, portanto, não há que se falar legitimamente em tributação. Ocorre, nestecaso, verdadeira suspensão do contrato de trabalho.Há, no entanto, quem defenda que o salário-maternidade é causa de interrupção do contrato de trabalho, sob a argumentação de que existiriam duasrelações jurídicas distintas: uma trabalhista, que se dá entre o empregador e a empregada gestante e se aperfeiçoa com o pagamento daremuneração, devidamente consignada em folha e outra previdenciária, que se dá entre a empresa e a Instituição Previdenciária, desde que mantidaa relação de emprego. Nesta hipótese, a empresa praticaria o fato gerador, o que justificaria a tributação.Entendemos que o fato de a empresa pagar o salário-maternidade não transforma sua natureza previdenciária em remuneratória. O que ocorre, emverdade, é uma economia administrativa que busca desburocratizar a concessão deste benefício. A natureza previdenciária torna-se evidente seanalisarmos que o objetivo do salário-maternidade é o de se evitar a discriminação do trabalho da mulher pela simples possibilidade de engravidar,posto que sem este benefício, o custo da licença seria suportado pelo empregador. Por isso, o Estado passou a assumir o risco social damaternidade. Sob esta ótica, não poderia haver incidência de contribuição previdenciária.Outro ponto polêmico é que o Texto Constitucional, no seu art. 7°, enumera como direito dos trabalhadores a licença à gestante, sem prejuízo doemprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. Como o Legislador Constituinte utilizou o termo salário, reforça-se a idéia de que osalário-maternidade tem caráter remuneratório.Acreditamos que o que o legislador constituinte quis, na verdade, foi garantir um benefício integral à parturiente. Quando se referiu a “salário”, houve,em verdade, mais uma atecnia do legislador, como ocorre, com freqüência, nos textos trabalhistas.Por fidelidade ao leitor, no entanto, saliente-se que a jurisprudência dos tribunais tem firmado posicionamento no sentido da procedência dacontribuição previdenciária sobre o salário-maternidade.“TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA. SALÁRIO-MATERNIDADE. - Posição do TRF4, através tanto da 1ª e como da2ª Turmas, no sentido de que o salário-maternidade é computado na base de cálculo da contribuição da empresa sobre a remuneração paga aosempregados. Ressalva de ponto de vista em contrário do relator” (Rel. Leandro Paulsen, Dju Data:03/11/2005 Página: 543).Embora a ementa transcrita tenha se posicionado pela procedência da incidência de contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade, vale apena transcrever o inteiro teor do voto do Desembargador Federal Leandro Paulsen do TRF 4ª Região, que ilustra magnificamente a polêmica.“O pleito de não computar o salário_maternidade na base de cálculo da contribuição previdenciária da pessoa jurídica tem forte fundamento. Issoporque o art. 195, I, a, da CF, com redação da EC nº 20/98, autoriza a instituição de contribuição ordinária para o custeio da seguridade social doempregador, da empresa e da entidade a ela equiparada sobre "a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, aqualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício".“Ocorre que o "salário_maternidade" constitui benefício previdenciário, sendo pago pela própria Previdência Social ou, relativamente à seguradaempregada, pela empresa em nome do INSS, tanto que a lei autoriza, nesse caso, a compensação quando do recolhimento das contribuiçõesprevidenciárias devidas pela empresa nos termos dos arts. 71, 71_A, 72 e 73 da Lei 8.213/91.”“Constitui, pois, o salário_maternidade renda mensal a cargo do INSS, não configurando nenhuma das verbas inseridas na base econômica que

