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SALVADOR DOMINGO 6/10/2013 OPINIÃO A3 ASSOCIADA À SIP - SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA ASSOCIADA AO IVC - INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO PREMIADA PELA SOCIETY FOR NEWS DESIGN WWW.ATARDE.COM.BR 71 3340 8899 WWW.ATARDEFM.COM.BR 71 3340 8830 M.ATARDE.COM.BR 71 3340 8921 Fundado em 15/10/1912 por Ernesto Simões Filho Conselho de Administração: Presidente: Renato Simões Vice-Presidente: Vera Magdalena Simões Diretor Geral: André Blumberg Diretor de Redação: Vaguinaldo Marinheiro Diretor Comercial: Edmilson Vaz MEMBRO FUNDADOR DA ANJ - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS SEDE: SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP: 41.822-900, SALVADOR/BA, REDAÇÃO: (71)3340.8800, PABX:(71) 3340.8500, FAX: (71)3340.8712 OU 3340.8713, ENDEREÇO TELEGRÁFICO A TARDE FALE COM A REDAÇÃO: (71)3340.8800, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 6:30 ÀS 00 HORAS. SÁBADOS DOMINGOS E FERIADOS: DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: [email protected], (71)3340.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533.0855, PUBLICIDADE: (71)3340-8757 OU 3340-8731, FAX: 3340.8710, CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612 – FAX: 3340.8732. CENTRAL DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE: (71)3533.0850. REPRESENTANTE PARA TODO O PAIS: PEREIRA DE SOUZA E CIA LTDA. RIO DE JANEIRO - TEL:(21) 2544-3070, SÃO PAULO - TEL.:(11) 3231-6111, SALVADOR - TEL.: (71)3646-6550, FORTALEZA - TEL.: (85) 3272-2429, GOIÂNIA/GO - TEL.: (62) 3287-2770, 3287-3993, 3287-3287, 3287- 4370, BELO HORIZONTE - TEL.: (31) 3224-1245, BELÉM - TEL: (91)3244-4722/3233-5163, RECIFE - TEL: (81) 3327-3785, CURITIBA - TEL: (41) 3352-2330 - 3352-8921, PORTO ALEGRE/RS - TEL.: (51) 3311-8377, OUTROS TELEFONES PELO BRASIL: SUCURSAIS: BARREIRAS/BA: RUA DOM PEDRO SEGUNDO 133, 2.º ANDAR, CEP: 47.800-000, TELEFONE: (77) 3611.4444, BRASÍLIA: END: SCS, QUADRA 1, EDIFICIO CENTRAL, SALA 1001 E 1008. CEP: 70.304-900, TELEFONES: (61) 32260543 OU 322-1343, FEIRA DE SANTANA: AV. 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BRUNO AZIZ O Estatuto do Idoso completou dez anos. Algo a comemorar? Muito pouco. Ser idoso neste País significa, em geral, ter baixa renda, que não dá para comprar re- médios indispensáveis ao prolongamento da vida. Significa também exclusão do ambiente familiar, exílio, abandono. A velhice é digna apenas para as apo- sentadorias e pensões ricas. Para os que puderam amealhar – e raramente entra nis- so o mérito do trabalho árduo e honesto. A existência de castas oriundas da má dis- tribuição de riqueza e pressão do poder econômico opõe nobres e vassalos. Um flagrante desrespeito, que assume a forma da desatenção, pune em cheio o ido- so. Como e de onde tirar alegria, em época marcada pela dependência, pelos cuidados diários, se por toda parte o idoso brasileiro é considerado um vulto, quase um espectro para o qual não se olha duas vezes? O Estatuto do Idoso é por enquanto mais uma lei de fachada. Serve para gerar miúdos gestos de cortesia aqui e ali, praticados por pessoas de fato educadas. Se não evita o desconforto, corre o risco de engrossar o elenco de ações hipócritas que caracteriza nossa cultura. Somos mesmo um bando de hipócritas. De fingidores, de dissimuladores, dos que arvoram falsa virtude e em proveito do seu bem-estar atraem para si uma aura de santidade. O resto – todos os indesejáveis e injustiçados – que se arranje como melhor lhe aprouver. Um país