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TERRITÓRIOS DE EXPLORAÇÃO MINERAL DE CAULIM NA PARAÍBA Hamilton Matos Cardoso Júnior Doutorando do PPGG/UFPB Técnico em Assuntos Educacionais - UFPB Membro do CEGeT -PB [email protected] María Franco García DGEOC - PPGG/UFPB Coordenadora do CEGeT-PB [email protected] RESUMO O ambiente geológico do estado da Paraíba é diversificado e seu território apresenta importantes reservas minerais. Na região do Seridó Paraibano, localizada no Semiárido, ocorre um dos principais adensamentos de exploração mineral do estado. Dentre os minérios explorados nessa região destaca-se o caulim. Este trabalho tem como objetivo apresentar a construção e definição do projeto de tese de doutorado em Geografia desenvolvido na Universidade Federal da Paraíba. O referido projeto tem como objetivo analisar a dimensão do processo de degradação da vida da comunidade garimpeira de caulim a partir da realidade vivida no município de Junco do Seridó. Este trabalho classifica-se como exploratório e de caráter qualitativo. Recorreu-se à pesquisa bibliográfica, documental e tabulação de dados como metodologia. Para se entender a degradação da vida nos garimpos de caulim em Junco do Seridó, a tese estrutura-se nos conceitos de Território, em sua dimensão material e imaterial; Estado, enquanto instituição reguladora da atividade econômica; Capital, traçando- se e interpretando os interesses do mercado consumidor de minérios; Trabalho, inserindo-se na discussão a exploração e precarização do trabalhador. PALAVRAS-CHAVE: Caulim; Degradação da vida; Garimpo; Junco do Seridó. INTRODUÇÃO O município de Junco do Seridó, estado da Paraíba, está localizado a 243 km da capital estadual, João Pessoa, e faz divisa com o estado do Rio Grande do Norte no sertão paraibano. Possuía em 2010 uma população de 6.643 habitantes, sendo estimados em 2019 7.150 moradores (BRASIL, 2019a). O município faz parte da região do Seridó Paraibano que integra a chamada região do Seridó que envolve duas microrregiões do estado da Paraíba e duas do Rio Grande do

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TERRITÓRIOS DE EXPLORAÇÃO MINERAL DE CAULIM NA PARAÍBA

Hamilton Matos Cardoso Júnior – Doutorando do PPGG/UFPB

Técnico em Assuntos Educacionais - UFPB

Membro do CEGeT -PB

[email protected]

María Franco García

DGEOC - PPGG/UFPB

Coordenadora do CEGeT-PB

[email protected]

RESUMO

O ambiente geológico do estado da Paraíba é diversificado e seu território apresenta

importantes reservas minerais. Na região do Seridó Paraibano, localizada no Semiárido,

ocorre um dos principais adensamentos de exploração mineral do estado. Dentre os minérios

explorados nessa região destaca-se o caulim. Este trabalho tem como objetivo apresentar a

construção e definição do projeto de tese de doutorado em Geografia desenvolvido na

Universidade Federal da Paraíba. O referido projeto tem como objetivo analisar a dimensão

do processo de degradação da vida da comunidade garimpeira de caulim a partir da realidade

vivida no município de Junco do Seridó. Este trabalho classifica-se como exploratório e de

caráter qualitativo. Recorreu-se à pesquisa bibliográfica, documental e tabulação de dados

como metodologia. Para se entender a degradação da vida nos garimpos de caulim em Junco

do Seridó, a tese estrutura-se nos conceitos de Território, em sua dimensão material e

imaterial; Estado, enquanto instituição reguladora da atividade econômica; Capital, traçando-

se e interpretando os interesses do mercado consumidor de minérios; Trabalho, inserindo-se

na discussão a exploração e precarização do trabalhador.

PALAVRAS-CHAVE: Caulim; Degradação da vida; Garimpo; Junco do Seridó.

INTRODUÇÃO

O município de Junco do Seridó, estado da Paraíba, está localizado a 243 km da

capital estadual, João Pessoa, e faz divisa com o estado do Rio Grande do Norte no sertão

paraibano. Possuía em 2010 uma população de 6.643 habitantes, sendo estimados em 2019

7.150 moradores (BRASIL, 2019a).

O município faz parte da região do Seridó Paraibano que integra a chamada região

do Seridó que envolve duas microrregiões do estado da Paraíba e duas do Rio Grande do

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Norte. Essa região possui um ambiente geológico diversificado e a extração de minérios é

uma atividade econômica historicamente presente.

Em Junco do Seridó destacam-se as reservas e exploração de caulim, organizada

em garimpos formais e informais que utilizam trabalho manual e semi-mecanizado. A

exploração desse minério é importante para abastecimento da indústria da transformação.

Aliado a essa atividade econômica, as relações de trabalho nos garimpos são, em sua maioria,

precárias e parte-se do pressuposto de que os efeitos da exploração do caulim são observados

no processo de degradação da vida refletido na saúde e corpo do garimpeiro, da comunidade e

na destruição do meio ambiente.

Apesar da produção de riquezas com a exploração do caulim, o município convive

com baixo índice de desenvolvimento humano, pobreza e desigualdade social. Este trabalho

tem como objetivo apresentar a construção e definição do projeto de tese de doutorado em

Geografia desenvolvido na Universidade Federal da Paraíba.