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delimita a competência tributária, estabelecida pelo art. 195, I, a, com a redação da EC nº 20/98. Contudo, não se pode olvidar que ambas as Turmasdeste Tribunal Regional Federal desta 4ª Região entendem no sentido de que incide a contribuição sobre o salário_maternidade pago às empregadas,assim como o STJ:”"TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PREVISTA NO ART. 22, II, DA LEI 8.212/91. SALÁRIO_MATERNIDADE. INCIDÊNCIA. 1. AContribuição previdenciária a cargo da empresa prevista no art. 22, I, da Lei 8.212/91, incide sobre a remuneração paga aos segurados empregados.2. Do artigo 7° da CF/88, infere_se que salário e salário_maternidade são a mesma coisa, diferindo o nomen juris apenas por este ser percebidodurante o afastamento motivado pela gravidez da segurada. Ademais, o art. 20, § 2º do art. 22 da Lei 8.212/91 considera tal benefício previdenciáriocomo remuneração paga à segurada. 3. Configurada a natureza salarial das referidas verbas, forçoso concluir que sobre elas incide a exação emcomento." (TRF4, 2ª T., unânime, AMS 200372050068760, rel. Des. Fed. Dirceu de Almeida Soares, nov/2004)..............“Assim, com a ressalva de ponto de vista pessoal em contrário, dou provimento à apelação do INSS e à remessa oficial para denegar a segurança,considerando prejudicado, por conseqüência, o recurso da Impetrante.”É como voto.”Outro tema bastante discutido nos tribunais é a incidência de contribuição previdenciária sobre os primeiros 15 dias de afastamento do empregadopor motivo de doença, que são pagos pela empresa. O Fisco Previdenciário tem posição definida pela incidência de tributação sobre estes valores,com base no §3°, do artigo 60, da Lei 8.213/91, que dispõe que “durante os primeiros 15 dias consecutivos ao afastamento da atividade por motivode doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado seu salário integral”. Como o texto se referiu a “salário”, o Fisco entende ser talparcela tributável.Parte da Doutrina alega ser ilógico que haja incidência de contribuição previdenciária sobre o pagamento referente aos primeiros 15 dias deafastamento, pois tal rubrica não é acompanhada de uma contraprestação de serviços por parte do empregado e o afastamento por motivo dedoença é risco social coberto pela Previdência. Este é também o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:“REsp 786250 / RS ; RECURSO ESPECIAL 2005/0165089-4. MIN. TEORI ALBINO ZAVASCKI. DJ 06.03.2006 p. 234 TRIBUTÁRIO.CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REMUNERAÇÃO PAGA PELO EMPREGADOR NOS PRIMEIROS QUINZE DIAS DO AUXÍLIO-DOENÇA.NÃO-INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. TRIBUTOS DE MESMA ESPÉCIES. COMPENSAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. 1. É dominante noSTJ o entendimento segundo o qual não é devida a contribuição previdenciária sobre a remuneração paga pelo empregador ao empregado, duranteos primeiros dias do auxílio-doença, à consideração de que tal verba, por não consubstanciar contraprestação a trabalho, não tem natureza salarial.Precedentes RESP 720.817/SC, 2ª T., Min. Franciulli Netto, DJ de 05.09.2005, RESP 550.473/RS, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de26.09.2005. (...)”Ousamos discordar do Colendo Tribunal, pois embora os primeiros 15 dias de afastamento configurem, inegavelmente, risco social, pode ele, semdesconfigurar a sua natureza jurídica, nem ferir o ordenamento pátrio, ser suportado pelas empresas. Ora, se a empresa assume os riscos da

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atividade econômica, deve ela suportar também uma parcela do risco social. A assunção do risco social não deve ser vista como atribuição exclusivado Estado, mas também da sociedade, aí incluída, naturalmente, a empresa. Então, acreditamos que, além de ser legal, é legítima a incidência decontribuição previdenciária sobre os primeiros 15 dias de afastamento.4- Alimentação do TrabalhadorO art. 28, §9°, da Lei 8.212/91, exclui da incidência previdenciária “a parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentaçãoaprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976”. A referida Lei delegou aoMinistério do Trabalho e Emprego a elaboração de Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT.A princípio, se a empresa seguir as regras do PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador (Lei 6.321/76, regulada pelo Decreto 05/91 e pelaportaria interministerial n° 03 de 01/03/02 do MTE), a alimentação fornecida não integra o salário-de-contribuição.As principais regras do PAT que devem ser atendidas pela empresa estão descritas a seguir:Modalidades - A empresa pode fornecer alimentação aos seus empregados por meio de refeitórios próprios ou administrados por empresasprestadoras de serviço de alimentação coletiva. Pode, ainda, distribuir cestas-básicas, vales-alimentação ou vales-refeição. Os vales-refeição sãoaceitos, principalmente, em restaurantes e lanchonetes. Os vales-alimentação