palavras do mundo 11 tds prof.ª cristina tomé

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Página 1 de 41 LER+MAR=SER “PALAVRAS DO MUNDO” NIGÉRIA CHINUA ACHEBE BIOGRAFIA Chinua Achebe nasceu no dia 16 de novembro de 1930 e faleceu em Boston, 22 de Março de 2013. Foi romancista, poeta, crítico literário e um dos autores africanos mais conhecidos do século XX. Achebe escreveu cerca de 30 livros (romance, contos, ensaio e poesia), alguns dos quais retrataram a depreciação que o Ocidente faz sobre a cultura e a civilização africanas, bem como os efeitos da colonização do continente pelos europeus, mas também escreveu obras abertamente críticas à política nigeriana.

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Página 1 de 41

LER+MAR=SER

“PALAVRAS DO MUNDO”

NIGÉRIA

CHINUA ACHEBE

BIOGRAFIA

Chinua Achebe nasceu no dia 16 de

novembro de 1930 e faleceu em Boston, 22 de

Março de 2013.

Foi romancista, poeta, crítico literário e um dos

autores africanos mais conhecidos do século

XX. Achebe escreveu cerca de 30 livros

(romance, contos, ensaio e poesia), alguns dos

quais retrataram a depreciação que o Ocidente faz sobre a cultura e a civilização

africanas, bem como os efeitos da colonização do continente pelos europeus,

mas também escreveu obras abertamente críticas à política nigeriana.

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BIBLIOGRAFIA

POESIA

- Beware, Soul-Brother, and Other Poems (1971) - Don't Let Him Die: An Anthology of Memorial Poems for Christopher Okigbo (1978)

- Another Africa (1998) - Collected Poems (2005) - Refugee Mother and Child - Vultures

EXEMPLO DE POEMAS

BENIN ROAD

Speed is violence

Power is violence

Weight violence

The butterfly seeks safety in lightness

In weightless, undulating flight

But at a crossroads where mottled light

From old trees falls on a brash new highway

Our separate errands collide

I come power-packed for two

And the gentle butterfly offers

Itself in bright yellow sacrifice

Upon my hard silicon shield.

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A MOTHER IN A REFUGEE CAMP

No Madonna and Child could touch

Her tenderness for a son

She soon would have to forget. . . .

The air was heavy with odors of diarrhea,

Of unwashed children with washed-out ribs

And dried-up bottoms waddling in labored steps

Behind blown-empty bellies. Other mothers there

Had long ceased to care, but not this one:

She held a ghost-smile between her teeth,

And in her eyes the memory

Of a mother’s pride. . . . She had bathed him

And rubbed him down with bare palms.

She took from their bundle of possessions

A broken comb and combed

The rust-colored hair left on his skull

And then - humming in her eyes - began carefully to part it.

In their former life this was perhaps

A little daily act of no consequence

Before his breakfast and school; now she did it

Like putting flowers on a tiny grave.

WEBGRAFIA: http://en.wikipedia.org/wiki/Chinua_Achebe http://armedwithvisions.com/2013/03/29/chinua-achebe-benin-road/ https://kianda.wordpress.com/category/poesia/

Turma: 11ºTDS Aluna: Teresa Vieira

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WOLE SOYINKA

BIOGRAFIA

Escritor e homem de letras nigeriano, Akinwande

Oluwole Soyinka nasceu a 13 de julho de 1934,

em Abeokuta. Após ter concluído os seus estudos

propedêuticos no Instituto Superior de Ibadan,

partiu em 1954 para o Reino Unido,

matriculando-se no curso de Literatura Inglesa da

Universidade de Leeds, que concluiu em 1959. Enquanto estudante apaixonou-se

pelo teatro, e por altura da sua formação, já havia levado a palco algumas peças

da sua autoria, como A Quality Of Violence (1959), The Swamp Dwellers e The Lion And The Jewel. Foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1986.

BIBLIOGRAFIA - Idanre & Other Poems (1967);

- Poems From Prison (1969);

- A Shuttle in the Crypt (1972);

- Ogun Abibimañ (1976);

- Mandela's Earth and Other Poems (1988);

EXEMPLO DE POEMAS

NIGHT Your hand is heavy, Night, upon my brow.

I bear no heart mercuric like the clouds,

to dare.

Exacerbation from your subtle plough.

Woman as a clam, on the sea's cresent.

