parâmetros cam-clay do caulim usado em modelos centrífugos na coppe-ufrj

Upload: raulgandarillas

Post on 01-Mar-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    1/112

    I

    Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    Gabriel Mosqueira Cames da Silva

    Projeto de Graduao apresentado ao Curso de

    Engenharia Civil da Escola Politcnica.

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessrios obteno do

    ttulo de Engenheiro.

    Orientador(es):

    Mrcio de Souza Soares de Almeida

    Marcos Barreto de Mendona

    Rio de Janeiro

    Agosto de 2015

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    2/112

    II

    PARMETROS CAM-CLAY DO CAULIM USADO EM MODELOS CENTRFUGOS NA

    COPPE-UFRJ

    Gabriel Mosqueira Cames da Silva

    PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

    ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

    RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A

    OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

    Examinado por:

    _______________________________________

    Prof. Mrcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D.

    _______________________________________

    Prof. Marcos Barreto de Mendona, D. Sc.

    _______________________________________

    Prof. Alessandra Conde de Freitas, D. Sc.

    _______________________________________

    Prof. Diego de Freitas Fagundes, M.Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    3/112

    III

    Silva, Gabriel Mosqueira Cames da

    Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugosna COPPE-UFRJ/Gabriel Mosqueira Cames da SilvaRio de Janeiro:

    UFRJ/Escola Politcnica, 2015.

    VI,105p.: il.; 29,7cm.

    Orientadores: Mrcio de Souza Soares de Almeida, Marcos

    Barreto de Mendona

    Projeto de GraduaoUFRJ / Escola Politcnica/ Curso de

    Engenharia Civil, 2015.

    Referncias Bibliogrficas: p. 78-79.

    1. Introduo. 2. Reviso bibliogrfica. 3. Material utilizado e

    metodologia. 4. Resultados. 5. Concluso.

    I. Almeida, Mrcio de Souza Soares de; Mendona, Marcos

    Barreto de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

    Politcnica, Curso de Engenharia Civil. III. Parmetros Cam-Clay do

    caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    4/112

    IV

    AGRADECIMENTOS

    minha famlia, que sempre me apoiou e ajudou na minha formao,

    sempre oferecendo uma palavra sbia. Aos meus amigos de faculdade e aos

    amigos de longa data que sempre me motivaram durante o curso de engenharia.

    Aos meus professores orientadores e demais professores que tive o prazer

    de conhecer e aprender o necessrio para ser um excelente profissional e cidado.

    equipe do Laboratrio de Geotecnia, em especial equipe da centrfuga, que

    sempre esteve disposta a me auxiliar com o desenvolvimento do trabalho.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    5/112

    V

    Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica/UFRJ como parte

    dos requisitos necessrios para obteno do grau de Engenheiro Civil

    Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    Gabriel Mosqueira Cames da Silva

    Agosto/2015

    Orientadores:

    Mrcio de Souza Soares de Almeida

    Marcos Barreto de Mendona

    Curso: Engenharia Civil

    O material caulim utilizado em estudos de interao solo-estrutura no

    laboratrio de geotecnia da COPPE. A obteno de parmetros que caracterizem este

    material de grande valor. Este trabalho se dedicou a obter os parmetros do modelo

    Cam-Clay, que modela o comportamento das argilas a partir da teoria dos estados

    crticos. A obteno destes parmetros permite analisar numericamente os problemas

    de interao solo-estrutura, permite o desenvolvimento de projetos, alm de servir

    como comparativo com as demais pesquisas desenvolvidas com argilas.

    Para que os parmetros do modelo Cam-Clay pudessem ser obtidos, foi

    necessria uma campanha de ensaios de adensamento oedomtrico e isotrpico,

    alm de ensaios de compresso triaxial do tipo CIU e CAU. Este trabalho apresenta a

    rotina, a metodologia e um resumo dos resultados destes ensaios, a fim de facilitar

    futuras pesquisas que envolvam os mesmos.

    Observou-se que os parmetros do modelo Cam-Clay obtidos para o caulimapresentam uma boa correlao com resultados de ensaios centrfugos, no entanto foi

    observado um comportamento atpico nos ensaios CIU e CAU.

    Palavras-Chave: Cam-Clay / caulim / modelos centrfugos / parmetros

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    6/112

    VI

    Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

    the requirements for the degree of Engineer.

    Cam-Clay parameters of the kaolin for centrifuge modeling at COPPE-UFRJ

    Gabriel Mosqueira Cames da Silva

    August/2015

    Advisors:

    Mrcio de Souza Soares de Almeida

    Marcos Barreto de Mendona

    Course: Civil Engineering

    The kaolin material is used in soil-structure interaction studies in geotechnical

    laboratory of COPPE. The acquisition of parameters that characterize this material is of

    great value. This work was dedicated to get the parameters of the Cam-Clay model,

    which models the behavior of clays using the theory of critical states. Obtaining these

    parameters allows numerical analysis of the soil-structure interaction problems, allows

    the development of designs in addition to serving as a comparison with other research

    developed with clays.

    To obtain the parameters of the Cam-Clay model, a campaign of oedometric

    and isotropic consolidation tests, and triaxial compression tests of the type CIU and

    CAU was necessary. This paper presents the routine, the methodology and a summary

    of the results of these tests in order to facilitate future research involving them.

    It was observed that the parameters of the Cam-Clay model of the Kaolin

    presented a good correlation with results from centrifuge tests, however atypicalbehavior was observed in the CIU and CAU assays.

    Keywords: Cam-Clay / kaolin / centrifuge modeling / parameters

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    7/112

    SUMRIO

    1. Introduo .............................................................................................................................. 1

    Objetivo ......................................................................................................................... 11.1. Organizao do trabalho ............................................................................................... 21.2.

    2. Reviso bibliogrfica ............................................................................................................. 3

    Comportamento tenso-deformao dos solos ............................................................ 32.1.

    O comportamento plstico das argilas .......................................................................... 42.2.

    Modelo elasto-plstico ................................................................................................... 62.3.

    Modelo Cam-Clay .......................................................................................................... 72.4.

    Obteno dos parmetros de estado crtico atravs de ensaios de laboratrio ......... 142.5.

    Ensaio de adensamento oedomtrico ......................................................................... 152.6.

    Ensaios de compresso triaxial ................................................................................... 192.7.

    3. Material utilizado e metodologia .......................................................................................... 26

    Material utilizado .......................................................................................................... 263.1.

    Preparo das amostras ................................................................................................. 273.2.

    Preparo dos corpos de prova para ensaios de laboratrio ......................................... 323.3.

    Ensaios de adensamento oedomtrico ....................................................................... 363.4.

    Ensaio de adensamento isotrpico ............................................................................. 373.5.

    Ensaio de compresso triaxial CIU ............................................................................. 413.6.

    Ensaio de compresso triaxial CAU normalmente adensado ..................................... 423.7.

    Ensaio de compresso triaxial CAU sobreadensado .................................................. 423.8.

    Modelagem fsica em centrfuga ................................................................................. 433.9.

    4. Resultados ........................................................................................................................... 47

    Ensaios de adensamento ............................................................................................ 474.1.

    Ensaios Triaxiais ......................................................................................................... 544.2.

    Ensaio T-bar ................................................................................................................ 674.3.

    5. Concluso ............................................................................................................................ 73

    Referncias Bibliogrficas ........................................................................................................... 78

    ANEXO 1 ..................................................................................................................................... 80

    ANEXO 2 ..................................................................................................................................... 88

    ANEXO 3 ..................................................................................................................................... 90

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    8/112

    1

    1. Introduo

    Toda boa obra de engenharia precisa de um profundo conhecimento do

    material de sua fundao para que possa ser erguida com segurana e eficincia. A

    Mecnica dos Solos busca a compreenso do comportamento deste material, com a

    finalidade de fornecer uma base slida para a elaborao e execuo de projetos de

    engenharia, que so indispensveis vida moderna.

    atravs de modelos fsicos, numricos, entre outros, que o comportamento

    de um solo pode ser compreendido e mensurado, para isto, fez-se necessria a

    criao de ensaios padronizados para fornecer dados de entrada que pudessem

    representar as caractersticas do material. Foram criados ensaios como SPT, CPT,

    Vane Test, etc., que pudessem ser executados em campo, e ensaios comoadensamento oedomtrico, compresso triaxial, cisalhamento simples, e outros, que

    so executados em ambientes controlados.

    Este trabalho se dedicou a obter parmetros geotcnicos e os parmetros do

    modelo Cam-Clay atravs de ensaios de adensamento oedomtrico e isotrpico e

    ensaios triaxiais (CIU, CAU normalmente adensado e CAU sobreadensado), a fim de

    caracterizar o caulim (material fabricado) que utilizado na modelagem fsica em

    centrfuga geotcnica da COPPE, onde se estudam diversos problemas de interaosolo-estrutura, ou ser utilizadas em demais pesquisas seja em outros ensaios ou em

    modelagem com elementos finitos.

    Objetivo1.1.

    Este trabalho tem por objetivo:

    Obter parmetros geotcnicos da argila como: ngulo de atrito interno efetivo

    no estado crtico (cs), parmetros de compressibilidade (Cr, Cc e Cs) e

    coeficiente de permeabilidade (cv);

    Obter parmetros do modelo Cam-Clay e Cam-Clay modificado, a serem

    usados em anlises numricas posteriores;

    Obter a relao da resistncia no-drenada com o histrico de tenses da

    argila, a ser usada na previso do perfil de resistncia no-frenada de ensaios

    centrfugos futuros.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    9/112

    2

    Organizao do trabalho1.2.

    O trabalho foi dividido em cinco captulos, so eles:

    Captulo 1: introduo do trabalho e apresentao de seus objetivos;

    Captulo 2: reviso bibliogrfica do trabalho, abordando os modelos elsticos,

    plsticos e elasto-plsticos, modelo Cam-Clay e Cam-Clay modificado, a teoria

    dos Estados Crticos, descrio dos ensaios realizados neste trabalho e como

    a obter os parmetros geotcnicos e do modelo Cam-Clay a partir de seus

    resultados;

    Captulo 3: apresentao do material, seus ensaios de caracterizao, da

    metodologia para o preparo dos corpos de prova, dos ensaios empregados

    para obteno dos parmetros geotcnicos e do modelo Cam-Clay,

    apresentados na reviso bibliogrfica, e apresentao do ensaio T-bar em

    centrfuga geotcnica;

    Captulo 4: apresentao dos resultados encontrados nos ensaios de

    adensamento e triaxiais, os resultados dos clculos necessrios, a comparao

    com o ensaio T-bar e o que se pde concluir dos resultados obtidos;

    Captulo 5: apresentao dos resultados de forma resumida para facilitar

    consulta de trabalhos futuros, consideraes finais sobre os resultados

    apresentados no trabalho e propostas para ensaios futuros.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    10/112

    3

    2. Reviso bibliogrfica

    Comportamento tenso-deformao dos solos2.1.

