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PARANÁ

GOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

AVELINO MUNARO

EXPLORANDO O ENSINO DE ÁLGEBRA ATRAVÉS DA

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Cascavel - PR 2011

AVELINO MUNARO

EXPLORANDO O ENSINO DE ÁLGEBRA ATRAVÉS DA

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

Material didático apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Políticas Públicas e Programas Educacionais do Estado do Paraná. Núcleo Regional de Educação. Universidade Estadual do Paraná – UNIOESTE. Orientadora: Profª. Dra. Rosangela Villwock.

Cascavel - PR 2011

Sumário

1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 4

2. A ESCOLA E O ENSINO DA ÁLGEBRA .............................................................................. 6

3. UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE ÁLGEBRA ........................................................... 12

4. UNIDADE 01 - A ÁLGEBRA E SUA ORIGEM ................................................................... 13

4.1 ATIVIDADE 01 - A ÁLGEBRA, OS PALITOS E O CONTORNO DE QUADRADOS. .......... 14

4.2 ATIVIDADE 02 - A ÁLGEBRA DAS MESAS .................................................................. 18

4.3 ATIVIDADE 03 - A ÁLGEBRA NO DIA-A-DIA ............................................................... 21

5. UNIDADE 02 - OS NÚMEROS GOVERNAM O MUNDO ....................................................... 23

5.1 ATIVIDADE 01 - MULTIPLICAÇÕES INTERESSANTES E PRODUTOS NOTÁVEIS .......... 24

5.2 ATIVIDADE 02 - PRODUTOS NOTÁVEIS .................................................................... 26

6. UNIDADE 03 - OPERAÇÕES ALGÉBRICAS ............................................................................ 41

6.1 ATIVIDADE 01 -CONFECCIONANDO O MATERIAL .................................................... 42

6.2 ATIVIDADE 02 -OPERAÇÕES DE ADIÇÃO ALGÉBRICA USANDO O MATERIAL

CONCRETO ........................................................................................................................... 45

6.3 ATIVIDADE 03 - SUBTRAÇÃO ALGÉBRICA ................................................................. 47

6.4 ATIVIDADE 04 -EFETUANDO O PRODUTO ALGÉBRICO............................................. 49

6.5 ATIVIDADE 05 - RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES ............................................................ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................... 57

4

1. APRESENTAÇÃO

A álgebra é um saber construído historicamente ao longo do tempo e

transformou-se em uma ferramenta importante nos processos de generalização e

de resolução de problemas.

Este trabalho deseja desenvolver atividades com questões que deem

significados ao uso da álgebra em sala de aula e fora dela, orientando o aluno, no

sentido de ter uma atitude de investigação em relação ao que lhe é proposto. O

aluno é quem constrói o próprio conhecimento, mas tal fato ocorre de maneira

acentuada, se o trabalho desenvolvido em sala de aula privilegiar os conteúdos

mais significativos.

Os resultados das avaliações dos alunos em matemática dão indicações de

que o trabalho pedagógico não tem sido eficaz para proporcionar a compreensão

do significado dos conteúdos trabalhados nessa área do conhecimento.

Diante das dificuldades para a formação e compreensão dos conceitos da

álgebra pelos alunos, a questão que se coloca é como se devem abordar os

conteúdos da álgebra para que ocorra uma aprendizagem significativa?

Para enfrentarmos este problema devemos, inicialmente, estudar os

conceitos de álgebra, propondo significados aos conteúdos trabalhados, utilizando

como metodologia a resolução de problema, sabendo que os conhecimentos e o

desenvolvimento de competências são indispensáveis à formação e à eficácia dos

resultados das atividades relacionadas ao ensino e aprendizagem em sala de

aula.

As atividades serão desenvolvidas com o proposito de integrar a aritmética,

a geometria e a álgebra, de tal modo que, esses três campos da Matemática,

sejam utilizados para desenvolver e explicar os conteúdos, oferecendo condições

para apropriações dos saberes, desta Ciência.

Dada uma situação-problema, para a resolução, o aluno deverá construir

sequências de figuras, como forma de visualização. Em seguida, completará

quadros, com dados do problema. Para tanto, fará uso de material concreto e, a

partir da observação e do uso de regras simbólicas, será orientado a deduzir e

escrever a fórmula, usando, neste caso, a linguagem algébrica.

5

O material didático é uma possibilidade e um auxílio a mais, à disposição

do professor, para facilitar a compreensão da álgebra de maneira simples e

agradável, com atividades de observação, análise e investigação de padrões que

favoreçam o desenvolvimento do raciocínio da generalização, que é a essência

da concepção algébrica.

Este material didático pedagógico faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE /2010, sendo que a

implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica acontecerá nos meses de

agosto e setembro de 2011, com os alunos da 7ª série do Ensino Fundamental da

Escola Estadual Marquês de Maricá, no munícipio de cidade de Santa Izabel do

Oeste – PR, num período aproximado de 22 horas/aula.

6

2. A ESCOLA E O ENSINO DA ÁLGEBRA

Embora a escola não seja o único lugar onde se educa; ela se caracteriza

como espaço privilegiado em que se estabelecem relações formais de ensino e

de aprendizagem, de forma articulada, planejada, visando à formação integral dos

alunos de modo a propiciar o desenvolvimento de uma consciência crítica que

possibilite a análise e a compreensão do mundo, da história, da cultura e dos

processos de trabalhos (KRAMER, 1989, p.27).

Segundo Sacristán (1998, p.13) as aquisições adaptativas humanas, não

se fixam biologicamente e também não acontecem de forma hereditária, mas o

ser humano cria mecanismos e sistemas de transmissão que garantem a

sobrevivência nas futuras gerações de suas conquistas históricas. Este processo

de aquisição das conquistas sociais às futuras gerações passou a denominar-se

de processo de educação.

As preocupações com os processos de socialização, que conteúdo

escolher, como transmitir, tornaram-se amplas e a escola se especializou no

exercício exclusivo, e cada vez mais complexo e sutil, de tal função. Na escola,

seus agentes devem levar em consideração os saberes que se encontram nos

livros, os seus saberes e os saberes que os alunos trazem consigo. Isto porque o

ser humano é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está

inserido, e é também, um ser que atua no mundo a partir da maneira que o

compreende e de como dele participa (PARANÁ, 2008, p.14).

Portanto, o conhecimento é fruto da atividade humana no decorrer do

tempo, e a escola tem papel de destaque na socialização desse saber às novas

gerações. Deve fazê-lo de forma crítica, mostrando as contradições sociais,

políticas e econômicas, presentes na sociedade, tendo em vista um indivíduo com

formação necessária para compreender e atuar no sentido de transformar a

realidade, tornando-a mais justa.

Educação Matemática é uma área de inúmeros saberes e, para a atuação,

é necessário o conhecimento da matemática, a experiência da atuação

profissional e ainda ser conhecedor das relações entre o ensino, a aprendizagem

e o conhecimento matemático. Segundo Mendes (2009, p. 09) a concepção da

matemática que temos influência decisivamente no que se ensina e como se

7

ensina; a matemática, não permanece a mesma ao longo do tempo, mas

transforma-se constantemente e as perspectivas refletem as questões

emergentes do meio social, cultural, científico, político e econômico. Portanto,

deve-se conceber a Educação Matemática como saber vivo, dinâmico, construído

para atender às necessidades sociais, econômicas e teóricas, em um

determinado período histórico.

Almeja-se, através de seu ensino, que os estudantes tenham a

possibilidade de análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e

formulação de ideias. A Matemática deve contribuir para que, por meio dela, o ser

humano amplie seu conhecimento e, assim, contribua para o desenvolvimento

humano.

Da necessidade de resolver problemas da vida prática, que a princípio

pareciam insolúveis, é que a álgebra se originou. Por isso, ela levou um longo

tempo para se desenvolver e superar desafios considerados extremamente

difíceis (SANTOS, 2005, p 12).

A álgebra é um conhecimento matemático que se formou com a

contribuição de diferentes culturas (FIORENTINI, 1993, p.79) e, por meio de sua

utilização, passou-se a resolver problemas mais complexos. Com o seu uso são

possíveis às generalizações, tão importante para a compreensão e resolução de

problemas de aplicação, em diferentes áreas do conhecimento.

O cálculo algébrico por si só não faz sentido, é necessário explorar o

significado da álgebra, indo muito além da simples mecanização. A álgebra deve

ser ensinada no contexto com outros conteúdos, como nas questões de áreas,

perímetros, sequências numéricas com diferentes padrões, funções, entre outros,

inserida em um enfoque que procura mostrá-la como conhecimento útil, de valor

prático. Por outro lado, devemos tomar o cuidado para não restringir o alcance da

álgebra a casos particulares, mas fazer as generalizações e ampliar sua aplicação

(PARANÁ, 2008, p.53).