O referido projeto tem como objetivo analisar a dimensão do processo de

degradação da vida da comunidade garimpeira de caulim a partir da realidade vivida no

município de Junco do Seridó. Parte-se do pressuposto de que a dinâmica territorial estrutura-

se diante da exploração do caulim, sendo a mineração o fenômeno central do estudo que se

expressa no território e tem como foco o lucro e impõe um intenso processo de degradação da

vida. O trabalho classifica-se como exploratório e de caráter qualitativo. Recorreu-se à

pesquisa bibliográfica, documental e tabulação de dados como metodologia.

O artigo está dividido em quatro seções, a contar com esta introdução. Desse

modo, a segunda seção apresenta a construção do problema do projeto de tese; a terceira

seção traz a caminho teórico-metodológico da pesquisa, destacando a hipótese de tese e os

principais conceitos/categorias que delimitam o estudo; por fim, a quarta e última seção traz

as considerações finais deste trabalho.

NO CAMINHO DAS MINAS: CONSTRUINDO O PROBLEMA DE PESQUISA

O processo de formação territorial do Brasil está intimamente ligado com a

existência dos garimpos. Essa atividade econômica contribuiu para a expansão territorial do

país no período colonial. Nos dias atuais, (re)organizado, o garimpo ainda se faz presente no

território nacional e ainda contribui de forma significativa para a exploração mineral.

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Os garimpos produzem uma densa e complexa teia social, observada nas relações

de trabalho, na organização social, econômica e nas estratégias de existência ao longo da

história. Eles provacam mudanças territoriais onde estão instalados, que variam em

complexidade de acordo com sua consolidação ao longo do tempo, com a sofisticação dos

processos produtivos e com o tipo de minério extraído.

Costa (2007) destaca que o termo garimpeiro, sujeito trabalhador do garimpo,

surge no período colonial e traz atrelada a sua imagem a condição de ilegalidade. O termo,

nesse período, desiganava os sujeitos que exploravam minérios em condições fora da lei,

sujeitos que mineravam jazidas em pontos distantes do território, nas “grimpas” das serras.

Ora eram aceitos na sociedade, ora eram excluídos dela.

Atualmente, os garimpos são reconhecidos legalmente como uma atividade

econômica, desde que autorizada pelos orgãos reguladores. A atividade é desenvolvida de

forma mecanizada, semi-mecanizada e por meio de processos considerados tradicionais.

No país, é possivel identificar comunidades garimpeiras ditas tradicionais, áreas já

consolidadades dotadas de laços de vizinhaça e cooperação, a exemplo de garimpos na região

do Nordeste, como o Seridó, bem como as áreas de garimpo onde o quadro cíclico ainda é

presente e preocupante, como os garimpos em regiões da Amazônia (SALOMÃO, 1984).

A atividade garimpeira possui importante participação na exploração de minérios

no país. Com base na produção estimada em tributos recolhidos, Porto, Palermo e Pires

(2002) destacam que, no período de 1980 a 2000, os garimpos contribuíram com 50% de todo

o valor de ouro explorado no Brasil. Esse número pode ser ainda mais expressivo levando-se

em conta que o estudo apresentado pelos referidos autores refere-se apenas ao valor de

produção contabilizado pela arrecadação, não se levando em consideração a mineração ilegal.

Com exceção do ouro, os garimpos ainda são bem presentes na exploração de

minerais não metálicos, sobretudo. A essa conta pode-se acrescentar a importância dos

garimpeiros, organizados legalmente ou não, para a extração de areia, caulim, pedras semi-

preciosas, cascalho, mica, cianita, quartzo, talco, vermiculita dentre outros utilizados,

principalmente, na construção civil e indústrias da transformação.

Nesse contexto, destaca-se o município de Junco do Seridó, no estado da Paraíba,

Figura 1, onde a presença do garimpo é histórica e perdura até os dias de hoje. O município

encontra-se sobre a Faixa do Seridó, estrutura geológica conhecida por suas riquezas minerais

presentes nas rochas pegmatíticas. O principal depósito de minérios dessa faixa é na Província

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Pegmatítica da Borborema que é composta por uma grande quantidade de corpos pegmatíticos

e rica em minerais industriais como a columita-tantalita, caulim, quartzo, feldspato e mica

(LIRA et al, 2016).

O município compõe a região do Seridó que engloba dois estados e quatro

microrregiões: Seridó Ocidental Potiguar e Seridó Oriental Potiguar (Rio Grande do Norte);

Seridó Ocidental Paraibano e Seridó Oriental Paraibano (Paraíba). Geograficamente ele

integra a microrregião do Seridó Oriental Paraibano que é principal adensamento de

garimpeiro no estado.

Figura 1: Localização do município de Junco do Seridó no Seridó Paraibano – Paraíba

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O Seridó possui importantes reservas de minérios, em sua maioria, não metálicos.

No decorrer da história a região ganhou destaque como estratégica para a extração de

minérios. Inicialmente, no contexto da I Guerra Mundial, entre os anos de 1914 e 1918, a

extração da mica no Seridó ganhou importância por abastecer o mercado norte-americano.

