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I SEMINÁRIO DE PESQUISA DA APA COSTA DOS CORAIS
Prioridades para a conservação da biodiversidade
18 a 21 de outubro de 2016Tamandaré/PE
PROGRAMAÇÃO18/10 – terça-feira
18:00 h Credenciamento e boas vindas19:00 h Fala de Abertura: Representantes do ICMBio
19:30 hPalestra de abertura: Dra. Yara Schaeffer-Novelli - IBB/USP – Conservação de manguezais no Brasil
19/10 – quarta-feira
08:30 h
Mesa Redonda 1: Turismo e sustentabilidadeMediador: Dr. Clemente Coelho Jr – IBB/UPEDra. Jasmine Moreira – UEPG/PR: Turismo, manejo de uso público e a percepção dosvisitantes: coleta de dados e pesquisa em áreas protegidasDra. Vanice Selva – UFPE: Ecoturismo em Unidades de Conservação Costeiro-marinhasMe. Allan Crema – CGEUP /ICMBio: Ordenamento da visitação em UCs a partir da experiência do usuário
10:30 h
Mesa Redonda 2: Gestão de UCs marinhas e a sustentabilidade da pesca artesanalMediador: Me. Fabiano Ribeiro - CEPENE/ICMBioDra. Rosângela Lessa – UFRPE: A pesca e a conservação de elasmobrânquios na APACosta dos CoraisDra. Beatrice Padovani - UFPE: Diversidade e conservação de peixes na APA Costa dos CoraisDr. Vandick Batista – UFAL: A pesquisa sobre pesca artesanal na APA Costa dos Corais: o que temos, o que precisamos
12:30 h Almoço
14:00 hSessão de painéis A: Sociedade e Natureza: gestão de áreas protegidas e o uso sustentável da biodiversidade
16:00 hPalestra Internacional (inglês): Sr. James Reid –USGS/EUA: Manatees and Protected Areas
16:30 h
Mesa Redonda 3: Conservação de espécies ameaçadas de extinçãoMediador: Dr. Pedro Henrique Cipresso Pereira -UFPESr. Claudio Bellini – TAMAR/ICMBio: Desafios para a conservação de tartarugas-marinhas no nordeste do BrasilDr. Claudio Sampaio – UFAL: Conservação do Mero (Epinephelus itajara) em AlagoasMe. Iran Normande – APACC/ICMBio: Conservação de peixes-boi marinhos na APACC
2
20/10 – quinta-feira
08:30 h
Mesa Redonda 4: Conservação de ecossistemas costeiro-marinhosMediador: Dr. Claudio Sampaio – UFALDra. Karine Magalhães – UFRPE: Fanerógamas marinhas na APA Costa dos Corais: áreas prioritárias e medidas de conservaçãoMe. Marcelo Mantelatto (Projeto Coral-sol): Espécies exóticas invasoras: a ameaça do coral-sol e medidas preventivas no nordeste do BrasilSr. Leonardo Tortoriello Messias – CEPENE/ICMBio: Conservação de ambientes recifais e oceânicos na APA Costa dos Corais
10:30 h
Mesa Redonda 5: Pesquisa e gestão de UCsMediador: Sr. Ulisses Santos – APACC/ICMBioDr. Richard Ladle – UFAL/Oxford: Conservation Culturomics e unidades de conservação no BrasilDr. Fabio dos Santos Motta – UNIFESP/Santos: Efetividade da gestão de unidades deconservação marinhas do Estado de São Paulo: uma análise baseada na visão dos conselhos gestoresMe. Ana Elisa Schittini – ICMBio: Pesquisa como subsídio a gestão de Unidades de Conservação
12:30 h Almoço14:00 h Sessão de painéis B: Biodiversidade: cenário atual e prioridades de conservação
16:00 hOficinas Temáticas: definindo lacunas de informação e prioridades de pesquisa para apoio à gestão da APACC
21/10 – sexta-feira
09:00 hOficinas Temáticas: definindo lacunas de informação e prioridades de pesquisa para apoio à gestão da APACC
11:00 h Plenária e encerramento12:00 h Almoço
3
ÍNDICE DE RESUMOS
A educação ambiental como instrumento para conservação: experiência com o “Guia DidáticoMaravilhosos Manguezais do Brasil” na APACC 07
Análise comparativa de indicadores de agregação reprodutiva de Lutjanus analis e Lutjanusjocu nas Costas Leste e Nordeste do Brasil 08
Análises preliminares das pescarias recifais costeiras em Tamandaré, PE 09
APA Costa dos Corais pelo olhar de seus usuários 10
Avaliação da Efetividade de Manejo da APA Costa dos Corais através da metodologia RAPPAM 11
Avaliação do estado de conservação do coral (Cnidaria-Antozoa) endêmico Mussismilia harttiina APA Costa dos Corais 12
Biosinfonia marinha e assinaturas acústicas em recifes costeiros, litoral sul de Pernambuco 13
Caracterização do tráfego de navios de cabotagem ao largo da costa de Pernambuco, combase em dados de AIS (automatic information system) 14
Complexidade de habitat e comunidade íctia em um costão rochoso na Praia dos Carneiros –PE 15
Comportamento de fuga de peixes como ferramenta de manejo em sistemas recifais 16
Composição e abundância de larvas de peixes pré-assentantes capturadas por armadilhas deluz na Baía de Tamandaré, PE, Brasil 17
Condições ambientais do estuário do rio Formoso (Tamandaré/Pernambuco/Brasil): biomassafitoplanctônica e hidrologia 18
Conhecimento tradicional ictiológico dos pescadores artesanais da praia de Tamandaré,Pernambuco, Brasil 19
Desmistificando os tubarões em sala de aula. Contribuições das atividades pedagógicas noensino fundamental 20
Distribuição algal e outros componentes no substrato dos ambientes recifais nas baias deSuape e Carneiros, litoral sul de Pernambuco 21
Distribuição da matéria orgânica total e do carbonato de cálcio nos sedimentos estuarinos dorio Tatuamunha (AL) 22
Diversidade e heterogeneidade espacial da nematofauna no ecossistema recifal deParipueira- AL 23
Efeitos de um poluente agrícola e de um poluente industrial nas taxas de metamorfose evelocidade de natação de larvas do coral Mussismilia harttii 24
Estoque alimentar do peixe-boi (Trichechus manatus) na Área de Proteção Ambiental Costados Corais 25
Estrutura da comunidade de peixes recifais no litoral sul de Pernambuco e APACC com ênfasenas espécies indicadoras de impactos antropogênicos 26
Estrutura das assembleias de Nematoda e impactos do pisoteio humano em ambientesrecifais 27
4
Estudo da ictiofauna de borda recifal da “Piscina do Amor”, “Poça de Maré” da praia daPajuçara e “Galé de Paripueira” – Maceió, Alagoas, Brasil 28
Feições topográficas relacionadas com a história recente do nível do mar numa plataformacontinental tropical e faminta por sedimentos: conectando o passado, presente e futuro 29
Histórico de soltura de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) na APA Costa dosCorais, uma importante ferramenta na conservação da espécie 30
Ictiofauna associada a recifes costeiros: estudo comparativo no litoral sul de Pernambuco 31
Impactos Ambientais a Angiospermas Marinhas a Área de Proteção Ambiental Costa dosCorais. 32
Indicadores indiretos de agregação reprodutiva da Cioba (Lutjanus analis) e do Dentão(Lutjanus jocu) na APA Costa dos Corais 33
Influência da área recifal fechada na variação espacial do ouriço-do-mar Echinometralucunter (Linnaeus, 1758) na APA Costa dos Corais. 34
Mapas temáticos elaborados por jangadeiros e pescadores da Rota Ecológica 35
Métodos alternativos de ensino na conservação e conscientização ambiental: estudo de casoem Tamandaré (PE) – Brasil 36
Monitoramento de longo prazo da área fechada de Tamandaré: padrões espaço-temporais eoportunidades para o planejamento espacial marinho 37
Morte intencional por disparo de arma de fogo em peixe-boi marinho (Trichechus manatusmanatus) na APA Costa dos Corais, relato de caso 38
Novas metodologias para a amostragem de zooplâncton e assembleias de larvas de peixes einvertebrados durante períodos de desova nos recifes de Tamandaré (Pernambuco, Brasil) 39
O papel do conselho gestor no desenvolvimento do turismo na APA Costa dos Corais 40
O plâncton do ecossistema recifal da apa costa dos corais: diversidade e função 41
O Programa de Monitoramento de Recifes de Coral do Brasil (Reef Check Brasil) na APA Costados Corais. 42
Ontogenetic foraging activity and feeding selectivity of the brazilian endemicparrotfish Scarus zelindae 43
Percepção dos usuários da área de proteção ambiental costa dos corais acerca do peixe-boimarinho (Trichechus manatus manatus) e sua zona de conservação 44
Perfil dos visitantes que realizam turismo de observação do peixe-boi-marinho (Trichechusmanatus) em Porto de Pedras, Alagoas 45
Pescando problemas, soltando soluções. Praticando a educação ambiental no ensinofundamental 46
Por onde eles andam? Inferências a partir de telemetria acústica na ZPVM na APA Costa dosCorais 47
Recrutamento de corais em ambientes recifais em Tamandaré, litoral sul de Pernambuco 48
Recrutamento juvenil e validação da idade de três espécies de garoupas na APA Costa dosCorais 49
Registros de encalhes de tartarugas marinhas no extremo sul da apa costa dos corais: aimportância do monitoramento comunitário 50
5
Relações radiais de governança na APA Costa dos Corais 51
Reprodução de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) reintroduzido na APA Costados Corais, relato de caso 52
Trade-off entre pesca artesanal e Áreas Marinhas Protegidas (AMP) como instrumento para asustentabilidade 53
Utilização de habitats costeiros de Lutjanus alexandrei e Lutjanus jocu em diferentes estágiosde vida na APA Costa dos Corais e áreas adjacentes. 54
Valoração dos serviços ambientais: uma análise dos potenciais benefícios para visitação depiscinas naturais na Área de Proteção Ambiental - APA Costa dos Corais 55
Variação espacial dos recifes de coral de Maragogi (APA Costa dos Corais) – zonação vertical ecomparação de métodos de pesquisa 56
6
A educação ambiental como instrumento para conservação: experiência com o “Guia
Didático Maravilhosos Manguezais do Brasil” na APACC
Paiva, L.M.1; Coelho-Jr, C.2; Almeida, R.3; Rêgo, P.R.M. 4
1, 4 Universidade Federal de Pernambuco; 2, 4 Universidade de Pernambuco; 3, 4 Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia; 4 Instituto BiomaBrasil;
O Guia Didático “Maravilhosos Manguezais da APA Costa dos Corais” é uma poderosa ferramenta educacional de
auxílio à formação de educadores, monitores ambientais e gestores de unidades de conservação. Inicialmente
concebido para o Caribe e testado pelo Mangrove Action Project (MAP–www.mangroveactionproject.org) em mais
de 12 países, precisou passar por um processo de adaptação à realidade brasileira. A obra possui 273 páginas,
organizadas em cinco capítulos e um glossário de termos técnicos, além de 47 atividades práticas que adotam
materiais de baixo custo. A Educação Ambiental e a capacitação aparecem estampadas no Plano de Manejo da
APACC, no cronograma físico-financeiro trimestral 2013-2017, como ação de número 5: “Desenvolver um
programa de educação ambiental formal nas escolas através da capacitação de professores das escolas
públicas”, Programa de Gestão Ambiental. O presente trabalho reuniu quatro experiências do uso do Guia Didático
“Os Maravilhosos Manguezais do Brasil” como ferramenta educativa no contexto da educação formal dos
municípios inseridos na APA Costa dos Corais: Tamandaré e São José da Coroa Grande (PE), Porto de Pedras e
São Miguel dos Milagres (AL). O objetivo do projeto é contribuir para a formação técnica dos profissionais da
educação que trabalham dentro do contexto da APACC, possibilitando maior apropriação dos conhecimentos
relacionados aos ecossistemas costeiros, em especial os manguezais, sua diversidade biológica e cultural, os
impactos e o processo de gestão da Unidade de Conservação. Em cada município 40 professores foram
treinados, numa carga horária dividida em 16 horas presenciais +84h com a elaboração e execução de projetos
didáticos-pedagógico utilizando o guia. Em seguida, um vigoroso sistema de monitoramento e avaliação (com
indicadores de resultados), permitiu acompanhar as ações ao longo dos semestres letivos, preenchendo uma
lacuna típica dos projetos educacionais. O projeto vem sendo executado na APACC desde 2012, inicialmente em
Tamandaré e Porto de Pedras, partindo para São Miguel em 2014-2015, e em novembro de 2015 até a presente
data encontra-se em São José da Coroa Grande. Foram formados 157 professores de 39 escolas, incluindo as
escolas rurais. Do total de professores capacitados nos quatro municípios, registrou-se 100% dos professores de
São José da Coroa Grande utilizando o Guia Didático durante o primeiro semestre de monitoramento (2016),
seguido por São Miguel dos Milagres com 73,3% e Tamandaré e Porto de Pedras ambas com 40%. Os resultados
quali-quantitativos foram analisados a partir de formulários específicos voltados aos educadores, como também de
entrevistas com os envolvidos, possibilitando a renovação do projeto e o estímulo para uso do guia. A baixa
adesão por parte dos professores em Tamandaré e Porto de Pedras pode ser explicada pelo pouco envolvimento
dos gestores na implantação do projeto nas escolas. Em São Miguel dos Milagres o percentual de adoção mais
elevado em virtude do maior envolvimento dos professores e gestores, além da presença constante de um monitor
do Instituto BiomaBrasil durante os dois semestres letivos. Em São José as expectativas foram superadas, pelo
amplo envolvimento dos gestores que incluíram o guia e o tema Manguezais da APACC como projeto pedagógico
do município.
Palavras-Chave: EDUCAÇÃO AMBIENTAL, MANGUEZAL, APACC
7
Análise comparativa de indicadores de agregação reprodutiva de Lutjanus analis e
Lutjanus jocu nas Costas Leste e Nordeste do Brasil
França, A.R.1,2; Olavo, G. 2; Rezende, S.M.3; Ferreira, B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade Estadual de Feira de Santana; 3Cepene, ICMBio
O presente trabalho teve como objetivo fazer uma análise comparativa de períodos de possíveis agregações
reprodutivas da cioba (Lutjanus analis) e do dentão (Lutjanus jocu) identificados mediante indicadores indiretos na
costa Leste e Nordeste do Brasil. Foram analisados dados do monitoramento da pesca de linha de mão do Projeto
“Pró-Arribada: Agregações Reprodutivas de Peixes Recifais no Brasil” entre 2009-2013 na costa Nordeste (CNE)
(Tamandaré-PE, São José da Coroa Grande-PE e Maragogi-AL) (SISBIO nº45992) e entre 2005-2013 na costa
Leste (CL) (Salvador e Baixo Sul da Bahia). Análise exploratória da distribuição individual mensal da CPUE
(kg/pescador.dia), por espécie, permitiu identificar a proveniência de pescarias que se destacavam do padrão
observado. Para verificação de atividade reprodutiva, foram considerados dados de índice gonadossomático (IGS)
de amostras capturadas nestas pescarias. Foi observada diferença significativa entre os valores de CPUE da CL e
da CNE para ambas espécies (Kruscal-Wallis: dentão, p=5,531E-40; cioba, p=1,017E-52). O maior número de
embarcações atuando na área analisada na costa Nordeste pode explicar os menores valores de CPUE
observados para essa região. Resultados da análise de CPUE para cioba na CL revelaram recorrentes picos,
especialmente no período de abril a julho. Foram identificados onze locais de agregação no outono/inverno e três
na primavera/verão. Dados de IGS médio mensal para a cioba exibiram picos em março (1,7) e em novembro
(1,8). L. jocu apresentou picos de CPUE em abril a julho e em janeiro. Quatorze pesqueiros foram identificados
como sítios de agregação no outono/inverno e cinco na primavera/verão. Dados de IGS médio mensal do dentão
mostraram os maiores valores entre janeiro e abril (2,3 a 1,2), junho (1,4) e novembro (1,7). Na CN, L. analis
apresentou picos de CPUE entre setembro e março e em maio. Cinco locais de agregação foram identificados no
outono/inverno e cinco na primavera/verão. O IGS médio mensal da cioba apresentou picos em abril (1,4), junho
(1,3), julho (1,4) e dezembro (2,0). L. jocu exibiu picos de CPUE de dezembro a março e em maio, com destaque
para o mês de fevereiro. Seis locais de agregação foram identificados no outono/inverno e nove na
primavera/verão. Valores de IGS médio mensal do dentão se destacaram no período de março a maio (1,4),
outubro (1,3) e dezembro (1,4). Os resultados permitem concluir que as maiores CPUE foram observadas no
outono/inverno na CL e na primavera/verão na CN, para ambas espécies. A CL apresentou dois picos definidos de
IGS para a cioba ao longo do ano, enquanto na CN foram observados três momentos com os valores mais altos
deste índice, ao longo do ano. Ressalta-se, entretanto, que novembro-dezembro (CL) e dezembro (CN) se
destacaram como os meses com as maiores médias mensais de IGS para a cioba, sugerindo ser este um período
de maior atividade reprodutiva da espécie para toda a área estudada. L. jocu também registrou, nos meses de
março e abril, picos de IGS que foram coincidentes na CN e CL. Estudos de histologia das gônadas são previstos,
a fim de complementar a identificação das agregações reprodutivas das espécies.
8
Análises preliminares das pescarias recifais costeiras em Tamandaré, PE.
Silveira, M.F.1; Santos, A.2; Maida, M.1; Rezende, S. M.3; Messias, L.T.3; Pedrosa, M.4; Ferreira,
B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Instituto Recifes Costeiros; 3Cepene, ICMBio; 4Prefeitura Municipal de
Tamandaré
A pesca artesanal é caracterizada por uma grande variedade de petrechos de pesca, embarcações e estratégias
exercendo importantes funções econômicas, sociais, culturais e ecológicas no litoral do Nordeste brasileiro. Nos
seus 130km de extensão, a APA Costa dos Corais destaca-se pelo seu grande valor para a região Nordeste pois
estima-se que cerca de 80 por cento dos recursos pesqueiros de relevância comercial sejam originários da fauna
associada aos ambientes recifais da região. Levantamentos da pesca artesanal costeira foram realizados pelo
Projeto Recifes Costeiros em Tamandaré entre agosto de 1998 até maio de 2004, quando foram obtidos dados de
esforço por petrecho de pesca e amostragens de capturas durante desembarques. A partir de janeiro de 2015,
através do projeto SOS Mata Atlântica/Fundo Toyota, o programa foi reiniciado com coletas continuadas até a
presente data (SISBIO 45992). O objetivo desta retomada é avaliar as variações temporais e suas relações com
as mudanças socioeconômicas, bem como da efetividade das medidas de gestão implementadas. O presente
trabalho relata os resultados preliminares deste exercício, com um levantamento dos perfis da pesca de pequena
escala em Tamandaré e uma comparação entre os primeiros semestres dos anos de 1999 e 2016. A fase piloto
em 2015 revelou mudanças estruturais como o desaparecimento da pesca de jangada a vela e a introdução da
propulsão de motor de rabeta como principal estratégia para acesso a áreas de pesca mais distantes da costa ou
do porto de origem. A pesca nos recifes rasos continua sendo realizada principalmente pelos petrechos linha e
arpão, tendo neste último também sido observada uma significante inovação tecnológica com a substituição
parcial do “espeto” pelo arbalete. No ranking das espécies mais pescadas pela pesca de arpão e linha o bobó
(Sparisoma axillare) continua sendo a espécies com maior frequência de ocorrência nas capturas. Uma redução
na frequência relativa entre os primeiros semestres de 1999 e 2016 foi observada, e pode ser atribuída a
diminuição da pesca de linha dirigida ao bobó, com a redução do número de “bobozeiros” e o aumento da captura
de epinefelídeos, que sofreram uma aumento acentuado nas capturas das três principais espécies: Alphestes afer,
Epinephelus adscencionis e Cephalopholis fulva. Diferenças significativas na CPUE de peixes com linha e arpão
não foram observadas no período, porém mais análises serão realizadas para investigar diferenças por tipos de
embarcação e propulsão. O bobó Sparisoma axillare figura na lista de espécies ameaçadas, sendo considerada
como vulnerável. Atualmente o plano de recuperação da espécie se encontra em discussão, tendo na proposição
de alternativas a proposta de moratória prevista na Portaria 445. Abordagens regionais são claramente
necessárias uma vez que abundâncias locais são observadas como no caso da APA Costa dos Corais. O presente
trabalho dará continuidade as análises da CPUE por artes e espécies e estrutura populacional da captura com
objetivo de desenvolver uma avaliação do estado de saúde das pescarias através de métodos apropriados.
Palavras-Chave: MONITORAMENTO DA PESCA; PETRECHOS; PEIXES RECIFAIS; MANEJO
9
A APA Costa dos Corais pelo olhar de seus usuários
Souza, C.N.1; Bragagnolo, C.2; Barros, E. L. S.F.C.2, Dantas, I. F. V.2, Oliveira, M. A.2, Malhado,
A.C.M2, Selva, V. S. F1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade Federal de Alagoas.
A APA Costa dos Corais - APACC é a maior unidade de conservação marinha do Brasil, abrangendo do litoral da
cidade de Maceió em Alagoas ao município de Tamandaré em Pernambuco. Dentre seus objetivos de criação está
a manutenção da integridade do habitat e a proteção da população dos peixes-boi marinhos (Trichechus manatus
manatus). Visando atender esse objetivo, criou-se em 2013 a Zona de Conservação do Peixe-boi marinho - ZC, na
qual instituiu-se normas para uso do território e para a conservação do habitat. No entanto, a criação das
Unidades de Conservação - UCs e a atuação de seus instrumentos de gestão podem ter impacto direto nas
atividades humanas e nas comunidades locais que vivem dentro ou no entorno das mesmas. Assim sendo, a falta
de apoio da sociedade está entre os maiores desafios para o sucesso de uma UC e consequentemente para
consolidação de seu ordenamento territorial. O objetivo deste trabalho é identificar o conhecimento e as
percepções dos moradores e turistas com relação a APACC e a sua ZC. Para isto, foram aplicados 375
questionários com moradores dos municípios de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres e 119 questionários
com turistas. A avaliação foi realizada através da escala de Likert - onde os entrevistados especificam seu nível de
concordância com uma série de afirmações. A pesquisa mostrou que apesar dos moradores conhecerem as
normas existentes e apoiarem a maioria dos regramentos da ZC - 90% dos moradores declararam não saber o
significado da APACC. Esses dados coadunam-se com os resultados obtidos com os turistas, onde dos 57% dos
entrevistados que demonstraram conhecimento sobre as UCs, apenas 13% sabiam da existência da APACC. Além
disso, 92% dos turistas indicaram desconhecer qualquer regramento existente na região. Quanto a Zona de
Conservação, 90% dos entrevistados tinham ouvido falar sobre a área, mas a associavam ao local de reintrodução
do peixe-boi no rio Tatuamunha em Porto de Pedras. 78% dos moradores demonstraram conhecer as proibições
com relação a tocar e alimentar o peixe-boi; e, além de concordarem que a espécie necessita de proteção,
afirmam que sua presença na região trouxe benefícios, principalmente econômicos para a comunidade local. No
entanto quando os conhecimentos confrontaram-se com suas percepções, a maioria dos moradores explicitou que
já haviam tocado no peixe-boi e acreditam que essa conduta não prejudica a integridade do animal. Os resultados
evidenciaram um escasso conhecimento da população e dos seus visitantes sobre a APACC e de seus
regramentos. A falta de divulgação dos objetivos e das normas da APACC para o público pode dificultar a gestão e
aumentar os possíveis conflitos. Assim sendo, incentivos para ampliar as informações sobre a APACC e seus
regramentos em uma linguagem apropriada para todos os usuários; estimular o trade turístico a repassar as
informações sobre a APACC para seus visitantes; e, realizar reuniões nos povoados para divulgação dos
benefícios da UC e de seus serviços ecossistêmicos para os moradores devem ser considerados, pois tais ações
já demonstraram ser efetivas para a consolidação de UCs.