Para dar significado ao fazer pedagógico na Educação Matemática, o

professor deve ter uma visão do conjunto e integrar os diferentes conteúdos, isto

é, a álgebra, a aritmética e a geometria devem ser concebidas não como

conteúdos independentes, sem qualquer ligação, mas como saberes que

participam da organização da atividade humana e que se desenvolvem juntas,

uma implicada no desenvolvimento da outra (LINS& GIMENEZ, 1997, p. 28).

8

O ensino e a aprendizagem devem investir na produção de significados

para a álgebra, em vez de simplesmente aprendizagem de álgebra. Queremos

que nossos alunos sejam também capazes de trabalhar com significados

matemáticos no dia-a-dia e não somente na sala de aula. Vivemos um momento

de transformações constantes e rápidas, sendo importante desenvolver nos

educandos a capacidade de estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e

criar (PARANÁ, 2008, p.45). Para alcançar os objetivos propostos, o professor

necessita estudar a produção de conhecimentos na história da matemática e ser

capaz de integrar os diferentes conteúdos, conforme as necessidades.

Hoje a álgebra é trabalhada mais nos últimos anos do Ensino Fundamental,

ou seja, nas 7ª e 8ª séries, porque, segundo Lins e Gimenez (1997, p.83), não

estamos convencidos da importância de se trabalhar a álgebra nos processos de

generalizações, também nas séries iniciais.

Do mesmo modo quando se pensa em álgebra, logo se pensa na 7ª série e

nos remetemos a respeito dos conteúdos, como: equações, inequações, cálculo

algébrico, sistemas de equações, produtos notáveis, entre outros, ou seja,

estamos centrados no conteúdo e na técnica. Ao descrever as atividades

algébricas, passamos a identificá-las pelas atividades em que elas acontecem,

afirmam Lins e Gimenez (1997, p 105), isto é, a associação com o conteúdo é

imediata; a atividade algébrica é resolver problemas algébricos; é fazer ou usar a

álgebra ou, a mais comum e banal, calcular com letras. Neste caso, o que o

professor pode propor para a classe? Talvez adote, segundo algumas péssimas

ideias encontradas em propostas para a educação aritmética, a prática de utilizar

a “sequência” técnica (algoritmo) / prática (exercícios). Portanto, a mudança de

perspectiva mais importante refere-se a passarmos a pensar em termos de

significados sendo produzidos no interior de atividades, e não como em termos de

técnicas ou conteúdos.

A atividade algébrica depende de conteúdos, na medida em que os

mesmos explicitam afirmações para as quais produzimos certo tipo de

significados. A ideia de que a aritmética deve preceder, necessariamente, a

álgebra é infundada na escola, e nem o contrário, pois há todo um conjunto de

experiências aritméticas extraescolares, que as crianças trazem consigo. O que

se deve buscar é a coexistência da educação algébrica com a aritmética e a

geometria, de modo que uma esteja implicada no desenvolvimento da outra.

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De acordo com Lorenzato (2008, p.70) essa integração da aritmética com a

geometria e a álgebra exerce papel importante na aprendizagem matemática,

porque possibilita ao aluno a visualização do todo, bem como das partes que o

compõem, facilitando assim o desenvolvimento da habilidade mental de operar

com as partes sem perder de vista o todo, movimento de composição e

decomposição, tão importante na aprendizagem dos conceitos da matemática.

As experiências vividas nas escolas têm mostrado que os alunos aprendem

pouco da álgebra que lhes ensinamos. O contato com ela inicia-se por volta da 6ª

série, com mais aprofundamento nos dois anos seguintes. O foco é o

desenvolvimento de habilidades de cálculo escrito mecânico e a resolução de

problemas é deixada para segundo plano. Isso é verificado em grande parte dos

livros didáticos, onde os conteúdos são trabalhados com modelos, sem

preocupação para fazer com que o aluno faça a relação com o seu dia-a-dia.

Deste modo, ele tem uma matemática para a sala de aula e outra matemática

para a rua ou em casa (CARRAHER, 2006).

Quanto ao livro didático, ele desempenha um papel muito maior do que um

simples instrumento de trabalho, ele acaba sendo a cartilha (não deveria ser) do

professor, visto que é mais cômodo segui-lo à risca (DANTE, 1996). Sendo assim,

é importante a qualidade do livro didático que é adotado pela escola. Há, por

parte dos professores, certa resistência quanto às mudanças, com raras

exceções, estes preferem adotar um livro mais tradicional, isto é, o novo livro tem

de apresentar características mais próximas daquele adotado anteriormente

(DAMAZIO, 2006, p. 24).

De um modo geral, nos livros didáticos, o tratamento dado à álgebra carece

de significado para os alunos e um dos obstáculos à sua aprendizagem reside na

total ausência de sentido dos cálculos algébricos. A boa notícia é que nos últimos

anos, tem havido um movimento da Educação Matemática que acabou

produzindo mudanças curriculares e uma nova visão da disciplina. Isso

possibilitou adaptações nos livros didáticos do ensino da matemática, por parte de

muitos autores, no sentido de tornar este conteúdo e outros, algo significativo

para o estudante (CARVALHO, 2008).

Convém destacar alguns autores, dentre eles, Antônio José Lopes Bigode,

Luiz Márcio Imenes e Marcelo Lellis, cuja proposta para o cálculo algébrico deixa

de ser o foco principal, como na abordagem tradicional, e passa a ser

10

desenvolvido na medida em que é necessário à dedução de fórmulas e à

resolução de problemas. Outra proposta interessante é o tratamento dado aos

conteúdos na forma espiral, ou seja, os assuntos são abordados de diferentes

formas, com novas conexões, em todas as séries. Porém, com enfoque e graus

de dificuldades diferenciados. Não significa, simplesmente, repeti-los, mas, tratá-

los diferentemente, com novas conexões, quebrando a rígida exigência dos pré-

requisitos do ensino tradicional.

Nesta mesma linha de raciocínio, Lorenzato (2008, p.70) diz que o currículo

em espiral permite voltar ao mesmo assunto várias vezes, embora com diferentes

enfoques, produzindo resultados melhores quando se procura integrar a

aritmética, geometria e a álgebra; integração necessária, pois facilita a percepção

de significado de conceitos e símbolos.

A álgebra deve ser ensinada no trabalho com observação de padrões em

diferentes situações, levando-os a fazer as generalizações de regularidades, nas

quais é necessário deduzir fórmulas em que letras representam quantidades

variáveis.

A resolução de problemas deve ser explorada de maneira especial, pois

permite que se trabalhem diferentes conteúdos, nos quais muitas soluções podem

ser representadas por letras e isso leva às equações e suas incógnitas, cuja

resolução pode ocorrer usando a operação inversa ou a analogia com a balança

de dois pratos.

De acordo Dante (2003), a resolução de problemas é uma das tendências

metodológicas que compõem o estudo da Educação Matemática; trata-se de uma

metodologia pela qual o estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos

matemáticos adquiridos em novas situações de modo a resolver a questão

proposta.

Polya (2006, p.04) propõe quatro fases na resolução de um problema, a

saber:

Compreender o problema: não é possível responder corretamente algo que

não se entendeu, deve também desejar resolvê-lo;

Elaborar um plano: é necessária uma estratégia de ação, fazer a conexão

entre os dados do problema e o que ele pede;

Executar o plano: é preciso colocar em pratica o que foi elaborado,

verificando cada passo a ser dado;

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Fazer o retrospecto ou verificação: é examinar a solução obtida,

repassando todo o problema; fazer com que o aluno reveja como pensou

inicialmente, como encaminhou sua estratégia de solução e efetuou os

cálculos, enfim, o caminho trilhado para obter a solução.

Na metodologia da resolução de problemas, segundo Onuchic (1999, p.25)

o ponto de partida das atividades matemáticas não é a definição, mas o problema,

que não é um exercício no qual o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma

fórmula ou uma determinada técnica operatória; aproximações sucessivas ao

conceito criado são construídas para resolver certo tipo de problemas e que, num

outro momento, o aluno utiliza o que já aprendeu para resolver outros problemas;

o aluno não constrói um conceito em resposta a um problema, mas constrói um

campo de conceitos que tomam sentido num campo de problemas; sendo que

estes são propostos aos alunos antes mesmo de lhes ter sido apresentado

formalmente o conteúdo matemático.

A avaliação do crescimento dos alunos é feita continuamente, durante a

resolução do problema (AVELLATO, 2008, p.6).

Importa hoje, no ensino da matemática, possuir habilidades em cálculo

mental, saber fazer estimativas, compreender os usos da matemática na

sociedade atual, ter competência para enfrentar problemas novos, compreender

conceitos e saber como as fórmulas se originaram. Quem sabe, assim, estaremos

formando estudantes autônomos e criativos, competentes para estudar e

pesquisar por si mesmos. Como afirmam Imenes e Lellis (2009, p.4), a

disseminação da informação, sobretudo com a Internet, diminuiu o papel da

escola como fonte de informação, mas aumentou sua responsabilidade de

formação de cidadãos competentes, para interpretar adequadamente essas

informações e utilizar com ética e inteligência.