são aceitos em supermercados (art. 8° e 10°, da Portaria 03, do MTE).Inscrição no programa - As empresas, as prestadoras de serviço de alimentação coletiva e as fornecedoras de alimentos (quentinha) e similares(cestas-básicas, vales-alimentação e vales-refeição) devem estar inscritas no PAT para que os valores gastos não sejam considerados remuneração.A inscrição pode ser efetuada e conferida no site do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego (www.mte.gov.br) (art. 2°, da Portaria 03, do MTE).Participação dos trabalhadores no custeio - A participação máxima dos trabalhadores no custo direto da alimentação fornecida não pode sersuperior a 20% do valor total despendido. Adicionalmente, a parcela desembolsada por empregado não pode ser superior a 20% do valor da refeiçãorecebida. Custo direto da alimentação é o gasto com a compra dos alimentos e preparo das refeições. Não são permitidos rateios de custos indiretos;ou seja, a parcela referente ao consumo de luz e a água do refeitório, por exemplo, não podem ser incluídos para cálculo dos 20% da participaçãodos trabalhadores (art. 4°, da Portaria 03, do MTE).Suponhamos, a título de exemplo deste requisito, que uma fábrica de material de construção gaste com os custos diretos do refeitório dosempregados o total de R$ 100.000,00. A participação máxima dos empregados no custo da alimentação seria de R$ 20.000,00. Da mesma forma, seela concedesse R$ 200,00 de vales-alimentação para cada um de seus empregados, deveria descontar, no máximo, R$ 40,00. Observe-se que nãohá dispositivo que obrigue à empresa efetuar um desconto mínimo da remuneração dos seus empregados para o custeio da alimentação, comoadiante comentaremos.Vedação à utilização do programa como forma de premiação – A alimentação do trabalhador não pode estar sujeita a qualquer condição.Algumas empresas costumam condicionar a entrega de cestas-básicas mensais à freqüência regular dos empregados, limitando o número de faltasmensais para obtenção deste benefício. Neste caso, o Fisco Previdenciário considera esta parcela incidente (art. 6°,II, da Portaria 03, do MTE).Obrigatoriedade para empregados que percebam até 5 salários mínimos - As pessoas jurídicas beneficiárias poderão incluir no Programa

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trabalhadores de renda mais elevada, desde que esteja garantido o atendimento da totalidade dos trabalhadores que percebam até cincosalários-mínimos, independentemente da duração da jornada de trabalho. O benefício concedido aos trabalhadores que percebam até cinco saláriosmínimos não poderá, sob qualquer pretexto, ter valor inferior àquele concedido aos de rendimento mais elevado (art. 3°, da Portaria 03, do MTE).Percebe-se que o regulamento do Programa de Alimentação do Trabalhador não traz qualquer vedação para que a empresa possua mais de umrestaurante, mesmo que de qualidade diferente. O próprio princípio constitucional da isonomia exige o tratamento igual entre iguais. Não seriacoerente defender que os hábitos alimentares de um diretor de uma construtora transnacional são os mesmos das de um operário da construção civil,podendo, nesta situação, a empresa possuir dois ou mais refeitórios de forma que atenda a necessidade de todos.No caso de não inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador, os Auditores-Fiscais do Trabalho (IN 30/02, MTE) e da Receita Federal doBrasil (art. 758, IN 3, SRP) devem lançar, respectivamente, os débitos referentes ao FGTS e à contribuição previdenciária sobre o valor daalimentação fornecida, pois esta passará a integrar o salário-de-contribuição.Caso o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil constate que a empresa beneficiária inscrita no PAT não esteja cumprindo os outros requisitos dalegislação, deverá elaborar Representação Administrativa para o Ministério do Trabalho, para que este promova, se julgar necessário, a exclusão daempresa do PAT, somente sendo possível a constituição do crédito previdenciário após a exclusão (art. 753, §3°, IN 3, SRP).A jurisprudência trabalhista consolidou também o entendimento de que é obrigatório o cumprimento das regras do PAT para que a parcela nãointegre a remuneração do trabalhador, conforme Orientação Jurisprudencial 133, da Seção de Dissídios Individuais I, do TST:“A ajuda alimentação. PAT. Lei 6.321/76. Não integração ao salário. A ajuda alimentação fornecida por empresa participante do Programa deAlimentação ao Trabalhador, instituído pela Lei n° 6.321/76, não tem caráter salarial. Portanto, não integra o salário, para nenhum efeito legal”.Entendemos, todavia, ser desproporcional a integração da alimentação ao salário-de-contribuição, pelo simples descumprimento formal de inscriçãono PAT, sem que seja comprovado o descumprimento dos aspectos materiais da norma. O que interessa, em verdade, é verificar se a empresaatende ou não as exigências materiais da regulamentação do PAT. Acreditamos ser frágil o lançamento do crédito previdenciário, com base apenasem aspectos formais.Apesar da controvérsia a respeito da simples falta da inscrição no PAT ser suficiente para considerar os gastos com alimentação dos trabalhadoresparcela remuneratória, a jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais tem admitido a tese de que a alimentação fornecida “in natura”, no âmbitoda própria empresa, independentemente de inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador, não integra o salário-de-contribuição.TVejamosementa da decisão do TRF 1ª Região:“TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. CONTRIBUIÇÃO. FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO. EMPRESA NÃO INSCRITA NOPROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR - PAT. SALÁRIO IN NATURA. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES DO TRF E STJ. 1. Se aalimentação fornecida aos empregados se dá no âmbito da própria empresa, é inadmissível a cobrança de contribuição previdenciária,independentemente de inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador 2. Apelação e remessa oficial desprovidas. 29/07/2004 DJ p.105”

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Por sua fez, o Superior Tribunal de Justiça, em recente decisão firmou posicionamento que a concessão do vale-alimentação “in natura” não ésalário-de-contribuição, independentemente de inscrição no PAT. Se, contudo, os valores forem pagos em pecúnia, passam a integrar osalário-de-contribuição. Vejamos:“REsp 662241 / CE ; RECURSO ESPECIAL 2004/0069584-6. Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO (1117). DJ 20.03.2006 p. 237 RECURSOESPECIAL. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. DEPÓSITO NA CONTA-CORRENTE DOS EMPREGADOS. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. MATÉRIA PACIFICADA NA PRIMEIRA SEÇÃO DESTA CORTE. Prevalece nesta Corte Superior de Justiça o modo de julgarsegundo o qual "o pagamento in natura do auxílio-alimentação não possui natureza salarial, de modo que não sofre incidência da contribuiçãoprevidenciária, sendo o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT)" (AGA 388.617/RS, da relatoria desteMagistrado, DJ 2.2.2004). Por outro lado, a egrégia Primeira Seção desta colenda Corte pacificou o entendimento de que, "quando o auxílioalimentação é pago em dinheiro ou seu valor creditado em conta-corrente, (...), em caráter habitual e remuneratório, integra a base de cálculo dacontribuição previdenciária" (EREsp 603.509/CE, Rel. Min. Castro Meira, DJ 8.11.2004). Na espécie, o pagamento da ajuda alimentação deu-se soba forma de depósito em conta-corrente bancária, razão pela qual, na linha de raciocínio da jurisprudência deste Tribunal, deve incidir a contribuiçãoprevidenciária. Recurso especial improvido.”“Como demonstrado, diferente é a análise para o pagamento de alimentação em pecúnia, pois, neste caso, haveria flagrante violação ao disposto noregulamento do PAT, e, ainda, a parcela seria facilmente confundida com a própria remuneração do trabalhador.”Há o mito difundido nos setores de pessoal das empresas de que, para não ser considerado salário-de-contribuição, deve ser descontado daremuneração um valor, mesmo que simbólico, a título de alimentação. É como se o desconto de uma parcela muitas vezes insignificante tivesse opoder de transformar a natureza jurídica da concessão de uma verba bastante custosa. Obviamente esta interpretação não passa de um mitoirracional, já que, mesmo sem qualquer valor descontado, não há incidência de contribuição previdenciária sobre a alimentação fornecida de acordocom as regras do PAT.Existe, porém, uma modalidade de fornecimento de alimentação permitido pela Legislação Previdenciária, independentemente das regras do PAT,sem que haja incidência de contribuição