Já na década de 1930 ganhou destaque a extração dos minérios de

tantalita/columita e berilo, também destinados ao mercado externo. Durante a II Guerra

Mundial a exploração mineral continuou atraindo destaque internacional, extraindo-se,

principalmente, scheelita, tantalita/columbita, berilo e lítio (ANDRADE, 1987). Por fim, o

último período de destaque, na década de 1970 como com o processo de industrialização do

país, no contexto da ditadura miliar, a região abasteceu o mercado interno com feldspato. A

demanda internacional também foi reativada, exportando a tantalita (FORTE, 1994).

Atualmente, tanto no Seridó Potiguar quanto o Paraibano, a exploração de

minérios ainda é uma atividade presente na região, sendo considerada uma área tradicional de

garimpos. Os principais minérios explorados são os do grupo dos não metálicos. No

município de Junco do Seridó destacam-se as reservas de caulim, bastante exploradas pelos

garimpeiros.

De acordo com Souza (2011), o caulim é uma das argilas industriais mais

utilizadas em todo o mundo devido a suas excelentes propriedades naturais, como:

granulometria fina de suas partículas; brancura; pequena abrasão e grande inércia ou

estabilidade química. O minério é utilizado em diversos segmentos da indústria para a

fabricação de papel, borracha, plásticos, pesticidas, rações, produtos alimentícios e

farmacêuticos e fertilizantes.

Por estar localizado em uma a faixa rica em minérios, tendo em vista a presença

do caulim, bem como de outros minerais, pode-se entender o subsolo de Junco do Seridó

enquanto um território de disputa que tem como principais agentes os garimpeiros informais,

as cooperativas, os atravessadores, as indústrias que beneficiam o minério e o Estado.

Analisando o período de cinco anos (2013-2017), percebe-se que o município de

Junco do Seridó foi responsável por 32% 1 do valor de exploração mineral do Seridó

Paraibano 2 (BRASIL, 2018), o que confirma a presença da exploração do caulim como

1 Dados trabalhados pelos autores. 2 Esse número pode ser maior tendo em vista que a presença do garimpo ilegal é expressiva no município e o

referido dado foi produzido com base na arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração de Minérios

(CEFEM)

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fenômeno expressivo na dinâmica produtiva, na teia de relações estabelecidas pela atividade

no município que é historicamente ligada ao seu processo de formação territorial, econômica

e social, bem como nos problemas espaciais gerados por sua exploração.

Se por um lado o caulim explorado em Junco do Seridó atende à demanda de uma

indústria e gera riquezas, por outro sua exploração vem acompanhada de um intenso processo

de degradação da vida do garimpeiro em face dos problemas de saúde causados; das longas

jornadas de trabalho a que são submetidos os trabalhadores e às constantes condições de

insegurança na atividade de extração do minério.

Seja organizada em garimpos informais, em cooperativas ou em pequenas

empresas, estudos apontam que o que o que há em comum na exploração de caulim em Junco

do Seridó, bem como na região, é o trabalho desempenhado de forma manual ou semi-

mecanizado que traz condições perigosas aos trabalhadores e oferece baixas remunerações

(FORTE, 1994; SOUZA, 2011; NÓBREGA, 2012; FARIAS, 2015; RAMOS, 2017).

Souza (2011) destaca que a jornada de trabalho dos garimpeiros nas minas de

Caulim em Junco do Seridó chega a 12 horas diárias. As condições precárias iniciam-se no

transporte dos trabalhadores que é realizado nos mesmos caminhões que transportam o

minério. Na maior parte das lavras não há equipamentos de proteção, bem como as estruturas

das minas ameaçam a vida dos garimpeiros.

Aliado à precarização do trabalho, a extração e beneficiamento do caulim ainda

traz efeitos negativos ao meio ambiente. Souza (2011) destaca em seu estudo que a destruição

da natureza é evidente. Os resultados da extração consistem na destruição e contaminação do

solo com a formação de grandes crateras e deposição de rejeitos sem atenção às medidas de

proteção ambiental, bem como a contaminação das águas no momento de beneficiamento dos

minérios com a deposição dos rejeitos líquidos ou sólidos em rios ou deixados sobre a terra.

A extração desse mineral ainda traz efeitos nocivos à saúde dos garimpeiros

formais ou informais, bem como impacta o bem-estar e a qualidade de vida da comunidade

garimpeira. Um dos principais efeitos negativos possivelmente 3 manifesta-se em doenças

respiratórias advindas do pó gerado na extração do minério.

A poluição gerada na exploração do caulim gera sérios problemas respiratórios, e

podem ser agravadas dependendo da quantidade de mica penetrada nos pulmões. Um dos

3 Utiliza-se esse termo, pois esse é um dos objetivos da pesquisa, analisar os efeitos negativos da exploração do

caulim na saúde e no corpo do garimpeiro em Junco do Seridó.

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principais problemas causados pela inalação dessa poeira é a silicose que é “irreversível e

intratável podendo cursar com graves problemas à saúde do trabalhador, assim como sério

impacto econômico” (LIMA, 2009a, p. 45) sendo uma das principais doenças respiratórias

que causam invalidez ocupacional.

Aliada a essa doença, a autora destaca que os garimpeiros, bem como a

comunidade que tiver contato com a poluição causada pela exploração do caulim, ficam

expostos a outras doenças como a tuberculose que se desenvolve pela insuficiência de

oxigênio nos pulmões.

A exposição aos efeitos nocivos da exploração do caulim, devido aos riscos da

atividade e à ausência de materiais de proteção e descarte correto dos rejeitos, submete aos

garimpeiros a degradação de sua saúde com danos irreparáveis. A situação pode ser agravada

e torna-se demasiada delicada diante do quadro de hipossuficiência econômica 4 do

trabalhador que fica à margem dos tratamentos clínicos e não específicos na maioria dos

casos.

Diante do contexto que envolve a extração de caulim em Junco do Seridó, a

degradação da vida é uma realidade e passa pela precarização do trabalho, degradação da

saúde e do corpo do trabalhador e destruição do meio ambiente. Tendo como fenômeno o

garimpo em Junco do Seridó e as análises e conclusões realizadas pelos estudos apresentados,

definiu-se um problema espacial para a pesquisa: a esperança de vida nascer.

A escolha desse indicador se deu em virtude de sua importância, síntese e

facilidade de interpretação, representando o número médio de anos a serem vividos por um

indivíduo recém-nascido. A esperança de vida ao nascer permite realizar recortes analíticos

das condições de vida e de saúde da população, bem como de questões relativas à pobreza,

desigualdade e vulnerabilidade social.

De acordo com dados tabulados do Atlas do Desenvolvimento Econômico

(BRASIL, 2013), a esperança de vida ao nascer do município de Junco do Seridó está entre as

menores do estado da Paraíba. No ano de 2010, o município possuía uma esperança de vida

ao nascer de 67 anos, 4 anos inferior à estadual, 72 anos, e 6 anos à nacional de 74 anos. Na

4 Em 2010, de acordo com dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, 64,81% da população do

município era vulnerável à pobreza, ou seja, que possuem renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$

255,00. Esse dado era de 87,07% em 2000 e 96,91% em 1990 (BRASIL, 2013).

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Paraíba, o município ocupou, nesse ano, a 198° posição de um total de 223 municípios, 7 anos

abaixo do município com melhor índice: João Pessoa com 74,89 anos.

Analisando o índice na dimensão da Região do Seridó Paraibano, Junco do Seridó

ocupa a 13° posição entre os 15 municípios que a compõe, apenas 0,48 pontos à frente do

munícipio que ocupa a última posição: Tenório com 67,43 anos. Em contrapartida, o

município foi o segundo no ranking de produção mineral em 2017 na região do Seridó

Paraibano, participando com 33,31%, atrás apenas de Pedra Lavrada (37,29%)5.

Os dados apontam para um problema de ordem social, tendo em vista que o

município possui esperança de vida abaixo da média nacional e estadual e, quando comparado

com os demais de sua região, ocupa as últimas posições.

Parte-se do ponto de partida da relação das condições de vida, saúde e trabalho

dos garimpeiros para analisar esse problema. Essa linha de investigação evidência esses três

elementos por entender que as causas das doenças geradas pelo trabalho no garimpo de

caulim são essencialmente de natureza social e política, dada a escolha de um modo de

produção que aumenta e mantém o processo de degradação a vida em virtude da acumulação

e do lucro.

A escolha do garimpo enquanto fenômeno que baliza o probelma espacial

definido se dá em conseqência da relação dessa atividade com a formção econômica e

histórica do município, bem como por sua participação na dinâmica econômica de Junco do

Seridó, tendo em vista que indústria participou com 21% na geração de riquezas nesse

município analisando-se o Valor adicionado bruto a preços correntes em 2016 (BRASIL,

2019a), o que demostra papel significativo da mineração na economia e ocupação dos

trabalhadores6.

Na origem deste estudo de tese há um fato e uma apreensão. O fato decorre de o

garimpo de caulim em Junco do Seridó não ser uma atividade invisível, mas seus efeitos

negativos assim são tratados, tampouco é uma atividade executada por garimpeiros rudes e

5 Juntos, os dois municípios representaram 70% da exploração mineral na região nesse ano. O município de

Pedra Lavrada, principal extrator, de acordo de com dados de 2017 (BRASIL, 2018), também possui esperança

de vida baixa com 69 anos em 2010 (BRASIL, 2013). 6 A indústria representa 29% das empresas no município em 2017, sendo que a indústria extrativa representou

67% das empresas desse setor (BRASIL, 2019a). O pessoal ocupado na indústria extrativa representou 22% do

total no município em 2017, atrás apenas da administração pública com 57% (BRASIL, 2019b). Esse número

pode ser ainda mais expressivo, tendo em vista que parte da extração mineral é desenvolvida de forma ilegal e,

por esse motivo, não aparece nos dados oficiais.

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aventureiros. A exploração de caulim nesse município contribui com a produção mineral do

país e do estado da Paraíba, abastecendo um mercado inteiro interessado nesse recurso.

A apreensão decorre de que, apesar da riqueza que gera, os sujeitos garimpeiros

de caulim ainda continuam em contextos de pobreza, distantes de seu realizar como

trabalhador, e em condições de precarização do trabalho e cotidianos de contínua degradação

da saúde e do corpo.