I saw your jealous eye quench the sea's

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Flouorescence, dance on the pulse incessant

Of the waves. And I stood, drained

Submitting like the sands, blood and brine

Coursing to the roots. Night, you rained

Serrated shadows through dank leaves

Till, bathed in warm suffusion of your dappled cells

Sensations pained me, faceless, silent as night thieves.

Hide me now, when night children haunt the earth

I must hear none! These misted cells will yet

Undo me; naked, unbidden, at Night's muted birth.

I THINK IT RAINS

I think it rains

That tongues may loosen from the parch

Uncleave roof-tops of

the mouth, hang

Heavy with knowledge

I saw it raise

The sudden cloud, from ashes.

Settling

They joined in a ring of

grey; within,

The circling spirit.

O it must rain

These closures on the mind, blinding us

In strange despairs, teaching

Purity of sadness.

And how it beats

Skeined transperencies on wings

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Of our desires, searing dark longings

In cruel baptisms.

Rain-reeds, practised in

The grace of yielding, yet unbending

From afar, this, your conjugation with my earth

Bares crounching rocks.

WEBGRAFIA: http://www.infopedia.pt/$wole-soyinka http://allpoetry.com/Wole-Soyinka

Turma: 11ºTDS

Alunos: Luís Ribeiro e José Ribeiro

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GABRIEL OKARA

BIOGRAFIA Jibaba Gabriel Okara (nascido em 25 de abril de 1921) é um

poeta nigeriano e romantista, que nasceu em Bomoundi no

estado de Bayelsa, Nigéria.

Ele foi educado no colégio do governo, Umuahia e mais tarde

na faculdade superior de Yaba. Estudou jornalismo na

Universidade Northwestern, em 1949, e antes da eclosão da

Guerra Civil nigeriana trabalhou como oficial de informações para o serviço de

governo nigeriano Oriental. Em 1979, ele foi premiado com o prémio de

poesia da Comunidade. Ele viveu nos Estados Unidos durante vários anos na

década de 1970, e voltou para os EUA em 1990, após um acidente de carro.

A partir de 2009 até sua morte, foi professor na Universidade de Brown, nos

Estados Unidos.

BIBLIOGRAFIA POESIA

- Cuidado, Soul Irmão, e outros poemas

- Não deixá-lo morrer: An Anthology of Memorial Poemas

para Christopher Okigbo

- Outra África

- Recolhidos Poems Carcanet Imprensa

- Refugiados Mãe e criança

- Vultures

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EXEMPLO DE POEMAS

PIANO AND DRUMS When at break of day at a riverside

I hear the jungle drums telegraphing

the mystic rhythm, urgent, raw

like bleeding flesh, speaking of

primal youth and the beginning

I see the panther ready to pounce

the leopard snarling about to leap

and the hunters crouch with spears poised;

And my blood ripples, turns torrent,

topples the years and at once I’m

in my mother’s laps a suckling;

at once I’m walking simple

paths with no innovations,

rugged, fashioned with the naked

warmth of hurrying feet and groping hearts

in green leaves and wild flowers pulsing.

Then I hear a wailing piano

solo speaking of complex ways in

tear-furrowed concerto;

of far away lands

and new horizons with

coaxing diminuendo, counterpoint,

crescendo. But lost in the labyrinth

of its complexities, it ends in the middle

of a phrase at a daggerpoint.

And I lost in the morning mist

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of an age at a riverside keep

wandering in the mystic rhythm

of jungle drums and the concerto.

ONCE UPON A TIME

Once upon a time, son,

they used to laugh with their hearts

and laugh with their eyes:

but now they only laugh with their teeth,

while their ice-block-cold eyes

search behind my shadow.

There was a time indeed

they used to shake hands with their hearts:

but that’s gone, son.

Now they shake hands without hearts

while their left hands search

my empty pockets.

‘Feel at home!’ ‘Come again':

they say, and when I come

again and feel

at home, once, twice,

there will be no thrice-

for then I find doors shut on me.

So I have learned many things, son.

I have learned to wear many faces

like dresses – homeface,

officeface, streetface, hostface,

cocktailface, with all their conforming smiles

like a fixed portrait smile.

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And I have learned too

to laugh with only my teeth

and shake hands without my heart.

I have also learned to say,’Goodbye’,

when I mean ‘Good-riddance':

to say ‘Glad to meet you’,

without being glad; and to say ‘It’s been

nice talking to you’, after being bored.

But believe me, son.

I want to be what I used to be

when I was like you. I want

to unlearn all these muting things.