previdenciária. O art. 28, §9°, “m”, da Lei 8.212/91 menciona que não integrará o salário-de-contribuição “osvalores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidadedistante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas deproteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho”.Dentro da Previdência Social não há consenso a respeito da interpretação deste diploma legal. Uma das controvérsias repousa no fato de aexpressão “em localidade distante de sua residência” é, sem dúvida, uma imprecisão do legislador ordinário, que dificulta a aplicação da norma pelooperador do Direito. Entendemos que a intenção do legislador foi desburocratizar a concessão da alimentação, nas situações em que o local detrabalho fique isolado do setor urbanizado do município, pois, neste caso, sem a alimentação fornecida pelo empregador, não haveria qualquer

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possibilidade de seu empregado continuar a jornada de trabalho. Nesta hipótese, as parcelas in natura são concedidas “para” e não “pela” execuçãodo trabalho.Saliente-se que, mesmo neste caso, acreditamos ser necessário à concessão de alimentação in natura, pois somente ela, nesta situação, pode suprira necessidade fisiológica do obreiro. Destarte, o fornecimento em qualquer outra modalidade (vales-alimentação, vales-refeição ou pecúnia), faz comque o benefício passe a integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária, pois, se a localidade é mesmo distante da vila urbana, não haveriacondições de o empregado converter os vales ou mesmo o dinheiro em alimentos.5 - GueltaUma prática que vem se tornando comum no mercado, especialmente no segmento do comércio, é o oferecimento de uma espécie de prêmio poruma empresa aos empregados de uma outra (cliente), para que estes estimulem as vendas do seu produto. Esta premiação tem sido comumentedenominada de guelta e objetiva alavancar as vendas dos produtos das empresas fabricantes, através de incentivo aos empregados dos pontoscomerciais.Do ponto de vista previdenciário, a grande preocupação é relativa à incidência ou não de contribuição previdenciária sobre esta parcela, e, sendoesta considerada salário-de-contribuição, discuti-se em qual das empresas deve ser tributada: na que paga a guelta (indústria) ou na própriaempregadora (ponto comercial). Caso consideremos que as gueltas sejam base de cálculo da contribuição da empresa industrial, configurariamestas, remuneração a trabalhadores sem vínculo empregatício (contribuintes individuais). Se concluirmos, todavia, que as gueltas, tais como asgorjetas, integram o salário-de-contribuição do trabalhador empregado, a tributação deve ser efetuada na empresa comercial, considerando-se estaparcela parte do salário.De acordo com Juliana Bracks Duarte, a palavra guelta deriva da palavra “Geld”, que, em alemão, precedida do prenome “Wechsel”, significa troco(“Wechselgeld”). A prática da “guelta” teria nascido no mercado farmacêutico na década de 60, quando os balconistas recebiam uma comissão dolaboratório farmacêutico por quantidade do remédio vendido, e, para provar o volume alcançado, retiravam uma lingüeta que vinha afixada naembalagem e a entregavam ao representante do laboratório. Quando o balconista sugeria um medicamento em substituição a outro, cujo nomefantasia constasse da receita, normalmente estava recebendo comissão pela venda.[5]Atualmente, a prática da guelta está alastrada por diversos segmentos comerciais ou de serviços, como, por exemplo, o setor de eletrodomésticos,hotelaria e turismo. Uma bonificação que uma guia recebe para conduzir os turistas à determinada loja ou restaurante pode ser considerado um típicoexemplo de guelta.Note-se que é pacífico o entendimento de que as gorjetas integram o salário de contribuição, sendo ela parcela paga por terceiros, por intermédio doempregador ou diretamente ao empregado. Este posicionamento está expresso no artigo 28, I, da Lei 8.212/91, conforme já demonstrado nesta obra.O Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula 354, que reconhece as gorjetas como parcelas integrantes do salário: “as gorjetas cobradas peloempregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes integram a remuneração do empregado, não servindo de base decálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado”.A doutrina pouco tem se pronunciado acerca da integração ou não da guelta à remuneração. Em raro texto que trata da matéria, o eminente