Palavras-Chave: APA COSTA DOS CORAIS, ATITUDES, PERCEPÇÃO, USUÁRIOS.
10
Avaliação da efetividade de manejo da apa costa dos corais através da metodologia
RAPPAM
Araújo, J.L.¹; Bernard, E.²
¹ Laboratório de Ictiologia, Universidade Federal da Paraíba
² Laboratório de Ciência Aplicada à Conservação da Biodiversidade, Universidade Federal de Pernambuco
O Brasil possui um dos maiores sistemas de áreas protegidas (APs) do mundo, mas apenas uma pequena porção
deste sistema protege ambientes marinhos. A efetividade e integridade das APs vêm sendo questionadas em todo
o mundo, inclusive no Brasil. Estas áreas, quando mal geridas, são mais vulneráveis. De forma alarmante, estudos
mostram que apenas uma fração das APs atualmente em todo o mundo podem ser consideradas com um manejo
efetivo. Considerando este cenário, estudos sobre a efetividade de APs – e especialmente as marinhas – são
essenciais para realçar o papel delas na conservação da biodiversidade, e são úteis como ferramentas para
auxiliar gestores e tomadores de decisão. Através da licença SISBIO nº 43312 e utilizando a metodologia Rapid
Assessment and Prioritization of Protected Area Management (RAPPAM) avaliamos a efetividade de manejo de
uma das maiores áreas marinhas protegidas do Brasil, a APA Costa dos Corais (APACC). Em uma oportunidade
ímpar, pudemos avaliar a efetividade de manejo da APACC de 2005 a 2014, identificando progressos e pontos
fortes e fracos da gestão da área. No geral, a efetividade de gestão da APACC apresentou uma melhora no
período avaliado. Embora tenha havido variações, cinco dos 14 indicadores analisados apresentam melhoras,
enquanto nove permaneceram estáveis ao longo dos anos. “Recursos Financeiros” foi o indicador que mais
contribuiu para a melhoria geral no manejo da APACC. Ao contrário de muitas áreas protegidas ao redor do mundo
que enfrentam restrições financeiras, a APACC possui uma situação estável e esta estabilidade pode apresentar
efeitos positivos em outros módulos de manejo, como “Infraestrutura” e “Resultados”. “Pesquisa, Avaliação e
Monitoramento” esteve entre os indicadores que apresentaram avanços mais discretos, o que é contraditório
considerando-se que a APACC está entre as áreas marinhas protegidas brasileiras com maior volume de
pesquisas. O retorno por parte dos pesquisadores é considerado limitado, e a maior parte das pesquisas
realizadas na área não apresentam relevância para uma gestão adaptativa visando melhorias no manejo. Um dos
principais desafios na APACC refere-se aos recursos humanos. Apesar de possuir uma equipe qualificada, o
aumento desta equipe gestora deve ser considerado prioridade para os próximos anos, considerando os avanços
observados em outras áreas. O RAPPAM provou ser uma metodologia rápida e de fácil aplicação, sendo efetiva
para a análise temporal do manejo de áreas marinhas protegidas. No entanto, é necessária cautela ao se analisar
os dados gerados por esta análise. Mudanças frequentes na equipe gestora, um registro deficitário nos processos
e atividades realizadas pela gestão, assim como a transferência incompleta de informação entre membros da
gestão inevitavelmente comprometem a acurácia das respostas e dos resultados finais. É aconselhado uma etapa
de validação in loco das respostas obtidas através do RAPPAM, o que pode ser inviável por questões logísticas e
financeiras em áreas grandes, como a APACC. Por isso, indica-se a utilização combinada do RAPPAM à demais
métodos de avaliação de efetividade de gestão, para uma maior robustez dos resultados.
Palavras-chave: RAPPAM, efetividade de manejo, APACC
11
Avaliação do estado de conservação do coral (Cnidaria-Antozoa) endêmico Mussismilia
harttii na APA Costa dos Corais
Gislaine Lima¹; Catherine George³; Maude Gauthier ³; Ralf Cordeiro¹; Carlos Pérez².
Universidade Federal de Pernambuco - Programa de Pós Graduação em Biologia Animal - Recife¹
Universidade Federal de Pernambuco- Centro Acadêmico de Vitória²
Université de Sherbrooke –Quebéc-Canadá³
Os recifes de corais estão ameaçados mundialmente, principalmente no que diz respeito as mudanças climáticas
globais e o consequente aquecimento das águas marinhas e a acidificação dos oceanos. Além dos impactos
antrópicos como o sobrepesca e pisoteio, e o aumento das descargas sedimentares. Mussismilia harttii é uma
espécie endêmica do Brasil considerada uma das principais construtoras de recifes. Na década de 1960, Laborel
registrou que M. harttii, se distribuía desde o estado do Rio Grande do Norte (RN) até o Espírito Santo (ES). No
entanto, em ambos estados (limites Norte e Sul da distribuição), ele só pôde encontrar exemplares mortos, em
praias, ao invés de colônias vivas em ambientes recifais costeiros. Atualmente é registrado um declínio nas
populações desta espécie em toda a costa nordeste e a extinção da mesma nos recifes de Porto de Galinhas-PE.
A fim de avaliar o estado de conservação das populações atuais da espécie, foram analisados os recifes de
Tamandaré-PE e Ponta de Mangue-AL pertencentes à APA Costa dos Corais. Em todas as localidades as
populações foram avaliadas através 5 de transectos de 20x5m, quanto ao número, distribuição e saúde das
colônias, a fim de detectar quais fatores estressantes estão levando à redução das populações e de sua
distribuição geográfica. Em cada recife foram coletados dados abióticos (ex. Temperatura, pH) através de um
sonda multiparâmetro HANNA. Em ambas localidades as colônias de M. harttii apresentavam muitas algas entre
seus pólipos e uma alta sedimentação que por muitas vezes quase encobriam as colônias, além de extensos
cemitérios com cerca de 30 pólipos por metro quadrado. Laborel, 1969 e Maida e Ferreira, 1997 citam Mussismilia
harttii como uma das principais construtoras dos recifes de Tamandaré. Em nossas amostragens nestes recifes foi
possível apenas a observação de 10 colônias vivas de Mussismilia harttii. As colônias observadas em Tamandaré,
tinham aparência saudável, de tamanho compreendido entre 15,3 cm e 36,7 cm, apresentando média de 59
pólipos. Em Ponta de Mangue foram observadas 69 colônias de M.harttii, porém 95% das colônias apresentavam
fragilidade e pólipos vivos caídos. As colônias observadas apresentaram aparência saudável de tamanho médio
entre 17,6 cm e 52,7 cm com média de 174 pólipos. Uma das colônias apresenta-se com cerca de 5% de seus
pólipos branqueados, uma evidência de estresse térmico. Quanto aos dados abióticos, em um levantamento
histórico (1959-2016), no que diz respeito à os valores de pH, percebe-se uma tendência à diminuição dos valores
nas duas regiões, que provavelmente são precursores de uma potencial acidificação e da fragilidade dos pólipos
de M. harttii causando a queda da colônia ainda viva no bentos em seguida morrem sufocadas. Quanto a
temperatura nota-se uma tendência ao aumento e uma instabilidade dos valores enquanto já é conhecido que M.
harttii é uma espécie sensível ao aumento de temperatura, sofrendo estresse térmico quando submetida a
temperaturas acima de 27ºC por longos períodos. A ausência de monitoramento contínuo nestas comunidades nos
últimos 40 anos, dificulta a elucidação dos fatores reais que levaram à redução das populações deste coral nos
ambientes estudados.
Palavras Chave: Recife de Coral; Extinção; Aquecimento Global.SISBIO: 52355-1Patrocínio: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
12
Biosinfonia marinha e assinaturas acústicas em recifes costeiros, litoral sul de
Pernambuco
1Alfredo Borie, Sergio 2Rezende, 3Mauro Maida, 3Beatrice Padovani, 1Paulo Travassos1Universidade Federal Rural de Pernambuco
2Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade3Universidade Federal de Pernambuco
Em diferentes ambientes marinhos é possível detectar distintos eventos sonoros, que podem ser de origem
biológica, antropogênica (embarcações) e também geológica (chuva, vento). No caso de sons biológicos
(biofônicos), tais eventos podem ser identificados utilizando a acústica passiva, uma ferramenta observacional e
não invasiva que permite inferir sobre o comportamento e distribuição dos animais emissores de sons, como
crustáceos, peixes e cetáceos. O conjunto destes sons permite o levantamento da paisagem sonora, que pode ser
indicativa da diversidade de espécies, além de ser útil na detecção de eventos significativos como agregações
alimentares ou reprodutivas. O Parque Municipal Marinho de Tamandaré está localizado na APA Costa dos Corais
é parcialmente sobreposto a Zona de Preservação da Viva Marinha de Tamandaré, fechada a pesca e visitação
desde 1999. Duas “sonoboias”, equipadas com gravadores Zoom H1 com frequência de amostragem de 44.1 kHz
e gravações em formato WAV de 16-bit e hidrofones H2a foram instaladas dentro dos limites do Parque, com
gravações simultâneas de aproximadamente 12 h sendo realizadas durante a lua nova e cheia de fevereiro a abril
de 2016, tendo início às 17h, totalizando 148 horas e 57 minutos de gravação em dois pontos equidistante cerca
de 1200 metros. Resultados preliminares apontam para uma paisagem marinha sonora complexa, com
dominância de sons biológicos, produzidos por peixes, crustáceos, e eventuais embarcações de pesca. Foi
possível detectar 3 tipos de sons (SPs) mais recorrentes, que corresponderam a agregações de peixes, indicando
que a área pode ser utilizada com sistema de passagem para estes cardumes. Os sons foram detectados a partir
do início da noite, em média a partir das 18:20 h e também às 01:40 h em ambas as luas, com duração média de 1
hora e 50 minutos em cada evento. Foi possível identificar, individualizar e separar alguns sons geralmente no
início ou fim de cada passagem do cardume. Claramente foi observado que os sons detectados diferem entre si
devido a pulsação (pulsos por segundo), no período do pulso e também na frequência, sendo que os sons SP1,
SP2 parecem ser produzidos através de uma musculatura sonora, típicos da família Sciaenidae. O som SP2
apresentam maior número de pulsos por minuto quando comparados com o som SP1. O som SP3, ao contrário
dos anteriores, tem uma duração de aproximadamente 1 segundo, com menor pulsação, como também parece
haver a utilização de outro tipo de mecanismo sonoro, possivelmente estridulatório. As médias das frequências
dominantes do som tipo SP1, SP2 e SP3 foram de 570, 925 e 1838 Hz respectivamente (p<0,01). Também foi
possível identificar cliques e assobios de golfinhos (Sotalia sp.), com frequência dominante entre 12 e 18 kHz.
Outros sons predominantes foram caracterizados como constantes, emitidos por organismos residentes como
invertebrados (crustáceos), com bandas de frequências dominantes de 2 e 3 kHz. Estes resultados indicam uma
complexa paisagem acústica, e apontam para a utilidade do método de acústica passiva no monitoramento de
longo prazo da biodiversidade. A próxima etapa visa identificar as espécies sonoras e a finalidade dos sons.
Palavras-Chave: ECOLOGIA ACÚSTICA, BIOACUSTICA, PEIXES
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Caracterização do tráfego de navios de cabotagem ao largo da costa de Pernambuco,
com base em dados de AIS (Automatic Information System)
Torres Homem, R. M.¹; Silva Filho, L. C.²; Camargo, J. M. R.¹
¹Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (DOCEAN/UFPE)
²Departamento de Ciências Geográficas da Universidade Federal de Pernambuco (DCG/UFPE)
O Porto de SUAPE reúne 96 empresas, dentre as quais, 15 são da indústria de transformação (máquinas,
peças e equipamentos); 14 são de logística, armazenamento e transporte de cargas; 14 se relacionam com a
indústria petroquímica e derivados do petróleo; 13 são de comércio e distribuição de combustíveis; 11 são
indústrias de bebidas e alimentos; 8 são relacionadas a mineração e derivados; 4 são relacionadas a educação
profissional, lazer e serviços sociais; 3 são indústrias de perfumes, cosméticos e higiene; 3 são relacionadas a
manutenção; 2 são relacionadas a indústria textil; 2 são estaleiros; 2 são relacionadas a produção e
comercialização de energia elétrica; 2 são empresas de comunicação; 1 é refinaria de petróleo; 1 é indústria
automotiva; 1 é uma gráfica. Este trabalho avaliou uma ferramenta de monitoramento do tráfego de embarcação,
disponível na rede mundial de computadores (www.marinetraffic.com). Através de visitas diárias ao site, foram
coletadas informações sobre a localização das embarcações, suas dimensões e tipo de carga. Essas informações
são transmitidas através de uma rede de antenas em terra, que captam sinais do tipo AIS (Automatic information
System). O AIS tornou-se obrigatório para embarcações de cabotagem desde 2002, quando a IMO (International
Maritime Organization) criou o tratado SOLAS, que obrigava mais de 100.000 embarcações com mais de 300GT
(Gross Tonnage) a portarem o equipamento a bordo em viagens internacionais. Em 2006, o tratado passou a
abranger embarcações de portes inferiores, movendo a indústria de Geolocalização, aumentando a área de
abrangência, e barateando o custo de instalação de aquisição dos transceptores AIS, chegando a abranger mais
de 250.000 embarcações em 2012. A integração dessas informações possibilita a caracterização do tráfego
marítimo, algo estratégico, porém incipiente no Brasil. A atividade de cabotagem é acompanhada por um potencial
de risco e impacto ambiental inerente (riscos de acidentes e contaminação, bioinvasão por água de lastro) e,
portanto, exige atenção, controle e responsabilidade. Ao longo de 90 dias, foram registradas 315 embarcações ao
largo da costa pernambucana, aproximando-se ou afastando-se, uma media diária de 3,5 embarcações por dia. A
reunião dos registros possibilitou caracterizar o tráfego quanto às dimensões e cargas transportadas. Em
comparação com dados pretéritos, foi observado que, em um intervalo de 12 anos, houve um incremento de 363%
do tráfego de embarcações. Esse crescimento é bem mais evidente em relação ao número de navios
transportando cargas como contêineres, produtos químicos e derivados do petróleo. Foi observado que a ausência
de antenas AIS no trecho de litoral entre o Porto de SUAPE e o de Maceió implica na perca de informações. Essa
deficiência ao largo da APA Costa dos Corais demonstra a evidente necessidade de sua inserção no processo de
planejamento espacial marinho. O aumento do tráfego foi comprovado através do monitoramento AIS ofertado
pelo site marinetraffic.com facilitando o acesso à informação. Hoje, as antenas possuem uma certa ineficiência
dentro dos limites da APA dos Corais implicando na necessidade de ampliação da rede de antenas para fortalecer
o processo de gestão da APA.
Palavras-Chave: TRÁFEGO MARÍTIMO, AIS, PLANEJAMENTO ESPACIAL MARINHO, MONITORAMENTO.
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Complexidade de habitat e comunidade íctia em um costão rochoso na praia dos
Carneiros - PE
Mattos, F. M. G.¹
¹Universidade Federal de Pernambuco
Os peixes recifais possuem padrões de distribuição influenciados por diversos fatores sejam físicos, químicos ou
fisiológicos. As comunidades íctias distribuem-se de acordo com fatores como complexidade estrutural e
profundidade do ambiente. O objetivo deste estudo foi testar a influência da profundidade e da complexidade
ambiental, em uma comunidade íctia de um recife de arenito encontrado na Praia dos Carneiros (Tamandaré- PE),
no estuário do rio Formoso, zona de influência da APA Costa dos Corais. Vinte-e-quatro amostragens foram
realizadas entre os meses de março a maio de 2013. Quatro pontos amostrais foram escolhidos, correspondendo
a profundidades diferentes que variaram de 1m no P1 a 8m no P4. O método utilizado para os censos visuais foi o
transecto de faixa. Dois transectos foram posicionados em cada ponto amostral por censo, os peixes foram
registrados e agrupados em classes de tamanho de 5 em 5cm. A complexidade estrutural foi feita a partir da
contagem de fendas em locas por transecto. Além destas foram calculados os índices ecológicos, equitabilidade
de Pielou (J’) e diversidade de Shannon-Weiner (H’). O ponto com maior complexidade estrutural foi o P3, com
uma média de aproximadamente 6±2 fendas por transecto. Durante os censos, foram registradas 39 espécies
diferentes, além de 8 espécies que foram visualizadas fora dos transectos. O ponto 2 foi o menos complexo, com
apenas 2 fendas encontradas durante toda a pesquisa, porém foi o mais rico com 25 espécies. Os pontos mais
profundos P3 e P4, abrigaram 21 spp cada, já o P1 20. Além de ser mais rico o P2 foi mais diverso, enquanto o P3
apesar de mais complexo, obteve os menores valores em todos os índices calculados. E as maiores frequências
de ocorrência foram encontradas no P2, ponto onde as espécies foram mais fiéis, enquanto no P3, foram
encontrados os menores valores de frequência. No ponto 3 foram encontradas mais espécies raras (6 entre as
que foram avistadas durante os censos e mais 4 das espécies complementares). O número de peixes pequenos
decaiu significativamente conforme aumentou-se a profundidade. A proporção de indivíduos medindo até 5 cm
decaiu gradativamente do ponto 1 ao 4, enquanto os peixes com tamanhos entre 16 e 20 cm foram encontrados
em maior número nos pontos mais profundos (3 e 4). As espécies Acanthurus coeruleus, Chaetodon striatus,
Pomachantus paru, Anisotremus virginicis e espécies de Epinephelidade distribuíram-se em gradientes de
tamanho e abundância pelos 4 pontos, influenciados provavelmente pela profundidade, e complexidade dos
pontos. Estas espécies sugerem que tanto a profundidade quanto a complexidade são fatores que afeta a
movimentação de peixes, em diferentes fazes de vida, assim peixes maiores realmente tendem a ter maior
representatividade em áreas mais profundas. A profundidade e complexidade, apesar de influenciarem na
distribuição dos peixes, não são fatores limitantes, a movimentação destes animais parece estar atrelada a
diversas variáveis. O presente estudo serve como base-line, sendo o primeiro estudo abordando a comunidade de
peixes sob influência recifal neste ambiente da Praia dos Carneiros.
Palavras-chave: PEIXES RECIFAIS; DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL; PROFUNDIDADE; TAMANHO
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Comportamento de fuga de peixes como ferramenta de manejo em sistemas recifaisLarissa J. Benevides 1,2; Taciana K. Pinto1,3; José de Anchieta C. C. Nunes4; Cláudio L. S.
Sampaio1,2
1 Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação nos Trópicos, Universidade Federal deAlagoas, Avenida Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro dos Martins, 57072-900, Maceió, AL, Brazil.
[email protected]; 2 Laboratório de Ictiologia e Conservação, Unidade de Ensino Penedo, UniversidadeFederal de Alagoas, Avenida Beira Rio, s/n. Centro Histórico, 57.200-000, Penedo, AL, Brazil.
[email protected] (autor para correspondência); 3 Laboratório de Ecologia Bentonica, Unidade de EnsinoPenedo, Universidade Federal de Alagoas, Avenida Beira Rio, s/n. Centro Histórico, 57.200-000, Penedo, AL,
Brazil. [email protected]; 4 Laboratório de Ecologia Bentônica, Instituto de Biologia, Universidade Federal daBahia, Rua Barão de Geremoabo, s/n. Ondina, 40.170-0002, Salvador, BA, Brazil. [email protected]
Compreender como os peixes decidem escapar da abordagem humana tem um papel crucial na elucidação dos
conflitos com atividades antrópicas nos ecossistemas marinhos. Essas decisões podem afetar diretamente o
comportamento natural e moldar a percepção dos indivíduos sobre seu habitat, prejudicando a aquisição de
energia com a exploração dos recursos alimentares, a otimização do fitness e, consequentemente, o crescimento
e/ou sucesso reprodutivo. Entretanto, a importância deste conhecimento para a conservação ainda é subestimada.
Neste estudo nós investigamos se a percepção do risco da aproximação de um pescador-subaquático difere entre
três espécies de peixes recifais com distintos históricos de captura (Epinephelus adscensionis, Acanthurus
bahianus e Chaetodon striatus), através de um mosaico de áreas com atividades pesqueiras e turísticas na Área
de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC). Nós utilizamos medidas da Distância Inicial de Fuga (DIF) para
investigar a cautela dos peixes modificada pela experiência com a predação, e estimamos o tamanho do indivíduo,
tamanho do grupo e a distância para refúgio. Essas variáveis foram usadas em análise multivariada permutacional
de variância, e em comparações par-a-par, para avaliar o efeito da proteção e das atividades de pesca-sub ou
turismo na DIF dos peixes recifais na APACC. Os resultados sugerem que o histórico de captura, junto com o
status do manejo das áreas, possuem efeito significativo na percepção do risco de ameaça por peixes recifais. As
espécies apresentaram diferenças significativas na distância de fuga entre elas, mas em locais específicos.
Individualmente, a única espécie que mostrou diferenças significativas nos valores da DIF entre as áreas de pesca
e turismo foi E. adscensionis, que é mais comumente capturada por pescadores-sub do que A. bahianus e C.
striatus, respectivamente. Contudo, independente do uso da área, foram observadas maiores DIFs fora da APACC
em todas espécies estudadas. A influência das variáveis preditoras (tamanho do indivíduo, tamanho do grupo, e a
distância para refúgio) na DIF também variou entre as espécies. Nossos resultados indicam que alterações do
comportamento de fuga de peixes recifais podem ser influenciadas tanto pela pesca-sub quanto pelas atividades
relacionadas ao turismo na APACC. Consequentemente, esses peixes podem estar respondendo ao risco de
predação causado pela presença humana de maneira similar, tanto pelos pescadores-sub quanto pelos
mergulhadores recreativos. Embora fique claro a importância das áreas marinhas protegidas em reduzir os efeitos
das atividades recreativas na percepção do risco dos peixes, o uso conflitante dos recifes costeiros na APACC
pode estar contribuindo para os efeitos negativos e contraditórios observados no comportamento antipredador dos
indivíduos. Esta pesquisa destaca que o conhecimento de como os peixes lidam com a presença do homem no
seu habitat pode contribuir com melhorias nas políticas de manejo e, por isso, deve receber mais atenção. Com as
medições das DIFs é possível inferir o quanto os peixes estão alertas para a presença de mergulhadores e, a
partir disso, estimar distâncias mínimas para abordar os peixes antes de afetar suas atividades naturais, ou indicar
áreas onde atividades antrópicas devem ser reduzidas ou banidas.
Palavras-Chave: DISTÂNCIA INICIAL DE FUGA; ÁREA MARINHA PROTEGIDA; IMPACTO DA PESCA-SUB
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Composição e abundância de larvas de peixes pré-assentantes capturadas por
armadilhas de luz na Baía de Tamandaré, PE, Brasil.
Grande, H.1; Rezende S.M. 2; Simon, T.E., Gaspar, A.L.B.1; Ferreira, B. P.1
1 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Departamento de Oceanografia, Av. Prof. Moraes Rego, 1235 –
Recife, PE, 50740-550, Brazil.
2 Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (CEPENE), R. Samuel
Hardman s/n –Tamandaré, PE, 55578-000, Brazil.
