painel - edição 238 - jan.2015
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Veículo de divulgação oficial da Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP).TRANSCRIPT
Nos períodos posteriores às grandes guerras, a humanidade promoveu grandes revoluções, demonstrando que os períodos de crise podem ser produ� vos
Nos períodos posteriores àss grandess gguueerrras a hhumannidade
A volta por cima
painelAno XVIII nº 238 janeiro/ 2015
A E A A R P
CÁLCULOPragas são controladas por fórmula matemá� ca
ENGENHARIAA ousadia dos projetos de pontes pelo mundo
TECNOLOGIALaboratórios da USP se preparam para revolucionar o país
Este ano, ao que tudo indica, será a�pico
Após as turbulências do ano passado decorrentes da Copa do Mundo, das eleições ma-
joritárias e da enorme quan�dade de denúncias de corrupção em áreas do setor público,
fomos surpreendidos no início do ano com a determinação de aumentos significa�vos
nos preços dos combus�veis e da energia elétrica e com alterações significa�vas nas
polí�cas de caráter social do país.
Essas medidas, necessárias há muito tempo, foram proteladas e negadas pelo governo
ao longo da campanha eleitoral e ao serem implantadas causaram um mal estar gene-
ralizado na população.
As expecta�vas posi�vas de mudanças nos rumos do desenvolvimento do país nos
próximos anos foram de certa forma barradas pelo anuncio do novo ministério do governo
federal, mais polí�co e menos técnico como se desejava. Fato esse que certamente não
contribuiu e não contribuirá para diminuir as incertezas que assolam nossa economia e,
consequentemente, o nosso crescimento.
Fato inédito em nossa história, estamos diante da maior seca ocorrida nos úl�mos anos,
decorrente de uma enorme escassez de chuvas, que comprometeu o abastecimento de
água potável e a produção de energia hidroelétrica no país, e que, além disso, nos co-
locou diante da possibilidade efe�va de racionamento e de suspensão de fornecimento
de água em alguns pontos.
Estamos com o menor nível de reserva de água da história. Muito abaixo do limite de
segurança recomendado.
Nesse aspecto, ficou evidente que mais uma vez prevaleceu o polí�co em relação ao
técnico.
Há muito tempo, o Brasil, que detém uma das maiores reservas de água doce do
mundo, mas mal distribuída em relação às grandes concentrações populacionais do
país, deveria ter aumentado seus inves�mentos nas áreas de captação, reservatórios e
distribuição de água.
Da mesma forma, deveria ter inves�do muito mais na produção de energia, não só
na hidroelétrica – que nos úl�mos anos tem sido alvo constante de reações exageradas
à sua implantação pelas organizações autodenominadas defensoras do meio ambiente
–, mas também em outros �pos como a eólica, a solar, a fotovoltaica e as derivadas de
produtos renováveis, ambientalmente mais recomendáveis.
Nesse quesito, infelizmente, pela falta de opções e pela necessidade de rapidez na
implantação diante da escassez da energia hidroelétrica, tem-se optado pela energia
térmica, mais rápida para se implantar, porém mais cara e mais poluente por u�lizar
combus�veis fósseis.
Com isso, fica o alerta.
Ou os gestores de plantão tratam do assunto com a atenção necessária, iniciando pela
convocação efe�va de técnicos especializados no assunto para contribuírem para a so-
lução do problema, ou em um futuro próximo poderemos estar diante de uma situação
catastrófica da população.
Eng. civil João Paulo de Souza Campos FigueiredoPresidente
Eng.º Civil João PauloS. C. Figueiredo
Editorial
Expediente
A S S O C I A Ç Ã ODE ENGENHARIAARQUITETURA EAGRONOMIA DERIBEIRÃO PRETO
Horário de funcionamentoAEAARP CREADas 8h às 12h e das 13h às 17h Das 8h30 às 16h30Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
ÍndiceESPECIAL 05Dificuldades podem gerar oportunidades
10 mandamentos de marketing para engenheiros e arquitetos
REGISTRO 14Horas muito felizes
NANOTECNOLOGIA 15A grande mudança
ENGENHARIA 16Pontes que desafiam a engenharia
AGROENERGIA 18Dá pra fazer etanol com cogumelos?
ENERGIA 20Maior usina solar flutuante do mundo
O canal da Nicarágua
INDICADOR VERDE 21
PESQUISA 22Matemática no controle de pragas
CREA-SP 24Para exercer a profissão em outra região, tire um visto
MEIO AMBIENTE 25Muito além da chuva
NOTAS E CURSOS 26
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Foto da capa: Daniela AntunesTiragem: 3.000 exemplaresLocação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718Editoração eletrônica: Mariana Mendonça NaderImpressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também nãoexpressam, necessariamente, a opinião da revista.
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AEAARP
ESPECIAL
oportunidadesPeríodos de pós-guerra mostram que momentos dicceis são propícios para o
surgimento de novas tecnologias, soluções, conceitos e produtos
podem gerar
Momentos de crise não são privilégio
de qualquer setor da economia. Porém,
podem também se reverter em oportu-
nidades, em soluções que fortalecem os
negócios. Após a II Guerra Mundial, por
exemplo, foi disseminado o uso do con-
creto estrutural, diante da necessidade
de reconstrução rápida das cidades e a
custos baixos. Em Londres, foi adotado
um modelo de planejamento urbano
no pós-guerra, cujo obje�vo foi o de
controlar o uso e a ocupação do solo e
disciplinar a construção de habitações
sociais. Conceitos atuais, como o da pre-
servação do meio ambiente, também
surgiram em períodos de crise.
Com ou sem conflitos bélicos, porém,
os períodos de crise econômica são
oportunos para a revisão de processos
e equipes como método para detectar
gargalos na empresa. Além disso, os pro-
fissionais podem ampliar sua qualifica-
ção, estudar, desenvolver competências
que são necessárias na carreira e refle�r
sobre o futuro profissional.
OportunidadesPara empresas, as crises são períodos
de profunda análise crí�ca e execução
de um plano de ação que seja capaz
de fazê-la dar a volta por cima, com
monitoramento de resultados e pos-
sibilidades, revendo o gerenciamento
das carreiras das equipes e avaliando
os instrumentos de monitoramento de
resultados. Para os profissionais, são
momentos para criar caminhos para
colocar-se no mercado. Nos dois casos,
o obje�vo final é sair fortalecido, assim
como as grandes cidades do mundo fi-
zeram nos momentos mais turbulentos
de suas histórias. Danielle Moro, geren-
te de Desenvolvimento Organizacional
da Exame Auditores Independentes,
propõe alguns ques�onamentos bási-
cos para os empreendedores: “As car-
reiras estão claras? Conhecemos o po-
tencial de nossos profissionais? Temos
em mãos resultados corretos? Quais
são as soluções alterna�vas para nossos
custos? Conhecemos a fundo os custos
Dificuldades
fixos e os possíveis gargalos pelos quais
perdemos inves�mentos?”.
“Para os profissionais, se houver uma
reserva financeira, é este o momento
de inves�r em conhecimento e quali-
ficação. Caso não tenha, ou não possa
dispor da reserva, a internet oferece
excelentes oportunidades gratuitas.
É preciso revisar obje�vos, condutas,
aprender novas competências. Esse é
o foco para sair fortalecido”, ensina Da-
nielle. Na revista PAINEL (edição 231,
junho/2014), foi publicada uma matéria
sobre universidades estrangeiras que
oferecem cursos para as áreas de en-
genharia e arquitetura em plataformas
on-line e gratuitas. Veja a lista completa
também no site da AEAARP – www.aea-
arp.org.br.
Profissionais e empresas devem ob-
servar o que têm de melhor, fortalecer
esses potenciais e buscar reforços. A
grande armadilha, na avaliação da con-
sultora, é imaginar que a crise só pode
ser comba�da com a diversificação.
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Revista Painel
ESPECIAL
“Por vezes o movimento de buscar no-
vas linhas de trabalho, novos produtos,
novos mercados, novas profissões pode
enfraquecer mais do que fortalecer”,
pondera.
A Revista Painel fez um levantamento
inspirador de tecnologias, conceitos e
produtos criados em momentos ditceis
da história mundial que revolucionaram
a vida de muitas civilizações.
Concreto estruturalNo período pós-Segunda Guerra Mun-
dial, houve aceleração no desenvolvi-
mento da tecnologia para o concreto e
na exploração de suas potencialidades,
inclusive como solução de acabamento
e esté{ca. Foi um marco da história do
concreto aparente. Entre as décadas de
1950 e 1980 surgiu o Brutalismo, movi-
mento arquitetônico internacional que
defendia a exposição das estruturas
nas construções. Além de proporcionar
eficiência, a demanda por construções
flexíveis e de grandes vãos livres au-
mentou, o que resultou na evolução da
tecnologia aplicada à construção civil
para a obtenção de materiais e soluções
de alto desempenho.
