para a agricultura

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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. Escola Agrícola de Santo Tirso, 100 anos a formar técnicos para a Agricultura Autor(es): Gomes, Augusto Publicado por: Publindústria URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29959 Accessed : 12-Mar-2022 05:35:33 digitalis.uc.pt impactum.uc.pt

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A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

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de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

Escola Agrícola de Santo Tirso, 100 anos a formar técnicos para a Agricultura

Autor(es): Gomes, Augusto

Publicado por: Publindústria

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29959

Accessed : 12-Mar-2022 05:35:33

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EDUCAÇÃO

A Escola Agrícola de Santo Tirso tem uma antiquíssima e riquíssima história. Está as-sociada ao Mosteiro Beneditino, fundado em 978 da era cristã pelos príncipes D. Unisco Godiniz e seu marido Aboazar Lovesendes e à própria freguesia de Santo Tirso. Tudo começou quando em 1312 o Conde Martim Gil de Barcelos deixou, em testamento, uma avultada quantia aos monges de S. Bento, para que se fizesse uma

igreja. Hoje desta igreja do sec XIV apenas resta o actual clautro da igreja paroquial.Em 1650 já estaria construído o segundo claustro, hoje integrado na Escola Profissional

Agrícola Conde de S. Bento. Na última metade do séc. XVIII e ao gosto barroco da época, reconstituíram-se as faces norte e sul com a livraria conventual (hoje a sala de estudo da Escola) e a sala do Capítulo (actual capela da Escola), cujos frescos remontam ao séc.XVIII.

A ala oriental deste claustro tinha uma loggia com vista para o rio (varanda do 1º andar, junto ao dormitório do internato). O espaço inferior da ala norte organizava-se em três salas destinadas ao fabrico e toma das refeições dos frades; hoje há apenas um salão, o refeitório da Escola. Do lado oposto, no andar inferior da ala sul, funcionava a fábrica do queijo, hoje dividi-do em laboratório de Enologia e sala de Informática.

No centro do jardim deste claustro encontrava-se, já em 1650, o chafariz a que os alunos chamam taça.   Estas modificações do segundo claustro iniciam-se com a nova edificação da Igreja entre 1659 e 1679, cuja traça se deve a Frei João Turriano. Pouco ou nada ficou da anterior Igreja, tendo esta apenas uma nave. Portanto, o que hoje se vê é o resultado das reconstruções do sec XVII. Até mesdos do sec XVIII a igreja foi tendo benfeitorias. É do séc. XVIII a constru-ção da Hospedaria, onde actualmente, no 1º andar está instalado o Museu Abade de Pedrosa e no rés-do-chão funciona a Adega da Escola. O Jardim de Santo António e o muro junto ao rio com os seus alpendres são de 1801.

Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, o mosteiro e as suas terras passaram a ser propriedade do Estado que as vendeu a José Pinto Soares. Este por sua vez vendeu-as no início de 1882, a Manuel José Ribeiro, à época Visconde de S. Bento, elevado a Conde em 06 de Maio de 1886. Este faleceu no dia 26 de Março de 1893, tendo recebido atempadamente os sacramen-tos da igreja ministrados pelo Abade Pedrosa, nome atribuído ao largo onde se encontra a Igreja Matriz e a Escola Agrícola de Santo Tirso.

Antes do seu falecimento nomeou seu herdeiro, o sobrinho José Luíz de Andrade, com a condição de ele ser o usufrutuário de seus bens e à sua morte tudo passaria para instituições religiosas e estabelecimentos de caridade por ele escolhidos. Em 21 de Fevereiro de 1894, José Luis de Andrade (viria a falecer a 24 de Julho de 1899) apontou como única herdeira dos bens,

ESCOLA AGRÍCOLA DE SANTO TIRSO, 100 ANOS A FORMAR TÉCNICOS

PARA A AGRICULTURA

Por: Augusto Gomes Pós-graduado em Agricultura Biológica.Professor da Escola Agrícola de Santo [email protected]

a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, para que esta criasse um Asilo Agrícola, com o intuito de receber abandonados do conce-lho, aos quais seria ministrado o ensino pri-mário agrícola.

Em 1911 a Misericórdia cede ao Estado o usufruto da Quinta de Dentro e de Fora e da Coutada de Burgães. Em Junho de 1913, por Decreto assinado por Manuel de Arriaga, é criada a Escola Profissional de Agricultura Conde de S. Bento.