CAMINHO TEÓRICO-METODOLÓGICO DA PESQUISA

A proposta téorico-metodológica para o estudo diante do problema apresentado

estrutura-se nos conceitos de Território em sua dimensão material (Terra), entendendo-se a

rigidez locacional do minério, e imaterial (relações homem-homem; homem-território);

Estado, enquanto instituição reguladora da atividade econômica; Capital, traçando-se e

interpretando os interesses do mercado consumidor de minérios; Trabalho, inserindo-se na

discussão a exploração e precarização do trabalhador.

Parte-se da hipótese de tese de que o baixo indíce de esperança de vida

identificado no município de Junco do Seridó está relacionado à presença da exploração de

caulim organizada formalmente ou não, condunzindo a um processo de degradação da vida

que rebatimem na saúde da comunidade garimpeira, no corpo que trabalha e na degradação da

natureza.

Possivelmente, esse cenário existe e é mantido para avalizar a

produtividade/lucratividade do capital, tendo em vista a inversão de valor colocada pelo

sistema capitalista, em que o bem fundamental deixa de ser a vida em detrimento da

produção/exploração, o que perite entender esse processo em Junco do Seridó pelas vias da

acumulação por espoliação.

Na construção da proposta de tese a categoria território é encarada como chave.

Inicialmente da Geografia, essa categoria tem feito parte de pesquisas de diversos campos de

estudo, popularizou-se. Seu conceito evoluiu no decorrer do tempo, sendo apresentado por

diferentes perspectivas.

O conceito de território foi trazido, inicialmente, pelas reflexões evolucionistas de

Ratzel. Para o autor: “[...] organismos que fazem parte da tribo, da comuna, da família, só

podem ser concebidos junto a seu território” (RATZEL, 1990, p. 74), e ainda, “sobre este

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território7 vemos claramente repetir-se o desenvolvimento das formas sociais e políticas, que

tendem a ocupar espaços cada vez maiores” (RATZEL, 1990, p. 80). Percebe-se, dessa forma,

a importância que Ratzel dá ao território como sendo uma parcela do espaço necessária para a

evolução do Estado e de uma determinada sociedade.

Segundo Coelho Neto (2013), a palavra território significa uma área que é

dependente de uma nação, de uma província ou de uma localidade. É a jurisdição de um

determinado Estado. O autor, ao analisar dicionários de línguas estrangeiras, aponta que a

definição de território em outras culturas pouco se altera, representando, de maneira quase

homogênea, uma extensão delimitada de terra, área ou superfície que é controlada por uma

jurisdição político-administrativa: é a base do Estado-Nação.

Destaca-se que o conceito carrega em sua essência as relações de poder. Ao

relacionar o território como sendo a base de um Estado-Nação, pressupõe-se a presença de

poder exercido em uma determinada parcela do espaço com limites bem demarcados.

Nesse ponto, insere-se a discussão do papel do Estado na análise do garimpo de

caulim em Junco do Seridó. O caminho da história mostra que para se explorar as riquezas

minerais no Brasil criou-se um aparato regulatório para a atividade econômica, bem como

grupos e empresas tanto estatais quanto privadas destinados a essa finalidade. O setor

acompanha as necessidades do mercado mundial e as tendências que o sistema capitalista

apresenta, e o Estado é um agente essencial nesse processo.

De acordo com Marx (1985), não se pode entender o Estado capitalista moderno

(detentor do aparato jurídico-político) apenas enquanto uma instituição determinada pelos

processos socioeconômicos, pois o inverso também é verdadeiro: ele também é determinante

dos processos socioeconômicos. O autor ainda esclarece que a economia capitalista depende

do Estado para existir e, sobretudo, para se desenvolver.

O papel do Estado no contexto da mineração se dá pelo uso de aparatos jurídicos-

políticos que se traduzem em leis, políticas públicas, regulamentos, financiamentos e

subsídios ao transporte e comércio dos produtos (minérios beneficiados ou não) do setor

mineral para se garantir a exploração dos recursos minerais e o funcionamento da máquina

7 Ao empregar o pronome demonstrativo “este” o autor refere-se ao território como uma categoria concreta,

ratificando a importância de se estudar algo que está em contato com o homem, “que está sob os nossos pés”

(RATZEL, 1990, p. 80).

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capitalista. Entretanto, faz-se necessário entender como isso se dá na dimensão do trabalho

nos garimpos, sobretudo em Junco do Seridó, carregada pela informalidade.

Diante da precariedade do trabalho nas áreas de garimpo no município, nos

últimos anos (2000-2015), o Estado tem se feito presente no Seridó por meio das políticas

públicas, criando ações para a (re)organização do trabalho dos garimpeiros em cooperativas,

estruturando a atividade no terceiro setor.

De acordo com Macedo et al (2016), essa é uma tendência nacional, tendo em

vista que o Estado tem priorizado organizar os mineradores em cooperativas e associações

como estratégia que seria capaz de regularizar, normatizar e incentivar a formalidade da

mineração ilegal em pequena escala por entender que representam um problema complexo

para a gestão pública, tendo em vista suas questões ligadas à vulnerabilidade ambiental,

econômica e social.