Com a criação do concreto estrutural,
também evoluíram os sistemas de cál-
culo e dimensionamento das estrutu-
ras pré-moldadas, ocorreram avanços
tecnológicos na indústria do cimento
e nas ciências dos materiais. Avança-
ram os estudos da microestrutura do
concreto – resultando em produtos
com maiores resistências e qualidade
–, desenvolvimento de equipamentos
e técnicas constru{vas, além dos siste-
mas pré-fabricados. As construções em
concreto estrutural eram superadas su-
cessivamente por outras em desempe-
nho, eficiência, altura, tamanho, vãos e
formas.
Planejamento urbanode Londres
Os instrumentos para planejamento
e reconstrução de Londres começaram
a ser desenvolvidos ainda durante a
Primeira Guerra Mundial. As propostas
foram concebidas como projetos urba-
nos localizados, onde seriam constru-
ídos empreendimentos habitacionais
públicos e privados. Com as leis Town
Planning Act, de 1925, e a Town and
Country Planning Act, de 1932, os di-
rigentes londrinos começaram a tomar
medidas para evitar a suburbanização
da cidade, que vinha acontecendo ao
longo das linhas do transporte ferrovi-
ário. Os empreendedores privados que
construíssem em desacordo com os
ar{gos dessas leis poderiam ter seus
editcios demolidos.
Em 1940 foi publicado o Relatório
Barlow, que era um estudo da distribui-
ção da população industrial no Reino
Unido. O levantamento recomendou a
criação de um órgão central para tra-
tar do planejamento urbano e rural, a
alteração da legislação de propriedade
da terra (indenizações e apropriação da
valorização decorrente da atuação pú-
blica), a dispersão do parque industrial
por todo o território e o esvaziamento
industrial e populacional das cidades
conges{onadas.
Em 1943, foi criado o Ministério de
Planejamento Urbano e Rural. Foi então
incorporado o ideal de buscar melho-
rias para os aspectos sociais. Este plano
teve importante papel, pois mostrou
para os líderes polí{cos uma visão do
que os urbanistas consideravam uma
ação abrangente para Londres, e teve
enorme influência sobre planejadores
de vários países.
Conjuntos habitacionaisde Berlim
Depois da I Guerra Mundial foram
criados vários conjuntos habitacionais
em Berlim (Alemanha) devido à neces-
sidade de uma reforma habitacional
para os operários. As moradias eram
escassas e o governo inves{a para con-
Conjunto habitacional Carl Legien, na Alemanha - Foto Doris Antony (Wikimedia Commons)
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AEAARP
ter revoltas ou disseminação dos ideais
comunistas. As habitações foram ergui-
das entre 1913 e 1934 e {nham como
obje{vo garan{r a concepção de direi-
to social e criar espaços arejados, com
boa iluminação e pra{cidade no uso. O
conceito ficou conhecido como Neues
Bauen (do alemão, nova construção),
que refle{a a intenção de oferecer mo-
radias com mais conforto aos trabalha-
dores alemães.
Dentre os vários conjuntos habitacio-
nais construídos nesse período, desta-
cam-se: Britz, Carl Legien, Schillerpark,
Gartenstadt (cidade-jardim) de Falken-
berg, Siemensstadt e Weiße Stadt (Ci-
dade Branca), construídos por profis-
sionais reconhecidos, como Bruno Taut
e Walter Gropius (fundador da escola
Bauhaus). Alguns conjuntos chegam a
ter mais de mil apartamentos, como o
Carl Liegen, que foi construído no final
da década de 1920. Outros chamam
a atenção pela ousadia de seu design,
como o Britz, que foi construído em for-
ma de uma ferradura.
Movimento ecológicoApós a II Guerra Mundial começaram
a surgir várias inicia{vas sociais no sen-
{do de combater e amenizar os pro-
blemas causados pela degradação am-
biental. Em um primeiro momento, essa
preocupação tomou conta de países de-
senvolvidos e aos poucos foi alcançan-
do o restante do mundo, tornando-se
um novo movimento social e histórico
conhecido como movimento ecológico,
também chamado de ambientalismo e
ecologismo.
Embora depois da segunda grande
guerra tenha sido um período marcado
pela notoriedade do movimento ecoló-
gico, antes já haviam ocorrido algumas
inicia{vas nesse sen{do como, por exem-
plo, a Carta de Atenas (1933), que aler-
tava sobre o caos das cidades que não
estavam preparadas para sa{sfazer as
necessidades básicas de seus habitantes.
No entanto, foi em 1945, com a cria-
ção da Organização das Nações Unidas
(ONU), que as questões relacionadas
aos problemas ambientais passaram
a ganhar destaque, o que resultou na
criação da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN), que
{nha como obje{vo incen{var a cons-
cien{zação internacional acerca dos
problemas ambientais.
A década de 1950 ficou marcada pela
preocupação ecológica da comunidade
cienzfica e as décadas de 1960 e 1970
sinalizaram a preocupação ecológica
ques{onando, até mesmo, o modo
de vida das pessoas. Nesse período,
aumentaram as a{vidades de regula-
mentação e de controles ambientais. A
Agência de Proteção Ambiental dos Es-
tados Unidos (EPA) es{mulou a criação
de leis e regulamentos como, por exem-
plo, a Lei do Ar Puro, a Lei da Água Pura,
a Lei de Recuperação e Conservação de
Recursos, entre outras, passando a ser
exigida a realização de Estudos de Im-
pactos Ambientais (EIAs) como pré-re-
quisito à aprovação de empreendimen-
tos potencialmente poluidores.
Voos comerciaisFoi depois da II Guerra Mundial
que foram criadas as linhas aére-
as comerciais. Até então, os avi-
ões eram u{lizados apenas para
fins militares. Após esse período,
as viagens aéreas passaram a ser
realizadas por necessidade, ne-
gócios ou lazer, pela rapidez, con-
forto e segurança. A indústria do
transporte aéreo prosperou como
empreendimento comercial à me-
dida que os avanços tecnológicos
possibilitaram que as empresas
desenvolvessem serviços regula-
res aos passageiros.
Desde então, transporte aéreo
moderno emergiu como um ne-
gócio internacional, oferecendo
produtos e serviços para um gru-Conjunto Habitacional Britz, na Alemanha - Foto visualdata.dw.de
8
Revista Painel
A execução de estruturas de madeira
com CDE apresenta caracterís�cas que
a viabilizam, se comparado ao sistema
tradicional: redução do peso da estru-
tura em até 40%, alívio das cargas con-
centradas nas treliças, devido ao menor
espaçamento entre si, e nas fundações,
com a diminuição do peso próprio da
estrutura com o menor consumo de
madeira que o sistema proporciona,
qualidade técnica dos projetos e indus-
trialização das estruturas.
po diversificado de usuários, incluindo
transporte para passageiros e serviço
de carga para empresas. A evolução
dos aviões a jato também determinou
a expansão do setor.
Trem-balaEm 1940, foi apresentada a proposta,
no Japão, de uma linha de trens para pas-
sageiros e mercadorias conhecida como
trem-bala (que lá se chama Shinkansen).
Durante a II Guerra Mundial, o projeto
foi engavetado e só foi retomado na
década de 1950. Em 1959, iniciou a
construção da linha Tokaido Shinkansen
entre Tóquio e Osaka. O primeiro trem-
-bala foi inaugurado em 1964, vésperas
do Jogos Olímpicos de Tóquio.
Desde 1964, a linha Tokaido Shinkan-
sen expandiu-se para ligar a maior parte
das cidades do arquipélago, com velo-
cidade de até 300 km/h, em um terri-
tório que sofria constantemente com
terremotos e tufões. Ao contrário das
linhas mais an�gas, o Shinkansen u�-
liza túneis e viadutos para atravessar
obstáculos em vez de contorna-los. Em
2015, o Shinkansen completa 51 anos. E
o Japão ficou marcado na história como
o primeiro país a desenvolver linhas de
trem para viagens de alta velocidade.
