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PAISAGEM URBANA E OS OBJETOS QUE REVELAM A CULTURA E MEMÓRIA: a pipa em Belo Horizonte.
OLIVEIRA, Ana Célia Carneiro (1); ENGLER, Rita de Castro (2), MOURÃO, Nadja Maria (3);
1. Universidade do Estado de Minas Gerais/UEMG. CEDTec - Centro de Estudos em Design e Tecnologia da Escola de Design. Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos, 7545/sala 84, BH, MG.
2. UEMG. CEDTec. Av. Pres. Antônio Carlos, 7545/sala 84, BH, MG. [email protected]
3. UEMG. CEDTec. Endereço: Av. Pres. Antônio Carlos, 7545/sala 84, BH, MG.
RESUMO A vida humana está imersa no ambiente físico, proporcionando ao homem uma vasta possibilidade de paisagens. O cotidiano da sociedade emerge da paisagem urbana, em elementos materiais que interagem com o homem, como os recursos naturais, os equipamentos de abrigo, trabalho e lazer. Destacam-se os objetos de memória que são aqueles que constituem a vida do ser humano. São esses que se cristalizam pela memória cultural de uma sociedade e que permanecem vivos e dinâmicos em múltiplos lugares através de diversos contextos sociais. Os velhos objetos estão afinal vivos, apresentando outras expressões e utilizando outros cenários e outros contextos. Existem objetos que, interagindo com a paisagem urbana, podem contribuir com a memória cultural da cidade de Belo Horizonte? O objetivo desse trabalho é identificar na paisagem urbana, se os usuários percebem a existência de objetos de memória, tendo como objeto de estudo a prática de soltar pipas nos parques municipais da cidade de Belo Horizonte. A cidade possui um campeonato de pipas promovido pela prefeitura municipal, anualmente, no mês de julho. É comum ver vários pontinhos colorindo os céus da cidade durante todo o ano. A metodologia de análise se estabelece em observação participativa. Em oficinas para análises dos resultados, usuários do Parque Ecológico da Pampulha, em Belo Horizonte, serão convidados a jogar e descrever as lembranças que o objeto (pipa) lhe remete. Espera-se obter uma mostra, das relações entre os belo-horizontinos com a paisagem urbana, a memória cultural e os objetos. Palavras-chave: Paisagem Urbana; cultura; memória; pipas; Belo Horizonte.
4O COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO. Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016.
1. INTRODUÇÃO Identificando valores para a paisagem urbana afetiva, essa está vinculada a sua capacidade
de atrair, envolver e emocionar os seus habitantes. O caráter simbólico dos lugares revela-se
ao ser humano como algo que precede a linguagem, enfatizando as relações entre o símbolo
de afeto e o lugar. Essa força simbólica presente na paisagem ajusta-se numa ordem
coerente e conforme Maldonado (2001) integra-se a uma linguagem psíquica, torna-se amplo
em signos e significados.
O cotidiano da sociedade emerge da paisagem urbana, em elementos materiais que
interagem com o homem, como os recursos naturais, os equipamentos de abrigo, trabalho e
lazer. Destacam-se os objetos de memória que são aqueles que constituem a vida do ser
humano. São esses que se cristalizam pela memória cultural de uma sociedade e que
permanecem vivos e dinâmicos em múltiplos lugares através de diversos contextos sociais.
Os velhos objetos estão afinal vivos, apresentando outras expressões e utilizando outros
cenários e outros contextos. Segundo Damázio (2005), são objetos que fazem bem lembrar e
ensinam sobre os indivíduos e o meio construído.
Dessa forma, observa-se a função social da pipa, que perpassa pela formação da identidade
das crianças, bem como seu papel de mediação nas relações entre pais e filhos e nas
relações entre jovens de diferentes idades. Ao rememorar a pipa, não se pode deixar de
mencionar a preservação de um saber transmitido aos filhos bem como a permanência da
sensação de alegria e felicidade na manipulação do artefato. Reforçando o valor social da
pipa, Cavalli-Sforza e Feldman (1981) discutem a transmissão cultural em analogia ao
processo de transmissão biológica, como uma forma que um grupo encontra de perpetuar
uma característica, nas gerações que se seguem, por meio de mecanismos de ensino e
aprendizagem.