O conhecimento sobre os vários aspectos taxonômicos e ecológicos das larvas de peixes recifais em sua
fase dispersiva pelágica é considerado um ponto chave na compreensão da ecologia e biologia de uma população
adulta, uma vez que o aporte anual de recrutas é um fator determinante no manejo de estoques pesqueiros.
Armadilhas luminosas são dispositivos eficientes na captura de estágios pelágicos pré-assentantes de peixes
recifais, que vêm sendo utilizados desde sua introdução na década de 90. No entanto, no Atlântico Sul Tropical
ainda não existe registros de estudos utilizando estes dispositivos. O presente trabalho é resultado de um esforço
de cinco anos de coleta de larvas com uso de armadilhas luminosas na região Baía de Tamandaré, Pernambuco, e
tem como objetivo apresentar uma lista das espécies e abundância dos peixes capturados em estágios larvais pré-
assentantes. As amostragens foram realizadas mensalmente entre dezembro de 2010 e abril de 2016, utilizando
três armadilhas de luz do tipo CARE® instaladas após o crepúsculo por três dias consecutivos durante o período
da lua nova. As armadilhas foram posicionadas atrás da última linha recifal em Tamandaré, Pernambuco, em
profundidades maiores que 10 metros, pouco antes do pôr-do-sol, e subsequentemente retiradas na alvorada do
dia posterior à sua fixação, permanecendo aproximadamente 12h em subsuperfície (1 m de profundidade). No
total foram capturadas 4.173 larvas de peixes recifais pertencentes a 33 famílias, 57 gêneros e 78 espécies. As
famílias Carangidae (09), Lutjanidae (6), Apogonidae (4), Monacanthidae (4), Blenniidae (4) e Pomacentridae (4)
foram as que apresentaram a maior riqueza de espécies, enquanto às famílias Gerreidae (30,47%), Holocentridae
(16,54%), Blennidae (12,01%), Labrisomidae (8,36%), Lutjanidae (8,29%), Acanthuridae (5,95%), Carangidae
(4,77%), Pomacentridae (3,21%) e Polynemidae (2,34%) apresentaram as maiores abundâncias, compreendendo
aproximadamente 90% das larvas de peixes recifais capturadas. Dentre as espécies mais abundantes, algumas se
destacaram pela alta frequência de ocorrência como Eucinostomos spp., Malacoctenus spp., Labrisomus
nuchipinnis, Stegastes variabilis e Hypleurochilus sp., enquanto outras ocorreram em picos de abundância
excepcionais como Holocentrus adscensionis, Ophioblennius trinitatis, Lutjanus synagris e Acanthurus bahianus. A
dominância da família Gerreidae pode ser explicada por sua abundância nos ecossistemas costeiros do Nordeste
do Brasil, com a ocorrência contínua ao longo do ano podendo estar associada a períodos de desova estendidos e
diversidade de espécies na família. Em conclusão, o presente trabalho evidencia a aplicabilidade de armadilhas de
luz como instrumentos eficientes na coleta de pré-assentantes, sendo seu uso promissor no estudo da taxonomia,
ecologia e dinâmica populacional de peixes recifais.
Palavras-chaves: RECRUTAMENTO LARVAL; RECIFES DE CORAIS; ARMADILHAS DE LUZ.
Licença Sisbio 23115
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Condições ambientais do estuário do rio Formoso (Tamandaré/Pernambuco/Brasil):
biomassa fitoplanctônica e hidrologia
Lima, A.N.1 ; Feitosa, F.A.N.1 ; Flores-Montes, M.J.1, Otsuka, A.Y.1
1Universidade Federal de Pernambuco
O rio Formoso tem 12km de extensão e nasce na porção noroeste do município de mesmo nome, no estado de
Pernambuco, Brasil. O estuário do rio Formoso apresenta relevante importância ecológica devido à presença de
manguezais, prados de fanerógamas e área recifal. Está inserido em duas Áreas de Proteção Ambiental (APA): a
APA de Guadalupe e a APA Costa dos Corais, e ao longo do seu percurso recebe efluentes domésticos, resíduos
provenientes da agroindústria açucareira e atividade de carcinicultura. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a
condição ambiental da zona estuarina do rio Formoso (Tamandaré, Pernambuco, Brasil), através da distribuição da
biomassa fitoplanctônica e da hidrologia. As amostras de água foram coletadas na superfície durante três meses
do período chuvoso (maio/ julho/ agosto/ 2014) e três de estiagem (outubro/ novembro/ dezembro/ 2014), durante
a baixa-mar e preamar de um mesmo dia, em maré de sizígia. Foi realizada também uma segunda campanha em
novembro/2014 para verificação da distribuição longitudinal e vertical da salinidade. Foi observada uma influência
sazonal sobre os parâmetros hidrológicos e biológicos, condicionando durante o período chuvoso menores valores
de temperatura, transparência da água, salinidade e da clorofila a e maiores concentrações dos nutrientes, exceto
do N-amoniacal. A profundidade apresentou o mínimo de 2,00 m e o máximo de 8,30 m. A temperatura variou de
26,00°C a 29,5 °C, a transparência de 1,00 m a 4,00 m e a salinidade de 20 a 35. Os teores de oxigênio dissolvido
oscilaram de 3,36 ml L-1 a 5,84 ml L-1 e seu percentual de saturação de 69,49% a 125,82%. O material particulado
em suspensão (MPS) variou de 13,2 mg L-1 a 30,4 mg L-1. Os valores de N-amoniacal variaram de não detectável
a 0,02 µmol L-1, de N-nitrito de não detectável a 0,20 µmol L -1, e de N-nitrato de não detectável a 3,47 µmol L-1.
Para as concentrações de P-fosfato foram registrados valores de não detectável a 0,80 µmol L -1 e o Si-silicato de
1,56 µmol L-1 a 39,22 µmol L-1. As concentrações de clorofila a oscilaram de 0,67 mg.m- a 12,64 mg m-3. A
comunidade fitoplanctônica <20 µm (pico/nanofitoplâncton) apresentou uma maior contribuição, sendo
responsável por até 100% da biomassa algal. O estuário caracterizou-se como homogêneo em função da forte
intrusão marinha, havendo um gradiente decrescente de jusante para montante do oxigênio dissolvido, salinidade
e MPS, ao contrário da clorofila a e do silicato. O ambiente caracterizou-se como mesotrófico e livre,
momentaneamente, do processo de eutrofização antrópica em função da melhoria do tratamento dos efluentes
domésticos.
Palavras-chave: CLOROFILA A; VARIÁVEIS AMBIENTAIS; ÁREA ESTUARINA; FITOPLÂNCTON.
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Conhecimento tradicional ictiológico dos pescadores artesanais da praia de Tamandaré,
Pernambuco, Brasil
Pinto, M.F.1; Mourão, J.S.2; Alves, R.R.N.2
1Universidade Estadual do Ceará – FAFIDAM; 2Universidade Estadual da Paraíba
A pesca é uma das atividades humanas mais antigas e constitui fonte de renda e subsistência para milhões de
pessoas, sobretudo em regiões costeiras. As pesquisas realizadas com os pescadores artesanais, para a
compreensão dos conhecimentos adquiridos e acumulados sobre os peixes (Etnoictiologia), podem contribuir na
elaboração de medidas de conservação desses animais, bem como na manutenção da pesca. O presente estudo
foi realizado durante os meses de janeiro a outubro de 2013, na praia de Tamandaré, no município de Tamandaré,
em Pernambuco, com a autorização do SISBIO 35491-1. Foram coletadas informações, através de entrevistas
estruturadas e semiestruturadas com 36 pescadores artesanais marítimos, sobre os peixes conhecidos e sobre as
formas de uso dos mesmos. A riqueza de espécies foi analisada utilizando o software Primer 6.1. O valor de uso
das espécies registradas, para demonstrar a importância relativa das espécies conhecidas localmente, foi
calculado usando a fórmula VU= ΣU / n, onde U = número de citações por espécies e n = número de informantes.
Foi verificado ainda o estado de conservação das espécies, de acordo com a lista das espécies ameaçadas da
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) de 2014. Por fim, foi verificada a similaridade dos
tipos de uso dos peixes, através do software Primer 6.1, com a análise de agrupamento. Os pescadores
entrevistados são do sexo masculino, possuem entre 30 e 84 anos de idade, com a média de 55 anos, estão na
atividade pesqueira há mais de 10 anos e possuem baixo nível escolar. Os pescadores mencionaram 300 nomes
populares de peixes, correspondentes a 222 táxons. Dos peixes registrados, 207 espécies tiveram citações de
uso. Foram caracterizados seis tipos de usos dos peixes: alimentar, comercial, medicinal, para confecção de
artesanato, para fins mágico-religiosos e para aquariofilia. Verificou-se que existem múltiplos usos dos peixes e
que há relação entre esses diferentes usos, reforçando a importância que o pescado tem na cultura e nas
atividades econômicas das comunidades pesqueiras. Além disso, a maioria das espécies (n=108) citadas para fins
comerciais pelos pescadores não estão avaliadas pela IUCN, demonstrando a falta de estudos ou de divulgação
desses estudos sobre o estado de conservação dos peixes. As informações obtidas são úteis para o registro e a
valorização do conhecimento tradicional ictiológico dos pescadores artesanais, bem como para a compreensão de
como os peixes são utilizados, contribuindo para iniciativas de manejo da pesca em áreas protegidas, como na
Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais.
Palavras-Chave: ETNOBIOLOGIA; PEIXES; CONSERVAÇÃO; PESCA.
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Desmistificando os tubarões em sala de aula. Contribuições das atividades pedagógicas
no ensino fundamental.
Cardoso, B. A.¹*; Telis, I. S.¹; Santos, L. B.¹; Neves, J. R.¹; Silva, R.G.¹; Sampaio, C. L. S.¹, ²
¹ Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino Penedo (Licenciatura em Ciências Biológicas).
² Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino Penedo. Laboratório de Ictiologia e Conservação.
* E-mail: [email protected]
A Educação Ambiental (EA) é decisiva para a construção, revisão de conceitos e valores que serão refletidos na
qualidade de vida das futuras gerações, particularmente para aquelas que possuem íntima dependência com os
recursos naturais, a exemplo de pescadores e guias turísticos. A necessidade da EA na conservação é prioritária,
principalmente para animais ameaçados de extinção e que possuem má reputação, como os Elasmobrânquios.
Devido à importância econômica dos tubarões e raias nas pescarias artesanais, que associada a uma imagem
negativa junto à sociedade, faz com que a EA focada nesses peixes seja mais complexa e de difícil
implementação. Deste modo buscou-se desenvolver uma prática pedagógica para as turmas do 7° ano,
relacionada ao assunto “Reino Animal: Vertebrados”, onde foram apresentadas as características dos vertebrados,
incluindo o sistema circulatório, respiratório, digestório e reprodutor, além da sua ecologia. Nos nove municípios
inseridos na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC), totalizam 3.175 estudantes, demonstrando a
importância de tal abordagem, para despertar a curiosidade e maior integração entre a sala de aula e os
problemas locais. Essa atividade, também, teve como objetivo contribuir com o Plano Nacional para Conservação
de Tubarões e Raias Marinhos Ameaçados de extinção (PAN-Tubarões), mais especificamente com o objetivo de
sensibilizar a sociedade acerca da importância dos Elasmobrânquios e de sua conservação para a integridade dos
ecossistemas marinhos. Como modelo foi utilizado uma espécie carismática e ameaçada de extinção, o cação
lixa, Gynglimostoma cirratum. Para confeccionar o modelo em sala de aula, juntamente com os estudantes, foram
utilizados materiais de baixo custo (01 bexiga de festa, jornais velhos, 03 lixas de parede, 02 potes pequenos de
tinta guache cinza, 01 pincel, 03 rolos de papel higiênico, algodão, 01 tesoura, 02 colas brancas pequenas e 01
caixa de massa de modelar). Para construir o modelo do peixe, foram colados vários pedaços de jornais na bexiga
e utilizando os rolos de papel higiênico, formou-se o corpo do animal que, posteriormente foi pintado e com a
massa de modelar confeccionados os órgãos internos. Um plano de aula foi desenvolvido, propondo atividades
focadas nas características dos Vertebrados. Esta prática teve como resultados: estimulo a criatividade,
aumentando a participação dos estudantes, incluindo o trabalho em equipe, além de fomentar o processo ensino –
aprendizagem e contribuir com a formação do pensamento crítico. Associado a essa atividade pedagógica, as
ameaças e propostas para a conservação das espécies ameaçadas de tubarões e raias, bem como do seu habitat
na APACC foram estimulados, servindo como base para novas discussões. A formação de cidadãos
comprometidos com a conservação da APACC, além de desmistificar o medo universal e ancestral do animal, é
um dos pontos fortes dessa atividade didática.
Palavras Chave: CONSERVAÇÃO, CAÇÃO LIXA, EDUCAÇÃO AMBIENTAL
20
Distribuição algal e outros componentes no substrato dos ambientes recifais nas baias
de Suape e Carneiros, litoral sul de Pernambuco
Oliveira, W.D.¹; Macedo, C.H.¹; Cunha, S.R.¹; De Araújo, M.E.¹
¹Universidade Federal de Pernambuco
As macroalgas são componentes importantes no ecossistema recifal funcionando como fator de aumento da
complexidade dos recifes e alimento para uma série de organismos. A costa Pernambucana apresenta condições
favoráveis ao desenvolvimento, o que as torna ótimas competidoras. O objetivo desse trabalho foi observar a
distribuição das algas em diferentes feições recifais (raso e barreira em Suape e Carneiros e lagoa recifal em
Carneiros). Foi usado o método de Point Intersept Transect (PIT) em 77 transectos de 20m entre 2014 e 2015. O
substrato era anotado a cada 50cm, categorizado em: algas folhosas; filamentosas; calcárias; turf; coral; Palythoa
cariibeorum (zoantídeo); outros invertebrados; substrato inconsolidado; rocha. Os dados em percentual de
cobertura foram transformados por arco-seno para as análises de variância (ANOVA) e análise canônica de
componentes principais (CAP). Foi visto que as algas foram dominantes nas feições recifai. Coral, zoantídeos e
outros invertebrados foram pouco abundantes (cerca de 20% da cobertura total). As algas turf e folhosas foram as
mais representativas. Turf foi mais concentrado em Suape-Barreira e Carneiros-Raso, as algas folhosas mais
abundantes em Suape-Raso e Carneiros-Lagoa recifal. O substrato inconsolidado representou mais de 15% em
todos os ambientes, destaque para Suape-Raso. Por outro lado, rocha sem cobertura foi menos abundante, maior
representação em Suape-Barreira e Carneiros-Lagoa recifal. A praia de Suape apresentou maior cobertura de
algas filamentosa, turf e Palythoa caribaeorum. Em Carneiros, as calcárias representaram maior percentual
enquanto as algas folhosas e cobertura de corais não diferiram nas duas praias, sendo o primeiro grupo bastante
representativo e o segundo pouco presente. O CAP apontou grande semelhança entre as barreiras das duas
praias, assim como regiões rasas entre si. A lagoa recifal em Carneiros foi a que mais se diferenciou, sobretudo
pela abundância de algas folhosas. Nessa ordenação os grupos algais foram os responsáveis pela separação dos
habitats, juntamente com coral e outros invertebrados, apesar da baixa cobertura percentual desses. Esses
componentes tiveram correlação maior que 0,4 e a formação dos eixos foi significativa (p<0,001). As formações
recifais apresentaram dominância algal com destaque para algas folhosas e turf. Nas áreas Suape-Raso e lagoa
recifal de Carneiros a predominância foi de algas folhosas, enquanto as algas turf foram mais representantes nas
barreiras das duas praias e no ponto Carneiros-Raso. As áreas de barreiras e rasos nas duas praias apresentaram
resultados bem similares, mostrando que os sistemas costeiros de Suape e Carneiros apresentam semelhanças
na distribuição das algas no substrato nas diferentes feições recifais, apesar dos diferentes usos.
Palavras-Chave: Cobertura algas, Recifes, Substrato; Ambiente costeiro
21
Distribuição da matéria orgânica total e do carbonato de cálcio nos sedimentos
estuarinos do rio Tatuamunha (AL)
Paiva, L.M.1 3; Barcellos, R.L.1; Coelho-Jr, C.2 3; Feitosa; F.A.N.1; Santos, L.D.1; Rêgo, P.R.M.3
1 Universidade Federal de Pernambuco; 2 Universidade de Pernambuco; 3 Instituto Bioma Brasil
O rio Tatuamunha é um dos principais locais de reintrodução dos peixes-boi marinhos reabilitados, localizado em
Porto de Pedras (AL), também está inserido na APA Costa dos Corais (UC federal–ICMBio). O estuário do
Tatuamunha encontra-se submetido a um regime de mesomarés (2,6m sizígia) e clima tropical. O presente estudo
teve como objetivo analisar o comportamento sedimentar na porção estuarina do Tatuamunha, através dos
parâmetros sedimentológicos: granulometria, análise dos teores de carbonato e matéria orgânica total. A bacia do
Tatuamunha (9º13’04.50”S/35º19’59.10”O) compreende uma área com cerca de 292,1km2, sendo um rio costeiro
de baixa vazão com 38km de extensão, portanto sua nascente encontra-se nas escarpas do Grupo Barreiras, a
5km de Matriz de Camaragibe (AL). O trecho estuarino tem aproximadamente 7km de extensão, ao longo do qual
foram coletadas 17 amostras de sedimentos superficiais (de acordo com a autorização do ICMBio/SISBIO nº
54571-1) em junho de 2016 (estação chuvosa). Em laboratório, as amostras foram secas em estufa a 60°C para
posterior realização das análises granulométricas (peneiramento e pipetagem) e composicionais do sedimento:
conteúdo de carbonatos e de matéria orgânica total determinados a partir da diferença em peso seco, antes e
após ataque com solução de HCl a 10% e de H2O2 a 10%, respectivamente. No geral os sedimentos são arenosos
(83,3% das amostras), litoclásticos (CaCO3 médio: 19,2%) com teores médios de matéria orgânica total de 8,71%,
variando de 0,17% a 37,84%. Em relação aos parâmetros estatísticos de Folk & Ward (1957) os sedimentos são
areias médias e finas (83,3%), de moderada a pobremente selecionadas (88,25%). A distribuição espacial das
amostras indicou em geral que no baixo estuário predominam sedimentos arenosos (>82,3% de areia) com
maiores teores de carbonatos (média de 25,7%) e menores de matéria orgânica (3,65% de média). Enquanto que
no médio e alto estuário são observados incrementos de lama, matéria orgânica (13,2% de média) e diminuição do
CaCO3 (média de 14,3%). A fisiografia do estuário, cujo canal principal se estabeleceu paralelamente à linha de
costa, é meandrante e apresenta constrições e alargamentos que parecem influenciar diretamente no padrão de
distribuição sedimentar observado. Em sua porção média, um estreitamento do canal associado à presença de um
afloramento de beach-rock perpendicular ao seu eixo, confina suas porções mais a montante a cerca de 4km da
barra, criando áreas de menor hidrodinâmica e permitindo a deposição de altos teores de MOT e lamas, como nas
estações de coleta 13 (35,0% lama- 37,8% MOT) e 15 (68,3% lama - 34,9% MOT). Esse padrão é similar ao de
estuários pernambucanos, tais como os dos rios Jaboatão, Capibaribe, Goiana e principalmente do rio Formoso,
que também apresenta sedimentos lamosos com teores orgânicos elevados (>30%) em seu médio e alto estuário.
Por fim, conclui-se que o estuário do rio Tatuamunha apresenta um padrão de sedimentação arenoso litoclástico
com maiores contribuições de carbonatos em seu baixo estuário, sendo análogo ao de outros estuários da região
e se comportando como um potencial retentor de matéria orgânica e lamas terrígenas especialmente do médio
para o alto estuário.
Palavras-Chave: SEDIMENTAÇÃO ESTUARINA, GEOQUÍMICA, ALAGOAS, COSTA DOS CORAIS
22
Diversidade e heterogeneidade espacial da Nematofauna no ecossistema recifal de
Paripueira- AL
Pinto1, T.K., Silva2, K.P.B
1Laboratório de Ecologia Bentônica, U.E. Penedo, Campus Arapiraca, Universidade Federal de Alagoas. 2
Os recifes de coral estão entre os ecossistemas mais ameaçados do planeta, estando submetidos a diferentes
impactos humanos, diretos e indiretos, especialmente a sobrepesca e o turismo não planejado, além de poluição,
doenças e mudanças climáticas. É imprescindível que sejam realizados estudos que permitam um manejo
adequado destes ecossistemas para que estes continuem a gerar bens e serviços de forma sustentável. A
meiofauna apresenta um papel muito importante nos ambientes recifais, auxiliando na produtividade primária local
e servindo de alimento para peixes juvenis e pequenos crustáceos. Além disto, alguns grupos tais como os
Nematoda são importante ferramenta na avaliação de impactos antrópicos. Os estudos realizados para meiofauna
e nematofauna em recifes de coral ainda são escassos e apesar de serem considerados animais tipicamente
intersticiais, é provável que os recifes sejam colonizados por estes animais através de diferentes mecanismos de
dispersão. O presente trabalho teve como objetivo testar a hipótese de que existe uma assembleia de Nematoda
típica de substrato consolidado dos recifes e diferenciada do sedimento não consolidado do entorno, além de
verificar diferenças na estrutura das assembleias de Nematoda em dois recifes sujeitos a diferentes pressões
antrópicas. No ecossistema recifal de Paripueira, AL foram coletadas 10 amostras no topo do recife e 10 amostras
de poças de maré no entorno em um recife de visitação (recife da Pedra Podre) e em um recife que não recebe
turistas (recife do Santiago), em dois momentos de coleta. Todas as amostras foram realizadas de forma aleatória
utilizando-se quadrats de 20X20 cm, lançados no topo recifal e todo o material delimitado pelo quadrat sendo
raspado com espátula e corer de 10 cm de diâmetro interno, sendo inserido nos 10 primeiros centímetros do
sedimento não consolidado das poças. Foram ainda coletadas 10 amostras de água da coluna d’agua no entorno
dos recifes e das poças de maré nas duas áreas recifais. Para avaliar a complexidade estrutural do recife, o
método da corrente foi realizado nas duas áreas, para estimar o índice de rugosidade. Os dados foram analisados
através de análises uni e multivariadas. Foram registradas 25 famílias e 75 gêneros de Nematoda, sendo
Acanthonchus e Daptonema os gêneros dominantes. A nematofauna das poças de maré apresentou composição e
abundância diferente da do topo dos recifes, independente do uso. A nematofauna dos diferentes recifes diferiu de
forma significativa, onde a área de visitação apresentou menores valores de diversidade e equitatividade e
elevada dominância, apesar de maior complexidade do hábitat. Pode-se concluir que os recifes apresentam uma
nematofauna típica e diferenciada do substrato inconsolidado do entorno. A influência da exploração dos recifes
pelo turismo pode ter se sobreposto à complexidade do hábitat como fator estruturador da comunidade de
Nematoda. A execução deste projeto foi autorizada pelo sistema SISBIO através do número 21470.
Palavras-chave: MEIOEPIFAUNA, TURISMO, COMPLEXIDADE DO HABITAT, IMPACTO
23
Efeitos de um poluente agrícola e de um poluente industrial nas taxas de metamorfose e
velocidade de natação de larvas do coral Mussismilia harttii
Correia, J. R. M. B.1, Maida, M.2, Carvalho, P. S. M.3
1Universidade Federal de Pernambuco, Depto. de Oceanografia, Lab. de Nécton, Grupo IMAT; 2Universidade
Federal de Pernambuco, Depto. de Oceanografia, Lab. de Bentos; 3Universidade Federal de Pernambuco, Depto.
de Zoologia, Lab. de Ecotoxicologia Aquática.