Coberturas de estruturasde madeira
O desenvolvimento da indústria de
estruturas de madeira ocorreu, princi-
palmente, na Europa do pós-guerra (a
segunda), devido à necessidade de re-
construção rápida e econômica das ci-
dades destruídas. Esse desenvolvimen-
to propiciou o surgimento de um novo
conector, que possibilitou a montagem
das estruturas em escala industrial, as
chapas com dentes estampados, cha-
madas de CDE. Shinkansen 1964 - Foto Isto é Japão
ESPECIAL
Fontes: Monografia Concreto aparente: uma
contribuição para a construção sustentável
(Universidade Federal de Minas Gerais),
arhgo ciengfico O Planejamento Urbano de
Londres 1943-1947 (Revista Risco do Inshtuto
de Arquitetura e Urbanismo da USP), portal
Representações da República Federal da
Alemanha no Brasil, monografia Os serviços
de saneamento básico como instrumento de
desenvolvimento sustentável (Universidade
de Santa Cruz do Sul), arhgo ciengfico O
ambientalismo como movimento vital, arhgo
ciengfico Transporte aéreo de passageiros: a
integração do passageiro em uma cultura de
segurança de voo (Revista Eletrônica Academia
de Talentos – volume 3), portal Isto é Japão,
portal Pini Web, Danielle Moro da Exame
Auditores Independentes
9
AEAARP
10
Revista Painel
ESPECIAL
Produtos e serviços derivados da guerra
Micro-ondasAs guerras também são responsáveis pelo desenvolvimento da indústria tecnoló-
gica, criando máquinas e serviços que acabam sendo incorporados pela população
civil. O aparelho micro-ondas é um dos exemplos. Durante o início da Guerra Fria,
em 1945, o engenheiro americano Percy Spencer trabalhava com tecnologia de ra-
dares, mais precisamente na construção de peças capazes de gerar ondas eletro-
magné{cas (magnetrons). Durante muitas horas de trabalho, Spencer percebeu que
uma barra de chocolates que estava em seu bolso {nha derre{do, isso fez com que
ele chegasse à conclusão que o doce foi aquecido pelas micro-ondas.
GPSJá o GPS foi baseado, parcialmente, em sistemas de navegação via rádio, como o LORAN
ou o Decca Navigator, que foi usado na Segunda Guerra Mundial. Como o sistema é de
criação do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e atende tanto a militares quanto
a civis, a prioridade no uso do GPS é sempre das forças armadas deste país. Por isso, outras
nações têm trabalhado no desenvolvimento de um projeto equivalente ao do GPS, com
mais precisão e facilidade no uso.
Máquina digitalDesde a década de 1950, governos têm enviado satélites espiões para a órbita terres-
tre. Sempre equipados com câmeras potentes e capazes de capturar imagens de ter-
ritórios inimigos, esses equipamentos observam não apenas a posição de suas tropas,
mas também o desenvolvimento industrial de determinada região. O problema é que
naquele período, a única forma de ter acesso a essas imagens era por meio do filme
fotográfico liberado pelo satélite periodicamente na atmosfera terrestre. O processo
de recuperação do filme era bastante trabalhoso e muitas vezes resultava na perda das
imagens. Em 1976, a NASA lançou o satélite KH-1 “Kennan”, equipado com uma câmera óp{co-elétrica capaz de transmi-
{r imagens em formatos digitais. Os fundamentos dessa tecnologia estão presentes até hoje nas câmeras digitais.
Controle de tráfego aéreoAn{gamente, os pilotos ficavam completamente isolados do ambiente terres-
tre assim que decolavam. A única forma de comunicação com pessoas no solo
era por meio de gestos com bandeiras ou luzes. Porém, isso mudou com a ajuda
do exército americano, que instalou o primeiro rádio de comunicação em duas
vias em um avião durante a Primeira Guerra Mundial. O desenvolvimento da
nova solução começou em 1915, em San Diego, e por volta de 1916, os técni-
cos conseguiram enviar uma mensagem via telégrafo sem fio para alguém que
es{vesse a 225 quilômetros de distância. Em 1917, outro marco: pela primeira
vez a voz humana foi transmi{da por um rádio instalado em um avião para um
operador no solo.
11
AEAARP
ComputadorO primeiro computador eletrônico do mundo, conhecido como ENIAC, co-
meçou a ser desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados
Unidos, mas só ficou pronto em 1946, durante a Guerra Fria. U�lizado basica-
mente para cálculos balís�cos, esse “cérebro gigante” — como a imprensa da
época se referia a ele — foi peça fundamental no desenvolvimento da bomba
de hidrogênio, testada pelo país em 1952. O ENIAC pesava 30 toneladas, ocu-
pava um espaço de 167 m² e realizava cerca de 5 mil operações por segundo.
InternetAinda durante a Guerra Fria, os Estados Unidos buscavam um meio de comunicação
e de armazenamento de dados que con�nuasse funcionando mesmo que parte dele
�vesse sido bombardeada. Assim, a ARPA, agência militar especialmente desenvolvida
para a criação desse projeto, financiou estudos e pesquisas acadêmicas que pudesse
levar à criação da ARPANET, como era chamada a internet naquela época. No início, o
acesso a essa rede estava restrito para usos militares, sendo, mais tarde, liberado tam-
bém para o uso acadêmico. No Brasil, a internet já possui mais de 20 anos de existência,
sendo que a comercialização do serviço para o público em geral só aconteceu em 1994.
Fonte: Tecmundo
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12
Revista Painel
10ESPECIAL
O livro “Os pecados do Marke�ng na En-
genharia e na Arquitetura”, escrito pelo
engenheiro Ênio Padilha, mostra alguns
erros que são come�dos por alguns
profissionais. Em um ar�go publicado
no portal Fórum da Construção, Ênio
elencou os 10 mandamentos do marke-
�ng para garan�r o sucesso dos negó-
cios de engenheiros e arquitetos.
1. Definir claramenteuma linha de produtos
Engenheiros e arquitetos, pela for-Engenheiros e arquitetos, pela for-10mação e pelo registro profissional, es-mação e pelo registro profi ssional, es-10tão habilitados para atuar em serviçtão habilitados para atuar em serviços 10muito diferentes. Um engenheiromuito diferentes. Um engenheiro civil, 10por exemplo, pode fazer desde projepor exemplo, pode fazer desde projetos 10de construção civil para residênciasde construção civil para residências de 10pequeno porte até consultoriapequeno porte até consultoria técni-10ca especializada para obrasca especializada para obras pesadas, 10como pontes e viadutos, porcomo pontes e viadutos, por exemplo. 10Muita gente, por falta deMuita gente, por falta de orientação, 10permanece por muitospermanece por muitos anos como um 10“faz tudo”. Nunc“faz tudo”. Nunca consegue fi xar uma 10imagem clara no mercado, reduzindo as 10chances de sucesso profissional.
10 mandamentosde marketing
Empreendedorismo: saiba avaliar o que é necessário melhorar no seu negócio
para engenheiros e arquitetos
2. Produzir serviços dequalidade compa�veis anecessidade, exigência,desejo e disponibilidadedos clientes
Sem um produto de boa qualidadeSem um produto de boa qualidade 10não existe marke�ng de bons resulta-não existe marke� ng de bons resulta-10dos. Fazer um trabalho “mais ou me-dos. Fazer um trabalho “mais ou me-10ninguém vai notar énos” e achar que ninguém vai notar é 10Os serviços devemmuita ingenuidade. Os serviços devem 10completos. É precisoser bem feitos e completos. É preciso 10mercado como umase apresentar ao mercado como uma 10ão completa e não ape-opção de solução completa e não ape-10e do problema. Tambémnas como parte do problema. Também 10observar que a qualidadeé importante observar que a qualidade 10não é ilimitada. O limite estádo produto não é ilimitada. O limite está 10rminado, entre outras coisas, peladeterminado, entre outras coisas, pela 10que o cliente tem para pagardisposição que o cliente tem para pagar 10está demandando.pelo que está demandando. 103. Atualizar-sepermanentemente
conhece um bom atleta que nãoVocê conhece um bom atleta que não 10do seu tempo em treina-invista muito do seu tempo em treina-10engenheirosmento? Para arquitetos e engenheiros 10treinamento significa atualizar-se per-
manentemente. Par�cipar de cursos,manentemente. Par� cipar de cursos, 10palestras, seminários, congressos, fei-palestras, seminários, congressos, fei-10ras, convenções. Ler livros técnicos eras, convenções. Ler livros técnicos e 10gerenciais. Assinar as revistas técnicasgerenciais. Assinar as revistas técnicas 10da sua área de atuação. Fazer pesquisasda sua área de atuação. Fazer pesquisas 10de mercado. E, se �ver talento e dispo-de mercado. E, se � ver talento e dispo-10sição, fazer experiências. Desenvolversição, fazer experiências. Desenvolver 10teses profissionais. Ousar, criar e fazerteses profi ssionais. Ousar, criar e fazer 10registro de resultados. Essas prá�cas deregistro de resultados. Essas prá� cas de 10“treinamento” vão deixar o profissional“treinamento” vão deixar o profi ssional 10de engenharia e arquitetura em “boade engenharia e arquitetura em “boa 10forma”, e sempre mais compe��vo.forma”, e sempre mais compe� � vo.104. Definir preçoscompa�veis com o mercadoe ter uma boa polí�ca denegociação de preços
Preço é um problema que precisa serPreço é um problema que precisa ser 10enfrentado com profissionalismo. Asenfrentado com profi ssionalismo. As 10dificuldades naturais da precificaçãodifi culdades naturais da precifi cação 10de serviços tornam essa tarefa aindade serviços tornam essa tarefa ainda 10mais complicada. É preciso ajustar omais complicada. É preciso ajustar o 10preço do produto (e, muitas vezes, issopreço do produto (e, muitas vezes, isso 10implica fazer ajustes no próprio pro-implica fazer ajustes no próprio pro-10duto) ao �po de mercado que se querduto) ao � po de mercado que se quer 10conquistar. Também é fundamenconquistar. Também é fundamental ter 10uma polí�ca de negociação de preços,uma polí� ca de negociação de preços, 10
13
AEAARP
10nindo claramente a flexibilidadedefi nindo claramente a fl exibilidade 10el para descontos, isenções epossível para descontos, isenções e 10rmas de pagamento.formas de pagamento.105. Ser disponívelEngenharia e arquitetura são duas
profissões essencialmente móveis. Isso
significa que engenheiros e arquitetos
não exercem seu otcio em um ponto
fixo. Isso dá uma dimensão diferenciada
à noção de ponto comercial. Vai além
do endereço tsico do escritório. Inclui
todos os canais de comunicação que
permitem manter contato com os clien-
tes. Ser disponível e acessível significa
ter uma polí{ca inteligente de u{lização
para cada um dos meios de comunica-
ção (celular, internet, secretária eletrô-
nica, caixa postal etc.). Entender cada
um desses equipamentos como uma
porta aberta para o mercado dá a visão
correta dos obje{vos mercadológicos
(marke{ng) de cada um deles.