    O comportamento elstico dos materiais pode ser descrito pela Lei de Hooke,

    que relaciona a tenso com a deformao do material de forma direta. Esta relao

    linear e tem como caracterstica fundamental a conservao da energia durante a

    aplicao da tenso, ou seja, aps liberada a tenso sobre o material no ocorrem

    deformaes permanentes.

    Alguns materiais no seguem essa relao e quando atingem determinados

    valores de tenso, aps o alvio das mesmas, apresentam uma deformao

    permanente sob tenso nula. Estes materiais so chamados de elasto-plsticos, aFigura 1 apresenta um exemplo deste tipo de material. A tenso que d origem a essa

    mudana de comportamento chamada de tenso de escoamento (y), e caracteriza

    a mudana do estado de tenses onde o material deixa de apresentar um

    comportamento elstico (trecho AB da Figura 1) e passa a ter um comportamento

    plstico (trecho da curva direita do ponto B), com grandes deformaes para

    pequenos acrscimos de tenses.

    Figura 1 - Grfico tenso x deformao tpico de material elasto-plstico. p a

    deformao permanente e e a deformao elstica.

    Este trabalho apresenta um enfoque no comportamento elasto-plstico dos

    materiais, tendo em vista que representa o comportamento mecnico das argilas. A

    princpio um modelo elstico no-linear seria suficiente para descrever o

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    11/112

    4

    comportamento deste tipo de solo quando submetido a diferentes estados de tenses,

    no entanto, tendo em vista que a relao tenso-deformao varia no

    descarregamento e no recarregamento, conforme aFigura 1,a utilizao de modelos

    elsticos lineares ou no-lineares demonstram ser limitados para descrever tal

    comportamento.

    Em suma, o modelo escolhido o elasto-plstico, pois considera que ocorrer

    uma deformao permanente ao final de um carregamento de maior intensidade que a

    tenso de escoamento. Esta deformao permanente dever ser computada para a

    obteno da deformao final, caso seja exercido um novo carregamento (como

    acontece em solos argilosos quando submetidos tenses superiores tenso de

    sobreadensamento).

    O comportamento plstico das argilas2.2.

    O comportamento das argilas observado atravs de ensaios de laboratrio e

    por parmetros atravs deles obtidos, que quantificam as caractersticas de uma

    determinada amostra de solo.

    O ensaio mais comumente utilizado o de adensamento oedomtrico, visto

    que ele permite a obteno dos parmetros de compressibilidade para adensamento

    unidimensional. Atravs da aplicao de uma srie de cargas verticais em um corpo

    de prova, mede-se as variaes da altura, que neste caso representa a variao do

    ndice de vazios do solo, em intervalos de tempo predefinidos. Cada estgio de

    carregamento permanece por 24h ou at quando no houver variao das

    deformaes, sendo que cada estgio possui o dobro do carregamento anterior e a

    tenso mxima aplicada escolhida a critrio do projeto (geralmente entre 200kPa e

    800kPa, sujeito a limitaes do equipamento). Por conveno, os resultados so

    plotados com as deformaes no eixo das ordenadas e as tenses na abscissa em

    escala logartmica (Figura 2). Entretanto, se os eixos forem trocados, o grfico obtido

    semelhante ao grfico tenso-deformao apresentado naFigura 3.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    12/112

    5

    Figura 2 - Grfico tpico de ensaio de adensamento oedomtrico

    Figura 3 - Grfico do adensamento tenso x deformao volumtrica

    Pelo grfico daFigura 2,pode-se observar que ocorre uma mudana brusca na

    inclinao da reta, neste ponto pode ser obtida da tenso de sobreadensamento ou

    pr-adensamento (vm), ou seja, a maior tenso vertical a qual o solo foi submetido na

    sua histria de tenses. Observando este mesmo grfico, podemos concluir que a

    tenso de sobreadensamento equivale tenso de escoamento do solo (y), pois

    para tenses menores o solo apresenta um comportamento elstico e, uma vez que se

    ultrapassa a tenso de sobreadensamento e em seguida reduz-se a tenso, uma

    0,7

    0,8

    0,9

    1,0

    1,1

    1,2

    1,3

    1 10 100 1000

    IndicedeVazios(e)

    Tenso vertical efetiva (kPa)

    'y='vm

    1

    10

    100

    1000

    0 5 10 15 20 25

    Tensoverticalefet

    iva(kPa)

    Deformao volumtrica (%)

    Endurecimento (ver fig. 4c)

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    13/112

    6

    resposta elstica do solo pode ser novamente observada assim como um

    deslocamento permanente. O resultado do ensaio de adensamento oedomtrico pode

    ser considerado um exemplo evidente de escoamento nos solos e do seu

    comportamento elasto-plstico.

    O comportamento de escoamento no exclusivo das argilas, outros tipos de

    solo tambm apresentam estas caractersticas, no entanto, nas argilas que a

    deformao mais significativa e apresenta uma queda de rigidez mais evidente,

    quando a tenso aplicada ultrapassa a tenso de sobreadensamento.

    Pode-se destacar, do fenmeno de escoamento, a existncia de uma curva

    que delimita os domnios elstico e plstico. Entende-se que abaixo dessa curva o

    solo trabalha em regime puramente elstico, acima em regime plstico e a curva o

    limite entre esses dois domnios, e a teoria dos estados crticos (Atkinson, 2007;

    Atkinson e Bransby, 1978) se desenvolve ao redor deste fenmeno.

    Modelo elasto-plstico2.3.

    O modelo elasto-plstico engloba as deformaes dos domnios elstico e

    plstico, no entanto, trs casos distintos de comportamento de tenso-deformao

    podem ocorrer aps o incio do escoamento (Ortigo 1993), e esto representados a

    seguirFigura 4.

    Figura 4 - Grficos tenso x deformao tpicos: a) Modelo elasto-plstico perfeito, b)

    modelo elasto-plstico com amolecimento e c) modelo elasto-plstico com

    endurecimento (adaptado de Ortigo, 1993)

    No primeiro caso (Figura 4a) apresentado um material elasto-plstico perfeito

    que, aps atingir a tenso de escoamento, apresenta um aumento das deformaes

    indefinidamente sem o incremento da tenso atuante. No segundo caso (Figura 4b) o

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    14/112

    7

    material apresenta uma perda na resistncia com o aumento das deformaes,

    fenmeno conhecido por amolecimento do material. J no terceiro caso (Figura 4c),

    ocorre o aumento da resistncia do material conforme as deformaes aumentam,

    esse fenmeno denominado enrijecimento do material.

    Para que o ponto de incio do escoamento de um modelo elasto-plstico seja

    determinado, so realizados ensaios de adensamento oedomtrico, para que seja

    possvel obter a curva escoamento apresentada na Figura 3. O modelo Cam-Clay

    (utilizado neste trabalho) um dos principais modelos elasto-plsticos existentes, pois

    descreve bem o comportamento das argilas tanto normalmente adensadas como as

    sobreadensadas.

    Modelo Cam-Clay2.4.

    O modelo Cam-Clay (Roscoe e Schofield, 1963) se destaca porque descreve

    trs aspectos importantes do comportamento das argilas: a resistncia do solo, a sua

    compressibilidade e o estado crtico, situao em que o solo experimenta grandes

    deformaes sem variao de tenso ou volume. Tambm pode ser destacado o

    modelo Cam-Clay modificado (Roscoe e Burland,1968), que, de um modo geral,

    apresenta suas teorias similares do Cam-Clay, as principais diferenas esto nas

    frmulas para descrever as curvas de escoamento. Enquanto no modelo Cam-Clay ascurvas de escoamento so espirais logartmicas, no modelo Cam-Clay modificado elas

    so elpticas.

    Para um nvel de tenses no estado crtico, este modelo supe que a amostra

    de solo caracterizada por trs parmetros: tenso efetiva mdia (p), tenso

    desviadora (q) e volume especfico (). No caso da condio triaxial (2=3), estes

    parmetros podem ser obtidos a partir das seguintes equaes:

    (1)

    (2)

    (3)

    onde 1, 2 e 3 so as tenses efetivas principais e e corresponde ao ndice de

    vazios do solo.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    15/112

    8

    No modelo Cam-Clay, quando se aplica um esforo de compresso sobre uma

    amostra de argila, de forma lenta sob condies isotrpicas de tenses e sob

    condies de drenagem perfeita, a relao entre o volume especfico e o logaritmo

    natural da tenso efetiva mdia consiste em uma reta principal conhecida por reta

    virgem ou linha de compresso normal. Quando se alivia esta tenso, esta mesma

    relao gera um conjunto de retas conhecidas por linhas de descompresso.

    Abaixo encontra-se aFigura 5 que representa o comportamento descrito acima

    e pode-se observar a reduo do volume especfico do ponto a ao b, com o aumento

    da tenso isotrpica papara pb, destacando que a relao :pse desloca pela reta

    virgem. Tambm demonstrado na figura o reestabelecimento de parte do volume

    especfico do ponto b ao c, quando a amostra volta a ser submetida tenso pa,e a

    relao :p se desloca pela linha de descompresso.

    Figura 5 - Grfico de volume especfico x logaritmo natural da tenso efetiva mdia

    Caso a amostra volte a ser carregada uma tenso pd, haver um

    deslocamento atravs da linha de descarregamento para carregamentos abaixo de pb

    e, uma vez alcanado este valor, a relao :p retornar reta virgem. Se a amostra

    ento descarregada at a tenso pa, desta vez haver uma tendncia de se mover

    pela linha de descarregamento do ponto d ao e.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    16/112

    9

    O modelo CAM-CLAY define a reta virgem atravs da seguinte equao:

    (4)

    onde o volume especfico sob presso unitria e o coeficiente angular do

    trecho de compresso virgem da linha de adensamento isotrpico.

    J a linha de descompresso-recompresso definida pela equao:

    (5)

    onde o coeficiente angular da linha de descompresso-recompresso e ovolume especfico ao final da descompresso (verFigura 5).

    Os parmetros , e variam de acordo com a amostra e tipo de solo.

    Tambm pode ser observado que o valor de k depende do histrico de tenses do

    solo, como pde ser observado nas linhas de descompresso bce dedaFigura 5.

    Conclui-se que se o presente estado de tenses do solo est sobre a reta

    virgem este solo considerado normalmente adensado, no caso em que o estado de

    tenses se encontrar sobre uma linha de descompresso, o solo ser chamado de

    sobreadensado.

