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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO PANORAMA DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS A CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES LAÍS DAHER RASSI 2020

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

PANORAMA DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS A CONSTRUÇÃO DE

EDIFICAÇÕES

LAÍS DAHER RASSI

2020

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ii

PANORAMA DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS A CONSTRUÇÃO DE

EDIFICAÇÕES

Laís Daher Rassi

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

titulo de Engenheira.

Orientador: Jorge Santos

RIO DE JANEIRO

Março de 2020

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iii

PANORAMA DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS A CONSTRUÇÃO DE

EDIFICAÇÕES

Laís Daher Rassi

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Jorge Santos

________________________________________________

Prof. Viktor Labuto Fragoso Sereno Ramos

________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO de 2020

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iv

Rassi, Laís Daher

Panorama de tecnologias sustentáveis aplicadas a

construção de edificações / Laís Daher Rassi – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

x, 59 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2020.

Referências Bibliográficas: p. 55 - 59

1. Introdução 2. Sustentabilidade – Contextualização 3.

Aspectos gerais das obras de edificações 4. Modelos de

conformidade aplicáveis a construção de edificações 5.

Tecnologias aplicáveis as obras de edificações consideradas

sustentáveis 6. Conclusão

I. Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Título

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v

“Havia uma cobra na estrada, o vento soprou e levou a folha embora.” Lili

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vi

Dedico este trabalho aos meus pais, Andréa e

Artur, as minhas irmãs, Lara e Angel, a minha Tia Kaka,

a minha psicanalista, Luciane, ao meu grande

companheiro Henrique e a minha grande amiga Helen,

às vezes Suhelen. Obrigada!

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vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Civil.

PANORAMA DE TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS APLICADAS A CONSTRUÇÃO DE

EDIFICAÇÕES

Laís Daher Rassi

Março de 2020

Orientador: Jorge Santos

O desenvolvimento sustentável, que já é de grande importância para todos os setores

econômicos, passará a ser vital para a existência de qualquer empresa. Esta monografia traz

como resultados a avaliação pela ótica da sustentabilidade dos meios e materiais de construção

mais utilizados no cenário atual no Brasil. Além de dissertar sobre as tecnologias desenvolvidas

para auxiliar a construção de edificações a ser feita de modo sustentável. Para isso, primeiro

conceituou-se o termo sustentabilidade e seus três pilares: econômico, social e ambiental, seu

histórico e principais normas. Depois, foram apresentados os principais materiais e técnicas

construtivas empregadas atualmente no Brasil, avaliando-os na ótica sustentável. Então, fez-se

um resumo dos principais modelos de conformidade em construções de edificações para, assim,

apresentar o panorama de novas tecnologias. Por fim, é feita a conclusão acerca do tema,

respondendo a pergunta: “Quais as tecnologias que vem sendo utilizadas na construção de

edificações são consideradas sustentáveis em função dos resultados alcançados?”

Palavras-chave: Sustentabilidade; Tecnologia sustentável; Sustentabilidade nas Construções;

Materiais de construção; Técnicas construtivas.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

OVERVIEW OF SUSTAINABLE TECHNOLOGIES APPLIED TO BUILDING

CONSTRUCTION

Laís Daher Rassi

March 2020

Adviser: Jorge Santos

Sustainable development, which is already of great importance for all economic sectors, will

become vital for the existence of any company. This monograph results in the evaluation from

the perspective of sustainability of the most used building materials and materials in the current

scenario in Brazil. In addition to talking about the technologies developed to help the

construction of buildings to be done in a sustainable way. For this, the term sustainability was

first conceptualized and its three pillars: economic, social and environmental, its history and

main norms. Then, the main materials and construction techniques currently used in Brazil were

presented, evaluating them from a sustainable perspective. Then, a summary of the main

conformity models in building constructions was made to present the panorama of new

technologies. Finally, a conclusion is made on the theme, answering the question: "What

technologies are being used in the construction of buildings are considered sustainable due to

the results achieved?"

Keywords: Sustainability; Sustainable technology; Sustainability in Buildings; Construction

Materials; Constructive techniques.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

1.1 A importância do tema 1

1.2 Objetivos 1

1.3 Justificativa da escolha do tema 1

1.4 Metodologia 2

1.5 Estrutura da monografia: 2

2. SUSTENTABILIDADE – CONTEXTUALIZAÇÃO 4

2.1 Conceituação – sustentabilidade e seus pilares 4

2.2 Aspectos históricos 4

2.3 Normalização e Legislação aplicável a sustentabilidade 10

3. ASPECTOS GERAIS DAS OBRAS DE EDIFICAÇÕES 13

3.1 Generalidades 13

3.2 Concreto Armado 14 3.2.1 Síntese da técnica construtiva 14 3.2.2 Materiais de construção utilizados 15 3.2.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 18

3.3 Alvenaria estrutural 19 3.3.1 Síntese da técnica construtiva 19 3.3.2 Materiais de construção utilizados 19 3.3.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 20

3.4 Estrutura de aço 21 3.4.1 Síntese da técnica construtiva 21 3.4.2 Materiais de construção utilizados 22 3.4.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 22

3.5 Estrutura de madeira 23 3.5.1 Síntese da técnica construtiva 23 3.5.2 Materiais de construção utilizados 24 3.5.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 24

3.6 Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos: 25 3.6.1 Síntese da técnica construtiva 25 3.6.2 Materiais de construção utilizados 25 3.6.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 26

3.7 Instalações hidrossanitárias 27 3.7.1 Síntese da técnica construtiva 27 3.7.2 Materiais de construção utilizados 27

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3.7.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 28

3.8 Louças: 29 3.8.1 Síntese da técnica construtiva 29 3.8.2 Materiais de construção utilizados 29 3.8.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade 30

4. MODELOS DE CONFORMIDADE APLICÁVEIS A CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES 31

4.1 LEED 32

4.2 Certificação AQUA-HQE 33

4.3 Selo Casa Azul CAIXA 34

4.4 Selo PROCEL Edificações 36

4.5 ABNT NBR ISO 14001 37

4.5 ABNT NBR ISO 16001 39

5. TECNOLOGIAS APLICÁVEIS AS OBRAS DE EDIFICAÇÕES CONSIDERADAS SUSTENTÁVEIS 41

5.1 Avaliação da sustentabilidade das técnicas construtivas 41

5.2 Arquitetura vernacular 43 5.2.1 Conceituação 43 5.2.2 Aspectos sustentáveis 43 5.2.3 Vantagens e desvantagens da utilização 43

5.3 Ecodesign 44 5.3.1 Conceituação 44 5.3.2 Aspectos sustentáveis 45 5.3.3 Vantagens e desvantagens 45

5.4 Materiais naturais 45 5.4.1 Conceituação 45 5.4.2 Aspectos sustentáveis 46 5.4.3 Vantagens e desvantagens 46 5.4.4 Construção com terra 47

5.5 Bioconcreto 47 5.5.1 Conceituação 47 5.5.2 Aspectos sustentáveis 48 5.5.3 Vantagens e desvantagens 48

5.6 Uso de resíduos da construção e demolição como agregados: 49 5.6.1 Conceituação 49 5.6.2 Aspectos sustentáveis 50 5.6.3 Vantagens e desvantagens 50

5.7 Águas cinzas domésticas 51 5.7.1 Conceituação 51

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5.7.2 Aspectos sustentáveis 51 5.7.3 Vantagens e desvantagens: 52

5.8 Águas cinzas de usinas de concreto 52 5.8.1 Conceituação 52 5.8.2 Aspectos sustentáveis 52 5.8.3 Vantagens e desvantagens 53

6. CONCLUSÃO: 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 55

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LISTA DE ABREVIATURAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACV – Análise do Ciclo de Vida

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável

CEO – Chief Executive Officer

CIB – Conselho Internacional para Pesquisa e Inovação em Construção

CISAP – Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública

DCE – Dicloro etano

GBC – Green Building Council

HQE – Haute Qualité Environnementale

LEED – Leadership in Energy and Environmental Design

MVC – Monômero cloreto de vinila

OIA – Organismo de Inspeção Acreditado

ONGS – Organizações Não Governamentais

ONU – Organização das Nações Unidas

PIB – Produto Interno Bruto

PPB – Processo Produtivo Básico

PVC – Policloreto de vinila

QAE – Qualidade Ambiental do Edifício

SGE – Sistema de Gestão do Empreendedorismo

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - IGLUS NO CANADÁ (COMBERG, 2018) 44

FIGURA 2 - CENTRO CULTURAL JEAN MARIE TIBEAU, PROJETO DE RENZO PIANO

(ANACONI, 2018) 44

FIGURA 3 - TIPOS DE BIO-AGREGADOS 48

FIGURA 4 - REUSO DA ÁGUA NA USINA DE CONCRETO (DE PAULA, 2015) 52

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LISTA QUADROS

QUADRO 1 - CRITÉRIOS PARA ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS

(SAHIL, 2018, ADAPTADO) 14

QUADRO 2 - IMPLEMENTAÇÃO ISO 16001 (ISO 16001, 2012, ADAPTADO) 40

QUADRO 3 - BIOMATERIAIS (TOLEDO FILHO, 2019) 46

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - THE 2018 SDG INDEX 2 – THE 2018 SDG (SUSTAINABLE DEVELOPMENT

REPORT 2019, 2019) 8

TABELA 2 - EVENTOS RELACIONADOS A CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL E

AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS (1995-2005) (SILVA, 2003,

ADAPTADO) 9

TABELA 3 - RESUMO CATEGORIAS, CRITÉRIOS E CLASSIFICAÇÃO (CAIXA

ECONÔMICA FEDERAL, 2010) 35

TABELA 4 - RESUMO CATEGORIAS, CRITÉRIOS E CLASSIFICAÇÃO

(CONTINUAÇÃO) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2010) 36

TABELA 5 - COMPARAÇÃO ENTRE AS VERSÕES DE 2004 E 2015 DA ISO 14001

(FIESP, 2015) 38

TABELA 6 - COMPARAÇÃO ENTRE AS VERSÕES DE 2004 E 2015 DA ISSO 14001

(CONTINUAÇÃO) (FIESP, 2015) 38

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1. Introdução

1.1 A importância do tema Cada vez mais, órgãos internacionais e outros stakeholders, como os consumidores, exigem

que os três pilares da sustentabilidade sejam devidamente atendidos: o social, o econômico e o

ambiental. Exigindo, portanto, que os setores econômicos se adequem a essas regras. Logo,

com a construção de edificações não é diferente.

Além disso, três fatos tornam essa discussão nas obras de edificações ainda mais importante. O

primeiro deles é o de a construção civil ser responsável por uma porcentagem importante do

PIB (Produto interno produto). O segundo, ser um dos setores econômicos que mais consome

matéria prima no país: cerca de 50% da energia elétrica gerada, 20% da água tratada e 75% dos

recursos naturais extraídos, além de produzir 80 milhões de toneladas de resíduos por ano

(Movimento Terras, 2010). E o terceiro, ser um grande empregador de mão de obra humana.

Assim para que o crescimento econômico ocorra, diminuindo os impactos ambientais e sociais

é de extrema importância discutir e avaliar quais e como são os métodos que podem levar as

obras a essa adequação.