A questão é se existem objetos que, interagindo com a paisagem urbana, podem contribuir
com a memória cultural da cidade de Belo Horizonte? O objetivo desse trabalho é identificar
na paisagem urbana, se os usuários percebem a existência de objetos de memória, tendo
como objeto de estudo a prática de soltar pipas nos parques municipais da cidade de Belo
Horizonte.
A cidade possui um campeonato de pipas promovido pela prefeitura municipal, anualmente,
no mês de julho. É comum ver vários pontinhos colorindo os céus da cidade durante todo o
ano. Através da metodologia de análise se estabeleceu uma observação participativa, em
oficinas para análises dos resultados, usuários do Parque Ecológico da Pampulha, em Belo
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Horizonte, foram convidados a jogar e descrever as lembranças que o objeto (pipa) lhe
remete.
Segundo DAVIS (1990) observar e participar dessa atividade oferece a possibilidade de se
conhecer a historicidade desta produção essencialmente infanto-juvenil. Toma-se como
pressuposto que o urbano é lugar de uma cultura que age sem que se tenha consciência de
sua ação sobre os sujeitos e, como num jogo de claro-escuro, oculta os rastros da cidade.
2. PAISAGEM URBANA AFETIVA Compreende-se por paisagem urbana afetiva, a sua capacidade de atrair, envolver e
emocionar os seus habitantes. O caráter simbólico dos lugares revela-se ao ser humano como
algo que precede a linguagem, enfatizando as relações entre o símbolo de afeto e o lugar.
Esse pode ser valorizado, pela sua riqueza de símbolos memoráveis presentes, paisagens
tradicionais, vernáculas. A força simbólica presente na paisagem ajusta-se numa ordem
coerente e conforme Maldonado (2001) integra-se a uma linguagem psíquica, torna-se amplo
em signos e significados.
Os saberes e fazeres humanos atribuem significados e organizam as paisagens e os símbolos
presentes fazendo a mediação entre o mundo interior e o mundo exterior. Dessa forma, afirma
(CALLAI, 2000, p. 97), “o lugar mostra através da paisagem, a história da população que ali
vive os recursos naturais de que dispõe e a forma com que se utiliza de tais recursos”.
O meio ambiente é uma parte intimamente ligada à conduta humana. Segundo Lynch (1980) o
espaço e as construções, juntamente com as ideias das pessoas, organizam a gama de
atividades do lugar: jogar bola, fazer um piquenique, esperar um ônibus, vender alimentos,
construir uma casa, entre outros. O uso e o espaço podem ir bem conjuntamente ou podem
ser antagônicos, estáveis ou fluidos, exigentes ou permissivos repetitivos ou únicos. “A
organização do uso e sua fixação no tempo e no espaço são a contribuição essencial de um
projeto do local” (LYNCH, 1980, p.30).
Segundo (KOHLSDORF, 1998, p. 28), “é como se a paisagem falasse, nos contando histórias,
despertando afetividade e evocando nossas lembranças, pois a memória dos entes queridos
contém espaços em que viveram”.
No momento que o homem confronta-se com a natureza pelos mais variados motivos e a
transforma de alguma forma, ocorre entre os dois uma relação cultural. Landim (2004)
considera que cada pessoa, cada objeto, cada relação é um produto histórico. Há a produção
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do espaço, da paisagem, sendo este resultado de todo um contexto histórico, no qual a
humanidade está inserida. Dessa maneira, a paisagem consiste num conjunto variado de
formas em razão da diversidade e da pluralidade das relações: homem-homem, homem-meio
ambiente, em cada espaço e em cada tempo. Pode-se estabelecer então, uma exata relação
entre paisagem e produção, de modo que, quando ocorre uma mudança muito grande nas
formas e materiais de produção do espaço, ocorre também um ciclo de mudanças na
paisagem.
As estruturas urbanas remanescentes nas novas paisagens irão conferir a particularidade nos
espaços, ilustrando sua história. Segundo Landim (2004) a mudança do uso dos espaços
livres urbanos merece atenção, pois, é a partir desse uso que se percebe e se instala a
paisagem, tendo ele um papel fundamental no pertencimento do espaço.
Essa questão pode ser desenhada analisando-se os espaços públicos ao longo do tempo. Os
espaços públicos sempre foram caracterizados pela permanência. Na cidade do século XXI
os espaços públicos eram caracterizados pela passagem. O estar em público outrora assumia
um papel de representação social, hoje é um estar em movimento; reforça Landim (2004), o
passeio é substituído pelo movimento com uma direção precisa.
