padres casados no cearÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. o anfitrião sem-pre faz...

16

Upload: others

Post on 28-Oct-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha
Page 2: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

2 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

A nossa felicidadeé grande pelarealização do

XIX Encontro Nacionaldo Movimento das Fa-mílias dos Padres Casa-dos e estamos gratospela participação e en-volvimento de todos.Não podemos deixar dereconhecer que o esfor-ço de cada membro domovimento foi decisivono sucesso do nosso En-contro e neste sentido la-mentamos a ausência detantos outros, que pormotivos diversos nãopuderam comparecer.

Constatamos que oflorescer da juventudetornou-se um sinal visí-vel que poderá frutificarainda mais nos próximosencontros. Aos nossosfilhos do Ceará quere-mos dizer em alta voz:muito obrigado por faze-rem a diferença!

Agradecemos tam-bém às nossas viúvasque, aos poucos, supe-ram a dor da saudade enos presenteiam com

EDITORIAL

Amigas e amigos:quis o "DESTI-NO", isto é, a

Assembleia ordinária doMFPC/AR que eu con-tinuasse por mais umperíodo de 2 e meio anoscomo editor do nosso jor-nal RUMOS...

Apesar de meus 81anos - bem vividos - e nãose prontificando ninguémpara me suceder, aceiteiesta missão, movido pelogrande amor que dedicoao Movimento.

Na mesma Assem-bléia ficou decidido, pelagrande maioria, que ojornal continuará impres-so e eletrônico.

Para sua sobrevivên-cia financeira foi precisoelevar a anuidade para40,00, dadas as altas dastaxas de correio, diagra-mação e impressão.

Felizmente um bomnúmero dos 147 partici-pantes renovou a anuida-

de, e outro tanto efetuousua primeira assinatura.Dentre os quais vários tor-naram-se sócios da Asso-ciação Rumos, e com issotêm o direito de recebergratuitamente as ediçõesimpressas do jornal..

Eu e a Diretoria espe-ramos que centenas deleitores(as) do jornal ele-trônico se tornem, tam-bém, assinantes ou, me-lhor, sócios. Garantindo,assim, a saúde financeirae a melhoria do jornal.

Outra recomendaçãosugerida é que venham, porparte dos leitores(as), mui-tas matérias, depoimentosou artigos, a fim de tornaro jornal mais "nosso".

Espero que nesses pró-ximos anos algum colegapadre casado, ou sua es-posa, ou algum filho ou fi-lha se forme em jornalis-mo, para me substituir emjaneiro de 2015, no XXEncontro Nacional a rea-

EX

PE

DIE

NT

E

Diretoria Executiva da Associação Rumos:biênio 2012/2014

- Presidente: José Edson da Silva;- Vice-Presidente: José Colaço Martins Dourado;- 1º.Secretário: José Carlos Porto Silvério de Andrade;- 2º. Secretário: Rosa Silvério Porto de Andrade;- 1º.Tesoureiro: Enoch Brasil de Matos Neto;- 2º. Tesoureiro: Maria de Fátima Lima Brasil;Obs: os membros da Diretoria assumem com seus cônjuges.

O JORNAL RUMOS é uma publicação bimes-tral da Associação Rumos/Movimento das Famíli-as dos Padres Casados do Brasil (MFPC). A Asso-ciação Rumos é uma sociedade civil de direito pri-vado, de âmbito nacional, com finalidades assis-tenciais, filantrópicas, culturais e educacionais,sem fins lucrativos.

Carta do Presidente aos leitores

suas presenças, indican-do-nos que a vida conti-nua e que necessitamosde navegar em águasmais profundas.

Amados e amadas, épreciso falar que as temá-ticas discutidas no nossoEncontro são apenas pe-quenas contribuições paratermos fôlego para novosdesafios, pois temos a cer-teza que o potencial donosso Movimento vaialém do apresentado aquiem Fortaleza.

O nosso agradecimen-to se estende aos nossosconferencistas: Maria So-ave, Manfredo Oliveira eCarlos Tursi pelo testemu-nho profético à luz do Con-cílio Vaticano II e que, apartir de tantas reflexões,possamos construir umaIgreja-família que respon-da às demandas atuais danossa sociedade.

Enfim, no intuito deagregarmos novos conhe-cimentos e experiências,contamos com a partici-pação de todos, enviandonotícias para nosso site

pelo [email protected] divulgando o nosso Jor-nal Rumos. E que os nos-sos amigos e familiaresnão sejam meros assi-nantes do jornal, massócios da nossa Associ-ação Rumos.

Uma vez que fui ree-leito como presidente doMFPC e AR, a minha mis-são prioritária até 2015será a articulação do Mo-vimento em cada Estadoe, neste sentido, irei rea-vivar os encontros regio-nais. Desejo contar coma disponibilidade de todos.

Grande abraço e queDeus continue a nos ilu-minar.

José Edson da Silva

[email protected]

Caríssimos e amadosirmãos, saúde e paz!

lizar-se em Curitiba-PR.Esta edição prestigia

com 5 páginas internas(4 a 8) e com a capa omaravilhoso eventoacontecido em Fortaleza,o XIX Encontro Nacio-nal do MFPC/AR.

Findando, peço a to-dos que me auxiliem comsuas críticas construtivase valiosas sugestões,como podem constatarnesta edição à página 3.

Abraço fraterno a to-das e todos, com as me-lhores bênçãos de Deus.

Giba [email protected]

Por engano foi colocada, na edição 223 do jornal Rumos, ä pág. 4,uma foto que não é do autor do artigo "Depoimento pastoral", BrianEyre. Nossas escusas. Giba editor.

Errata

1. O MFPC no Ceará temuma coordenação formada detrês casais: Um casal presiden-te (Luciano e Homéria), outro,secretário (atualmente: Carlos,filho e Rosa, viúva) e outro, te-soureiro (Aroldo e Margarida).Essa equipe é eleita pelo grupo,tem um ano de mandato, poden-do ser reeleita.