Most of all, I want to relearn

how to laugh, for my laugh in the mirror

shows only my teeth like a snake’s bare fangs!

So show me, son,

how to laugh; show me how

I used to laugh and smile

once upon a time when I was like you.

WEBGRAFIA: https://thehenrybrothers.wordpress.com/2011/06/04/once-upon-a-time-

gabriel-okara/

http://finslab.com/enciclopedia/letra-c/chinua-achebe.php

Turma: 11ºTDS Aluna: Bárbara Leite

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NIYI OSUNDARE

BIOGRAFIA

O poeta nigeriano nasceu em Ikere-Ekiti e estudo

na Universidade de Ibadan, Universidade de

Leeds, e a Universidade de York, Toronto. Voltou

para a Nigéria para trabalhar como professor

universitário e jornalista.

Desde 1985, tem divulgado a poesia a um vasto público através da

coluna que publica no jornal Tribune. Um dos poetas contemporâneos

mais prolíficos e conceituados da Nigéria, Osundare utiliza idiomas

literários e vernaculares para enquadrar de uma forma lírica e satírica a

sua preocupação com a justiça social. É um grande declamador da sua

poesia, mostrando afinidade com as tradições orais nigerianas.

BIBLIOGRAFIA POESIA - Songs of the Marketplace (1984), - Waiting Laughters (1990), - Songs of the Season (1990), - Selected Poems (1992), - Midlife (1993). - The Eye of the Earth (1986)

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EXEMPLO DE POEMAS

NOT MY BUSINESS They picked Akanni up one morning Beat him soft like clay And stuffed him down the belly Of a waiting jeep. What business of mine is it

So long they don’t take the yam

From my savouring mouth?

They came one night

Booted the whole house awake

And dragged Danladi out,

Then off to a lengthy absence.

What business of mine is it

So long they don’t take the yam

From my savouring mouth?

Chinwe went to work one day

Only to find her job was gone:

No query, no warning, no probe –

Just one neat sack for a stainless record.

What business of mine is it

So long they don’t take the yam

From my savouring mouth?

And then one evening

As I sat down to eat my yam

A knock on the door froze my hungry hand.

The jeep was waiting on my bewildered lawn

Waiting, waiting in its usual silence.

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dark sna ky str structures tor tuous milli pede on legs of iron crawl ing wear ily

fromswamptosavannah (Songs of the Marketplace, 30)

WEBGRAFIA: http://www.bigbridge.org/BB14/interview-osundare.html

http://www.jrank.org/literature/pages/5322/Niyi-Osundare.html

Turma: 11ºTDS

Aluno: César Ribeiro

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CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE

Chimamanda Ngozi Adichie nasceu na

Nigéria, em 1977, tendo ido estudar para

os Estados Unidos aos dezanove anos. Os seus contos apareceram em

diversas publicações e receberam inúmeros galardões como o da BBC

Short Story Competition em 2002 e o O. Henry Short Story Prize em

2003. A Cor do Hibisco, o seu primeiro romance, foi distinguido com o

Hurston/Wright Legacy Award 2004 e o Commonwealth Writers’ Prize

2005, tendo também sido finalista do Orange Broadband Prize 2004 e

nomeado para o Man Booker Prize 2004. Meio Sol Amarelo, já

publicado pela ASA, venceu, em 2007, o Orange Broadband Prize, o

Anisfield-Wolf Book Award e o PEN "Beyond Margins Award".

Americanah venceu o Chicago Tribune Heartland Prize 2013. A escritora

foi também distinguida, em 2008, com um Future Award na categoria de

Jovem do Ano e recebeu uma bolsa da MacArthur Foundation,

considerada a "bolsa dos génios", no valor de 500 mil dólares. A sua

obra encontra-se traduzida em trinta e uma línguas.

BIBLIOGRAFIA - Purple Hibiscus, 2003, - Half of a Yellow Sun, 2006, - The Thing Around Your Neck, 2009, - Americanah, 2013, - We Should All Be Feminists, 2014,

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CITAÇÕES

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WEBGRAFIA: http://www.wook.pt/authors/detail/id/41617 http://pt.wikipedia.org/wiki/Chimamanda_Ngozi_Adichie

Turma: 11ºTDS

Aluno: Lucas Ferreira

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ANGOLA

ALDA LARA

BIOGRAFIA Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque

nasceu em Benguela, Angola, no dia 9 de Julho de

1930. Viveu grande parte da adolescência em

Lisboa onde concluiu o liceu e frequentou a

universidade de Medicina de Lisboa e de Coimbra,

local onde se licenciou. Esteve ligada a atividades da

casa dos estudantes do império, sendo uma excelente declamadora, chamando

assim à atenção para os poetas africanos. Após a sua morte, a Câmara

Municipal de Sá da Bandeira (actual Lubango) instituiu o Prémio Alda Lara de

poesia, em sua homenagem. O seu marido, recolheu a sua poesia e publicou

postumamente toda a sua obra.