1.2 Objetivos Esta monografia tem como objetivo abordar a construção de edificações na ótica da

sustentabilidade. Objetiva-se, primeiro, avaliar na sustentabilidade, como estão as técnicas mais

utilizadas para depois fazer o mesmo com novas tecnologias. Para por fim, responder e dissertar

sobre a seguinte indagação: “Quais as tecnologias que vem sendo utilizadas na construção de

edificações são consideradas sustentáveis em função dos resultados alcançados?”.

1.3 Justificativa da escolha do tema Conhecer as formas possíveis de aplicá-la é a primeira tarefa a ser cumprida para começar a

empregá-las. Esta monografia teve, por isso, o tema escolhido. Ser uma forma de aprendizado

sobre um assunto que se mostra ser o futuro da construção.

Além disso, sendo a construção civil uma importante área econômica, é imprescindível que ela

introduza os pilares da sustentabilidade nas suas ações. E uma das dificuldades dessa inserção

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na cultura das obras de edificações, trata-se justamente pela falta de estudos na área, mais uma

razão, portanto, para a execução desta monografia.

Para também incentivar a sustentabilidade no meio, quis-se apresentar primeiramente as

técnicas mais usuais com seus impactos negativos e positivos na sociedade, economia e meio

ambiente para depois apresentar novas formas que mitigam esses danos causados em algumas

delas.

1.4 Metodologia Para o desenvolvimento desta monografia, usou-se como metodologia a pesquisa exploratória

e pesquisa explicativa através de análises de livros e apostilas acadêmicas, documentos da

Organização das Nações Unidas e outras instituições de relevância mundial, além de revisões

bibliográficas embasando o que foi abordado em cada capítulo.

1.5 Estrutura da monografia: O primeiro capítulo desta monografia, expõe a importância do tema escolhido, o objetivo

esperado com o trabalho, a justificativa da escolha do tema e a metodologia escolhida para

desenvolver este estudo.

No segundo capítulo, é abordado o conceito de sustentabilidade, a mudança da sua aplicação

nos setores econômicos desde a sua criação até os dias atuais. Dissertando, também, como está

sua evolução nos países, com enfoque principal no Brasil. No final do mesmo, tem-se a

legislação regente no país.

O terceiro capítulo, apresenta um breve panorama das técnicas construtivas e materiais de

construção mais utilizados em obras de edificações e comentários sobre os mesmos sob a ótica

da sustentabilidade.

O quarto capítulo apresenta uma síntese dos modelos de conformidade disponíveis no mercado,

cujos requisitos precisam ser atendidos para obtenção das certificações de edificações como

sustentáveis. É feita uma breve descrição dos critérios analisados e da importância de cada uma

delas para assegurar a inserção da sustentabilidade nesse meio.

O quinto capítulo descreve de forma sintética as tecnologias aplicáveis as obras de edificações

que são consideradas sustentáveis. Apresenta além da descrição das técnicas, os respectivos

materiais de construção com comentários sobre a razão dos mesmos serem considerados

sustentáveis.

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Por fim, é feita a conclusão do estudo feito, na tentativa de responder à pergunta inicial feita e

indicações para novos estudos.

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2. Sustentabilidade – Contextualização

2.1 Conceituação – sustentabilidade e seus pilares A sustentabilidade está, em voga no mundo contemporâneo. É comum associar a

sustentabilidade somente aos aspectos ambientais de um processo, entretanto a abrangência do

conceito sustentabilidade é bem mais ampla. O conceito envolve: “suprir as necessidades do

presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”

(Relatório de Brundtland, 1987), abrangendo três esferas nesse desenvolvimento, ambiental,

social e econômica.

a) Esfera social: engloba todas as ações que possam se referir, direta ou indiretamente, ao

capital humano envolvido naquela atividade. Sendo esse capital humano, os

colaboradores, fornecedores, consumidores, sociedade do entorno e em geral.

b) Esfera ambiental: analisa as atividades desempenhadas por aquele setor que causam,

direta ou indiretamente, algum impacto ambiental devido.

c) Esfera econômica: estabelece uma forma justa de competição entre os concorrentes no

mercado.

2.2 Aspectos históricos O termo desenvolvimento sustentável foi usado a primeira vez no Relatório de Brundtland,

documento escrito pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987,

como citado no item 2.1. Junto com a Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio

Ambiente, ocorrida 15 anos antes, manifestaram as consequências socioambientais do modelo

de desenvolvimento capitalista vigente.

Decorridos 5 anos da publicação do relatório, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Eco-92,

(Conferência das Nações Unidas ocorrida em 1992 para discutir questões sobre meio ambiente

e desenvolvimento), inaugurando a Agenda 21: instrumento de planejamento participativo

visando o desenvolvimento sustentável. A partir de então, os setores econômicos, diante

também de pressão governamental, viram-se obrigados a incorporar a sustentabilidade nas suas

tarefas. Surgiu, assim, - no inicio dos anos 90 nos Estados Unidos e países europeus e no inicio

do século XXI, no Brasil - a

Sustentabilidade 1.0. “Na verdade, na sustentabilidade 1.0, as empresas se baseavam, e ainda

se baseiam, na elaboração e execução de projetos de acordo com as demandas dos seus diversos

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stakeholders. Ou seja, ela é relativa e funciona como uma forma de legitimar perante os diversos

atores que impactam a companhia, uma gestão que não é, necessariamente, sustentável”

(Antunes, 2016). O que se fez nesse modelo, foi criar áreas e/ou verbas para ações sociais e

ambientais, mas sem um contexto estratégico para trazer melhorias a própria empresa.

Em meados de 2000, o desenvolvimento sustentável ganhou um novo conceito:

sustentabilidade 2.0, com as características de integração estratégica das medidas sócias e

ambientais adotadas com o negócio, investimento em pesquisa e inovação para a área

sustentável. A principal causa dessas mudanças foi a cobrança de ONGs com a mídia por

medidas coorporativas sustentáveis e a, consequente, ideia de usar essas medidas como

publicidade. Tudo isso trouxe muitos benefícios, como a popularização dos termos e relatórios

de sustentabilidade na esfera do consumidor, porém, por outro lado, levou a um marketing

mascarado das corporações, chamado de Greenwashing. O lado negativo decorre do fato das

auditorias na área serem de caráter voluntário e assim, as empresas podem divulgar apenas a

parte conveniente ao consumidor. Órgãos brasileiros, por sua vez, já se atentaram a essa falta

de transparência na comunicação empresarial. Em 2008, após uma pesquisa sobre o tema, o

CEBDS - lançou o Guia de Comunicação e Sustentabilidade: “processo muda. É o COMO vai

ser comunicado ao invés do QUE vai ser comunicado. E colocada a essa mudança, vem o

compromisso das empresas de promoverem uma comunicação com o cliente que seja não

apenas mais ética e transparente, mas que também estimule a um consumo responsável”.

Com a evolução constante do termo, surgiu a Sustentabilidade 3.0, no qual ela passou a fazer

parte dos processos de negócio: o lucro a qualquer custo não tem mais espaço nesse modelo.

Assim, o desenvolvimento sustentável passou a mudar os processos, valores corporativos e

pessoais, principalmente do setor privado. Além do crescente poder da opinião do consumidor

na construção das marcas. Como define o estudo das Nações Unidas: “A gestão proativa da

sustentabilidade gera eficiência operacional, redução de custos e aumento de receita. Além

disso, diminui riscos inerentes à própria natureza do negócio, seja dando mais segurança aos

acionistas, seja aumentando o valor da marca corporativa, seja ficando menos exposto a

multas e embargos, seja, até diminuindo o custo de capitalização ou financiamentos.”. O

principal problema enfrentado para sua implementação está no tempo de retorno do

investimento o que enfrenta direto com o pilar do modelo econômico capitalista vigente de

lucro rápido. Felizmente, segundo o relatório “A new era of sustaintability Accenture CEO

Study 2010”, feito pelo Pacto Global – elemento da ONU criado para incentivar setores

privados às práticas sustentáveis e de responsabilidade social - em 96% dos executivos

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acreditam que deve haver a total integralização dos aspectos sustentáveis na operação da

empresa e na sua estratégia.

Este estudo foi feito através de entrevistas com 766 CEOs (Chief Executive Officer) membros,

além de 50 executivos não membros e 50 lideranças civis também não membros, baseando-se

na declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), na

Declaração sobre princípios e direitos fundamentais no trabalho da Organização Internacional

do Trabalho, na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e na Convenção

das Nações Unidas contra Corrupção. A partir dessas tarefas, estabeleceu-se os 10 princípios a

serem incorporados nas gestões empresariais a fim de garantir a gestão sustentável em seus

aspectos mais ameaçados, listados a seguir:

Direitos Humanos – Princípio 1: As empresas devem respeitar e proteger os Direitos Humanos

Internacionais; Princípio 2: Certificar-se de que não são cumplices na violação desses direitos.

Normas Trabalhistas – Princípio 3: As empresas devem defender a liberdade de associação e

reconhecer o direito à negociação coletiva; Princípio 4 – Eliminar todas as formas de trabalho

forçado e compulsório; Princípio 5: extinguir completamente o trabalho infantil; Princípio 6:

eliminar a discriminação em relação a emprego e ocupação.

Meio Ambiente – Princípio 7: empresas devem apoiar medidas preventivas aos desafios

relacionados ao meio ambiente; Princípio 8: tomar iniciativas para promover maior

responsabilidade ambiental; Princípio 9: incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias

ecológicas.

Anticorrupção – Princípio 10: empresas devem trabalhar contra a corrupção, em todas suas

formas.

Outro estudo de ímpar relevância é realizado pela ONU através da Sustainable Development

Solutions Network. Criada em 2012, a rede tem como objetivo chamar à ação e participação

dos conhecimentos científicos e técnicos no meio acadêmico, civil e setor privado no apoio de

soluções para problemas de desenvolvimento sustentável. Esse braço da Organização divulgou

o ranking de sustentabilidade, no Sustainable Development Report, no qual o Brasil atingiu

somente a posição 57, ficando atrás de países da América do Sul, como, por exemplo, Uruguai

(posição 43), Argentina (posição 45), Equador (posição 46) e Peru (posição 51). Ficando

Dinamarca, Suécia, Finlândia, França e Áustria nas cinco primeiras colocações, como mostra a

tabela 1.

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Tabela 1 - The 2018 SDG Index 2 – The 2018 SDG (Sustainable Development Report 2019, 2019)

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Discorrido sobre a sustentabilidade em termos gerais, faz-se necessária, situá-la historicamente

dentro da construção civil. Para isso, apresenta-se na tabela 2 os principais eventos para discutir

a sustentabilidade nas obras civis.

Tabela 2 - Eventos relacionados a construção sustentável e avaliação ambiental de edifícios (1995-

2005) (Silva, 2003, adaptado)

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2.3 Normalização e Legislação aplicável a sustentabilidade No Brasil, há uma série de leis, decretos e normas vigentes para tentar assegurar o

desenvolvimento sustentável no meio privado e público. Lembrando-se que tão importante

quanto uma legislação suficiente, é uma fiscalização presente.