12

3. UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE ÁLGEBRA

As atividades deste projeto visam a integração de conhecimentos do aluno

e do professor, em relação à álgebra. O mesmo não priorizará a realização de

cálculos, simplesmente para entender a técnica, mas seu ensino será

contextualizado de forma a apresentar significado.

Ao trabalhar os conteúdos, haverá um direcionamento no sentido de

integrar os conhecimentos da aritmética, geometria e álgebra; uma fornecendo

instrumentos para o entendimento e por outro lado recebendo fundamentos e

aplicabilidade, com vista à aprendizagem.

Os problemas apresentados permitem ao aluno elaborar um ou vários

procedimentos de resolução, colocando-o no centro do processo educativo,

assumindo o papel ativo na construção do seu conhecimento matemático.

Caberá ao professor dar liberdade para os alunos, atuando como mediador

em relação ao ensino e aprendizagem, orientando os trabalhos de modo a levá-

los a pensar e refletir sobre os problemas envolvidos no tema.

A seguir, são apresentadas três unidades. Inicialmente, tratando da

resolução de problemas, com a identificação de regularidades e a dedução da

fórmula com o uso da álgebra. Na segunda unidade serão trabalhados os

produtos notáveis, nos casos do quadrado da soma de dois termos, quadrado da

diferença de dois termos e produto da soma pela diferença de dois termos,

sempre se utilizando da aritmética e da geometria para entender e fazer uso da

álgebra. A terceira unidade desenvolverá as operações algébricas da adição,

subtração, multiplicação e resolução de equações, inicialmente com material

representativo, seguido da representação algébrica.

As figuras apresentadas foram construídas com a utilização do programa

GeoGebra (HOHENWARTER, 2011), disponível em www.geogebra.org Acesso

em julho/2011.

13

4. UNIDADE 01 - A ÁLGEBRA E SUA ORIGEM

Os números são estudados na aritmética, quando se trabalha com as

quatro operações, sendo ela pontual e numérica. As formas e suas propriedades

são assuntos tratados pela geometria nos conteúdos de área, perímetro, volume

de figuras, entre outros. Além desses, trabalha-se também com quantidades que

representam valores desconhecidos e que, geralmente, são representados por

letras. Isso acontece nas fórmulas e equações, que é a parte da matemática

chamada de álgebra, sendo ela generalista e literal.

As preocupações com a utilização das notações algébricas começaram

com os babilônios e os egípcios, em 1700 a.C., em que os mesmos

desenvolveram regras para vários cálculos e resoluções de problemas, apesar de

não terem desenvolvido notação para apresentar essas regras, de forma geral.

Por volta do ano 250, o grego Diofanto cria um sinal especial para a incógnita em

uma equação e outro sinal para a igualdade. Já no século IX, Al-Khowarizmi (780-

850), publicou o livro Al-jabr we muqabalah, que se tornou célebre, o mesmo usa

a álgebra para resolver problemas. A expressão al-jabr originou a palavra álgebra,

que significa, aproximadamente, restaurando o equilíbrio. Além de iniciar um novo

ramo da matemática, no mundo árabe, introduziu o sistema de numeração da

Índia, que é o mesmo que usamos atualmente.

Por volta de 1550, o francês Vieta, foi o primeiro a sistematizar o uso de

letra para representar dados, ou seja, valores desconhecidos em uma expressão.

Após, teríamos a noção de estruturas algébricas com Golois (1811-1832) e Abel

(1802-1829), de forma implícita, até chegar a Bourbaki (a partir 1940), quando se

passou ao domínio do cálculo com letras, num sentido bem mais refinado: um

cálculo com regras próprias, independentes e completamente abstratas.

Pretendemos, com este material didático, propor um ensino integrado da

aritmética, geometria e álgebra, como auxílio à compreensão dos conteúdos

relacionados à álgebra.

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4.1 ATIVIDADE 01 - A ÁLGEBRA, OS PALITOS E O CONTORNO DE

QUADRADOS.

Esta atividade tem como objetivo perceber a regularidade presente na

formação da sequência dos quadrados, e fazer a generalização com a dedução

de uma fórmula, usando para isso a álgebra. Serão trabalhados os conteúdos:

sequência de números, perímetro de quadrado e relação entre grandezas.

A metodologia utilizada será a resolução de problemas, através do

raciocínio dedutivo e da busca de padrões e regularidades, características

importantes do raciocínio matemático algébrico. Buscar-se-á tornar este conteúdo

compreensível e de fácil assimilação. Na atividade serão utilizados palitos e, para

a realização desta atividade serão necessárias duas horas/aula.

Para iniciar, construa a sequência de quadrados como os da Figura 1,

utilizando os palitos.

Figura 1 – Construção de quadrados utilizando palitos (Adaptação de Bigode, 2000.)

Vamos estabelecer uma relação entre o número de palitos de cada lado do

quadrado (q) e o número total de palitos (p) utilizados em sua confecção. Para

isso, sugere-se a sequência de atividades:

a) Inicialmente desenhe as duas próximas figuras da sequência acima.

b) Complete o quadro com o número de palitos do lado do quadrado (q) e o

número total de palitos (p) utilizado para a sua construção:

15

Nº de palitos do lado

do quadrado (q) 1 2 3 4 5 6 8 10 15 25 50 100 350

Nº total de palitos

utilizados (p) 4 8 12

c) Quantos palitos tem o 10º quadrado da sequência? E o 100º?

d) Qual é a relação entre o lugar que o quadrado ocupa na sequência e a

quantidade de palitos do lado do quadrado?

e) Escreva a fórmula que relaciona o número total de palitos (p) usados na

construção de qualquer quadrado, com o número de palitos contido em seu

lado (q).

f) Quais cálculos deverão ser realizados para saber quantos palitos contém o

lado de um quadrado, se para confecciona-lo foi necessário um total de

220 palitos.

Soluções e dicas ao professor

a) Esta atividade tem o objetivo fazer com que o aluno perceba que os lados

dos quadrados estão aumentando em um palito, ou seja, de uma figura

para a outra, na sequência, o lado aumenta uma unidade, conforme figura

2.

Figura 2 – Par de quadrados.

b) Ao completar este quadro, o aluno constrói o conhecimento sobre a

relação entre o número de palitos do lado do quadrado e o total de palitos

necessários para a sua construção. Assim, o mesmo estabelece a relação

16

entre o (q) que representa o número de palitos do lado de cada quadrado

e o (p) que representa o total de palitos utilizados. Relação esta,

necessária, para se construir o conceito da álgebra que, neste caso é,

essencialmente, generalização.

c) Percebendo que, no quadro, os números de baixo aumentam quatro vezes

em relação aos de cima, será preciso multiplicar por quatro, o número de

palitos do lado de cada quadrado, para saber o número total de palitos

utilizados na sua construção. Para o décimo quadrado, 10 palitos de lado

multiplicado por 4, resulta num total de 40 palitos. Da mesma forma para o

centésimo quadrado, 100 palitos de lado multiplicado por 4, resulta num

total de 400 palitos utilizados.

d) Pela visualização dos quadrados o aluno perceberá que, o primeiro

quadrado tem um palito em cada lado, o segundo dois, o terceiro três

palitos em cada lado e, assim, sucessivamente. Logo, o lugar que o

quadrado ocupa na sequência e igual ao número de palitos do lado do

quadrado.

e) Esta questão é de suma importância, pois se fará a generalização com

relação ao uso das letras e o seu significado para a classe, no que diz

respeito a esse problema. O (q) representará o lugar que ocupa e o

número de palitos que tem em cada lado e o (p) o número total de palitos

necessários para se construir o quadrado. A fórmula que expressa essa

relação será p = 4 .q.

f) Possibilitar ao aluno ter outro ponto de vista, é o objetivo desta questão.

Além disso, necessitamos saber interpretar e identificar o que realmente a

Nº de palitos do lado do

quadrado (q) 1 2 3 4 5 6 8 10 15 25 50 100 350

Nº total de palitos utilizados

(p) 4 8 12 16 20 24 28 40 60 100 200 400 1400

17

questão pede. Se para encontrar o total de palitos basta multiplicar por

quatro, para conhecer o número de palitos do lado do quadrado construído

com 220 palitos, necessitamos fazer o caminho inverso, ou seja, dividir por

quatro. Logo, a resposta será 220 / 4 = 55, portanto, o lado do quadrado

tem 55 palitos.

Sugestão de Avaliação:

Com relação a avaliação, esta poderá ser realizada por meio da

observação e acompanhamento do desenvolvimento e envolvimento dos alunos

nas atividades solicitadas. Pode-se, também, elaborar um novo problema,

exigindo um raciocínio semelhante, envolvendo, por exemplo, triângulos,

retângulos, construção de outros ladrilhos, ou mesmo, situações e sequências

que podem ser inventadas.