6. Escolher comcritérios profissionais oscolaboradores
As pessoas são elementos vitais.As pessoas são elementos vitais. Dar 10treinamento adequado às pessoastreinamento adequado às pessoas que 10fazem parte da empresa é fundamen-fazem parte da empresa é fundamen-10tal, pois caso o cliente nãotal, pois caso o cliente não seja bem 10atendido pela secretária, poratendido pela secretária, por exemplo, 10ele poderá transferir esseele poderá transferir esse demérito 10para o profissional. Enpara o profi ssional. Então, é preci-10so observar duas coisas:so observar duas coisas: não se pode 10construir uma organização de serviçosconstruir uma organização de serviços 10vencedora sem treinamento constantevencedora sem treinamento constante 10das pessoas e não adianta inves{r emdas pessoas e não adianta inves{ r em 10treinamento se as pessoas que fazemtreinamento se as pessoas que fazem 10parte da organização forem mal sele-parte da organização forem mal sele-10não apresentam qualidadescionadas e não apresentam qualidades 10mínimas necessárias.mínimas necessárias.107. Sistema{zar os
processos, organizara empresa, valorizar adisciplina
Engana-se quem imagina a arquitetu-Engana-se quem imagina a arquitetu-10ra ou a engenharia como a{vidades emra ou a engenharia como a{ vidades em 10que a cria{vidade é tudo. Cria{vidadeque a cria{ vidade é tudo. Cria{ vidade 10é apenas um dos recursos necessá-é apenas um dos recursos necessá-10rios para o exercício dessas profissões.rios para o exercício dessas profi ssões. 10Grandes ar{stas e cien{stas são muitoGrandes ar{ stas e cien{ stas são muito 10cria{vos. Mas são também muito orga-cria{ vos. Mas são também muito orga-10nizados e disciplinados. Um escritórionizados e disciplinados. Um escritório 10de engenharia ou de arquitetura pre-de engenharia ou de arquitetura pre-10cisa ser exato. As coisas precisam estarcisa ser exato. As coisas precisam estar 10sempre no lugar. As informações preci-sempre no lugar. As informações preci-10sam ser acessíveis quando necessárias.sam ser acessíveis quando necessárias. 10As tarefas precisam ser cumpridas noAs tarefas precisam ser cumpridas no 10tempo e os resultados não podem sertempo e os resultados não podem ser 10aleatórios. Portanto, inves{mentos emaleatórios. Portanto, inves{ mentos em 10são fundamen-organização e disciplina são fundamen-10uma empresa.tais para o marke{ ng de uma empresa.108. Fugir das parceriasinúteis. Fazer parceriasprodu{vas
a-me com quem andas eA frase “diga-me com quem andas e 10quem és” define bem a im-eu te direi quem és” defi ne bem a im-10polí{ca de parcerias paraportância da polí{ ca de parcerias para 10de uma empresa. Por tráso marke{ ng de uma empresa. Por trás 10boa polí{ca de parcerias estáde uma boa polí{ ca de parcerias está 10a possibilidade de unir forças,também a possibilidade de unir forças, 10mpensar deficiências, reduzir custoscompensar defi ciências, reduzir custos 10expandir horizontes de atuação co-e expandir horizontes de atuação co-10mercial.mercial. 109. Divulgar a sua empresa eseu produto
Serviços de engenharia e de arquite-
tura são produtos de consumo restrito.
Isso significa que as prá{cas e os recur-
sos de promoção (publicidade e propa-
ganda) válidos para a maioria dos pro-
dutos podem não ser eficientes quando
aplicados ao nosso ramo de negócios.
Determinar uma polí{ca inteligente de
promoção da empresa ou do produto
passa, necessariamente, por uma análi-
se muito criteriosa da relação custo/be-
netcio. Mídias alterna{vas precisam ser
exploradas, como a mala direta, os jor-
nais corpora{vos, as revistas especiali-
zadas, a par{cipação em eventos, feiras
e congressos, a atuação em en{dades
de classe e outros recursos. O processo
de venda dos serviços também precisa
ser desenvolvido e aprimorado con{-
nuamente. Serviços de engenharia e
arquitetura são importanzssimos e de
extrema u{lidade, agregando valor ao
produto final e produzindo lucros para
quem os compra. Mas costumam ser
produtos terrivelmente mal vendidos.
10. Usar o pós-venda paraprovocar a propagandaboca-a-boca
A tal da “propaganda boca-a-boca” é
a melhor e mais eficiente forma de di-
vulgação de produtos do setor. Mas é
preciso provocar o comentário posi{vo
e é preciso fazer com que o tal elogio
seja efe{vo. Em outras palavras: é preci-
so es{mular o cliente sa{sfeito para que
ele fale bem do seu produto e que ele
fale as coisas certas, que possam con-
vencer outras pessoas a procurar pelos
seus serviços. Isso não é uma tarefa fá-
cil. Porém, o profissional de engenharia
ou de arquitetura que desenvolver es-
sas habilidades, obterá resultados fan-
tás{cos.
Fonte: Fórum da Construção
14
Revista Painel
REGISTRO
muito felizesEvento encerrou 2014 na AEAARP
Horas
Associados e seus familiares par{cipa-
ram de horas felizes em dezembro na As-
sociação, como diz a expressão em inglês
Happy Hour que deu nome ao evento. A
Banda do Marista foi a grande atração do
dia, que teve muito bate papo, bebida
gelada e comunhão entre os presentes.
Nesta página, a revista PAINEL deixa re-
gistrado o clima harmonioso da festa.
15
AEAARP
mudançaA grande
Na USP, pesquisadores conquistam
espaço com nanopargculas
NONOTECNOLOGIA
Em quatro anos de existência, o Nú-
cleo de Apoio à Pesquisa em Nano-
tecnologia e Nanociências (NAP-NN)
da USP, que trabalha em pequenas
soluções para grandes problemas, já
tem mais de 25 ideias patenteadas.
Para o professor Henrique Eisi Toma,
do Ins{tuto de Química (IQ) da USP,
coordenador do Núcleo, os projetos
desenvolvidos nos 10 laboratórios de
pesquisas do NAP-NN têm o poder de
promover mudanças importantes no
des{no do país.
Os laboratórios do NAP-NN congre-
gam o Ins{tuto de Química (IQ), o Ins{-
tuto de Física (IF) e a Escola Politécnica
(Poli), além de mais de 60 pesquisado-
res, colaboradores de outras univer-
sidades, ins{tuições de pesquisa e do
setor público e privado.
Para o professor Henrique, os espe-
cialistas do núcleo não são apenas fun-
cionários trabalhando, mas cien{stas
que estão desbravando caminhos do
conhecimento. Eles são de áreas com-
plementares nos campos da Física, da
Química e da Engenharia, o que permite
uma abordagem complexa dos desafios
associados aos projetos acadêmicos e
de cunho tecnológico.
O NAP-NN integra o SisNANO, uma
inicia{va do governo federal que inter-
liga centros nano por todo o país. O Nú-
cleo, por meio do SisNANO-USP, é mem-
bro do sistema SisNANO do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação, ofe-
recendo especialistas e infraestrutura
para a prestação de serviços diversos de
análise e desenvolvimento, par{cular-
mente na preparação, funcionalização,
compa{bilização e caracterização de
nanomateriais. “O SisNANO é a porta de
ação para a comunidade, pois permite
que os centros realizem trabalhos para
ins{tuições que não teriam os recursos
sozinhos”, esclarece Henrique.
“Os laboratórios são caros, com equi-
pamentos de úl{ma geração e equipe
muito especializada. O governo conse-
gue poupar milhões u{lizando as parce-
rias em serviços de alzssima qualidade,
mas pouco conhecidos”. A inicia{va re-
presenta uma nova visão sobre colabo-
ração cienzfica e de pesquisa.