Muitas Leis e normas promulgadas no Brasil têm abrangência maior ao pilar ambiental da

sustentabilidade, não abrangendo os pilares econômico e social, entretanto, mesmo tratando dos

aspectos ambientais há citações e diretrizes que acabam deliberando ações nos campos social e

econômico.

Das muitas Leis em vigor no Brasil voltadas para o tema, cabe destacar a Lei 9795 (Brasil,

1999) que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação

Ambiental e dá outras providências. Apesar de ter o seu enfoque principal voltado para os

aspectos ambientais tem na sua composição no artigo 4, inciso 2 referência a considerar o meio

ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o

socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade. A educação ambiental

promovida considerando estes aspectos tem sido uma boa prática na disseminação e

internalização dos conceitos aplicáveis a sustentabilidade.

Destaca-se ainda a Lei n° 12.305 (Brasil, 2010) que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos. Esta Lei também de cunho focado nos aspectos ambientais promoveu muitas mudanças

culturais no ambiente da construção civil criando uma consciência maior em relação a

sustentabilidade intensificando os cuidados por parte da força produtora na questão da geração,

reciclagem, manuseio e disposição de resíduos.

A seguir apresenta-se as principais:

Lei nº 12.462, de 05 de agosto de 2011– Institui o Regime Diferenciado de Contratações

Públicas

Lei n° 12.305 de 02 de agosto de 2010 – Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera

a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009– Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima

Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003 – Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras

providências.

Lei nº 9.795, DE 27 de abril de 1999 - Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política

Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

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Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 – Dispõe sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

Decreto n° 7.746 de 05 de junho de 2012 – Regulamenta o art. 3o da Lei no 8.666, de 21 de

junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes para a promoção do

desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública

federal, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública –

CISAP.

Decreto n° 7.404 de 23 de dezembro de 2010 – Regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto

de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da

Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas

de Logística Reversa, e dá outras providências.

Decreto nº 7.390, de 09 de dezembro de 2010 – Regulamenta dispositivos da Política Nacional

sobre Mudança do Clima.

Decreto nº 7.174, de 12 de maio de 2010 – Regulamenta a contratação de bens e serviços de

informática e automação pela administração pública federal, direta ou indireta, pelas fundações

instituídas ou mantidas pelo Poder Público e pelas demais organizações sob o controle direto

ou indireto da União.

Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003 – Regulamenta o direito à informação, assegurado pela

Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e ingredientes alimentares

destinados ao consumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de

organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do cumprimento das demais normas

aplicáveis.

Instrução Normativa do MPOG nº 10, de 12 de novembro de 2012 – Estabelece regras para

elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável de que trata o artigo 16, do Decreto

nº 7.746/2012

Instrução Normativa n° 01/10 do MPOG – Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade

ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública

Federal

Portaria SLTI nº 86, de 24 de setembro de 2014 – Dispõe sobre as orientações e especificações

de referência para contratação de soluções de Tecnologia da Informação no âmbito da

Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional

Portaria MME – MCT – MDIC nº 170, de 04 de agosto de 2010 – Disciplinar a composição e

o funcionamento do Grupo Técnico Interministerial de Análise de Processos Produtivos

Básicos, denominado GT-PPB, nos termos do art. 20 do Decreto nº 5.906, de 2006, e art. 17 do

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Decreto nº 6.008, de 2006, e regulamentar os procedimentos de análise e aprovação de Processo

Produtivo Básico – PPB

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3. Aspectos Gerais das Obras de Edificações

3.1 Generalidades Há uma enorme gama de técnicas construtivas empregadas na construção civil, notadamente

em empreendimentos de edificações. Neste capítulo são, portanto, abordadas as mais utilizadas

nas obras de edificações.

Para cada técnica abordada é feita uma descrição sintética de suas etapas produtivas e sobre os

seus materiais de construção necessários. Em seguida são apresentados sobre as técnicas e

materiais de construção, comentários sobre aspectos relacionados a conformidade dos mesmos

em relação a sustentabilidade. Para tanto, deve-se conceituar o que é a sustentabilidade na

construção civil. De acordo com o Conselho Internacional para Pesquisa e Inovação em

Construção, construção sustentável é um “processo holístico para restabelecer e manter a

harmonia entre os ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que confirmem a

dignidade humana e estimulem a igualdade econômica” (CIB, 2002, p.8).

Para analisar as técnicas e materiais de construção em relação a sustentabilidade adotou-se o

critério de levantar e estudar a literatura técnica específica disponível sobre o assunto e os

critérios para especificação de materiais sustentáveis (Sahil, 2018) conforme relacionado no

quadro 1.

Aspecto Critérios

Técnico Atendimento desempenho estrutural, térmico, acústico, estanqueidade,

estético, etc.

Ambiental Alto teor de materiais recicláveis

Material pode ser reutilizado ou reciclado em seu fim de vida

Baixo consumo de energia e água para a produção

Baixa pegada de carbono para produção (CO2)

Material local

Elevar durabilidade

Econômico Baixo custo de aquisição

Baixo custo de manutenção

Social Não utilizar mão de obra escrava ou infantil

Aproveitamento de mão de obra do local em que está a sua produção.

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Parte dos lucros é revertido para comunidades ou cooperativas, ou melhorias

nos locais afetados por sua produção (responsabilidade social)

Não traz riscos à saúde do usuário

Quadro 1 - Critérios para especificação de materiais sustentáveis (Sahil, 2018, adaptado)

3.2 Concreto Armado Na parte estrutural, temos um tipo mais difundido, “No Brasil, as estruturas das edificações

geralmente são quase todas em concreto armado. Em alguns casos, as lajes podem ser em

concreto protendido e os pilares em estruturas metálicas.”, (Longo, 2017).

Nesta técnica, utiliza-se o concreto e aço com função de armadura passiva. Possui uma boa

resistência à compressão devido o primeiro componente, alta durabilidade com a proteção à

corrosão das barras de aço devido contato com ar e a própria característica do concreto, boa

resistência também ao fogo, a vibrações e elevadas temperaturas, geralmente mais econômico

que estruturas metálicas, agilidade na construção de peças pré-moldadas e adaptabilidade a

várias formas. Por outro lado, apresenta baixa resistência aos esforços de tração, alto peso

próprio, dificuldade de alterar peças já feitas em caso de mudanças de projeto e grande consumo

de formas e escoramentos. O concreto pode também pode ser usado em edificações com aço

protendido, ou seja, o aço funciona de forma ativa na estrutura, resistindo aos esforços de

tensão. Escolhe-se, geralmente, por esse tipo quando há grandes vãos no projeto, livres de

apoio, a serem vencidos.

O concreto pode também pode ser usado em edificações com aço protendido, ou seja, o aço

funciona de forma ativa na estrutura, resistindo aos esforços de tensão. Escolhe-se, geralmente,

por esse tipo quando há grandes vãos no projeto, livres de apoio, a serem vencidos.

3.2.1 Síntese da técnica construtiva

a) Colocação das formas;

b) Posicionamento de escoras;

c) Posicionamento da armadura, de acordo com o espaçamento, bitola e quantidade

calculados em projeto;

d) Moldagem e ruptura de corpos de prova para análise das características físicas do

concreto lançado;

e) Lançamento do concreto;

f) Adensamento do concreto;

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g) Vibração do concreto;

h) Cura do concreto;

i) Desforma;

j) Fechamento de possíveis falhas do concreto;

k) Chapisco ou colocação de revestimentos de partes da estrutura em contato com

alvenarias;

3.2.2 Materiais de construção utilizados a) Formas: estruturas provisórias para dar forma e suporte ao concreto lançado, são feitas

convencionalmente de madeira. Para esta finalidade usa-se madeira de ciclo curto, que

são aquelas espécies com tempo de crescimento muito rápido. Geralmente, usa-se

madeira compensada como forma para concreto armado. Podem ser resinadas ou

plastificadas e sempre são pintadas as bordas cortadas com tinta apropriada para se

evitar infiltração de água e elementos químicos do concreto na chapa, o que causaria a

deterioração da última.

i. Etapas da fabricação de chapas compensadas:

Extração da madeira e corte do tronco da árvore;

Processo de amolecimento da madeira por vapor ou banho de água quente;

Tora é descascada e laminada;

Laminação da tora;

Secagem das lâminas de madeira até que elas fiquem com umidade menor ou igual

a do ambiente a ser empregada (esta secagem pode ser feita de forma natural ou

artificial através de estufas);

Colagem das lâminas alternando-se a direção das fibras ou em ângulos retos;

Prensagem das chapas;

Corte das chapas e lixamento das mesmas;

Aplicação de resina ou materiais plastificantes.

b) Armaduras: são barras de aço que tem como matéria prima minério de ferro, carvão

mineral, calcário e sucatas metálicas.

i. Etapas da fabricação de armaduras:

Trituração do minério de ferro;

Redução do minério de ferro moído para retirar impurezas e excesso de oxigênio. É

feita através de um alto-forno com temperatura superior a 1200oC e coque (derivado

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do carvão betuminoso) como combustível, resultando em produto fundido chamado

de ferro-gusa. Pode também ser feita pelo processo de redução direta que é feito

através de reatores a uma temperatura media de 950oC e gás natural como

combustível e o resultado recebe o nome de ferro-esponja. As impurezas retiradas

nesses processos são chamadas de escoria (alumínio, silício, cálcio e outros).

Mistura do ferro-gusa em uma panela, mantendo o estado de fusão para que ele seja

lançado no conversor;

Refino do ferro-gusa no conversor, acrescentando certas ligas metálicas, tendo como

resultado o aço;

O ferro-esponja, por sua vez, é levado ao forno elétrico no qual também é mantido

em estado de fusão e refinado como o ferro-gusa, resultando em aço;

Lingoteamento contínuo do aço, saindo em forma de tarugos;

Tarugos são levados aos fornos de reaquecimento com temperaturas entre 1000oC e

1200oC para que entrem nos cilindros intermediários.

Os tarugos moldados em cilindros intermediários passam pela gaiola do acabador,

incorporando a sua forma final;

Corte das barras nos tamanhos especificados.

c) Aglomerantes para concreto argamassa: “Os aglomerantes constituem o elemento ativo

que entra na composição das pastas, argamassa e concretos. São geralmente, materiais

pulverulentos que misturados intimamente com água, formam uma pasta capaz de

endurecer por simples seca, ou então, o que é mais geral em virtude de reações

químicas” (Santos, 2014). Assim sendo, podem ser divididos em quimicamente inertes

– argila – ou quimicamente ativos – gesso, cal aérea, magnésia sorel, cal hidráulica,

cimento natural, cimento Portland ou artificial, cimento aluminoso, cimento pozolânico,

cimento metalúrgico. Neste capítulo descreveremos os mais utilizados: cal, gesso e

cimento Portland.

i. Etapas da fabricação da cal:

Extração da pedra calcária;

Aquecimento da pedra para dissociação do CaCO3 em temperaturas entre 850 e

900OC, gerando o CaO2 na forma de pedras brancas.

O método mais comum de realizar este cozimento é através de fornos contínuos.

ii. Etapas da fabricação do gesso:

Desidratação da gipsita através do cozimento em temperaturas entre 150 e 190OC,

gerando como produto o gesso Paris.