que remenda tanto a Consti- tuição e insiste em negar seus preceitos básicos, na prática desafiadora da politi- cagem, da corrupção, tem longa estrada a percorrer. Em que geração obteremos fi- nalmente a consciência dos direitos hu- manos, da justiça social aplicada? O Dia do Idoso foi marcado em Salvador por uma marcha de senhoras e senhores da cha- mada terceira idade, que alguns idosos tolos consideram “a melhor idade”. Ainda bem que o desejo de protesto, de cobranças públicas começa a arder, apesar do spray de pimenta e das bombas de gás que a hipocrisia rotula “de efeito moral”. HÉLIO PÓLVORA ESCREVE AOS DOMINGOS Hélio Pólvora Escritor, membro da Academia de Letras da Bahia [email protected] O desânimo e a tristeza se abateram sobre aqueles dois discípulos que voltavam de Jerusalém para Emaús. Eles haviam seguido Jesus de Nazaré e pos- to nele sua esperança, mas estavam de- cepcionados, porque tudo terminara de for- ma rápida, inesperada e frustrante. Con- denado, Jesus não reagiu; castigado, não se defendeu; ironizado pelos soldados, não desceu da Cruz para mostrar o seu poder. Onde ficaram suas palavras, seus milagres e as multidões que o haviam seguido? O que restava de suas promessas e da es- perança que havia despertado em tantos corações? Para os dois discípulos, só havia uma saída: deixar Jerusalém e voltar para a sua aldeia. Estavam voltando, na verdade, para sua vida antiga, sem perspectivas e sem esperança. Foi quando um desconhe- cido pediu para acompanhá-los e quis co- nhecer o motivo de sua tristeza. Tendo ou- vido sua história marcada por decepções, passou a demonstrar-lhes que conhecia as promessas feitas pelos profetas, que a Cruz e a morte no Calvário, longe de terem sido o final de tudo, eram um novo caminho que se abria para eles. Suas palavras eram uma luz para aqueles corações envolvidos por nuvens escuras. Tendo chegado a Emaús, vendo que o desconhecido ia adiante, os dois discípulos lhe fizeram um convite: “Fica conosco, Se- nhor” (Lc 24,29). Convite feito, convite acei- to. Quando o companheiro de caminhada sentou-se à mesa com eles e partiu o pão, perceberam que ele era Jesus. “Neste mo- mento, seus olhos se abriram, e eles o re- conheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles” (Lc 24,31). A explicação das Escrituras, na viagem com o desconhecido, não havia sido suficiente para abrir os olhos dos discípulos de Emaús. Seus corações arderam, é verdade, mas o gesto es- sencial para reconhecerem o Ressuscitado foi o pão partido e repartido. Foi nessa hora que Cristo revelou sua identidade. Ao participarem desse gesto de partilha, reconheceram aquele que durante sua vida sempre se doara aos outros – doação que teve seu ponto máximo no Calvário. Dom Murilo S.R. Krieger Arcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil [email protected] EDITORIAL Arrecadação e gastos A capacidade de investimento da Prefeitura de Salvador foi praticamente nula neste ano: apenas 0,5% do orçamento, segundo números apresentados pelo secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Foi resul- tado do profundo desequilíbrio entre re- ceita e despesa no município. Para o ano que vem, a intenção é ampliar esse per- centual, passando para 16%. Faz-se urgente retomar a capacidade de investimento, ancorada na redução dos gastos e, ao mesmo tempo, na ampliação da receita. A expectativa da Fazenda é de que esta aumente 56% em 2014. Deve-se, no entanto, ter o cuidado de construir esse crescimento ancorado na re- dução da inadimplência ou no combate à sonegação, em vez de à