As patentes revolucionáriasEntre as patentes, o professor desta-
ca a Nanohidrometalurgia Magné{ca
– nanoparzculas superparamagné{cas
que podem ser u{lizadas para a captura
e transporte de metais de grande inte-
resse econômico e ambiental a par{r de
solução aquosa. O processo não u{liza
solventes orgânicos, uma alterna{va
mais limpa para o processo de hidrome-
talurgia convencional. O Brasil explora
apenas 30% de seus minérios, potencial
que poderia aumentar com o uso da Na-
nohidrometalurgia. “Hoje o Brasil vende
suas riquezas em formato de ‘pedras’,
em estado bruto. Se u{lizasse esse novo
processo, poderia refinar a exploração
dos mesmos minérios e ampliar drama-
{camente seu valor.”
A Nanohidrometalurgia Magnéhca
pode ter também aplicações no campo
de extração de petróleo. As nanoparz-
culas seriam inseridas na rocha da qual
o petróleo é extraído atualmente e po-
deriam ser magne{camente guiadas
por ímãs, facilitando o trabalho e am-
pliando o volume extraído.
Outra patente envolve as mesmas na-
noparzculas, mas em um campo com-
pletamente dis{nto, o da biotecnolo-
gia, com as enzimas magné{cas. Nesse
ramo especializado da biologia, enzimas
são constantemente u{lizadas para a
produção de uma infinidade de pro-
dutos farmacêu{cos. Entretanto, são
caras e em geral u{lizadas uma única
vez. Com o auxilio da nanotecnologia,
nanoparzculas se uniriam às estruturas
das enzimas, impedindo sua deforma-
ção pelo uso, aumentando a eficiência
e permi{ndo um fato inédito: a recicla-
gem de enzimas após sua u{lização.
Fonte: Agência USP
16
Revista Painel
ENGENHARIA
a engenhariaConheça pontes da China, Inglaterra, Malásia e França
que apresentam soluções surpreendentes
Pontes que desafiam
CHINA | Danyang–Kunshan Grand BridgeTrata-se da ponte com maior extensão do mundo, com 164,8 km, projetada para
permi{r o acesso a uma região de pântanos, lagos e rizicultura. A Danyang–Kunshan
Grand Bridge segue pra{camente paralela ao rio Yangtze, unindo, de leste a oeste, os
centros mais populosos do norte da província de Jiangsu.
INGLATERRA | Gateshead Millennium BridgeEsta ponte inglesa chama a atenção por sua mobilidade não convencional. Erguida
sobre o rio Tyne, ela atrapalharia o fluxo de embarcações altas. Porém, a engenha-
ria encontrou solução mais adequada: ela não se abre ao meio, como a maioria das
pontes construídas nas mesmas condições, mas é impulsionada por alavancas hidráu-
licas que a fazem rotacionar 40 graus, permi{ndo a passagem de barcos, pedestres e
ciclistas, cada um a seu tempo. A ponte é bem conhecida. Sua imagem já estampou
moedas de uma libra. A construção tem até um apelido: “O Olho que Pisca”.
O engenheiro Catão Francisco Ribeiro,
em palestra na AEAARP, expôs os desafios
que a engenharia e a arquitetura devem
transpor para erguer uma ponte e fez
grande defesa desta obra em detrimento
de outras soluções viárias, como os tú-
neis. Para ele, e para muitos, as pontes
são funcionais, por unirem dois pontos de
ditcil acesso, e surpreendentes, por se-
rem capazes de suportar grandes cargas
e vencer longos vãos. A revista PAINEL
reproduz a seguir um levantamento da
Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF) que revela as obras surpreenden-
tes das pontes Danyang–Kunshan Grand
Bridge (China), Gateshead Millennium
Bridge (Inglaterra), Langkawi Sky Bridge
(Malásia) e Millau Viaduct (França).
17
AEAARP
MALÁSIA | Langkawi Sky BridgeO diferencial desta construção é a sua estrutura de sustentação. Numerosos cabos
e pilastras ao longo de seu comprimento foram subs�tuídos por apenas uma pilastra
com diversos cabos que partem do mesmo ponto. O visual da região é favorecido por
sua localização 700m acima do nível do mar com a floresta embaixo da passarela.
FRANÇA | Millau ViaductEsta ponte chama a atenção também por ser a mais alta do mundo, com 343 me-
tros no topo de seus pilares e 270m a distancia entre os carros e o chão, vencendo o
imenso e profundo vale do rio Tarn no sudoeste da França.
Fonte: Blog do Programa de Educação Tutorial da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
18
Revista Painel
com cogumelos?Dá pra fazer etanol
Fausto Carraro
Engenheiro civil da
Central de Desempenho
Segundo a Embrapa, sim, e aposta na produção de
cogumelos para agregar valor à cadeia do biodiesel
AGROENERGIA
Agora os cogumelos também pode-
rão servir para a geração de energia
renovável. Existem cerca de 4.500 es-
pécies de cogumelos comes�veis no
mundo e os mais conhecidos no Brasil
são shiitake (Lenhnula edodes), shimeji
(Lyophyllum shimeji), cogumelo do sol
(Agaricus blazei) e champignon de Pa-
ris (Agaricus bisphorus). Em razão da
importância econômica e da funcionali-
dade desse alimento, pesquisadores da
Embrapa Agroenergia, em parceria com
outras unidades da empresa e outras
ins�tuições, apostam na produção de
cogumelos para agregar valor à cadeia
do biodiesel aproveitando os resíduos
gerados nas usinas.
Os estudos se concentram na redução
ou eliminação dos compostos tóxicos
dos subprodutos da extração do óleo de
pinhão-manso e algodão, chamados de
tortas ou farelos. Os materiais gerados
correspondem a cerca de 70% do peso
do grão, a parte sólida, e o restante é o
óleo. Dar um des�no a esses resíduos é
fundamental para tornar a cadeia pro-
du�va dessas oleaginosas sustentáveis,
ampliando ainda mais as fontes de ren-
da para o agricultor familiar associado
às indústrias do biodiesel. Atualmente,
devido à toxicidade, as tortas de algo-
dão podem ser u�lizadas apenas em
pequena quan�dade na nutrição de
animais ruminantes, no caso da torta
de pinhão-manso, apenas como adubo.
“Com a destoxificação desses produtos
será possível ampliar o mercado das
tortas, permi�ndo que ela seja, inclusi-
ve, fornecida a animais monogástricos,
como suínos e aves”, explica a pesquisa-
dora da Embrapa Agroenergia Simone
Mendonça, líder do estudo.
O obje�vo das pesquisas é promo-
ver o crescimento dos cogumelos, u�-
lizando as tortas como meio de cul�vo
em subs�tuição à serragem, bagaço
de cana-de-açúcar, capim-elefante e
outros �pos de biomassa atualmente
u�lizados. Com isso, será possível cul-
�var os cogumelos e ao mesmo tem-
po destoxificar as tortas, uma vez que
alguns cogumelos, ao crescerem, pro-
duzem enzimas capazes de ina�var os
compostos tóxicos. As tortas, além de
destoxificadas, ficarão mais ricas nutri-
cionalmente, pois este cul�vo aumenta
a diges�bilidade das fibras da torta e
incrementa o teor de proteínas. Essas
ações fazem parte do projeto “Desto-
xificação de tortas/farelos da cadeia
do biodiesel através de compostagem
associada ao cul�vo de cogumelos”, li-
derado pela Embrapa Agroenergia, com
duração de três anos e com recursos do
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cien�fico e Tecnológico (CNPq).
Por meio dessa estratégia, os cien-
�stas esperam obter quatro produtos:
os cogumelos, a torta para mistura à
ração animal, o biofer�lizante e o resí-
duo para a produção de etanol de se-
gunda geração (2G). Tanto o resíduo
19
AEAARP
do pinhão-manso quanto o do algodão
irão enriquecer os biofer�lizantes com
proteínas, nitrogênio, fósforo, potássio
e microrganismos.
A destoxificaçãoA Embrapa tem diversas estratégias
para re�rar ou ina�var os ésteres de
forbol encontrados na torta do pinhão-
-manso, que são os compostos quími-
cos que impedem que a cultura se tor-
ne viável no mercado do biodiesel. Um
dos caminhos é o tratamento biológico.
“Nossa proposta é que os resultados
agreguem valor à cadeia dos biocom-
bus�veis, da alimentação animal, e tam-
bém à nossa alimentação”, esclarece a
pesquisadora Simone, explicando que a
ideia é integrar as cadeias com a ajuda
das indústrias e da agricultura familiar.