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iii. Etapas da fabricação do cimento Portland:

Extração, britagem e pré-homogeneização do calcário;

Extração e homogeneização da argila;

Aquisição de minério de ferro, granular fino, reaproveitado de usinas siderúrgicas;

Dosagem e moagem das matérias primas que receberão o nome de farinha crua;

Desidratação da argila nos fornos rotativos a uma temperatura de 500OC, através da

farinha crua como alimentação do pré aquecedor destes fornos;

Ainda nos fornos rotativos ocorre a dissociação do carbonato de magnésio entre 600

e 700OC e do carbonato de cálcio a 900OC;

A 900OC inicia também a reação entre cal e silicatos de alumínio, resultando em

silicatos e aluminatos de cálcio;

Fusão do aluminato tricálcico e aluminoferritotricálcico a temperaturas entre 1200

e 1300OC, completando as reações entre a cal livre e os silicatos que produzem o

silicato tricálcico;

Resfriamento sucessivo dos produtos, gerando aluminoferritotricálcico e aluminato

tricálcico cristalizados;

Retirada do material do forno e passa a apresentar “um aspecto de nódulos

sintetizados, duros e de cor cinza escura, chamado clínquer” (Santos,2014);

Classificação do clínquer em laboratório destinando cada tipo para produção de

cimentos diferentes;

Moagem do clínquer em moinhos de bolas ou rolos, adicionando-se gesso, para

retardar a pega do concreto, argamassa e outros elementos;

d) Agregados: “Material granular, inerte, que entra na composição das argamassa e

concretos com a função principal de tornar o traço mais econômico.” (Santos, 2014).

Divididos pela dimensão em miúdos – dimensão máxima característica inferior ou igual

a 4,8mm - e graúdos – dimensão máxima característica superior a 4,8mm.

“A participação dos tipos de rocha utilizadas na produção de brita é a seguinte: 85% de

granito e gnaisse, 10% de calcário e dolomito, 5% de basalto e diabásio” (Valverde,

2010). Já a areia é, em 90% dos casos, produzida nos leitos de rios.

i. Etapas da fabricação dos agregados:

Extração da matéria prima;

Britagem do material nas dimensões especificadas de acordo com sua finalidade.

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3.2.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos:

Alto volume de material usado para resistir a um determinado esforço estrutural quando

comparado a outros sistemas (Zandomenico, 2012);

Mau isolante térmico (Santos, 2014);

Fácil trabalhabilidade (Santos, 2014).

b) Aspectos ambientais:

Pode ter material reciclável em sua composição (Toledo Filho, 2019);

Não pode ser reciclado nem reutilizado em seu fim de vida (Zandomenico, 2012);

Alto consumo de energia na sua produção (Zandomenico, 2012);

Alta emissão de gases na sua produção, pincipalmente do cimento (Zandomenico,

2012);

As formas de madeira podem ser feitas com material reciclável (Qualharini, 2016);

As formas plastificadas podem ser reutilizadas cerca de sete vezes e as resinadas, duas

(Qualharini, 2016);

Aditivos de concreto e plastificantes das formas produzem toxinas ao meio ambientes

de difícil degradação natural (Toledo Filho, 2019; Qualharini 2016);

Boa durabilidade (Zandomenico, 2012).

c) Aspectos econômicos:

Baixo custo de aquisição (Zandomenico, 2012).

d) Aspectos sociais:

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Zandomenico, 2012);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravante do aquecimento global

(Zandomenico, 2012);

O aço é produzido apenas em áreas industrializados (Toledo Filho, 2019).

Aproveitamento de mão de obra do local para execução da técnica construtiva nas obras

(Zandomenico, 2012).

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3.3 Alvenaria estrutural Outro método muito usado é a alvenaria estrutural, no qual, como o próprio nome sugere, os

blocos das paredes exercem também a função estrutural. Eles podem ser de concreto ou

cerâmicos autoportantes. Vale ressaltar que dependendo do porte da edificação, pode haver a

obrigatoriedade em armar a estrutura. É um sistema mais simples, de menor custo e maior

rapidez na construção com maior facilidade de integração com outros subsistemas, entretanto,

não permite construção de vãos maiores que no concreto armado.

3.3.1 Síntese da técnica construtiva a) Marcação das alvenarias com linhas e escantilhões;

b) Assentamento de blocos em locais para facilitar a localização dos demais, geralmente

no encontro de paredes e extremidades;

c) Nivelamento de piso com argamassa;

d) Assentamento da primeira fiada;

e) Posicionamento de armadura nos blocos;

f) Assentamento das demais fiadas;

g) Grauteamento das colunas a cada 6 fiadas (no máximo);

h) Passagem de instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas;

i) Grauteamento de contravergas;

j) Colocação dos gabaritos de janelas;

k) Grauteamento das vigas.

3.3.2 Materiais de construção utilizados a) Armaduras: O processo de fabricação de armaduras está citado no item 3.2.2 deste

material.

b) Blocos cerâmicos:

i. Etapas da fabricação dos blocos cerâmicos:

Extração da argila;

Redução da argila por compressão simples, compressão por impacto ou britagem;

Classificação das partículas por peneiramento, água ou ar;

Tratamento da argila por meio de extrusão, no qual “a massa plástica é forçada

através de um molde formando uma peça contínua cortada nos comprimentos

estabelecidos para os blocos (Santos; 2014);

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Secagem das peças, fora dos moldes, ao ar livre ou em câmaras quentes;

Queima das peças em fornos com temperatura controlada para que as

transformações químicas ocorram sem alterar a forma da peça.

c) Blocos de concreto:

i. Etapas da fabricação dos blocos de concreto:

Armazenamento do cimento;

Escolha dos agregados constituídos por areia, pó de pedra e pedrisco, através do

peneiramento;

Mistura do cimento e agregados;

Prensa do concreto misturado;

Plastificação dos blocos com filme de polipropileno;

Cura dos blocos.

d) Argamassa: “Os materiais constituintes da argamassa possuem características

especificas responsáveis por suas propriedades físicas e químicas que irão se manifestar

quando utilizadas em conjunto, influenciando as características da argamassa.” (Santos,

2014). Por isso, deve-se também estudar a porcentagem necessária de cada um dos seus

componentes, ou seja, o traço para que não ocorra nenhuma patologia na obra. Esses

componentes são: aglomerante, agregado miúdo, água e aditivos. Usualmente, tem-se a

cal hidratada, o cimento e o gesso como aglomerantes. As etapas de fabricação dos seus

componentes, estão, portanto, descritas no item 3.2.2.

3.3.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos:

Estável em condições adversas (Santos, 2014);

Blocos cerâmicos são razoáveis isolantes térmicos (Zandomenico, 2012).

b) Aspectos ambientais:

Blocos cerâmicos:

Pode ter entre 20% e 30% de material reciclável em sua composição (Toledo Filho,

2019);

Não é reciclável em seu fim de vida e dificilmente reutilizável (Toledo Filho, 2019);

Alto consumo de energia na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Alta emissão de gases na sua produção (Toledo Filho, 2019);

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Boa durabilidade (Toledo Filho, 2019).

Blocos de concreto:

Pode ter material reciclável em sua composição (Toledo Filho, 2019);

Não pode ser reciclado nem reutilizado em seu fim de vida (Toledo Filho, 2019);

Alto consumo de energia na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Alta emissão de gases na sua produção, pincipalmente do cimento (Toledo Filho, 2019);

Aditivos de concreto produzem toxinas ao meio ambientes de difícil degradação natural

(Toledo Filho, 2019);

Boa durabilidade (Toledo Filho, 2019).

c) Aspectos econômicos

Baixo custo de aquisição (Toledo Filho, 2019);

O aço é produzido apenas em áreas industrializados (Toledo Filho, 2019).

d) Aspectos sociais

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Toledo Filho, 2019);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravante do aquecimento global (Toledo

Filho, 2019).

Aproveitamento de mão de obra do local para execução da técnica construtiva nas obras

(Zandomenico, 2012).

3.4 Estrutura de aço Ainda utilizado, mas em muito menor escala, no país, temos as estruturas de aço, constituída

por elementos lineares (hastes ou barras) e bidimensionais (placas ou chapas) que irão atuar

como vigas, lajes e pilares. Evita bastante desperdício, limpeza no canteiro de obras, melhor

aproveitamento de espaço através do uso de seções mais esbeltas e confiabilidade no perfil das

peças. Entretanto, deve-se atentar a possibilidade de flambagem das peças, ruídos e vibrações,

ao comportamento na exposição ao fogo, corrosão e um treinamento adequado a mão de obra.

3.4.1 Síntese da técnica construtiva a) Pedido de fabricação das peças de acordo com o projeto de fabricação;

b) Locação das peças a serem montadas;

c) Instalação dos chumbadores e/ou dispositivos de apoio avulsos nas bases de concreto;

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d) Verificação de nível e alinhamento dos dispositivos e/ou chumbadores;

e) Grauteamento de aparelhos de apoio e bases que serão chumbadas no concreto;

f) Montagem das peças metálicas.

3.4.2 Materiais de construção utilizados a) Elementos estruturais de aço:

i. Etapas da fabricação dos elementos estruturais:

Trituração do minério de ferro;

Redução do minério de ferro moído para retirar impurezas e excesso de oxigênio. É

feita através de um alto-forno com temperatura superior a 1200oC e coque (derivado

do carvão betuminoso) como combustível, resultando em produto fundido chamado

de ferro-gusa. Pode também ser feita pelo processo de redução direta que é feito

através de reatores a uma temperatura media de 950oC e gás natural como

combustível e o resultado recebe o nome de ferro-esponja. As impurezas retiradas

nesses processos são chamadas de escoria (alumínio, silício, cálcio e outros).

Mistura do ferro-gusa em uma panela, mantendo o estado de fusão para que ele seja

lançado no conversor;

Refino do ferro-gusa no conversor, acrescentando certas ligas metálicas, tendo como

resultado o aço;

O ferro-esponja, por sua vez, é levado ao forno elétrico no qual também é mantido

em estado de fusão e refinado como o ferro-gusa, resultando em aço;

Lingoteamento contínuo do aço, saindo em forma de tarugos;

Tarugos são levados aos fornos de reaquecimento com temperaturas entre 1000oC e

1200oC para que entrem nos moldes de placas;

Laminação dos tarugos através da passagem das placas, previamente aquecidas,

pelos laminadores desbastadores, comprimindo-as. Isso ocorre repetidas vezes para

depois passarem aos laminadores propriamente ditos que dão formas aos principais

produtos das estruturas metálicas.

3.4.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos:

Menor volume de material usado para resistir a um determinado esforço estrutural

quando comparado a outros sistemas (Zandomenico, 2012);

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Mau isolante térmico (Zandomenico, 2014).

b) Aspectos ambientais

Pode ter entre 30% e 50% de material reciclável em sua composição (Toledo Filho,

2019);

Reciclável em seu fim de vida (Zandomenico, 2012);

Alto consumo de energia na sua produção (Zandomenico, 2012);

Alta emissão de gases na sua produção (Zandomenico, 2012);

Boa durabilidade (Zandomenico, 2012).

c) Aspectos econômicos

Maior custo de aquisição (Zandomenico, 2012);

Produzido somente em áreas industrializadas (Zandomenico, 2012).

d) Aspectos sociais

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Zandomenico, 2012);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravante do aquecimento global

(Zandomenico, 2012).