custa da população que já arca com o pagamento dos diversos impostos. Outro caminho a ser perseguido é o que dá acesso às verbas federais, dis- poníveis via apresentação de projetos. E há, ainda, a possibilidade de empréstimos na- cionais ou do exterior. O atual nível de atividade econômica em Salvador, paralisada em parte pelo impasse jurídico com o PDDU (Plano Diretor de De- senvolvimento Urbano) e a Louos (Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo), é incompatível com previsões muito otimis- tas quanto ao aumento da arrecadação. Mas, uma vez ampliada, seria inaceitável ver todo o esforço escoar em direção do custeio da máquina pública (hoje mais da metade dos recursos próprios está com- prometida com o pagamento da folha de salário dos servidores municipais). Salvador é uma cidade-dormitório, sem indústrias, dependente do setor de serviços e do turismo, e nos últimos anos tem perdido visitantes por conta da degradação da orla, do abandono a que foi relegado o Centro Histórico, do caos instalado no trânsito e do aumento da violência. A utilização racional dos recursos, por- tanto, é tão imprescindível quanto o au- mento dos investimentos em obras de in- fraestrutura, de ampliação da mobilidade urbana e de melhoria da qualidade de vida dos moradores. “O País não valoriza o conhecimento, apenas o título. O aluno quer terminar o curso sem se preocupar se realmente aprendeu” PRISCILA FONSECA DA CRUZ, diretora do movimento Todos pela Educação Os idosos são espectros Fica conosco, Senhor! Os discípulos de Emaús e os primeiros cristãos compreenderam muito bem a im- portância das lições deixadas por Jesus; tanto, que se tornaram “perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na co- munhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At 2,42). Na “fração do pão”, fa- ziam memória da vida, morte e ressur- reição de Jesus. A instituição da Eucaristia, na noite da Quinta-feira Santa, havia an- tecipado, sacramentalmente, o dom que Cristo faria de si mesmo ao Pai, no Calvário. Agora, em cada fração do pão, essa me- mória seria perpetuada pelos séculos afora. A Igreja passaria a viver de Jesus euca- rístico, por ele seria nutrida e por ele seria iluminada. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempre que a Igreja a celebra, podemos reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: “Seus olhos se abriram, e eles o reconhe- ceram” (cf. EE, 3 e 6). Os discípulos de Emaús, tendo reconhecido o Mestre, partiram com alegria para a missão. Deixaram sua aldeia e voltaram a Jerusalém, para se encontrarem com os outros discípulos, pois queriam comunicar-lhes a experiência que tinham tido com o Senhor. Tornaram-se, assim, testemunhas do Ressuscitado. É isso que Jesus continua realizando em cada Missa. Ele transforma seus discípulos em alegres mis- sionários, anunciadores da certeza que nos dei- xou: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Como preci- samos dessa presença! “Sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro” (Bento XVI, 13.05.07). Aproximar-se da Eucaristia é fazer nosso o pedido dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, Senhor!” Como em Emaús, Jesus se senta co- nosco, toma o pão, pronuncia a bênção, parte o pão e o distribui. Assim, terminada a ce- lebração, quando ouvimos: “Ide em paz, o Se- nhor os acompanhe!”, somos convidados e nos levantar e a voltar para a nossa Jerusalém, testemunhando a todos o nosso encontro com o Ressuscitado e enfrentando, com renovada alegria, nossa missão. D. MURILO KRIEGER ESCREVE AOS DOMINGOS