“Vamos dar mais uma alterna�va de
matéria-prima ao produtor de cogume-
lo e isso beneficiará outras cadeias”, diz
Félix Siqueira, pesquisador da Embrapa
Agroenergia. Nos laboratórios, em Bra-
sília, fungos de podridão-branca têm
demonstrado bom crescimento em tor-
tas de pinhão-manso cuja cultura ainda
está em processo de domes�cação. Seu
grande potencial produ�vo, no entanto,
tem mo�vado diferentes esforços de
pesquisa com o obje�vo de domes�car
a oleaginosa.
O interesse comercial no cul�vo de
pinhão-manso no Brasil ganhou força
a par�r de 2006, coincidindo com iní-
cio do Programa Nacional de Produ-
ção e Uso de Biodiesel, implantado em
dezembro de 2004. A par�r de 2010,
a Embrapa iniciou um projeto vislum-
brando viabilizar a cultura, desde a do-
mes�cação até o uso do óleo e da torta,
o BRJatropha, com recursos da Agência
Brasileira de Inovação (Finep).
“Vale lembrar que o pinhão-manso é
uma aposta na produção de biodiesel
por ter potencial de produção de óleo
até três vezes maior que a soja”, diz
Bruno Laviola, pesquisador da Embrapa
Agroenergia e líder do BRJatropha. O
centro de pesquisa conta com um Banco
A�vo de Germoplasma (BAG), instalado
em parceria com a Embrapa Cerrados,
no campo experimental em Planal�na
(DF), com acessos do país e do exterior.
Além disso, há experimentos implanta-
dos em várias unidades da empresa nas
diversas regiões brasileiras.
Outra cultura a ser testada é a do
algodão, a terceira em importância na
produção de biodiesel. O algodão é
aproveitado especialmente para vestu-
ário e fibras. Do caroço é ob�do o óleo
e o farelo é u�lizado na mistura da ra-
ção animal. Esse subproduto ainda é um
dos gargalos da cultura.
Embora já u�lizado na alimentação
de animais ruminantes, como bovinos e
caprinos, o caroço do algodão também
possui um componente tóxico, o gossi-
pol, que limita o uso para esse fim. Si-
mone explica que esse elemento pode
causar efeitos nega�vos no crescimen-
to, reprodução e no desempenho dos
animais, e é mais tolerado por ruminan-
tes adultos do que por monogástricos,
os quais têm dificuldade de digerir die-
tas com alto teor de fibras. “O que que-
remos é dar oportunidade de aumentar
essa porcentagem. Se conseguirmos
�rar essa substância, os produtores de
suínos e aves irão agregar a torta de al-
godão à alimentação animal”, explica a
pesquisadora.
Outros produtosPara produzir o etanol de segunda
geração (2G) é necessário efetuar o pré-
-tratamento da biomassa, a etapa de
maior custo na produção do combus�-
vel. Nesse caso, a biomassa u�lizada na
produção do cogumelo poderá ser usa-
da na obtenção do etanol, pois já foi pré-
-tratada pelas enzimas produzidas pelos
cogumelos durante o seu crescimento.
A equipe vai u�lizar dois métodos de
pré-tratamento da torta a ser u�lizada
como substrato para o crescimento dos
cogumelos. Primeiramente, será u�li-
zado o sistema axênico, que promove a
eliminação prévia de todos os microrga-
nismos da torta. Nesse caso, apenas um
fungo é cul�vado de forma que se pos-
sa avaliar os de melhor desempenho e
verificar a presença dos elementos tó-
xicos no cogumelo e na torta vegetal.
Os cogumelos que conseguiram crescer
no meio de cultura contendo uma única
fonte nutri�va serão levados para com-
postagem.
As espécies que estão em testes
nesse período são provenientes das
coleções de cogumelos da Embrapa
Recursos Gené�cos e Biotecnologia,
Embrapa Florestas e Ins�tuto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Serão
testadas, ao longo do projeto, cerca de
200 espécies, aumentando a chance
de encontrar potenciais cogumelos e
selecionar os de melhor desempenho
na redução de substâncias tóxicas. Por
meio de uma parceria com uma empre-
sa de cogumelos comes�veis do Distrito
Federal, serão realizados testes para a
produção em escala.
Para testar a eficácia da destoxifica-
ção das tortas na alimentação animal,
a Embrapa conta com a parceria da
Universidade Federal de Lavras (Ufla).
As tortas destoxificadas serão usadas
como um dos ingredientes das mistu-
ras alimentares já fornecidas a suínos
e aves.
Fonte: Embrapa
Contamos com suacolaboração!
Destine16% dovalorda ARTpara aAEAARP
(Associação deEngenharia, Arquitetura
e Agronomia deRibeirão Preto)
Agora você escreve o nome
da entidade e destina parte do
valor arrecadado pelo CREA-SP
diretamente para a sua entidade
ENERGIA
Será construída na cidade de Chiba,
no Japão, a maior usina solar flutuante
do mundo, com potência instalada de
13,4 MegaWa{s (MW) e capacidade
de geração de energia suficiente para
4.700 casas. O empreendimento será
desenvolvido pelas empresas Kyocera
Corpora�on e Century Tokyo Leasing
Corpora�on e quebrará o recorde da
usina flutuante construída em Kagoshi-
ma pelo mesmo grupo.
A usina será composta por 50 mil
placas fotovoltaicas instaladas em uma
ilha ar�ficial geométrica sobre o Lago
de Chiba. A previsão das empresas é de
que sejam gerados 15.635 MW de ener-
gia por ano.
O grupo liderado pela Kyocera firmou
acordo em 2012 para instalar centrais
solares ao redor do Japão, com o ob-
je�vo de minimizar a dependência do
país da energia elétrica gerada em cen-
trais nucleares. A construção de usinas
flutuantes tem o intuito de administrar
melhor os espaços disponíveis para em-
preendimentos japoneses.
Fonte: insfraestruturaurbana.pini
flutuanteNo Japão, central terá 50 mil placas
para geração de energia
Maior usina solar
do mundo
21
AEAARP
87,8
Foi a produção da Itaipu no ano
de 2014, considerada acima das
expectativas para um cenário
a�pico, uma vez que foi registrada
no período da maior seca em
84 anos. A Itaipu é a maior
usina em geração acumulada
de energia, com 2,2 bilhões de
MWh. Em 2014, a hidrelétrica
brasileiro-paraguaia atingiu o
melhor índice de desempenho
dos 30 anos de geração, com
99,3% de eficiência operacional.
Pra�camente não houve perdas.
Toda água turbinável foi usada
na geração de energia. Na prá�ca,
significa que se Itaipu tivesse
mais matéria-prima para operar,
mais energia seria gerada pela
usina. A meta de Itaipu é chegar
aos 100 milhões anuais de MWh,
o que deve acontecer em um
ano de regime hidrológico bom,
a exemplo do que ocorreu em
2013, quando Itaipu bateu, pela
segunda vez consecu�va, a marca
mundial de geração, com 98,6
milhões de MWh.
Fonte: itaipu.gov.br
INDICADORVERDE
ENERGIA
Está em construção a obra do Grande
Canal da Nicarágua, que ligará os ocea-
nos Atlân�co e Pacífico em um percurso
de 278 km de extensão. O empreendi-
mento, orçado em 50 bilhões de dóla-
res, o equivalente a R$ 133 bilhões, será
três vezes maior que o Canal do Panamá
e é considerada a maior obra de enge-
nharia do mundo. Com prazo de execu-
ção das obras es�mado em dez anos, o
projeto será executado pelo Hong Kong
Nicaragua Canal Development (HKND),
consórcio internacional que tem à fren-
te a chinesa Beijing Xinwei Telecom Te-
chnology Co, que também irá operar o
canal por 50 anos.
O canal transoceânico terá largura
entre 230 e 520 metros e profundidade
de 30 metros. As obras serão iniciadas
com a abertura de estradas em direção
Canal da NicaráguaEmpreendimento orçado em 50 bilhões de dólares
é três vezes maior que o Canal do Panamá
à comunidade Rio Grande e a instalação
de frentes de trabalho que facilitem a
execução dos serviços. Além do canal,
serão construídos dois portos, um aero-
porto, um parque industrial e um centro
turís�co.
De acordo com a empresa britânica
de consultoria Environmental Resour-
ces Management (ERM), contratada
pelo consórcio, aproximadamente 29
mil pessoas serão desalojadas. Agricul-
tores, comunidades indígenas e en�-
dades ambientalistas estão se manifes-
tando contra o projeto, uma vez que o
canal cortará ao meio o Lago Nicarágua,
principal fonte de água doce da Améri-
ca Central. A previsão é de que as obras
empreguem 250 mil pessoas direta e
indiretamente.
Fonte: insfraestruturaurbana.pini
MWh
22
Revista Painel
PESQUISA
MatemáticaPesquisadores simularam comportamento do inseto em modelo
matemáhco, que poderá ser desenvolvido também para outras pragas
no controle de pragas
Um modelo matemá{co desenvolvi-
do por pesquisadores do Ins{tuto de
Biociências (IBB) da Universidade Esta-
dual Paulista (Unesp) de Botucatu, com
base no comportamento da praga agrí-
cola Diabro{ca speciosa, popularmente
conhecida como vaquinha verde-ama-
rela, pode levar a estratégias para frear
a dispersão dos insetos e minimizar os
danos às plantações.