BIBLIOGRAFIA POESIA

- Poemas, 1966, Sá de Bandeira, Publicações Imbondeiro;

- Poesia, 1979, Luanda, União dos Escritores Angolanos;

- Poemas, 1984, Porto, Vertente Ltda. (poemas completos).

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CONTOS

- Tempo de chuva. Lobito: Colecção Capricórnio, 1973

EXEMPLO DE POEMAS

TESTAMENTO

À prostituta mais nova

Do bairro mais velho e escuro,

Deixo os meus brincos, lavrados

Em cristal, límpido e puro...

E àquela virgem esquecida

Rapariga sem ternura,

Sonhando algures uma lenda,

Deixo o meu vestido branco,

O meu vestido de noiva,

Todo tecido de renda...

Este meu rosário antigo

Ofereço-o àquele amigo

Que não acredita em Deus...

E os livros, rosários meus

Das contas de outro sofrer,

São para os homens humildes,

Que nunca souberam ler.

Quanto aos meus poemas loucos,

Esses, que são de dor

Sincera e desordenada...

Esses, que são de esperança,

Desesperada mas firme,

Deixo-os a ti, meu amor...

Para que, na paz da hora,

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Em que a minha alma venha

Beijar de longe os teus olhos,

Vás por essa noite fora...

Com passos feitos de lua,

Oferecê-los às crianças

Que encontrares em cada rua…

APELO

Na outra margem do rio,

(e eu vejo-a!)

há campos vedes de esperança,

abandonados ao calor de um sol eterno...

Na outra margem do rio,

onde não chega o inverno,

há campos ondulantes de searas maduras.

para os pobres matarem nelas

todas as fomes do mundo...

Na outra margem,

Tudo se começa de novo

e não há dias passados

que amargurem os desgraçados.

Não há dinheiro,

E os homens dão-se as mãos,

que pelo dia inteiro

ouvi as canções que os seus lábios entoaram...

Nem raivas mal contidas,...

nem agonias perdidas,

nem dor...

que na outra margem do rio,

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há Amor...

………………………………………

E entre mim, e a outra margem,

esta terrível viagem.

Este rio caudaloso, imundo,

sujo de todos os calhaus,

que nele vomitou o mundo...

Entre mim e a outra margem,

O rio…

Ah! barqueiro...

Porque tardas?...

Não vês que faz frio?...

Espero, mas desfaleço…

Não tardes mais barqueiro

Não tardes!...

que é tão longe ainda

a outra margem do rio…

WEBGRAFIA: http://lusofonia.com.sapo.pt/alda_lara.htm

http://clubedospensadores.blogspot.pt/2009/05/testamento-alda-lara.html

http://parquedospoetas.cm-oeiras.pt/?page_id=1224

Turma: 11ºTDS

Aluna: Ana Catarina Sampaio

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ANA PAULA RIBEIRO TAVARES

BIOGRAFIA A poetisa nasceu em Lubango, província da

Huíla, Angola, 30 de Outubro de 1952.

Iniciou o seu curso de história na Faculdade

de Letras do Lubango (hoje ISCED- Instituto Superior de Ciências da

Educação - Lubango) terminando-o em Lisboa. Em 1996 concluiu o Mestrado

em Literaturas Africanas.

Atualmente vive em Portugal, faz o Doutoramento em literatura e lecciona na

Universidade Católica de Lisboa. Ana Paula Tavares é a única poetisa

contemporânea do período pós-independência angolana (11 de Novembro de

1975).

Sempre trabalhou na área da cultura, museologia, arqueologia e etnologia,

património, animação cultural e ensino. Participou em simpósios, congressos,

comissões de estudo e elaboração de inúmeros projectos da área cultural. Foi

Delegada da Cultura no Kwanza Norte, técnica do Centro Nacional de

Documentação e Investigação Histórica (hoje Arquivo Histórico Nacional) do

Instituto do Património Cultural.

