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Painel 6: Desafios da administração rural na gestão do agronegócio Glauco Schultz FCE/IEPE/UFRGS PPG – Desenvolvimento Rural e PPG-Agronegócios 24/05/2012 Prof. Glauco Schultz 2

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Page 1: Painel 6: Glauco Schultz

Painel 6:

Desafios da administração rural na gestão do agronegócio

Glauco SchultzFCE/IEPE/UFRGS

PPG – Desenvolvimento Rural e PPG-Agronegócios

24/05/2012

Prof. Glauco Schultz 2

Page 2: Painel 6: Glauco Schultz

Roteiro da apresentação

•Tendências dos mercados e a abordagem do GCS;

•Contribuições da TI e da NSE para a administração rural;

•Reflexões a partir da realidade da agricultura orgânica;

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Segmentos Tendências

Consumidor (1) Aumento da demanda por alimentos e bebidas(2) Aumento da demanda por alimentos e bebidas com apelos relacionados àsaúde

Distribuição (3) Aumento da concentração do setor varejista(4) Aumento da participação das marcas próprias no setor varejista

Indústria de alimentos e bebidas

(5) Aumento das fusões e aquisições na indústria de alimentos e bebidas(6) Aumento das inovações na indústria de alimentos e bebidas

Agropecuária (7) Aumento da produção agropecuária(8) Aumento dos riscos de produção e de mercado

Indústria de insumos e máquinas agrícolas

(9) Aumento da produtividade dos fatores de produção(10) Aumento da oferta de novas tecnologias de produção

Ambiente institucional e organizacional

(11) Ampliação do uso de normas e regulamentos de garantia da qualidade

Quadro 1 - Tendências dos mercados de alimentos por segmento das cadeias produtivasFonte: WAQUIL; MIELE, SCHULTZ, 201O

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Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

SCM Supply Chain Management (BOWERSOX, 1998): sequência decompradores ou vendedores trabalhando em conjunto para levar o produtoda origem até a casa do consumidor. Conjunto de relacionamentos.

O gerenciamento da cadeia de suprimentos é um sistema que buscaotimizar a cadeia de valor.

Cooperação; compartilhamento de informações, dos riscos e questões ambientais; planejamento conjunto,...

LOGÍSTICA (BALLOU, 2001): fluxos de bens e serviços e de informações,considerando as variáveis tempo, espaço e custo.

5Prof. Glauco Schultz

Fonte: Wood & Zuffo, 1998; Cooper e Ellram, 1993; Beers, Beulens e Van Dalen; Zuurbier, 1998; Beek, Beulens e Meffert, 1999

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SCM - abordagem teórica para estudo das relações interorganizacionais noagronegócio – abordagem interdisciplinar

Vallet-Bellmunt; Matínez-Fernandez, Capó-Vicedo - Supply Chain Management: a multidisciplinarycontent analysis of vertical relations between campanies, 1997-2008. Industrial MarketingManagement 40 (2011) 1347-1367.

Foram analisados 414 artigos em 14 periódicos – os autores reforçam o caráterinterdisciplinar dos estudos sobre relacionamentos interorganizacionais:

- de compra e suprimentos até discussão sobre desenvolvimento econômico,passando por comportamento organizacional, gestão estratégica, organizaçãoindustrial e teoria das redes.

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As noções de cadeias, sistemas, complexos, arranjos, ... ao romperem com asfronteiras organizacionais, deslocam as análise para as relaçõesinterorganizacionais, minimizando a importância da organização como objeto deestudo.

Ênfase nos mercados e na coordenação!

Sociedade moderna é dominada por uma lógica das organizações – mão visível dasorganizações x mão invisível do mercado

Centralidade das organizações na sociedade e no mercado - “Sociedade dasorganizações”(Serva; Andion, 2006 mencionando Etzione, 1976).

Reed (1998); Clegg; Hardy (1998)Prof. Glauco Schultz 7

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TEORIA INSTITUCIONAL

“[...] aspectos simbólicos das ações, resultantes de

interpretações e consequentes representações que os indivíduos fazem do ambiente.” ( V. FONSECA, 2003, p. 50)

As instituições são produtos da açãohumana, como por

exemplo os costumes, osvalores e crenças

coletivas, as normassociais e os

procedimentos legais.

Regras informais oriundas de práticassociais (cultura) e regras formaisoriundas do “mundo do direito”.

Sociologia das organizações

Neo-institucionalismo ouinstitucionalismo sociológico

Análise dos aspectos cognitivos das instituições e nas crenças compartilhadas da realidade que formam a identidade dos

atores e definem o comportamento organizacional.