    Existe tambm o parmetro N1D que equivale ao volume especfico tenso

    unitria da linha de adensamento oedomtrico, plotada no espao v:p. A Figura 6

    apresenta sua configurao quando comparada com a linha de adensamento

    oedomtrico.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    17/112

    10

    Figura 6 - Comparao entre a reta virgem do adensamento isotrpico e oedomtrico

    2.4.1. Estados crticos em solos

    As situaes encontradas pela engenharia geotcnica podem ser abordadas

    com base na anlise da resistncia do solo e sua deformabilidade. Entretanto, essas

    anlises so comumente avaliadas de formas distintas: a resistncia avaliada pelo

    critrio de Mohr-Coulomb e as deformaes atravs da teoria da Elasticidade. No

    entanto, atravs da Teoria dos Estados Crticos, possvel unificar estes conceitos

    para determinar o comportamento do solo.

    Uma determinada amostra de solo quando cisalhada e levada a grandes

    deformaes tendem a alcanar um estado estvel em que a resistncia, o ndice de

    vazios e a poropresso no variam mais. Nesta situao, os valores de p e q tambm

    so constantes, este fenmeno foi chamado de estado crtico (Atkinson e Bransby,

    1978). Esta situao pode ser representada pelaFigura 7 e tambm pela equao:

    (6)

    onde u a poropresso e s a deformao cisalhante da amostra de solo.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    18/112

    11

    Figura 7 - Representao do estado crtico

    Como pode ser visto naFigura 8,a linha de estado crtico paralela linha de

    compresso normal, ou reta virgem, quando plotadas no grfico :ln(p). Neste caso o

    parmetro corresponde ao volume especfico presso unitria, assim como ,

    tambm variando de acordo com a unidade de medida utilizada.

    Figura 8 - Comparao entre a reta virgem e a linha de estado crtico

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    19/112

    12

    O modelo Cam-Clay relaciona os parmetros e atravs da seguinte

    equao:

    (7)

    Vale notar que a reta virgem e a linha de estado crtico so aproximadamente

    paralelas entre si.

    2.4.2. Funes de escoamento no modelo Cam-Clay

    Com a aplicao de uma tenso desviadora (q), os solos se comportam de

    forma elstica at que a tenso de escoamento seja alcanada. No modelo CAM-

    CLAY, o valor da tenso de escoamento pode ser determinado a partir da seguinte

    equao:

    ( ) (8)

    sendo o coeficiente angular da linha de estado crtico e p0a tenso de escoamento

    ou tenso de pr-adensamento na condio isotrpica.

    A superfcie de escoamento no modelo Cam-Clay uma curva logartmica,

    quando representado no espao p:q. O parmetro p0 controla o tamanho dasuperfcie de escoamento e diferente para cada linha de descarregamento e a

    caracterstica chave da linha de estado crtico que ela intercepta a curva de

    escoamento no ponto em que o valor mximo de q atingido.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    20/112

    13

    Figura 9 - Curva do escoamento do modelo Cam-Clay (adaptado de Atkinsos e

    Bransby, 1978)

    2.4.3. Constantes elsticas do modelo Cam-Clay

    Na mecnica dos solos, os parmetros elsticos mais comumente utilizados

    so o mdulo de Young (E), o mdulo de cisalhamento (G), o coeficiente de Poisson

    () e o mdulo volumtrico (K). Na teoria da elasticidade, somente dois desses

    parmetros so suficientes. Os demais parmetros podem ser obtidos atravs de

    correlaes.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    21/112

    14

    Se o mdulo de Young e o coeficiente de Poisson forem conhecidos, o mdulo

    de cisalhamento pode ser obtido atravs das seguintes equaes:

    (9)

    (10)

    (11)

    (12)

    onde G o mdulo de cisalhamento efetivo e Gu o mdulo de cisalhamento no-

    drenado.

    Caso contrrio, o modelo permite a obteno do mdulo de cisalhamento e

    coeficiente de Poisson. No entanto, quando o mdulo de cisalhamento fixo, o

    coeficiente de Poisson varivel. Seus valores podem ser obtidos atravs das

    seguintes equaes:

    (13)

    (14)

    No modelo CAM-CLAY, o mdulo volumtrico no constante, variando de

    acordo com a tenso efetiva mdia, o volume especfico e a inclinao da linha de

    descompresso. O valor de K pode ser obtido atravs da equao de

    descarregamento-recarregamento (equao 5), que modela o comportamento elstico

    volumtrico do solo. Conforme pode ser observado no ANEXO 2, o mdulo

    volumtrico dado pela seguinte equao:

    (15)

    Obteno dos parmetros de estado crtico atravs de2.5.

    ensaios de laboratrio

    Os parmetros do modelo so obtidos de forma experimental, atravs de

    ensaios triaxiais no-drenados e de ensaios de adensamento. O valor de

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    22/112

    15

    (coeficiente angular da linha de estado crtico LEC) pode ser obtido atravs do

    ngulo de atrito para a condio de estado crtico (cs=cv= ult, sendo eles o ngulo

    de atrito efetivo para estado crtico, volume constante e condio ltima,

    respectivamente), com o auxlio da seguinte equao:

    (16)

    J os parmetros e , coeficiente angular da reta virgem e da linha de

    descompresso respectivamente, so obtidos atravs da linha de adensamento

    isotrpico ou dos coeficientes de compresso (Cc) e descompresso (Cs) obtidos a

    partir do ensaio de adensamento oedomtrico. Os valores destes parmetros so

    obtidos a partir das seguintes equaes:

    (17)

    (18)

    (19)

    O modelo CAM-CLAY, a partir do parmetro M, permite relacionar a resistncia

    no-drenada do material com o seu estado de tenses. No caso de solo normalmente

    adensado na condio isotrpica as expresses a serem usadas so (Almeida, 1982)

    (20)

    vlida para o modelo Cam-clay e

    (21)

    vlida para o modelo Cam-clay modificado.

    Ensaio de adensamento oedomtrico2.6.

    O fenmeno do adensamento pode ser explicado com o modelo mecnico de

    Terzaghi apresentado na Figura 10,onde o solo representado pela mola, a vlvula

    representa os vazios do solo e a gua a prpria gua presente nos vazios. Neste

    caso, a mola considerada um material elstico e a gua um fluido incompressvel.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    23/112

    16

    Figura 10 - Modelo mecnico de Terzaghi: a) instante t = 0s, b) instante t > 0s e c) final

    do adensamento (adaptado de Sousa Pinto, 2002)

    Quando um solo saturado submetido a uma tenso vertical, no instante t = 0s

    (Figura 10a) a tenso transmitida por completo para a gua, o equivalente a vlvula

    fechada, esta presso na gua denominada excesso de poropresso. Logo em

    seguida, ocorre o equivalente abertura da vlvula (Figura 10b), estabelecendo o

    fluxo da gua para fora do solo e a dissipao da poropresso. Com este fluxo, a

    presso que antes era transferida somente para o fluido comea a ser transferida para

    a mola, que representa o comportamento do solo, que comea a se deformar,dissipando a presso da gua nos poros e transmitindo esta presso para os gros

    (tenso efetiva). Neste momento, parte da carga aplicada est na mola (solo) e parte

    est na gua como excesso de poropreso. Ao final do fenmeno (Figura 10c), a

    tenso passa a ser suportada apenas pelo solo, que apresenta sua deformao

    mxima para este carregamento, e ocorre a dissipao de todo o excesso de

    poropresso.

    O fenmeno do adensamento est correlacionado com a permeabilidade dosolo, facilidade com que a gua flui pelos poros, e a compressibilidade do solo,

    deformao com a aplicao de uma sobrecarga no solo. Segundo Lambe (1979) o

    ensaio de adensamento oedomtrico popular por ser relativamente simples de se

    executar e a condio de deformao ser parecida com a maioria dos problemas

    encontrados, permitindo a obteno de parmetros que quantificam essas

    caractersticas do solo e permitem um melhor entendimento do processo com

    resultados representativos.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    24/112

    17

    2.6.1. Descrio do ensaio

    O ensaio consiste em aplicar uma fora ao longo do eixo vertical da amostra

    confinada lateralmente, de forma que a deformao radial seja impedida, sendo assim,

    a deformao e a drenagem se do em uma nica direo, a vertical. As cargas

    aplicadas atravs da prensa (Figura 11)so pr-definidas e so divididas em estgios.

    Em cada estgio a carga escolhida permanece por 24 (vinte e quatro) horas, onde so

    lidas as deformaes em intervalos de tempo pr-definidos. Tambm so feitos

    estgios de descarregamento para a obteno de parmetros de descompresso,

    sendo que a tomada de valores de deformao feita em intervalos diferentes. O

    resultado uma curva de deformao vertical em funo do tempo, para cada estgio,e uma curva da deformao em funo da tenso aplicada.

    Figura 11 - Prensas do ensaio de adensamento oedomtrico

    As tenses usuais cara cada estgio deste ensaio so: 1,34kPa, 3,125kPa,

    6,25kPa, 12,5kPa, 25kPa, 50kPa, 100kPa, 200kPa, 400kPa e 800kPa, seguido de

    descarregamento para 200kPa, 100kPa e 50kPa, no entanto estes podem variar

    devido limitaes do equipamento ou s caractersticas do projeto. Para a leitura das

    deformaes foram adotados os seguintes intervalos de tempo em minutos: 0; 0,1;

    0,25; 0,5; 1; 2; 4; 8; 15; 30; 60; 120 e 1440. Seguindo o descrito na norma NBR 12007

    1990 que regula a metodologia do ensaio de adensamento unidimensional.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    25/112

    18

    O coeficiente de permeabilidade (cv) do solo pode ser obtido pelo grfico da

    deslocamento vertical pela raiz do tempo em minutos para cada estgio de carga

    (Figura 12), este parmetro quantifica a rapidez em que o adensamento ocorre para

    uma determinada carga aplicada. Seu clculo feito atravs do mtodo de Taylor

    (NBR 12007-1990).

    Figura 12Exemplo de grfico deslocamento vertical x raiz do tempo

    Atravs da curva que relaciona a deformao vertical e a tenso vertical

    aplicada, podem ser determinados os ndices de recompresso (Cr), ndice de

    compresso (Cc) e ndice de descompresso (Cs), estes parmetros equivalem o

    coeficiente angular das retas de recompresso, compresso virgem e descompresso,

    respectivamente, conforme apresentado na Figura 13. Para este trabalho sero

    940

    960

    980

    1000

    1020

    1040

    1060

    0 10 20 30 40

    Leituradoextensmetro(mm)

    Raiz do Tempo

    Exemplo - Ensaio de AdensamentoLeitura do extensmetro x raiz do tempo

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    26/112

    19

    utilizados os parmetros Cc e Cs, tendo em vista que sero utilizados na obteno de

    parmetros do modelo Cam-Clay.