Recifes de coral são ecossistemas altamente diversos ameaçados por muitas formas de degradação incluindo a
poluição marinha por efluentes domésticos e industriais, escoamento agrícola, tintas e outros produtos navais,
entre outros. Nos cultivos de cana-de-açúcar no Brasil destaca-se o uso do pesticida agrícola Carbofurano, um
nematicida do grupo dos carbamatos, cujo mecanismo neurotóxico envolve a inibição da enzima
acetilcolinesterase. Já na indústria naval, o TBT, um composto organoestânico, embora de uso proibido em tintas é
vendido legalmente no Brasil para outros fins. Ele pode interferir no processo de calcificação, através da inibição
de síntese protéica e da esqueletogênese e assimilação de cálcio e de aminoácidos. Nosso projeto buscou avaliar
a influência desses poluentes nas larvas do coral construtor de recifes Mussismilia harttii, uma espécie desovadora
de gametas, endêmica do Brasil. Colônias do coral foram coletadas na praia de Tamandaré, em Pernambuco, para
obtenção dos gametas e formação das larvas, que foram utilizadas como modelos biológicos neste estudo. Larvas
formadas após 24, 48 ou 96h da fertilização foram expostas a concentrações variando de 0 (controle) a 3000μg/L
para Carbofurano e de 0 (controle) a 500μg/L para TBT. As exposições foram mantidas por até 20 dias, e a taxa de
metamorfose e assentamento foram quantificadas durante a exposição. A velocidade de natação (cm/min) foi
medida por gravações de vídeos e analisadas pelo software Spyneurotracking. Larvas de quase todos os
tratamentos com Carbofurano exibiram decréscimos nas taxas metamorfose exceto 100μg/L. Elas variaram de
65% no controle a 22% em 3000μg/L. Houve uma tendência de decréscimo nas velocidades de natação de larvas
expostas por menos que 3 dias, variando de 4,9 no controle a 1,8cm/min em larvas de 3000μg/L. Houve um
aumento na velocidade de natação de larvas exposta por mais que 7 dias comparadas ao controle. Larvas
permaneceram paradas no controle e nadaram a 1,0 cm/min e 0,8cm/min em 10μg/L e 500μg/L, respectivamente.
Já o TBT desintegrou todas as lavas em concentrações maiores que 10μg/L após 1 dia de exposição. Nos demais
tratamentos não houve diferenças na taxa de metamorfose em relação aos controles. Houve um decréscimo nas
médias de velocidade de natação das larvas, variando de 0,9cm/min (controle) a 0,12cm/min (0,1μg/L), após 6
dias de exposição. Entretanto, após 13 dias a velocidade de natação variou de 0,06cm/min (controle) a
0,54cm/min (0,1μg/L). Normalmente, larvas de corais, recém-formadas e não-competentes para assentar tendem
a nadar mais e ficar na coluna d’água e este comportamento é revertido quando se tornam velhas antes do
assentamento e metamorfose. Percebe-se que principalmente o Carbofurano afeta esse padrão, podendo diminuir
o potencial dispersivo e reduzir o sucesso de recrutamento da espécie. Já o TBT, possui um potencial destrutivo
maior, comprometendo a integridade larval e por consequência também seu recrutamento. Ambos compostos têm
potencial para influenciar o recrutamento larval e desta forma o estabelecimento de novas colônias nas regiões
impactas por tais.
Palavras-Chave: POLUIÇÃO MARINHA; REPRODUÇÃO DE CORAIS; RECIFES DE CORAIS.
N° Sisbio: 17902
24
Estoque alimentar do peixe-boi (Trichechus manatus) na Área de Proteção Ambiental
Costa dos Corais
Dias, A.P.S.G1;Lima, M.C.S1; Magalhães, K.M1;
1 – Laboratório de Ecossistemas Aquáticos- LEAqua, Depto. Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco
O Trichechus manatus (Linnaeus, 1758) é um mamífero aquático considerado Em Perigo nas listas de
conservação. Ocorrem no norte e nordeste do Brasil, tendo sua distribuição relacionada diretamente à
disponibilidade de alimento, água doce e área de descanso. Sua dieta é baseada no consumo angiospermas
marinhas, além de algas e folhas de mangue, ingerindo diariamente cerca de 40% do seu peso em alimento. O
conhecimento sobre a distribuição espacial do alimento desses animais é essencial para o estabelecimento de
estratégias conservacionistas em nível local e regional, garantindo a proteção da espécie e de seus habitats.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi identificar os estoques alimentares do peixe-boi dentro da área da Área
de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, local utilizado para solturas na natureza de animais reabilitados. O
estudo entre agosto de 2015 e julho 2016, utilizando dados históricos e de coletas de campo para a aquisição de
dados de localização e dados populacionais das angiospermas. Um mapa com as informações obtidas foi gerado
com o auxílio do software Google Earth® 2016. Foram identificados 16 prados na área da APA, formados pelas
espécies Halodule wrigthii Asch.e Halophila decipiens Ostenf. Verificou-se que a espécie H. wrightii foi a mais
abundante e bem distribuída ao longo da APA, com densidade de hastes variando entre 2995e 12667 hastes.m2 e
a biomassa aérea e subterrânea entre 11,65 e 94,63 ps.m2 e 35,09e 317,68 ps.m2,respectivamente. A partir da
confecção do mapa foi possível verificar que não há uma distribuição homogênea entre os prados ao longo da
costa. Entre as explicações para esta distribuição estão os requisitos de habitat dessas espécies, que na APA são
ligados à disponibilidade de nutrientes (proximidade da desembocadura dos rios) e a presença de áreas
protegidas (proteção dos recifes). Novas idas à campo, em especial à estuários são necessários para tentar
localizar mais estoques já que o presente estudo demonstrou prados pequenos e isolados. Como produto principal
para gestão ambiental da área foi confeccionado o primeiro mapa de distribuição das plantas na APA.
Palavras-chave: Halodule wrightii,desembocadura de rios, estoque alimentar.
25
Estrutura da comunidade de peixes recifais no litoral sul de Pernambuco e APACC comênfase nas espécies indicadoras de impactos antropogênicos
Feitosa, C.V.¹, Lippi, D.L.², Silva-Falcão, E.C³, Mattos, F.M.G.², Macêdo, C.H.R.², Santos, M.V.²,de Araújo, M.E²
¹Universidade Federal do Ceará; ²Universidade Federal de Pernambuco, ³Universidade Federal do Rio Grande
Apesar do grande interesse científico dedicado aos ambientes recifais nas últimas décadas, os esforços para
conservação desses habitats são recentes e ainda escassos. Dentre os principais impactos estão os despejos de
esgoto e dragagem, desenvolvimento costeiro, mudanças climáticas, turismo desordenado e atividades
exploratórias como a pesca e a captura de peixes ornamentais. Este trabalho objetivou comparar as comunidades
de peixes em três recifes do litoral sul de Pernambuco. Os recifes costeiros de Porto de Galinhas (PG), Serrambi
(SE) e São José da Coroa Grande (SJCG) foram amostrados através de censos visuais por transecto de faixa
(20x5m) entre o período de abril (2011) e abril (2013). Mensalmente, quatro transectos eram conduzidos em cada
recife, totalizando 300 censos (150h de mergulho). Os trechos percorridos corresponderam à borda interna dos
recifes voltada para praia (back reef), áreas de piscinas fechadas ou semiabertas e canais, que durante as horas
de baixa-mar permanecem abrigadas da ação de ondas e correntes. As espécies de peixes foram identificadas,
contabilizadas e tiveram seus tamanhos visualmente estimados: classes de 0-5cm, 5-10cm, 10-15cm, 15-20cm,
20-30cm e >30cm. Foram selecionados grupos de espécies de indicadoras de ações antropogênicas: Caraúnas
(Acanthuridae), Bobós (Scarinae), Garoupas (Epinephelidae), Vermelhos (Lutjanidae), Xiras (Haemulidae),
Borboletas (Chaetodontidae) e Ornamentais (Holacanthidae e Pomacanthidae e as espécies Bodianus rufus,
Elacatinus figaro, Gramma brasiliensis, Microspathodon chrysurus, Pareques acuminatus). Foram identificados um
total de 90 espécies (33 famílias). O maior número de espécies (S) e densidade média (D, ind/100m -²) foram
observados em SJCG (S=81; D=97.74±21.58; média±S.E.), em relação à PG (S=77; D=81.71±9.62) e SE (S=73;
D=74.3±7.66). Os três recifes apresentaram comunidades íctias distintas (PERMANOVA, Pseudo-F=3.74;
Pperm<0.001). Considerando as três localidades, as Xiras foram o único grupo que apresentou densidade média
elevada (19±7.98). Densidades baixas foram registradas para os Bobós (D=5.6±1.16) e Caraúnas (4.40±0.93),
enquanto que os demais grupos apresentaram densidades bastantes reduzidas: Borboletas (0.18±0.06),
Vermelhos (0.49±0.25), Garoupas, (0.64±0.14) e Ornamentais (0.24±0.06). Indivíduos pequenos de até 15cm
predominaram em todos os recifes, com exceção dos Vermelhos em SJCG onde houve maior densidade de
peixes maiores que 20cm. A alta densidade de xiras é comum nos recifes do Nordeste, principalmente em áreas
com ausência de predadores. Esta observação é confirmada pela baixa densidade e tamanho corporal das
Garoupas e Vermelhos nas três praias estudadas, sugerindo que essas áreas sofram com impactos decorrentes
da pesca excessiva. As baixas densidades de Ornamentais e Borboletas indicam que, além da pesca, estes
recifes também estão sujeitos a impactos como aquarismo e perda de cobertura coralínea. Devido à depleção das
espécies predadoras nos recifes, espécies herbívoras de maior porte (Bobós e Caraúnas) passaram a ser alvo da
pesca artesanal costeira. Além da redução da densidade e do tamanho das espécies-alvo, um dos efeitos indiretos
da pesca dos grandes herbívoros é o aumento da cobertura algal e consequente redução da cobertura coralínea,
uma vez que esses herbívoros são os principais responsáveis pela remoção e controle do crescimento das algas
nos ambientes recifais.
Palavras-Chave: RECIFES DE CORAL, BIODIVERSIDADE, ATIVIDADES ANTRÒPICAS, APA COSTA DOS
CORAIS
26
Estrutura das assembleias de Nematoda e impactos do pisoteio humano em ambientes
recifais
Oliveira, Z. B.,Pinto, T.K., Bezerra, G. S., Bruno, A. S.S.
Laboratório de Ecologia Bentônica, U.E. Penedo, Campus Arapiraca, Universidade Federal de Alagoas.
O pisoteio é uma perturbação humana oriunda de atividades recreativas ao ar livre sendo este impacto comum em
ecossistemas costeiros. Os recifes de coral, ecossistemas de elevada importância ecológica, vêm sofrendo com
este tipo de impacto especialmente devido à atividade turística intensa, além de outros tipos de impacto que levam
a sua degradação como a pesca. A meiofauna, e especialmente o filo Nematoda, tem sido utilizados para
investigar os efeitos de diferentes impactos antrópicos, tal como o pisoteio, em diferentes ambientes. Diante disto,
objetivou-se estudar a estrutura das assembleias de Nematoda do ecossistema recifal de Paripueira - Alagoas em
recifes com diferentes tipos de usos humanos através de coletas e de um experimento em campo. As coletas
foram realizadas em três áreas recifais: recife da pedra podre (A1), recife do Santiago (A2) e recife da pedra do
Davi (A3). Para coleta das amostras foi utilizado um quadrat de 20 x 20 cm, jogado aleatoriamente sobre o topo do
recife e o conteúdo raspado com o auxilio de uma espátula. O experimento foi desenvolvido na A2onde foram
coletadas amostras ANTES e DEPOIS de uma simulação de pisoteio de 75 pisadas/m²/h, seguindo os mesmos
procedimentos citados acima. Todas as amostras foram fixadas em formalina salina a 4% e em laboratório
lavadas em peneira geológica com abertura de malha 0,045mm. Todos os Nematoda retidos foram triados e
quantificados e de cada amostra foram retirados os cem (100) primeiros indivíduos para identificação até nível
taxonômico de gênero. Análises uni e multivariadas foram aplicadas para o cumprimento dos objetivos, utilizando
os pacotes estatísticos PRIMER® v.7.e Statistica v.12. Forram registradas 27 famílias, sendo Chromadoridae,
Comesomatidae e Oncholaimidae as mais representativas, e 87 gêneros, em toda a área de estudo. O recife A3
apresentou a maior densidade de indivíduos e A1 a maior diversidade de gêneros. Os gêneros mais abundantes
na A1 foram Acanthonchus, Spilophorellae Metaparancholaimus, na A2Daptonema,
PolygastrophoraeSpilophorella, e na A3 Chromadorina, Acanthonchus,e Spilophorellae Dichromadora. Para o
experimentonão foram encontradas diferenças significativas na nematofauna ANTES e DEPOIS da simulação do
pisoteio. Foi possível constatar que a densidade e composição da Nematofauna diferiram entre os recifes
estudados. Essas diferenças ficam claras quando levamos em consideração a diversidade de gêneros. Com
relação ao experimento não foi possível detectar uma relação direta entre o pisoteio humano e respostas da
nematofauna, devido à baixa intensidade do pisoteio utilizada.A execução deste projeto foi autorizada pelo sistema
SISBIO através do número 21470.
Palavras Chave: SUBSTRATO DURO, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, IMPACTO, MEIOFAUNA
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Estudo da ictiofauna de borda recifal da “Piscina do Amor”, “Poça de Maré” da praia da
Pajuçara e “Galé de Paripueira” – Maceió, Alagoas, Brasil
Oliveira, M. M.¹; Campion, G. L. L.²
¹,²- Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Campus A.C. Simões; Av. Lourival Melo Mota, S/N, Tabuleiro do
Martins, 57072-970, Maceió, Alagoas
Recife de coral é uma estrutura rochosa, que resiste à ação mecânica das ondas e das correntes marinhas, construída
por organismos marinhos portadores de esqueleto calcário. O litoral alagoano possui aproximadamente 230 km de linha
de costa, localizado na região nordeste do Brasil. Os recifes objetos do estudo localizam-se próximos a praia, em uma
distância que varia de 2 km – 2,5 km. Na Praia da Pajuçara, o bloco central de recife é o mais afastado da costa, nele
localiza-se a “Piscina do Amor”, Reserva Ecológica implantada há um ano pelo Instituto do Meio Ambiente AL. O recife
localizado mais ao sul tem uma piscina conhecida como “Piscina Natural” muito explorada pelo turismo. A praia de
Paripueira apresenta apenas uma piscina (Galé) onde é permitida a exploração pelo turismo, visto que essa região é
inclusa na APA Costa dos Corais. Os peixes recifais em geral apresentam uma variedade de formas, hábitos e
associações condizentes com o ambiente em que vivem; e desempenham papéis importantes na manutenção desses
ecossistemas. O objetivo desse trabalho é inventariar a ictiofauna da borda recifal das Piscinas, visando ampliar o
conhecimento acerca dessa fauna, o que poderá subsidiar projetos de conservação e manejo destes recursos,
importantes inclusive, para a indústria do turismo. As áreas amostradas estão localizadas na enseada do bairro da
Pajuçara (Maceió) e no município de Paripueira. Foi utilizada máquina fotográfica estanque; máscara, snorkel,
nadadeiras; e lancha com motor. As áreas foram medidas linearmente com fita métrica. O estudo foi realizado através de
mergulho livre em áreas com 3 – 4 metros de profundidade. Para a elaboração do inventário, as espécies foram
identificadas por profissionais com conhecimento taxonômico e com auxílio de didática suficiente; e fotografadas durante
os mergulhos. As informações sobre as espécies foram associadas aos nomes populares, locais e referências dos
registros. Na região da borda recifal da “Piscina do Amor”, constatou-se em um perfil de 175,30 metros 27 espécies da
ictiofauna com 302 indivíduos, perfazendo uma densidade de 0,15 espécies e de 1,72 indivíduos por metro linear. Na
“Piscina Natural” da Praia da Pajuçara, encontrou-se 17 espécies com 103 indivíduos no total em 156,23 metros, com
densidade de espécies 0,11/m linear e 0,66/m linear de indivíduos. Na “Galé de Paripueira”, determinou-se 25 espécies
com 174 indivíduos em 112,20 metros de borda recifal, apresentando uma densidade de espécies de 0,22/m linear e
1,56/m linear de indivíduos. Algumas das espécies encontradas nas três piscinas foram Abudefduf saxatilis (Linnaeus,
1758) (“Sargentinho”), Haemulon aurolineatum Cuvier, 1830 (“Xira”), Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) (“Donzela
Amarela”), Chaetodon striatus Linnaeus, 1758 (“Borboleta Listrado”), Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) (“Budião”),
Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 (“Cirurgião”), Synodus intermedius (Spix & Agassiz, 1829) (“Lagarto”), Myrichthys
ocellatus (Lesueur, 1825) (“Mututuca”), Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) (“Baiacú”), entre outras. Pode-se
observar no trabalho feito por Fabré et al. (2009) que em Paripueira, ocorrem algumas das espécies dominantes, assim
como nas piscinas aqui estudadas. Concordando também com os resultados aqui encontrados, na enseada da Ilha do
Arvoredo (SC), costa da Paraíba e Rio Grande do Norte, foram encontradas certas espécies das listadas como mais
abundantes. De acordo com Castro (2000), a espécie Stegastes fuscus ocorre em grande abundância em águas rasas
em toda costa litoral brasileira, como é o caso das piscinas estudadas. A “Piscina do Amor” apresentou a maior
concentração de espécies e indivíduos, indicando que o recife vem recuperando sua ictiofauna, apesar do pouco tempo
da implantação da RESEC. A “Galé de Paripueira”, apesar de exposta à caça submarina, vem sendo preservada pelo
cuidado do uso da área com finalidade turística pelo Mar & Cia (restaurante). A “Piscina Natural” da Praia da Pajuçara é a
mais sujeita a impactos, apresentando a menor densidade da ictiofauna; muito embora, o perfil estudado nessa piscina
localize-se na região de menor frequência de banhistas. Ao que tudo indica, a caça submarina aliada à exploração
turística desordenada ainda são as atividades mais impactantes para a ictiofauna recifal dos locais estudados.
28
Feições topográficas relacionadas com a história recente do nível do mar numa plataforma
continental tropical e faminta por sedimentos: conectando o passado, presente e futuro
Camargo, J. M. R.1, Araújo, T. C. M.1, Ferreira, B. P.1, Maida, M.1
1 - Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (DOCEAN/UFPE)
Dados hidroacústicos foram compilados, a fim de revelar evidências geomorfológicas das mudanças do nível do
mar durante os últimos 20 mil anos na Plataforma Continental do Sul Pernambuco (PCSPE), nordeste do Brasil.
Levantamentos batimétricos foram realizadas entre as latitudes -8,71 e -8,98, em profundidades que variaram de
10 a 100 metros, cobrindo toda a plataforma continental, ou seja, uma área de 400 km2, que é atualmente parte de
uma Área Marinha Protegida de Uso Múltiplo: a APA Costa dos Corais. O conjunto de dados batimétricos foi
composto por 102.334 pontos e a topografia foi investigada com base em: i. 07 perfis perpendiculares à linha de
costa; ii. um Modelo Digital de Elevação (DEM) gerado a partir de interpolação vizinho natural dos pontos
amostrados; iii. as linhas de contorno batimétrico, em intervalos de 02 metros; e iv. 107 secções transversais
extraídos do DEM. Este esforço permitiu a identificação de: i. 05 degraus topográficos, localizados nas faixas de
profundidade de 16 a 20, 20 a 23, 25 a 30, 35 a 45 e 50 a 55 metros; e ii. um canal submerso com quatro
segmentos topograficamente distintos. Tais feições topográficas foram interpretadas como efeitos das mudanças
do nível do mar. Os degraus, portanto, estariam relacionados a paleolinhas de costa, marcadas pela estabilização
do nível do mar durante suas recentes oscilações; enquanto que o canal submerso foi atribuído à erosão fluvial e
subaérea, representando a extensão da bacia hidrográfica do Rio Una, em períodos de regressão marinha, nos
quais o nível do mar esteve abaixo da profundidade da quebra da plataforma. As variações topográficas, que
permitiram a identificação de segmentos topograficamente distintos ao longo do canal, foram interpretadas como o
resultado de prováveis diferenças na espessura das camadas sedimentares depositadas durante as oscilações do
nível do mar. Levantamentos de sísmica rasa (evidências indiretas) e coleta de testemunhos (evidências diretas)
são essenciais para que, numa ocasião futura, tal interpretação seja confirmada e ajude compreender a evolução
da PCSPE em relação: às taxas de flutuação do nível do mar, à duração relativa de suas estabilizações e às
conseqüentes variações do espaço de acomodação da bacia sedimentar e suas taxas de sedimentação,
fornecendo informações fundamentais sobre a evolução da paisagem submersa. Em geral, sua topografia parece
ter sofrido pequenas alterações desde a última glaciação. Isto representa uma vantagem para as pesquisas
científicas. Vantagem esta que não está restrita e vai além do campo da geociência relacionado com o recente
passado geológico da margem continental leste brasileira. A preservação destas feições topográficas significou a
manutenção de um terreno heterogêneo, que foi rapidamente inundado na Transgressão Holocênica, que
precedeu o Último Máximo Glacial (UMG), a cerca de 20 mil anos, bem como propiciou um maior potencial de
geobiodiversidade. Os canais submersos da região são locais de pesca bem conhecidos entre os pescadores
artesanais embarcados, vinculados à atividade comercial de pequena escala de peixes recifais, capturados com
linha e mão. Os esforços aqui direcionados para mapear os hábitats bentônicos associados a estas feições
topográficas podem revelar a sua distribuição, a fragmentação e conectividade desses hábitats, o que poderia, por
sua vez melhorar os instrumentos de gestão da pesca artesanal. Esta diversidade geológica influencia processos
que afetam a distribuição da biodiversidade local e, assim, seus bens e serviços relacionados, sendo, sem dúvida,
muito importante para pesquisas relacionadas ao passado, presente e futuro da PCSPE, um ambiente de águas
rasas, tropical, oligotrófico e faminto por sedimento.