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professor Luciano Martinez observa “que o tratamento dado às gorjetas é estendido, por analogia, às gueltas”.[6]Tentaremos agora responder o questionamento inicial. Podem as gueltas ser equiparadas às gorjetas para fins de tributação previdenciária, sendo,neste caso, consideradas remuneração dos empregados, ou devem elas ser reputadas remuneração de contribuintes individuais paga pelo próprioprodutor?Depende da situação do caso concreto. Entendemos que, se a atividade do empregado, ao estimular a venda de determinado produto, coincidir comos objetivos do empregador, de modo que este a incentive por obter uma maior rentabilidade, ou, até mesmo, para possibilitar o pagamento desalário mais reduzido, deve-se, sim, associar a guelta à gorjeta. Se, contudo, o empregador não possuir qualquer interesse na venda específica dedeterminada marca, sendo, muitas vezes, até mesmo contrário a esta prática, não vemos razão para a extensão da natureza salarial da guelta, nestecaso. Observe-se que, na primeira hipótese, o valor extra é percebido exatamente para que o trabalhador desempenhe suas funções habituais, aopasso que, na segunda, há um “plus” na atividade do obreiro, o qual desenvolve serviço complementar a terceiro.Ressalte-se que, de qualquer forma, em ambas as situações, os valores pagos deverão integrar o salário-de-contribuição, quer como salário doempregado, quer como remuneração do contribuinte individual.Os Tribunais Regionais do Trabalho já se posicionaram, em diversas ocasiões, sobre a integração das gueltas ao salário e, recentemente, o TST sepronunciou no mesmo sentido. Vejamos trecho das decisões:“EMENTA: GUELTAS. REFLEXOS. O fato de ser realizado pagamento habitual das gueltas e provir de terceiro e não do empregador não desnaturaa feição salarial-contraprestativa da verba. Guardando a mesma feição de prêmios por metas alcançadas, remunera o empregado que atingiu a metacomum das três partes, que é vender. Devido à sua natureza nitidamente salarial reflete no repouso semanal remunerado, aviso prévio, fériasacrescidas de 1/3, 13o. salário, FGTS e indenização de 40% do FGTS. (TRT 3a R – 3T – RO 13317/2001 – Rel. Juiz Milton Vasques Thibau deAlmeida – DJMG 18-12-2001 PG: 10, Arapua Comercial S/A e Guilherme Rocha de Souza).”“EMENTA: GUELTAS - NATUREZA SALARIAL. Não se concebe falar em negociação de metas com vendedor de loja, sabidamente popular, sem acorrespondente comissão, fruto de seu maior ou menor desempenho. A circunstância de parte das gueltas ser paga por terceiros - mas porintermédio da ré, não constitui óbice à sua integração, pois a hipótese assemelha-se à gorjeta, cujo conteúdo oneroso está no fato de ter sido dadaoportunidade ao autor para a ela fazer jus.”“(v) “GUELTAS”. INTEGRAÇÕES. A reclamada postula a reforma do julgado no que respeita ao deferimento de integrações da parcela denominada“guelta”, vez que, no seu entendimento, revestida de natureza indenizatória e não, como propugnado na sentença, salarial. Sem razão. A primeiratestemunha da reclamada esclarece que “as gueltas constituíam em incentivo às vendas” (fl. 224, carmim), o que restou corroborado pelosesclarecimentos contábeis da fl. 207, carmim (quesito 2), dos quais depreende-se que a vantagem era “prêmio de venda”. No mesmo sentido odepoimento da segunda testemunha da reclamada, ao afirmar que “gueltas são incentivos de vendas que são pagos pela loja e pelo fornecedor”(também na fl. 224, carmim). Patente, assim, a natureza salarial da vantagem, vez que decorrente diretamente do exercício da atividade contratada(vendedor), em razão do que faz jus o reclamante à integração dos valores respectivos em repousos semanais remunerados, férias, 13º salários e