2. Realizamos um encontromensal, sempre na casa de umcasal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche.

3. Nesse encontro mensalfazemos uma partilha de R$10,00 (dez reais), que cobre as

PADRES CASADOS NO CEARÁdespesas mais comuns, sobre-tudo a Confraternização doNatal. Temos ajudado colegasnecessitados. Há uma ContaCorrente sob a responsabilida-de do Tesoureiro, que semprenos presta conta.

4. O secretário escreve umacarta mensal aos colegas lem-brando do encontro do mês, otema e o local. Nesta carta lem-bra, ainda, os aniversariantes domês, incluindo filhos e netos.

5. Esses encontros seguemum calendário anual, semprecombinado no primeiro encon-tro do ano, quando se marca adata e a casa do colega onde

haverá o encontro.6. Em geral os encontros

têm um tema específico, temaesse conduzido ou provocadopor um dos colegas. Por vezes,convidamos um assessor. Porexemplo: Campanha da Frater-nidade de cada ano.

7. Na época da Páscoa, doAdvento e do Natal realizamosencontros específicos. A Pás-coa e o Advento são celebra-dos no Mosteiro de São Bento.A missa é cantada pelo coral doMFPC. O prior do Mosteirocostuma convidar um padrecasado para fazer a homilia.Comungamos todos no altar. Há

a cada ano a confraternizaçãode Natal na casa de algum co-lega.

8. Desde o ano passado,2011, passaram a se reunir emgrupos específicos os jovens fi-lhos de padres casados e as vi-úvas. Não é mensal, cada gru-po faz seu calendário.

9. Tanto as viúvas quanto osjovens são, também, convidadosa participarem do encontromensal. Alguns sempre partici-pam.

10. Este ano, 2012, participa-mos de um Programa de TV, naTV Diário, onde nos pergunta-vam como é a vida do padre ca-

sado. Quatro casais participaram.11. Quando falece algum

colega, geralmente o secretárionos comunica pela internet e osque podem vão ao velório e mis-sas pós-morte, sobretudo, 7º e30º dia.

12. Para a preparação des-te XIX Encontro Nacional fize-mos uma caminhada de doisanos. Várias equipes foram for-madas e nos encontros mensaisdebatíamos um texto indicado eorientado pela equipe temática.

É assim que caminha oMFPC no Ceará.

Homéria e Lucianocasal Coordenador.

Conselho Fiscal e suplentes:- Titulares: Ana Cristina Rolim Mota Hoci, Everaldo Bezerra Fialho, Luciano Sampaio;-Suplentes: Carlos Nicolai Araujo Hoci, Ester Rolim Mota e Maria Homéria L. Moraes;Conselho Consultivo da AR (Estados presentes no Encontro): MG: José Lino e Beatriz, CE: Elmase Zelila, MA: José Caetano, PR: Antônio Zancanaro e Rosa, RJ: Antonio Bonifácio e Angelina, SP:Abel e Neide, SC: João Fachini e Justina, PE: Bernardo e Marta, DF: Fernando e Telma, BA: AlmirSimões, AM: Giovanni Gerbaldo e Iracema.- Correspondência: artigos, comunicações, artigos, sugestões e críticas devem ser dirigidos para oe-mail: [email protected] de Gilberto Luiz Gonzaga, Porto Belo SC, fone 47-33694672- Os textos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal e são de inteira respon-sabilidade de seus autores;- Assinatura anual: R$ 40,00 (quarenta reais)Pagamento pelo Banco ITAÚ Agência 4453; Conta No. 07294-6 OU Banco do Brasil Agência 2850-9 Conta Nº 1025-1Comunique imediatamente ao nosso tesoureiro José Colaço Martins Dourado por e-mail([email protected]), ou telefone (85-8899-9287)Associação Rumos:Anuidade de sócio - R$ 138,00 (Cento e trinta e oito reais) com direito ao jornal Rumos;Contribuição para um fundo de ajuda mútua: a partir de R$ 1,00 por mês. Total: 150,00

Coordenador do Próximo Encontro Nacional (XX) em Curitiba, PR, em janeiro de 2015: Armando Holo-cheski e Altiva (PR). Com a colaboração dos grupos de MFPC do PR e SC.Conselho Diretivo do MFPC:- Presidente: o Presidente da AR, José Edson;- Secretário: a ser nomeado pelo Conselho;- Coordenador do Conselho Editorial do JR e do Site da AR: Gilberto Gonzaga- Administrador Técnico do Site www.padrescasados.org José Carlos P. S. de Andrade (CE);- Moderador do e-Grupo [email protected] João Tavares (MA);- Delegados para Eventos Internacionais: Armando Holocheski e Altiva (PR). Suplentes: Os membros doMFPC que viajarem a países estrangeiros;- Coordenadores do Grupo de Estudos Bíblicos e Teológicos: Gerard Frencken (CE) e Eduardo Hoornaert(BA);- Coordenadora do Grupo de Viúvos e Viúvas: Bernizzeth Zorthea (BA);- Coordenadores do Grupo dos Filhos dos Padres Casados: José Expedito Rolim Mota e Rejane (CE);- Representante dos Grupos Locais: a ser escolhido pelo Conselho, ouvidas as bases em cada lugar;- Assessor Jurídico e Curador do Patrimônio da AR: Antônio Evangelista de Andrade (DF);JORNAL RUMOS: é uma publicação bimestral da AR/MFPC.- Coordenador do Conselho Editorial do Jornal Rumos: Gilberto Luiz Gonzaga (SC); Jornalista responsável:Mauro Queiroz (SP);- Diagramação: Rodrigo Maierhofer Macedo (SC);

Page 3: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

3Jornal RUMOS

PÁGINA DOS LEITORESCaríssimo Giba,Parabéns pelo Rumos 225. Agradecido por

todo o trabalho que isso lhe deve ter causa-do. Vamos nos ver em Fortaleza e será bom!

Eduardo [email protected]

Olá amigos... saiu o novo Rumos... estáforte e robusto... filho lindo, saudável... con-sistente e pleno de alegria. Parabéns!!!