Palavras-Chave: MUDANÇAS DO NÍVEL DO MAR; TOPOGRAFIA; PLATAFORMAS CONTINENTAIS, PESCA
29
Histórico de soltura de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) na APA Costa
dos Corais, uma importante ferramenta na conservação da espécie
Attademo, F.L.N.¹; Sousa, G.P.1; Normande, I.C.¹; Barbieri, L.S. ²; Silva, M.L.G.S. da²; Bezerra,
T.C.S. ²; Santos, A.H.¹; Sommer, I.B¹.; Cunha, F.A.G.C¹.; Luna, Fábia de Oliveira¹
¹ Instituto Chico Mendes de Biodiversidade; ² Universidade Federal Rural de Pernambuco
O peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) classificado como em perigo de extinção no Brasil, possui
distribuição geográfica atual no país desde o estado do Amapá até Alagoas, entretanto com inúmeras áreas de
descontinuidade e tendo ocorrido até o estado do Espírito Santo no passado. O ICMBIO desde 1994 vem
realizando uma importante ação conservacionista na APA Costa dos Corais/APACC, estado de Alagoas, por meio
do Programa de reintrodução de peixe-boi marinho no Brasil. Este estudo tem como objetivo fazer um
levantamento dos animais reintroduzidos nas solturas de peixe-boi marinho realizadas na APACC no período de
2004 até 2016, com base nos bancos de dados do ICMBio. Os animais foram estratificados de acordo com sexo,
faixa etária e origem. Foi analisada também a condição após soltura tendo como base um período temporal de um
ano, nesta análise os animais foram categorizados como recapturado ou não recapturado. Não foram
considerados os animais que permaneceram em cativeiro, seja aguardando a soltura ou por ter vindo a óbito. Os
resultados mostraram que foram soltos 33 animais durante o período estudado, sendo 15 (45.5%) fêmeas e 18
(54.5%) machos. Quanto a idade, 23 (69,7%) foram juvenis, 9 (27,3%) adultos e apenas 1 (3%) filhote. O animal
mais jovem foi liberado com 23 meses e o mais velho com 110 meses, sendo a média de 56 meses. Em relação à
origem, 4 (12.1%) nasceram em cativeiro e 29 (87.9%) foram resgatados, sendo um no estado do Maranhão, 3 na
Paraíba, 8 no Rio Grande do Norte e 17 do Ceará. Dentre os animais soltos, 11 (33.3%) foram recapturados em
período inferior a 1 ano e 22 (66.6%) não sofreram recaptura neste período. Com o declínio populacional ocorrido
em toda a sua história, o limite sul de ocorrência da espécie tornou-se o estado de Alagoas, as ações de soltura
neste local vem fortalecendo a população e proporcionado o repovoamento de áreas historicamente consideradas
extintas. A maioria dos animais reintroduzidos não necessitou de resgate, o que possibilitou maior condição de
reestruturação populacional na região. O número de machos tem sido maior do que o de fêmeas, o que pode
ocasionar em um maior deslocamento deste grupo de animais nos períodos reprodutivos, entretanto todos os
animais soltos estavam em idade reprodutiva maximizando as possibilidades de acasalamento entre estes
animais. A grande variedade de origem dos animais reforça a possibilidade de sucesso do programa, uma vez que
na população em formação foram reintroduzidos indivíduos com diferentes cargas genéticas. É necessária a
continuidade estes estudos genéticos, a fim de evitar endogamia dos animais nas futuras gerações, e para garantir
a viabilidade das populações em longo prazo. Destaca-se ainda que, no momento, Porto de Pedras é o único sítio
de soltura de peixe-boi marinho em atividade no Brasil. Conclui-se que o programa de reintrodução de peixe-boi
marinho do ICMBio vem contribuindo de forma significativa para o repovoamento da população, sendo de
fundamental importância a continuidade da atividade e com reforço de estudos direcionados aos animais
devolvidos e seus habitats.
Palavras-chave: PEIXE-BOI, REINTRODUÇÃO, APACC, CONSERVAÇÃO
30
Ictiofauna associada a recifes costeiros: estudo comparativo no litoral sul de
Pernambuco
Malinconico, N.12; Cardoso,A.T.P¹; Lippi, D.L.¹; Oliveira, W.D.M.¹; Macêdo, C.H.R.¹; de Araújo,
M.E¹1Universidade Federal de Pernambuco-UFPE; 2Contato: [email protected]
O litoral sul de Pernambuco abriga a área de maior desenvolvimento econômico do estado, o Complexo Industrial
Portuário de Suape, e parte da maior Unidade de Conservação marinha do Brasil, a APA Costa dos Corais.
Embora contrastantes em termos de uso, os recifes costeiros da baía de Suape e praia dos Carneiros apresentam
formação estrutural semelhante e conjuntos similares de ecossistemas associados (estuários, manguezais,
pradarias de fanerógamos e fundos areno-lamosos). Dado esses fatores, este estudo objetivou uma comparação
da ictiofauna e da composição do substrato associados aos recifes da Baía de Suape e da Praia dos Carneiros,
para o entendimento dos processos ecológicos atuantes. Nos recifes de Suape foram selecionados dois sítios
amostrais: Suape-raso e Suape-barreira ambos na porção estuarina do recife. Em Carneiros, três sítios foram
escolhidos: Carneiros-raso e Carneiros-barreira, também situados na porção estuarina do recife, e Carneiros-
externo, localizado no topo da barreira recifal, voltado para a porção marinha do recife. Os sítios rasos de ambas
as localidades são caracterizados por recifes baixos e esparsos cercados por substrato areno-lamoso com
profundidade média de 1,5m. Os sítios nas barreiras apresentam profundidade média de 4m e substrato
predominantemente consolidado. O ponto externo é raso (aproximadamente 0,5m), apresentando recifes baixos e
esparsos em meio a substrato arenoso. No período de fevereiro a novembro de 2014, foram realizados 34 censos
visuais por transecto de faixa (20x2m), nos quais todos os peixes eram identificados e contabilizados. A ordenação
das amostras de peixes e variações entre as comunidades dos diferentes locais foram avaliadas através do MDS
e PERMANOVA, respectivamente. Foi registrado um total de 2.850 peixes pertencentes a 45 espécies e 24
famílias. De modo geral, os sítios de menor profundidade apresentaram as maiores riquezas e médias de
abundância e diversidade, com destaque para Suape-raso, com 31 espécies, 132 ± 54 indivíduos e H’=3,05 ±
0,14. Contrariamente, em Carneiros-barreira foram contabilizadas apenas 17 espécies e 39 ± 11 indivíduos.
Suape-barreira teve a menor diversidade (H’=1,7 ± 0,3). Diferentes sítios apresentaram comunidades íctias
distintas (Pseudo-F = 5,79 e P(perm) = 0,001). Foram observadas diferenças significativas entre todos os sítios
quando comparados par a par. Stegastes fuscus foi a espécie mais representativa em todo o estudo, sendo
responsável por 58% da abundância em Suape-barreira e 28% em Carneiros-barreira. Neste último, Haemulon
aurolineatum (17.5%), Cephalopholis fulva (16.5%) e Halichoeres poeyi (14%) também estiveram bem
representadas. Carneiros-externo apresentou a maior equitabilidade com quatro espécies dominantes, H. poeyi
(18%), S. fuscus (16%), Stegastes variabilis (15%) e Acanthurus bahianus (15%), bem representadas por
indivíduos jovens. Em Suape-raso, quatro espécies de Haemulidae foram responsáveis por 56% da abundância
local, seguidas por S. fuscus (15%). Em Carneiros-raso, Eucinostomus spp. (33%), S. fuscus (17%) e Abudefduf
saxatilis (16%) foram as espécies de maior destaque. Concluímos que as comunidades icticas se diferenciam
entre as duas áreas (Suape e Carneiros). Esta diferença possivelmente teve como fator determinante a
complexidade ambiental. Além disso, a maior diversidade de peixes ocorreu nas áreas de recifes rasos. Observou-
se também a dominância da espécie Stegastes fuscus nas áreas amostradas.
Palavras-chave: ECOLOGIA; HABITATS; PEIXES RECIFAIS.
31
Impactos ambientais a angiospermas marinhas na Área de Proteção Ambiental Costa
dos Corais
Fernandes, A.S¹; Magalhães, K.M¹
¹Universidade Federal Rural de Pernambuco
Em todo o mundo prados de angiospermas marinhas sofrem com a redução de sua área de cobertura,
comprometendo o fornecimento de seus serviços ambientais tais como: captura de CO2, alimento direto e indireto,
abrigo para a fauna, entre outros. Mesmo em áreas protegidas por lei, esses ecossistemas sofrem com as
consequências das constantes pressões antrópicas. Com o objetivo de identificar e qualificar os principais
impactos sobre os prados de angiospermas marinhas na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais,
localizada entre o litoral sul de Pernambuco e o litoral norte de Alagoas. Este trabalho foi realizado entre agosto de
2015 e setembro de 2016, a partir de consulta a bibliográficas especificas; análise de dados de pesquisa de
projetos de pesquisa do Laboratório de Ecossistemas Aquáticos (LEAqua); banco de dados de sites de pesquisa
com uso de palavras chaves específicas; além de análise de imagens de satélite. Os impactos foram classificados
de forma direta ou indiretamente, temporário ou permanente, cíclico ou continuo e divididos em 3 grupos (grupo 1:
Esgoto, Eutrofização, Aquicultura, Agricultura e resíduos sólidos. Grupo 2: Construção, Desmatamento de Mangue
e Mata Ciliar, Sedimentação e Dragagem; Grupo 3: Pesca de Arrastro, Marisqueria, Manutenção de Barcos,
Pisoteamento, Manutenção de Barcos, Trafico de barcos a motor). Os resultados demonstraram que os impactos
do grupo 1 e 3 foram os de maior ocorrência da APA, provavelmente por que são os de mais fácil percepção. No
grupo 2 todos os impactos foram considerados cíclicos, por que ocorrem em intervalos de tempo pré-
determinados, exemplo: durante o desmatamento. No grupo 3, todos são considerados diretos e contínuos, já que
agem diretamente sobre as plantas provocando a perda de sua cobertura. No grupo 1 os impactos são
classificados como cíclicos e indiretos, pois são resultantes de ações indiretas, nem sempre relacionadas à ação
humana direta como, por exemplo, eventos extremos de chuva que, por lixiviação, levam herbicidas e outros
contaminantes para água, podendo levar a perda de cobertura ou provocando stress na planta. Com o presente
trabalho se verificou que por serem pouco conhecidas, os prados de angiospermas marinho tem sofrido muitos
estresses, mesmo dentro de uma área de proteção federal, já que sua importância para a manutenção da pesca,
estabilidade da costa e a conservação do peixe-boi marinho, são pouco difundidas. É necessária a reversão
imediata dessa situação, divulgando o conhecimento das mesmas para população que depende direta ou
indiretamente de sua preservação, além de medidas de conservação como a suspensão, regulação ou mitigação
frente aos impactos observados.
PALAVRAS-CHAVE: PERDA DE ÁREA; AÇÃO ANTRÓPICA; DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL.
32
Indicadores indiretos de agregação reprodutiva da Cioba (Lutjanus analis) e do Dentão
(Lutjanus jocu) na APA Costa dos Corais
França, A.R.1; Rezende, S.M.2; Ferreira, B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Cepene, ICMBio
Espécies recifais de grande importância econômica e ecológica no Nordeste brasileiro, a Cioba (Lutjanus analis -
Cuvier, 1828) e o Dentão (Lutjanus jocu - Bloch & Schneider, 1801) possuem a característica de realizar
agregações reprodutivas espacial e temporalmente demarcadas. O presente trabalho teve como objetivo obter
indicadores indiretos de possíveis sítios e períodos de agregação reprodutiva destas espécies na APA Costa dos
Corais. Foram analisados dados do monitoramento da pesca de linha de mão realizado pelo Projeto “Pró-Arribada:
Agregações Reprodutivas de Peixes Recifais no Brasil” (2009-2013) em Tamandaré (PE), São José da Coroa
Grande (PE) e Maragogi (AL) (SISBIO nº45992). Para cada desembarque amostrado, foi calculada a captura por
unidade de esforço (CPUE), considerando a captura da espécie na viagem de pesca, número de pescadores e
duração da viagem de pesca. Complementarmente procedeu-se à análise do índice gonadossomático (IGS) dos
indivíduos capturados nos desembarques amostrados. Foi aplicada uma análise exploratória da distribuição
individual e dos valores médios e mediana de CPUE e IGS mensal ao longo do período amostrado, identificando a
proveniência espacial e temporal de valores extremos e outliers encontrados. No total, foram amostrados 193
desembarques com captura de cioba e 144 com captura de dentão, com CPUE média geral de
0,83kg/pescador.dia e 0,64 kg/pescador.dia para as espécies respectivamente. O período de setembro a março
apresentou as maiores medianas de CPUE para a Cioba. Os outliers de maior destaque foram encontrados nos
meses de outubro, dezembro, março e maio, chegando a alcançar 9,26kg/pescador.dia neste mês. Dados de IGS
médio da cioba (n=583 gônadas) apresentaram pico nos meses de abril, junho, julho e dezembro, sendo este
último mês o responsável pelos maiores valores encontrados. A distribuição individual de IGS, agrupada por mês,
apresentou em março, abril, julho, novembro e dezembro os valores mais extremos (far outliers), alcançando até
11,5 em dezembro. Dez sítios (pesqueiros) foram identificados com as maiores CPUE para L. analis e quatro com
os maiores valores de IGS (três dos quais listam também entre os sítios de maior CPUE). Para o dentão o período
de dezembro a março e o mês de maio registraram as maiores CPUE, com destaque para fevereiro com outliers e
far outliers de até 10,75kg/pescador.dia. Dados de IGS médio mensal do dentão (n=102 gônadas) apresentaram
os maiores valores nos meses de março a maio, outubro e dezembro. Análise da distribuição individual de IGS
exibiu os maiores outliers no período de dezembro e março-abril, chegando a 10,76 em março. Treze sítios foram
identificados como responsáveis pelas maiores CPUE para L. jocu, três dos quais registraram também os maiores
valores de IGS para a espécie. Resultados apontam que elevadas CPUE observadas em dezembro e março para
cioba e fevereiro-março e dezembro para o dentão podem ser indicadores de agregações com finalidade
reprodutiva para as espécies estudadas. A análise histológica de gônadas coletadas nos sítios e períodos
identificados deverá ser conduzida para verificação da presença de ovócitos hidratados (desova iminente) e/ou
folículos pós-ovulatórios (desova recente), validando a natureza reprodutiva das agregações destas espécies na
área estudada.
33
Influência da área recifal fechada na variação espacial do ouriço-do-mar Echinometra
lucunter (Linnaeus, 1758) na APA Costa dos Corais
Carvalho, N. F.1; Pereira, S. C.1; Maida, M.1
1Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Departamento de Oceanografia, Av. Prof. Moraes Rego, 1235-
Recife, PE, 50740-550, Brasil.
A intensa pesca e turismo são considerados uma das principais ameaças aos ambientes recifais costeiros. Assim,
o estabelecimento de áreas marinhas fechadas para atividades de pesca e turismo são uma importante estratégia
para a conservação destes ecossistemas. O ouriço do mar Echinometra lucunter atua como espécie chave na
estrutura de comunidades bentônicas, e sua proliferação e abundância podem ser considerados indicadores de
degradação recifal. No ano 2000 uma ampla variação na densidade do E. lucunter foi observada no complexo
recifal de Tamandaré, litoral sul do estado de Pernambuco, Brasil. Desta forma o objetivo do presente estudo foi
revisitar áreas recifais estudadas no ano 2000 em Tamandaré-PE para descrever a densidade populacional do
Echinometra lucunter e comparar com os dados obtidos anteriormente, e, ainda usou como referência o recife de
Santiago em Paripueira-AL. Através das técnicas de “Line Transect” e “Quadrat” foram amostradas nove áreas
recifais do complexo recifal de Tamandaré e uma área recifal em Paripueira. Os resultados indicaram diferenças
significativas no padrão de distribuição e abundância do ouriço-do-mar entre os recifes e entre os períodos. Em
2000, a densidade de ouriços da área recifal fechada de Tamandaré era aproximadamente cinco vezes maior que
a encontrada no presente estudo. O contrário ocorreu na área recifal de Santiago, que aumentou sua densidade
de ouriço após ser reaberta à exploração antrópica em 2004. A exclusão das atividades pesqueiras e turísticas na
Ilha da Barra ao longo de 16 anos indica a recuperação da abundância de espécies potencialmente predadoras de
ouriços, que não só reduziu a densidade de E. lucunter na área fechada, mas também esse efeito foi exportado
para as áreas recifais adjacentes. Este estudo sugere que a redução da abundância de ouriços nos recifes
adjacentes é o resultado do spillover de predadores e anti-spillover de recrutas de ouriços para os recifes mais
próximos da área fechada, e conclui que grande parte das diferenças observadas na densidade populacional do
E. lucunter ao longo de todo o Complexo Recifal de Tamandaré-PE é devido aos efeitos diretos e indiretos da
exclusão antrópica.
Palavras-chaves: RESERVAS MARINHAS, IMPACTOS ANTRÓPICOS, SPILLOVER.
Licença SISBIO – 45992
34
Mapas temáticos elaborados por jangadeiros e pescadores da Rota Ecológica
Pinheiro, B. R.1, Coelho-Jr2, 3, C; Pereira, P. H. C.1,4, Greenhut, J. C.5, Souza, C.N5, Normande, I
C6, Santos, J U6; Almeida, E. M6.1 Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade de Pernambuco, 3Instituto BiomaBrasil,
4 Projeto Conservação Recifal, 5 Instituto Yandê; Educação, Cultura e Meio Ambiente;
6Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
O Projeto Jangadeiros da Rota Ecológica foi desenvolvido com profissionais da pesca artesanal e turismo
comunitário, que desenvolvem atividades de condução de turistas pelos ambientes estuarinos e recifais nos
municípios de Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo do Camaragibe, litoral norte de Alagoas. Essa
área faz parte da região central da unidade de conservação marinha APA Costa dos Corais. Teve como objetivo,
promover o turismo sustentável na Rota Ecológica, região central da APACC, por meio do fortalecimento das
associações de base comunitária e da formação de jangadeiros, visando incrementar a geração de emprego e
renda para as populações locais, a melhoria da prestação do serviço e a participação da comunidade local no
processo de zoneamento recomendado pelo Plano de Manejo da APACC. Foram realizadas oficinas e minicursos
nos três municípios, com diversos temas, formando no final do projeto um total de 59 jangadeiros. Dois módulos
abordaram os aspectos naturais da região, com conteúdo técnico-científico e conhecimento popular: Mata
Atlântica e Manguezal e Ambientes Recifais. Foi desenvolvido no final dos dois módulos, um workshop que
culminou com a elaboração de mapas temáticos, destacando as piscinas mais visitadas e as espécies mais
abundantes e raras. Para este fim, foram utilizados recortes de imagem de satélite e figuras extraídas das
pranchetas de identificação de espécies de peixes e corais do Projeto Conservação Recifal, numa dinâmica em
grupo. No município de Passo de Camaragibe foram identificadas três piscinas naturais visitadas durante os
passeios: Piscina do Marceneiro (no recife da Gameleira), Piscina do Agulhão e Piscina dos Corais. Em São
Miguel dos Milagres os jangadeiros apontaram seis pontos de visitação: piscinas de São Miguel, Riacho, Toque,
Porto da Rua, Cotovelo e Poço Grande. Em Porto de Pedras destacaram seis pontos na região: Piscina do
Patacho, uma das mais visitadas na região, seguidas dos poços da Velha, Comprido e Baleia, e Piscina do Araçá
e Recife do Salvador. Quanto à biodiversidade, os jangadeiros identificaram os corais cérebro (Mussismilia hispida
e Mussismilia harttii) como os de maior frequência na região, seguidos pelo coral de fogo (Millepora alcicornis) e
zoantideo baba (ou beiço) de boi (Palythoa caribaeorum). As espécies do grupo dos corais moles Phyllogorgia
dilatata, Plexaurella grandiflora e Carijoa riisei foram citadas como de rara ocorrência. Com relação as espécies de
peixes encontradas nas piscinas naturais, agrupando as observações de todos os jangadeiros, foram identificadas
as espécies mais frequentes: Abudefduf saxatilis, Stegastes fuscus, Acanthurus bahianus, Chaetodon striatus e
Haemulon aurolineatum. Algumas espécies foram apontadas como pouco frequentes, exigindo dos turistas uma
melhor observação durante os mergulhos livres. São elas: Epinephelus adscencionis, Myrichthys ocellatus,
Pseudupeneus maculatus, Holocentrus adscensionis e Cephalopholis fulva. E as espécies que os jangadeiros
citaram como raramente avistadas foram Scarus trispinosus, Sphyraena barracuda, Dasyatis americana,
Carangoides bartholomaei e Mycteroperca bonaci. Essas informações foram apresentadas aos gestores da APA
Costa dos Corais como subsídio para tomada de decisões futuras, objetivando a conservação e uso sustentável
dos recursos naturais dessa importante área marinha protegida.
Palavras-Chave: FORMAÇÃO PROFISSIONAL, JANGADEIROS, TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
35
Métodos alternativos de ensino na conservação e conscientização ambiental: estudo de
caso em Tamandaré (PE) - Brasil
Cardoso, Á. T. P.¹²³; Quintela, J. B.¹²;Malinconico, N.¹².
¹Centro de Biociências – UFPE, ² Speratus – Consultoria e Educação Ambiental, ³Contato:
O ensino de Ciências no Brasil comumente se baseia no método expositivo, onde conceitos transmitidos são
absorvidos por alunos por cópia e memorização. Esse método prioriza a teoria e dá pouco espaço para
experiências práticas de aprendizado, limitando a capacidade do aluno de contextualizar o que foi transmitido. Por
isso, é importante que os profissionais da educação disponham de ferramentas para aprimorar o ensino da
Educação Ambiental (EA) e transmitir seu conteúdo de forma eficiente. O presente estudo de caso teve como
objetivo avaliar a eficiência de atividades lúdicas no ensino da EA como método dinâmico e alternativo, divulgando
assim um exemplo prático de como abordar o conteúdo curricular de forma lúdica. O evento foi organizado pela
empresa júnior Speratus Consultoria e Educação Ambiental (CB – UFPE), no Centro Educacional Nossa Senhora
da Conceição (Tamandaré – PE). As atividades ocorreram ao longo de dois dias, sendo o primeiro dia na escola
com alunos do primeiro ao quarto ano, e o segundo na praia com estudantes do quinto ao nono ano. Antes das
atividades, os alunos assistiram a palestras sobre os ambientes marinhos e aspectos de conservação, onde foram
expostos impactos antrópicos comuns, e de que forma eles são nocivos à biota. Os alunos tiveram acesso a peças
anatômicas de animais marinhos, e participaram de um jogo de perguntas e respostas. A gincana educativa foi
composta por modalidades de competição que abordavam conceitos de conservação ambiental marinha aplicados
a situações cotidianas. A caça ao tesouro, ocorreu em horário de grande movimentação, onde os discentes
percorreram uma faixa da praia identificando impactos antrópicos (interpretados por monitores do evento), seus
efeitos nocivos e de que maneira esses efeitos poderiam ser reduzidos. Com isso, foi possível identificar de
maneira prática os impactos antrópicos oriundos de situações cotidianas de lazer. Durante as palestras e do jogo
de perguntas e respostas, houve total concentração e participação, além de uma grande quantidade de acertos
mostrando que houve fixação e compreensão dos assuntos abordados. Quanto à gincana, percebeu-se que as
atividades lúdicas sujeitaram os alunos a pensar em respostas corretas para os problemas, da mesma forma como
seria em uma avaliação escrita comum. Assim, atividades lúdicas poderiam servir como alternativa à avaliação
escrita tradicional, buscando dinamizar não só o processo de ensino, como também o sistema de avaliação. Além
da aprendizagem dos estudantes, foi também observado um aumento na integração da comunidade local, com o
interesse dos turistas que ali passavam, envolvendo-se com a problemática, questionando e fazendo parte do
processo de sensibilização sobre os problemas ambientais. É clara a importância de atividades lúdicas como
complemento às aulas convencionais no ensino da EA, promovendo a experiência prática necessária ao estudo
dessa temática. Conclui-se ainda que essas atividades têm como consequência outros efeitos benéficos, que vão
além do âmbito escolar. Elas não beneficiam somente alunos e professores, mas podem servir como via para se
obter um maior engajamento e sensibilização da comunidade da região.
Palavras-chave: CONSERVAÇÃO MARINHA; SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL; AMBIENTES COSTEIROS;
ATIVIDADES LÚDICAS.
36
Monitoramento de longo prazo da área fechada de Tamandaré: padrões espaço-
temporais e oportunidades para o planejamento espacial marinho.