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FGTS, bem deferidas na origem. (TRIBUNAL: 4ª Região, Tipo: RO Número: 00816.903/98-6 ANO: 1998)”“PROC. Nº TST-AIRR-1511/2004-010-18-40.4: DJ 10/08/2006. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. GUELTAS. COMISSÕES.INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. (...) 2.1 - GUELTAS. COMISSÕES. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO v. acórdão recorrido assim proclamou:(...)Ascomissões pagas ao Reclamante, consoante se infere dos documentos de fls. 70/92, eram calculadas sobre o total das vendas, não havendo provaconvincente de que eram prêmios oferecidos pelos laboratórios fornecedores a título de incentivo de vendas, e, ademais, eram pagas pela própriareclamada, com habitualidade.(...)As parcelas pagas pela Reclamada a título de repasse de valores de terceiros, ao que se vê do contexto probatóriotrazidos aos autos, na verdade, constituem comissões, uma vez que eram pagas com habitualidade,em percentual fixo e em decorrência das vendasrealizadas.(...)Por outro lado, colhe-se da prova testemunhal que havia pagamento de comissões que não constavam da folha, ...(...)Desta forma, nostermos do disposto no artigo 457, § 1º, têm as comissões natureza salarial, pelo que nego provimento ao recurso, ...(...) (fls. 66/69)”Coadunando com o nosso entendimento de que para a guelta ser considerada parcela salarial faz-se mister que ela seja do conhecimento doempregador, temos uma recente decisão do TST:“PROC. Nº TST-RR-901/2003-001-19-40.0: DJ 19/05/2006. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. GUELTAS. NATUREZASALARIAL. Atendido o pressuposto estabelecido no art. 896, a, da CLT, colhe provimento o agravo para processamento da revista. Agravoconhecido e provido. RECURSO DE REVISTA. GUELTAS. NATUREZA SALARIAL. As gueltas pagas por terceiro ao empregado, com a anuênciado empregador e com o objetivo de estimular as vendas de determinado produto, assemelham-se às gorjetas, tendo naturezaremuneratória, não podendo ser excluídas da integração pertinente por aplicação analógica da Súmula nº 354 desta Corte. Recurso de revistaconhecido e desprovido (grifos nossos).”6 - Stock OptionsAs “stock options” consistem em operações financeiras, nas quais são comercializadas opções de compra de ações de determinada empresa por umpreço pré-estabelecido, que devem ser exercidas em um prazo definido. Uma empresa que tenha o valor presente de suas ações fixado em R$1.000,00 pode comercializar “stock options” por R$ 70,00 no mercado de capitais, fixando o preço futuro das suas ações em R$ 1.100,00, para serexercida a opção de compra das ações em, por exemplo, um ano. O comprador das “stock options” deve pagar os R$ 70,00 para ter o direito decomprar as ações da empresa dentro de um ano por R$ 1.100,00. Passado este prazo, verifica-se qual o preço das ações no mercado. Se elasvalerem mais que o preço pré-fixado, por exemplo, R$ 1.300,00 o detentor das “stock options” pode exercer o seu direito de compra por R$ 1.100,00,auferindo resultado positivo no investimento. Caso as ações apresentem valor inferior ao estabelecido, a opção de compra não é exercida, ficando ocomprador com o prejuízo do investimento inicial de R$ 70,00.Algumas empresas de capital aberto têm disponibilizado aos seus empregados comprarem suas “stock options” com a facilidade de transacionardiretamente, sem passar pelo mercado de capitais. Entendemos que as “stock opitions” não têm feição salarial, desde que seja onerosa para osempregados, ou seja, eles devem efetivamente comprar as opções, não podendo recebê-las a título de doação.

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Obviamente, se este procedimento é adotado, seguindo as regras de mercado, não há que se falar em incorporação à remuneração ou em tributaçãoprevidenciária. É esta prática salutar para estreitar o vínculo entre a empresa e seus empregados e estimular a produtividade, já que estes setornarão acionistas se o valor patrimonial da empresa for aumentado até a data fixada para o exercício da opção.Vejamos trecho de recente decisão do TST, que julgou a natureza não salarial das “stock options”:“PROC. Nº TST-RR-3273/1998-064-02-00.7CJ AIRR-3273/1998-064-02-40.1STOCKOPTION PLANS. NATUREZA SALARIAL. Não se configura a natureza salarial da parcela quando a vantagem percebida está desvinculada da forçade trabalho disponibilizada e se insere no poder deliberativo do empregado, não se visualizando as ofensas aos arts. 457 e 458 da CLT. Os arestoscolacionados revelam-se inservíveis, nos termos da Súmula nº 296 do TST e do art. 896 da CLT. Recurso não conhecidoVoto(...)1.4 - STOCK OPTION PLANS. NATUREZA SALARIALSustenta o reclamante a natureza salarial do benefício, alegando que a opção de compra de ações é um benefício que faz parte da estratégia deremuneração da empresa. Aponta violação aos arts. 457 e 458 da CLT e indica arestos para