É pois a partir de 1913 que a Escola Agrí-cola de Santo Tirso começa a ministrar cursos agrícolas como Escola Pública, comemorando assim este ano os seus 100 anos de vida. A Es-cola no seu todo é constituída pela “quinta de dentro”, (onde se encontram todas as edifica-ções descritas na sua história), a “mata da Es-cola” contígua e ainda a denominada “quinta de fora” totalizando cerca de 22 hectares. Muitos foram os cursos que a Escola ofereceu ao longo deste centenário, atravessando todas as reformas educativas. Para melhor perce-bermos o funcionamento, articulação e ex-pectativas da Escola Profissional Agrícola de Santo Tirso colocámos ao seu Director, Engº Carlos Frutuosa, as seguintes questões:

Agrotec - Como é que a Escola Agrícola con-juga as vertentes do ensino e a gestão da ex-ploração agrícola?Director - Terá de existir um equilíbrio entre a componente pedagógica e a gestão da explo-

67AGROTEC / JUNHO 2013

ração agrícola. Temos de transmitir conhe-cimentos teóricos e práticos aos jovens e ao mesmo tempo necessitamos dos rendimentos da exploração para podermos sobreviver. Essa gestão também permite incutir nos jo-vens uma visão empresarial, pois se não hou-ver responsabilidade todo um investimento se pode perder.

AG - Em termos financeiros (sendo esta uma Escola Pública) qual a participação do Mi-nistério da Educação no funcionamento da Escola?Director - A participação do Estado reflete-se no pagamento dos vencimentos do pessoal docente do quadro da escola, do pessoal não docente, da renda das instalações e da com-participação financeira correspondente aos fundos comunitários.

AG - Quais as actividades da Exploração Agrícola que contribuem para a sustentabi-lidade financeira da Escola?Director - A produção de leite, a fruticultura com especial atenção à cultura do Kiwi, o vi-nho verde e a horticultura.

AG – Qual a importância da Escola na Re-gião, sob o ponto de vista sócio-económico?Director - A importância da escola não se res-tringe à região, pois sempre fomos uma escola de referência nacional, temos alunos formados espalhados por todo o país, pelos países dos Palop s, e um pouco pelo mundo. Grandes em-presários de sucesso em diversas áreas do setor agrícola passaram por esta escola.

AG - Na sua opinião a participação dos agen-tes activos do desenvolvimento das regiões, como sejam a Câmara Municipal, os em-presários e em última análise o Ministério da Educação já fazem tudo o que devia ser feito nesta área tão importante como é a de formar jovens para o desenvolvimento da agricultura Portuguesa e em particular da agricultura da Região?Director - Não nos podemos queixar muito do contributo de alguns desses agentes. Nos últimos anos a nossa relação com a Câmara Municipal tem sido excelente, a todos os ní-veis. Os empresários têm colaborado com a escola, principalmente na formação dos jo-vens, ao nível dos estágios. Recordo que já estabelecemos protocolos com cerca de 160 empresas. Da parte do Ministério da edu-cação penso que merecíamos mais apoios, principalmente para obras, remodelações e

equipamentos. Há vários anos que não somos contemplados com quaisquer verbas para estas áreas.

AG - Qual a oferta formativa que a Escola ofe-rece neste momento?Director - Cursos Profissionais de nível IV - Produção Agrária, Turismo Ambiental e Ru-ral, Restauração-mesa e bar. Curso CEF de Tratamento de Animais em Cativeiro. Cursos CET de Cuidados Veterinários e Técnicas de Biotecnologia em Plantas Aromáticas e Medi-cinais em colaboração com o Instituto Politéc-nico de Bragança e ainda um curso EFA de Jar-dinagem em colaboração com o IEFP. Gostaria no futuro de oferecer o Curso de Viticultura e Enologia.

AG - O que gostaria de dizer aos Encarrega-dos de Educação dos alunos que neste mo-mento frequantam e dos futuros pretendentes a alunos da Escola, sobre a formação que lhes é ministrada e sobre o futuro profissional que esses jovens podem ambicionar?Director - Aos que frequentam, felicitá-los pelo facto de terem escolhido esta escola, que,

como já referi, é uma escola de referência. Para os pretendentes, que não tenham dúvidas de que aqui encontrarão a escola que sempre pro-curaram encontrar para os seus educandos. Os espaços, o corpo docente e não docente, conferem a esta escola um ambiente familiar e tranquilo que qualquer jovem ambiciona. O setor agrícola sempre foi fundamental para a economia do País, cabe-nos formar jovens em-presários, (empreendedores, visionários, com-petentes e responsáveis) que ajudem a transfor-mar e modernizar a nossa agricultura.