Ferreira, B.P.1; Maida, M.1; Coxey, M.S. 1; Gaspar, A.L.B.1; Rezende, S.M.2; Cunha, S.1; Pedrosa,
M.A.B.3; Messias, L.T. 2
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Centro de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do
Nordeste; 3Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Tamandaré
A área fechada de Tamandaré foi inicialmente estabelecida em 1999 por portaria federal do Ibama e em 2000 por
lei municipal, tendo sido incorporada no Parque Municipal Marinho do Forte de Tamandaré em sua criação em
2003. A área corresponde também a uma Zona de Preservação da Vida Marinha (ZPVM) da APA Costa dos Corais
desde 2013. A área fechada tem cerca de 4 km2 de área total, e apresenta alta complexidade estrutural e
variabilidade de habitats. Abrange o recife conhecido como Ilha da Barra, localizado ao sul do complexo recifal
central de Tamandaré, e parte da baía de Tamandaré ao sul e dos recifes da ilha do Meio como limite norte. A leste
a área se estende para sua parte mais profunda incluindo recifes submersos da terceira linha recifal até
profundidades de cerca de 20 metros. Como a maioria dos recifes costeiros da região, os recifes rasos de
Tamandaré são intensamente explorados pela pesca e atividades turísticas e portando constituem a principal área
alvo de medidas de recuperação recifal. Desde sua criação, a área fechada tem sido monitorada através de
censos visuais subaquáticos (CVS) realizados dentro da área fechada e em áreas controle localizadas ao norte e
ao sul. Dados coletados através de métodos clássicos de CVS foram analisados por modelos GLM para
distribuições de Poisson e zero-infladas, uma vez que a distribuição das principais espécies de peixe monitoradas
é contagiosa e sítio-específica. Resultados denotam um aumento rápido de abundância de espécies de
importância pesqueira, em particular das famílias Lutjanidae e Epinephelidae, com densidades significativamente
mais elevadas dentro da área protegida. A abundância de Scarinae esteve relacionada à formação de grandes
grupos permanentes, assim como no caso de peixes da família Acanthuridae. A ocupação espacial variou de
acordo com o grupo e a finalidade de uso dos sítios (descanso, alimentação), e a fatores como hidrodinâmica,
maré e habitat. Num segundo período do estudo a ocupação e permanência passaram também a ser monitoradas
com câmeras remotas, e mais recentemente com telemetria acústica, a partir do que novos fatores serão
incorporados na seleção dos sítios com o objetivo de testar as hipóteses levantadas. A ocorrência de espécies
ameaçadas como o mero Epinephelus itajara foi registrada ao longo do período em um sitio de residência
especifico, monitorado por câmeras, conhecido como poço do mero. Os resultados denotam a efetividade da
medida de implantação da área fechada na recuperação de estoques pesqueiros não somente através do
aumento da abundância local, mas também da reestruturação de grupos residentes em áreas previamente
empobrecidas. Estes efeitos, se considerados em função da estrutura dos habitats, têm potencial na determinação
de desenhos ótimos de áreas prioritárias para proteção, permitindo também análises de custo em escalas
temporais e espaciais.
Palavras-chave: PEIXES RECIFAIS; RECURSOS PESQUEIROS; CENSOS VISUAIS; PROTEÇÃO INTEGRAL.
licença SISBIO nº 45992.
37
Morte intencional por disparo de arma de fogo em peixe-boi marinho (Trichechus
manatus manatus) na APA Costa dos Corais, relato de caso
Attademo, F.L.N.¹; Sousa, G.P.1; Normande, I.C.¹; Barbieri, L.S. ²; Silva, M.L.G.S. da²; Bezerra,
T.C.S. ²; Santos, A.H.¹; Sommer, I.B¹.;Cunha, F.A.G.C¹.; Luna, Fábia de Oliveira¹
¹ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; ² Universidade Federal Rural de Pernambuco
A APA Costa dos Corais/APACC possui como uma das principais ações a conservação do peixe-boi marinho
(Trichechus manatus manatus), espécie em extinção e de extrema importância para a região tanto nos aspectos
ambientais quanto sociais. Historicamente, a espécie sofreu um grande declínio populacional em função de ações
antropogênicas, principalmente a caça e perda de habitat. O ICMBio com auxílio de parceiros vem realizando
ações de conservação na APACC no intuito de realizar a soltura de animais e trabalhos socioambientais que
buscam um incremento populacional do peixe-boi na unidade de conservação e no seu entorno, região esta
inserida no atual limite sul de ocorrência da espécie. Em outubro de 2014 foi verificado o óbito intencional de um
peixe-boi marinho conhecido como “Fontinho” solto em Porto de Pedras/AL, pelo programa de reintrodução do
ICMBio em novembro de 2012. A necropsia foi realizada por equipe do CMA/ICMBio juntamente com a policia
federal, utilizando o protocolo de ambas instituições. Durante a necropsia foram observadas duas perfurações
cilíndricas, provocadas por uso de arma de fogo. A primeira, de menor calibre e pouco perceptível, estava
localizada na região frontal da cabeça. Já a segunda, de maior calibre, estava localizada na região ventral do
pescoço, ambas compatíveis com lesões provocadas por projétil de alto impacto, causando fraturas múltiplas na
base da calota craniana, vértebras cervicais, mandíbula, maxila, cabeça do úmero e primeiras costelas. Além da
lesão supracitada, não foram verificadas alterações macroscópicas sugestivas de enfermidades tendo sido
constatada a presença de grande quantidade de alimento no conteúdo estomacal. O escore corporal encontrava-
se excelente e sem alterações ante mortem, exceto as lesões na cabeça. Apesar da causa mortis ter sido
conclusiva, a causa primária que levou ao ato não foi identificada, uma vez que a possibilidade de caça pode ser
descartada tendo em vista que não houve tentativa de consumo do animal. Se no passado a caça foi uma das
maiores problemas para a espécie no Brasil, hoje esta pratica tem sido pouco registrada, especialmente em
Alagoas. Esta diminuição se deve especialmente às ações socioambientais que vem sendo realizada nas ultimas
décadas. Na APACC foram devolvidos à natureza 33 peixes-bois marinhos, sendo Fontinho um deles. O sucesso
desta atividade, no entanto depende das condições que o animal encontra após a soltura. Com isso, este relato
levanta outra questão importante: que a garantia de sobrevivência destes animais não depende exclusivamente de
fatores ambientais, mas também depende de ações educacionais e fiscalizatórias voltadas para a presença do
animal junto à comunidade, que muitas vezes pode ter relação conflituosa com as ações de conservação
alegando, por exemplo, interferências às suas atividades econômicas (comprometimento da pesca, devido a
interação dos peixes-boi em suas redes) e de lazer (restrição de áreas e de atividades a serem realizadas). Além
disso, verifica-se a necessidade de acompanhar, mesmo sem equipamento de radiotelemetria, os animais
reintroduzidos a fim de salvaguardar a vida dos animais permitindo a adaptação do animal na condição de vida
livre e contribuindo para o repovoamento da espécie na região.
Palavras-Chave: PEIXE-BOI, APACC
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Novas metodologias para a amostragem de zooplâncton e assembleias de larvas de
peixes e invertebrados durante períodos de desova nos recifes de Tamandaré
(Pernambuco, Brasil)
Gleice S. Santos1, Morgana Brito-Lolaia1, Ralf Schwamborn1
1Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Cidade Universitária, s/n, Recife,
PE, Brasil
A amostragem de larvas de peixes e invertebrados em ecossistemas recifais é um grande desafio, principalmente
devido aos problemas enfrentados para a realização da coleta do zooplâncton e larvas recém eclodidas no
entorno dos complexos mosaicos recifais. Este estudo apresenta dois novos sistemas de redes de plâncton
estacionárias que permitem a amostragem do micro e mesozooplâncton com ênfase na captura de larvas de
invertebrados e peixes: a Channel Midwater Neuston Net (CMNN) e a Reef Edge Net (REN). Os dois sistemas são
equipados com redes de abertura de malha de 64 e 300 µm. A CMNN permite a amostragem de zooplâncton em
canais próximos aos recifes em três profundidades (epineuston: 0m a 0,075 m, hiponeuston: 0,075 m de 0,0225 m,
camada de 1 m: 0,925 a 1,075 m). A REN possibilita a amostragem em profundidades ajustáveis em determinadas
distâncias da borda do recife. O desempenho destes dois sistemas de redes foi avaliado e comparado com os
resultados obtidos com métodos tradicionais de coleta, com o uso de redes WP2. As coletas foram realizadas em
novembro 2015, em dois pontos fixos: no recife da “Ilha da Barra” (área fechada) e no recife do Pirambú,
localizados no complexo recifal de Tamandaré, na Apa Costa dos Corais. Na coleta do microzooplâncton (64 µm)
tanto a CMNN como a REN apresentaram a mesma performance na captura de larvas véliger e larvas de
poliquetos, decápodes e cracas em comparação com as redes WP2. Para a coleta do mesozooplâncton (300 µm),
a REN apresentou um desempenho semelhante ao da rede WP2, pois não foram observadas diferenças na
abundância de larvas de decápodes e peixes, bem como ovos de peixe entre as duas metodologias. Já a CMNN
apresentou uma menor abundância de larvas de Decapoda e ovos de peixes que as redes WP2, porém mostrou
um bom desempenho para a quantificação de larvas de peixes. As duas novas redes estacionárias mostraram
uma eficácia elevada na coleta do meroplâncton e ictioplâncton, bem como vantagens em relação às redes WP2
devido à possibilidade de coleta por mais de 4 horas seguidas, em pontos próximos aos recifes, durante a maré
vazante noturna, o que aumenta a probabilidade de captura de agregações larvais durante eventos de desova. As
redes CMNN e REN demonstraram-se ferramentas úteis para o desenvolvimento de estudos de ecologia de larvas
em recifes costeiros, dentro de um contexto de projetos a longo prazo, em áreas protegidas marinhas e em recifes
sob múltiplos impactos antrópicos.
Palavras-Chave: CHANNEL MIDWATER NEUSTON NET - REEF EDGE NET - MEROPLANCTON –
ICTIOPLÂNCTON
Nº de autorização no Sisbio: 2518629
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O papel do conselho gestor no desenvolvimento do turismo na APA Costa dos Corais
Santos, E. C. S.1
; Selva, V. S. F.1
1Universidade Federal de Pernambuco
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) é a maior unidade de conservação marinha do Brasil,
abrangendo 13 municípios entre o norte de Alagoas e o sul de Pernambuco. Por ser uma área protegida de uso
sustentável, permite atividades como a pesca e o turismo, este, tendo como principal atrativo o uso dos corais. Sua
gestão é feita de modo descentralizado, a partir de instrumentos como o plano de manejo e o conselho gestor da APA
Costa dos Corais (CONAPAC). Busca-se, entender de que formas o CONAPAC contribui para a gestão do turismo
no território da unidade de conservação. A partir de entrevistas semiestruturadas com os conselheiros e de
observações não dirigidas em reuniões do CONAPAC entre novembro de 2015 e agosto de 2016, foi possível
obter um panorama sobre o papel do conselho no desenvolvimento do turismo na APA Costa dos Corais. Os
resultados demonstraram que existem benefícios e dificuldades no uso desse instrumento para a governança na
gestão da atividade turística na APACC. As principais contribuições obtidas como resultado da atuação do
CONAPAC nas decisões em torno do turismo nesta unidade, são: descentralização das decisões e maior acesso
às demandas do setor, possibilitando uma resposta mais adequada as necessidades de compatibilização dos
ganhos econômicos com a conservação ambiental; o trabalho das câmaras temáticas na elaboração de pareceres
que possibilita a construção de cenários e a avaliação das ameaças e oportunidades com relação aos diferentes
usos do turismo no território da APACC; gestão compartilhada dos atrativos turísticos, no ordenamento de suas
formas de uso, que mantém a qualidade do ambiente e consequentemente a qualidade do produto turístico;
obtenção de fontes de financiamento para a realização de projetos de qualificação e de educação ambiental junto
as comunidades que trabalham diretamente na provisão de serviços turísticos; incentivo ao empoderamento das
comunidades locais, valorizando suas características, refletindo na qualidade do turismo de base comunitária;
capacitação e valorização dos condutores para atuar de forma a conciliar o exercício da atividade com a
conservação do meio ambiente; oferta de serviços de segurança para os turistas como as lanchas de atendimento
médico e a criação de regras e horários para visitação das piscinas naturais. Em contraponto, as dificuldades
enfrentadas pelo conselho gestor da APACC na gestão da atividade turística se referem a questões como : a falta
de adesão em nível municipal dos gestores públicos; fraco apoio político do conselho para o ordenamento e
desenvolvimento do turismo nos municípios pernambucanos; mentalidade imediatista por parte de alguns
produtores do setor que desrespeitam as regras de uso, o que além das consequências ambientais atrapalha a
oferta de uma experiência de melhor qualidade ao turista; carência de outros atores do setor turístico não
vinculados diretamente ao ambiente costeiro, como turismo rural e cultural. Conclui-se que o CONAPAC tem um
papel importante na gestão da atividade turística na APA Costa dos Corais, já que por meio desse instrumento é
possível aliar os interesses para o desenvolvimento da atividade de modo conjunto e beneficiando uma maior
quantidade de atores.
Palavras-Chave: ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. CONSELHO GESTOR. TURISMO.
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O plancton do ecossistema recifal da APA Costa dos Corais: diversidade e função
Guenther, M.1; Pessoa, V.T.2; Figueiredo, L.G.P.2; Costa, A.E.S.F.2; Mota, A.R.3; Melo Jr, M.3;
Melo, P.A.M.C2; Schwamborn, R2; Neumann-Leitão, S.2
1Universidade de Pernambuco; 2Universidade Federal de Pernambuco; 3Universidade Federal Rural de
Pernambuco
O plâncton é o maior responsável pela sustentação da produtividade pesqueira dos sistemas pelágicos além de
atuar como fonte de matéria e energia para as comunidades bentônicas. Os ecossistemas recifais são
considerados os mais produtivos e diversos dentre o ambiente aquático devido às altas taxas de renovação da
biomassa e especialização das espécies. Esses fatores também são os responsáveis pela alta sensibilidade e
instabilidade destes ecossistemas, atualmente um dos mais ameaçados pelos impactos antrópicos que geram
aumento da acidificação e da turbidez. O plâncton é um componente primordial nesses ambientes, sendo a base
alimentar da alta diversidade de peixes e invertebrados pelágicos e bentônicos. O sistema recifal da região de
Tamandaré - PE, incluído na APA Costa dos Corais, é constituído por três grupos de formações recifais do tipo
franja, dispostos em linhas quase paralelas à costa. O presente estudo foi desenvolvido em um ponto fixo
localizado em frente à Praia de Campas, onde ocorre o maior adensamento de recifes, entre a segunda e terceira
linha recifal (8º45’S; 35º05’W). As amostragens foram realizadas durante os meses de julho/agosto (estação
chuvosa) e novembro/dezembro (estação seca), onde foram realizadas coletas diurnas e noturnas para a
determinação da composição, densidade e biomassa dos vários compartimentos do plâncton: fitoplâncton,
microzooplâncton e mesozooplâncton. Foi observada significativa variação sazonal na estrutura das comunidades
do micro- e mesozooplâncton, tanto em termos de densidade, quanto em termos de composição e diversidade. Na
estação chuvosa foram detectadas maiores concentrações de material particulado em suspensão (MPS: 17 mg L -1,
em media), oriundo da maior descarga fluvial nesse sistema, e menores densidades do microzooplâncton (11 x 10 3
ind m-3, em media) e mesozooplâncton (8 x 102 ind m-3, em media). A biomassa primária, no entanto, não variou ao
longo do ano (1,3 mg chl-a m-3, em media). Na estação chuvosa foi observada uma correlação direta entre os 03
compartimentos (fito, micro e mesozooplâncton), indicativa da interação trófica entre estes. Essa relação não foi
observada na estação chuvosa. Esses resultados indicam que a principal forçante sobre a estrutura das
comunidades do micro e mesozooplâncton foi o aumento da descarga fluvial na região, causando tanto a diluição
da comunidade zooplanctonica quanto a entrada de espécies alóctones ao sistema. A alta concentração de
materiais em suspensão aliada a menor densidade e biomassa do zooplâncton (principalmente dos organismos de
maior tamanho) podem acarretar profundas alterações no ecossistema dos recifes de coral da região, tanto na
redução da produção primaria das zooxantelas e das macroalgas associadas, quanto na redução das taxas de
herbivoria e predação do zooplâncton sobre o fito e bacterioplâncton. Os efeitos dessa mudança sazonal na
estrutura do zooplâncton devem ser estudados em maior escala espaço-temporal no sentido de se prever
possíveis alterações no funcionamento desses ecossistemas relacionadas às mudanças climáticas globais.
Palavras chave: PLÂNCTON; RECIFES DE CORAL; INTERAÇÕES TRÓFICAS; MUDANÇAS CLIMÁTICAS
GLOBAIS
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O Programa de Monitoramento de Recifes de Coral do Brasil (Reef Check Brasil) na APA
Costa dos Corais.
Gaspar, A.L.B.1; Coxey, M.S.1; Maida, M.1; Feitosa, C.V. 2; Silveira, C.B.L.1; Ferreira, B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade Federal do Ceará
O Programa de Monitoramento de Recifes de Coral do Brasil teve início em 2002 e tem uma metodologia baseada
no protocolo internacional Reef Check da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral e, portanto, gera
dados que possibilitam comparações num cenário global. A APA Costa dos Corais é uma das áreas de
monitoramento do Programa desde seu início, incluindo também a parte marinha do Parque do Forte de
Tamandaré. Entre 2002 e 2016, foram realizados levantamentos em 15 sítios em Tamandaré, tendo oito sido
continuamente monitorados ao longo do tempo, e 10 sítios na região de Maragogi. O método utiliza censos visuais
subaquáticos para o registro e monitoramento de indicadores de saúde do ambiente recifal, tais como
percentagem de cobertura viva de corais, branqueamento e doenças, e abundância de organismos alvo de pesca
e coleta, como peixes e invertebrados. Esses organismos são identificados por espécies e têm seus tamanhos
estimados. Para peixes e invertebrados são utilizados 4 transectos de faixa independentes de 20 m de
comprimento e 5 m de largura. Para o substrato é utilizada uma amostragem pontual, registrando a cobertura sob
a trena a cada 50 cm. Diversidade e estimativas de branqueamento e de doenças em corais são obtidas em faixas
de 50 cm ao longo das trenas e por foto-quadrats ao longo do transecto, de 2 em 2m alternando o lado da trena. A
cobertura média de coral duro em Tamandaré variou entre os sítios amostrados de 3,8 a 23%, com as principais
espécies sendo Millepora alcicornis, Montastraea cavernosa e Siderastrea sp. Para Maragogi a cobertura média
de coral duro variou entre sítios de 20 a 35%, com as espécies M. alcicornis e Mussismilia harttii sendo as
principais representantes. Desde o inicio do monitoramento, eventos de branqueamento leve foram registrados na
APACC em 2003, 2007 e 2010, enquanto eventos moderados foram registrados em 2005-2006 e 2016. Em
relação aos peixes indicadores, as maiores biomassas de herbívoros (Acanthuridae e Scarinae) e de carnívoros
(Lutjanidae e Epinephelidae) foram encontradas para a ZPVM de Tamandaré, mostrando diferenças significativas
para os principais grupos sujeitos à pesca como garoupas e peixes papagaio de maior porte e vermelhos, entre os
recifes da área fechada e aberta. Os recifes mais próximos da costa apresentaram coberturas mais baixas, padrão
consistente com o geral para a costa e atribuído a impactos históricos como remoção ou crônicos como
sedimentação, poluição agrícola e impactos mecânicos. A categoria lixo mais frequentemente encontrada foi
associada a restos de petrechos de pesca. O monitoramento contínuo, principalmente em Unidades de
Conservação, é importante para avaliar a efetividade das medidas de manejo e a saúde do ambiente,
especialmente face ao cenário de mudanças climáticas e eventos de branqueamentos intensificados na ultima
década.
Palavras-chave: SAÚDE RECIFAL; INDICADORES; CENSOS VISUAIS, ZPVM
*Pesquisa realizada com a licença SISBIO nº 18355
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Ontogenetic foraging activity and feeding selectivity of the Brazilian endemic
parrotfish Scarus zelindae
Pereira, Pedro H. C. 1,2, Santos, Marcus V.2 e Lippi, Daniel L. 1,2
1 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 2 Projeto Conservação Recifal (PCR)
Parrotfish are fundamental species in controlling algal phase-shifts and ensuring the resilience of coral reefs.
Nevertheless, little is known on their ecological role in the South-western Atlantic Ocean. Although much research
has been conducted analysing ontogenetic changes on parrotfish ecology in the Indo-Pacific and Caribbean, few
studies have attempted to analyse variations on foraging activity and feeding preference across different life stages
in endemic parrotfish species of the Southwestern Atlantic Ocean. The ecological role of parrotfish on tropical coral
reefs is evident; hence, it is critical to better understand ontogenetic changes in their feeding patterns and the
different effects parrotfish have on benthic communities according to size. Adults are normally targeted by local
fisheries and the large bodied individuals could be the most effective individuals controlling algal growth. If S.
zelindae display ontogenetic changes in feeding activity and foraging preferences, then individuals of different life
phases could have a disproportional ecological role in shaping benthic communities. The present study analysed
the ontogenetic foraging activity and feeding selectivity of the Brazilian endemic parrotfish Scarus zelindae using
behavioural observation and benthic composition analyses. Scarus zelindae is an endemic parrotfish from Brazilian
waters occurring on coral and rocky reefs at depths up to 60 m. Previous studies have shown that S. zelindae is
predominantly herbivorous, ingesting algae and detritus. We found a significant negative relationship between fish
size and feeding rates for S. zelindae individuals. Thus, terminal phase individuals forage with lower feeding rates
compared to juveniles and initial phase individuals. The highest relative foraging frequency of S. zelindae was on
epilithic algae matrix (EAM) with similar values for juveniles (86.6%), initial phase (88.1%) and terminal phase
(88.6%) individuals. The second preferred benthos for juveniles was sponge (11.6%) compared with initial (4.5%)
and terminal life phases (1.3%). Different life phases of S. zelindae foraged on different benthos according to their
availability. Based on Ivlev's electivity index, juveniles selected EAM and sponge, while initial phase and terminal
phase individuals only selected EAM. Our findings demonstrate that the foraging frequency of the endemic
parrotfish S. zelindae is reduced according to body size and that there is a slight ontogenetic change in feeding
selectivity. Therefore, ecological knowledge of ontogenetic variations on resource use is critical for the remaining
parrotfish populations which have been dramatically reduced in the Southwestern Atlantic Ocean.
Palavras-Chave: Feeding behaviour, resource availability, parrotfishes, Southwestern Atlantic Ocean, Brazilian
reefs
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Percepção dos usuários da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais acerca do
peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) e sua zona de conservação
Barros, E. L. S.F.C.1, Dantas, I. F. V.1, Oliveira, M. A.1, Souza, C.N.2, Bragagnolo, C.1, Malhado,
A.C.M.1Universidade Federal de Alagoas – UFAL; 2Universidade Federal de Pernambuco.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) é uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável,
sendo a maior UC federal marinha do Brasil, com 130 km de costa. O Plano de Manejo, instrumento de gestão que
determina os regramentos, identifica a Zona de Conservação (ZC) do Peixe-boi como área destinada à proteção e
reintrodução do animal regida por normas que regulamentam e limitam algumas atividades humanas, como a
pesca e a navegação de embarcações, que podem entrar em conflitos com os usuários. A efetividade duma UC
depende do apoio público, principalmente da compreensão e cumprimento das normas por parte das comunidades
que vivem no seu entorno, este trabalho objetiva investigar a percepção dos moradores e dos turistas acerca da
ZC e do Peixe-Boi. Esta pesquisa foi realizada nos municípios de Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres
através da aplicação de um questionário semiestruturado, desenvolvido a partir duma revisão da literatura e de
entrevistas com informantes-chave, levantando as caraterísticas socioeconômicas, o conhecimento e a percepção
sobre a Zona de Conservação e o Peixe-boi. Os entrevistados foram escolhidos aleatoriamente: os moradores
foram abordados na porta de suas residências, adotando um padrão sistemático de amostragem de um
questionário a cada duas ou cinco casas, e os turistas em dois pontos: na Associação Peixe-Boi em Tatuamunha,
e na travessia da balsa entre Porto de Pedras e Japaratinga. As análises estatísticas foram feitas com os
softwares Excel e SPSS. Foram realizados 375 questionários com moradores e 119 com turistas. Dentre os
moradores, 54% sabe que naquela região existem atividades fiscalizadas e proibidas, dessa maneira, 78% dos
moradores também afirmam que não pode alimentar nem tocar o peixe-boi, mesmo assumindo já ter praticado.