Essas iniciativas estiveram articuladas com ações no plano nacional integradas à

Agência Nacional de Mineração (ANM) 8 ; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

(MCT); Ministério de Minas e Energia (MME); Ministério da Integração Nacional (MI) e

Centro de Tecnologia Mineral (CETEM); bem como a Planos de relevância para o setor como

o Plano Plurianual para o Desenvolvimento do Setor Mineral – PPDSM (1994-2010) e o

Plano Nacional de Mineração – PNM – 2030 (FARIAS, 2015).

Todavia, faz-se necessário refletir o real interesse dessas ações e entender se

realmente têm sido eficazes em promover a superação da vulnerabilidade do trabalho nas

áreas de garimpo e da degradação da vida do garimpeiro, ou se essas estratégias estatais estão

centradas apenas no controle social do trabalho e da vida em atendimento ao mercado.

Para Milton Santos (2014), o território é construído historicamente, sendo um

conjunto de lugares com uma constituição material. O território se modela no espaço e

compreende os complexos naturais e os elementos artificiais construídos pelo homem.

Haesbaert da Costa (2004) destaca dois sentidos atrelados ao território. Primeiro,

o sentido que se refere a terra, entendendo o território de forma material; segundo, utilizado

com menos frequência, o sentido relacionado aos sentimentos que o território provoca, sua

forma imaterial.

A dimensão material do território, o sentido que se refere a terra, a uma porção

territorial, abre caminhos para a reflexão da dinâmica do garimpo de caulim em Junco do

8 Extinto Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

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Seridó por explicar o fenômeno em um domínio de determinados recursos naturais, agrupados

por fronteiras específicas.

Para isso, é necessário entender a dimensão da rigidez locacional da mineração.

Diferentemente de outras atividades econômicas, a extração mineral não pode ser realizada

em qualquer área. Para que ela ocorra são necessárias condições geológicas que a permitam

existir.

Os depósitos de minérios não são criações do homem, mas da natureza formados

de acordo com o tempo geológico. Por isso a exploração mineral não possui a livre escolha do

local onde se instalar, seguindo os mandos das ocorrências minerais no território dos países. A

isso se dá o nome de rigidez locacional:

[...] uma conjugação de fatores físicos, químicos e geológicos que permitiu seu

acumulo em tal quantidade teor que podem ser economicamente extraídos. Essa

localização exclusiva e privilegiada dos bens minerais em alguns locais da crosta

terrestre é chamada de rigidez locacional. (SCLIAR, 1996, p. 35).

Essa característica da exploração mineral conduz a uma análise geológica do

território, destacando o conceito de terra para se entender a dinâmica locacional do fenômeno

do garimpo em Junco do Seridó, permitindo analisar sua formação sócio-territorial balizada

pela presença de determinados minérios.

Já a dimensão imaterial do território colocada por Hasbeart da Costa (2004)

refere-se ao sentido simbólico presente nessa categoria. Esse sentido se expressa nas relações

de poder estabelecidas, bem como na identidade obtida por meio das relações desenvolvidas e

mantidas entre o homem, o território e outros homens que o compartilham.

Essa dimensão do território, a princípio, é encarada no estudo do garimpo em

Junco do Seridó para entender as relações estabelecidas no âmbito dessa atividade econômica

em um processo de formação histórica que permita refletir sobre relações de trabalho, as

relações sociais e culturais da comunidade garimpeira para a definição dessa comunidade

enquanto uma comunidade tradicional de garimpo dotada de laços de identidade, vizinhança e

cooperação, colocando o garimpeiro como agente do território e em posição central no estudo;

bem como para inserir na discussão outros agentes como os atravessadores na economia

garimpeira, as cooperativas e pequenas/médias empresas.

Entende-se o território, na pesquisa, enquanto uma jurisdição político-

administrativa, um domínio de determinados recursos naturais, agrupados por fronteiras

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estabelecidas, e enquanto um espaço de identidades sociais e da construção da vida: territórios

da vida. Essa dimensão dirige para as questões que envolvem o mundo do trabalho no

garimpo, trazendo a centralidade dessa categoria enquanto caminho investigativo para se

compreender a situação laboral dos garimpeiros de caulim em Junco do Seridó e seus efeitos

na saúde e corpo desses sujeitos.

Maar (2006) defende a centralidade do trabalho com foco nas relações dos

homens com outros homens e com a natureza, tendo em vista o processo de produção e

reprodução material da vida do homem em sociedade. Cabe decifrar como a questão do

trabalho e sua centralidade apresenta-se na concretude e contraditória reprodução social

capitalista. Nesses termos, dar centralidade ao trabalho significa assumir posição crítica às

formas sociais determinadas na formação vigente:

[...] crítica ao economicismo que instrumentaliza as relações sociais em termos de

produtividade capitalista; à mercantilização generelizada, que subordina a vida

social ao consumismo e aos ditames da indústria cultural; à destruição ambiental

resultante de uma relação com a natureza objetivada em matéria de exploração

predatória; à política instrumental que subordina a ampliação dos direitos sociais à

mera circulação no acesso aos mecanismos de poder, etc.. (MAAR, 2006, p. 26)

A tese da centralidade do trabalho carrega em si uma dialética: ao mesmo tempo

em que coloca o trabalho em posição central na sociedade vigente e em sua dinâmica social; é

crítica a essa sociedade do trabalho que vigora, vendo-a como negativa para sua própria

tendência evolutiva, já que está dominada pelo processo de acumulação capitalista que aliena

os homens do próprio processo de reprodução material de sua vida (MAAR, 2006).