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SALVADOR DOMINGO 6/10/2013 OPINIÃO A3

ASSOCIADAÀ SIP -

SOCIEDADEINTERAMERICANA

DE IMPRENSA

ASSOCIADAAO IVC -

INSTITUTOVERIFICADOR DECIRCULAÇÃO

PREMIADAPELA

SOCIETYFOR NEWSDESIGN

WWW.ATARDE.COM.BR

71 3340 8899

WWW.ATARDEFM.COM.BR

71 3340 8830

M.ATARDE.COM.BR

71 3340 8921

Fundado em 15/10/1912 por Ernesto Simões Filho

Conselho de Administração:Presidente: Renato SimõesVice-Presidente: Vera Magdalena SimõesDiretor Geral: André BlumbergDiretor de Redação: Vaguinaldo MarinheiroDiretor Comercial: Edmilson Vaz

MEMBROFUNDADOR DA ANJ

- ASSOCIAÇÃONACIONALDE JORNAIS

SEDE: SEDE: RUA PROFESSORMILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DASÁRVORES, CEP: 41.822-900, SALVADOR/BA, REDAÇÃO: (71)3340.8800, PABX:(71)3340.8500, FAX: (71)3340.8712 OU 3340.8713, ENDEREÇO TELEGRÁFICO A TARDEFALE COM A REDAÇÃO: (71)3340.8800, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 6:30 ÀS00HORAS. SÁBADOSDOMINGOSEFERIADOS:DAS9:00ÀS21HORAS;SUGESTÃODE PAUTA: [email protected], (71)3340.8991.CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533.0855, PUBLICIDADE: (71)3340-8757 OU3340-8731, FAX: 3340.8710, CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612 – FAX: 3340.8732. CENTRALDEASSINATURASBAHIAESERGIPE: (71)3533.0850.REPRESENTANTEPARATODOOPAIS: PEREIRADE SOUZA E CIA LTDA. RIODE JANEIRO - TEL:(21) 2544-3070, SÃOPAULO - TEL.:(11) 3231-6111, SALVADOR - TEL.: (71)3646-6550, FORTALEZA - TEL.: (85)3272-2429, GOIÂNIA/GO - TEL.: (62) 3287-2770, 3287-3993, 3287-3287, 3287- 4370,BELO HORIZONTE - TEL.: (31) 3224-1245, BELÉM - TEL: (91)3244-4722/3233-5163,RECIFE - TEL: (81) 3327-3785, CURITIBA - TEL: (41) 3352-2330 - 3352-8921, PORTOALEGRE/RS - TEL.: (51) 3311-8377, OUTROS TELEFONES PELO BRASIL: SUCURSAIS:BARREIRAS/BA: RUA DOM PEDRO SEGUNDO 133, 2.º ANDAR, CEP: 47.800-000,TELEFONE: (77) 3611.4444, BRASÍLIA: END: SCS, QUADRA 1, EDIFICIO CENTRAL,SALA 1001 E 1008. CEP: 70.304-900, TELEFONES: (61) 32260543 OU 322-1343, FEIRADE SANTANA: AV. GETÚLIO VARGAS, 2020, 1.º ANDAR, SALA 104 – PONTOCENTRAL, CEP: 44.010-100, TELEFONE: (75) 3625-1488 E (75) 3616-1486, RIO DEJANEIRO: RUA DA ALFÂNDEGA, 91, SALA 206, CENTRO, CEP: 20.070-001, TE-LEFONE: (21) 2224.3086, SANTO ANTÔNIO DE JESUS: RUA TIRADENTES, 30, SALA305, 3.º ANDAR, EDIFICIO SÃOFRANCISCO, CENTRO, CEP: 44.571-115, TELEFONE: (75)3631-3010, INTERIORDABAHIA EREGIÃOMETROPOLITANADE SALVADOR:VM2PUBLICIDADE, AVENIDA JOÃO DURVAL CARNEIRO, 3486, 1.º ANDAR, SALA 06,CASEB, CEP: 44.056-033, TELEFONE: (75) 3635.1044 / 3635-1037, SERGIPE EALAGOAS: GABINETE DE MÍDIA E COMUNICAÇÃO LTDA, RUA ROSALINA, 346,JARDIM MAR AZUL, FAROLÂNDIA, CEP: 49.032-150, TELEFONE: (79) 3246.4139 OU,(79)9978-8962, PREÇO DE ASSINATURAS: ANUAL: R$ 782,00 – OBS: PREÇOBÁSICO DE REFERÊNCIA PARA ASSINATURA ANUAL/DIÁRIA. CONSULTE OU-TRAS MODALIDADES E PREÇOS PROMOCIONAIS. VENDA AVULSA BAHIA ESERGIPE: DIAS ÚTEIS: R$ 2,00. DOMINGO: R$ 3,00. OUTROS ESTADOS: DIASÚTEIS R$ 4,00, DOMINGOS: R$ 5,00.

BRUNO AZIZ

OEstatuto do Idoso completou dez anos.Algo a comemorar? Muito pouco. Seridoso neste País significa, em geral, ter

baixa renda, que não dá para comprar re-médios indispensáveis ao prolongamento davida. Significa também exclusão do ambientefamiliar, exílio, abandono.A velhice é digna apenas para as apo-

sentadorias e pensões ricas. Para os quepuderam amealhar – e raramente entra nis-so o mérito do trabalho árduo e honesto. Aexistência de castas oriundas da má dis-tribuição de riqueza e pressão do podereconômico opõe nobres e vassalos.Um flagrante desrespeito, que assume a

forma da desatenção, pune em cheio o ido-so. Como e de onde tirar alegria, em épocamarcada pela dependência, pelos cuidadosdiários, se por toda parte o idoso brasileiroé considerado um vulto, quase um espectropara o qual não se olha duas vezes?OEstatuto do Idoso é por enquantomais uma