O sentimento de pertencimento, o contato pessoal com a cidade e principalmente com a
paisagem tornaram-se superficiais e até abstratos. A velocidade da vida contemporânea pode
prejudicar também a "memória" por meio do esquecimento. O olhar “em velocidade” não fixa a
imagem e impede que haja tempo suficiente para que os demais sentidos atuem tornando o
ato de pertencimento mais completo. Ao deixar os outros sentidos em segundo plano,
constrói-se uma paisagem em simulação àquela que as gerações urbanas sempre puderam
compreender e se identificar.
3. OBJETOS MEMORÁVEIS E A CULTURA
Alguns objetos trazem lembranças e com elas emoções positivas, que muitas vezes, pela
afetividade, se tornam importantes na vida das pessoas. Segundo Damázio (2005), são
objetos que fazem bem lembrar e ensinam sobre os indivíduos e o meio construído. Eles se
apresentam como uma curiosa classe de artefatos que se destacam por sua capacidade de
promover ações, como divertir, enternecer, confortar, fortalecer, encorajar, entre outras de
ordem emocional e possivelmente não planejadas pelos seus criadores, o que reforça
Damázio (2005). Esses objetos exemplificam uma valiosa relação entre as pessoas e o meio
físico, são capazes de promover ações e sentimentos positivos.
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O ser humano vive rodeado de objetos especialmente idealizados para agradá-lo. Cada um
deles foi projetado para atrair as pessoas com atributos que excedem a simples função
prática. Os objetos são uma maneira do ser humano interagir com os outros. Eles servem para
que ele seja aceito socialmente, para se tornar mais natural à sociedade em que vive, afirma a
designer Vera Damázio (2005).
Quem lidera as escolhas do homem são as emoções. Elas estão em tudo pelo que ele opta.
Nornam (2008) relata que elas servem, inclusive, de direção para o seu comportamento. O
responsável, em nosso organismo, por julgar o que é bom ou ruim, seguro ou perigoso. Nada
a ver com a razão ou com a lógica. O neurologista português Antônio Damásio, da
Universidade de Iowa, nos EUA, defende essa ideia. Autor do livro O Erro de Descartes –
Emoção, Razão e o Cérebro Humano, afirma que, a tomada de decisões do ser humano está
diretamente ligada à capacidade de sentir. A explicação para esse fenômeno é simples:
quando nos deparamos com algo que julgamos atraente, isso nos causa uma sensação de
bem-estar.
A emoção positiva de um belo objeto é prontamente lida pelo cérebro como natural de uma
coisa boa, funcional. É por isso que os seres humanos escolhem sempre aquilo que lhe
parece mais belo, e não coisas que são apenas um proveito puro e simples. Segundo Norman
(2008), os objetos mais bonitos, por originarem alguma sensação positiva, também dão a
impressão de funcionarem melhor.
A cultura material é o que torna os homens distintivos de sua própria sociedade. Segundo
(MILLER, 2013, p. 82), “a criança aprende a interagir com uma multiplicidade de culturas
materiais, não por meio de classes passivas, mas de rotinas cotidianas que levam a
interações sólidas com os artefatos”. De modo que esta teoria confirma que os objetos fazem
as pessoas. Os estudos mostram que as pessoas que dispunham de boas relações sociais
eram as que também tinham relações efetivas e satisfatórias com o mundo material.
Halbwachs (1990) reforça que a valor da construção das memórias de indivíduos e de grupos
e nações, cujas ideias precursoras foram formadas na primeira metade do século XX. As
memórias são sempre construídas nos diversos grupos dos quais o ser humano faz parte e
com base em suas convenções sociais, valores e meio físico. Elas são o resultado da ação de
rever e decifrar o passado no tempo presente e reproduzem as tensões, normas, interesses e
valores do tempo presente.
Halbwachs (1990, p. 131), também contribui com a construção do pensamento entre memória
e identidade ao dizer que, “as imagens habituais do mundo exterior são inseparáveis do nosso
eu”. E ainda, que cria vínculo com o entorno ao completar: “nossa casa, nossos móveis e a
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maneira com são arrumados, todo o arranjo das peças em que vivemos nos lembram de
nossa família e os amigos que vemos com frequência nesse contexto”. Damázio (2005)
constata em síntese, que o homem vive, lembra e esquece em sociedade e em um mundo
físico, e os objetos são a parte tangível de sua identidade e memórias.
