para alÉm das miragens nÍveas

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Para além das miragens níveas Benny Franklin Poesias 2011 1 Benny Franklin & Alonso Rocha - Presidente da Academia Paraense de Letras (Cerimônia de Premiação do II Prêmio AP de Literatura 2010) (Em memória do Poeta Alonso Rocha)

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Réquiem para um encantado

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Para além das miragens níveas

Benny Franklin Poesias

2011

1

Benny Franklin & Alonso Rocha - Presidente da Academia Paraense de Letras (Cerimônia de Premiação do II Prêmio AP de Literatura 2010)

(Em memória do Poeta Alonso Rocha)

Para além das miragens níveas

Benny Franklin Poesias

2011

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"Ele era um pássaro, Senhor, cujas asas feriste antes do voo." (Fragmentos do Poema “Prece”, Do Poeta Alonso Rocha)

I Coice quase fêmeo penalizando os lampiões de esquinas esmaltadas: o palmo da flor regurgita na aragem dos carvalhos. Sobre a argila multifacetada e sonolenta, o arco de pua, o retropasso afeminado e suas verborragias de lágrimas

― as ressentidas. II Nem armadilhas de caças, nem trombas de algibeiras, ou voo de cinzas; nem a vergonha com sua bacia de betumes, nem a indigestão do caroço pêco, nem as esmeraldas dos funerais hão de erguer-se no altar dos lábios cerrados, na confissão dos meus múltiplos segredos: ignotas sendas dos orgasmos líricos, flamas feitas do varrido das tumbas.

Para além das miragens níveas

Benny Franklin Poesias

2011

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III

Oh, vós que sois o encantamento das escumas pálido-róseas!

Improvável plagiar o fogo-fátuo regurgitado.

Quase nunca é preciso masturbar a língua adulterada. Quase nunca é preciso vomitar

a agonia dos náufragos do rio que estua, os venenos mórbidos dos marfins obtusos,

os fetos-machos das miragens níveas, como tropa de escorpiões vorazes

sem piedade,

de prontidão,

entre a fronte fugidia e a folhagem do precipício,

com força de me atirar

no áureo estômago da espera.

IV Oh, vós que sois o espelho da jugular arfada com valia! Arriscado ser a branca-morte do quartzo na sua campânula estigmatizada. Para seduzir a violência do sândalo talvez vos seja útil colorir as orquídeas sobreordenadas dos poetas olvidados: têmperas diáfanas com carmin gramatical,

e tentar perpetuar os cachos-machos das rosáceas mirins, como dálias de encantar serpente emplumada, sobrestagna no bocal âmbar da rosa plástica.

Para além das miragens níveas

Benny Franklin Poesias

2011

4

V Oh, vós que sois a estrela grafite dos seres que desprezam a fúria do chicote! Difícil enodoar a noção do tempo-espaço. Difícil suprimir as cicatrizes dos cânticos embriagados. Difícil simular

a exclusividade da partida.

© Benny Franklin Twitter: BennycFranklin