18

4.2 ATIVIDADE 02 - A ÁLGEBRA DAS MESAS

Os alunos da 7ª série resolveram se reunir em uma pizzaria, para

comemorar o bom desempenho nas avaliações de Matemática. No horário

combinado começaram a chegar e, sendo colegas, resolveram juntar as mesas.

Neste momento, quem estava pensativo, era o proprietário, pois, assim, iriam

faltar mesas. Ajude o proprietário a esclarecer esta situação resolvendo as

questões abaixo.

Representaremos o número de mesas pela letra m e o número de cadeiras

por c e, estabeleceremos, uma relação entre esses dois elementos.

Figura 3-Conjunto de mesas e cadeiras.

a) Desenhe as próximas duas sequencias, conforme a figura 3.

b) Quantos lugares haverá com quatro mesas? E com cinco mesas?

c) Complete o quadro que relaciona o número de mesas (m) com o número

de cadeiras (c):

Nº de mesas (m) 1 2 3 4 5 6 8 10 15 20 30 50 100

Nº de cadeiras (c) 4 6 8

d) Supondo que a 7ª série tenha 37 alunos, quantas mesas seriam

necessárias para acomodar a todos. E se as mesas fossem organizadas

separadamente, qual seria a diferença?

e) Usando a letra m para representar as mesas e a letra c para as cadeiras,

crie uma fórmula que de o número de cadeiras conhecendo o número de

mesas.

19

f) Se você souber o número de cadeiras, o que deve ser feito para encontrar

o número de mesas? Expresse isso através de uma fórmula?

Soluções e dicas ao professor

a) Esta atividade tem por objetivo fazer com que o aluno visualize e construa

a sequência, percebendo de que forma ela esta sendo formada, conforme

figura 4.

Figura 4– Dois conjuntos de mesas agrupadas.

b) Ao fazer a atividade anterior, o aluno já terá a resposta, visto que é

somente contar as cadeiras. Isto possibilitará visualizar a situação,

contribuindo para a aprendizagem.

Quatro mesas = 10 lugares

Cinco mesas = 12 lugares

c) Ao completar o quadro, o aluno é levado a perceber a regularidade e a

generalizar a situação, vendo como se comportam os números:

Nº de mesas (m) 1 2 3 4 5 6 8 10 15 20 30 50 100

Nº de cadeiras (c) 4 6 8 10 12 14 18 22 32 42 62 102 202

d) O aluno deverá perceber que, dependendo do número de pessoas e não

dispondo de mesas suficientes, o recurso é separar as mesas para, assim,

acomodá-las. No caso de 37 alunos são necessárias 18 mesas, sobrando

um lugar. E se as mesas fossem organizadas separadamente, teríamos

quatro lugares por mesa, assim, 37 dividido por 4, teremos o quociente 9 e

resto 1. Portanto, esse aluno (a) poderá juntar-se aos outros, sendo

necessário somente 9 mesas ou alguns alunos (as) solidarizar-se a esse

(a) sendo necessário, neste caso, 10 mesas.

e) Ao responder esta questão, o aluno é levado a associar a letra ao valor

que ela representa. Relação necessária, para entender a utilidade e a

20

importância da álgebra nos processos de generalizações. Portanto, se o

aluno foi capaz de responder as questões anteriores, saberá escrever a lei

geral que expressa o número de cadeiras em função do número de

mesas. C = 4 + 2 (m-1) = 4 + 2 m – 2 = 2 m + 2, portanto C = 2m + 2.

f) O aluno deve ter em mente que, os valores desconhecidos, podem ser

alterados, ou que, na vida, as situações não se comportam de maneira

uniforme, mas diversificada. Esta questão possibilita realizar a operação

inversa, importante para a fixação do conteúdo. Se para encontra o

número de lugares dobramos o número de mesas e somamos duas

unidades, devemos fazer o caminho inverso: no lugar de somarmos 2,

devemos subtrair 2 e, ao invés de multiplicar por 2, devemos dividir por 2.

Assim a fórmula será M = (c – 2) / 2.

21

4.3 ATIVIDADE 03 - A ÁLGEBRA NO DIA-A-DIA

O objetivo desta atividade é perceber que a álgebra está presente em

situações diversas, que somos capazes de deduzir fórmulas a partir da simples

observação. Isto porque o aluno que não generalizar, terá dificuldade de construir

os conceitos algébricos, uma vez que estes são essencialmente generalizações.

A metodologia empregada será a resolução de problemas, com a

observação de padrão e a dedução de fórmula que generalize a situação

proposta. Serão desenvolvidos os conteúdos de função, porcentagem e relação

de compra e venda. Tempo necessário, uma hora/aula.

Uma fábrica que produz bonés tem um custo fixo mensal de R$ 1.000,00 e

gasta R$ 8,00 em cada boné que produz. Com base nestas informações

responda:

a) Qual é o custo para a produção de um boné? E para 10 bonés?

b) Complete o quadro abaixo que relaciona o número de bonés fabricados e

o custo da produção:

Número de bonés (b) 1 2 3 4 5 6 10 15 30 50 100

Custo total (Ct)

c) Expresse o custo total (Ct) em função da quantidade de bonés (b)

produzidos.

d) Suponha que a fábrica venda cada boné a R$ 15,00. Qual a quantidade

mínima de bonés que será necessário vender para obter lucro?

Soluções e dicas ao professor

a) Esta questão é interessante por possuir uma parte fixa, isso requer do

professor a atenção para fazer com que os alunos compreendam que, o

custo fixo, para fabricar um ou 100 bonés é o mesmo. Portanto, o custo

para um boné será a parte fixa (R$ 1000,00) mais o custo de um boné (R$

8,00) = R$ 1008,00. E para 10 bonés será de R$ 1000,00 + 10 . R$ 8,00 =

1080,00

22

b) Através do quadro, o aluno constrói a relação entre o número de bonés (b)

e o custo total (Ct), necessários para fazer as generalizações.

Número de bonés (b) 1 2 3 4 5 6 10 15 30 50 100

Custo total (Ct) 1008 1016 1024 1032 1040 1048 1080 1120 1240 1400 1800

c) Depois de completado e visualizado o quadro anterior, o aluno terá mais

facilidade de deduzir a fórmula, mas, mesmo assim, o professor precisará

esclarecer quanto ao uso das letras. A fórmula que relaciona o custo total

em função do número de bonés será: Ct = 1000,00 + b . 8,00.

d) O aluno precisa saber diferenciar o custo de um produto e o lucro que se

obtém com sua venda. Porque disso depende a permanência ou a falência

de um empreendimento. O mesmo acontece em nossas casas, se

gastamos mais do que recebemos, estamos condenados à falência. Na

questão analisada, a venda precisa cobrir a despesa fixa de R$ 1000,00,

mais os R$ 8,00 por boné, ou seja, o custo total será dado por Ct =

1000,00 + b . 8,00. Como o preço de venda é R$ 15,00 por boné, a receita

(R) será R = 15,00 . b. O lucro (L) é dado pela diferença entre a receita e o

custo, ou seja, L = R$ 15,00 .b – (R$ 1000,00 + R$ 8,00. b).

Número de bonés (b) 1 2 3 4 5 6 10 15 30 100 143

Custo total (Ct) 1008 1016 1024 1032 1040 1048 1080 1120 1240 1800 2144

Receita (R) 15 30 45 60 75 100 150 225 450 1500 2145

Lucro (L) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Fazendo o lucro igual à zero, obtemos b igual a 142,86 (aproximadamente).

Então, a solução corresponde a 143 bonés a serem vendidos, pois só terá lucro

se vender acima deste valor.

23

5. UNIDADE 02 - OS NÚMEROS GOVERNAM O MUNDO

O título que inicia esta unidade é atribuído a Pitágoras (570 a.C. – 497

a.C.) e é, também, o título de um livro escrito por Malba Taham (1895-1974), com

o acréscimo das palavras: Folclore da matemática. Segundo este autor, na escola

de Pitágoras, era comum atribuir propriedades metafísicas aos números. Para

eles, o número era a alma das coisas, Por exemplo, o três representava a

divindade; os números eram classificados em masculino e feminino, o três era

masculino, o dois pertencia ao conjunto dos femininos. A unidade era mais um

princípio, elemento fundador que, propriamente, um número. O número cinco

representava o matrimônio, expressando a união do número três (masculino) com

o primeiro número feminino, o dois. Os matemáticos gregos, da antiguidade,

acreditavam no misticismo numérico. Assim, temos os números perfeitos, os

números amigos, números cabalísticos, etc. Segundo eles, os números eram

plenos de vida, dotados de atributos e mistérios, interferiam, a cada momento, na

vida humana. O destino de toda criatura humana era regido por um número.