Segundo estudos do psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi e do antropólogo Eugene
Rochberg-Halton (1981), existe uma organização das coisas memoráveis que constrói
significados pelas pessoas em torno dos seus objetos domésticos. Questiona-se a frequência
e onde foram usadas, que sentimentos evocaram e como passaram a fazer parte da vida
cotidiana e principalmente que ações sociais promoveram, por exemplo: brincar, comemorar,
cuidar do outro e ser cuidado, distrair-se, divertir-se, respeitar e ser respeitado e gerar
felicidade através das emoções positivas. Grandes construções de identidade, cidadania e
sociabilidade.
Reforça DAMÁZIO (2005, p.48) com a ideia de que, “a exemplo das coisas que fazem bem
lembrar, produtos se tornam memoráveis quando: (1) nos distinguem como indivíduo, (2)
surpreendem e fazem rir, (3) trazem conforto e serenidade, (4) estimulam a fazer o bem, (5)
criam e fortalecem laços afetivos e (6) nos fazem sentir queridos e importantes”.
Valorizando a questão social, Damazio (2005), destaca o design e sociabilidade através da
construção de objetos memoráveis, que tem origem nas coisas memoráveis associadas a
jogos, esportes, eventos que promovam amizades, parcerias e outros vínculos significativos;
situações que fazem sentir parte de um grupo e sentimentos de cooperação, pertencimento,
união, amor, fraternidade e felicidade. Um bem viver com familiares, colegas, vizinhos e em
uma sociedade distinta e múltipla. Nesta perspectiva da sociabilidade é “estar bem com o
outro” e inclui produtos cujos efeitos fortalecem laços afetivos, facilitam o convívio, promovem
interações sociais, ampliam o entendimento intercultural, entre outras nações em prol do bem
viver em sociedade.
Destaca-se um exemplo de produto com foco em sociabilidade um artefato usado em uma
brincadeira que perdura, a cada ano, mobilizando grande quantidade de pessoas,
independentemente da idade e da classe social a que pertencem; a pipa, soltar pipa e sua
interação com os espaços, seu contexto na paisagem urbana. Assim, na figura 1, a
representação de criança soltando pipa é destaque no grafite, em muros da cidade, conforme
OLHARES.SAPO.PT, 2015.
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Figura 1: Grafite – Soltando pipa. Fonte: OLHARES. SAPO. PT, 2015.
4. FUNÇÃO SOCIAL DA PIPA Crianças são sujeitos sociais e históricos, por isso não formam uma comunidade isolada, mas,
fazem parte de um grupo e suas brincadeiras expressam esse pertencimento (Kramer, 2007).
E por posicionar nesse todo histórico e social, as crianças acabam por agrupar a experiência
social e cultural do brincar por meio das relações que formam com os outros – adultos e
crianças. Para Borba (2006):
[...] a brincadeira é um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais em que se inserem. Representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas. Por outro lado, o brincar é um dos pilares da constituição de culturas. [...] da infância, compreendidas como significações e formas de ação sociais específicas que estruturam as relações das crianças entre si, bem como os modos pelos quais interpretam, representam e agem sobre o mundo (BORBA, 2006, p.39).
Brincar é uma experiência de cultura importante não apenas nos primeiros anos da infância,
mas durante todo o percurso de vida de qualquer ser humano. Mesmo vivendo imersos em
novas tecnologias e tendo dificuldades de encontrar um espaço para brincar, é necessário
reconhecer que as brincadeiras em coletivo, como soltar pipas, que o corpo se faz presente
em um grupo são consideradas por Paternost (2005), de grande valor para o desenvolvimento
da interação social da criança.
O que dizer sobre a pipa - este artefato construído e manipulado por crianças, ela contribui
para um repensar sobre o modelo de cidade que predomina na realidade brasileira? Neste
sentido, a função social da pipa perpassa pela formação da identidade masculina bem como
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seu papel de mediação nas relações entre pais e filhos e nas relações entre meninos de
diferentes idades. Ao rememorar a pipa, não se pode deixar de mencionar a preservação de
um saber transmitido aos filhos bem como a permanência da sensação de alegria e felicidade
na manipulação do artefato.