O modelo é resultado da pesquisa
“Modelos matemá{cos aplicados ao
controle de insetos”, realizada com o
apoio da FAPESP, que simulou padrões
de comportamento da praga em qua-
tro dos principais cul{vos u{lizados
como hospedeiros: feijão, soja, batata
e milho. Além das caracterís{cas nes-
sas plantações, os pesquisadores con-
sideraram variáveis como o tempo de
desenvolvimento das larvas, a mortali-
dade dos insetos adultos nas diferentes
paisagens e suas taxas de oviposição, a
quan{dade de ovos colocados.
O obje{vo era inves{gar, por meio
do modelo matemá{co desenvolvido,
meios de manipulação do habitat do
inseto para regular sua densidade po-
pulacional naturalmente. “Trata-se de
uma estratégia de manejo integrado de
pragas, que busca manipular o ambien-
te por meio das próprias plantas como
elementos de controle da dispersão dos
insetos, mantendo-os em níveis popula-
cionais que não afetem o crescimento e
o rendimento dos cul{vos”, explicou à
Agência FAPESP Cláudia Pio Ferreira, do
IBB, coordenadora da pesquisa.
Modelo matemático simula comportamentos de inseto para controlar praga agrícola (foto: Pablo Dikro)
De acordo com a pesquisadora, entre
os benetcios do manejo integrado está
a diminuição do impacto do uso osten-
sivo de produtos químicos no combate
às pragas. “Os maletcios dos agrotóxi-
cos à saúde humana e o aumento da
resistência dos insetos a pes{cidas são
evitados quando se adotam medidas de
controle que levem em consideração os
padrões de comportamento das pragas
nas paisagens modeladas”.
Entre as soluções de manejo apon-
tadas pelo modelo está o uso do milho
como barreira para a dispersão da pra-
ga. “A Diabro{ca speciosa se reproduz
menos quando o hospedeiro é o milho,
pois tem mais dificuldade em persis{r
e colonizar nesses cul{vos. O modelo
constatou, por meio das simulações
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AEAARP
matemá�cas, que a expansão da praga
é, de fato, freada quando a variável do
milho é inserida entre as dos cul�vos de
outras plantas”, disse Ferreira.
A interação das caracterís�cas fisioló-
gicas e comportamentais do inseto com
as diferentes configurações espaciais e
temporais das paisagens modeladas pe-
los pesquisadores mostrou, ainda, que
a colocação de plan�os de milho na pe-
riferia dos cul�vos diminui ainda mais
a probabilidade de invasão. “Essa é a
chave para o controle dessa população
de insetos e para proteger os cul�vos de
interesse”, afirmou.
InterdisciplinaridadeA modelagem teve colaboração de
pesquisadores da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
Universidade de São Paulo (USP), por
meio da pesquisa Modelagem ecológica
aplicada à dinâmica populacional e de
interações tróficas em insetos de impor-
tância econômica, também realizada
com o apoio da FAPESP.
“A Diabro�ca speciosa é uma praga
que afeta interesses econômicos, a�nge
dras�camente os pequenos produtores
e o método de controle mais usado ain-
da é o emprego de inse�cidas químicos.
Pesquisas de campo com o inseto são
dispendiosas por causa da dificuldade
prá�ca do controle do inseto, mas o
modelo matemá�co foi capaz de prever
esse comportamento virtualmente u�-
lizando os parâmetros fornecidos pela
Esalq”, explicou Ferreira.
Os pesquisadores do IBB u�lizaram a
metodologia matemá�ca de análise de
agrupamento, que envolve vários algo-
ritmos relacionados aos padrões de com-
portamento dos insetos e das plantas,
para determinar as probabilidades de in-
teração entre a praga e seus hospedeiros.
A par�r de dados de laboratório for-
necidos pela Esalq sobre o ciclo de vida
da praga, os pesquisadores do IBB pro-
duziram desenhos teóricos das paisa-
gens a fim de modelar essa interação
com as plantas nas fases de larva e adul-
ta do inseto.
Além da probabilidade de o milho fre-
ar a expansão da praga, o modelo de-
monstrou que a taxa de oviposição e o
tempo em que o inseto permanece na
fase imatura são as variáveis mais sen-
síveis a fatores externos, como a tem-
peratura. “O entendimento sobre essa
sensibilidade pode auxiliar na previsão
de surtos”, disse Ferreira.
Os pesquisadores do IBB trabalham
agora na modelagem matemá�ca de
padrões em paisagens dinâmicas, con-
siderando múl�plos fatores e outros
elementos de cul�vos diversos, como a
transgenia. “Essas paisagens são natural-
mente dinâmicas, sofrendo influências
de diversos fatores além do ciclo de vida
dos insetos e das caracterís�cas das plan-
tas. Por isso, os próximos modelos deve-
rão contemplar essa complexidade.”
Os modelos também poderão ser
adaptados ao comportamento de outras
pragas, avalia Ferreira. “Há outros inse-
tos de grande importância agrícola que
têm comportamento semelhante ao da
Diabro�ca speciosa. Estão sendo ob�dos
dados dessas pragas para ampliarmos as
possibilidades de aplicação do modelo.”
Fonte: Agência Fapesp
Um ar�go sobre o modelo ma-
temá�co sobre a praga vaqui-
nha verde-amarela em cul�vos
de feijão, soja, batata e milho foi
publicado na revista Landsca-
pe Ecology, disponível do atalho
spinger.com/article/10.1007%2
Fs10980-014-0073-4. revistapainel
ANUNCIENA
PAINEL
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Revista Painel
CREA-SP
tire um vistoPara exercer a profissão em outra região,
O ar{go 69 da Lei nº 5.194/66, que
regulamenta as profissões nas áreas
da Engenharia, Agronomia, Geologia,
Geografia e Meteorologia, determina
que somente poderão participar de
licitações empresas e profissionais que
apresentem “visto do Conselho Regio-
nal da jurisdição onde a obra, o serviço
técnico ou projeto deva ser executado”.
Essa aplicação foi reforçada pela previsão
con{da no inciso I do ar{go 30 da Lei
nº 8.666/93, que autoriza o órgão ou
en{dade licitante a exigir, para fins de
qualificação técnica dos interessados,
“registro ou inscrição na en{dade pro-
fissional competente”.
Conforme Resolução 413/93 do CON-
FEA, a pessoa jurídica registrada em
qualquer Conselho Regional, quando for
exercer a{vidades em caráter temporá-
rio na jurisdição de outro Regional, fica
obrigada a auten{car nele o seu registro,
concedido para os seguintes efeitos e
prazos de validade:
- Execução de obras ou prestação de
serviços: não será superior a 180 dias e
poderá ser concedido para a{vidades
parciais do objeto social da pessoa ju-
rídica. Será válido para exercer as a{vi-
dades, com os respec{vos responsáveis
técnicos, na jurisdição do CREA onde
serão executadas as a{vidades técnicas.
O responsável técnico da pessoa jurídica
para cada a{vidade a ser exercida na
nova região, deve estar registrado ou
com o respec{vo registro visado no con-
selho regional onde for requerido o visto.
- Participação em licitações: será
concedido até a validade da cer{dão do
CREA de origem da empresa somente
para par{cipação em licitações na juris-
dição do CREA onde será realizado o cer-
tame. Esse {po de visto não tem validade
para a execução de obras ou prestação
de serviços, cumprindo à pessoa jurídica,
caso seja vencedora, solicitar seu visto
para execução de obras.