José Edson [email protected]

Amigo Gilberto: Muchas gracias. Comosiempre, ¡Felicidades!.

Con el favor de Dios, pronto nos vere-mos. Un saludo cariñoso aAglésia.Fraternalmente

Lauro Macías [email protected]

Mais uma vez MUITO OBRIGADO peloenvio do Novo Rumos!

Polêmica a parte (embora conhecesse oevento), gostei que publicou Maçonaria eIgreja.

Saúde e paz junto à tua família, meu que-rido amigo Gilberto.

Giuseppe Martinelli.'. (Grau 33º)[email protected]

Gilberto, agradeço-lhe pelo envio do RU-MOS Nº 225. Além de eu ler, eu repasso paraos meus alunos de Pastoral da Comunica-ção, evidenciando do RUMOS: diagramação,versatilidade, títulos, fotos, assinatura dostextos, conveniência dos assuntos, coragem...

Pe. Má[email protected]

Recebi o jornal, e estou degustando-oaos pouquinhos... já li alguns artigos, exce-lentes!!! Parabéns novamente querido gê-nio paizinho!

Marilu [email protected]

Valeu, companheiro Giba, muito obrigado,vou ler até os comerciais, pelo jeito está umapérola do saber, do conhecimento, da infor-mação, da reflexão, da crítica e de aprendiza-gem. Até o encontro em Fortaleza. Abraços,

Pe. Jose Caetano Cardoso de [email protected]

Grande amigo, gostei muito do artigo"Eu sou riquíssimo".

Luiz Alberto [email protected]

Aos amigos pais e mães do nosso JornalRumos 225, o artigo do João Schmitz sobreEucaristia está muito bom. Realmente hojetemos muito mais gente preparada do quenos tempos apostólicos. Porém suspeito quefalte base bíblica, que o clero também nãotem, mas se arrasta esvaziando a mensagemdo Cristo e enchendo com devoções.

Parece, apesar de tantos leigos doutores,mestres e bacharéis em "teologia" (de níveisdiversos, retrato da educação no Brasil), quetais entes universitários alimentados por "San-to Aristóteles e pelo filosofo Tomás de Aqui-no", carecem de estudos bíblicos e vontadede meter a mão na massa; parecem viciados,dopados pelas orientações vaticanas para aeducação católica, desejosos mais de alimen-tar seus intelectos do que entusiasmadospelo Reino, e muito menos amadurecidos paraa condução, a liderança de comunidades,pequenas ou grandes. Parabéns por mais estaexcelente edição.

Bismarck Frota [email protected]

Obrigado meu amigo Giba pelo jornal,que está cada vez melhor.

Um abraço a você e a Aglésia.Deurivaldo Rodrigues [email protected]

Acabo de ler o JR 225. Fiquei muito alegrequando verifiquei que retiraram o João BasílioShimitt do limbo em que estava condenadopela Associação Rumos. Veja que contradi-ção: O Shimitt foi a alma inicial da AR.

Parabéns aos que decidiram publicar seuartigo nesta edição. Felizes ficam os leitoresdo JR com o belíssimo artigo do Shimitt,mostrando e clareando a história da Euca-ristia na vida da Igreja.

Um dia , creio que não tardará, passare-mos a viver a missa como ação de graças enão como sacrifício. Quem o exige é a ne-cessidade de evangelização do mundo e afome do Reino de Deus que está em germenas entranhas do mundo. Um abraço,

Francisco [email protected]

Agradeço a atenção aproveitando aoportunidade para parabenizá-lo, junto coma equipe pela organização de RUMOS.

É um jornal muito instrutivo e gostosode ler. Abraços fraternos.

Ivana Mafficioni (Fidelis)[email protected]

Gilberto, parabéns! Nosso Jornal Rumosestá cada vez melhor. Louvo seus esforços.

Castilhos, V. Ney R. [email protected]

Leio sempre os textos que me enviam econcordo com eles.

Também acredito que devamos ajudar amudar a Igreja católica. Os dirigentes pare-cem sofrer de uma cegueira branca, comodizia Saramago.

Sou mestranda em Teologia da PUCRS ea minha estada por aqui sempre foi compre-ender e tentar de alguma forma participar deuma necessária mudança.

Sinto na pele as necessidades de mu-danças, pois sou excluída de certa forma porser separada e ter outro parceiro. Abraços.

Maria de Lurdes [email protected]

Gostei muito do artigo do renomado Leo-nardo Boff , defensor das causas ambien-tais, sobre "Como enfrentar a sexta extinçãoem massa"... página 6.

Outros artigos bem interessantes também!Parabéns ao editor Gilberto Luiz Gonzaga

Marilu [email protected]

Giba, O Rumos em papel chegou, li decabo a rabo.

Adorei!!! Parabéns! Pode continuar mais2 ou 4 ou 6 anos!!

Até Fortaleza. Um grande abraçoIRENE

[email protected]

Estou terminando de ler o nosso jornalrevista RUMOS, que está saindo muito bo-nito e cheio de artigos de valor e que nostrazem um pensamento e uma teologia emconformidade com nossos tempos.

Estava lendo o teu artigo sobre o Sa-cerdócio das Mulheres. Há uma afirma-ção com a qual não concordo, que naúltima ceia com Jesus havia "os apósto-los e outros homens e mulheres". Gos-taria de conhecer em qual dos evange-lhos e/ou outras fontes bíblicas encon-traste amparo para tal afirmação. Eu pro-

curei e não encontrei.Giovanni Marco Gerbaldo

[email protected] de João: sobre presença de mu-

lheres na última ceia, vou te dar uma respos-ta genérica.

1. Pelo que é dito em vários lugarespelos quatro evangelistas, um grupo demulheres seguiam Jesus e os 12, em suasperegrinações, servindo-os.

2. Não sei por que separar essas mu-lheres e outros irmãos, de que fala Atos 1 e2 da Ceia de quinta feira. Tanto mais queelas estavam no dia seguinte no caminhopara o Calvário e no próprio Calvário.