Os meninos mais hábeis na construção, na soltura e no jogo, onde se corta a pipa do
oponente pela rabiola. Alguns se encarregam de encontrar a matéria prima bruta para a
construção da pipa e do cerol; outros carregam pipas e rolos de linha para o local de soltura;
outros ainda correm atrás da pipa “torada” com a intenção de recuperá-la para seu dono ou
tê-la para si como um troféu. Sob a orientação do menino mais habilidoso, todos colaboram na
construção da mesma, fazendo varetas de bambu ou buriti, cortando e colando papel,
fabricando o “cerol”, enrolando a linha.
Ainda em relação ao valor social da pipa, Cavalli-Sforza e Feldman (1981) discutem a
transmissão cultural em analogia ao processo de transmissão biológica, como uma forma que
um grupo encontra de perpetuar uma característica, nas gerações que se seguem, por meio
de mecanismos de ensino e aprendizagem. No modelo desses autores, essa transmissão
cultural pode ser vertical (quando ocorre dos pais para a criança), horizontal (feita entre
membros da mesma geração) e oblíqua (entre não parentes de gerações diferentes). As três
modalidades de transmissão acontecem na brincadeira de pipas, sendo esta uma das razões
pela qual a pipa tem tanto poder de aglutinação, gerando desde efeitos de confraternização
até os que mobilizam intensas disputas.
Para Michel de Certeau (1994), na perspectiva das práticas do cotidiano, se constituem como
uma produção de sujeitos aparentemente entregues à dominação e considerados como
meros consumidores da cultura de massas. Ressaltam-se aí as operações (as artes de fazer,
os usos, as operações) realizadas por tais sujeitos sobre os objetos de consumo. Neste
sentido, este artefato que cria a brincadeira em espaços de paisagem urbana assume a
perspectiva de que a pipa – sua construção e uso – é uma produção histórica de sujeitos
desvinculados de poder (crianças, jovens, principalmente, as de baixo poder aquisitivos) que,
através das maneiras de usar e fazer se inserem nas lacunas do sistema influente imaginando
uma “poética” do cotidiano.
Segundo DAVIS (1990) observar e participar dessa atividade oferece a possibilidade de se
conhecer a historicidade desta produção essencialmente infanto-juvenil. Os soltadores de
pipas e suas operações sobre o artefato. Toma-se como pressuposto que o urbano é lugar de
uma cultura que age sem que se tenha consciência de sua ação sobre os sujeitos e, como
num jogo de claro-escuro, oculta os rastros da cidade.
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De acordo com Vygotsky (1987), o brincar é uma atividade humana inventiva, na qual
imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de
interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de
estabelecer relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos. Tal concepção se afasta
da visão dominante da brincadeira como atividade reservada à compreensão de códigos e
papéis sociais e culturais, cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da
criança e a sua integração à sociedade. Ultrapassando essa ideia, o autor compreende que,
se por um lado a criança de fato reproduz e representa o mundo por meio das situações
criadas nas atividades de brincadeiras, por outro lado tal reprodução não se faz naturalmente,
mas mediante um processo ativo de reinterpretação do mundo, que abre lugar para a
invenção e a produção de novos significados, saberes e práticas.
Pintores, poetas, escritores, cineastas, teatrólogos costumam utilizar o tema da infância e dos
brinquedos e brincadeiras em suas obras, oferecendo-nos, por meio do olhar artístico,
interpretações sensíveis.
O bom da pipa não é mostrar aos outros, é sentir individualmente a pipa, dando ao céu o recado da gente. - Que recado? Explique isso direito! João olhou-me com delicado desprezo. - Pensei que não precisasse. Você solta o bichinho e se solta a si mesmo. Ela é sua liberdade, o seu eu, girando por aí, dispensado de todas as limitações. (Carlos Drummond de Andrade apud BORBA, 2005, p...).
Carlos Drummond de Andrade expressa o sentimento de liberdade e desprendimento
promovido pela brincadeira. Brincar seria “soltar-se a si mesmo”, desprender-se da realidade
imediata e de seus limites, voar, lançar-se ao céu, mas ao mesmo tempo é possuir o controle
do voo nas mãos, segurando e movimentando a linha da pipa e regendo o “eu” por meio dos
contornos dessa nova dimensão da realidade.