A centralidade da categoria trabalho enquanto caminho teórico-metodológico

neste estudo é relevante para se compreender o garimpeiro enquanto ser social historicamente

construído. A observação atenta do ofício de garimpar minérios indica a existência de uma

atividade organizada e assentada em uma base social com características específicas, que a

definem.

Essas características não estão atreladas, apenas, ao tipo de trabalho

desempenhado, mas, também, à condição do garimpeiro: o ser garimpeiro. Como afirma

Thomaz Júnior (2009):

A vitalidade teórica que estamos tentando conferir ao universo do trabalho, levando

em conta seus diferentes mundos, enraíza-se no objetivo maior de reconhecer que sua centralidade, além de requerer que assumamos seu significado político,

ontológico, econômico [...]. (THOMAZ JÚNIOR, 2009, p. 193).

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Com base nos pressupostos do autor, assume-se que a centralidade dada ao

trabalho permite sustentar o entendimento do amplo universo do trabalho do sujeito

garimpeiro, levando em conta seus diferentes mundos e contextos, requerendo que se assuma

o seu significado político, ontológico e econômico.

Nesses termos, o trabalho como categoria na leitura do garimpo em Junco do

Seridó permite ainda compreender o processo de (re)organização do território e das ações do

homem sobre ele, ampliando, desse modo, a compreensão social do fenômeno da mineração.

De acordo com Antunes (2009) em face do (re)ordenamento do trabalho, que se

dá em escala globalizada, é colocada em cena uma nova morfologia do trabalho com um

desenho multifacetado. Esse (re)ordenamento vem se configurando como resultado dos

rearranjos que o capitalismo tem promovido e “o trabalho como atividade vital se configura

como trabalho estranhado, expressão designativa de uma relação social encimada na

propriedade privada, no capital e no dinheiro.” (THOMAZ JÚNIOR, 2012, p. 3).

A centralidade da categoria trabalho dá suporte para se entender o garimpeiro de

caulim diante do capitalismo moderno e suas “reformas” no mundo do trabalho. Qual o lugar

no mapa de exploração mineral do garimpeiro na atualidade? Há lugar para esse sujeito? Se

há, quais condições são submetidos?

Em algumas áreas de garimpos, a territorialização de empresas com capital

nacional e internacional, e o consequente controle do subsolo, transforma os mecanismos de

apropriação e uso do território, (re)organizando as relações de trabalho e atrelando a produção

às redes nacionais e internacionais do comércio de minérios (GONÇALVES, 2012).

Entender a dinâmica do trabalho, sobretudo sua (re)organização dadas as políticas

públicas, nos garimpos de caulim em Junco do Seridó é encarado como caminho teórico-

metodológico para analisar o desenvolvimento do capitalismo diante da acumulação por

espoliação, como traz Harvey (2005). Parte-se do entendimento que as condições laborais nos

garimpos, sejam em situação formal ou informal, é uma estratégia do capitalismo para se

apropriar de formações sociais não capitalistas, garantindo sua reprodução (HARVEY, 2005).

Recorre-se à centralidade do trabalho, portanto, para desvendar os meandros da

precarização do trabalho do garimpeiro, evidenciando as condições laborais necessárias para

garantir a produção e o lucro, em especial do grande mercado consumidor de minérios.

Para Druck e Franco (2009, p. 227), a precarização do trabalho no mundo

moderno vem de mãos dadas com a flexibilização, sendo a terceirização sua principal marca

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já que “ela consegue reunir e sintetizar o grau de liberdade de que o capital dispõe para gerir

e, dessa forma, dominar a força de trabalho”. A liberdade citada pelos autores consolida-se na

flexibilização dos contratos e na transferência de responsabilidades e de custos para outros.

No bojo da precarização e flexibilização do trabalho, o capital movimenta-se cada

vez mais para apropriar-se do trabalho alheiro, alcançando, ainda, trabalhadores em condições

de informalidade. Lima (2009b) destaca que o termo “informal” está associado a uma

multiplicidade de contextos e atividades econômicas que estão historicamente caracterizados

pela ausência de contratos e inexistência de direitos sociais.

O setor de mineração, sobretudo o relacionado ao garimpo de minérios, é

emblemático no movimento de precarização do trabalho promovido pelo capital. Além de se

tratar de um setor que, historicamente, incorpora o trabalho escravo e informal, não possui

qualquer tipo de sistema de fiscalização das condições de saúde e de vida dos sujeitos que

estão diretamente envolvidos na atividade ou que são indiretamente afetados por ela. As

conhecidas dimensões da exploração, da alienação do trabalho e flexibilização essenciais na

lógica do capital, ganham força e proporção e deixam de ser a exceção e passam a ser a regra

no trabalho em garimpos (LOURENÇO, 2016).