Quanto aos turistas, 57% tem consciência de estar em uma UC, mas 83% não sabe o nome. Eles discordam
(59%) que estão informados sobre o que se pode fazer dentro da ZC e se a existência da UC fosse divulgada,
atrairiam mais turistas. Além dos benefícios econômicos da presença do Peixe-boi, para muitos moradores o
animal tem um valor, pois relacionam sua presença com alegria, considerando-o como “mascote”, podendo ser um
fator positivo à conservação do animal. Em relatos, moradores e pescadores indicaram que a sua presença na
região não é benéfica para os pescadores, pois o animal rasga redes e espanta os peixes, no entanto 83% dos
moradores discordam que a comunidade vivia melhor sem o animal e 88% discordam que a espécie não precisa
de proteção. Contudo, para que os turistas estejam mais cientes da ZC e da presença do Peixe-boi, é necessário
que haja mais sinalização e divulgação da APACC, da ZC e de seus objetivos e para que os moradores respeitem
as normas da ZC e sejam mais envolvidos com a proteção do Peixe-boi, é fundamental a realização de atividades
que fortaleçam a necessidade da conservação do animal, destacando a importância de não tocá-lo e alimentá-lo, a
fim de evitar que o apreço da comunidade pelo Peixe-boi se torne um entrave à conservação do mesmo.
Palavras-chave: PERCEPÇÃO. USUÁRIOS. PEIXE-BOI MARINHO. ZONA DE CONSERVAÇÃO.
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Perfil dos visitantes que realizam turismo de observação do Peixe-boi-marinho
(Trichechus manatus) em Porto de Pedras, Alagoas
Izidoro, F.B.1, Gonzaga, E.P.2
1, 2 Instituto Federal de Alagoas (IFAL)
O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus ) é classificado como espécie vulnerável de acordo com a lista vermelha
de espécies ameaçadas, elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais (IUCN). Na lista nacional de espécies ameaçadas, o peixe-boi-marinho encontra-se como criticamente
em perigo. O sucesso da conservação dessa espécie requer, além das condições ambientais adequadas, uma
interação positiva em áreas de ocupação em que haja influência antrópica. Uma das formas de mostrar a
importância da conservação para as comunidades que vivem nas áreas de ocorrência de espécies ameaçadas é
através da alternativa de renda que a presença desse animal pode gerar através do ecoturismo. Parte da
população local do município de Porto de Pedras se organizou e criou a Associação Peixe-Boi de Condutores
(APBC), que desenvolve passeios de observação desses animais. Esse trabalho teve por finalidade apresentar o
perfil socioeconômico e consumidor dos turistas que realizaram o passeio de observação do peixe-boi-marinho em
Alagoas. Foram realizadas entrevistas voluntárias com os turistas que fizeram o passeio de observação do peixe-
boi-marinho, conduzidos por condutores cadastrados na APBC. Os turistas eram convidados a participar da
entrevista antes da realização do passeio e respondiam às perguntas no regresso do mesmo. Entre os tópicos
abordados na entrevista estiveram: dados pessoais (gênero, idade, origem, estado civil), características
socioeconômicas (escolaridade, profissão e renda familiar) e a caracterização do consumidor (número de vezes
que realizou o passeio, como teve informações do mesmo e qual a cidade de hospedagem). Foram realizadas 261
entrevistas entre novembro de 2014 e março de 2015. Entre os entrevistados 63% foram do gênero feminino e
37% masculino (85% adultos, 8% idosos e 7% jovens,); 59% declararam-se casados e 30% solteiros. A região de
procedência mais frequente foi a sudeste (54%;X2= 119,34; p<0,0001). Observamos que 80% dos entrevistados
apresentaram nível superior completo ou pós-graduação. As profissões mais frequentes foram: professor(a),
funcionário(a) público(a), médico(a), bancário(a), administrador(a), empresário(a), totalizando 36,8%. A renda
familiar foi superior a 10 salários mínimos (44%; X2= 29,15, p<0,0001). Verificamos que 98% dos turistas
realizaram o passeio pela primeira vez, obtendo informações do mesmo via: televisão (8%), agência de turismo
(9%), amigos (15%), internet (26%) e outros meios, como pousadas e guias turísticos (42%, X2= 48,45, p<0,0001).
Apenas 14% dos turistas permaneceram hospedados em Porto de Pedras, enquanto 86% dos visitantes ficaram
acomodados em cidades vizinhas. Constatamos que a maioria dos turistas que optaram por essa atividade
turística foi adulta, casada, com alto nível de escolaridade e elevada renda familiar. Notamos uma carência de
divulgação do passeio, sendo que a maior parte dos turistas declararam só ter ciência do mesmo após estarem
em Alagoas. O município de Porto de Pedras apresentou também uma baixa taxa de hospedagem dos turistas que
participaram das entrevistas. Conhecer o perfil dos turistas que realizam o passeio de observação do peixe-boi em
Porto de Pedras auxiliará não apenas a APBC, como também comerciantes locais e tomadores de decisões
conservacionistas. Acreditamos que esse trabalho possa fomentar propostas de conservação e educação
ambiental mais integradas na região.
Palavras-chave: PEIXE-BOI, PORTO DE PEDRAS, ECOTURISMO, CONSERVAÇÃO.
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Pescando problemas, soltando soluções. Praticando a educação ambiental no ensino
fundamental
Conceição, D.¹; Dantas, W.R.S ¹.; Santos¹, A.F.A.¹; Pinheiro¹,F.S.¹ ; Santos, S.M.¹; Silva,
W.A.A¹.; Sampaio, C.L.S. 1,2
1. Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino Penedo, Curso em Ciências Biológicas (Licenciatura) 2.
Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino Penedo, Laboratório de Ictiologia e Conservação.
Um dos desafios da Educação Ambiental (EA) na rede publica de ensino, mais especificamente no ensino
fundamental II é o reduzido material didático com ênfase nos problemas locais disponível. A EA deve favorecer a
construção de conhecimentos que contemplem a formação de uma consciência ecológica, baseada em valores
éticos, atitudes e comportamentos nos níveis individual e coletivo, focados na melhoria da qualidade de vida. A
legislação ambiental brasileira, Lei Nº 9.795 de 27 de dezembro de 1996, garante que o ensino fundamental tenha
por objetivo a formação básica do cidadão mediante a compreensão do ambiente natural, social e político, além da
tecnologia, das artes e dos valores que fundamentam a sociedade. A importância da Área de Proteção Ambiental
Costa dos Corais (APACC) para a biodiversidade marinha do Brasil é, entre outras, garantir sua conservação e
uso sustentável; é a maior unidade de conservação marinha abrangendo em seus 2 Estados e 9 municípios, 158
escolas com aproximadamente 3.000 alunos devidamente matriculados no ensino fundamental II. Com objetivo de
desenvolver práticas pedagógicas relacionadas à conservação dos organismos marinhos e seus habitats na
APACC, associado a uma educação participativa, abordando os múltiplos problemas ambientais observados no
litoral, uma atividade foi construída em sala de aula, denominada “Pescando problemas, soltando soluções”. Para
sua confecção foi utilizado material de baixo custo (1 resma de papel A4, 1 caixa de giz cera colorido, 2 m²
emborrachado EVA, 1 tesoura, 1 vara de pescar, 1 tubo de cola quente e outro branca). No primeiro momento os
alunos foram orientados a realizarem uma lista citando os problemas ambientais costeiros presentes na região,
enquanto isso, desenhos para colorir e recortar de alguns crustáceos, moluscos e peixes foram distribuídos em
sala de aula. Após coloridos, recortados e montados no emborrachado (que decorado com desenhos de corais e
algas, representa o ambiente marinho da APAAC), os problemas listados foram escritos no interior de cada figura
e em seguida, com a vara de pescar, os alunos retiravam “pescando” as figuras, do ambiente marinho. Na
sequencia os problemas contidos em seu interior eram lidos e discutindo com a turma, buscando possíveis
soluções. A prática pedagógica teve como resultados: o estimulo da criatividade e o aumento da participação em
sala de aula, além de propor soluções pelos estudantes, estimulando postura critica e sensível relacionada à
conservação e a gestão pesqueira dos organismos marinhos presentes na APACC.
PALAVRAS CHAVE: CONSERVAÇÃO, EDUCAÇÃO, JOGO DIDÁTICO.
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Por onde eles andam? Inferências a partir de telemetria acústica na ZPVM na APA Costa
dos Corais
Coxey, M.S.1; Lippi, D. 1; Rezende, S.M.2; Simon, T.E.; Maida, M.1; Ferreira, B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2CEPENE/ICMBio
A telemetria acústica permite um monitoramento remoto e contínuo de indivíduos marcados com transmissores
através de receptores capazes de detectar e identificar o sinal acústico emitido, sendo, portanto uma ferramenta
poderosa para avaliar a eficácia de áreas marinhas protegidas. A área fechada de Tamandaré foi estabelecida em
1999, tendo sido incorporada no Parque Municipal Marinho do Forte de Tamandaré desde sua criação em 2003,
correspondendo também a uma Zona de Preservação da Vida Marinha (ZPVM) da APA Costa dos Corais desde
2013. Com o objetivo de estudar o padrão de movimentação dos peixes nesta área, um experimento de telemetria
acústica teve inicio em 2014. Um dos desafios para a telemetria acústica em áreas recifais é a grande interferência
de obstáculos, além de efeitos de ondas, marés e vento na detecção dos sinais sonoros. Desta forma, testes de
detecção foram conduzidos na fase inicial para determinar o melhor posicionamento dos receptores VR2W. Os
testes de detecção englobaram as quatro fases lunares, tendo sido conduzidos de forma contínua por ciclos de 24
e 48 horas. Considerando um limite de 70 % de probabilidade de detecção, foi estimado um alcance dos sinais
acústicos de 150 m durante a maré baixa e 100 m durante a maré alta e desta forma oito receptores foram
dispostos ao redor dos recifes da Ilha da Barra e dois na lagoa interna do recife. Entre Janeiro e Março de 2016,
testes adicionais de detecção foram realizados de forma a ter uma melhor percepção espacial da distância e área
em que os transmissores podem ser detectados pelos receptores dentro do ambiente recifal, durante a maré alta e
a baixa, tendo sido gerados mapas de detecção para cada receptor. Em Janeiro de 2015 duas baúnas, Lutjanus
alexandrei, de 22 e 22.4 cm, foram marcadas e libertadas no mesmo local de marcação, tendo uma permanecido
na área por 6 meses e a outra apenas 13 dias, entre Janeiro e Fevereiro. Durante o período em que os dois peixes
eram monitorados, estes mostraram movimentações diferenciadas relativamente ao horário da maré.. Desde Abril
de 2016 foram marcados nove peixes: uma piraúna, Cephalopholis fulva, de 30 cm, libertada em Abril e oito peixes
papagaio, Sparisoma axillare, com tamanhos variando entre 25.4 e 32 cm. Os peixes papagaio foram capturados
em três áreas diferentes do recife da Ilha da Barra, em Maio, Junho e Agosto de 2016. Atualmente sete peixes
continuam a transmitir na área. Resultados preliminares apontam já para um padrão de comportamento distinto
dos peixes papagaio no que se refere à área de movimentação dos grupos marcados nas diferentes regiões
recifais. Na próxima fase do estudo, pretende-se ampliar a área de cobertura dos receptores para os recifes mais
fundos e limite norte da ZPVM de forma a aumentar a variabilidade dos habitats estudados. Espera-se contribuir
com este experimento para um melhor entendimento da efetividade de proteção da ZPVM, estudando o spill-over
de indivíduos para áreas não protegidas e da movimentação cross-shelf entre áreas rasas e mais profundas.
Palavras-chave: TELEMETRIA, ZPVM, PEIXES, SPILL-OVER
*PESQUISA REALIZADA COM A LICENÇA SISBIO Nº 45992
47
Recrutamento de corais em ambientes recifais de Tamandaré, litoral sul de Pernambuco
Pereira, H.M.¹; Maida, M.¹
¹Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências e Tecnologia (CTG), Departamento de Oceanografia
O recrutamento de corais bem sucedido e a sobrevivência dos corais juvenis são importantes componentes para a
estrutura recifal. Atividades antrópicas como pesca e visitação turística em um determinado ambiente recifal,
podem influenciar negativamente o estabelecimento de novas espécies bentônicas. No entanto, reservas marinhas
são criadas para proporcionar a preservação dos ambientes degradados e diminuir a pressão antrópica sobre as
áreas naturais. O estudo teve por objetivo comparar a densidade média de recrutamento de corais entre o recife
da Ilha da Barra (conhecida como área fechada de Tamandaré, já que nela atividades pesqueiras e turísticas são
proibidas), e outros quatro recifes da área aberta (Pirambu, Chapeirão do Pirambu, Espigão do Val e Pedra da
Caxeixa), pois não há proibição de pesca nem de turismo. De outubro de 2014 a julho de 2015, foram colocadas
mensalmente 24 placas de cerâmica (225cm²) em cada área, totalizando no final da pesquisa 336 placas na área
fechada e 336 placas na área aberta. Após um período de três meses de imersão as placas foram levadas ao
laboratório e analisadas em lupa estereoscópica para o registro dos recrutas de coral. Os dados estatísticos foram
verificados através da Análise de Variância (ANOVA) no programa Statview 5.0. Um total de 103 recrutas de corais
escleractíneos foram encontrados para o período estudado, apresentando a área fechada 2,6 vezes mais corais
do que a área aberta. Não houve diferença significativa entre as superfícies superiores ou inferiores do substrato,
nem para o posicionamento de assentamento no centro ou na borda da placa. Para a sazonalidade no
recrutamento, houve diferença significativa apenas para o recife da Ilha da Barra (o que não foi verificado para a
área aberta), sendo o período do verão com maiores densidades. Dos 103 recrutas encontrados, 91 tiveram seus
tamanhos medidos e 64,84% deles compreendiam tamanhos entre 1 e 2mm de diâmetro, indicando um padrão de
crescimento para aproximadamente três meses de imersão. Os resultados obtidos neste trabalho, confirmaram
que a área fechada de Tamandaré, a qual está inserida na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, está
sendo eficaz na recuperação dos corais, sendo estes os principais organismos construtores de recifes. Nesta área
são encontradas mais quantidades de colônias de corais adultas e desta maneira a reprodução e recrutamento
são favorecidos, visto que uma área quando é restrita à impactos antrópicos, pode aumentar o potencial
reprodutivo das espécies, mais organismos conseguem chegar a fase adulta, e assim, servir de estoque larval
para áreas adjacentes.
Palavras-chave: RECRUTAMENTO DE CORAIS; ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL; TAMANDARÉ
(Autorização SISBIO: 45992)
48
Recrutamento juvenil e validação da idade de três espécies de garoupas na APA Costa
dos Corais
Marques, S.1, Ferreira, B. P.1
1Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco
A família Epinephelidae é constituída de várias espécies de peixes recifais exploradas pela pesca nas regiões
tropicais, com várias espécies ameaçadas especialmente aquelas de maior porte. No Brasil, o declínio de
pescarias dirigidas a grandes epinephelídeos (> 80 cm) tem sido acompanhado pela maior importância da pesca
de espécies de menor porte (< 40 cm), que atualmente representam alvos principais de várias pescarias. Na costa
pernambucana as espécies sapé Alphestes afer, piraúna Cephalopholis fulva e gato Epinephelus adscencionis são
as garoupas de pequeno porte mais capturadas pela pesca artesanal. Como parte dos estudos da estrutura
populacional dessas espécies na costa nordeste, foram realizadas amostragens e censos visuais subaquáticos na
área de proteção ambiental costa dos corais (APACC) com objetivo de validar a idade dessas espécies e avaliar o
período de recrutamento juvenil nos recifes rasos. Peixes juvenis dessas espécies foram capturados nos recifes
rasos de tamandaré entre 2008 e 2009. No mesmo período, censos visuais subaquáticos com metodologia de
busca intensiva e transectos de 10 m foram utilizados para monitorar o período de recrutamento juvenil nos recifes
rasos. Os peixes capturados foram marcados com tetraciclina (tc) e mantidos em aquários (60l) com água salgada
em temperatura e salinidade ambientes, com alimentos (camarão ou peixes) oferecidos uma vez por dia. No fim
do experimento dos peixes marcados com tc, os otólitos direitos foram removidos e seccionados. Os otólitos
seccionados foram lidos e fotografados em microscópio composto com fonte de luz fluorescente. O número de
zonas opacas e translúcidas entre a marca tc e a borda foi determinado com luz externa branca junto com a luz
ultravioleta do microscópio. A marcação com tc das três espécies confirmou a periodicidade anual de formação
dos anéis de crescimento, validando as estimativas de crescimento e estrutura etária das espécies. Os censos
visuais indicaram que o período de recrutamento juvenil das três espécies ocorreu entre novembro/2008 a
março//2009. Estudos da reprodução das 3 espécies indicaram os picos entre agosto e outubro. Estes dados
confirmam que o período larval de epinephelideos pode ocorrer entre 30 a 80 dias após a desova, indicando que
os indivíduos são visíveis nos recifes entre 1 a 2 meses após o assentamento na fase demersal. Apesar da
importância destas espécies para a pesca artesanal, estas espécies não compõem estatísticas oficiais, entrando
em categorias mistas. Levantamentos da pesca de armadilhas indicam que estas espécies são importantes na
pesca em pequena escala principalmente para exportação. Embora estas espécies sejam classificadas pela IUCN
como de menor preocupação, a ausência de informações pesqueiras e de avaliação de estoques dificulta a
avaliação de tendências decorrentes da exploração. Assim, informações básicas sobre as populações são
fundamentais na elaboração de planos de manejo para a exploração em níveis sustentáveis, uma vez que estes
recursos facilmente acessíveis são essenciais na segurança alimentar das comunidades costeiras.
PALAVRAS-CHAVE: VALIDAÇÃO, IDADE, CRESCIMENTO
NO. AUTORIZAÇÃO SISBIO: 16173-1 (2008-2009)
49
Registros de encalhes de tartarugas marinhas no extremo sul da APA Costa dos Corais:
a importância do monitoramento comunitário.
Stefanis, B. S. P. O.12; Bonfim, W. A. G.12; Stefanis, E. A. S.1; Marques, O. K. L.13; Bernieri, E.
M.13; De La Fuente, M. F.14.1Instituto Biota de Conservação, Rua Prof. Nabuco Lopes, 22, Conjunto Stella Maris, Jatiuca, 57036-730, Maceió,
AL, Brasil.2Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Alagoas. 3Centro Universitário
Cesmac 4Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (APACC) tem entre seus objetivos no Plano de Manejo a
preservação das áreas de reprodução, desenvolvimento e alimentação da fauna e flora marinha e estuarina,
especialmente das espécies ameaçadas. No entanto, para as tartarugas marinhas, pouco se sabe sobre quais e
como as áreas são utilizadas. Ao ampliar este conhecimento e encontrar áreas relevantes para o manejo desses
animais, poderá haver maior eficácia na elaboração de estratégias conservacionistas. O objetivo deste trabalho é
demonstrar a importância de ferramentas de monitoramento participativas e direcionadas à população para
registrar a ocorrência de tartarugas marinhas no extremo sul da APACC em Maceió, Alagoas. Entre 2009 e 2016,
via demanda da população, o Instituto Biota de Conservação (BIOTA) registrou 35 ocorrências de tartarugas
marinhas encalhadas no trecho entre o Rio Meirim (9°32'44.62"S/35°37'3.18"O) e o Rio Sauaçui
(9°29'4.06"S/35°33'24.37"O), sendo: 2009 (n=1), 2010 (n=1), 2011 (n=5), 2012 (n=4), 2013 (n=0), 2014 (n-5), 2015
(n=7) e 2016 parcial (n=12). Destas, 25 ocorrências foram da espécie Chelonia mydas. As espécies Caretta
caretta, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea também foram registradas, com duas ocorrências cada.
Devido ao avançado estagio de decomposição, não foi determinada a espécie de quatro indivíduos. O maior
número de encalhes (n=15) ocorreu nos meses de dezembro e janeiro, pico da temporada reprodutiva destes
animais em Alagoas. Apesar de esses registros serem apenas de animais encalhados, o maior número de
encalhes na temporada reprodutiva, leva a colocar a área como relevante para alimentação e passagem da
tartaruga-verde e sugerir a ocorrência de desova das outras espécies, visto que há registros de atividades
reprodutivas de C. caretta, E. imbricata e L. olivacea em praias adjacentes à região do estudo. Até o ano de 2013,
informações sobre os encalhes eram repassadas apenas por ligações telefônicas (31,4%). A partir de 2014, a
BIOTA disponibilizou outras ferramentas de comunicação (Facebook e Whatsapp) para receber as ocorrências, o
que duplicou os registros (68,6%). Além disso, o uso dessas novas ferramentas possibilita o envio de imagens
facilitando a identificação das espécies. Este resultado reflete a importância de campanhas informativas e
disponibilização de diferentes formas de comunicação para envolvimento da comunidade. Assim, somando
esforços ao monitoramento espontâneo já realizado pela população, em 2016 o Instituto Biota de Conservação
iniciou o projeto Biota-Mar, e passou a monitorar de forma sistemática o sul da APACC, buscando registrar os
encalhes e principais áreas de ocorrência dos animais marinhos. Além disso, foi lançado o aplicativo BIOTAMAR,
para facilitar a colaboração da população no repasse de informações sobre os animais. Em conclusão, os registros
aqui apresentados mostram relevância do extremo sul da APACC para a ocorrência de tartarugas marinhas.
Acreditamos que a complementação de esforços (monitoramento comunitário por meio do aplicativo e
monitoramento sistemático pela BIOTA) possibilitará a determinação dos diferentes usos que os animais fazem
dessa área e a proposição de estratégias efetivas para o manejo e conservação de tartarugas marinhas na região.
(Autorização Sisbio para atividades com finalidade científica nºs 22592-1, 28187-1 e 28187-6).
PALAVRAS-CHAVE: TARTARUGAS MARINHAS, ENCALHE, CONSERVAÇÃO, MONITORAMENTO
COMUNITÁRIO
50
Relações radiais de governança na Apa Costa dos Corais
Santos, E. C. S1; Souza, C. N1 Selva, V. S. F1.