Por precisar de mão de obra mais especializada para montagem das peças na obra, a

mão de obra utilizada, nem sempre, é local (Toledo Filho, 2019).

3.5 Estrutura de madeira No Brasil, a estrutura de madeira como principal em um edifício é ainda inexistente no Brasil.

Está presente, ainda assim muito pouco, na edificação de casas. Seu uso é mais aparente como

peças arquitetônicas e como material durante a construção.

3.5.1 Síntese da técnica construtiva a) Pedido de fabricação das peças de acordo com o projeto de fabricação;

b) Locação das peças a serem montadas;

c) Montagem das peças de madeira;

d) Ligação entre elas através de pregos, parafusos e colas.

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3.5.2 Materiais de construção utilizados a) Elementos de madeira:

i. Etapas da fabricação dos elementos de madeira:

Extração da madeira do meio ambiente;

Corte do tronco;

Secagem da madeira através de secagem ao ar livre ou secagem artificial em estufas;

Madeira é descascada

Tratamento preservativo da madeira através do processo de impregnação superficial

(pinturas superficiais ou imersão em produtos preservativos), impregnação sob

pressão reduzida ou impregnação sob pressão elevada;

Transformação da madeira para se obter a peça com as dimensões e resistências

necessárias, podendo ser laminada, aglomerada, compensada, MDF (Medium

Density Fiberboard), OSB (Oriented Strand Board).

3.5.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos

Menor volume de material usado para resistir a um determinado esforço estrutural

quando comparado a outros sistemas (Zandomenico, 2012);

Bom isolante térmico (Zandomenico, 2012);

Boa absorção sonora (Zandomenico, 2012).

b) Aspectos ambientais

Não tem material reciclável em sua composição (Zandomenico, 2012);

Reutilizável em seu fim de vida (Toledo Filho, 2019);

Baixo consumo de energia na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Sem emissão de gases na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Há chance de ser produzido em áreas locais (Toledo Filho, 2019);

Produtos utilizados nos tratamentos da madeira podem ser tratados antes de emitidos no

meio ambiente como efluentes (Toledo Filho, 2019);

Não aproveitamento de todas partes da madeira na fabricação dos elementos, causando

desperdício de material (Toledo Filho, 2019);

Boa durabilidade (Toledo Filho, 2019).

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c) Aspectos econômicos

Maior custo de aquisição comparado aos demais (Toledo Filho, 2019);

d) Aspectos sociais

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Toledo Filho, 2019);

Se não retirada de área legalizada, aumenta o desmatamento (Toledo Filho, 2019);

Por precisar de mão de obra mais especializada para montagem das peças na obra, a

mão de obra utilizada, nem sempre, é local (Toledo Filho, 2019).

3.6 Alvenaria de vedação em blocos cerâmicos: Como definido na NBR 15575-4, a alvenaria de vedação tem como objetivos “a vedação e a

definição dos ambientes internos, bem como o controle da ação de agentes indesejáveis do

externo”.

3.6.1 Síntese da técnica construtiva a) Preparar os pilares com água e chapisco (jateamento) para o encontro com as alvenarias;

b) Marcação das alvenarias com linhas e escantilhões;

c) Nivelamento de piso com argamassa;

d) Assentamento de blocos em locais para facilitar a localização dos demais, geralmente

no encontro de paredes e extremidades;

e) Assentamento da primeira fiada;

f) Assentamento das demais fiadas;

g) Passagem de instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas;

h) Rejuntamento e retirada do excesso de argamassa;

i) Encunhamento da alvenaria junto a viga;

3.6.2 Materiais de construção utilizados a) Blocos cerâmicos:

i. Etapas da fabricação dos blocos cerâmicos:

Extração da argila;

Redução da argila por compressão simples, compressão por impacto ou britagem;

Classificação das partículas por peneiramento, água ou ar;

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Tratamento da argila por meio de extrusão, no qual “a massa plástica é forçada

através de um molde formando uma peça contínua cortada nos comprimentos

estabelecidos para os blocos (Santos; 2014);

Secagem das peças, fora dos moldes, ao ar livre ou em câmaras quentes;

Queima das peças em fornos com temperatura controlada para que as

transformações químicas ocorram sem alterar a forma da peça.

b) Argamassa: As etapas de fabricação dos seus componentes, estão descritas no item

3.2.2.

3.6.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos:

Estável em condições adversas (Santos, 2014);

São razoáveis isolantes térmicos (Zandomenico, 2012).

b) Aspectos ambientais

Pode ter entre 20% e 30% de material reciclável em sua composição (Toledo Filho,

2019);

Não é reciclável em seu fim de vida e dificilmente reutilizável (Toledo Filho, 2019);

Alto consumo de energia na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Alta emissão de gases na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Desperdício de material devido mal manuseio do mesmo e durante a instalação de dutos

elétricos e hidrossanitários (Torres, 2016);

Boa durabilidade (Toledo Filho, 2019).

c) Aspectos econômicos

Baixo custo de aquisição dos blocos (Toledo Filho, 2019);

d) Aspectos sociais

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Toledo Filho, 2019);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravante do aquecimento global (Toledo

Filho, 2019).

Aproveitamento de mão de obra do local para execução da técnica construtiva nas obras

(Torres, 2016).

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3.7 Instalações hidrossanitárias Em uma edificação, trata-se das instalações para sistemas de água fria e quente, sistema de

esgotamento sanitário, sistema de gás, sistema de incêndio e sistema de refrigeração. A

tubulação é diferenciada, externamente pela cor.

3.7.1 Síntese da técnica construtiva a) Instalação das tubulações no solo antes da concretagem caso seja fundação radier ou

após o levantamento das paredes e antes da realização do contrapiso em outros tipos de

fundação;

b) Passagem das tubulações na laje;

c) Posicionamento das tubulações nas paredes e forro;

d) Instalação da caixa d`água, caixa de gordura, hidrômetros.

3.7.2 Materiais de construção utilizados a) Tubos e conectores de PVC (policloreto de vinila): é um tipo de plástico com

características interessantes para a construção de edificações. Algumas delas são: solido

e resistente a chamas, atóxico, inerte, seguro, bom isolante térmico elétrico e acústico,

resistente à ação de fungos, bactérias, roedores, insetos, intempéries, possui vida útil

ente 15 e 100 anos, é totalmente reciclável e feito com consumo de energia não muito

alto.

i. Etapas da fabricação do PVC:

Obtenção de cloro no estado gasoso pela eletrolise de sal marinho;

Obtenção de eteno na forma gasosa, composto derivado do petróleo, a partir da

passagem do óleo cru por uma destiladora resultando em nafta leve. Esta nafta,

então, sofre a quebra de suas moléculas através de um processo chamado

craqueamento catalítico, obtendo assim eteno;

Reação do cloro e eteno, gerando DCE (dicloro etano);

Obtenção do MVC (monômero cloreto de vinila a partir do dicloro etano);

Polimerização das moléculas de MVC, resultando no PVC na forma de pó fino de

cor branca e inerte;

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Adição de aditivos ao pó para que seja possível a fabricação de produtos na cor,

forma e características físico-químicas necessárias. A parir daí a mistura recebe o

nome de composto de PVC;

Inserção do composto em extrusoras, onde ocorre a gelificação, plastificação e

homogeneização do composto de PVC, resultando, portanto, no produto final com

as cores e formatos de cada tubo e conector.

3.7.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos

Atóxico (Qualharini, 2016);

Impermeável (Qualharini, 2016);

Leve (Qualharini, 2016);

Resistente a ocorrência de incêndios (Qualharini, 2016).

b) Aspectos ambientais:

Os tubos de PVC são recicláveis (Zandomenico, 2012);

Têm uma media de vida de 60 anos (Zandomenico, 2012);

Podem ser reutilizados (Zandomenico, 2012);

Uma de suas matérias primas é o cloro, um recurso natural e inesgotável (Zandomenico,

2012).

Durante a instalação, muitas vezes são feitos rasgos dentro das alvenarias, levando a um

desperdício de material (bloco cerâmico) durante a técnica (Torres, 2016);

Durante a fabricação dos tubos de PVC, as reações entre cloro e eteno geram substâncias

danosas ao meio ambiente, pois são bioacumulativas, resistentes à degradação natural e

tóxicas. Podendo causar, assim, além do impacto ambiental, um impacto social de

proliferação de doenças causadas por essas toxinas (Zandomenico, 2012);

Os tubos de PVC têm como uma das matérias primas eteno que se trata de um derivado

do petróleo, ou seja, um recurso esgotável (Zandomenico, 2012).

c) Aspectos econômicos:

Tem amplo espaço garantido no mercado (Zandomenico, 2012).

d) Aspectos sociais:

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Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Zandomenico, 2012);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravantes do aquecimento global

(Zandomenico, 2012).

Aproveitamento de mão de obra do local para execução da técnica construtiva nas obras

(Qualharini, 2016).

3.8 Louças: Podem estar presentes nas edificações na forma de lavatórios, bacias sanitárias, bidês,

mictórios, tanques e banheiras.

3.8.1 Síntese da técnica construtiva Cada aparelho é instalado com processos próprios. Será feita uma abordagem geral das etapas

de instalação:

i. Etapas da instalação das louças:

Posicionar a peça;

Nivelar a peça;

Realizar as furações necessárias;

Realizar ligação com instalações hidrossanitárias;

Realizar o acabamento das juntas.

3.8.2 Materiais de construção utilizados

a) Louças:

i. Etapas da fabricação:

Extração da argila;

Redução da argila por compressão simples, compressão por impacto ou britagem;

Classificação das partículas por peneiramento, água ou ar;

Moldagem das peças de acordo com sua finalidade;

Secagem das peças, fora dos moldes, ao ar livre ou em câmaras quentes;

Queima das peças em fornos com temperatura controlada para que as

transformações químicas ocorram sem alterar a forma da peça;

Mergulho das peças em esmalte para acabamento final;

Segunda queima das peças para finalizar o processo.

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3.8.3 Análise do ponto de vista da sustentabilidade a) Aspectos técnicos:

Materiais de certo modo frágeis (Qualharini, 2016).

b) Aspectos ambientais

Pode ter entre 20% e 30% de material reciclável em sua composição (Toledo Filho,

2019);

Não é reciclável em seu fim de vida e dificilmente reutilizável (Toledo Filho, 2019);

Alto consumo de energia na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Alta emissão de gases na sua produção (Toledo Filho, 2019);

Desperdício de material devido mal manuseio do mesmo e durante a instalação de dutos

elétricos e hidrossanitários (Toledo Filho, 2019);

Boa durabilidade (Toledo Filho, 2019).

c) Aspectos econômicos

Baixo custo de aquisição dos blocos (Toledo Filho, 2019);

O aço é produzido apenas em países industrializados (Toledo Filho, 2019).

d) Aspectos sociais

Não utiliza mão de obra escrava ou infantil (Toledo Filho, 2019);

Durante sua produção emite gases nocivos e agravante do aquecimento global (Toledo

Filho, 2019).

Aproveitamento de mão de obra do local para execução da técnica construtiva nas obras

(Qualharini, 2016).

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4. Modelos de Conformidade Aplicáveis a Construção

de Edificações Para incentivar a conformidade das edificações com o meio ambiente, surgiram no mercado

algumas certificações nesta área. A instituição criadora dos selos fiscaliza e garante que os

princípios por ela impostos sejam cumpridos e a empresa, por sua vez, colabora com o futuro

sustentável, além de poder usar os selos como ferramenta de marketing e, por último, o

consumidor passa a ter conhecimento sobre o produto adquirido. Revelando a tendência de

mercado em que “a preocupação ambiental tem ganhado destaque significativo entre as várias

demandas da sociedade que afetam o mundo dos negócios, tem em vista sua relevância para a

qualidade de vida da população” (Donaire, 1994).

Além das certificações de produto, específicas para edificações, há certificações de sistemas de

gestão que estabelecem requisitos para que as empresas atendam mediante a adoção de boas

práticas de gestão. Essas certificações são abrangentes as empresas, entretanto não garantem a

certificação de cada produto produzido. Elas denotam que a empresa possui um sistema capaz

de produzir com conformidade. Do ponto de vista da sustentabilidade não há um modelo de

conformidade que cubra simultaneamente os pilares social, econômico e ambiental.

Os aspectos ambientais relativos ao sistema de gestão são estabelecidos no modelo de

conformidade NBR ISO 14001 - Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientações

para uso (ABNT, 2015). Esta norma abrange os requisitos relativos ao pilar ambiental da

sustentabilidade.

Os aspectos sociais relativos ao sistema de gestão são estabelecidos no modelo de conformidade

NBR 16001 - Responsabilidade social - Sistema da gestão – Requisitos (ABNT, 2012). Esta

Norma estabelece os requisitos mínimos relativos a um sistema da gestão da responsabilidade

social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem

em conta os requisitos legais e outros, seus compromissos éticos e sua preocupação com a: ʊ

promoção da cidadania; ʊ promoção do desenvolvimento sustentável; e ʊ transparência das

suas atividades.

Os modelos de conformidade relativos aos selos concedidos as edificações que atendem a seus

requisitos, estabelecem predominantemente aspectos ambientais e de qualidade podendo ou não

conter requisitos específicos para os pilares econômico e social da sustentabilidade.

Outro aspecto importante é que estes selos de aprovação e certificações, muitas vezes avaliam

apenas o produto final e não o processo desde a escolha da matéria prima até a conclusão da

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edificação e, como foi discutido no capitulo anterior, a sustentabilidade deve estar presente

desde a concepção do projeto.

4.1 LEED O selo LEED, abreviação para Leadership in Energy and Environmental Design (em português,

Liderança em Energia e Design Ambiental), foi criado nos Estados Unidos pela United States

Green Building Council em 1993. A organização tem no Brasil sua sede, GBC Brasil,

responsável pela certificação no país. “[...] é um sistema internacional de certificação e

orientação ambiental para edificações utilizado em mais de 160 países, e possui o intuito de

incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na

sustentabilidade de suas atuações.” (Compreenda o LEED, GBC Brasil)

Os selos são divididos em 4 tipos considerando as necessidades para cada modelo de

empreendimento (GBC BRASIL):

a) LEED Novas construções e grandes reformas

b) LEED Escritórios comerciais e lojas de varejo

c) LEED Empreendimentos existentes

d) LEED Bairros

Todas elas analisam os oito critérios seguintes:

a) Localização e transporte – Ações de logística do empreendimento quanto a redução do

uso de transportes poluentes durante a obra e depois dela.

b) Espaço sustentável – Ações que diminuam o impacto ambiental durante a implantação

da obra.

c) Eficiência do uso da água – Ações para redução e uso racional da água e seu

reaproveitamento. Além de formas de trata-la.

d) Energia e atmosfera – Ações de eficiência energética desde, como uso de materiais e

sistemas mais eficientes e estudos de com simulações medindo a estratégia energética

mais eficaz.

e) Materiais e recursos – Uso de materiais de baixo impacto ambiental, se possível

renováveis e/ou recicláveis.

f) Qualidade ambiental interna – Ações para qualidade interna do ar, através do uso de

equipamentos com reduzida emissão de compostos orgânicos voláteis, que gerem

conforto térmico, luminoso e sonoro.

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g) Inovação e processos – Incentiva a inovação em usar medidas sustentáveis não presentes

no LEED.

h) Créditos de prioridade regional – Definidos de acordo com as características ambientais,

sociais e econômicas de cada país em que o selo pode ser obtido.

A obtenção do selo é feita a partir do cumprimento de pré-requisitos – ações obrigatórias para

ser certificado – mais créditos. A medida que vão sendo cumprida as ações correspondentes aos

créditos, a construção recebe mais pontos em sua qualificação. O máximo de pontos

corresponde a 110, sendo o entre 40 e 49 o mínimo necessário. De 50 a 59, o empreendimento

recebe o selo LEED Silver, 60 a 79, LEED Gold e 80 ou mais, o LEED Platinum.

São 5 etapas para certificação: escolha de tipologia, registro do projeto, auditoria documental

referente ao projeto, auditoria documental referente a obra e a então certificação.

4.2 Certificação AQUA-HQE Também de caráter internacional foi criada nos moldes da certificação francesa Démarche HQE

(Haute Qualité Environnementale) e certificado no Brasil exclusivamente pela Fundação

Vanzolini. Como descrito da página oficial da Fundação: “O processo de certificação traz

exigências de um Sistema de Gestão do Empreendedorismo (SGE) que permitem o

planejamento, a operacionalização e o controle de todas as etapas de seu desenvolvimento,

partindo do comprometimento com um padrão de desempenho definido e traduzido na forma

de um perfil de Qualidade Ambiental do Edifício (QAE).”. A certificação, para construção nova

ou em reformadas, é feita nas seguintes três etapas: pré-projeto, projeto e execução. No caso de

edificações já em funcionamento, avalia-se duas fases: pré-projeto da operação e uso e operação

e uso periódicas.

A análise é feita para 14 critérios e os classifica em 3 níveis: base (prática ambiental corrente

ou regulamentar), boas práticas e melhores práticas (desempenho de acordo com o máximo

constatado nas operações de Alta Qualidade Ambiental) de acordo com o apresentado na fase

de pré-projeto. Ao final de cada fase, o empreendimento é então avaliado devendo manter, no

mínimo, 3 critérios no nível de melhores práticas, 4 no boas práticas e 7 no nível base para

receber o certificado.

Essas 14 categorias a ser cumpridas são:

a) Relação do edifício com o seu entorno

b) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos

c) Canteiro de obras de baixo impacto ambiental

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d) Gestão da energia

e) Gestão da água

f) Gestão de resíduos de uso e operação do edifício

g) Manutenção – permanência do desempenho ambiental

h) Conforto higrotérmico

i) Conforto acústico

j) Conforto visual

k) Conforto olfativo

l) Qualidade sanitária dos ambientes

m) Qualidade do ar

n) Qualidade sanitária da água

4.3 Selo Casa Azul CAIXA A definição do selo foi muito bem escrita pela presidente da CAIXA ECONOMICA FEDERAL

em 2010, Maria Fernanda Ramos Coelho: “Com o Selo Casa Azul CAIXA, busca-se reconhecer

os projetos de empreendimentos que demonstrem contribuições para redução de impactos

ambientais, avaliados a partir de critérios vinculados aos seguintes temas: qualidade urbana,

projeto e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e

práticas sociais.”.

Um diferencial em relação aos dois outros apresentados acima (itens 4.1 e 4.2) é sua ter sido

feita completamente no Brasil. O selo foi desenvolvido, como o próprio nome sugere, por uma

equipe técnica da CAIXA e um grupo multidisciplinar de professores da Universidade Federal

de Santa Catarina, Universidade Estadual de Campinas e Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo. Em outras palavras, foi elaborado especificamente para a realidade do país.

Porém, só pode se candidatar a ele os empreendimentos apresentados a instituição para

financiamento, o que limita bastante seu alcance.

Pode ser obtido em 3 níveis de acordo com o atendimento mínimo dos critérios:

Bronze – critérios obrigatórios atendidos

Prata – critérios obrigatórios e mais 6 critérios de livre escolha atendidos

Ouro – critérios obrigatórios e mais 12 critérios de livre escolha atendidos

Apresentam-se os critérios e suas obrigatoriedades nos níveis do selo, nas tabelas 3 e 4.

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Tabela 3 - Resumo Categorias, critérios e classificação (Caixa Econômica Federal, 2010)

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Tabela 4 - Resumo Categorias, critérios e classificação (continuação) (Caixa Econômica Federal,

2010)

4.4 Selo PROCEL Edificações Criado em 2014 pelo Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética, o Selo

PROCEL Edifica “tem por objetivo principal identificar as edificações que apresentem as

melhores classificações de eficiência energética em uma dada categoria, motivando o mercado

consumidor a adquirir e utilizar imóveis mais eficientes.”. Os selos são liberados pela Eletrobrás

depois da avaliação do empreendimento feita por um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA)

pelo Inmetro. A certificação é feita por meio de etiquetas entregues em dois momentos: na fase

de projeto e após a construção do edifício. A etiquetagem classifica a construção em A, B, C,

D ou E, sendo A nível mais alto de conformidade com as normas do selo. Para observação dos

conceitos, divide-se os edifícios em dois tipos: comerciais, de serviços e públicos e residenciais.

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O primeiro tipo é avaliado nos seguintes sistemas: envoltória, iluminação e condicionamento

de ar. No segundo, observa-se a envoltória, o sistema de aquecimento de água e os sistemas

existentes nas áreas comuns, como: elevador, bombas e iluminação.

4.5 ABNT NBR ISO 14001 Desenvolvida, como sugere o próprio nome, pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas,

a norma ISO 14001 foi elaborada pela Comissão de Estudo de Gestão Ambiental e pelo Comitê

Brasileiro de Gestão Ambiental, “formados por representantes dos setores envolvidos, delas

fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros).”

(Norma Brasileira ABNT ISO14001, 2015). Diferente dos demais, seu enfoque não está

exclusivamente nas edificações e suas executoras, engloba todo tipo de organização.

Baseia-se em levar a organização a criar um sistema de gestão ambiental no formato PDCA –

plan, do, check, act (ou em português: planejar, executar, verificar, agir). Em cada uma das 4

fases a empresa deve obedecer a certos critérios estabelecidos tornando-os parte da sua gestão.

Nas tabelas 5 e 6, apresenta-se uma tabela feita pelo Departamento de Meio Ambiente da FIESP

(Federação das Industrias de São Paulo) estabelecendo as principais ações em cada fase,

comparando a atualização da norma em 2015 com a publicada em 2004 e identificando seu

local em cada edição.

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Tabela 5 - Comparação entre as versões de 2004 e 2015 da ISO 14001 (FIESP, 2015)

Tabela 6 - Comparação entre as versões de 2004 e 2015 da ISSO 14001 (continuação) (FIESP, 2015)

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4.5 ABNT NBR ISO 16001 Como a do item 4.4, também foi elaborada pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas.

O termo responsabilidade social trata-se da responsabilidade da empresa pelos impactos das

suas atividades no meio social e ambiental, por meio da sua ética e comportamento

transparente.

Esta norma estabelece os requisitos mínimos para um “sistema de gestão de Responsabilidade

Social, permitindo que a organização formule e implemente uma política de objetivos que

levem em conta seus compromissos com a responsabilização, transparência, comportamento

ético, respeito pelos interesses das partes interessadas, atendimento aos requisitos legais,

respeito às normas internacionais de comportamento, respeito aos direitos humanos e a

promoção do desenvolvimento sustentável.” (Norma brasileira, ABNT ISO16001, 2012).

Assim como a ISO 14001, leva a organização a criar um sistema de gestão de responsabilidade

no formato PDCA – plan, do, check, act (ou em português: planejar, executar, verificar, agir).

Em cada uma das 4 fases a empresa deve obedecer a certos critérios estabelecidos tornando-os

parte da sua gestão.

O quadro 2 apresenta uma comparação do antes e depois da implementação da norma em uma

empresa.

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Ante da implementação Após implementação

Ações sociais voltadas para a comunidade Programas planejados, executados,

verificados, monitorados e analisados

criticamente que contribuem com a

sustentabilidade, respeitando os fatores

econômicos, sociais e ambientais, dos quais

possamos ter influencia e que possam causar

impactos (negativos ou positivos).

Consideração do publico interno e externo

(partes interessadas)

Responsabilidade social era desenvolvida em

apenas um setor

Envolvimento de todas as áreas e em todos os

níveis (visão sistêmica)

Sistemas paralelos (Qualidade, Ambiental,

Saúde e Segurança e Responsabilidade

Social)

Integração da gestão dos Sistemas,

possibilitou maior entendimento dos

envolvidos e redução de custos.

Muitos indicadores dispersos Levantamento de indicadores únicos que

demonstram a sustentabilidade da

cooperativa alinhados a política dos Sistemas

de Gestão Integrada e com o Planejamento

Estratégico

Pouca comunicação com as partes

interessadas (clientes, cooperados

funcionários, comunidade, governos,

fornecedores e concorrentes)

Todas as partes interessadas são ouvidas e

estimuladas a desenvolver suas atividades de

forma sustentável

Colaborador pouco consciente e envolvido

com aspectos da sustentabilidade e

desenvolvimento sustentável

Mudança de comportamento dos

colaboradores, a partir do entendimento dos

requisitos da norma, sua implantação e se

motivam com objetivo da certificação como

reconhecimento de sua dedicação à

responsabilidade social

Quadro 2 - Implementação ISO 16001 (ISO 16001, 2012, adaptado)

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5. Tecnologias Aplicáveis as Obras de Edificações

Consideradas Sustentáveis Muitas são as tecnologias aplicadas e testadas como sustentáveis. Naturalmente, que o

atendimento a todos os aspectos abrangidos pelo conceito de sustentável, considerando os 3

pilares ambiental, econômico e social é bastante dificultado. Via de regra, essas tecnologias

estão vinculadas dentre outros aos seguintes aspectos:

a) Gestão da água incluindo o aproveitamento de águas pluviais, o reuso de água e a utilização

de equipamentos que reduzam o consumo;

b) Gestão dos materiais de construção incluindo a utilização de materiais com baixo impacto

ambiental e reuso de materiais reciclados;

c) Gestão da energia incluindo a eficiência energética, uso de fontes de energia naturais

alternativas, ventilação e iluminação naturais.

Neste capítulo são abordados métodos de avaliação da sustentabilidade de técnicas e materiais

construção e são apresentadas algumas tecnologias e materiais considerados sustentáveis que

vem sendo aplicados na construção de edificações.

5.1 Avaliação da sustentabilidade das técnicas construtivas A avaliação da sustentabilidade para a definição se uma técnica construtiva é ou não sustentável

não é simples em função de não existir uma norma específica que permita fazer uma avaliação

precisa.

Existem métodos desenvolvidos e testados na literatura técnica, alguns testados em estudos de

caso.

Um método bem disseminado é o estabelecido pelo CBCS – Conselho Brasileiro de Construção

Sustentável para a seleção de insumos e fornecedores visando a incorporação materiais

sustentáveis em um empreendimento de edificação. Trata-se de um método constituído por seis

etapas (CBCS apud Furukawa et Carvalho, 2011):

Etapa 1 - Verificação da formalidade, qualidade e legalidade da empresa fornecedora de

insumos;

Etapa 2 - Verificação da licença ambiental da empresa fabricante dos materiais desejados;

Etapa 3 - Selecionar os materiais de forma a se atingir as necessidades do projeto, com

eficiência e sem prejudicar de forma significativa o meio ambiente;

Etapa 4 - Respeito às normas técnicas que garantem a qualidade do produto adquirido;

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Etapa 5 - Análise da durabilidade do produto;

Etapa 6 - Produtos que garantam a saúde e segurança dos usuários.

Outra técnica bastante utilizada é aquela definida por Sahil, 2018 já descrita e testada no item

3.1. que estabelece critérios para especificação de materiais sustentáveis.

Uma terceira técnica vem a ser a Análise do Ciclo de Vida (ACV) que, segundo a série que a

conceitua, ISO 14001, é a “compilação das entradas e saídas e dos impactos ambientais

potenciais de um sistema de produto ao longo seu ciclo de vida”. Esta metodologia é aplicada

através de softwares que facilitam compilar e analisar todas essas variáveis através de bancos

de dados disponíveis que caracterizem as entradas e saídas.

Aplicado na construção civil, permite:

a) comparar diferentes materiais e técnicas;

b) avaliar o perfil ambiental de uma edificação;

c) avaliar qual o material/processo/serviço que mais impacta no ciclo de vida;

d) promover a melhoria ambiental do processo/produto/serviço;

e) calcular indicadores a serem utilizados em compras sustentáveis; auxiliar a tomada de

decisão;

f) auxiliar tomada de decisões.

Segundo a ISSO 14040, tem-se as seguintes fases para elaboração de uma ACV:

a) definição de objetivo (aplicação pretendida, razões para o estudo, público-alco, se existe

a intenção de divulgar os resultados) e escopo (sistema de produto a ser estudado,

funções do sistema de produto, unidade funcional, fronteira do sistema, procedimentos

de alocação, requisitos de dados, categorias de impacto, metodologia para avaliar os

impactos, pressupostos, limitações, requisitos iniciais, tipo de análise crítica, tipo e

formato do relatório para estudo);

b) análise de inventário (coleta de dados, cálculos com os dados, alocação de fluxos e

liberações);

c) avaliação de impacto;

d) interpretação.

Assim, por meio desse estudo pode-se avaliar os materiais processos, serviços que mais

impactam o ciclo de vida de uma técnica ou material de construção, promover a melhoria

ambiental do processo e auxiliar nas tomadas de decisão.

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5.2 Arquitetura vernacular

5.2.1 Conceituação Esse tipo de técnica engloba todas as técnicas de construções surgidas antes do estudo da

engenharia, de forma instintiva, adaptando e aproveitando as características do meio a

construção.

5.2.2 Aspectos sustentáveis “A arquitetura vernacular é considerada especialmente sustentável por seu caráter de integração

com o ambiente, o uso de materiais orgânicos e, é claro, pelas escolhas e soluções arquitetônicas

que possibilitam características como o bom isolamento térmico e acústico”. (GARRIDO,

2019). Além disso, a arquitetura vernacular usa de materiais locais levando ao desenvolvimento

da economia local, redução dos gases emitidos pelo transporte destes. Outro ponto relevante, é

o protagonismo que tais obras dão a cultura da região, resgatando práticas milenares.

Por muito tempo foi tida como depreciada pela arquitetura local, felizmente arquitetos

contemporâneos vendo a relevância do estudo dessas práticas vêm recriando e aprimorando as

técnicas.

5.2.3 Vantagens e desvantagens da utilização a) Vantagens:

Bom isolamento térmico;

Bom isolamento acústico;

Integração com as características ambiente ao redor;

Uso de materiais locais;

Valorização da cultura local;

Desenvolvimento da economia local;

Emissão baixa ou nula de poluentes;

Baixo custo.

b) Desvantagens:

Limitação da arquitetura àquele ambiente;

Preconceito por ser uma arquitetura antiga;

Precisa de estudo e pesquisa para conhecer as características da técnica usada por cada

população.

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Algumas delas serão exemplificadas através das figuras 1 e 2. A primeira mostra iglus

construídos por populações Inuit na Groelândia e no Canadá, feitos de blocos de gelo com

métodos precisos de construção para assegurar a integridade estrutural. A segunda representa o

Centro cultural Jean Marie Tibeau, projetado por Renzo Piano no arquipélago francês da Nova

Caledônia, obra foi inspirada na cultura da civilização Kanak.

Figura 1 - Iglus no Canadá (Comberg, 2018)

Figura 2 - Centro cultural Jean Marie Tijibaou, projeto de Renzo Piano (ANACONI, 2018)

5.3 Ecodesign

5.3.1 Conceituação Trata-se de desenvolver produtos com foco na sua ecoeficiência e ciclo de vida do produto,

atendendo a todos os requisitos técnicos desejados, como: tempo, custo, desempenho,

durabilidade.

Dentro da construção civil podem ser citados como principais princípios:

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a) Desmaterialização: reduzir o consumo de material;

b) Facilidade de transporte e logística;

c) Facilidade de montagem e desmontagem;

d) Desconstrução (processo construtivo de desmontagem de materiais e componentes, para

reutilização em outra edificação) e/ou desmontagem previstas em projeto;

e) Uso de matérias prima reutilizadas ou recicladas;

f) Uso de materiais de elevada disponibilidade;

g) Uso de materiais locais;

h) Reutilização ou reciclagem possíveis no fim de vida produto;

i) Custo reduzido;

j) Alta durabilidade;

k) Fácil manutenção.

5.3.2 Aspectos sustentáveis Como a técnica já foi criada baseando-se nos três pilares da sustentabilidade, todos os seus

princípios, descritos no item 5.2.1 podem ser ditos como aspectos sustentáveis.

5.3.3 Vantagens e desvantagens a) Vantagens:

Podemos citar todos os seus princípios como vantagens da técnica.

b) Desvantagens:

Técnica pouco difundida;

Precisa de incentivo para o estudo de novos materiais;

Pesquisa local para uso de materiais da própria região.

5.4 Materiais naturais

5.4.1 Conceituação Podem desempenhar diversas funções nas edificações, como representado no quadro 3.

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Quadro 3 - Biomateriais (Toledo Filho, 2019)

A primeira, terceira, quarta e quinta colunas apresentam materiais presentes na estrutura,

fachadas, paredes, janelas, portas, piso e móveis. A segunda em fachadas, paredes e cobertura.

E a terceira, quarta e quinta na estrutura, fachada, paredes, portas, janelas, coberturas, pisos e

móveis.

O processo de fabricação depende do tipo do tipo de matéria prima a ser usada, mas em quase

todos os casos irá envolver: extração do material do meio ambiente, secagem, tratamento

químico contra intempéries e agentes biológicos.

5.4.2 Aspectos sustentáveis Os biomateriais possuem processo de fabricação simples impactando menos o ambiente por

despender menos energia e água e consequentemente menor emissão de poluentes. Usando

aqueles presentes localmente, favorece ainda a economia local, diminui emissão de gases com

o transporte do material, favorecendo duplamente a sociedade local.