3. Talvez inconscientemente, apliquei àCeia de Quinta feira a lógica dos capítulos1° e 2° de Atos, onde claramente fala dos 12,das mulheres e irmãos e até de um grupãode cerca de 120 pessoas.

4. Ensinaram-me que, na leitura bíblica,temos sempre de contextualizar, de por o tex-to no contexto. É o que procuro fazer.

João [email protected]

Prezado GibaEm 30/5 enviei o artigo resumido para

você e enviei um email para o Dourado avi-sando que depositei os $35,00 para a assi-natura do jornal. Hoje li no email do Tava-res que estão querendo acabar com o jor-nal Rumos impresso e deixar só o virtual.Para mim o melhor é o virtual, pois estoucom muita deficiência visual e no computa-dor eu posso aumentar as letras à vontade.O fato de eu receber o jornal escrito servemais para emprestar para um amigo que nãoassina e nem o lê virtualmente. Eu não es-tou bem de saúde e não tenho condiçãofísica de ir ao Encontro. Porém, gostaria deenviar um recado por seu intermédio: Onosso Movimento já gastou muito tempopara dizer o que pensamos. Creio que jáchegou a hora de determinar nesse Encon-tro o que iremos fazer, em comum, na práti-ca. Na semana passada, encontrei um ami-go a quem dei a primeira comunhão em1960 e ele me disse que recentemente estáreunindo , uma vez por semana, mai s oumenos 80 pessoas para pregar o Evange-lho. Só que ele agora está desligado docatolicismo e é "evangélico", mas não estáligado a nenhuma denominação religiosa.Um abraço.

Onofre [email protected]

Amigo Giba. Suas observações são re-ais. Manter um jornal impresso custa dinhei-ro.

Minha opinião:1) Eliminar a impressão em papel. A in-

ternet satisfaz nossa ânsia de saber.2) Os temas deveriam apresentar traba-

lhos comunitários dirigidos pelos EXs pa-dres. Atendimento aos pobres promove nos-sa classe.

3) Brigar pelo celibato já sentimos quenão resolve o problema.

Abraços fraternos.Antônio Luiz Bianchessi

[email protected]

Queridos amigos: Hemos leido en cuan-to hemos podido traducir la edicion de RU-MOS 225.

Es un documento importante de los pres-biteros casados de Brasil y de America lati-na, que hay que difundirlo mucho mas.

Felicitaciones para el editor, los colabo-radores y directivos de los padres casados .

Mario Mullo- [email protected]

Desde Peru, expresamos nuestra solida-ridad, apoyo y oraciones a los valientes pro-fetas de Rumos.

"Cuán hermosos son sobre los monteslos pies del que trae alegres nuevas, del queanuncia la paz, del que trae nuevas del bien,del que publica salvación, del que dice aSion: !Tu Dios reina" Isaías 52:7

Erman y YanetQuo vadis

[[email protected]]

Muchas gracias GilbertoSi, conozco las publicaciones que se han

hecho en rumos. Gracias por ello y Dios se-guira bendiciendo la obra de Rumos.

Tambien conozco www.padrescasados.org , porque soy parte del movimiento decuras casados En latinoamerica ya conta-mos con presbiteras como dice mi obispo"con color y sabor latinoamericano".

Que Dios bendiga vuestra labor enRumos. Benciones

Pbra. Yanethttp://presbiterasypastor.galeon.com

Prezado confrade Gilberto, recebi o últi-mo número do Jornal Rumos, n. 225.

Está primoroso, como todos os núme-ros editados por você. Parabéns.

Luiz Pereira dos [email protected]

Giba: gracias por el envio de Rumos a la Ar-gentina. Mis saludos a todos los lectores queaspiran a construir otro mundo posible y quecreen que otra iglesia es posible, mas autentica alos valores del reino... Afectuosamente

Guillermo [email protected]

Vice-presidenteFederacion Latinoamericana para la

renovacion de los ministerios.

Caros Amigos do MFPC:Infelizmente não pudemos participar do

Encontro Nacional, mas temos certeza dosucesso que está sendo pela competênciade vocês. Parabéns!

Mirian; Suzana Lourdes e NorbertoAnízio

Norberto Anizio Ferreira [email protected]

Nestes dias o MFPC se encontra em For-taleza, que o Espírito Santo ilumine os parti-cipantes e muito sucesso.

Ernesto Bottazzi [email protected]

Queridos hermanos/as de Rumos.Se que la asamblea general del 30 de ju-

nio sera un hito importante para Brazil y La-tinoamerica. Dios bendiga.

Sin embargo, permitanme sugerir algoque no veo con mucha claridad en la agenda.Es el tema de la mujer y el ejerecicio de losministerios. Debe nominarse un represen-tante o coordinador/a de ministerios ordena-dos de las mujeres para que el movimientono sea solo gesta de varones en el sacerdo-cio y seguir reforzando el patriarcado.

Gracias a Dios, en Latinoamerica algu-nas iglesias y movimientos estan favoreci-endo la ordenacion de mujeres y ya un nu-mero creciente ejerce el ministerio en susregiones o paises.

Considero que Rumos , como movimientocon cierta presencia en nuestra America debeconsiderar con mas claridad este asunto.

Que nuestro gran Dios nos ilumine yderrame su Espiritu

[email protected]

Page 4: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

4 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

No dia 30 de junho de2012 realizou-se aAssembléia Geral

Ordinária da ASSOCIAÇÃORUMOS (AR) durante o XIXEncontro Nacional das Fa-mílias dos Padres Casados(MFPC), no SESC-Iparana,Caucaia-CE.