Unidades dos CREAsAcre www.creaac.org.br (68) 3214 7550
Alagoas www.crea-al.org.br (82) 2123 0852
Amapá www.creaap.org.br (96) 3223 0318
Amazonas www.crea-am.org.br (92) 2125 7111
Bahia www.creaba.org.br (71) 3453 8990
Ceará www.creace.org.br (85) 3453 5800
Distrito Federal www.creadf.org.br (61) 3961 2800
Espírito Santo www.creaes.org.br (27) 3334 9900
Goiás www.crea-go.org.br (62) 3221 6200
Maranhão www.creama.org.br (98) 2106 8300
Mato Grosso www.crea-mt.org.br 0800 647 3033
Mato Grosso do Sul www.creams.org.br (67) 3368 1000
Minas Gerais www.crea-mg.org.br 0800 031 2732
Pará www.creapa.com.br (91) 4006 5500
Paraíba www.creapb.org.br (83) 3533 2525
Paraná www.crea-pr.org.br 0800 41 0067
Pernambuco www.creape.org.br (81) 3423 4383
Piauí www.crea-pi.org.br (86) 2107 9292
Roraima www.crearr.org.br (95) 3224 1392
Rondônia www.crearo.org.br (69) 2181 1095
Rio de Janeiro www.crea-rj.org.br (21) 2179 2000 /
2179 2007
Rio Grande do Norte www.crea-rn.org.br (84) 4006 7200
Rio Grande do Sul www.crea-rs.org.br (51) 3320 2100
Santa Catarina www.crea-sc.org.br (48) 3331 2000
São Paulo www.creasp.org.br 0800 17 18 11
Sergipe www.crea-se.org.br (79) 3234 3000
Tocan{ns www.crea-to.org.br (69) 8413 3431
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AEAARP
MEIO AMBIENTE
Pesquisa da Escola Superior de Agri-
cultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP,
em Piracicaba-SP, avaliou, entre 2013 e
2014, a governança e o diálogo que en-
volvem o Sistema Cantareira, que cap-
ta e trata a água para o abastecimento
de cerca de 8,8 milhões de pessoas da
Grande São Paulo. O estudo de Miche-
li Kowalczuk Machado, que é mestre e
doutora em Ecologia Aplicada, permi�u
constatar que a atual situação do Sis-
tema é um problema de governança,
acentuado pelas questões climá�cas e
por sua realidade socioambiental. Falta
de ar�culação e diálogo também contri-
buíram com o colapso do Sistema.
Atualmente, a outorga do Sistema
Cantareira é da Companhia de Sanea-
mento Básico do Estado de São Paulo
(Sabesp). Apesar de vencer em agosto
de 2014, sua vigência foi prorrogada até
31 de outubro de 2015 (Resolução Con-
junta ANA-DAEE no. 910, de 07 de ju-
nho de 2014). “É claro que a Sabesp tem
enorme responsabilidade sobre esse
Sistema, mas temos de considerar tam-
bém a responsabilidade do governo,
dos Conselhos Gestores das Unidades
de Conservação, dos Comitês de Bacias
Hidrográficas e da sociedade civil em
geral. São todos atores que interferem
diretamente na realidade do Sistema”,
relata Micheli.
O Cantareira é um dos maiores sis-
temas de água do País e sua realidade
socioambiental está envolvida com te-
mas como gestão da água, conflitos de
uso, conservação ambiental e disponi-
bilidade hídrica. “Várias organizações
e ins�tuições que atuam no Cantareira,
apesar de terem obje�vos comuns, não
interagem entre si”, conta.
Segundo Micheli, as ações desenvolvi-
das geralmente estão relacionadas com
obras de infraestrutura e saneamento.
Fatores como a vontade polí�ca; a de-
manda crescente pelo uso da água; a
degradação ambiental dos mananciais;
a expansão urbana desordenada; o
desperdício no próprio Sistema e a fal-
ta de envolvimento e conhecimento da
população acerca da realidade da área
demonstram que não se trata somente
de um problema de falta de chuvas.
A pesquisadora avaliou como são e
como devem ser a governança e o diá-
logo que envolvem o Sistema. A espe-
cialista em educação ambiental adotou
como metodologia uma pesquisa quali-
ta�va realizada em três fases: explora-
tória, trabalho no campo e análise dos
resultados.
O resultado mostra que não existe ne-
nhum �po de mecanismo de interação
entre as ações das Unidades de Conser-
vação e dos Comitês de Bacias Hidro-
gráficas. “Ações ar�culadas entre essas
organizações são essenciais e cada vez
mais necessárias para procurar solu-
ções”, afirma. Segundo Micheli, a po-
pulação deve estar realmente envolvida
nas discussões, por isso há também a
da chuvaPesquisa da Esalq inveshga as razões da crise
hídrica e revela que falta mais diálogo do que chuva
Muito além
necessidade de elaborar estratégias
que ampliem a par�cipação e a mobili-
zação social e que trabalhem o diálogo.
O estudo revela, ainda, que existe
potencial para que a governança e o
diálogo aconteçam, tendo em vista a
existência de fóruns de debate e de ins-
trumentos que buscam garan�r a par-
�cipação de diversos atores sociais nas
discussões de temá�cas relacionadas
ao Sistema.
De acordo com a pesquisadora, “se
não forem realizadas mudanças na for-
ma como os recursos hídricos são geri-
dos, teremos apenas medidas palia�vas
que terão resultados por um curto perí-
odo de tempo, além de novos episódios
de escassez, talvez ainda piores e que
afetarão a economia, a qualidade de
vida e o meio ambiente”.
“Nascentes preservadas garantem
quan�dade e qualidade da água e sua
conservação é fundamental para a ma-
nutenção dos recursos hídricos”, decla-
ra Micheli. A pesquisadora ressalta que
se não houver tratamento de esgoto
nos municípios, esses recursos estarão
expostos à contaminação, o que preju-
dicaria o abastecimento. E ainda seria
necessário elaborar programas de cons-
cien�zação para os usuários (popula-
ção, indústrias e produtores rurais) que
es�mulassem a conservação e o uso
consciente.
Fonte: Agência USP
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Revista Painel
NOTAS E CURSOS
Será construída na cidade de Casablanca, no Marrocos, a maior torre do con�nente
africano, com 540 metros de altura. Ba�zado de Al Noor Tower, o edizcio projetado pelo
escritório Valode & Pistre Architectes abrigará um hotel sete estrelas, centro empresa-
rial, salão de eventos e conferências, espaços para lojas de varejo e restaurantes.A torre
mul�uso terá 114 andares, o mesmo número de capítulos do Alcorão, e irá ultrapassar
em 317 metros o Carlton Centre, em Johanesburgo, considerado atualmente o edizcio
mais alto da África.Com fachada metálica afunilada, a torre terá a base escalonada com
aberturas preenchidas por plantas e árvores e o topo terá o formato parecido com a
ponta de uma caneta-�nteiro. No entorno do Al Noor serão construídos dois edizcios
horizontais semicirculares que abrigarão áreas de lazer.Orçado em um bilhão de dólares,
o empreendimento deve ser construído entre 2015 e 2018.Fonte: au.pini
Torre mais alta da África será no Marrocos
Pesquisa do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que
a proporção de mulheres entre os engenheiros no estado de São Paulo subiu de 15% em 2005
para 19% em 2013. Desde 2003, foram gerados 10 mil postos de trabalho para as profissionais
de engenharia, enquanto os homens ocuparam 30 mil novas vagas.Segundo o levantamento,
as mulheres ganham 19% a menos do que os homens. O salário médio de um engenheiro no
estado passou de R$ 7.722,6 em 2003 para R$ 9.023,8 em 2013. Em 2003, o setor empregava
formalmente no estado 51.310 mil pessoas, enquanto no ano passado o número aumentou
para 85.453 mil. As empresas que mais contrataram foram as com mil funcionários ou mais,
que �veram aumento de 14.959 para 29.905 empregados entre 2003 e 2013. Engenheiros
civis representam 13% do total de profissionais da engenharia, enquanto o setor de serviços
contribui com 30% e a indústria de transformação com 40% dos ocupados.
Fonte: techne.pini
Aumenta o número de mulheres engenheiras
O Ins�tuto Tomie Ohtake, em parceria com a AkzoNobel, anunciou a segunda edição do
Prêmio de Arquitetura Ins�tuto Tomie Ohtake AkzoNobel, que tem como obje�vo reconhe-
cer projetos construídos nos úl�mos oito anos, desenvolvidos por arquitetos brasileiros ou
estrangeiros que vivam no Brasil há pelo menos dois anos. A comissão julgadora, composta
pelos arquitetos Abílio Guerra, Carlos Teixeira, Priscyla Gomes e Shundi Iwamizu, irá avaliar
a qualidade do projeto em relação às soluções formais e técnicas u�lizadas, assim como a
consistência e a originalidade dos processos cria�vos. Serão selecionados até dez projetos
para par�cipar da exposição na sede do Ins�tuto e os três melhores serão premiados com
viagens internacionais. Todas as propostas finalistas serão publicadas no catálogo do prêmio.
As inscrições serão de 2 de fevereiro a 10 de abril e os profissionais poderão par�cipar com
mais de um projeto.
Fonte: au.pini
Inscrições para prêmio de arquitetura
A Secretaria de Turismo e Projetos Espe-
ciais do Distrito Federal (Setur-DF) produziu
um guia sobre o roteiro arquitetônico para
explicar de maneira técnica a cidade. O
secretário de Turismo, Luis Otávio Neves,
explica que nos úl�mos anos, muitos uni-
versitários e profissionais de arquitetura tem
se interessado nas obras de Niemeyer, Lucio
Costa e equipe, daí surgiu a ideia de criar um
material de apoio que reúne todas as infor-
mações. O guia foi elaborado com a ajuda
da Unesco e apresenta os monumentos e
curiosidades de Brasília de forma detalhada
e voltada às peculiaridades das obras e dos
conceitos usados na concepção da cidade.
Fonte: df.gov.br
Guia de Brasília específicopara arquitetos
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