Ênfase das instituições nos aspectos cognitivos

Teoria InstitucionalJepperson (1999); DiMaggio & Powel (1999);

Meyer & Rowan (1999); Zucker & Tolbert (1999);Zucker (1999); Scott (1999); Scott & Meyer

(1999); Vieira & Carvalho (2003); Romero (1999);Machado-da-Silva & Fonseca (1999);

Fonseca (2003).Prof. Glauco Schultz 8

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Contribuições da Teoria Institucional

Análise do ambiente em que as organizações estão inseridas.

Ambiente institucional (legitimidade) e ambiente técnico (eficiência).

-perspectiva tradicional (racional) – organização e ambiente como concretos e tangíveis, mas separados. Ambiente organizacional definido pelo limite do mercado e da indústria;

-perspectiva interpretativa (relativista) – organização como universo cognitivo, construção mediante compartilhamento de esquemas interpretativos. Importância das representações;

Ambiente externo – construção dos indivíduos e diferentes interpretações. Os integrantes da organização constróem e interpretam o ambiente em que estão

inseridos.

A organização é uma arena social impregnada pelo ambiente (Machado-da-Silva, 2004 baseado emGranovetter, 1985).

Fonte: Machado-da-Silva; Fonseca (2010); Fonseca; Machado-da-Silva (2002); Machado-da-silva (2004)

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Contribuições da Teoria institucional

Estratégia – Conflito, combate, rivalidade!

Decisões técnicas e econômicas – estratégias de eficiência Decisões institucionais - estratégias de legitimação

Influência das redes relacionais e dos elementos culturais socialmente construídos na definição dasestratégias e da competitividade. Os significados externos e a interpretação da realidade norteiam aconduta organizacional.

Institucionalização - crenças e ações transformam-se em regras de conduta social (rotinas e concepções compartilhadas da realidade).

Relações de troca simbólica no campo organizacional - compartilhamento de valores no campoorganizacional.

Estabelecimento das estratégias nas organizações (processo) ocorre com o objetivo fundamental de atingir legitimidade institucional - baseada nas crenças e valores socialmente aceitos.Fonte: Machado-da-Silva; Fonseca (2010); Fonseca; Machado-da-Silva (2002); Machado-da-silva (2004)

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Page 10: Painel 6: Glauco Schultz

Contribuições da Teoria institucional

Competitividade – desempenho (lucro, participação no mercado, ...) e eficiência técnica (preço, qualidade, ...).

Competitividade (enfoque institucional) - “as organizações também competem pelo alcance da legitimidade institucional” – Isomorfismo (coercitivo, mimético, normativo).

Fonte: Machado-da-Silva; Fonseca (2010); Fonseca; Machado-da-Silva (2002)

Definições de competitividade Indicadores de avaliação Competitividade como desempenho

ou revelada (ex-post)

Participação no mercado, lucratividade

(determinantes da demanda) Competitividade como eficiência

ou potencial (ex-ante)

Custos, produtividade e inovações

(determinantes da oferta)

Quadro 2: Definições de competitividade e indicadores de avaliação

Elaborado a partir de: JANK; NASSAR, 2000, p. 141-142; KUPFER, 1993, p. 2-3; HAGUENAUER, 1989, p. 1-2; FARINA, 1999, p. 4; BATALHA; SOUZA FILHO, 2009, p. 6.

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Contribuições da Teoria institucional

Noção de competitividade nas organizações - se afasta da do desempenho atingido nosprocessos de gestão da produção e de alcance de melhores posições no mercado.

Competição – Conforme Serva; Andion (2006) as teorias administrativas pouco consideram as variáveis de natureza social da competição empresarial.

Competir é agir rapidamente considerando as mudanças ambientais. O problema é que os instrumentos consideram somente os aspectos

técnicos e econômicos nas suas análises.

Competição – “competição é uma forma de conflito organizado e enquadrado socialmente”(Serva; Andion, 2006 mencioando Etzione, 1988).

“Competição é uma forma de ação social orientada pela interação com outros atores” (Serva;Andion, 2006 mencionando Abofalia; Biggart, 1991)

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Nova Sociologia Econômica

Ação econômica e estrutura social - rede de relações sociais (HarrisonWhite; Mark Granovetter)

Crítica à sociologia estrutural e funcionalista e utilização da noção deenraizamento social – (social embeddedness)

Embeddedness – inserção, imersão, enraizamento, incrustação, imbricação.

NSE – contribuições da sociologia para análise das atividades de produção,distribuição, troca e consumo de bens e serviços. Explicação de fenômenoseconômicos a partir de categorias da sociologia.