”Coitado do sujeito que recebesse um número de pouca sorte”.

Passados mais de 2497 anos da morte de Pitágoras, ainda hoje, com todo

o desenvolvimento, as pessoas acreditam em números místicos, cabalísticos e,

atribuem poderes aos números. Assim, iremos efetuar e verificar algumas

multiplicações interessantes, mas nada de atribuir poderes aos números, já que o

número não existe, o que temos é a sua representação, que são apenas produtos

da mente humana.

24

5.1 ATIVIDADE 01 - MULTIPLICAÇÕES INTERESSANTES E PRODUTOS

NOTÁVEIS

Esta atividade tem como objetivo relacionar os conceitos de multiplicação

(produtos) como algo que, podemos criar e nos surpreender com os resultados

obtidos. Alguns produtos são notáveis, pois nos chamam a atenção, seja pela

forma como se apresentam, pela simetria ou pelas vezes que se repetem em

determinadas situações.

Serão trabalhados os conteúdos: multiplicação de números inteiros,

simetria, sequência de números e regularidades.

A metodologia utilizada será a investigação matemática, com o uso da

calculadora para efetuar os cálculos, evitando excesso de tempo. A atividade será

desenvolvida em uma hora/aula.

Iniciaremos esta atividade efetuando alguns produtos com o intuito de

descobrir algumas regularidades:

a) 12345679 x 9 = b) 9 x 9 =

12345679 x 18 = 9 x 98 =

12345679 x 27 = 9 x 987 =

12345679 x 36 = 9 x 9876 =

c) 142857 x 2 = d) 1 x 1 =

142857 x 3 = 11 x 11 =

142857 x 4 = 111 x 111 =

142857 x 5 = 1111 x 1111 =

Depois de realizado o produto verifique, em cada caso, as regularidades

que apareceram e de que modo acontecem. Descreva em cada situação a

conclusão a que se chegou. Essa regularidade se mantém se continuarmos a

efetuar as multiplicações? Certifique se isso de fato acontece.

Você deve ter pensado: que multiplicações interessantes ou na linguagem

da Matemática se diria, que produtos notáveis. Produto é a mesma coisa que

multiplicação e notável é o que nos chama atenção, que é interessante, que se

nota, se percebe. Portanto, produtos notáveis são multiplicações interessantes,

25

que nos chamam a atenção e são úteis para o cálculo mental, poupa tempo e

cálculos, quando se trabalha com certos problemas e equações.

Mas, existem alguns produtos que chamaram a atenção dos matemáticos

porque apareciam, com frequência, em diversas situações e com as mesmas

características, independente da situação problema. Essas multiplicações, que

levam o nome de produtos notáveis se estudam, com mais frequência, na 7ª

série, no conteúdo operações com expressões algébricas ou cálculo algébrico.

Nesta unidade, serão apresentados três deles: quadrado da soma de dois termos,

quadrado da diferença de dois termos e produto da soma pela diferença de dois

termos.

26

5.2 ATIVIDADE 02 - PRODUTOS NOTÁVEIS

Esta atividade tem como objetivo trabalhar, de forma significativa, os

produtos notáveis, para que o aluno compreenda, de forma prática, os três casos

citados anteriormente.

Serão trabalhados os conteúdos: área de figura plana, expressões

algébricas e produtos notáveis.

A metodologia utilizada será a resolução de problemas, desenvolvendo o

conceito dos produtos notáveis associados ao de área, usando a representação

geométrica. Far-se-á uso dos seguintes materiais: papel cartão, régua, esquadro

e tesoura. Serão necessárias, para esta atividade, mais ou menos, 6 horas/aula.

a) A área e a álgebra

Quando falamos de área, estamos tratando da medida de uma superfície,

cujas figuras possuem duas dimensões, a saber: comprimento e largura ou altura.

Seu cálculo depende da forma como são construídos ou se apresentam.

Tomamos como exemplo, um quadrado de lado medindo uma unidade de

medida, ou seja, uma unidade de comprimento e uma unidade de largura. Sua

área, ou seja, a superfície que esse quadrado ocupa, é de uma unidade de área.

Estudamos em séries anteriores que, para calcular potências, como 2², 3² e

4² significa, respectivamente, efetuar o produto de 2.2, 3.3 e 4.4, cujos resultados

são 4, 9 e 16. Se pensarmos em quadrados cujos lados medem 2 unidades, 3

unidades e 4 unidades, para calcular sua área, utilizamos o procedimento

conforme figura 5.

Figura 5 - Conjunto de quadrados.

27

Preenchemos a superfície dos quadrados com unidades de áreas

(quadrados medindo 1 unidade de comprimento e 1 unidade de largura). Para

calcular a área de cada figura, basta contar, quantos quadrados de uma unidade

de área são necessários para cobrir a figura. Neste caso, as áreas são 4 unidades

de área, 9 unidades de área e 16 unidades de área, respectivamente.

Podemos verificar que o número de quadrados é exatamente o número de

unidades do lado multiplicado por ele mesmo, (ou o número de unidades do lado

elevado ao quadrado). Se a unidade de medida é o cm, a unidade de área é o

cm2. Se a unidade de medida é o m, a unidade de área é o m2. E, assim,

sucessivamente.

Se tivéssemos um retângulo de 4 cm de comprimento por 3 cm de largura,

conforme a figura 6, sua área seria de 12 cm². Bastaria contar quantos quadrinhos

são necessários para compor a superfície, caso não tivesse as divisões, seria

preciso efetuar o produto do comprimento pela largura, isto é 4 cm .3 cm = 12

cm².

Figura 6 – Retângulo.

Já a expressão (2+3)² pode ser resolvida de duas formas:

Uma seria somar 2 com 3 que dá 5 e elevar ao quadrado (5²), isto é 5

vezes 5 que é igual a 25. Visualizado na figura 7, constatamos que o lado do

quadrado tem 5 unidades de medidas.

28

Figura 7 – Quadrado de lado 5 u m.

Outra forma é pensarmos em um quadrado de lado medindo (2 + 3) e

calcularmos suas áreas, conforme representado na figura 8.

Figura 8 – Quadrado decomposto.

Pela figura acima percebemos que o quadrado de lado medindo (2 + 3) foi

decomposto em dois quadrados, um de lado 2 u m e o outro 3 u m e mais dois

retângulos iguais de medida 3 u m por 2 u m. Portanto, para saber a área total,

devemos calcular a área de cada uma, conforme figura 9 e adicionar.

29

Figura 9– Quadrado formado pelas partes.

O resultado da expressão (2+3)² = 25 u.a. é a soma das áreas dos

quadrados (4 u a + 9 u a) e dos retângulos ( 6 u a + 6 u a) da figura acima.

Analisando as duas formas de se resolver a expressão acima, não teremos

dúvida em afirmar que a primeira solução é mais simples e prática. Porém, mais

adiante, veremos que teremos que utilizar esta última estratégia quando uma das

parcelas da soma é desconhecida.

b) Cálculos mentais e algébricos

Em um primeiro momento, pensemos no seguinte produto 13.13, como um

quadrado de lado medindo 13 u m, cujo lado também pode ser representado,

geometricamente, por um quadrado de lado 10 + 3, isto é (10 + 3)² = (10 +3) (10 +

3), conforme a representação na figura 10:

Figura 10 - Quadrado da soma de dois termos.

30

A área do quadrado maior é 10² ou 10 .10 = 100.

A área do retângulo é 10 .3 = 30. Como são dois retângulos, 30 . 2= 60.

E a área do quadrado menor é 3² ou 3 . 3 =9.

A área total é a soma = 100 + 60 + 9 =169.

Analisemos melhor este exemplo, para fazermos uma relação entre a

representação da escrita do produto e seu resultado.

(10 + 3)² =100 + 60 + 9 = 169

Na expressão que acabamos de escrever, podemos representar o número

100 e o número 9 na forma de potências, que ficaria assim representado:

(10 + 3)² = 10² + 60 + 3²

Onde o primeiro termo é o 10 ao quadrado (área do quadrado de lado 10) e

o segundo termo é o 3 ao quadrado (área do quadrado de lado 3) .

E o que acontece com o termo do meio (60)? Observando a ilustração

acima, temos dois retângulos iguais, que estão representados em azul. Assim, o

termo 60 pode ser escrito como 2 . 30.

(10 + 3)² = 10² + 2 .30 + 3²

Sendo que o número 2 representa os dois retângulos e 30 a área do

retângulo de dimensões 10 por 3. Assim o termo do meio pode ser escrito:

(10 + 3)² = 10² + 2 10.3+ 3²

Portanto, uma nova interpretação do termo que está no meio (60) é o dobro

do produto do primeiro termo (10) pelo segundo termo (3).