Pipas colorindo os céus. Crianças e adultos, em todas as regiões do Brasil e em várias partes
do mundo “empinam” esse brinquedo, com modos variados de confeccioná-lo, praticá-lo,
significá-lo e com ele estabelecer relações sociais. Universalidade e pluralidade são suas
marcas, e de muitos outros brinquedos e brincadeiras, domínio da experiência humana e ao
mesmo tempo especificidade de grupos sociais.
5. HISTÓRIA DAS PIPAS
A história das pipas data de muitos séculos e se confunde com a própria história da
civilização, sendo utilizado como brinquedo, instrumento de defesa, arma, objeto artístico e de
ornamentação. Conhecido como quadrado, pipa, papagaio, pandorga, barrilete ou outro nome
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dependendo da região ou país, ela é um velho conhecido de brincadeiras infantis. O ser
humano deve empenhar-se em preservar sua beleza e simbologia, pois uma infância sem
pipa seguramente não é uma infância feliz. As pipas adornam, disputam espaço, fazem
acrobacias, mapeiam os céus. É a extensão natural da mão, querendo tocar nas fantasias.
Além do aspecto puramente lúdico, de lazer e encantamento diante das possibilidades de
fazer com que os ventos trabalhem a favor, as pipas, ao longo da história, tiveram uma
importância fundamental nas pesquisas e descobertas científicas.
O gênio italiano Leonardo Da Vinci, em 1496, fez projetos teóricos com nada menos que 150
máquinas voadoras, também baseadas na potencialidade das pipas. Foi através das pipas
que o inventor, Santos Dumont, conseguiu voar no famoso “14 Bis” que, no final das contas
não deixa de ser uma sofisticada pipa com motor. Existe uma gama muito grande de utilização
das pipas através dos tempos. Elas simbolizam o poder espiritual dos homens, um grande
instrumento na busca de novas descobertas e objeto capaz de tornar realidade o antigo
desejo de voar, o “sonho de Ícaro” e dos homens. O pintor Portinari, apresenta o entusiasmo
de soltar pipa, no quadro de 1943, “Meninos soltando Pipas”, conforme figura 2.
Figuras 2: "Meninos Soltando Pipas"- Cândido Portinari de 1943. Fonte: ARTE. SEED. PR.GOV. BR.
O brincar é uma forma de expressão do ser humano. Os formatos de brincadeira são
diferentes, mas, na verdade, elas são as mesmas. As crianças permanecem brincando de
esconde-esconde, pega-pega como há décadas no interior ou na cidade grande.
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A brincadeira de pipa ou papagaio está em uma dupla classificação de jogos que se costuma
entender como "tradicionais" e "de rua", Segundo Pontes e Magalhães (2002), os jogos
tradicionais oferecem regras que são passadas de criança para criança, ao longo de séculos,
sem nenhuma referência escrita, deflagrando, ao mesmo tempo, uma série de arranjos e
ajustes, em cada lugar e grupo em que se atualizam.
As denominações que a pipa ganhou derivam da vida que o homem atribuiu ao objeto. Por
sua semelhança com a "arraia" ou "raia", a pipa é assim chamada em muitos lugares do país.
Por sua variedade de cores e pela circunstância de voo ela é também denominada
"papagaio". O próprio nome "pipa" deriva da semelhança que o objeto tem com a vasilha
bojuda de madeira, como é a armação, ou esqueleto da pipa. É formada por varetas,
barbante, e em alguns casos, substitui-se este por fios de arame, muito finos. As varetas são
feitas, geralmente, de taquara, bambu ou do eixo da palha de coqueiro. As mais simples das
pipas são feitas de duas varetas cruzadas em formato de “X”, com suas extremidades unidas
por cordão. A amarração é formada por meio de fios que prendem e firmam o esqueleto da
pipa. Para ligar a pipa ao cordel a amarração é feita, normalmente, dos ângulos superiores e
do centro à extremidade da linha principal. A aderência da cobertura às varetas e cordéis é
feita com cola. A cobertura mais comum é de papel encerado e ou de seda, preferindo-se
material colorido. Com o advento do tecido conhecido por náilon, têm aparecido muitas
pandorgas utilizando este material, bem como o conhecido isopor, muito leve e de fácil
preparo para tomar a forma que se deseja. Há uma grande variedade de papel que pode ser
usada na confecção de pipas. A cauda (ou rabo, ou ainda rabada) é feita com tiras do mesmo
papel amarradas numa linha (pedaço do cordel). É uma peça importante, pois é ele que dá o
necessário equilíbrio à pipa. O cordel é a linha mais ou menos forte que sustenta a pipa pelos
tirantes. Ele é enrolado ou enovelado e vai sendo solto à medida que a invenção sobe.