1Universidade Federal De Pernambuco
A gestão de áreas protegidas pode ser realizada por meio de dois instrumentos de gestão: plano de manejo e o
conselho gestor. Enquanto instância de construção da governança por excelência, o conselho gestor se consolida
como um espaço de mediação entre sociedade e Estado. Neste sentido, considerando as unidades de
conservação de uso sustentável – que permitem o uso direto dos recursos e envolve um leque de distintos atores
sociais com objetivos e necessidades muitas vezes divergentes, ou não compatíveis com a conservação
ambiental, a exigência de mecanismos de governança torna-se ainda mais evidente. A Área de Proteção
Ambiental Costa dos Corais - APACC é uma Unidade de Conservação - UC com um amplo conjunto de atividades
e usos em seu território, tornando a inserção de diferentes atores sociais na discussão e gestão de seus
interesses coletivos necessários para viabilizar a sua governabilidade. O objetivo deste trabalho consistiu em
mapear a estrutura de governança da APACC, apontando a intensidade das suas relações internas e externas. A
partir da observação participante nas reuniões do conselho consultivo da APACC - CONAPAC e de entrevistas
semiestruturadas com seus conselheiros, identificou-se que existem níveis fracos, moderados, intensos e
ausentes de cooperação e articulação entre os atores no processo de tomada de decisão. Quanto as instituições
que mantem uma relação intensa com o CONAPAC, destacam-se: as instituições ambientais e de pesquisa, que
além de terem tido grande influência na criação da APACC, exercem impacto direto na tomada de decisão e nos
seus desdobramentos; quanto ao setor de turismo, o número de atores presentes no CONAPAC, a quantidade de
pautas e discussões relacionadas à atividade turística e a influência deste setor em outras atividades, intensificam
sua relação com o CONAPAC; em contrapartida os órgãos do executivo federal e estadual, apesar de atuarem
pontualmente, exercem função na elaboração e fiscalização das normas que influenciam diretamente nos demais
setores do conselho. Além desses setores, a relação do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade - ICMBio com o
CONAPAC se sobressai, devido ao seu poder deliberativo que permeia todas as decisões do CONAPAC. Embora
a representação de pescadores no conselho seja maior que os demais setores da sociedade civil, o nível de
participação destes nas decisões é considerado moderado, pois percebeu-se por parte de alguns integrantes
deste setor, dificuldade de linguagem na expressão das suas demandas e opiniões. A relação com o CONAPAC
vai se tornando mais fraca quando se considera a ínfima representação do executivo municipal no conselho - o
que prejudica a governança da UC a nível local e a relação com o setor de agricultura, indústria e comércio -
devido sua recente inclusão no Conselho. Por fim, identificou-se a ausência de elo entre os agricultores e o
conselho, por não haver representação desses atores no CONAPAC. Neste sentido, percebeu-se que a
governança no CONAPAC ocorre em sentido radial e que há necessidade de fortalecer os setores menos atuantes
e incluir setores ausentes na tomada de decisão para se alcançar uma boa governança na APA Costa dos Corais.
PALAVRAS-CHAVE: GOVERNANÇA, ÁREA PROTEGIDA, CONSELHO.
51
Reprodução de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) reintroduzido na APA
Costa dos Corais, relato de caso
Attademo, F.L.N.¹; Souza, G.P.1; Normande, I.C.¹; Barbieri, L.S. ²; Silva, M.L.G.S. da²; Bezerra,
T.C.S. ²; Santos, A.H.¹; Sommer, I.B¹.; Cunha, F.A.G.C¹.; Luna, Fábia de Oliveira¹
¹ Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade; ² Universidade Federal Rural de Pernambuco
O programa de conservação de peixe-boi marinho do ICMBio vem realizando a atividade de reintrodução na APA
Costa dos Corais/APACC desde 1994, tendo sido devolvidos à natureza 33 animais. O sucesso destas atividades
pode ser verificado por meio de diversos fatores, entre eles a taxa reprodutiva dos animais após a soltura.
Destaca-se, entretanto que estes animais costumam entrar em idade reprodutiva por volta dos 6 anos, possuem
gestação de 13 meses e permanecem cerca de 2 anos em amamentação. Mesmo sendo registrado
comportamento reprodutivo em machos, a constatação do nascimento com sucesso em grupos de animais em
vida livre e com a presença de diversos indivíduos de ambos os sexos somente pode ser realizada a partir de
análise do comportamento das fêmeas ou de testes genéticos de paternidade. O acompanhamento destes animais
após a soltura é possível, mesmo sem a utilização de equipamentos de radiotelemetria, por se tratar de animais
que costumam manter um sitio de fidelidade nestas condições. Este estudo teve o objetivo de analisar o sucesso
reprodutivo do programa de reintrodução de peixe-boi marinho na APACC. Para isto, foram utilizadas as
informações de monitoramento do ICMBio de dezembro de 1994 até agosto de 2016, especificamente com
respeito às fêmeas reintroduzidas e aos filhotes sabidamente nascidos destas fêmeas. Para isso, foram
analisadas 15 fêmeas, todas reintroduzidas dentro da APACC. Todos os registros foram visuais e com
comprovação de maternidade, sem ter sido realizada captura e avaliação clínica da mãe e da prole. Foram
verificadas que 3 (20%) fêmeas reproduziram no período, sendo que uma reproduziu 3 vezes, uma reproduziu
duas vezes e a terceira apenas uma vez, totalizando seis nascimentos. Destes, os dois primeiros vieram a óbito
logo após o nascimento em função de ações antropogênicas; o terceiro filhote da mesma fêmea e os outros três
animais permaneceram vivos e se encontram nesta condição até o momento. O sucesso reprodutivo destes
animais depende não somente da saúde da mãe, mas especialmente da condição do habitat em que estes
animais se encontram. No caso dos animais que vieram a óbito, a interação com seres humanos e perda do
habitat impediram que a mãe mantivesse os cuidados parentais, o que causou os óbitos. Nos demais casos, a
intensificação do monitoramento da mãe e prole ajudou a garantir a sobrevida dos filhotes até que estes
possuíssem condições de sobrevivência na natureza. Levando em consideração somente as fêmeas soltas, os
quatro animais sobreviventes significaram um incremento de 26,7% da população, fato que fortalece o suporte
populacional local. Considerando o tempo de existência do programa e o tempo geracional do peixe-boi marinho,
verifica-se que a atividade, com esta taxa de sucesso contribuirá significativamente nas próximas gerações para
um aumento populacional da espécie. Desta forma, recomenda-se a intensificação das ações de proteção e
conservação visando manter um habitat mais equilibrado e saudável para a permanência da espécie e um
incremento nas atividades de monitoramento dos animais, principalmente no período pós soltura para a garantia
de sobrevivência dos mesmos.
PALAVRAS-CHAVE: PEIXE-BOI, REPRODUÇÃO, APACC
52
Trade-off entre pesca artesanal e Áreas Marinhas Protegidas (AMP) como instrumento
para a sustentabilidade
Beatriz Mesquita Jardim Pedrosa1, Rosângela Paula Teixeira Lessa2
1- Fundação Joaquim Nabuco, Recife-PE
2- Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE
Áreas Marinhas Protegidas (AMP) são tanto instrumentos de conservação como de manejo pesqueiro, objetivos
difíceis de se alcançar simultaneamente. É importante que se façam avaliações integradas visando não só
investigar o sucesso ecológico de AMPs, mas também consequências sócio-ecológicas, econômicas e culturais.
Neste estudo foi aplicada metodologia para medir a efetividade de uma AMP em garantir a sustentabilidade da
pesca artesanal, baseado em um conjunto de indicadores agrupados em seis dimensões (ecológica, econômica,
tecnológica, social, ética e institucional). Foram realizadas 99 entrevistas realizadas com pescadores(as) e
gestores em duas comunidades, sendo uma AMP com instrumentos de gestão pesqueira definidos, inclusive área
de exclusão de pesca (Tamandaré), e outra sem gestão pesqueira específica (Sirinhaém), sendo diagnosticados
18 sistemas de produção pesqueira e estabelecidos e avaliados 54 indicadores para avaliação da atividade em
dimensões econômica, social, institucional, ética, tecnológica e ecológica. Cada atributo foi valorado de acordo
com informações coletadas em campo, observação direta, entrevistas com pescadores e gestores e literatura. Foi
ainda realizada análise de correlação canônica com o objetivo de correlacionar os atributos desses agrupamentos.
A AMP de uso sustentável Costa dos Corais (Brasil) foi utilizada como estudo de caso. Os resultados não
mostraram diferenças significativas. Na APA Costa dos Corais existe maior presença de gestão e fiscalização mas
esta não foi suficiente para diferenciação das duas comunidades. Os diferentes sistemas de pesca encontrados
em Tamandaré (bem como a ausência da pesca da lagosta) são resultado não só das características ambientais
locais como também da capacidade adaptativa da pesca artesanal. A multiespecifidade e a realização de outras
atividades informais são importantes para a continuidade da pesca artesanal e devem ser consideradas nas
políticas públicas. Pesquisas precisam ser realizadas para compreender o processo de implantação da AMP e sua
relação com as comunidades locais, pois a resiliência ecológica e social são interdependentes. É preciso
reconhecer que existem diferenças de poder entre a comunidade usuária dos recursos pesqueiros e outras
atividades que se fortalecem com o estabelecimento de AMPs de uso sustentável, como o turismo. A metodologia
utilizada se mostrou adequada, pode ser aplicada mesmo em situações onde dados científicos são escassos e
fornecem importantes indicadores para avaliação da implementação de AMPs visando não apenas o tradicional
sucesso ecológico, mas em uma visão integrada de desenvolvimento sustentável. A execução deste projeto foi
autorizada pelo sistema SISBIO número 41023-2.
53
Utilização de habitats costeiros de Lutjanus alexandrei e Lutjanus jocu em diferentes
estágios de vida na APA Costa dos Corais e áreas adjacentes.
Aschenbrenner,A.1; Hackradt, C. W.2; Ferreira, B.P.1
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade Federal do Sul da Bahia
A utilização de diferente habitats durante diferentes estágios de vida por Lutjanus alexandrei e Lutjanus jocu foi
investigada na área norte da APA Costa dos Corais (Tamandaré) e áreas adjacentes (Rios Formoso e
Mamucabas), PE, Brasil. Dados de densidade e tamanho foram obtidos a partir de observações utilizando a
técnica de censo visual subaquático entre dois estuários e três recifes costeiros. Ambas as espécies ocorreram
somente em habitats de mangue em estágios iniciais de vida (pós-assentantes < 4 cm), com um aumento de
tamanho significativo observado para indivíduos encontrados nos recifes costeiros adjacentes. Juvenis de L.
Alexandrei, (> 4≤ 10 cm) foram somente registrados em mangues, enquanto sub-adultos (> 10 < 22 cm) foram
associados tanto a mangues como a recifes costeiros. Indivíduos maduros (> 22 cm) de L. alexandrei foram
registrados somente para recifes costeiros. Já no caso de L. jocu, juvenis (> 4 ≤ 20 cm) e sub-adultos (> 20 <40
cm) foram associados a mangues e recifes costeiros, com maiores densidades registradas para mangues.
Indivíduos maduros (> 40 cm) não foram registrados na área de estudo, restrita a profundidades de ate 5 metros,
sendo os mesmos registrados para áreas mais profundas onde são comumente capturados pela pesca. O padrão
observado denota ocorrência de migrações ontogenéticas entre habitats. Dados de densidades sugerem ainda,
seleção de habitas entre estágios de vida distintos, com clara preferencia por habitats de mangue em estágios
iniciais para ambas as espécies. Informações provenientes deste estudo realçam a importância de dirigir esforços
para conservação e manejo à habitats essenciais como estratégia na manutenção de estoques pesqueiros,
assegurando desta forma o recrutamento de indivíduos em populações adultas.
Palavras Chave: SELEÇÃO DE HABITATS; CONECTIVIDADE, ESTÁGIOS DE VIDA; LUTJANÍDEOS
54
Valoração dos serviços ambientais: uma análise dos potenciais benefícios para visitação
de piscinas naturais na Área de Proteção Ambiental - APA Costa dos Corais
REIS, J. V. ¹, SELVA, V.S.F. ¹¹Universidade Federal de Pernambuco
Os recifes de coral, de grande biodiversidade marinha, considerado juntamente com as florestas tropicais uma das
duas mais ricas comunidades naturais do planeta, representam função ecológica para a manutenção da vida
marinha abrigando e alimentando peixes e funcionando como importante elemento para a manutenção da vida e
para a sustentabilidade ambiental. Estudos apontam que alguns recifes de corais estão em acelerado processo de
degradação, por diversos fatores, entre estes o turismo desordenado. O turismo se expandiu em áreas tropicais,
pelo consumo de paisagens naturais, que constituem matéria prima para o turismo, expansão esta que vem
ameaçando as piscinas naturais na região da Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais – APAACC.
Considerando a biodiversidade ambiental, a reprodução da vida marinha e especialmente a beleza cênica que os
ambientes recifais oferecem, propõe-se nesta pesquisa analisar os Serviços Ambientais oferecidos pelos recifes e
valorar este serviço ambiental, a partir do potencial deste ecossistema para o uso turístico. Pretende-se definir o
perfil do visitante e avaliar o comportamento desses quanto à valoração do ativo ambiental, através dos serviços
oferecidos para a visitação das piscinas naturais. Este estudo se realizará, nas piscinas naturais de Tamandaré -
PE e Maragogi - AL, pelo fato de o uso turístico da Área da APACC, se concentrar principalmente nestas duas
regiões. Primeiramente, se realizará uma pesquisa bibliográfica, onde se terá o entendimento dos conceitos,
temas e da metodologia. Num segundo momento, será aplicado o método de valoração de contingente - MVC,
onde será valorado os Serviços Ambientais existentes na APACC. Na aplicação serão realizadas entrevistas para
captar a disposição das pessoas a pagar – DAP, sobre a visitação das piscinas naturais na APACC, onde
entenderemos o Valor de Uso Direto (VUD) propriamente dito, atribuído pelas pessoas, aos recursos e serviços
ambientais. Na aplicação serão realizadas entrevistas para captar, o quanto os entrevistados estariam dispostos a
pagar para garantir a melhoria de bem-estar. Este estudo terá a abordagem quali – quantitativo. Espera-se que a
este estudo possa contribuir para potencializar outras pesquisas de valoração em ambientes costeiros e turísticos,
para fins de conservação, como também demonstrar que a valoração ambiental pode constituir uma forma
eficiente de se promover a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável local na APACC. Conclui-se
que a partir da valoração que será realizada, pode-se através de medidas de comando e controle, garantir o uso
turístico sustentável nas visitas às piscinas naturais, através de um recurso econômico, visando assegurar a sua
beleza cênica. Como também a identificação dos benefícios e limitações da valoração ambiental, na Área de
Proteção Ambiental Costa dos Corais.
PALAVRAS-CHAVE: VALORAÇÃO ; PISCINAS; VISITAÇÃO; PROTEÇÃO.
55
Variação espacial dos recifes de coral de Maragogi (APA Costa dos Corais) – zonação
vertical e comparação de métodos de pesquisa
Silveira, C.B.L.1; Ferreira, B.P. 1; Gaspar, A.L.B. 1; Coxey, M.S. 1; Feitosa, C.V. 2
1Universidade Federal de Pernambuco; 2Universidade Federal do Ceará
Recifes coralíneos são estruturas construídas pela ação de organismos vivos cuja tridimensionalidade e
complexidade abriga grande diversidade de nichos ecológicos. O monitoramento dos recifes é importante pois
permite que variações sejam acompanhadas ao longo do tempo e suas causas identificadas. Embora a zonação
típica dos recifes brasileiros já esteja descrita desde trabalhos pioneiros, a maioria dos protocolos de
monitoramento adota métodos que só são aplicáveis a algumas destas zonas morfológicas. Os recifes de
Maragogi, região inserida na APA Costa dos Corais, são monitorados desde 2002 através do Protocolo Reef
Check Brasil, que adota o método Point Intercept Transect (PIT) para classificação e medição de cobertura nas
regiões de crista e topo recifal. O presente trabalho teve como objetivos: i) descrever e quantificar o zoneamento
vertical dos recifes nas zonas de crista, parede e fundo; ii) comparar as diferenças entre zonas e entre sítios; e iii)
comparar duas técnicas de campo (PIT e foto-quadrat) para a zona de topo e crista. Entre janeiro e abril de 2013,
o método PIT foi aplicado na crista recifal enquanto o método de foto-quadrat foi realizado na crista, parede e
fundo. Em relação à porcentagem de cobertura coralínea (incluindo escleractíneos e mileporídeos), as maiores
diferenças foram observadas entre sítios (coberturas médias de coral variando entre 13,7% e 35%) que entre
zonas (crista, parede e fundo apresentaram, respectivamente, 26%, 15% e 16% de cobertura média de coral). Em
contrapartida, as zonas diferiram significativamente na cobertura específica de espécies de corais e na estrutura
da comunidade bentônica. A crista foi composta principalmente por hidrocorais (23%) das espécies Millepora
alcicornis e Millepora braziliensis, enquanto que a cobertura coralínea na parede (10%) e no fundo (15%) foi
representada por corais escleractíneos como Mussismilia harttii, Mussismilia hispida, Siderastrea sp., Montastraea
cavernosa. A categoria predominante de algas na crista e parede foi as calcárias articuladas. A composição das
zonas foi significativamente diferente para um mesmo sítio, mas não houve diferença para a mesma zona entre
diferentes sítios. A comparação entre os métodos PIT e foto-quadrat na estimativa de cobertura mostrou que
estimativas do PIT retrataram coberturas coralíneas, em média, cerca de 10% maiores que o foto-quadrats. Os
métodos amostraram de forma diferenciada determinadas espécies ou grupos de corais, principalmente
hidrocorais da espécie Millepora alcicornis, que são mais representados pelo PIT, enquanto colônias pequenas e
organismos “raros” não são contabilizados pelo método PIT, sendo assim melhor representadas no foto-quadrat.
Estas diferenças indicam que comparações devem se limitar a tendências temporais e não valores absolutos, e
que sempre que possível os métodos devem ser utilizados de forma conjunta. O PIT tem vantagens de oferecer
um diagnóstico rápido e abrangente enquanto o foto-quadrat traz maior detalhamento e permite reamostragem. O
presente trabalho contribui no desenvolvimento de protocolos específicos que levem em conta a complexidade
estrutural e biomorfológica da área, com o objetivo de monitorar alterações de pequena e média escala, efeitos de
mudanças climáticas e possíveis variações temporais nos recifes de coral de Maragogi, contribuindo assim para a
conservação da biodiversidade.
Palavras-chave: COMPLEXIDADE ESTRUTURAL, METODOLOGIA, ZONEAMENTO, BIODIVERSIDADE.
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ÍNDICE DE AUTORES
Almeida, E.M. p.35 Conceição, D. p.46
Almeida, R. p07 Cordeiro, R. p.12
Alves, R.R.N. p.19 Correia, J.R.M.B. p.24
Araújo, J.L. p.11 Costa, A.E.S.F. p.41
Araújo, T.C.M. p.11 Coxey, M.S. p.37, 42, 47, 56
Aschenbrenner, A. p.54 Cunha, F.A.G.C p. 30, 38, 52
Attademo, F.L.N. p.30, 38, 52 Cunha, S. p.37
Barbieri, L.S. p.30, 38, 52 Cunha, S.R. p.21
Barcellos, R.L. p.22 Dantas, I. F.V. 10, 44
Barros, E.L.S.F.C. p.10, 44 Dantas, W.R.S. p.46
Benevides, L.J. p.16 de Araújo, M.E. p.21, 26, 31
Bernard, E. p.11 De La Fuente, M.F. p.50
Bernieri, E.M. p.50 Dias, A.P.S.G. p.25
Bezerra, G. S. p.27 Feitosa, C.V. p.26, 42, 56
Bezerra, T.C.S. p.30, 38, 52 Feitosa, F.A.N. p.18, 22
Bonfim, W.A.G. p.50 Fernandes, A.S. p.32
Borie, A. p.13 Ferreira, B.P. p. 08, 09, 29, 33, 37, 42, 47, 49, 54, 56
Bragagnolo, C. p.10, 44 Figueiredo, L.G.P. p.41
Brito-Lolaia, M. p.39 Flores-Montes, M.J. p.18
Bruno, A.S.S. p.27 França, A.R. p.08, 33
Camargo, J. M. R. p14, 29 Gaspar, A.L.B. p.17, 37, 42, 56
Campion, G. L. L. p.28 Gauthier, M. p.12
Cardoso, A.T.P. p.31, 36 George, C. p.12
Cardoso, B.A. p.20 Gonzaga, E.P. p.45
Carvalho, N. F. p.34 Grande, H. p.17
Carvalho, P. S. M. p.24 Greenhut, J. C. p.35
Coelho-Jr, C. p.07, 22, 35 Guenther, M. p.41
57
Hackradt, C.W. p.54 Oliveira, M. A. p.10, 44
Izidoro, F.B. p.45 Oliveira, M. M. p.28
Lessa, R.P.T. p.53 Oliveira, W.D. p.21
Lima, A.N. p.18 Oliveira, W.D.M. p.31
Lima, G. p.12 Oliveira, Z. B. p.27
Lima, M.C.S. p.25 Otsuka, A.Y. p.18
Lippi, D.L. p.26, 31, 43, 47 Padovani, B. p.13
Luna, F.O. p.30, 38, 52 Paiva, L.M. p.07, 22
Macedo, C.H. p.21 Pedrosa, B.M.J. p.53
Macêdo, C.H.R. p.26, 31 Pedrosa, M. p.09
Magalhães, K.M. p.25, 32 Pedrosa, M.A.B. p.37
Maida, M. p.09, 13, 24, 29, 34, 37, 42, 47, 48 Pereira, H.M. p.48
Malhado, A.C.M. p.10, 44 Pereira, P.H.C. p.35, 43
Malinconico, N. p.31, 36 Pereira, S. C. p.34
Marques, O.K.L. p.50 Pérez, C. p.12
Marques, S. p.49 Pessoa, V.T. p.41
Mattos, F.M.G. p.15, 26 Pinheiro, B. R. p.35
Melo Jr, M. p.41 Pinheiro, F.S. p.46
Melo, P.A.M.C. p.41 Pinto, M.F. p.19
Messias, L.T. p.09, 37 Pinto, T.K. p.16, 23, 27
Mota, A.R. p.41 Quintela, J. B. p.36
Mourão, J.S. p.19 Rêgo, P.R.M. p.07, 22
Neumann-Leitão, S. p.41 Reis, J.V. p.55
Neves, J.R. p.20 Rezende S.M. p.08, 09, 17, 33, 37, 47
Normande, I.C. p. 30, 35, 38, 52 Rezende, S. p.13
Nunes, J.A.C.C. p.16 Sampaio, C.L.S. p.16, 20, 46
Olavo, G. p.08 Santos, A. p.09
58
Santos, A.F.A. p.46 Silva, R.G. p.20
Santos, A.H. p.30, 38, 52 Silva, W.A.A. p.46
Santos, E.C.S. p. 40, 51 Silveira, C.B.L. p.42, 56
Santos, G.S. p.39 Silveira, M.F. p.09
Santos, J.U. p.35 Simon, T.E. p.17, 47
Santos, L. B. p.20 Sommer, I.B. p.30, 38, 52
Santos, L.D. p.22 Sousa, G.P. p.30, 38
Santos, M.V. p.26, 43 Souza, C.N. p.10, 35, 44, 51
Santos, S.M. p.46 Souza, G.P. p.52
Schwamborn, R. p.39, 41 Stefanis, B.S.P.O. p.50
Selva, V.S.F. p.10, 40, 51, 55 Stefanis, E.A.S. p.50
Silva Filho, L.C. p.14 Telis, I.S. p.20
Silva-Falcão, E.C. p.26 Torres Homem, R.M. p.14
Silva, K.P.B. p.23 Travassos, P. p.13
Silva, M.L.G.S. p.30, 38, 52
Chefe da APA Costa dos CoraisIran Campello Normande
Ponto focal de Gestão SocioambientalJosé Ulisses dos Santos
Ponto focal de Pesquisa e MonitoramentoMarius da Silva Pinto Belluci
Ponto Focal de ProteçãoJosé Tadeu de Oliveira
Paulo Roberto Correa de Souza Júnior
Ponto focal de Uso PúblicoEduardo Machado de Almeida
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