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Regularidade macro a ser explicada

Regularidade macro explicada

Interação e agregação

Indivíduos atomizados

Propriedade macro a ser explicada

Propriedade emergente explicada

Composição do sistema

Indivíduos socializados

Paradigma neoclássico- escolha e comportamento racional;

- maximização das funções de preferência e do lucro;

- noção de equilíbrio;

- não consideração das incertezas;

- relações econômicas regidas por contratos;

- agentes definidos pelas propriedades intrínsecas;

- vetor de preços compatibiliza as decisões individuais;

Microeconomia reducionistae microeconomia sistêmica -

Fonte: Prado, 2006

Mercado: “ [...] é pensado como um espaçoabstrato no qual se definem preços e quantidadesdas mercadorias transacionadas porconsumidores (demanda) e empresas (oferta) ”(Kupfer; Hasenclever, 2002, p. iv)

Mercados: “ [...] conjunto de instituições sociais em que se verificanormalmente um grande número de trocas de mercadorias de um tipoespecífico, sendo essas trocas facilitadas e estruturadas por essasinstituições. [...] os mercados são trocas organizadas einstitucionalizadas” (Hodgson, 1994, p. 175)

Construção social dos mercados-agentes organizados pelas estruturas sociais (redes de relações);

-agentes econômicos definidos pelas propriedades relacionais;

-indivíduos que possuem interesses próprios e também interesses sociais;

-as atividades econômicas se estruturam a partir de interações sociais;

-ação econômica como ação social e socialmente situada;

-mercados como espaço de relações humanas/trocas de conhecimentos;

-mercados como instituições (sistemas de regras estabelecidas e socialmenteconstruídas que estruturam e restringem as interações sociais);

-governança (fatores extraeconômicos como determinantes das açõeseconômicas (atores coletivos e grupos de interesse);

-noção de trajetória e coevolução.

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Equilíbrio entre:

Atendimento das demandas de forma adequada

Institucionalização e busca por legitimidade institucional

X

SCHULTZ, 2001

Cadeias produtivas de alimentos orgânicos e coordenação

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Valorização das atividades e (re) significação dotrabalho pelo mercado

Construção social de novos parâmetros dequalidade dos alimentos e preservação ambiental.

RELAÇÕES COM O MERCADO

FEIRAS

SUPERMERCADOS

Schultz, 2006Prof. Glauco Schultz 16

Page 16: Painel 6: Glauco Schultz

Quadro 3 - Indicadores ambientais, econômicos e socioculturais para avaliação dos atributos da sustentabilidade de sistemas orgânicos de produção agropecuária

CapacitaçãoAutonomia tecnológica e

produtiva

Diversificação do sistema produtivo

Resiliência(equilíbrio)

Qualidade de vida

Diversificação econômica

Paisagem da propriedade

Estabilidade(fragilidade)

Participação comunitária

Adoção do sistema orgânico

Práticas conservacionistas

Produtividade(eficiência)

Dimensão Sociocultural

Dimensão Econômica

Dimensão ambiental

Atributos da Sustentabilidade

Fonte: Schultz et al, 2010 OBS.: O atributo da sustentabilidade “equidade” foi considerado nesta proposta metodológica como o objetivo a ser atingido no decorrer do tempo pelos sistemas orgânicos em termos de conservação

ambiental, resultado econômico e sucessão familiar. 17Prof. Glauco Schultz

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Agrícola Quilamapu –Chillán - Chile

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OCS - Organização de Controle Social

Grupo, associação, cooperativa ouconsórcio, com ou sem personalidadejurídica, previamente cadastrado no MAPA.

SPGs - Sistemas participativos de garantia

Utilização de métodos de geração de credibilidadeadequados a diferentes realidades sociais, culturais,políticas, territoriais, institucionais, organizacionais eeconômicas.

Avaliação da conformidade = relações de confiança

Conformidade técnica – ensaios, amostragens, instalações;

Conformidade social – reputação, credibilidade, tomada de decisões coletivas.

Construção social dos mercados na agricultura orgânicaLei 10.831 (23/12/2003) – definição de sistemas orgânicos de produção e suas finalidades

IN MAPA nº 19 (28/05/2009) – aprova os mecanismos de controle e informação da qualidade orgânica.

Controle Social: é um processo de geração de credibilidade organizado a partir dainteração de pessoas ou organizações, sustentado na participação,comprometimento, transparência e confiança das pessoas envolvidas no processode geração de credibilidade.

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Muito obrigado pela atenção!

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