6. EVENTO OFICINA PIPA COM MEMÓRIA
Segundo o objetivo, o evento recreativo memorável no Parque Ecológico da Pampulha:
“Oficina memória com pipa” buscou resgatar os valores culturais e os sentidos da arte de
empinar pipas, ao promover a prática responsável e segura dessa atividade recreativa e
lúdica, que se faz presente e acessível a todas as idades.
O propósito do evento foi promover um entretenimento seguro e de qualidade, resgatando
uma brincadeira que aproxima pais e filhos sem a necessidade de jogos eletrônicos e
aproveitando o vento intenso do parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego,
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gerenciado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, popularmente conhecido como
Parque Ecológico da Pampulha, no mês de agosto de 2016.
Como espaço de lazer, esporte ou descanso ao ar livre, muitos moradores de Belo Horizonte
escolhem o Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego, inaugurado em 2004, na orla
da Lagoa da Pampulha, como alternativa. Implantado na Ilha da Ressaca, formada pelo
acúmulo de resíduos sedimentares depositados ao longo dos anos na lagoa. O parque tem o
ambiente ideal para quem busca sozinho ou com a família, espaço para soltar pipas, fazer
uma caminhada na pista de Cooper, andar de bicicletas de aluguel ou brincar no playground
de madeira. São cerca de 300 mil metros de área verde, divididos em diversos espaços
planejados para o lazer e para a proteção da flora e da fauna locais.
O parque desenvolve suas atividades seguindo a premissa de desempenhar e conciliar suas
funções ambiental, educativa, sociocultural, estética e de lazer, de forma a propiciar a
melhoria da qualidade ambiental da cidade e possibilitar e estimular a relação e integração da
população urbana com a natureza.
Para a realização da oficina e do piquenique participativo durante as atividades, um
evento na rede social facebook foi criado com a finalidade de divulgação e planejamento
da oficina. A partir da confirmação de presença no evento, foi feita uma estimativa de 40
pessoas iriam à oficina. A estimativa também levou em consideração pessoas que já
estariam no parque e que teriam interesse em participar. A partir disso, foi feito uma
pesquisa sobre o regulamento do parque, assim pipas ecologicamente corretas foram
compradas (confeccionadas com papel de seda, varas de bambu e linhas de algodão) e o
não uso de fios cortantes que são proibidos por lei. Foram providenciados outros materiais
para confeccionar pipas, cartazes, adesivos para o uso individual, alimentos e materiais
para o piquenique, entre outros materiais que foram comprados para a oficina.
A oficina se instalou na Esplanada, área do parque destinada a brincadeiras com pipa,
conforme imagens da figura 3. Uma mesa dobrável foi montada no local para servir de apoio.
Cartazes foram colados na mesa para divulgar e informar às pessoas que estavam passando
pelo local sobre o evento. Sobre a mesa foram locados os materiais para confeccionar pipas,
algumas pipas já prontas e alguns alimentos.
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Figura 3: Imagens do Parque Ecológico da Pampulha. Fonte: Equipe da Pesquisa. 2016.
Foram distribuídas pipas para as crianças, a fim de que pudessem ajudar a colorir parte do
céu de Belo Horizonte, numa tarde que poderá ficar marcada na memória dos participantes.
Tornando-se um espetáculo visual, além de uma brincadeira saudável e tradicional, que
integra toda a família.
Durante o evento, havia um bom público no parque, em grande parte por famílias com
crianças. Algumas pessoas já estavam soltando pipas no local. A temperatura e vento se
apresentavam propícios para a atividade: temperatura mediana com o céu aberto e ventos ao
longo do dia. A oficina foi instalada na “esplanada”, espaço composto por um campo gramado
aberto com taludes de leves declives e aclives.
Os participantes da oficina poderiam optar entre pipas que já estavam prontas e confeccionar
uma pipa nova. Para identificá-los, foram colados adesivos da oficina nas roupas. Todos os
quarenta participantes responderam a um breve questionário semiestruturado, com objetivo
de coletar dados sobre a experiência dos mesmos com a brincadeira. Quanto à idade, entre
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os quarenta participantes entrevistados foram: oito adultos, três crianças e vinte e nove jovens
em sua maioria de doze anos de idade.