Foi membro do júri do Prémio Nacional de Literatura de Angola nos anos de

1988 a 1990 e responsável pelo Gabinete de Investigação do Centro Nacional

de Documentação e Investigação Histórica em Luanda, de 1983 a 1985. É

também membro de diversas organizações culturais como o Comité Angolano

do Conselho Internacional de Museus (ICOM), Comité Angolano do Conselho

Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), da Comissão Angolana para

a UNESCO. Tanto a prosa como a poesia de Ana Paula Tavares estão

presentes em várias antologias em Portugal, no Brasil, em França, na

Alemanha, em Espanha e na Suécia.

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BIBLIOGRAFIA

- Ritos de Passagem, 1985

- O Lago da Lua, 1999

- O Sangue da Buganvilia 1998

- Dizes-me coisas amargas como os frutos, 2001

- Ex- votos, 2003

- A cabeça de Salomé, 2004

- Os olhos do homem que chorava no rio, 2005 (co- autor: Manuel Jorge

Marmelo)

- Manual para amantes desesperados, 2007

EXEMPLO DE POEMAS RAPARIGA

Cresce comigo o boi com que me vão trocar

Amarraram-me às costas, a tábua Eylekessa

Filha de Tembo

organizo o milho

Trago nas pernas as pulseiras pesadas

Dos dias que passaram...

Sou do clã do boi —

Dos meus ancestrais ficou-me a paciência

O sono profundo do deserto,

a falta de limite...

Da mistura do boi e da árvore

a efervescência

o desejo

a intranquilidade

a proximidade

do mar

Filha de Huco

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Com a sua primeira esposa

Uma vaca sagrada,

concedeu-me

o favor das suas tetas úberes

BOI À VELA

Os bens nascidos na huíla

são altos, magros

navegáveis

de cedo lhes nascem

cornos

leite

cobertura

os cornos são volantes

indicam o sul

as patas lavram o solo

deixando espaço para

a semente

a palavra

a solidão

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A ABÓBORA MENINA

Tão gentil de distante, tão macia aos olhos

vacuda, gordinha,

de segredos bem escondidos

estende-se à distância

procurando ser terra

quem sabe possa

acontecer o milagre:

folhinhas verdes

flor amarela

ventre redondo

depois é só esperar

nela desagúem todos os rapazes.

WEBGRAFIA: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Paula_Ribeiro_Tavares

http://www.antoniomiranda.com.brpoesia_africana/angola/ana_paula_

tavares.html

Turma: 11ºTDS

Aluno: Carlos Martins

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JOÃO MAIMONA

BIOGRAFIA Nasceu em 1955, em Quibocolo, município de

Maquela do Zombo, na província de Uíge. Em

1961, refugiou-se na República do Zaire.

Estudou Humanidades Científicas em Kinshasa e

em 1975 ingressou na Faculdade de Ciências, regressando a seu país em

1976. Dois anos depois, fixou residência em Huambo, onde se licenciou em

Medicina Veterinária. É membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura do

Huambo e membro da União dos Escritores Angolanos.

BIBLIOGRAFIA - Trajetória Obliterada, (poesia, 1985);

- Les Roses Perdues de Cunene, (poesia, 1985);

-Traço de União (poesia, 1987, 1990);

- Diálogo com a Peripécia, (teatro, 1987);

- As Abelhas do Dia, (poesia, 1988, 1990);

- Quando se ouvir os sinos das sementes (poesia, 1993);

- Idade das Palavras (poesia, 1997).

EXEMPLO DE POEMAS

O TRONCO DA INCERTEZA caminhos perdidos.

festas espirituais

decepcionantes.

não é a barrela que falta.

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nem sequer a lavagem.

nem sequer as varridelas.

promessas feitas -

isto não é suficiente

para olhar

os caminhos perdidos.

DÚVIDAS as árvores penetram as raízes da noite.

as folhas cristalizam as águas do tempo

precipitando os dramas do fumo

nos raios por onde passaram as árvores.

os raios descobrem-se novos caminhos

condensam o tempo que arrefece as folhas

nos voos ensanguentados e desnudados.

quem irá arrefecer as folhas

e cristalizar as águas?

as sombras enquanto sobrevivem

parecem estar sem a luz da noite.

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CREPÚSCULO DE DORES as feridas cresciam

nas margens tristes.

interrogando as dores.

imprevistas. bondosas.

as dores também cresciam

nos lábios indefinidos

onde agonizam

as esperanças florescidas.

nos meus olhos imperceptíveis

cresciam feridas,

cresciam dores

nas pedras do meu muro:

cresciam e ainda crescem.