Após a abertura, sob acoordenação do Presidenteda AR, José Edson, foramdiscutidos e aprovados osseguintes itens:

1- Alteração dos Esta-tutos da AR, conforme trans-crito neste livro de Ata;

2- Apresentação eaprovação de contas da AR2010-2012;

3- Novos valores dasTaxas da AR e Jornal Rumos(JR): -anuidade de sócio R$ 138,00.( A Taxa anual de Sócio dádireito a receber o JR);- contribuição para um fun-do de ajuda mútua R$ 12,00;- assinatura do Jornal Rumos(JR) R$ 40,00;

4- Apelo do João Tava-res (MA) para engajamentode todos para a elaboraçãodo catálogo dos padres ca-sados;

5- As famílias são con-sideradas sócias a partir dainscrição de um de seusmembros;

6- Gilberto (SC) pedeempenho para aumentar asassinaturas do JR, sob o ris-co faltar sustentação finan-ceira para o mesmo. Hoje eleconsegue importantes des-contos, que não se prolon-garão por muito tempo;

7- O Presidente ressal-

ATA DA ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIADA ASSOCIAÇÃO RUMOS (AR)

I. Eleições para os cargos daAssociação Rumos e do MFPC

- José Edson e Lúcia, de Forta-leza - CE, foram reeleitos para maisum biênio de Presidência do MFPCe da Associação Rumos. Agora,sem o peso do Encontro, vão estarmuito mais livres para cumpriremsua principal função: ANIMAR OSGRUPOS ESTADUAIS NO MFPC,em colaboração com as liderançaslocais de cada Estado. E fomentara execução das Prioridades vota-das na Assembleia. (ver abaixo).

- Gilberto (Giba), de Porto Belo- SC, continua na Direção do Con-selho Editorial do Jornal Rumos ecom a responsabilidade temática

ta que a evolução da AR de-penderá de uma organizaçãolocal, em cada estado;

8- O Jornal Rumos con-tinuará impresso e eletrôni-co, pois vários leitores-assi-nantes não usam a internete porque já existem assina-turas pagas;

9- Eleita nova Diretoriada AR, para o período até àpróxima Assembléia GeralOrdinária:

- Presidente: José Edsonda Silva, RG 27951829-8SSP-SP, CPF 599644289-91;

- Vice-Presidente: JoséColaço Martins Dourado,RG 89100020054-66 SSP-CE,CPF 019674873-91;

- 1º.Secretário: José Car-los Porto Silvério de Andra-de, RG 38531582 SSP-CE,CPF 220016543-91;

- 2º. Secretário: Rosa Sil-vério Porto de Andrade, RG93002021846 SSP-CE, CPF117392233-49;

- 1º.Tesoureiro: EnochBrasil de Matos Neto, RG92963-80 SSP-CE, CPF210923113-00;

- 2º. Tesoureiro: Maria deFátima Lima Brasil, RG95013017450 SSP-CE, CPF860309653-87;

Obs: os membros da Di-retoria assumirão suas fun-ções com a colaboração deseus cônjuges;

10- Eleição do ConselhoFiscal e suplentes:

- Conselho Fiscal: AnaCristina Rolim Mota Hoci,Everaldo Bezerra Fialho, Lu-ciano Sampaio;

-Suplentes: Carlos Nico-lai Araujo Hoci, Ester RolimMota e Maria Homéria L.Moraes;

11- Homologação doConselho Consultivo da AR(Estados presentes no En-contro):

MG - José Lino e Beatriz,CE - Elmas e Zelila, MA - JoséCaetano, PR - Antônio Zan-canaro e Rosa, RJ -AntonioBonifácio e Angelina, SP -Abel e Neide, SC - João Fa-

chini e Justina, PE- Bernar-do e Marta, DF - Fernando eTelma, BA - Almir Simões,AM -Giovanni Gerbaldo eIracema;

12- O Próximo EncontroNacional (XX) será na cida-de de Curitiba, PR, em janei-ro de 2015, sob a coordena-ção do casal Armando Ho-locheski e Altiva (PR), com acorresponsabilidade e cola-boração dos vários gruposde MFPC do Paraná e deSanta Catarina.

13- Conselho Diretivodo MFPC;

- Presidente - o Presiden-te da AR, José Edson;

- Secretário - a ser nome-

NOTÍCIAS DO XIX ENCONTROdo Site www.padrescasado.org , as-sessorado por José Edson e JoãoTavares.

- A execução técnica do Site(inserção de artigos e comentári-os) ficou a cargo de Carlos Andra-de, de Fortaleza - CE, auxiliado porJosé Moura de Brasília. Carlos eRosa foram os eficientes Secretári-os do Encontro Nacional.

- O e-grupo [email protected] continua com JoãoTavares, de S. Luís - MA.

- O grupo dos Filhos dos Pa-dres casados de Fortaleza, recente-mente constituído e com vocaçãopara se estender a todo o país, ficasob a eficiente e dinâmica Direção

de Pepé Motta, filho do nosso ines-quecível Lauro Motta e de Esther.

- Para dirigir o Grupo de Viúvas eviúvos do MFPC do Brasil, foi eleitaBernizzeth, viúva de Anselmo Zor-thea, de Ilhéus, BA, que vai contarcom o apoio de Esther Motta, viúvade Lauro e Coordenadora do Grupode viúvas do Ceará. E de outras quese dispuserem, nos vários Estados.

- O Grupo de Asssessoria bí-blico-teológico ficou sob a respon-sabilidade de Eduardo Hoornaert,de Salvador, BA, de Geraldo Fren-cken e de e Gil Absil, de Fortaleza.

- Delegados para Eventos In-ternacionais - Armando Holo-cheski e Altiva (PR). Os suplen-

tes são os membros do MFPC que,com autorização implícita do Dele-gado Oficial, podem contatar mem-bros e Associações congêneres erepresentar o MFPC em eventos noexterior quando se deslocarem apaíses estrangeiros.

- A Assessoria Jurídica, comAntônio Andrade, de Brasília.

- O Responsável pelo XX En-contro Nacional, a ser realizado emCuritiba em Janeiro de 2015, é ocasal Armando e Altiva, em cola-boração e corresponsabilidadecom os grupos do MFPC do Para-ná e de Santa Catarina.