6.1. Resultados da “Oficina pipa com memória”
Houve o relato entre alguns participantes sobre o primeiro contato com o brinquedo e a
brincadeira, oportunidade que a oficina proporcionou; sendo dois adultos. Quando preciso, os
participantes receberam auxílio sobre como brincar ou confeccionar sua pipa. Também foram
feitos registros fotográficos durante o evento. Ao final da oficina, com a contribuição dos
participantes, realizou-se um piquenique participativo, onde as experiências também foram
compartilhadas.
Com o início da oficina, crianças que estavam próximas foram chamadas a participar. Através
delas houve divulgação e aproximação de outros interessados a participar do evento.
Durante a realização da oficina foi possível perceber que grande parte dos participantes
apesar de já conhecerem a atividade nunca havia brincado anteriormente. Grande parte dos
participantes optou por pipas que já estavam prontas. Participaram pessoas de diferentes
idades, mas em sua maioria, adolescentes acompanhados de algum membro da família
(figura 4).
Figura 4: Imagens da “Oficina memória com pipa”, no Parque Ecológico da Pampulha. Fonte: Equipe da Pesquisa. 2016.
A maior parte dos participantes se mostrou muito empolgada com a brincadeira, alguns
brincaram até o fim da oficina. Foi possível perceber que o momento também foi utilizado para
apreciar a paisagem urbana e o local. O piquenique se mostrou um ótimo momento de
descontração onde experiências e conhecimentos sobre a brincadeira foram compartilhados.
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A revoada de Pipas aconteceu com o apoio do CEDTec, Centro de Estudos em Design e
Tecnologia da Escola de Design, da Universidade do Estado de Minas Gerais, atividade
desenvolvida no projeto de pesquisa, “Design social: análise do ambiente em função da
memória cultural”. Por meio do apoio de monitores (estudantes de graduação) e seus
familiares, crianças e jovens puderam aprender a criar, montar e brincar com pipas – o
brinquedo voador.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A paisagem, por ser algo com que se interage diariamente, tem um papel fundamental na
formação do ser humano. Aquilo que ele é neste momento e aquilo que fará a seguir depende
de uma infinidade de fatos que representam sua história. Sem um passado não há expectativa
de presente ou de futuro. De forma paralela, a lembrança de uma sociedade, de um povo ou
de uma nação significa sua segurança em relação ao futuro.
Somente serão capazes de realmente apreender, entender e reconhecer a cidade por meio de
sua paisagem se nesta estiverem presentes elementos remanescentes de outros tempos.
Uma vez que a sociedade se faz presente por meio de seus objetos, e considerando a
paisagem urbana como um produto resultante de vários fatores que poderiam ser resumidos
em história e natureza, onde a história é uma intervenção cultural do homem num
determinado momento e a natureza, uma base física qualquer, pode-se dizer que
teoricamente a paisagem urbana deve refletir o momento histórico em que está inserida.
Entende-se a brincadeira com as pipas, como experiência cultural e como um tempo marcado
pelas experiências que cruzam diferentes tempos e lugares, passado, presente e futuro.
Procura-se explorar a pipa como objeto gerador de uma prática significativa com o objetivo de
construir o cotidiano das crianças e as relações desse brinquedo com outros tempos e
espaços.
A condição de sonhar auxilia na construção de um pensar, construindo recursos para se lidar
com a realidade. Talvez a essência da verdade não seja unida a algo carregado, confuso ou
intenso, mas sim, traga a leveza e simplicidade de um voo interno. Drummond confidencia
sobre a experiência de alguém que solta uma pipa, e diz assim: “O bom da pipa não é mostrar
aos outros, é sentir individualmente a pipa, dando ao céu o recado da gente”.
A pesquisa aplicada feita através da observação participativa, na “Oficina memória com pipa”,
fez surgir um novo observador participante mais atento às suas emoções e aos espaços
urbanos, convidou este observador, a ser um sujeito integral, pleno, ativo e transformador,
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que se constrói ao mesmo tempo em que age no mundo. Consentir mover, guiados pelas
cores e pela liberdade das pipas!
REFERÊNCIAS
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