WEBGRAFIA: http://www.infopedia.pt/$joao-maimona

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/joao_maimona.html

http://angolapoetas.blogspot.pt/2014/04/o-tronco-da-incerteza.html

http://angolapoetas.blogspot.pt/2013/04/duvidas.html

http://angolapoetas.blogspot.pt/2012/09/crepusculo-de-dores.html

Turma: 11ºTDS

Aluno: Flávio Alves

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CARLOS FERREIRA

BIOGRAFIA Poeta e jornalista angolano, Carlos Sérgio Monteiro

Ferreira, o Cassé, caluanda de origem, nasceu em

1960, em Angola.

Amante do jornalismo, escreve crónicas para alguns

jornais angolanos e é redator da Rádio Nacional de Angola onde é responsável

e realizador de programas importantes.

Mantendo uma grande ligação com a música, Carlos Ferreira é autor de

reconhecidas letras para canções, faceta que lhe deu grande prestígio.

Membro da União de Escritores Angolanos (UEA), foi cofundador da Brigada

Jovem de Literatura de Luanda (BJLL).

BIBLIOGRAFIA - Projecto Comum (1982),

- Projecto Comunm II (1983),

- O Homem dos 4 Andamentos (1985),

- Sabor a Sal – Crónicas (1986),

- Começar de Novo (1988), Voz à Solta (1991),

- Marginal (1994), Namoro o Mar (1996),

- Ressaca (2000),

- Angústia do Fim (2001),

- Quase Exílio (2003).

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EXEMPLO DE POEMAS

Poema Cinco Busco um sítio.

Sinto-me.

Gela-me o sangue

tanta indiferença.

Está partido o banco da felicidade

Poema dez Bêbado

desloco meus dedos fugazes

num piano à solta.

A sala

cheia

com teu nome.

WEBGRAFIA: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/carlos_ferreira.html

http://www.infopedia.pt/$carlos-ferreira

http://www.voaportugues.com/content/angola-carlos-ferreira/1831665.html

Turma: 11ºTDS

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Aluna: Soraia Pereira

EUGÉNIA NETO

BIOGRAFIA Maria Eugénia Neto nasceu em 1934, em Trás

dos Montes (Portugal) e cresceu em Lisboa.

Estudou desenho e línguas estrangeiras e

participou nos coros do Conservatório Nacional

Português. Publicou os seus primeiros poemas e artigos na imprensa

portuguesa. Em 1948, num círculo de intelectuais africanos conhece

Agostinho Neto, com quem viria a casar-se dez anos depois. Durante a luta

armada de libertação nacional contribui intensamente na divulgação de

poemas em programas de rádio e com artigos e poemas em jornais no

estrangeiro.

Tem-se dedicado à literatura para crianças, tendo já sido traduzida para

várias línguas. Já alcançou o prémio de honra da Comissão da RDA para a

Unesco; na Exposição Os mais belos livros do mundo, realizada em Leipzig

em 1978, com o seu primeiro livro.

BIBLIOGRAFIA

- Foi Esperança e Foi Certeza. (Literatura infantil):

- Nas Florestas dos Bichos falaram (1977);

- As nossas mãos constroem a Liberdade (1979);

- A formação de uma estrela e outras histórias na terra (1979)

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EXEMPLO DE POEMAS

Senhor Ando com uma vontade louca

de te contactar

se não for contigo

desabafo com quem ...

os amigos

não sei em que céus planam.

senhor!

Pedra negou-te

antes do galo cantar.

Mas a semente

queiram ou não

há-de germinar.

Andam tíbios

foi-se-lhes a fé

a esperança e a certeza

Ah,

senhor!

Pedra negou-te

antes do galo cantar.

Mas a semente

queiram ou não

há-de germinar.

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Poesia Quantas vezes

não te fujo poesia

para que o meu ser

não balance

como barco em mar revolto.

A história é lenta

mas num repente

dobra a esquina.

Ah! O que barra ainda

os horizontes da lua

Nada.

Apenas o momento predito

exacto da hora.

WEBGRAFIA: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/eugenia_neto.html

http://www.ueangola.com/bio-quem/item/819-maria-eug%C3%A9nia-neto

Turma : 11ºTDS

Alunas: Anabela Moreira e Filipa Silva

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LOPITO FEIJÓO

BIOGRAFIA

João André da Silva Feijó nasceu em Malanje,

a 29 de Setembro de 1963. Estudou Direito

em Luanda, na Universidade Agostinho Neto

(UAN).