    Figura 13 - Grfico tpico de ensaio de adensamento oedomtrico com os parmetros

    de compressibilidade obtidos do ensaio

    Para obter o valor da tenso de sobreadensamento (vm), necessrio

    empregar o mtodo de Pacheco-Silva (NBR 12007-1990), conforme apresentado na

    Figura 2.

    Ensaios de compresso triaxial2.7.

    2.7.1. Objetivos e descrio geral do ensaio

    O ensaio de compresso triaxial permite a obteno dos parmetros de

    resistncia do solo (c e ) reproduzindo os estados de tenso que podem ser

    encontrados em campo e, caso o ensaio tiver a fase de adensamento, tambm

    possvel obter parmetros de compressibilidade. Para a execuo do ensaio, uma

    amostra de solo moldada em formato cilndrico com 10cm de altura e 5cm de

    dimetro e colocada dentro de uma cmara acrlica hermeticamente fechada

    preenchida com gua, onde se aplica uma presso hidrosttica de confinamento (c).

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    27/112

    20

    As tenses verticais so aplicadas atravs de um pisto presente na parte superior. A

    Figura 14 apresenta uma amostra de solo nesta situao.

    Figura 14 - Corpo de prova posicionado na prensa do ensaio de compresso triaxial

    Estando posicionada, a amostra pode ser saturada, de forma a retirar todo o arexistente em seu interior, atravs do incremento da poropresso. A saturao

    controlada atravs do parmetro B, que consiste na razo entre o acrscimo de

    poropresso da amostra e o aumento da poropresso imposto pelo equipamento. O

    corpo de prova considerado saturado quando esta razo atinge o valor 1 (um), ou

    seja, 100% da presso acrescida transformada em excesso de poropresso. Na

    prtica, valores entre 0,97 e 1,00 so aceitos para dar continuidade ao ensaio.

    Terminada a saturao, pode ser iniciada a fase de adensamento, que consisteno aumento da tenso confinante (c) e tenso vertical at os valores necessrios

    para a pesquisa em andamento (lembrando que para este ensaio c = 2 = 3). O

    equipamento mede a deformao volumtrica do corpo de prova, que igual ao

    volume de gua expulsa de seus vazios, e a deformao vertical. O resultado

    apresentado no monitor, podendo ser observado quando as deformaes se

    estabilizam e a poropresso dissipada.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    28/112

    21

    Ao final desta fase, a amostra levada ruptura com a aplicao de tenses

    verticais (ruptura por compresso) atravs da aplicao de deslocamentos contnuos

    do pisto e mantendo estvel a tenso confinante, com velocidade dependendo do

    tipo de ensaio desejado. Caso seja um ensaio drenado, a velocidade com que se

    aplica a deformao deve ser lenta o suficiente para a dissipao da poropresso

    durante o incremento de tenso aplicado, j no caso do ensaio no-drenado, a

    velocidade pode ser maior, tendo em vista que influencia diretamente na durao do

    ensaio. Durante sua execuo, so tomadas leituras referentes tenso desviadora

    que sero utilizadas para a obteno dos parmetros de resistncia do solo, atravs

    da envoltria de resistncia gerada.

    O equipamento do ensaio triaxial capaz de realizar uma grande variedade de

    ensaios e eles podem ser do tipo adensado (C) ou no adensado (U), isotrpico (I) ouanisotrpico (A), drenado (D) ou no drenado (U) e normalmente adensados ou

    sobreadensados. Cada uma dessas caractersticas citadas influencia no estado de

    tenses do corpo de prova e representam situaes diferentes. Neste trabalho foram

    realizados quatro ensaios CIU, quatro ensaios CAU normalmente adensados e quatro

    ensaios CAU sobreadensados.

    2.7.2. Triaxial CIU

    O ensaio de compresso triaxial, permite elaborar uma variedade de situaes

    de campo. O ensaio CIU (do ingls consolidated, isotropic and undrained) apresenta

    uma etapa de adensamento isotrpico antes da ruptura (CI) e a ruptura ser do tipo

    no-drenada (U), ou seja, o excesso de poropresso no dissipado nesta etapa.

    Neste caso, a vlvula do aparelho triaxial responsvel pela drenagem do corpo de

    prova deve ser fechada aps o adensamento da amostra. No adensamento isotrpico,

    as tenses nos trs eixos so iguais, ou seja, 1=2=3=c.

    A linha de estado crtico, junto com a linha de compresso isotrpica e

    superfcies de escoamento definidas pela mecnica dos solos dos estados crticos,

    formam superfcies que limitam os estados possveis de serem atingidos pelo solo. Ela

    pode ser determinada com os resultados do ensaio de adensamento e ensaios de

    compresso triaxial CIU.

    Primeiramente, necessrio encontrar o valor dos parmetros (equao 7) e

    (equao 17), a partir do ensaio de adensamento, e (equao 16), calculado com

    o ngulo de atrito interno efetivo da amostra (encontrado atravs do ensaio triaxial

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    29/112

    22

    CIU). Por definio, a linha de estado crtico obtida atravs do grfico 0 x ln(pf),

    sendo que pf encontrado a partir da seguinte equao:

    (22)

    2.7.3. Adensamento isotrpico

    Na fase de adensamento do corpo de prova utilizado no ensaio triaxial, so

    feitas leituras de variao de volume e tenses de confinamento, no entanto a

    deformao ocorre de forma diferente do ensaio de adensamento oedomtrico. A

    deformao sofrida pela amostra ocorre nas trs dimenses visto que a pelcula de

    borracha que a envolve permite que se deforme livremente, enquanto no oedomtrico

    s ocorre no eixo axial devido ao confinamento com anel metlico.

    Para o adensamento isotrpico so feitos estgios de carga com tenses pr-

    definidas e medida a variao do volume ao longo do ensaio. Para a obteno dos

    parmetros , e do modelo Cam-Clay utilizado o valor da variao volumtrica ao

    final de cada estgio.

    2.7.4. Triaxial CAU ou CK0U normalmente adensado

    A diferena entre os ensaios CIU e CAU (do ingls consolidated, anisotropicand undrained), tambm chamado de CK0U, que este apresenta uma etapa de

    adensamento anisotrpico antes da ruptura (CA), mantendo a anisotropia at o incio

    da fase de ruptura, e a ruptura ser do tipo no-drenada (U). A razo que quantifica o

    quo maior a diferena entre a tenso vertical e de confinamento dada pelo

    parmetro K0, que pode ser calculado atravs da equao:

    (23)

    O ndice K0 conhecido como coeficiente de empuxo no repouso, por isto o ensaio

    tambm chamado CK0U.

    O ensaio CAU comumente realizado porque, na maioria das situaes de

    campo, o solo encontra-se em estados de tenses anisotrpicas devido sua

    formao ou histrico de carregamento, logo este ensaio permite obter os parmetros

    de resistncia do solo nestas situaes. Deve-se enfatizar que no caso de

    adensamento anisotrpico (caso real de campo), o OCR dado por:

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    30/112

    23

    (24)

    onde vm a tenso vertical efetiva mxima histrica do material e v a tenso

    vertical efetiva atuante no material.

    No caso das argilas normalmente adensadas, o valor de K0varia em torno de

    0,5 a 0,7 (resultados de laboratrio indicam que ele tanto maior quanto maior for o

    ndice de plasticidade do solo - Sousa Pinto, 2002) e pode ser obtido atravs da

    formulao de Jaky (1944). Esta equao baseada em formulaes tericas e dados

    experimentais, e trata-se de uma funo do ngulo de atrito interno efetivo do solo (),

    obtido do ensaio CIU. Esta equao apresentada abaixo:

    (25)

    vlida para as argilas normalmente adensadas.

    No caso das argilas sobreadensadas, o coeficiente de empuxo no repouso

    maior do que nas argilas normalmente adensadas, e so to maiores quanto maior o

    OCR. Isto ocorre porque ao aliviar a carga vertical no solo, o atrito entre as partculas

    de solo impede que a tenso horizontal seja tambm aliviada, sendo assim, Mayne &

    Kulhawy (1982) reformularam a formulao de Jaky de forma a incluir este

    comportamento, apresentado abaixo:

    (26)

    onde o OCR encontrado pela equao 24.

    O valor do ngulo de atrito interno efetivo a ser utilizado nestas equaes o

    obtido pelo ensaio triaxial CIU, em seguida, o valor de K0pode ser encontrado para o

    clculo das tenses a serem utilizadas no ensaio CAU, tanto para os corpos de prova

    sobreadensados e normalmente adensados.

    Outra diferena que pode ser observada que no ensaio CIU o caminho de

    tenses parte do eixo das abscissas, isto porque no apresenta tenso de desvio

    (Figura 15a). No caso do ensaio CAU, o caminho de tenses parte de um lugar

    geomtrico do grfico conhecido como reta K0 (Figura 15b), isto porque as tenses

    vertical e horizontal no incio do caminho de tenses so correlacionados pelo

    parmetro K0. A figura abaixo apresenta a diferena entre os dois ensaios.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    31/112

    24

    Figura 15a) Caminho de tenses do ensaio CIU; b) Caminho de tenses do ensaio

    CAU

    Os valores de s e t so dados pelas seguintes equaes:

    (27)

    (28)

    2.7.5. Ensaio CAU sobreadensado

    Para esta pesquisa foram realizados quatro ensaios de compresso triaxial do

    tipo CAU para diferentes razes de sobreadensamento (OCR igual a 1,0; 1,5; 2,7 e

    4,0). Este ensaio consiste em duas fases de adensamento do corpo de prova, sendo a

    primeira fase com uma tenso vertical definida (neste caso 400kPa) e tenso

    horizontal determinada pelas seguintes equaes:

    (29)sendo 'h1a tenso horizontal utilizada na primeira fase do adensamento, 'v1a tenso

    vertical utilizada na primeira fase do adensamento (nesta pesquisa foi utilizado

    400kPa) e o parmetro K0,naencontrado a partir da equao 25.

    A segunda fase consistem em aliviar o carregamento de tal forma que o corpo

    de prova fique sobreadensado. Para isto, ao final desta fase, as tenses efetiva

    vertical e horizontal devem ser iguais a:

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    32/112

    25

    (30)

    (31)

    sendo 'h2 a tenso horizontal utilizada na segunda fase do adensamento, 'v2 atenso vertical utilizada na segunda fase do adensamento e o parmetro K 0,sa

    encontrado a partir da equao 26.