lei de fachada. Serve para gerar miúdos gestosde cortesia aqui e ali, praticados por pessoas defato educadas. Se não evita o desconforto, correo risco de engrossar o elenco de ações hipócritasque caracteriza nossa cultura.Somos mesmo um bando de hipócritas. De

fingidores, de dissimuladores, dos que arvoramfalsa virtude e em proveito do seu bem-estaratraem para si uma aura de santidade. O resto– todos os indesejáveis e injustiçados – que searranje como melhor lhe aprouver.Um país que remenda tanto a Consti-

tuição e insiste em negar seus preceitosbásicos, na prática desafiadora da politi-cagem, da corrupção, tem longa estrada apercorrer. Em que geração obteremos fi-nalmente a consciência dos direitos hu-manos, da justiça social aplicada?

O Dia do Idoso foi marcado em Salvador poruma marcha de senhoras e senhores da cha-mada terceira idade, que alguns idosos tolosconsideram “a melhor idade”. Ainda bem queo desejo de protesto, de cobranças públicascomeça a arder, apesar do spray de pimenta edas bombas de gás que a hipocrisia rotula “deefeito moral”.

HÉLIO PÓLVORA ESCREVE AOS DOMINGOS

Hélio PólvoraEscritor, membro da Academia de Letras daBahia

[email protected]

Odesânimo e a tristeza se abateramsobre aqueles dois discípulos quevoltavam de Jerusalém para Emaús.

Eles haviam seguido Jesus de Nazaré e pos-to nele sua esperança, mas estavam de-cepcionados, porque tudo terminara de for-ma rápida, inesperada e frustrante. Con-denado, Jesus não reagiu; castigado, não sedefendeu; ironizado pelos soldados, nãodesceu da Cruz para mostrar o seu poder.Onde ficaram suas palavras, seus milagrese as multidões que o haviam seguido? Oque restava de suas promessas e da es-perança que havia despertado em tantoscorações? Para os dois discípulos, só haviauma saída: deixar Jerusalém e voltar paraa sua aldeia. Estavam voltando, na verdade,para sua vida antiga, sem perspectivas esem esperança. Foi quando um desconhe-cido pediu para acompanhá-los e quis co-nhecer o motivo de sua tristeza. Tendo ou-vido sua história marcada por decepções,passou a demonstrar-lhes que conhecia aspromessas feitas pelos profetas, que a Cruze a morte no Calvário, longe de terem sidoo final de tudo, eram um novo caminho quese abria para eles. Suas palavras eram umaluz para aqueles corações envolvidos pornuvens escuras.Tendo chegado a Emaús, vendo que o

desconhecido ia adiante, os dois discípuloslhe fizeram um convite: “Fica conosco, Se-nhor” (Lc 24,29). Convite feito, convite acei-to. Quando o companheiro de caminhadasentou-se à mesa com eles e partiu o pão,perceberam que ele era Jesus. “Neste mo-mento, seus olhos se abriram, e eles o re-conheceram. Ele, porém, desapareceu davista deles” (Lc 24,31).A explicação das Escrituras, na viagem com

o desconhecido, não havia sido suficiente paraabrir os olhos dos discípulos de Emaús. Seuscorações arderam, é verdade, mas o gesto es-sencial para reconhecerem o Ressuscitado foi opão partido e repartido. Foi nessa hora queCristo revelou sua identidade. Ao participaremdesse gesto de partilha, reconheceram aqueleque durante sua vida sempre se doara aosoutros – doação que teve seu pontomáximonoCalvário.

Dom Murilo S.R. KriegerArcebispo de São Salvador da Bahia e primaz do Brasil

[email protected]

EDITORIAL

Arrecadaçãoe gastosAcapacidadedeinvestimentodaPrefeitura

de Salvador foi praticamente nula neste

ano: apenas 0,5% do orçamento, segundo

números apresentados pelo secretário da

Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Foi resul-

tado do profundo desequilíbrio entre re-

ceita e despesa no município. Para o ano

que vem, a intenção é ampliar esse per-

centual, passando para 16%.

Faz-se urgente retomar a capacidade de

investimento, ancorada na redução dos

gastos e, ao mesmo tempo, na ampliação

da receita. A expectativa da Fazenda é de

que esta aumente 56% em 2014.