Como criador assina usualmente J. A. S. Lopito

Feijóo K. Poeta e crítico literário, ensinou

Literatura Angolana. Membro fundador da brigada Jovem de Literatura

Angolana. Membro fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda

(BJLL), e do Colectivo de Trabalhos Literários OHANDANJI, é membro da

União dos Escritores Angolanos (UEA), onde exerceu o cargo de secretário

para elações Internacionais. É, atualmente, presidente da Sociedade Angolana

do Direito de Autor (SADIA), dirigindo a gazeta dos Autores, órgão de

divulgação dessa instituição.

Tem colaboração dispersa em publicações de Angola, Portugal, Espanha,

Brasil, Estados Unidos da América (EUA), Moçambique, São Tomé e

Príncipe, Nigéria, etc. É membro da International Poetry dos EUA e da Maison

Internationale de la Poesie, sediada em Bruxelas, Reino da Bélgica. Está

repertoriado na 10ª edição do International directory of distinguished leadership

(2004-2005), do American Biographical Institute, bem como no Dicionário

de Autores de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (1997), de Aldónio

Gomes e Fernanda Cavacas.

BIBLIOGRAFIA - Doutrina (poesia, UEA,1987);

- Me Ditando, Rosa Cor de Rosa, Corpo-a-Corpo (plaquetes de poesia,

1987);

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- No Caminho Doloroso das Coisas — Antologia de Jovens Poetas Angolanos

(UEA 1988);

- Cartas de Amor (UEA, poesia, 1990);

- Meditando (ensaio e crítica, 1994).

EXEMPLO DE POEMAS

KURTA ÁFRICA

Não passeia e nunca desce o sol

ilumina alumia e brilha

dá-nos de njamba a ancestral robustez e

o dinamismo de kandimba sempre no auge.

Argumentados com um funge de kandumba

o calculismo e a tranquilidade dos kilambas

os azares dos capazes e a sorte dos audazes rapazes.

Turbulenta auto-estrada e fértil fragrância

alimento sem o qual hoje e depois

não somos o mesmo igual.

Autocratas burocratas tecnocratas ou democratas

aristocratas de sumaúma ou mesmo artistas de rua

com a turva suruma de repetentes olhares!

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POEMA PRIMEIRO DA CAUSA

Não importa a cor não importa a dor

-viva a maciez do oiro.

Não importa a voz não importa a foz

-viva o caudal do riso.

Não importa o berço não importa a bênção

-viva a escavação do incauto.

(Extrair do humano o jorro bicôncavo do bicho-da-seda.

Assumir a sede de um outro irmão. Canalizar o milho

Entre nós abundante reconduzindo a lavoura à idade leal)

Não importa a malha não importa a falha

-importa a função do lema.

Não importa o galardão não importa a geração:

-importa a assumpção da causa. ÁFRICA!

WEBGRAFIA: http://www.portaldeangola.com/2013/06/tres-poemas-de-j-a-s-lopito-feijoo-k/

http://nossomos.org/?p=29

http://www.lusofoniapoetica.com/artigos/angola/lopito-feijoo/biografia-lopito-

feijoo.html

Turma: 11ºTDS

Alunas: Anabela Moreira e Filipa Silva

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AGOSTINHO NETO

BIOGRAFIA Agostinho Neto nasceu na aldeia de Kaxicane,

região de Icolo e Bengo, a cerca de 60 km de

Luanda. Envolve-se desde muito cedo em

actividades políticas sendo preso em 1951,

quando reunia assinaturas para a Conferência

Mundial da Paz em Estocolmo. Em 1958,

Agostinho Neto licenciou-se em Medicina e, casou com Maria Eugénia, no

próprio dia em que concluiu o curso. Neste mesmo ano, foi um dos fundadores

do clandestino Movimento Anticolonial (MAC), que reunia patriotas oriundos

das diversas colónias portuguesas.

Em 8 de Junho de 1960, o director da PIDE veio pessoalmente prender Neto

no seu Consultório em Luanda.

Foi transferido para uma prisão de Lisboa e, mais tarde foi enviado para Cabo

Verde, para Santo Antão e, depois para Santiago, onde continuou a exercer a

medicina sob constante vigilância política. Foi durante este período, eleito

Presidente Honorário do MPLA.