Pelo desenvolvimento realizado, o produto obtido é igual ao quadrado do 1º

termo mais duas vezes o 1º termo pelo 2º termo, mais o quadrado do 2º termo. O

que acabamos de descrever é chamado em matemática de quadrado da soma

de dois termos, e é representado de uma maneira geral por (a + b)² =a² + 2 a.b+

b².

Aplicando o que acabamos de estudar, verifique, com seu colega, aquele

que efetua os produtos corretamente em menor tempo e, sem o uso da

calculadora.

1) 13² = (10 +3)² = 10² + 2 .10 .3 + 3² = 100 + 60 + 9 =169

2) 15² =

3) 41² =

4) 22² =

31

c) Quadrado da soma em que uma parcela é desconhecida.

Imaginemos uma nova situação em que um dos valores seja desconhecido,

como por exemplo, (x + 3)², que poderia ser interpretado como um quadrado de

uma certa medida em que se deseja aumentar 3 unidades de comprimento. Ou

também (3 + x)² que seria interpretado como um quadrado de lado 3 unidades de

comprimento e que seria aumentado um valor qualquer em suas dimensões.

Neste caso, a solução não poderá ser encontrada somando-se os dois

termos, como foi visto anteriormente, pois não conhecemos um dos valores,

representado pelo x. Portanto, nesta situação, devemos pensar em um quadrado

cujo valor do lado desconheço e que desejo aumentar em 3 unidades. A figura 11

representa à expressão da área correspondente a (x + 3).(x + 3) ou (x +3)².

Figura 11 – Quadrado da soma com uma parcela desconhecida.

Neste caso a expressão que representa a área da figura será a soma de x²

+3x +3x + 9 = x² + 6x + 9, cujo lado do quadrado mede x + 3.

Podemos também neste caso fazer a aplicação de forma direta, sem a

construção do desenho, isto é (x +3)² = x² + 2. x. 3 + 3² = x² + 6x + 9.

d) Generalizando o quadrado da soma de dois termos.

Acabamos de efetuar o quadrado da soma em que uma das parcelas é

desconhecida, mas pode ocorrer, serem as duas parcelas desconhecidas. Neste

caso, devemos proceder de modo análogo ao desenvolvido na figura 11, que

32

generalizando escrevemos (a + b)², e, representado geometricamente, teremos a

figura 12.

Figura 12 – Generalização do quadrado da soma de dois termos.

É interessante que o professor (a) desenvolva algumas dessas atividades,

ou quantas julgar conveniente, para que os alunos (as) compreendam o processo,

e estabeleçam a relação entre o binômio e o produto na construção geométrica,

com o cálculo de áreas. A partir da compreensão da relação, o aluno entenderá

que não é mais necessária a construção das figuras, para visualizar e encontrar a

solução, mas que ela apresenta certa regularidade ou característica. Somente

após esse compressão significativa é que o professor, junto com os alunos,

trabalhará o conceito dos termos utilizados e que, na linguagem matemática, se

expressa como o quadrado da soma de dois termos (a + b)² é igual ao quadrado

do primeiro (a²) mais duas vezes o primeiro pelo segundo (2.a.b) mais o quadrado

do segundo (b²). Algebricamente escrita na forma (a + b)² = a² + 2.a.b + b². É de

suma importância que o professor trabalhe com material concreto, inicialmente

podendo usar o papel quadriculado ou cartolina.

e) Quadrado da diferença de dois termos

Um segundo caso dos produtos notáveis, acontece quando temos um

número ou valor e subtraímos uma parcela dele. Tomemos, por exemplo, 18², que

pode ser escrito na forma de binômio como (20 – 2)² = (20 - 2) (20 – 2). Neste

caso, devemos interpretar o dois negativo como retirar duas unidades de

33

comprimento do quadrado de lado medindo 20 unidades. Representando essa

situação geometricamente, teremos a figura 13.

Figura 13. - Quadrado da diferença de dois termos.

A área que representa a solução do produto (20 – 2) (20 - 2) é a superfície

de cor cinza, portanto, para obter esse valor devemos encontrar a área do

quadrado de lado, medindo 20 unidades e subtrair a área dos dois retângulos de

dimensões 20 por 2, e somar a área do quadrado menor (pois foi subtraída duas

vezes),como veremos a seguir.

Área do quadrado maior = 20² = 20 .20 = 400

Área do retângulo = 2 .20 = 40, como são dois, 40 . 2 = 80

Mas neste, caso devemos tomar o cuidado para não extrair duas vezes a

área do quadrado menor , isto porque ao fazermos 20 . 2 uma fração da

área de um dos retângulos está sobreposta (a área do quadrado menor).

Visualize e entenda porquê ,na representação da figura 14.

34

Figura 14. - Região sobreposta do quadrado da diferença de dois termos.

Fazendo assim, estamos subtraindo duas vezes esta área e, por

isso,devemos adicionar ou somar a área desse quadrado que é (2) . (2) = 4.

Então, o resultado final será 400 – 80 + 4 = 324, que é igual a 18 .18 = 324.

Analisando mais detalhadamente, o que foi realizado no exemplo acima,

podemos fazer a relação entre a representação da potência e seu resultado, (de

modo semelhante, ao que foi feito no quadrado da soma de dois termos), assim o

resultado poderá ser representado por: (20 – 2)² = 400 – 80 + 4 = 316

Também, neste caso, o número 400 e o número 4 podem ser

representados através de potências.

(20 – 2)² = 20² - 80 +2²

O termo do meio é a área dos dois retângulos, que é 2 . 20 = 40, como são

dois retângulos, temos 40 .2 = 80. Portanto, isso permite escrever:

(20 – 2)² = 20² - 2 .40 +2²

(20 – 2)² = 20² - 2 .20 . 2 + 2²

Então, o produto notável (20 – 2)²= (20 – 2) (20 – 2) é igual ao quadrado do

primeiro (20)², menos 2 vezes o primeiro (20) pelo segundo (2), mais o quadrado

do segundo (2)². Que, generalizando, se escreve da seguinte forma (a – b)² = a² -

2ab + a².

Aplicando a forma generalizada para:

462 = (50 – 4)² = 50² - 2 .50 .4 + 4²

= 2500 – 400 +16

= 2116

Para o caso de não conhecer um valor, aplica-se o mesmo procedimento,

como no exemplo: (x -5)², representado na figura 15.

35

Figura 15 – Quadrado da diferença de dois termos, sendo um deles desconhecidos.

Neste caso, a área será indicada por uma expressão onde a área maior é

x² menos as áreas dos dois retângulos (- 5x – 5x) = - 10x e mais a área

sobreposta 25. Assim podemos representar o produto da diferença de dois

termos, como: (x – 5)² = X² - 10x + 25.

f) Generalizando o quadrado da diferença de dois termos.

A representação (a – b)² é a expressão algébrica que indica, de maneira

generalizada, o quadrado da diferença de dois termos, que pode ser, também,

visualizado geometricamente, pela representação da figura 16.

Figura 16 – Generalização do quadrado da diferença de dois termos

36

O produto (a – b) (a – b) em linguagem algébrica se expressa como o

quadrado da diferença de dois termos (a - b)² e é igual ao quadrado do primeiro

(a²), menos duas vezes o primeiro pelo segundo (2.a.b), mais o quadrado do

segundo (b²). Isso simplificado se expressa na fórmula (a - b)² = a² - 2.a.b + b².

Sugere-se ao professor, desafiar seus alunos para ver quem é mais rápido

em realizar as multiplicações, sem o uso da calculadora.

1) 29² = (30 – 1)² = 30² - 2 . 30.1 + 1² = 900 - 60 +1 = 841

2) 19² =

3) 39² =

4) 52² =

g) Produto da soma pela diferença de dois termos

O título acima é o nome que recebe o terceiro caso dos produtos notáveis,

que é a multiplicação de dois fatores representada por um binômio, sendo que um

dos binômios contém a soma, e o outro, a diferença.

Inicialmente, para compreender e visualizar este caso, construiremos, em

papel quadriculado, um quadrado com 10 unidades de lado, conforme a figura 17.

Figura 17–Quadrado quadriculado.

37

Desse quadrado, queremos separar em duas partes, por exemplo, em 3

unidades. Neste caso, qual é o valor da área de cor verde na figura 18?

Figura 18 – Produto da soma pela diferença de dois termos.

A área verde será igual à área total que é 10 .10 = 100 u a, menos a área

cinza que é 7 . 7 = 49. Portanto, 100 – 49 = 51 unidade de área. É possível,

também, representar o número 100 e o número 49 na forma de potências, isto é

10² - 7²= 51 u a.

Podemos, ainda, escrever a área verde como produto de dois fatores,

sendo estes dois binômios, visualizado pelo retângulo formado, figura 19, a partir

dos dois retângulos decompostos da figura 18.

Figura 19 – Retângulo representativo do produto (10 + 7).(10 – 7).