Assume-se a centralidade do trabalho em questões que envolvem o processo de

precarização do trabalho nos garimpos de caulim em Junco do Seridó, tomando posição

crítica diante das condições de trabalho que esses trabalhadores são submetidos diariamente

como: longas horas de trabalho, ambientes insalubres como tuneis sem ventilação adequada,

manipulação de componentes químicos sem equipamentos de proteção, trazendo risco de

contaminação, condições precárias da lavra, com sérios problemas estruturais que ameaçam a

vida como desmoronamentos, dentre outros.

O caminho teórico-metodológico definido (Estado, Território, Trabalho, Capital)

tem como objetivo colocar a vida em foco, entendendo o processo de degradação da vida

como consequência da exploração de caulim em Junco do Seridó.

Segundo Junges (1993), a questão da vida pode ser explicada de uma maneira

parenética, enquanto algo dado por uma santidade; ou científica, que parte do ponto de vista

da valorização qualitativa da vida e do homem como ser protagonista. Defende-se a visão da

vida por meio do discurso científico por entender as limitações da visão da vida enquanto algo

dado, e expandindo seu entendimento para a autodeterminação do homem.

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Entender o valor da vida permite fugir do esquema fixo de pensamento que encara

a vida de modo estático, garantindo sustentação ao entendimento da inversão de valores

atribuídos no sistema capitalista, partindo-se do contexto do trabalho em garimpos, no qual a

vida humana passa a valer pouco em detrimento da produção/exploração, já que está

constantemente ameaçada pela morte e pela degradação da saúde, do corpo e do trabalho do

garimpeiro dada as constantes condições de insegurança que a atividade de extração do

minério traz.

Para Junges (1993), é necessário responsabilizar o homem de uma maneira mais

forte diante da qualidade da vida, levando a sua valorização do ponto de vista qualitativo e

ampliando a visão sacralizada da defesa apenas de sua inviolabilidade. Esse posicionamento

permite entender os processos de degradação da vida do homem, que está relacionado à

degradação do meio ambiente, da saúde, do corpo, do trabalho e manutenção da pobreza. Para

o autor:

Em nossa realidade, a degradação da vida manifesta-se em violações contra a subsistência e a integridade do corpo. A fome, a violência e os diferentes atentados

contra a vida põe em perigo a subsistência física de milhões de pessoas. [...] Os

inúmeros acidentes de trabalho [...] atentam contra a integridade física de muitos

homens e mulheres de nosso país. (JUNGES, 1993, p. 343).

Nos garimpos, essa realidade é observada na falta de proteção contra os acidentes,

nas longas jornadas de trabalho a que os garimpeiros são submetidos para garantir a sua

“subsistência”, contexto que leva aos garimpeiros a sofrerem agressões contra sua integridade

física e a privarem-se das mínimas condições para a existência. A degradação da vida impõe

uma condição corpórea ao sujeito, a qual traduz a qualidade da vida na saúde. “Saúde é a

forma que assume a vida vivida em plenitude e neste sentido é uma qualificação da vida. O

preço da degradação da vida revela-se nos índices de saúde” (JUNGES, 1993, p. 344).

Entender o processo de degradação da vida nos garimpos de caulim em Junco do

Seridó permeia a discussão sobre os limites da atuação do Estado e de suas políticas públicas

para a (re)organização do trabalho dos garimpeiros, entendendo, ainda, suas contradições e

desenhando uma análise orgânica e holística da condição do ser garimpeiro traduzida em seu

trabalho, sua saúde e corpo, conduzindo às reflexões do problema defino: baixa esperança de

vida em Junco do Seridó.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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As reflexões aqui propostas apresentam os interesses da pesquisa em

desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Geografia, nível de

doutorado, da Universidade Federal da Paraíba, que tem como tema central o fenômeno da

mineração de caulim em Junco do Seridó, estado da Paraíba, e como problema definido a

baixa esperança de vida no município.

O estudo estrutura-se nos conceitos de território, trabalho, capital e Estado para

analisar a dinâmica do garimpo. Entende-se que o contexto laboral envolvido na extração de

caulim nesse município evidência condições precárias de trabalho que traz efeitos negativos

para o garimpeiro, toda a comunidade e meio ambiente.

Nesse sentido, assume-se a centralidade da vida, entendendo que os rebatimentos

da exploração de caulim interferem negativamente na saúde e corpo do garimpeiro, bem como

conduzem à destruição da natureza. Esse processo, possivelmente, interfere na esperança de

vida em Junco do Seridó que é uma das menores da Paraíba e está abaixo da média nacional.

Esse cenário permite afirmar que a exploração de caulim nesse município é

conduzida no contexto da acumulação por espoliação, o que leva ao entendimento do

território de Junco do Seridó como um território contaminado pela mineração, em que a

dinâmica da exploração do caulim assenta-se em um projeto de morte em detrimento de um

projeto de vida.

Por fim, assume-se na narrativa uma análise crítica direcionada à omissão do

Estado e ao projeto de sociedade vigente que subordina o trabalho aos interesses do capital,

tidos como superiores, gerando condições que degradam a saúde e o corpo nos garimpos por

submeterem os trabalhadores a situações de vulnerabilidade dada as condições precárias de

trabalho que são mantidas pela lógica da produção, exploração e do lucro.

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