II. As prioridades de ação vota-das na Assembleia, para o próxi-

mo biênio, foram:1. Elaboração do Novo Catálo-

go Nacional, com a solicitada eprometida colaboração das lideran-ças de cada Estado e aproveitan-do o trabalho já coordenado porJoão Tavares. E em colaboraçãocom a Secretaria da Diretoria doMFPC, em Fortaleza;

2. Criação do Grupo de Viúvase Viúvos do MFPC;

3. Organizar a nível Nacional oGrupo de Filhos das Famílias doMFPC;

4. Incentivar o ressurgimento ea organização do MFPC nas basesEstaduais.

João Tavares

ado pelo próprio Conselho;- Coordenador do Conse-

lho Editorial do JR e da Temá-tica da Página Eletrônica daAR - Gilberto Gonzaga (SC);

- Administrador Técnicoda Página Eletrônica - JoséCarlos P. S. de Andrade (CE;

- Moderador do e-Grupo- João Tavares (MA);

- Delegados para Even-tos Internacionais - Arman-do Holocheski e Altiva (PR).Os suplentes são os mem-bros do MFPC que, com au-torização implícita do Dele-gado Oficial, podem conta-tar membros e Associaçõescongêneres e representar oMFPC em eventos no exteri-or quando se deslocarem apaíses estrangeiros.

- Coordenadores do Gru-po de Estudos Bíblicos eTeológicos - Gerard Fren-cken (CE) e Eduardo Hoor-naert (BA);

- Coordenadora do Gru-po de Viúvos e Viúvas- Ber-nizzeth Zorthea (BA);

- Coordenadores do Gru-po dos Filhos dos PadresCasados - José ExpeditoRolim Mota e Rejane (CE);

- Representante dos Gru-pos Locais - a ser escolhidopelo Conselho, ouvidas asbases em cada lugar;

- Assessor Jurídico eCurador do Patrimônio da AR- Antônio Evangelista deAndrade (DF);

Após lida e aprovada,eu, Telma A. O. Spagnolo,lavrei esta Ata, a qual assi-no juntamente com o Presi-dente eleito e quem assim oqueira.

Diretoria do MFPC/AR

Page 5: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

5Jornal RUMOS

Nas três abordagens bíbli-ca, teológica e existencial,apresentadas por Maria

Soave Buscemi, Manfredo Araújode Oliveira e Carlo Tursi, ficou cla-ro que o Concílio Vaticano II abriupossibilidade para uma nova ecle-siologia.

Quais são as característicasdesta nova maneira da igreja ser equais as consequências para oMovimento das Famílias dos Pa-dres Casados - MFPC?

01. Características da novamaneira de a igreja ser.

1.1 Na leitura bíblica- Comunidade avental, de ser-

viço;- Comunidade como gruta aco-

lhedora e de perdão;- Comunidade de partilha;- Comunidade de "levitas"

como Aarão, Moisés e Miriam;- Comunidade de iguais com

diferentes dons.1.2 Na leitura eclesiológica- Comunidade como Povo de

Deus que pelo batismo tem digni-dade igual e que legitima a hierar-quia como serviço;

- Comunidade de comunhão eunidade de todas e todos em Cris-to, expressão de colegialidade;

- Comunidade respeitosa de

ENCAMINHAMENTOS APROVADOStodas as culturas e povos (incul-turação);

- Comunidade em contínuo pro-cesso de conversão e adaptação(aggiornamento);

- Comunidade como sinal e lu-gar da construção do Reino deDeus.

1.3 Na leitura existencial- Comunidade que busca viver

a opção evangélica pelos pobres;

- Comunidade que procura vi-ver a verdade e o amor, a honesti-dade intelectual e religiosa em diá-logo com o mundo;

- Comunidade que deseja vivera transparência nas relações inter-pessoais e com o mundo;

- Comunidade que vai aos gen-tios (Paulo), isto é aos afastados eexcluídos;

- Comunidade que respeita e

reverencia como sagrado todos oselementos da criação;

- Comunidade que vive Deuscomo ser relacional, o que é o nú-cleo inegociável da adesão a Ele.

02. Consequências para linhasde ação do MFPC

2.1 Os participantes de XIXEncontro Nacional encontraram-secomo irmãs e irmãos, sintonizadosem torno do conteúdo das pales-

tras e dos debates. Esta convivên-cia e compreensão os levarão a umanova maneira de a Igreja ser?

2.2 As características bíblicas,eclesiológicas e existenciais acimacitadas os desafiam para que com-promisso?

2.3 Propõe-se que cada casal eos grupos locais (estaduais) secomprometam em buscar respos-tas concretas em forma de atitudese atividades no contexto de suarealidade local.

2.4 Propõe-se ainda, comapoio na adesão da plenária fi-nal, que o foco do MFPC sejadirecionado aos problemas atu-ais da sociedade civil: família,violência intrafamiliar, margina-lização e divisões de classes,opção pelos mais pobres e pe-los que mais sofrem (doentes,presos, excluídos), tráfico de se-res humanos, de armas e de dro-gas, corrupção política, homofo-bia e ecologia.

03. Estratégias de ação doMFPC no pós-Encontro

3.1 A definir em nível pessoal ede casal, baseado no item 02;

3.2 A definir em nível coletivopelas equipes estaduais e nacio-nal, baseado no item 02.

Fortaleza, 01 de julho de 2012

5 dos 7 participantes da Argentina, Chile e México.

1. O contexto do Concílio Vati-cano II:

- Nos meados do século pas-sado até hoje a Igreja sempre teveuma grande preocupação com aevangelização, embora esta quasesempre fosse mal entendida e in-terpretada.

- O Concílio Vaticano II de 1962a 1965 foi, no dizer de Padre Comb-lin, iniciada "tragicamente" cedodemais, ainda partindo de uma vi-são da Igreja como sociedade per-feita, como cidade sobre as mon-tanhas. A preocupação era maisensinar do que aprender. Cedodemais, pois as características dasociedade da década seguintemudaram radicalmente o mundo:filosofia existencialista ateia, per-da dos operários para o comunis-mo (já iniciada no século XIX), re-construção da Europa, a granderevolução cultural de 1968, gritopela liberdade e amor livres, guer-ras e guerrilhas, luta contra o colo-nialismo, luta dos jovens e da li-bertação das mulheres, ciência,anticoncepcionais, etc.