    O modelo CAM-CLAY, a partir dos resultados dos ensaios CAU

    sobreadensados, permite relacionar a resistncia no-drenada do material a ser

    utilizado nos ensaios com a tenso vertical efetiva, para uma determinada razo de

    sobreadensamento do solo (OCR). No caso de solo sobreadensado na condio

    anisotrpica a resistncia no-drenada e o OCR so correlacionados pelo mtodo deShansep atravs da seguinte equao:

    (32)

    onde Su a resistncia no-drenada do solo, K por definio o coeficiente angular da

    reta obtida no grfico Sux v0, do ensaio CAU normalmente adensado, e o parmetro

    m corresponde ao coeficiente angular da reta encontrada no grfico log(Su/v) x

    log(OCR), utilizando os dados obtidos nos ensaios triaxiais CAU sobreadensados.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    33/112

    26

    3. Material utilizado e metodologia

    Material utilizado3.1.

    3.1.1. Origem do material

    Para esta pesquisa foi escolhido o caulim por representar o comportamento

    das argilas encontradas no leito martimo. O material pertence ao lote que foi adquirido

    para o projeto de modelagem fsica de interao solo-estrutura do Laboratrio de

    Geotecnia da COPPE. O material se apresenta seco e ilustrado naFigura 16.

    Figura 16 - Amostra de caulim antes da mistura

    3.1.2. Caracterizao

    O solo utilizado foi submetido aos seguintes ensaios de caracterizao no

    Laboratrio de Caracterizao da COPPE, so eles: o ensaio de granulometria (Figura

    17 e Tabela 1), limites de Atterberg (Tabela 2) e densidade real dos gros. Os

    resultados so apresentados a seguir:

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    34/112

    27

    Figura 17 - Curva granulomtrica da amostra de caulim

    Tabela 1 - Composio granulomtrica da amostra

    Segundo a NBR7181 (1984), este solo classificado como uma argila siltosa.

    Tabela 2 - Resultado dos ensaios de Limites de Atterberg

    A densidade real dos gros (Gs) obtida para o caulim foi de 2,567.

    Preparo das amostras3.2.

    Como a amostra um material industrializado, esta vem seca e por isso teve

    que ser misturada com gua deaerada no misturador da COPPE, ilustrado naFigura

    18. Todos os ensaios foram realizados com o caulim preparado com uma umidade

    Fina Mdia Grossa

    0 0 0

    Composio Granulomtrica ( % ) ( Escala ABNT )

    07723

    PedregulhoAreia

    SilteArgila

    AmostraLimite de

    Liquidez (%)

    Limite de

    Plasticidade (%)

    ndice de

    plasticidade (%)CAULIM (605-325) 54,0% 20,0% 34,0%

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    35/112

    28

    igual a uma vez e meia o Limite de Liquidez, que para esta amostra de caulim igual a

    81%, para que o material tenha uma boa trabalhabilidade, conforme utilizado no

    projeto de interao solo-estrutura do Laboratrio de Geotecnia da COPPE. Aps cada

    mistura, so realizados ensaios de umidade para comprovar a umidade do material.

    Figura 18 - Misturador de solo do Laboratrio de Geotecnia da COPPE

    ATabela 3 apresenta as quantidades tpicas utilizadas no preparo de amostras

    deste trabalho.

    Tabela 3 - Quantidades tpicas utilizadas para preparao de amostras

    O material ao ser misturado apresenta uma consistncia fluida, impossibilitando

    a moldagem de corpos de prova para os ensaios de adensamento oedomtrico e

    triaxiais. Como soluo, aps o preparo da amostra, esta preparada no equipamento

    chamado consolidmetro, ilustrado naFigura 19.

    Caulim (kg) gua deaerada (kg)5,500 4,455

    Mistura tpica utilizada

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    36/112

    29

    Figura 19 - Consolidmetro da COPPE

    A caixa preparada com uma placa drenante e uma folha de papel filtro no

    fundo, para permitir a drenagem na face inferior, e aplica-se fluido lubrificante nas

    faces laterais da caixa para diminuir o atrito lateral. Aps o preparo, a caixa

    preenchida com o solo em grumos at uma altura de aproximadamente 19cm, altura

    estimada para que ao final do processo de adensamento a amostra tenha altura

    suficiente que permita moldar os corpos de prova para o ensaio triaxial. Em seguida,

    colocada mais uma folha de papel filtro na face superior e posicionada a placa de ao

    que ir transmitir a carga do pisto para o solo, conforme ilustrado naFigura 20.

    A tcnica de grumos consiste em compor a amostra de solo a partir de

    pequenos pedaos (grumos) que so cuidadosamente dispostos no interior da caixa,

    com uma colher, at que se forme uma camada. Busca-se criar camadas com grumos

    de mesmas dimenses para dar maior uniformidade amostra e a execuo por

    apenas uma pessoa, para que haja uma repetibilidade nas caractersticas do material.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    37/112

    30

    A colocao dos grumos insere macro-vazios entre eles, alm dos vazios existentes

    na estrutura do solo, fazendo com que o adensamento tenha uma fase inicial

    associada com rpidos recalques devidos rpida reduo dos macro-vazios

    existentes entre os grumos, seguida de adensamento convencional da camada de

    argila.

    Figura 20 - Caixa com o pisto posicionado

    Ao trmino do preparo, a caixa levada ao consolidmetro para que sejam

    aplicadas as cargas. O carregamento aplicado atravs de um pisto que possui uma

    clula de carga que mede a fora transferida para a placa de ao, esta etapa dividida

    em cinco estgios: 6,25kPa, 12,5kPa, 25kPa, 50kPa e 80kPa. Assim, a amostra deve

    apresentar uma tenso de pr-adensamento de aproximadamente 80kPa, isto porque

    parte da fora transferida para as laterais da caixa por atrito.

    Cada etapa de carregamento dura 15 (quinze) horas e so programados no

    consolidmetro no modo semiautomtico, isto , so programados no incio do ensaio,

    conforme apresentado naFigura 23.O perodo de 15 (quinze) horas foi determinado

    atravs de ensaios testes, neles foi observado que houve a estabilizao dos

    recalques aps este perodo. As leituras de carregamento e deformao vertical so

    tomadas de forma contnua eletronicamente pelo equipamento. A seguir so

    apresentados naFigura 21 eFigura 22 os grficos de presso x tempo e recalque x

    tempo tpico das amostras de caulim adensadas no consolidmetro, respectivamente,

    e naFigura 23 a configurao do consolidmetro.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    38/112

    31

    Figura 21 - Grfico de Presso x Tempo aplicado no consolidmetro

    Figura 22 - Grfico de Recalque x Tempo da amostra no consolidmetro

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    39/112

    32

    Figura 23 - Monitor do consolidmetro: a) dados da caixa; b) e c) estgios de carga

    Preparo dos corpos de prova para ensaios de laboratrio3.3.

    Terminado a fase de preparao das amostras, a caixa retirada do

    consolidmetro para proceder remoo da amostra de seu interior. As laterais da

    caixa so removidas para a extrao do bloco de solo com boa consistncia para a

    retirada de corpos de prova do ensaio de adensamento oedomtrico e moldar os

    corpos de prova do ensaio triaxial. Cada caixa preparada permite a remoo de quatro

    a)

    b)

    c)

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    40/112

    33

    corpos de prova para os ensaios triaxiais e at trs para o ensaio de adensamento

    oedomtrico.

    Para ensaios de adensamento, cravado um anel metlico de 3cm de altura e

    aproximadamente 7cm de dimetro, para em seguida remover o material no entorno eo excesso da face superior e inferior (ilustrado naFigura 24). Resultando em um corpo

    de prova igual ao mostrado naFigura 25.

    Figura 24Moldagem do corpo de prova para o adensamento oedomtrico

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    41/112

    34

    Figura 25 - Corpo de prova de adensamento oedomtrico ao final da moldagem

    Para a moldagem de corpos de prova do ensaio de adensamento isotrpico e

    de compresso triaxiais, o bloco de solo dividido em quatro partes iguais (Figura 26)

    e colocado no moldador, ilustrado na Figura 27, para ser moldado em formato

    cilndrico de altura igual a 10cm e dimetro igual a 5cm.

    Figura 26 - Bloco de solo extrado e partido

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    42/112

    35

    Figura 27 - Moldagem de corpos de prova de adensamento isotrpico e triaxial

    Aps a moldagem, todos os corpos de prova so pesados, embalados em saco

    plstico e armazenados na cmara mida para evitar a perda de gua; tambm so

    feitos ensaios de umidade com o material que sobra para utilizar no tratamento dos

    dados dos ensaios.

    Foram elaboradas 5 amostras no consolidmetro, sendo o destino de cada

    uma apresentado naTabela 4.

    Tabela 4 - Quadro de amostras preparadas durante a pesquisa

    Amostras Corpos de prova Ensaios realizados

    Amostra 1Am1-CP1, Am1-CP2, Am1-CP3 e Am1-CP4 Triaxial CIU

    Am1-CP5 e Am1-CP6 Adensamentooedomtrico

    Amostra 2 Am2-CP1, Am2-CP2, Am2-CP3 e Am2-CP4Triaxial CAUnormalmente

    adensado

    Amostra 3 Am3-CP1, Am3-CP2, Am3-CP3 e Am3-CP4Triaxial CAU

    sobreadensado(Srie 1)

    Amostra 4 Am4-CP1, Am4-CP2, Am4-CP3 e Am4-CP4Triaxial CAU

    sobreadensado(Srie 2)

    Amostra 5 Am5-CP1Adensamento

    isotrpico

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    43/112

    36

    Ensaios de adensamento oedomtrico3.4.

    Aps extrados os corpos de prova conforme mencionado no item anterior,

    estes so posicionados na base de acrlico conforme mostrado naFigura 28.

    Figura 28 - Amostra na base de acrlico

    Em seguida colocado o top cap (pea que transfere a carga da prensa para aamostra) para em seguida deixar a amostra imersa, conformeFigura 29.

    Figura 29 - Colocao do top cap e inundao da amostra

    top cap

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    44/112

    37

    Aps seu preparo, a amostra levada prensa onde sero aplicadas as

    presses do ensaio. Para este trabalho, foram feitos dois corpos de prova utilizando os

    seguintes estgios de carga: 1,34kPa, 3,125kPa, 6,25kPa, 12,5kPa, 25kPa, 50kPa,

    100kPa, 200kPa, 400kPa e 800kPa, seguido de descarregamento para 200kPa e

    50kPa, sendo que os dois primeiros estgios de carga so chamados de

    assentamento, pois a aplicao de cargas maiores nos primeiros estgios pode

    provocar a perda de material.