O retângulo formado tem o comprimento igual a (10 + 7) e a largura (10 –

7). Portanto, sua área é o produto da soma pela diferença de dois termos, que

aplicando a propriedade distributiva tem como resultado:

38

(10 + 7) (10 – 7) = 10 .10 – 7 .10 + 7 .10 - 7.7

= 100 – 70 + 70 – 49

= 100 – 49 = 51, que pode ser representado em potência por:

(10 + 7) (10 – 7) = 10² - 7² = 100 -49 = 51.

O que acabamos de fazer é conhecido como produto da soma pela

diferença de dois termos, e sua representação para qualquer número, é escrita

da seguinte forma (a + b) (a – b) = a² - b².

Para o caso do produto da soma, pela diferença de dois termos, conforme

deduzido acima, basta elevar o primeiro termo (a) ao quadrado, menos o segundo

termo (b) ao quadrado. Que está representado, genericamente, conforme a figura

20.

Figura 20 – Generalização do produto da soma pela diferença de dois termos.

A área de cor cinza pode ser representada por um retângulo formado a

partir dos dois retângulos conforme a figura 21, onde o comprimento é igual a (a +

b) e a largura é (a – b).

Figura 21 – Hexágono e retângulo do produto da soma pela diferença.

39

Calcular a área do hexágono à esquerda, equivale a calcular a área do

retângulo à direita. Portanto:

Área do hexágono = área do quadrado maior – área do quadrado menor

Área do hexágono =a² - b²

Área do retângulo = comprimento . largura

Área do retângulo = (a + b) (a – b), efetuando o produto pela propriedade

distributiva teremos:

Área do retângulo = a² - a b + a b - b², os dois termos do meio se anulam.

Área do retângulo = a² - b².

Portanto, quando estiver efetuando cálculos e aparecer multiplicações com

estas características, podemos calcular de forma direta o produto da soma, pela

diferença de dois termos, elevando o primeiro termo ao quadrado menos o

segundo termo ao quadrado, conforme segue:

a) (20 + 7) (20 – 7) =20² - 7² = 400 – 49 = 351.

b) (y – 5) (y + 5) = y² - 5² = y² - 25.

c) (2 a – 4) (2 a+ 4) = (2 a)² - 4² = 4 a² - 16.

h) Um desafio:

De que forma você faria as multiplicações a seguir, da maneira mais rápida

possível, sem fazer uso da calculadora:

a) 21 . 19 =

b) 38 .42 =

c) 49 . 51=

d) 103 . 97=

Nesta última atividade aplica-se o produto da soma pela diferença de dois

termos, sendo na primeira alternativa 21 = 20 + 1 e 19 = 20 – 1. Portanto, o

produto será (20 + 1) (20 – 1) = 400 – 1 = 399. A seguinte será (40 - 2) (40 + 2) =

1600 – 4 = 1596. Na alternativa c temos (50 – 1) (50 + 1) = 2500 – 1 = 2499 e a

última (100 + 3) (100 – 3) = 10000 – 9 = 9991.

40

Também, neste 3º caso, é conveniente que se trabalhe com o aluno alguns

casos para a fixação e percepção da regularidade e, depois, orientá-lo no sentido

da praticidade e utilidade da álgebra, por meio da generalização.

41

6. UNIDADE 03 - OPERAÇÕES ALGÉBRICAS

Esta atividade tem como objetivo trabalhar de forma significativa e com

material concreto, as operações das expressões algébricas, contribuindo assim

para a sua compreensão.

Serão trabalhados os conteúdos da adição, subtração e multiplicação de

expressões algébricas, bem como resolução de equações.

A metodologia utilizada será a de unir a prática com a teoria, efetuando a

confecção do material em papel cartão e posterior utilização em sala de aula para

a representação das operações e o respectivo registro algébrico no caderno.

Serão utilizados os seguintes materiais: papel cartão, tesoura, régua,

material com as atividades e caderno. Nesta unidade serão necessárias dez

horas/aula.

As atividades desta unidade foram adaptadas de um artigo de Ana Catarina

P. Hellmeister e Maria Elisa E. L. Galvão, publicado pelo Ministério da Educação

em 2004.

42

6.1 ATIVIDADE 01 - CONFECCIONANDO O MATERIAL

Para confeccionar o material, utilizaremos o papel cartão e recortaremos da

seguinte forma:

Quadrados pequenos (a x a): representando a unidade.

Confeccionar, aproximadamente, 20 unidades.

Retângulos (a x b): um dos lados deve ter a mesma medida dos

quadrados pequenos e o outro lado uma medida qualquer, que não

seja um múltiplo inteiro da unidade escolhida. Confeccionar

aproximadamente 15 unidades.

Quadrados grandes (b x b): o lado deve ter a mesma medida

escolhida para o lado não unitário do retângulo anterior.

Confeccionar, aproximadamente, 10 unidades.

Figura 22–Peças que compõe o material concreto.

A Matemática contém muitos símbolos e é por esse motivo que se tornou

uma ciência universal, necessitando, para isso, que os diferentes povos

compreendam o valor que os símbolos representam.

Conforme a representação contida na figura 22, o a do quadrado menor

representa a unidade, portanto o quadrinho representa uma unidade de área. No

retângulo, o b representa uma medida qualquer que não seja múltiplo inteiro de a

43

(x = a . b), que representa uma área de x unidades de área. O quadrado maior, de

lado b, representa uma área de x2 unidades de área.

Nos exemplos, aqui representados, estabeleceremos que a cor cinza mais

forte seja considerada positiva e a cinza clara, negativa. Assim teremos as

representações da figura 23:

Figura 23 – Material manipulável e sua representação. (Adaptada de Hellmeister, 2004.)

No convívio do dia-a-dia, quando queremos transmitir algo, nos

expressamos através de gestos, palavras, escritas, etc. Na Matemática, também

temos as expressões numéricas, que são sequências de operações numéricas

indicadas, isto é, não efetuadas; como exemplo: 3² + 4 – 10. E, existem, também,

as expressões algébricas, que são, portanto, sequências de operações indicadas,

não efetuadas, envolvendo números e variáveis. Variáveis, como a própria

palavra sugere, porque o seu valor pode ser alterado ou trocado; sendo também

representados por letras.

A seguir, figura 24, temos exemplos de expressões algébricas, com as

respectivas representações com o material confeccionado.

44

Figura 24 – Representação de uma expressão.

Todos, certamente, já ouvimos a frase “os opostos se atraem”, usamos

esse ditado popular para justificar ou afirmar algo. Na matemática, nas operações

de adição e subtração, isso não tem lógica, pois deixam de existir, uma vez que o

resultado é zero. Como por exemplo +5 – 5 = 0, ou -12 + 12 = 0.

De modo semelhante, nas operações algébricas, também, os valores

opostos se anulam, ou seja, se tenho duas bananas (+2b) e devo duas bananas (-

2b), pago a dívida (2b - 2b = 0) e fico sem nada. Portanto, valores opostos em

operações algébricas de adição e subtração se anulam, verifique isto nos dois

exemplos:

- 4x + 4x = 0 2x² - 2x² = 0

45

6.2 ATIVIDADE 02 - OPERAÇÕES DE ADIÇÃO ALGÉBRICA USANDO O

MATERIAL CONCRETO

Esta atividade tem como objetivo trabalhar a compreensão dos conceitos

envolvidos nos processos das adições algébricas, utilizando a representação

geométrica e algébrica. Serão trabalhados os conteúdos de adição de monômios

e polinômios.

A metodologia será a investigação matemática, com a utilização do

material confeccionado em papel cartão, que possibilitara representar e visualizar

a operação efetuada. Para realizar as atividades será utilizado o material

confeccionado anteriormente, sempre trabalhando a representação e o registo no

caderno, da expressão algébrica. Para esta atividade serão necessárias duas

horas/aulas.

Abaixo, exemplos de atividades.

a) (2x + 3) + (x² - 2) =

Figura 25 – Adição de expressões algébricas1.

Ao observarmos as representações da figura 25, vemos que duas unidades

positivas (quadrados menores) se anulam com duas unidades negativas, restando,

assim, um quadrado maior (x²), dois retângulos (2x) e um quadrado menor que

representa a unidade (1).

46

b) (3x + 2) + (2x - 5) =

Figura 26 – Adição de expressões algébricas 2.

Na figura 26, dois quadrados menores (unidades) positivos se anulam com

dois negativos e os retângulos (todos positivos) são adicionados, logo, a solução

será:

Figura 27 – Solução da Adição de expressões algébricas 2

Portanto, na figura 27 restaram 5 retângulos, representados

algebricamente por 5x e 3 unidades negativas, isto é – 3, logo a solução é 5x - 3

47

6.3 ATIVIDADE 03 - SUBTRAÇÃO ALGÉBRICA

Esta atividade tem como objetivo trabalhar a subtração de expressões

algébricas, com a compreensão de seu significado. Serão trabalhados os

conteúdos subtração algébricas de monômios e polinômios.