confronto. O Regional consignou às fls. 891:A opção pela compra de ações é um benefício, o qual faz parte da estratégia de remuneração da empresa, a qual, porém, não tem o escopo deremunerar os serviços prestados, já que eventual benefício efetivo a empregado está na razão direta do aumento do valor das ações da empresa. Emoutras palavras, esse título não é salário, pois, não está vinculado a efetiva prestação dos serviços. O fato de o autor ter tido sucesso com tais ações(fls. 791) não implica em dizer que essa parcela seja de cunho salarial. Esse lucro é derivado dos valores de mercado das ações da reclamada e nãose vinculam diretamente ou indiretamente a força de trabalho disponibilizada pelo reclamante à reclamada.Não se configura a natureza salarial da parcela quando a vantagem percebida está desvinculada da força de trabalho disponibilizada e se insere nopoder deliberativo do empregado, não se visualizando as ofensas aos arts. 457 e 458 da CLT.Nesse sentido escreve Sérgio Pinto Martins, em artigo sobre a natureza do stock options no direito do trabalho, publicado no repertório IOB dejurisprudência nº 16/01, página 304:“Natureza jurídica da opção de compra de ações é mercantil, embora feita durante contrato de trabalho, pois representa mera compra e venda deações. Envolve a opção um ganho financeiro, sendo até um investimento feito pelo empregado nas ações da empresa. Por se tratar de risco donegócio, em que as ações ora estão valorizadas, ora perdem seu valor, o empregado pode ter prejuízo com a operação. É uma situação aleatória,que nada tem a ver com o empregador em si, mas com o mercado de ações”.Igualmente Luciana Aboim Machado Gonçalves da Silva, em artigo publicado na Revista IOB, nº 199-janeiro/2006, filia-se à corrente que destaca anatureza mercantil da opção de compra de ações.Com efeito, segundo escreve:“A Lei de Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/1976, artigo 168, § 3º) prevê a possibilidade de os empregados participarem das ações da empresa pormeio de plano de opção de compra de ações, negociados no mercado de capitais, por um dado preço e em certo período. O contrato de opção decompra de ações negociados no mercado de capitais tem natureza jurídica mercantil e, por conseguinte, não integra o contrato de trabalho. Atribui ao

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empregado a opção de aquisição de lotes de ação, dentro de um prazo predeterminado, por meio de pagamento de um preço pré-fixado. O proveitoobtido pelo empregado com a venda de ações não se confunde com o salário. Nesse caso o empregado adquire uma personalidade mista deassalariado e capitalista.Já os arestos colacionados às fls. 993/994 revelam-se inespecíficos, nos termos da Súmula nº 296 do TST, pois o primeiro refere-se aoprêmio-produtividade e o segundo trata dos bichos pagos em função do desempenho da equipe de futebol, hipóteses distintas da discutida nos autos.O aresto de fls. 995 é originário de Turma do TST, sendo inservível, na esteira do art. 896 da CLT.Não conheço. Brasília, 15 de março de 2006.MINISTRO BARROS LEVENHAGEN – Relator”7 – ConclusãoComo visto, o estudo da natureza jurídica das parcelas é fundamental para definição da matriz de incidência da contribuição previdenciária. Além dasaqui tratadas, existe polêmica doutrinária e jurisprudencial acerca de diversas outras rubricas.A dinâmica da legislação previdenciário impõe uma necessidade de constante atualização dos profissionais que militam neste importante área doDireito. Neste contexto, o salário-de-contribuição, como espinha dorsal do custeio previdenciário, merece especial atenção dos estudiosos.Notas: [1] Para maiores informações ver Kertzman, Ivan e Cyrino, Sinésio. Salário-de-Contribuição – A Base de Cálculo Previdenciária dasEmpresas e dos Segurados, Edições JusPodivm, 2007. [2] Barros, Alice Monteiro. “Curso de Direito do Trabalho”. São Paulo. LTR, 2005, Pg. 899.[3] Delgado, Maurício Godinho. “Curso de Direito do Trabalho”. 3ª ed., São Paulo. LTR, 2004, Pg. 1174. [4] Martinez, Wladimir Novaes.“Comentários a Lei Básica da Previdência Social”. 4ª ed., São Paulo. LTR, 2003, Pg. 380. [5] Duarte, Juliana Bracks, Advogada do EscritórioPinheiro Neto e Associados, artigo acessado dia 14/04/06 no site www.migalhas.com.br . [6] Martinez, Luciano. “Guia Prático do Direito doTrabalho”. Salvador. JusPodivm, 2006, Pg. 102.