- O Concílio antecedeu a estastransformações culturais dos anos1968-1969 em diante.

Como o diálogo das expressõesreligiosas da Igreja com o mundo

XIX ENCONTRO NACIONAL DO MFPCResumo da exposição de Carlo Tursi (30/06/2012)

deixou de existir, a evangelizaçãomesmo pós-conciliar não diz nadaao mundo. Cabe a pergunta comoevangelizar melhor?

- Embora João XXIII quis ouviro mundo, o Concílio não entendeuisso: a Igreja conserva um paradig-ma pré-moderno diante de um mun-do que caminha para o pós-moder-no.

- O discurso da "opção prefe-rencial para os pobres" foi maispara defesa de posições estratégi-cas e por medo de mais perdas.

2. O caminhar da Igreja: A Igreja continua sendo

mais eclesiocêntrica do que cristo-cêntrica.

- A tendência é usar uma lin-guagem desligada da sociedade,profissão de fé obsoleta usandolinguagem estéril e continuando abusca do sagrado.

- O caminho seria centrar-semais no humano, no amor às pes-soas.

- A evangelização que se bus-ca deveria ser uma voz para os an-seios das pessoas, com referênci-as atualizadas, científicas e nãocom imagens ingênuas e supera-das pela ciência.

3. Conclusões provisórias nes-te contexto:

- A Igreja deve anunciar as in-tuições fundamentais de JesusCristo, numa linguagem que faz aspessoas secularizadas entender apossibilidade do amor: onde doisou três estão reunidos, aí aconte-ce o amor de Jesus.

- A Igreja deve usar uma lingua-gem dialogal com a sociedade mo-derna: existe um só mundo e nãodois (um de Deus, outro dos ho-mens). A nossa honestidade inte-lectual e religiosa deve adotar oparadigma da transparência e não"blindar" a crença contra concep-ções mundanas = deste mundo.Não tanto transcendência nem tan-to imanência, este dualismo nãoresolve a compreensão da mensa-gem de Jesus para este mundo nes-te mundo, (e não em outro mundo,um acima, outro aqui embaixo...). Acomunidade de Jesus deve viverem Deus sem Deus.

Por isso a Igreja deve estar aber-ta para ouvir e aprender a partir doclamor do povo.

Assumir uma missão proféticano mundo, como serviço, preocu-par-se com uma nova realidade queusa novas categorias para se ex-pressar. Precisamos do paradigmada honestidade: tudo que é usadocom muito respeito e reverência é

sagrado.Evangelizar vai significar o

anúncio aos gentios, isto é aosafastados, aos excluídos, usandoas categorias de suas culturas, sematribuir a Deus os atos naturais.

4. Questões levantadas pelasequipes de estudo:

1. Como usar linguagem pós-moderna respeitando o mundo daspessoas?

2. Como passar do paradigmapré-moderno para o pós-moderno?

3. Onde hoje está sendo ges-tado um novo paradigma? Comorenovar a evangelização?

4. Como utilizar o novo para-digma sem eliminar o simbolismo,resignificando-o?

5. É possível uma religião sema intervenção de Deus?

6. É possível evangelizar, des-mistificando o imaginário popular?

5. Acréscimos de Carlo Tursi:a) Não devemos confundir o

núcleo da mensagem com a lingua-gem que a envolve.

Sempre devem permanecer asintuições de Jesus Cristo.

b) Devemos falar uns aos ou-tros com o intelecto, com amor, comrespeito, como serviço amoroso,em diálogo permanente comoiguais.

c) Devemos conhecer clara-mente os paradigmas antigos e dis-tinguir e adotar os novos.

d) Devemos falar de Deuscomo o amor infinito para com estemundo do qual fazemos parte, res-peitando a idade psicológica daspessoas.

e) A Bíblia deve ser relida, in-terpretada e apresentada com o usoda resignificação das intuiçõesbásicas e estruturantes da mensa-gem original.

f) Enfim, somos chamadospara cooperar com os semelhantes,para sermos mediadores do amorde Deus no mundo.

(Anotações de Ozanir e Gil)

Page 6: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

6 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

O lema de Fortaleza signifi-ca força, valor, coragem.Por isso não foi surpresa

a organização do Encontro Nacio-nal no SESC-Iparana/Caucaia, ten-do como anfitriões as famílias dospadres casados cearenses que fa-zem jus ao nome de sua cidade e asua história. Também, pudera, oCeará será sempre lembrado pelosgrandes ícones, entre outros, Joséde Alencar, D. Helder Câmara e oimponente Dragão do Mar, heróina libertação dos escravos. Cabe-ças pensantes que deixaram mar-cas e até hoje influenciam.

O XIX encontro nacional comtransmissão "on line" para o mun-do foi uma novidade. Lá estavam143 participantes, a maioria casais,viúvas, filhos, representantes daArgentina, Chile e México, algunscolegas desacompanhados desuas esposas e também padres daativa. A capacidade de organiza-ção e abnegação dos nossos co-legas que vestiram o avental e to-param sediar o evento superou asnossas expectativas. Mas há ra-zões muito fortes para que isto

ENCONTRO MFPC - MUDANÇA DE PERFIL E PARADIGMAacontecesse. Na origem da forma-ção do grupo de Fortaleza existia aliderança e o carisma de LauroMota e a presença em Fortaleza docardeal D. Aloísio Lorsheider que,em seu tempo, deu abertura e re-ceptividade aos padres casados.

Na caminhada do movimentocrescemos, amadurecemos e viven-ciamos situações diferenciadas.Fortaleza em dois momentos dis-tintos foi palco de dois encontrosnacionais. Em 1983 o Encontro dosaudosismo e em 2012 o encontrodo amadurecimento. Participei deambos. Do V ao XIX houve umavirada muito grande. A hospitali-dade e a competência foram iguais,o que mudou foi o perfil dos parti-cipantes e os conteúdos aborda-dos. Podemos afirmar que cresce-mos e amadurecemos.