Agostinho Neto regressa a Luanda no dia 4 de Fevereiro de 1975, sendo alvo

da mais grandiosa manifestação popular de que há memória em Angola.

Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, foi eleito pelos seus

pares o seu primeiro Presidente.

Foi um esclarecido homem de cultura para quem as manifestações culturais

tinham de ser, antes de mais, a expressão viva das aspirações dos oprimidos,

armas para a denúncia de situações injustas, instrumento para a reconstrução

da nova vida.

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BIBLIOGRAFIA - Quatro Poemas de Agostinho Neto, 1957, Póvoa do Varzim, e.a.;

- Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império;

- Sagrada Esperança, 1974, Lisboa, Sá da Costa (inclui os poemas dos dois

primeiros livros);

- A Renúncia Impossível, 1982, Luanda, INALD (edição póstuma).

EXEMPLO DE POEMAS

TWAMBA KAFUNTA

Ku matala, ku maha etu,

ku yiweleli yetu, mujintema jetu,

TWAMBA KAFUNTA

Ku maseki etu

achinada na kafe-e

atookoloka na ndanda

eyiluka na nsachi

TWAMBA KAFUNTA

Ku nyingoti yetu ya ndayimani

ya wuru, ndeeña, ya potololi

TWAMBA KAFUNTA

Mu tuloña twetu, majiya etu

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ku jimpidi, ku mavunda

TWAMBA KAFUNTA

Ku wulelu wa musuwa

ku yisemwa yetu

mu tufukishili ni ku majiku

TWAMBA KAFUNTA

Ku jindimba ni muyi-sanji

mu kalinavali ketu

TWAMBA KAFUNTA

Ku Lubanji lwa Angola Ituña detu

Iseki detu, nvwali yetu

AMANHECER

Há um sussuro morno

sobre a terra;

degladiam-se

luz e trevas

pela posse do Universo;

sente-se a existência

a penetrar-nos nas veias

vinda lá de fora

através da janela;

cresce a alegria na alma

a Vida murmura-nos doces fantasias.

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WEBGRAFIA:

http://www.lusofoniapoetica.com/artigos/angola/agostinho-neto/biografia-

agostinho-neto.html

http://www.agostinhoneto.org/index.php?option-

com_content&view=section&id=14&Itemid=202

Turma: 11ºTDS

Alunos: Luís Ribeiro e José Ribeiro

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CONCEIÇÃO CRISTOVÃO

BIOGRAFIA

Poeta, engenheiro, docente universitário e deputado

angolano, Conceição Luís Cristóvão nasceu no dia 4

de Julho de 1962, em Malanje.

Depois de terminar o ensino primário, foi para a cidade

do Huambo, onde fez os estudos secundários. Nesta cidade, sentiu o fervilhar do

seu gosto pelas Letras, criando os seus primeiros textos poéticos que o vão

revelar como um dos nomes importantes do universo literário da geração de 80.

Integra, então, a Brigada Jovem de Literatura do Huambo (BJLH).

Angolano empenhado e preocupado com os destinos do seu país, Conceição

Cristovão assumiu também as funções de deputado à Assembleia Nacional de

Angola. Político e poeta, o autor sempre soube, contudo, separar e distinguir o

seu discurso argumentativo e político do seu discurso lírico.

Licenciado em engenharia e a exercer a docência na Universidade Agostinho

Neto, o autor é membro da União de Escritores Angolanos (UEA).

BIBLIOGRAFIA

- A voz dos Passos Silenciosos;

- Amores elípticos;

- Idade digital do verso.

EXEMPLO DE POEMAS

RITOS

a cobra

se

ao deslocar

se

deixa rasto.

a cabra cobra

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se

no óbito

há choro de mutudi.

... rasgar a noite negra?

se

e só no pó

se lê:

- o riso da morte

é único.

e redondo.

como um ponto final.

IDADE DA PEDRA (há um discurso de facas nas fronteiras lívidas do rosto.

a madrugada morre de leucemia. e ainda as florestas

não revelam as crateras abertas.

línguas de fogo economizam tristezas. deslizam águas

na luz da pedra.

oh, vidas de pedra, náuseas de pedra. na dura frágil

idade da pedra.)

WEBGRAFIA: http://www.infopedia.pt/$conceicao-cristovao

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola

conceicao_cristovao.html

http://www.lusofoniapoetica.com/artigos/angola/conceicao-cristovao

/idade-da-pedra.html Turma: 11ºTDS

Aluna: Patrícia Mendes