Deve-se, no entanto, ter o cuidado de

construir esse crescimento ancorado na re-

dução da inadimplência ou no combate à

sonegação, emvezdeàcustadapopulação

que já arca com o pagamento dos diversos

impostos.Outrocaminhoaserperseguidoé

o que dá acesso às verbas federais, dis-

poníveis viaapresentaçãodeprojetos. E há,

ainda, a possibilidade de empréstimos na-

cionais ou do exterior.

O atual nível de atividade econômica em

Salvador,paralisadaempartepeloimpasse

jurídico com o PDDU (Plano Diretor de De-

senvolvimento Urbano) e a Louos (Lei de

Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo), é

incompatível com previsões muito otimis-

tas quanto ao aumento da arrecadação.

Mas,umavezampliada, seria inaceitável

ver todo o esforço escoar em direção do

custeio da máquina pública (hoje mais da

metade dos recursos próprios está com-

prometida com o pagamento da folha de

salário dos servidoresmunicipais).

Salvador é uma cidade-dormitório, sem

indústrias,dependentedosetordeserviçose

do turismo, enosúltimosanos temperdido

visitantespor contadadegradaçãodaorla,

do abandono a que foi relegado o Centro

Histórico,docaos instaladono trânsitoedo

aumento da violência.

A utilização racional dos recursos, por-

tanto, é tão imprescindível quanto o au-

mento dos investimentos em obras de in-

fraestrutura, de ampliação da mobilidade

urbanaedemelhoriadaqualidadedevida

dosmoradores.

“O País não valoriza o conhecimento, apenas o título.O aluno quer terminar o curso sem se preocupar serealmente aprendeu” PRISCILA FONSECA DA CRUZ, diretora do movimento Todos pela Educação

Os idosossão espectros

Fica conosco,Senhor!

Os discípulos de Emaús e os primeiroscristãos compreenderam muito bem a im-portância das lições deixadas por Jesus;tanto, que se tornaram “perseverantes emouvir o ensinamento dos apóstolos, na co-munhão fraterna, na fração do pão e nasorações” (At 2,42). Na “fração do pão”, fa-ziam memória da vida, morte e ressur-reição de Jesus. A instituição da Eucaristia,na noite da Quinta-feira Santa, havia an-tecipado, sacramentalmente, o dom queCristo faria de si mesmo ao Pai, no Calvário.Agora, em cada fração do pão, essa me-mória seria perpetuada pelos séculos afora.A Igreja passaria a viver de Jesus euca-rístico, por ele seria nutrida e por ele seriailuminada. A Eucaristia é mistério de fé e,ao mesmo tempo, mistério de luz. Sempreque a Igreja a celebra, podemos reviver aexperiência dos dois discípulos de Emaús:“Seus olhos se abriram, e eles o reconhe-ceram” (cf. EE, 3 e 6).

Os discípulos de Emaús, tendo reconhecidoo Mestre, partiram com alegria para a missão.Deixaram sua aldeia e voltaram a Jerusalém,para se encontrarem com os outros discípulos,pois queriam comunicar-lhes a experiênciaque tinham tido com o Senhor. Tornaram-se,assim, testemunhas do Ressuscitado. É isso queJesus continua realizando em cada Missa. Eletransforma seus discípulos em alegres mis-sionários, anunciadores da certeza que nos dei-xou: “Eis que estarei convosco todos os dias, atéo fim dos tempos” (Mt 28,20). Como preci-samos dessa presença! “Sem Cristo não há luz,não há esperança, não há amor, não há futuro”(Bento XVI, 13.05.07).

Aproximar-se da Eucaristia é fazer nosso opedido dos discípulos de Emaús: “Fica conosco,Senhor!” Como em Emaús, Jesus se senta co-nosco, toma o pão, pronuncia a bênção, parteo pão e o distribui. Assim, terminada a ce-lebração, quando ouvimos: “Ide em paz, o Se-nhor os acompanhe!”, somos convidados e noslevantar e a voltar para a nossa Jerusalém,testemunhando a todos o nosso encontro como Ressuscitado e enfrentando, com renovadaalegria, nossa missão.

D. MURILO KRIEGER ESCREVE AOS DOMINGOS