Figura 1

Engº Carlos Frutuosa, diretor da Escola Agrícola de Santo Tirso

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EDUCAÇÃO

Em ano de centenário nada melhor do que ouvir também os testemunhos de alunos que passaram por esta Escola ao longo de gerações e que ainda têm um contacto regular com a Escola através do “Dia do Ex.Aluno” que se realiza todos os anos a 05 de Outubro e ainda pela visita que fazem á “Festa das Rosas” que se realiza de 2 em 2 anos. (nota: há referências de ex alunos de 6 anos passados na Escola, isto porque antigamente a Escola leccionava deste o 7º ano até ao 12º ano de escolaridade. De referir também que grande parte dos alunos oriundos de localidades mais distantes ficavam alojados no Internato que chegou a ter capacidade para 100 alunos).

“Joaquim Pedras, 1973/1976” Curso Complementar de Agriculura, Produção Agricola. Fild Expert da Syngenta, empresa Suiça de produtos para a agricultura.“Os conhecimentos adquiridos na  Escola Agricola de Santo Tirso foram a alavanca para o meu êxito profissional no sector agricola.”  

“Fernão Veloso, 1983/1989” (O Padre)Curso Técnico de Produção Agrária. Director da Empresa Frutas Douro ao Minho Sa.“Como bom filho da casa tenho que dar o meu testemunho e ... foram 6 anos sempre interno e bem comportado (do 7º ao  12º) , não fosse eu o PADRE,  e esses 6 anos foram uma formação para a minha vida...”

“Mamede Alonso, 1985/1989”Técnico Profissional de Agricultura.Professor Adjunto da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Investigador da Centro de Investigação para a Biodiversidade e Recursos Genéticos da Univer-sidade do Porto.“Na nossa ESCOLA encontrei amigos que guardo até hoje como uma verdade inabalável da vida, quase uma família e professores que me ensinaram e exemplificaram ciência, técnica e dedicação ao ensino, aos outros. Ao fim de cem anos, a ESCOLA continua a guardar a memória, a conser-var e valorizar um património de valor incalculável, a preparar técnicos capazes, responsáveis e inovadores mas acima de tudo, homens e mulheres atentos, solidários e participativos. Ao fim de CEM ANOS, o espirito, o exemplo e a magia da ESCOLA renova-se e mantêm-se.”

“Pedro Sá, 1986/1992” Curso Técnico de Agro-Pecuária.Director Técnico da Sogevinus Fine (Calem, Kopke, Burmester, Barros) Vinhos.“Quem como eu teve o privilégio de passar 6 anos, desde a adolescência até à juventude, a Escola Agrícola só podia ter sido um marco extremamente importante e decisivo nas minhas escolhas futuras, quer ao nível profissional, quer ao nível pessoal. Será por todas estas vivências que a Escola estará sempre no meu coração”.

“Virgílio Peixoto, 1987/1993”Curso Técnico de Agro-PecuáriaSupervisor técnico-científico dos laboratórios da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima“Passei 6 anos da minha vida na ESCSB, co-leccionei imensas experiência e histórias que não esqueço. Fui aluno aplicado, aprendi agri-cultura quanto queria, cresci como pessoa, tive alegrias e medos próprios da idade. Soube o que era camaradagem e criei amizades que perduram. Conheci professores fantásticos, conhecedores da técnica e sobretudo da vida que formaram pessoas e profissionais de uma forma muito especial. Foi depois de terminar o curso que de facto a maturidade e experiên-cias futuras me permitiram concluir…Fomos uns privilegiados de ter tido estes senhores (as) como PROFESSORES. A todos agradeço do fundo do meu coração.”

“Maria Domingas Araujo (Mimi), 1989/1992”Curso Técnico de Produção Agrária.Directora de Parques e Espaços Verdes do Parque Biológico de Gaia.“Graças à Escola Agrícola sou hoje uma pro-fissional feliz e realizada. A transmissão de co-nhecimentos foi fundamental e determinante para o sucesso da minha carreira profissional. Foi a escola que me preparou para a realidade e prática da minha formação académica; sem por lá ter passado nunca teria conseguido os conhecimentos adquiridos tão importantes para o dia a dia, e a paixão pelo campo. A es-cola foi sem duvida um marco de excelência na vida de muitos de nós, como polo de conheci-mento, e partilha de valores entre a comunida-de escolar. Voltaria a fazer o mesmo percurso académico, ainda hoje tenho a escola e o grupo docente como referência.”

“Helder Hilário, 1989/1993”Curso Técnico de Agro-PecuáriaProdutor hortícola em Malta, Vila do Conde e sócio gerente da PAM "A Escola Agrícola foi o porta-enxerto que me tem dado a confiança para continuar a in-vestir na agricultura.Esta metáfora refere-se às qualidades dos porta-enxertos tais como desenvolvimento radicular forte que nos per-mite ter plantas mais produtivas. A minha passagem pela Escola deu-me as raízes do co-nhecimento técnico há vinte anos ainda hoje perfeitamente atuais.”

Por opção do autor, este artigo não está escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico.