lili nunca posso fazer o que quero!

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Nunca posso fazer o que eu quero!

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Livro destinado à crianças que estão entrando na primeira infância

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Page 1: Lili nunca posso fazer o que quero!

Nunca posso fazer o que eu quero!

Page 2: Lili nunca posso fazer o que quero!

Nunca posso fazer o que eu quero!

Texto: Florence Dutruc-Rosset Ilustrações: Marylise Morel Cores: Christine Couturier

Tradução: Irami B. Silva

— São Paulo, 2011 —

Page 3: Lili nunca posso fazer o que quero!
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1Um dia de cão!

Yes! Hoje é feriado! Finalmente, vou conseguir

terminar o maravilhoso vestido da Malu, minha

boneca-manequim, que comecei na semana passa-

da. Depois do café, voei para o meu quarto, virei

o aviso pendurado na porta para o lado “Proibido

para quem tem mais de 8 anos”, e me entreguei ao

meu tecido, minha agulha e minha Malu. Esse ves-

tido vai � car muito bonito!

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De repente, entra minha mãe, sem nem ter

tido o cuidado de ler o aviso... Simplesmente

aparece.

– Lili, vista-se logo e arrume seu quarto!

– Já vou , já vou, dois minutos...

– Não! Nada de dois minutos. Agora! – diz a

mãe, nervosa.

– Mas estou fazendo um negócio super-

importante!

– É?! E daí? Lavar o rosto, vestir-se e arrumar o

quarto também é superimportante! Então, pare de

discutir e vá!

Ah! É sempre a mesma coisa. Faça isso, faça

aquilo. Faça isso de novo, faça aquilo de novo!

Tudo eu!

Bem, quanto mais rápido me mexer, mais

cedo me livro dessas obrigações chatas. Escovo

os dentes e penteio os cabelos rapidinho. En� o a

primeira calça que encontro. Visto meu moletom

amarelo, calço as meias e as pantufas. Pronto! Ata-

co a minha cama. Puxo a colcha até o travesseiro.

Tudo ok! Junto tudo o que está espalhado no chão

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e empilho em cima da cômoda. Cronometrado: 4

minutos! Recorde batido!

Ufa! Pego novamente minha tesoura e me agar-

ro ao vestido de minha pequena Malu. Vou fazer

um decote em U nele, todo enfeitado de miçangas.

Vai � car lindo!

De repente, a porta se abre novamente num ba-

rulhão. É minha mãe de novo:

– Escovou os dentes?

– Já, mãe.

– Bem, então calce os sapatos e vista a jaqueta.

Vamos fazer as compras no supermercado.

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– O QUÊÊÊ? Mas não é possível, estou em ple-

na costura! E não tenho vontade nenhuma de ir ao

supermercado com você. Vai levar horas...

– Não me venha com histórias, Lili! E não � que se

arrastando! Hoje o supermercado fecha mais cedo.

– Ooooh! É o � m do mundo!... Que azar! Não

cheguei nem a terminar de cortar o decote do ves-

tido. De� nitivamente, é irritante...

No supermercado, é o pior de tudo. Todas aque-

las seções são pra lá de chatas. Peço à minha mãe:

– Por favor, posso ir olhar os brinquedos?

– Não, agora não! Aliás, vá pegar para mim sa-

bão em pó, uma caixa de lenços de papel e deter-

gente. Estou indo para a seção de laticínios.

Coragem, Lili! E lá vou eu para a seção de

detergentes, e no caminho, o que é que vejo? A pra-

teleira dos meus sonhos, com linhas douradas, bo-

tões superbonitinhos, � tas de todas as cores... Uau!

Vai ser genial para o vestido da Malu! Volto corren-

do para minha mãe:

– Mãe, eu imploro, imploro de joelhos, farei

tudo o que você quiser até eu morrer... Será que

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você pode comprar � ta e linha dourada para o ves-

tido da minha boneca? Por favor, mãezinha queri-

dinha do meu coração, que eu amo tanto!

– Fita e linha? Mas, Lili, já comprei um mon-

te de � ta e linha para você, na semana passada! E,

além do mais, encontrei de novo um monte de pe-

daços de linha em tudo quanto é canto do seu quar-

to. Agora basta, você já tem linha su� ciente.

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– Pois é, mas lá existe

uma � ta especial. É

exatamente a cor

certa.

– Não, Lili, sinto

muito, não pos-

so comprar tudo o

que você quer sem

parar.

– Oh! Não é justo...

– Vá, pare de resmungar.

Temos que voltar correndo para eu

fazer o almoço.

Ah, que chatice!

Treze horas. Nós nos sentamos à mesa. Gosto

muito de almoçar sozinha com minha mãe: é cal-

mo, e a gente pode conversar tranquilamente. Na

sobremesa, caio de boca no sorvete de creme com

pistache que compramos de manhã. A� nal, fazer

compras não é lá tão ruim assim!

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Depois do almoço, ligo a televisão. Tem um su-

per� lme às 14h10. Mais de três minutos para espe-

rar. No entanto, minha mãe grita de lá:

– Lili, vá brincar lá fora, o tempo está ótimo.

– Essa não! O � lme que vai passar agora é muito

legal, e eu não posso perder.

– Veja bem, minha querida, você não vai � car

aí plantada na frente da tevê a tarde toda, né? Vá

andar de bicicleta ou de patins...

– Não estou com vontade... Quero assistir a esse

� lme.

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– Não! E não se discute. Você já está com os

olhos vermelhos. Vá se distrair um pouco, vai lhe

fazer bem, acredite!

Chega, chega, chega! Nunca posso fazer o que

eu quero!

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2Chega de ser uma criança!

É evidente que, na manhã seguinte, na escola,

todo mundo só fala no � lme do dia anterior. Gui-

lherme diz todo animado:

– É super quando Mac Monster se transforma

em aranha gigante. Uau, que susto!

– É engraçado demais o lance do sanduíche de

minhocas gosmentas, não, Lili? – pergunta Helô.