A metodologia será semelhante a da adição algébrica, com a utilização do

material confeccionado. Além disso, é necessário que os alunos dominem as

operações com números inteiros. Para esta atividade serão necessárias duas

horas/aulas.

Para se realizar a subtração, usaremos como estratégia transformá-la em

uma soma de expressões opostas. Abaixo alguns exemplos.

a) (2x + 3) – (- x² - 3x + 3)

Inicialmente devemos transformar a subtração em uma soma de

expressões opostas.

(2x + 3) – (- x² - 3x + 3)= (2x + 3) + (x²+ 3x – 3)

Figura 28 – Subtração de expressões algébricas1.

Na representação da figura 28, temos somente um quadrado maior (x²),

como os retângulos são todos positivos devemos só somar (5x) e os quadrados

menores que representam a unidade, temos 3 positivos e 3 negativos que se

anulam (3 – 3 = 0), restando como resultado então x² + 5x.

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b) (-3x + 5) – (5x - 1) =

Inicialmente, devemos transformar a subtração em uma soma de

expressões opostas.

(-3x + 5) – (5x - 1) = (-3x + 5) + (-5x + 1)

Figura 29 – Subtração de expressões algébricas 2.

Na representação da figura 29, todos os retângulos são negativos, sendo

por isso, adicionados, tomando o cuidado com o sinal, o resultado dessa soma

será (- 8x) e de modo semelhante ocorre com os quadrinhos, todos são positivos

que adicionados resultam em 6 unidades. Portanto o resultado de (-3x + 5) – (5x -

1) é igual a – 8x + 6.

49

6.4 ATIVIDADE 04 - EFETUANDO O PRODUTO ALGÉBRICO

Esta atividade tem como objetivo compreender as multiplicações algébricas

e saber efetivá-las com sucesso, fazendo, para isso, uso do material concreto.

Serão trabalhados os conteúdos da multiplicação de monômios por

monômios, monômios por polinômios e polinômios por polinômios.

A metodologia utilizada será a resolução de problemas com a utilização de

material manipulável, para representar e visualizar a operação efetuada. É

importante que os alunos dominem as operações com números inteiros, pois o

conhecimento delas torna está atividade mais facilmente compreensível. Para

estas atividades serão necessárias duas horas/aula.

Para realizarmos a multiplicação devemos pensar que os dois fatores

representam o comprimento e a largura de um retângulo e, que com essa

representação, devo procurar formar um retângulo. Abaixo alguns exemplos:

a) x . 2 =

Figura 30 – Produto de monômios.

Na figura 30, a esquerda temos representado os dois fatores, na vertical o

x e na horizontal o 2. Para efetuar o produto, devemos preencher o espaço em

branco, respeitando a continuação do lado dos fatores (segmentos pontilhados),

sendo o resultado do produto representado à direita, que é igual a 2x.

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b) x .(x – 1) =

Figura 31 – Produto de monômios por polinômio1.

Observado a figura 31, à esquerda, estão representados os fatores na

vertical x e na horizontal x- 1, também na parte pontilhada, continuação do lado

das peças, a visualização de como será o produto. À direita, está a multiplicação

de x (x - 1) que é igual a x² - x. Deve-se levar em conta, os jogos de sinais da

multiplicação, no caso -1 . x = - x, isto é, sinais diferentes, produto negativo.

c) (-2x) . (x + 2) =

Figura 32 – Produto de monômios por polinômio 2.

A figura 32, na vertical à esquerda, está o fator – 2x e na horizontal

superior, o fator x + 2 e abaixo, à direita o produto. Como sinais diferentes

resultam em negativo, o produto será 2x² negativo (quadrado maior) e 4x também

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negativo (retângulos). Esse resultado é representamos algebricamente como:

(- 2x) (x +2) = - 2x- 4x.

Convém destacar, que o material concreto, possibilita a representação de

alguns casos até certo limite. Portanto, todo material concreto tem limitações, mas

cumpre o seu papel, que é facilitar a compreensão dos conhecimentos. Quando

bem utilizado, torna-se uma ferramenta de valor incalculável, pois o conhecimento

não tem preço.

52

6.5 ATIVIDADE 05 - RESOLUÇÃO DE EQUAÇÕES

Esta atividade tem como objetivo a compreensão do conceito de equação e

suas propriedades, bem como saber efetuar a resolução de modo significativo.

A metodologia será a resolução de problemas com atividades que

desenvolvem a criatividade e o questionamento, na busca de soluções para o

problema. Como o material será utilizado para a representação das equações, é

importante que cada operação efetuada em ambos os lados da igualdade

(primeiro e segundo membro) seja acompanhada de sua representação simbólica,

para que o aluno apreenda as propriedades usadas e se liberte do material

concreto e passe a resolver as equações, algebricamente. Para estas atividades

serão necessárias três horas/aula.

Uma sentença matemática, na qual aparece um sinal de igualdade, e uma

ou mais letras que representam números desconhecidos, é descrito como uma

equação. A palavra equação se refere a equacionar, que tem o sentido de igualar,

equilibrar, sendo, por isso, utilizada para sua compreensão a ideia da gangorra ou

da balança de dois pratos.

A propriedade das equações nos diz que, uma igualdade se mantém se

efetuarmos operações iguais em ambos os lados da igualdade, com exceção do

zero. Isto porque se multiplicarmos os dois membros da igualdade por zero, estes

se anulam e se tentar dividir por zero é impossível.

Tenhamos em mente a ideia da gangorra e analisemos algumas situações.

Figura 33 – Gangorra em equilíbrio1.

Na figura 33 a balança está em equilíbrio, no caso, 5 kg = 5 kg, se

acrescentarmos 3 kg em ambos os lados (membros), o equilíbrio se mantém.

53

Figura 34 – Adicionando elementos à gangorra.

Verificamos que o equilíbrio não se altera, pois 8 kg = 8 kg. Assim,

tomamos conhecimento que podemos adicionar qualquer valor a ambos os

membros de uma igualdade e o equilíbrio se mantém, visualizado nas figuras 34 e

35.

Figura 35 – Gangorra em equilíbrio 2.

Do mesmo modo, se dividirmos ambos os membros da igualdade por um

mesmo número, diferente de zero, a igualdade se mantém. Por exemplo, se

dividirmos por 8

Figura 36 – A divisão em ambos os membros.

Efetuados os cálculos da divisão, em ambos os membros, a igualdade se

mantém, isto é 1 kg = 1 kg. Situação visualizada nas figuras 36 e 37.

54

Figura 37 – Gangorra em equilíbrio 3.

Portanto, dado uma igualdade, podemos adicionar, dividir, multiplicar ou

subtrair um número dos dois membros da igualdade que o equilíbrio se mantém,

com exceção para as operações de multiplicação e divisão com o número zero.

Para auxiliar na fixação dos conteúdos a serem trabalhados, é importante

que a representação com o material concreto, seja acompanhada de sua

representação algébrica, auxiliando, deste modo, na formação do pensamento

algébrico ao nível das ideias.

Abaixo, exemplos de equações resolvidas, com o auxilio de material

manipulável:

a) 4x +1 = 3x + 5

Figura 38 – Equação representada com material.

Na equação acima, precisamos encontrar um valor para o x que

substituindo na equação, torne a igualdade verdadeira. Na figura 38, podemos

subtrair três x (retângulos) do lado esquerdo e três x do lado direito. Assim, a

equação equivalente passa a ser escrita assim x + 1 = 5, sendo representada na

figura 39.

Figura 39 – Equação mais simples.

55

Do mesmo modo, subtraindo 1 unidade (quadrinho) de cada membro da

igualdade, encontramos a solução x = 4, conforme figura 40.

Figura 40 – Equação e sua solução.

b) 3x – 2 = x + 2

Figura 41 – Equação com elementos negativos1.

Subtraindo um x (retângulo) de cada membro da equação, figura 41, ela

passa a ser escrita algebricamente da seguinte forma 2x – 2 = 2 e

geometricamente de acordo com a figura 42.

Figura 42 – Equação com elementos negativos.

Nesta equação, figura 42, temos à esquerda duas unidades negativas e à

direita duas unidades positivas, preciso anular as duas unidades negativas. Para

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isso, devo acrescentar duas unidades positivas a ambos os membros, assim a

equação passa a ser escrita desta forma: 2x – 2 + 2 = 2 + 2, conforme

representação da figura 43.

Figura 43 – Equação com acréscimos de elementos.

Deste modo, no primeiro membro duas unidades positivas anulam duas

unidades negativas (-2 + 2), obtemos a equação equivalente a 2x = 4,

representada na figura 44.

Figura 44 – Equação e proporção.

Como 2x é o dobro de x e 4 é o dobro de 2, por dedução concluímos que o

x = 2, visualizado na figura 45.

Figura 45 –O x da equação

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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