Além disso, biomateriais são de origem renovável, capazes de sequestrar e armazenar CO2,

biodegradáveis (Toledo Filho, 2019).

5.4.3 Vantagens e desvantagens a) Vantagens:

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Processo produtivo simples e de baixo impacto ambiental;

Materiais renováveis;

Materiais capazes de sequestrar e armazenar CO2;

Materiais biodegradáveis;

b) Desvantagens:

Limitação do uso do material àquele ambiente;

Necessidade de tratamentos adequados, como tratamento contra agentes biológicos e

secagem;

Precisa de estudo e pesquisa para conhecer e testar as características dos materiais;

Para serem usados nas edificações precisam ser normatizados;

Comprovação das características físico-químicas por meio de ensaios;

Estudo de viabilidade técnica do uso do material.

5.4.4 Construção com terra A construção com terra também está dentro dessas características de materiais naturais e pode

ser usado tanto em uma arquitetura vernacular como com tradicional. Possui baixo custo,

reciclabilidade ao final da vida útil, baixo consumo energético nas etapas de produção,

incombustível, não poluente e não toxico e boas propriedades termo hídricas e acústicas, porém

é um recurso não renovável.

Algumas dessas técnicas são: terra escavada, terra como elemento de cobertura, terra

arremessada (mistura de terra e palha), terra compactada entre formas (taipa e pilão), blocos de

terra compactada, terra reforçada com fibras.

5.5 Bioconcreto

5.5.1 Conceituação É feito por uma matriz cimentícia e reforçado com partículas de biomassa vegetais. Estas

recebem o nome de bioagredados: são resíduos de biomassa vegetal com função de agregado

para o concreto.

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Figura 3 - Tipos de bio-agregados

Etapas da fabricação do bioconcreto:

a) Obtenção dos resíduos de biomassa vegetal;

b) Separação das partículas desse material através do peneiramento, utilizando somente os

passantes na malha de 4,75mm;

c) Mineralização das partículas em silicato de sódio e sulfato de alumínio;

d) Mistura com cimento;

e) Ciclo de lavagem em água quente.

5.5.2 Aspectos sustentáveis O material possui baixo custo, boa resistência mecânica, disponibilidade de matéria prima,

economia de energia, propriedades de isolamento termo acústico, resistência ao fogo, neve,

insetos, umidade e mofo, elasticidade, facilidade de processamento e leveza e solução da

destinação dos resíduos de biomassa vegetal.

5.5.3 Vantagens e desvantagens a) Vantagens:

Solução para o descarte dos resíduos da biomassa;

Bom isolante térmico;

Bom, isolante acústico;

Material leve e resistente;

Pode ser serrado e furado;

Boa resistência mecânica;

Além das citadas no item 5.5.2.

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b) Desvantagens:

Necessidade de aglomerantes adequados, para não haver a inibição da pega em alguns

casos;

Precisa de estudo e pesquisa para conhecer e testar as características dos materiais;

Para serem usados nas edificações precisam ser normatizados;

Comprovação das características físico-químicas por meio de ensaios;

Estudo de viabilidade técnica do uso do material.

5.6 Uso de resíduos da construção e demolição como agregados:

5.6.1 Conceituação Como já abordado nos itens anteriores, o uso de resíduos na fabricação de materiais ajuda a

solucionar o problema da destinação do que seria resíduo dando uma nova finalidade a ele.

Além disso, reduz o consumo de energia na produção do material e, consequentemente,

possíveis emissões de poluentes envolvidas no processo, reduz o desperdício de materiais nas

obras, diminui uso de matérias primas não renováveis, diminui volume de resíduos em aterros,

reduz a destinação incorreta de resíduo.

De acordo com a Resolução CONAMA 307/2002, os resíduos recicláveis ou reutilizados como

agregados recebem a seguinte classificação:

a) Classe A: recicláveis como agregado ou reutilizáveis, tais como componentes

cerâmicos (tijolos, telhas, blocos, placas de revestimento), argamassa e concretos,

inclusive solos provenientes de terraplanagem.

b) Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, tais como metais, plásticos,

papel, papelão, vidros, madeiras, embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso.

c) Classe C: resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações

economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação.

d) Classe D: resíduos perigosos, tais como, tintas solventes, óleos e outros ou aqueles

contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, bem como telhas e

demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros.

Pela ABNT 15116: 2004, tem-se a seguinte definição e classificação dos resíduos para

agregados:

É todo o material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção ou

demolição de obras civis, que apresenta características técnicas para a aplicação em obras de

edificação e infraestrutura.

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Classificação:

a) ARC: pertencente a classe A, composto na sua fração graúda, de no mínimo 40%

em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas.

b) ARM: pertencente a classe A, composto na sua fração graúda, de menos de 90% em

massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas.

Na usina de reciclagem, os resíduos de construção e demolição seguem as seguintes etapas até

retornarem ao mercado como produto novamente:

a) Triagem e classificação: remove as impurezas e materiais contaminantes (gesso, vidro,

papel, metal, madeira e plástico) são utilizadas técnicas de separação manual ou

equipamentos que removem seletivamente as impurezas, por atração magnética ou por

densidade;

b) Limpeza do resíduo: as pequenas partículas que não foram removidas na triagem são

retiradas. Estas podem ser materiais finos como o gesso, isopor ou materiais cerâmicos.

A limpeza é realizada com água ou jatos de ar;

c) Britagem: resíduos são fragmentados. É importante para definir o tamanho e formato

dos grãos e depende do equipamento. É realizado em britadores. Se a britagem não for

satisfatória, é realizada uma segunda.

d) Peneiramento: separa as partículas por tamanhos através de peneiras, classificadores

pneumáticos ou hidráulicos. Pode ser realizado a seco ou úmida.

e) Homogeneização: torna uniforme a amostra de agregados. Método da pilha: dividir o

lote em 4 regiões, retirada do minério.

f) Produtos finais: rachão, brita 1, pedrisco, areia e finos reciclados.

5.6.2 Aspectos sustentáveis O reaproveitamento desses resíduos evita, primeiramente, impactos que seriam causados pela

destinação irregular destes, como: degradação dos mananciais, obstrução dos sistemas de

drenagem, proliferação de vetores, assoreamento de rios. Além disso, aumenta o ciclo de vida

daquele material que seria descartado, evita o consumo de novas matérias primas para

fabricação de algo novo, evitando assim também o consumo de energia e água, a emissão de

poluentes e o desperdício de materiais em obra.

5.6.3 Vantagens e desvantagens a) Vantagens:

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Dar uma destinação para um material que seria descartado;

Evitar o consumo de recursos naturais virgens;

Diminuição do desperdício de materiais em obras;

Redução do volume de resíduos nos aterros

Aumentar a vida útil de aterros.

b) Desvantagens:

Necessidade de tratamento do resíduo antes do uso;

Recálculo dos parâmetros físicos para definir, por exemplo, dosagem do concreto;

Comprovação da viabilidade técnica dos materiais.

5.7 Águas cinzas domésticas

5.7.1 Conceituação Trata-se do reuso de águas cinzas domésticas em outros serviços da própria edificação. As

águas cinzas residenciais são as águas usadas no chuveiro, nas cubas do banheiro, nos tanques

de lavar roupas e nas máquinas de lavar roupas e louças tratadas na Estação de Tratamento de

Águas Cinzas (ETAC) para serem reutilizadas em água de irrigação, água para descarga e água

de mangueira para uso comum. Elas possuem coloração entre cinza escuro e cristalino,

partículas orgânicas e inorgânicas, presença de produtos químicos (detergente, amaciante, entre

outros), contêm secreções, bactérias, fungos, vírus e pelos. O uso desse tipo de água é

normatizado pela ABNT NBR 13969/1997, que dispõem das normas para projeto, construção

e operação das unidades de tratamento completar e disposição final dos efluentes líquidos.

Etapas de tratamento de águas cinzas:

a) As águas cinzas passam pelo gradeamento e depois pelo tanque de equalização

(tratamento primário);

b) Seguem para o tratamento biológico, coagulação e sedimentação (tratamento

secundário);

c) Passam pela membrana de filtração, são desinfetadas e depositadas no taque de água

tratada (tratamento terciário).

5.7.2 Aspectos sustentáveis O reuso de águas cinzas, como o próprio nome diz, após tratamento, reutiliza um resíduo, dando

uma destinação a ele. Assim, ele diminui o consumo de água e consequentemente reduz o custo

da conta de água nas edificações.

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5.7.3 Vantagens e desvantagens: a) Vantagens:

Aspectos citados no item 5.7.2

b) Desvantagens:

Custo inicial com a construção da ETAC.

5.8 Águas cinzas de usinas de concreto 5.8.1 Conceituação Trata-se do reuso das águas cinzas de usinas de concreto no próprio processo produtivo.

As etapas de tratamento de águas cinzas, estão descritas na figura 4.

Figura 4 - Reuso da água na usina de concreto (de Paula, 2015)

5.8.2 Aspectos sustentáveis Tendo em vista que “a indústria da construção civil consome 1,7% da água mundial na

produção de concreto” (Toledo Filho, 2019) e que o consumo anual de concreto é de cerca de

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11,5 bilhões de toneladas, o estudo para o reuso dessa água torna-se imprescindível para tornar

as obras de edificações mais sustentável.

5.8.3 Vantagens e desvantagens a) Vantagens:

Reuso da água cinza, evitando seu descarte;

Redução de gasto de água;

Redução do custo.

b) Desvantagens:

Redução no espalhamento quanto maior o índice de água cinza na mistura;

Redução da resistência mecânica quanto maior o índice de água cinza na mistura;

Aumento do tempo de inicio de pega do concreto.

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6. Conclusão: Definir um material como sustentável ou não, como observado, trata-se de um estudo de vários

dados e indicadores. Como observado no capitulo três, analisar apenas um indicador leva a uma

conclusão limitada sobre sua sustentabilidade porque, por exemplo, na comparação entre os

materiais, o que apresenta menor consumo de energia, pode ter os demais indicadores muito

altos, sendo preferível, portanto, usar outro que atenda todos os indicadores de uma forma

satisfatória. Além disso deve-se examinar a realidade local: quanto a disponibilidade de tal

material mais nocivo ao meio ambiente impactaria menos ou mais do que aquele outro

produzido em outra região, necessitando ser transportado e não desenvolvendo a economia

daquela população.

A Análise do Ciclo de Vida vem a ser um grande aliado para observar essas várias fontes de

impactos, porém devem ser feitos mais trabalhos nessa área a fim de melhorar as áreas

defasadas, principalmente a formulação de um banco de dados que represente o cenário

brasileiro e a capacitação de profissionais para operarem os softwares que realizam essa

metodologia.

Feitas essas ressalvas, as tecnologias apresentadas no capitulo cinco podem sim serem

consideradas sustentáveis dentro do que foi descrito em cada uma.

Sugere-se que para continuar o avanço das edificações no contexto sustentável, sejam feitos

trabalhos com pesquisas numéricas que revelem a preferencia do consumidor por edificações

sustentáveis, pois afetará no pilar mais avaliado pelas empresas, o econômico. Além, da

necessidade de estudos para desenvolver a Análise do Ciclo de Vida, citada anteriormente neste

capítulo.

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