    Esta presso imposta atravs da colocao de pesos na extremidade da

    prensa oposta da amostra (indicado na Figura 30), que so calculados de acordo

    com a rea da amostra e o brao de alavanca da prensa, variando para cada

    equipamento. As leituras das deformaes verticais so feitas no extensmetro

    (indicado naFigura 30)acoplado na prensa e so tomadas nos seguintes intervalos detempo em minutos: 0; 0,1; 0,25; 0,5; 1; 2; 4; 8; 15; 30; 60; 120 e 1440. Seguindo o

    descrito na norma NBR 12007 1990 que regula a metodologia do ensaio de

    adensamento unidimensional

    Figura 30 - Prensa com local para os pesos e o extensmetro indicados

    Ensaio de adensamento isotrpico3.5.

    Aps a moldagem do corpo de prova, este posicionado na base da cmara

    com uma pedra porosa e papel filtro (Figura 31). Em seguida, com o corpo de prova

    pesosextensmetro

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    45/112

    38

    posicionado, colocada uma folha circular de papel filtro e outra pedra porosa no topo

    do corpo de prova e tiras de papel filtro em seu entorno (Figura 32).

    Figura 31Base preparada para receber o corpo de prova

    Pedra porosa

    Papel filtro

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    46/112

    39

    Figura 32Colocao do papel filtro

    Colocado o papel filtro, posicionado o top cap e colocada a membrana de

    ltex envolta do corpo de prova (Figura 33), para enfim fechar a cmara acrlica,

    posicionar o pisto e encher a cmara com gua (Figura 34).

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    47/112

    40

    Figura 33Corpo de prova com top cap e membrana de ltex

    Figura 34Corpo de prova confinado na cmara de acrlico

    A seguir, a cmara posicionada no equipamento para dar incio ao ensaio.

    Este ensaio consiste em adensar o corpo de prova sob tenses isotrpicas (tenses

    Top cap

    Pisto

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    48/112

    41

    vertical e confinante iguais) em estgios. Neste trabalho foram feitos estgios de

    carregamento e descarregamento conforme Tabela 5, sendo que cada estgio teve

    uma durao de trs horas e o descarregamento foi feito para a obteno do

    parmetro .

    Tabela 5Estgios de carga do adensamento isotrpico

    Estgio decarga

    Tipo'v

    (kPa)c(kPa)

    1 Carregamento 50,0 50,02 Carregamento 100,0 100,03 Carregamento 200,0 200,04 Descarregamento 100,0 100,05 Carregamento 200,0 200,06 Carregamento 400,0 400,0

    A metodologia de preparo do corpo de prova para colocao no equipamento

    deste ensaio o mesmo que o realizado para os ensaios CIU, CAU normalmente

    adensado e CAU sobreadensado, variando apenas a aplicao das cargas aps o

    preparo.

    Ensaio de compresso triaxial CIU3.6.O ensaio CIU composto por trs fases: saturao, adensamento isotrpico e

    ruptura. O processo de saturao foi previamente descrito no item 2.7.1. O

    adensamento feito de forma similar ao ensaio de adensamento isotrpico, no entanto

    no so feitos estgios de carga, apenas aplicada a tenso efetiva vertical e

    confinante do ensaio. Este trabalho apresenta quatro ensaios CIU, com tenses de

    adensamento apresentados naTabela 6.Estas tenses so mantidas at o comeo

    da fase de ruptura.

    Tabela 6Tenses de adensamento para cada corpo de prova do ensaio CIU

    EnsaioCorpo de

    provav(kPa) c(kPa)

    CIU

    Am1-CP1 100 100Am1-CP2 200 200Am1-CP3 300 300Am1-CP4 400 400

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    49/112

    42

    A fase de ruptura foi previamente descrita no item2.7.1.

    Ensaio de compresso triaxial CAU normalmente3.7.

    adensado

    O ensaio CAU normalmente adensado composto por trs fases: saturao,

    adensamento anisotrpico e ruptura. O processo de saturao foi previamente descrito

    no item 2.7.1.A fase de adensamento anisotrpico feito atravs da aplicao de

    tenses verticais efetivas maiores do que a tenso confinante efetiva e, neste trabalho,

    a tenso confinante efetiva foi calculada de acordo com o K0,na, dado pela equao 25,

    e seus valores so apresentados na Tabela 7. Estas tenses so mantidas at o

    comeo da fase de ruptura.

    Tabela 7 - Tenses de adensamento para cada corpo de prova do ensaio CAU

    normalmente adensado

    EnsaioCorpo de

    provaK0,na

    'v(kPa)

    c= K0,na.'v(kPa)

    d(kPa)

    CAUna

    Am2-CP1 0,485 100,0 48,5 51,5Am2-CP2 0,485 200,0 97,0 103,0Am2-CP3 0,485 300,0 145,5 154,5

    Am2-CP4 0,485 400,0 194,0 206,0

    A fase de ruptura foi previamente descrita no item2.7.1.

    Ensaio de compresso triaxial CAU sobreadensado3.8.

    O ensaio CAU normalmente adensado composto por trs fases: saturao,

    adensamento anisotrpico e ruptura. O processo de saturao foi previamente descrito

    no item 2.7.1. A fase de adensamento anisotrpico feito em duas partes:adensamento anisotrpico normalmente adensado e adensamento anisotrpico

    sobreadensado. Na primeira parte todos os corpos de prova so preparados com as

    tenses apresentadas naTabela 8.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    50/112

    43

    Tabela 8Tenses da primeira parte do adensamento anisotrpico

    Parte 1 do adensamento anisotrpico

    EnsaioCorpo de

    provaK0,na

    'v0(kPa)

    c0(kPa)

    CAUsa

    Am2-CP1 0,485 400,0 194,0Am2-CP2 0,485 400,0 194,0Am2-CP3 0,485 400,0 194,0Am2-CP4 0,485 400,0 194,0

    Quando houver a total dissipao do excesso de poropresso e estabilizao

    das deformaes do corpo de prova, d-se incio ao adensamento anisotrpico

    sobreadensado. Nesta parte, as tenses verticais so aliviadas para se obter o OCR

    do corpo de prova e as tenses confinantes calculadas com o K0,sa, dado pela equao

    26. ATabela 9 apresenta um resumo das tenses da segunda parte do adensamento.

    Tabela 9Tenses da segunda parte do adensamento anisotrpico

    Parte 2 do adensamento anisotrpico

    EnsaioCorpo de

    provaOCR K0,sa

    'v= 'v0/OCR(kPa)

    'c= K0,sa.'v(kPa)

    d(kPa)

    CAU sa

    Am2-CP1 1,0 0,485 400,0 194,0 206,0

    Am2-CP2 1,5 0,598 266,7 159,4 107,3Am2-CP3 2,7 0,809 148,1 119,8 28,3Am2-CP4 4,0 0,990 100,0 99,0 1,0

    Aps a dissipao do excesso de poropresso e estabilizao das

    deformaes, d-se incio fase de ruptura que foi previamente descrita no item2.7.1.

    Modelagem fsica em centrfuga3.9.

    A modelagem centrfuga possibilita a anlise de problemas reais atravs de

    modelos reduzidos que utilizam o solo do local a ser estudado. Estes modelos podem

    ser acelerados na centrfuga geotcnica de modo a serem submetidos uma

    acelerao radial que simula a acelerao da gravidade, no entanto com um fator de

    escala N (N vezes maior que a acelerao da gravidade terrestre). Algumas das

    principais vantagens de sua utilizao so a reduo do tempo de adensamento e das

    dimenses dos modelos. ATabela 10 apresenta os parmetros e a relao de escala

    da centrfuga.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    51/112

    44

    Tabela 10Relao de escala de ensaios centrfugos

    ParmetroRelao

    de escalaGravidade N

    Comprimento 1/NDensidade 1

    Massa 1/NTenso 1

    Deformao 1Fora 1/N

    Momento fletor 1/NTempo (difuso) 1/N

    Tempo (relaxao) 1

    3.9.1. Ensaio T-bar

    Stewart e Randolph (1991) desenvolveram uma ferramenta denominada de

    Penetrmetro barra T (T-bar), que fornece um perfil contnuo de resistncia do solo. A

    Figura 35 apresenta uma foto do mini-T-bar que utilizado em ensaios na centrfuga

    geotcnica.

    Figura 35a) T-bar com clula de carga; b) dimenses do T-bar

    O ensaio T-bar realizado para avaliar o perfil de resistncia do solo da

    amostra onde sero realizados outros ensaios. Os ensaios T-bar so conduzidos

    atravs de duas fases distintas: adensamento e penetrao da barra.

    Clula decarga

    a)b)

    Penetrmetro

    barra T (T-bar)

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    52/112

    45

    Na primeira fase, a amostra da preparada de forma semelhante dos outros

    ensaios. Sua mistura feita com o misturador apresentado na Figura 18, com a

    mesma umidade de preparo (81%). No entanto, no h o preparo no consolidmetro, o

    resultado da mistura posto na caixa da centrfuga, tambm pela tcnica de grumos, e

    adensado na centrfuga geotcnica com uma placa metlica de 18mm de espessura

    exercendo uma sobrecarga. Esta caixa levada ao interior da centrfuga e gira com

    uma rotao que gera uma acelerao radial de 100G (cem vezes a gravidade

    terrestre). A seguir encontra-se aFigura 36 com um raio-x da centrfuga.

    Figura 36Esquema da caixa no interior da centrfuga

    Na fase de adensamento realizado o monitoramento dos valores de

    poropresso e leituras de variao de altura da amostra. Este controle permite estimar

    o tempo para o trmino do adensamento e a dimenso do recalque total ocorrido no

    solo ao final do adensamento.

    Na segunda fase realizada a penetrao da barra no solo, com a amostra

    submetida a valores de 33G. A barra cilndrica empurrada contra o solo e a foranecessria penetrao medida atravs de uma clula de carga, posicionada acima

    da barra horizontal. A obteno de Sua partir da barra T feita por meio da equao

    de Stewart e Randalf (apudFagundes et al., 2012):

    (33)

    Caixa

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    53/112

    46

    onde Fv a fora vertical medida na clula de carga durante a cravao do T-bar; dT-bar

    e L so o dimetro (5mm) e o comprimento (22mm) do T-bar e Nb o fator do T-bar

    (igual a 10,5).

    A seguir, apresentada aFigura 37 que representa as tenses no solo quandoa amostra submetida 33G e 100G, com e sem sobrecarga, para facilitar o

    entendimento da diferena das tenses no adensamento e penetrao da barra T.

    Figura 37Grfico de profundidade x tenso vertical tpico do ensaio T-bar

    Esta diferena entre as declividades da reta 33G e 100G se d pelas

    diferentes aceleraes que so impostas na centrfuga, j as retas 100G so

    paralelas devido mesma acelerao.

    -100

    -90

    -80

    -70

    -60

    -50

    -40

    -30

    -20

    -10

    0

    0 20 40 60 80 100 120 140 160

    Profundidade

    Tenso vertical efetiva no solo

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    54/112

    47

    4. Resultados

    Este captulo dedica-se a apresentar os dados dos ensaios realizados e os

    parmetros do modelo Cam-Clay do solo fabricado obtidos a partir deles.

    Ensaios de adensamento4.1.

    Nesta pesquisa foram preparados dois corpos de prova para a execuo de

    ensaios de adensamento oedomtrico e um para o ensaio de adensamento isotrpico,

    a fim de obter os parmetros de compressibilidade e parmetros do Cam-Clay ( e ) a

    partir das curvas de adensamento.

    4.1.1. Ensaio de adensamento oedomtrico

    Os valores de e podem ser obtidos a partir dos valores de Cc e Cs, tirados

    da curva de adensamento oedomtrico plotado no grfico e x v em escala

    logartmica, atravs das equaes 17 e 18. As curvas encontradas para os corpos de

    prova so apresentados abaixo naFigura 38.

    Figura 38 - Grfico de adensamento oedomtrico

    0,70

    0,80

    0,90

    1,00

    1,10

    1,20

    1,30

    1 10 100 1000

    Ind

    icedevazios(e)

    Tenso vertical (kPa)

    Tenso vertical x Indice de vazios

    Am1-CP5Am1-CP6

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    55/112

    48

    Foi calculada a tenso de pr-adensamento para estas amostras utilizando o

    mtodo de Pacheco Silva (Sousa Pinto, 2002), resultando em 51,0kPa para o corpo de

    prova AM1-CP5 e 52,2kPa para AM1-CP6. A amostra apresentou uma tenso de pr-

    adensamento mdia de 51,6kPa; este valor menor do que a tenso aplicada pelo

    consolidmetro, entretanto este comportamento era esperado devido ao atrito nas

    paredes internas da caixa utilizada.

    A partir das curvas daFigura 38,foram calculados os valores de Cc atravs de

    regresso linear dos trechos da reta virgem. Para o clculo, foram considerados os

    resultados para as tenses superiores de pr-adensamento e prximos das tenses

    que foram utilizados no ensaio de adensamento isotrpico.

    O parmetro Cc, equivale ao coeficiente angular da reta de compresso

    virgem, foi encontrado para ambos os corpos de prova, resultando nos valores 0,245 e

    0,250 para os corpos de prova 5 e 6, respectivamente, apresentados naFigura 39.

    Ambos apresentaram o coeficiente de correlao (R) de 0,999.

    Figura 39Regresso linear para determinao do parmetro Cc

    y = -0,245x + 1,444R = 0,999

    y = -0,250x + 1,502R = 0,999

    0,70

    0,75

    0,80

    0,85

    0,90

    0,95

    1,00

    1,05

    1,10

    1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

    Indicedevazios(e)

    Logartmo da tenso vertical

    Logartmo da tenso vertical x Indice de vazios

    Am1-CP5

    Am1-CP6

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    56/112

    49

    Os valores de Cs foram obtidos atravs de regresso linear da reta de

    descompresso dos ensaios apresentados naFigura 38.O parmetro Cs equivale ao

    coeficiente angular da reta de descompresso, foram encontrados o valor 0,033 para

    os corpos de prova 5 e 6, apresentados naFigura 40.A regresso linear apresentou o

    coeficiente de correlao de 0,99 para ambos corpos de prova.

    Figura 40Regresso linear para determinao do parmetro Cs

    Abaixo se encontra aTabela 11,nela so apresentados os resultados incluindo

    os parmetros e calculados utilizando as equaes 17 e 18.

    Tabela 11 - Resultados dos ensaios de adensamento oedomtrico

    Amostra'vm

    (kPa)Cc Cs Cs/Cc

    Am1-CP5 51,0 0,245 0,033 0,137 0,106 0,015 0,86

    Am1-CP6 52,2 0,250 0,033 0,131 0,108 0,014 0,87

    Foi possvel obter o valor do parmetro N1D (volume especfico tenso

    unitria do adensamento oedomtrico) atravs da funo da regresso linear dos

    y = -0,033x + 0,818

    y = -0,033x + 0,860R = 0,990

    0,71

    0,72

    0,73

    0,74

    0,75

    0,76

    0,77

    0,78

    0,79

    0,80

    0,81

    0,82

    1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

    Indicedevazios(e

    )

    Logartmo da tenso vertical

    Logartmo da tenso vertical x Indice de vazios

    Am1-CP5

    Am1-CP6

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    57/112

    50

    resultados dos ensaios plotados no espao x ln(p), igualando x zero (ln1 = 0). A

    regresso linear encontra-se na Figura 41 e os resultados esto apresentados na

    Tabela 12.

    Figura 41Regresso linear dos resultados do adensamento oedomtrico no espao

    x ln(p)

    Tabela 12- Resultados de N1Dpara os ensaios de adensamento isotrpico e

    oedomtrico

    Amostra N1D

    Am1-CP5 2,444Am1-CP6 2,502

    Foram calculados os valores do coeficiente de adensamento cv para cada

    estgio de carregamento, pelo mtodo de Taylor. Seu valores esto apresentados

    abaixo naTabela 13.

    y = -0,245x + 2,444R = 0,999

    y = -0,250x + 2,502R = 0,999

    1,75

    1,80

    1,85

    1,90

    1,95

    2,00

    2,05

    1,5 2,0 2,5 3,0

    Volumeespecfico

    Logartmo da tenso vertical

    Logartmo da tenso vertical x volume especfico

    Am1-CP5

    Am1-CP6

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    58/112

    51

    Tabela 13Valores de cvpara o ensaio de adensamento oedomtrico

    Corpo deprova

    'v(kPa) cv(m/s)

    Am1-CP5

    6,25 9,90E-0712,5 2,23E-0625,0 1,71E-0650,0 2,22E-06

    100,0 1,95E-06200,0 2,60E-06400,0 2,90E-06800,0 3,57E-06

    Am1-CP6

    6,25 8,63E-0712,5 1,40E-0625,0 3,97E-0650,0 5,58E-06100,0 2,76E-06200,0 2,39E-06400,0 2,89E-06800,0 4,05E-06

    Os resultados do CP5 e CP6 apresentam-se prximos entre si, com exceo

    dos carregamentos de 12,5kPa, 25kPa e 50kPa. Os grficos de deslocamento vertical

    x raiz do tempo so apresentados noANEXO 3 daFigura 72 Figura 87.

    4.1.2. Ensaio de adensamento isotrpico

    Neste ensaio foi moldado um corpo de prova para a obteno dos parmetros

    e , obtido a partir da curva x ln p. O parmetro corresponde inclinao da reta

    de compresso virgem da amostra, ou seja, seu coeficiente angular. A Figura 42

    apresenta os resultados obtidos.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    59/112

    52

    Figura 42Grfico de adensamento isotrpico

    Para o trecho de compresso, foi feita a regresso linear dos pontos obtidospara determinar o valor de . Contudo foi necessrio executar o tratamento dos dados,

    obtendo os valores de a partir do ndice de vazios utilizando a equao 3, alm do

    clculo do logaritmo natural de p'. O parmetro encontrado neste ensaio foi de 0,089

    com um coeficiente de correlao 0,997, a regresso linear apresentada a seguir na

    Figura 43.

    0,80

    0,85

    0,90

    0,95

    1,00

    1,05

    1,10

    10 100 1000

    IndicedeVazios(e)

    Tenso (kPa)

    Tenso vertical x ndice de Vazios

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    60/112

    53

    Figura 43 - Trecho da reta de compresso no ensaio de adensamento isotrpico

    Foi possvel obter o valor do parmetro N (volume especfico tenso unitria

    do adensamento isotrpico) atravs da funo da regresso linear dos resultados dos

    ensaios plotados naFigura 43,igualando x zero (ln1 = 0), resultando num valor igual

    a 2,392.

    Em seguida, foi realizada a regresso linear do trecho de descompresso com

    os pontos obtidos a fim de obter o valor de . O mesmo tratamento dos dados utilizado

    na determinao do ndice foi utilizado. O parmetro encontrado neste ensaio foi

    de 0,016, a regresso linear apresentada abaixo naFigura 44.

    y = -0,089x + 2,392R = 0,997

    1,80

    1,82

    1,84

    1,86

    1,88

    1,90

    1,92

    1,94

    1,96

    1,98

    2,00

    4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

    Volumeespecfico

    ()

    ln p'

    AdensamentoIsotrpico

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    61/112

    54

    Figura 44 - Reta de descompresso do ensaio de adensamento isotrpico

    Abaixo se encontra aTabela 14 com os resultados do ensaio de adensamento

    isotrpico e o parmetro calculadoa partir da equao 19.

    Tabela 14 - Resultados dos ensaios de adensamento isotrpico

    Amostra e0 N

    Am4-CP1 1,173 2,392 0,089 0,016 0,82

    Tambm foi obtido o valor do parmetro a partir da equao 7, utilizando o

    valor de encontrado no ensaio de adensamento isotrpico. Neste caso, igual a

    2,320.

    Ensaios Triaxiais4.2.

    4.2.1. Ensaios triaxiais CIU

    Nesta pesquisa foram realizados quatro ensaios CIU, cada um com uma

    tenso diferente, a fim de obter a envoltria de resistncia no estado crtico, aTabela

    15 apresenta os corpos de prova e tenses utilizadas.

    y = -0,016x + 2,004

    1,90

    1,91

    1,92

    1,93

    1,94

    4,5 4,6 4,7 4,8 4,9 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4

    Volumeespecfico

    ()

    ln p'

    AdensamentoIsotrpico

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    62/112

    55

    Tabela 15Tenses confinantes usadas nos ensaios de compresso triaxial CIU

    TipoCorpo de

    provav

    (kPa)c

    (kPa)d

    (kPa)

    CIU

    Am1-CP1 100,0 100,0 0,0

    Am1-CP2 200,0 200,0 0,0Am1-CP3 300,0 300,0 0,0

    Am1-CP4 400,0 400,0 0,0

    Nestes ensaios, por serem isotrpicos, a tenso vertical aplicada igual

    tenso confinante (K0=1) e, pelo fato dos corpos de prova serem normalmente

    adensados, o OCR igual 1,0.

    Os ensaios CIU resultaram nos caminhos de tenso apresentados naFigura45.

    Figura 45Caminhos de tenso dos ensaios CIU

    Os valores de Su so apresentados na Tabela 16 e as curvas de tenso x

    deformao, poropresso x deformao, 1/3 x deformao e parmetro A x

    deformaoso apresentados daFigura 57 Figura 60,respectivamente, presentes

    noANEXO 1.

    y = 0,5151x

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    450

    0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

    q(kPa)

    p' ( kPa )

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    63/112

    56

    Tabela 16 - Valores de Suencontrados nos ensaios CIU

    Corpo deprova

    Su(kPa)

    Su/'c

    Am1-CP1 81,8 0,818Am1-CP2 126,2 0,631Am1-CP3 167,3 0,558Am1-CP4 210,2 0,526

    Neste caso, como a linha de tendncia dos pontos que compe a envoltria de

    resistncia no estado crtico geravam uma coeso efetiva (c) negativa, esta foi forada

    a passar pela origem resultando em um ngulo de atrito interno efetivo ('cs) de 31,0,

    que foi encontrado a partir do coeficiente angular () da envoltria de resistncia no

    estado crtico daFigura 45.Sendo 0,5151 o coeficiente angular, foi obtido o valor de

    31,0 a partir da seguinte equao:

    (34)

    Conforme descrito no item2.5,o parmetro uma funo do ngulo de atrito

    interno efetivo do solo, e definido pela equao 16. Nesta equao foi utilizado o

    valor de csencontrado nos ensaios CIU (31,0) e o valor encontrado foi 1,244.

    Comparando os resultados experimentais com a equao 20, tem-se para o

    modelo Cam-Clay os valores de Su/p'conforme apresentado naTabela 17.

    Tabela 17Valores de Su/p' para o modelo Cam-Clay

    EnsaioCorpo de

    prova M Su/p'

    OedomtricoAm1-CP5 0,106 0,015 0,86

    1,2440,262

    Am1-CP6 0,108 0,014 0,87 0,261

    Isotrpico Am5-CP1 0,089 0,016 0,82 0,274

    Comparando os resultados experimentais com a equao 21, tem-se para o

    modelo Cam-Clay modificado os valores de Su/p'conforme apresentado na

    Tabela 18.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    64/112

    57

    Tabela 18Valores de Su/p' para o modelo Cam-Clay modificado

    EnsaioCorpo de

    prova M Su/p'

    OedomtricoAm1-CP5 0,106 0,015 0,86

    1,2440,342

    Am1-CP6 0,108 0,014 0,87 0,341Isotrpico Am5-CP1 0,089 0,016 0,82 0,352

    Os valores de Su/'c encontrados (0,8 < Su/'c < 0,6) so considerados

    altos, tendo em vista que os valores deveriam variar entre 0,261 e 0,352, que

    foram os valores encontrados nas equaes 20 e 21. Estes resultados indicam

    um comportamento atpico para este material.

    A partir dos dados dos ensaios triaxiais CIU, foi possvel determinar o mdulo

    de elasticidade de Young e o mdulo cisalhante. Visto que os ensaios CIU so do tipo

    no-drenado, o mdulo de elasticidade , por definio, o mdulo de elasticidade no-

    drenado (Eu). Este encontrado atravs da razo entre tenso desviadora e

    deformao especfica, que so obtidos atravs da prensa automtica. Para esta

    pesquisa foi determinado o mdulo de elasticidade secante correspondente a 50% da

    tenso desviadora mxima (Eu50).

    Calculado o valor de Eu, pode-se definir o valor de Guatravs da equao 11,

    considerando o coeficiente de Poisson do material igual a 0,50. Este valor de pode

    ser obtido a partir da Teoria da Elasticidade, visto que no ensaio CIU no h variao

    de volume por ser do tipo no-drenado. A Tabela 19 apresenta os resultados

    encontrados para estes ensaios.

    Tabela 19 - Valores de Eue G em MPa

    Corpo deprova

    Eu(MPa)

    Gu(MPa)

    Am1-CP1 0,877 0,293

    Am1-CP2 2,839 0,946

    Am1-CP3 3,544 1,181

    Am1-CP4 6,476 2,159

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    65/112

    58

    Este conjunto de ensaios foi necessrio para a determinao do coeficiente de

    empuxo no repouso no estado normalmente adensado (K0,na), atravs da formulao

    de Jaky (1944), apresentada no item 2.7.4 (equao 25). Neste caso foi encontrado

    um K0,naigual a 0,485; que foi utilizado nos ensaios apresentados a seguir.

    4.2.2. Ensaios triaxiais CAU normalmente adensados (srie 1

    K0,na= 0,485)

    Com o valor de K0,na encontrado no item anterior, foi possvel determinar as

    tenses a serem utilizadas para os ensaios CAU normalmente adensado. As tenses

    verticais utilizadas foram iguais s do ensaio CIU, no entanto as tenses de

    confinamento foram determinadas pela multiplicao da tenso vertical efetiva pelo

    parmetro K0,na. As tenses utilizadas so apresentadas naTabela 20.

    Tabela 20 - Caractersticas dos ensaios CAU normalmente adensados

    TipoCorpo de

    provaK0

    'v(kPa)

    c(kPa)

    d(kPa)

    CAU n.a.

    Am2-CP1 0,485 100,0 48,5 51,5

    Am2-CP2 0,485 200,0 97,0 103,0

    Am2-CP3 0,485 300,0 145,5 154,5

    Am2-CP4 0,485 400,0 194,0 206,0

    Os ensaios resultaram nos caminhos de tenso apresentados naFigura 46.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    66/112

    59

    Figura 46 - Envoltria de ruptura do ensaio CAU normalmente adensado

    Neste caso, como a linha de tendncia dos pontos que compe a envoltria de

    resistncia no estado crtico geravam uma coeso efetiva (c) negativa, esta foi forada

    a passar pela origem resultando em um ngulo de atrito interno efetivo no estado

    crtico ('cs) para a condio anisotrpica encontrado da mesma forma que a do ensaio

    CIU. Sendo 0,4134 o coeficiente angular, foi obtido o valor de 24,4 para 'csa partir

    da equao 34, apresentada no item anterior. Como os ngulos de atrito encontrados

    no CIU e CAU foram discrepantes, foram realizadas duas sries do ensaio CAU

    sobreadensado, a fim de poder analisar a diferena entre os resultados.

    A Tabela 21 apresenta os dados obtidos dos ensaios CAU normalmente

    adensados e as curvas de tenso x deformao, poropresso x deformao, 1/3x

    deformao e parmetro A x deformaoso apresentados daFigura 61 Figura

    64 noANEXO 1.

    y = 0,4134x

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    400

    0 50 100 150 200 250 300 350 400

    q(kPa)

    p' ( kPa )

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    67/112

    60

    Tabela 21 - Resultados do ensaio CAU normalmente adensado

    Corpo deprova

    Su(kPa)

    'v(kPa)

    Su/'v

    Am2-CP 1 38,98 100 0,390*

    Am2-CP 2 68,81 200 0,344Am2-CP 3 99,04 300 0,330

    Am2-CP 4 132,84 400 0,332

    Mdia 0,335

    * valor fora do padro, no entrou no clculo da mdia.

    Os resultados apresentados naTabela 21 permitem a obteno do valor de K

    utilizando a equao 32. Como nos ensaios CAU normalmente adensados o OCR

    igual a um, esta equao pode ser reduzida para

    Logo, o valor mdio de K para os ensaios foi de 0,335.

    4.2.3. Triaxiais CAU Sobreadensados (srie 1K0,na= 0,485)

    Devido discrepncia encontrada entre os ngulos de atrito encontrados no

    CIU e CAU normalmente adensado, optou-se por fazer duas sries de ensaios, uma

    com os parmetros K0,na e K0,sacalculados com 'cs igual a 31,0 e outra igual a

    24,4. A execuo de suas sries de ensaios permite observar se esta diferena entre

    valores de 'csir influenciar no resultado dos ensaios CAU sobreadensados.

    Ao final dos ensaios CAU normalmente adensados, deu-se incio aos

    sobreadensados da primeira srie, utilizando o ngulo de atrito interno efetivo obtido

    no ensaio CIU (31,0) para o clculo dos coeficientes de empuxo k 0,nae k0,sa. Nestes

    casos foram escolhidos quatro razes de sobreadensamento a serem aplicadas nas

    amostras variando entre 1,0 e 4,0. Todos os corpos de prova foram submetidos

    tenso vertical mxima no adensamento igual a 400kPa e tenso de confinamento

    mxima igual a 194,0kPa na primeira parte do adensamento anisotrpico, para em

    seguida serem reduzidas para alcanar os valores de OCR determinados (com

    exceo do corpo de prova 1 onde o valor 1,0) na segunda parte, conforme descrito

    no item 3.8. As tenses utilizadas nos ensaios esto apresentadas na Tabela 22 e

    Tabela 23.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    68/112

    61

    Tabela 22 - Caracterstica dos corpos de prova na primeira parte do adensamento

    anisotrpicosrie 1, K0,na= 0,485

    Ensaio

    Corpo de

    prova

    1 parte do adensamento

    K0,na. 'v0(kPa) 'c0= K0,na.'v0(kPa)

    CAU sasrie 1

    Am3-CP1 0,485 400,0 194,0Am3-CP2 0,485 400,0 194,0Am3-CP3 0,485 400,0 194,0Am3-CP4 0,485 400,0 194,0

    Tabela 23 - Caracterstica dos corpos de prova na segunda parte do adensamento

    anisotrpicosrie 1, K0,na= 0,485

    EnsaioCorpo de

    prova

    2 parte do adensamento

    OCR K0,sa.'v= 'v0/OCR

    (kPa)'c= K0,sa..'v

    (kPa)d

    (kPa)

    CAUsa

    srie 1

    Am3-CP1 1,0 0,485 400,0 194,0 206,0Am3-CP2 1,5 0,598 266,7 159,4 107,3Am3-CP3 2,7 0,809 148,1 119,8 28,3Am3-CP4 4,0 0,990 100,0 99,0 1,0

    Os caminhos de tenses so apresentados naFigura 47 e as curvas de tenso

    x deformao, poropresso x deformao, 1/3 x deformao e parmetro A x

    deformaoso apresentados daFigura 65 Figura 68,respectivamente, presentes

    noANEXO 1.

  • 7/25/2019 Parmetros Cam-Clay do caulim usado em modelos centrfugos na COPPE-UFRJ

    69/112

    62

    Figura 47 - Caminhos de tenso dos ensaios CAU sobreadensados srie 1

    Neste caso, como a linha de tendncia