Lembro-me que na abertura doevento em 83 foi prestada uma ho-menagem ao padre casado maisnovo e ao mais velho que partici-pavam do evento. Fui convidadopara compor a mesa por ser o maisnovo com 41 anos e o Públio Cala-do, de Recife, com 70 anos, o mais

velho. Vinte e nove anos depoisestou com a idade de Públio na-quela época, e ele, se vivo fosse,estaria com 99 anos.

A média da idade do grupo eramais ou menos 55 anos, a grandemaioria com filhos recém-nascidos,dando os primeiros passos numavida secularizada, a preocupaçãocom abolição do celibato obriga-tório, como se predominasse umdesejo inconsciente de retorno àigreja institucionalizada, uma espé-cie de saudade das cebolas do Egi-

to. Hoje quase todos aposentadose avós, realizados profissionalmen-te, encontraram a sua identidade eestão conscientes do que nos dis-se Comblin em Recife: "O sacerdó-cio de vocês une-se ontologica-mente a Cristo e não depende denenhuma estrutura de igreja parafuncionar. Façam... vocês estãomais livres para fazer acontecer,cada um dentro das suas particu-laridades e com seus talentos".

Dentro desta ótica o XIX En-contro Nacional do MFPC foi uma

continuidade e aprofundamentodo que aconteceu em Recife. Aspalestras de Maria Soave, Manfre-do Oliveira e Carlo Tursi, abordan-do os aspectos bíblico, teológicoe existencial, mexeram bastantecom os participantes, mostraramque outro cristianismo é possívele atingiram o âmago do espírito doConcilio Vaticano II na concepçãodo grande papa João XXIII: "É pre-ciso sacudir a poeira imperial dosséculos". Ninguém melhor do queele, profundo conhecedor da his-tória da igreja, poderia ter consci-ência dos penduricalhos que de-formaram a Igreja católica a partirdo séc. IV. Com ele surgiu uma au-rora na igreja, mas infelizmente coma sua morte estamos vivenciandoum longo e tenebroso inverno.

Concluo desejando que opróximo encontro de Curitiba emjaneiro de 2015 siga a mesma li-nha e resgatando o pensamentodo nosso saudoso Lauro Mota:"Os padres casados são sinal deuma nova igreja".

Almir Simões - [email protected]

A direção principal to-mada pelo ConcílioVaticano II foi abrir

a igreja, colocar em dia o pen-samento e a ação da Igreja,sem condenar o mundo, masdar real importância à men-sagem de Jesus, dentro deuma preocupação pastoral.Este direcionamento resul-tou num Concílio de cunhopastoral.

Por isso devemos ler oespírito e os documentos doConcílio a partir

- da palavra de Deus- e da nova eclesiologia:

a tarefa da Igreja no mundo,mediante o diálogo.

Na verdade é possívelfazer uma leitura de duas vi-sões: a igreja rompeu nãorompendo, criou em parteuma nova eclesiologia, queapresenta uma nova con-cepção e missão no mundo,mas continua vendo a simesma como "sociedadeperfeita", e desigual em ter-mos jurídicos, "de potestateeclesiástica": a igreja comoalma do mundo, a hierarquiaclerical como expressão dopoder, culminando num pa-pismo mitológico e triunfa-lista, onde o cristão é de se-gunda categoria.

Esta visão da Cúria Ro-

XIX ENCONTRO NACIONAL DO MFPCResumo da exposição de MANFREDO ARAÚJO DE OLIVEIRA (29/06/2012)

mana foi questionada e rom-pida pela intervenção do bis-po Mgr De Smedt que, rejei-tando o clericalismo, propôsuma nova eclesiologia: igre-ja constituída do Povo deDeus, igreja serva, dirigidapelo espírito, com uma hie-rarquia de serviço, uma igre-ja laical (láos = povo). A par-tir desta visão pode-se lernos documentos do Conci-lio, entre outras, as seguin-tes características.

I. UMA NOVA CONSCI-ÊNCIA

- Passou de uma Igrejahierarquizada para uma Igre-ja Povo de Deus, dirigidapelo Espírito, onde o povo écategoria fundamental econstituinte (ConstituiçãoDogmática "Luz dos Po-

vos", cap. 2);- De uma eclesiologia hi-

erárquica e centralizada pas-sou-se para uma eclesiolo-gia laical, onde todo o cris-tão tem pelo batismo a mes-ma dignidade e igualdade. Setodos são iguais, também osão nas decisões;

- Igreja é sacramento,isto é: sinal visível do Rei-no de Deus no mundo pre-sente neste mundo e nãoem outro;

- Igreja na perspectivadas intuições e gestos deJesus;

- Igreja como sinal dapresença da Trindade nomundo, da presença nestemundo da verdade do amor;

- Igreja como povo dedeus, comum-união dos ba-

tizados; por isso ela é todasacerdotal, ministerial e vo-cacionada: envio vocês(não: envio vocês, bispos).As diferenças estão nos ca-rismas, nos ministérios, umacomunidade diversificadapor dons diferentes;

- Igreja na visão da cole-gialidade de baixo para cima(aspecto trabalhado muitona CELAM de Puebla): to-das as comunidades são co-legiais em sua troca de expe-riência de fé;

- Igreja comunidade deirmãos, concepção bem di-ferente do Pio X, que faloudo Corpo Místico como oPastor e os fiéis;

- O Concílio Vaticano IIarticula, portanto uma visãoda Igreja na perspectiva dahistória. Uma Igreja que si-naliza a união da humanida-de com Deus, é sinal deDeus nas diferentes culturase categorias mundanas. Su-gere pensar numa história desalvação em qualquer lugar,em qualquer época e em qual-quer cultura. Neste sentidopodemos entender a preocu-pação de Paulo VI e quererentrar num processo de de-socidentalização e deseuro-peização da Igreja?

- A Igreja pode ser sinal

de Cristo em qualquer cultu-ra? Precisaria submeter-se aum processo de inculturação(ideia que ganhou espaço naCELAM de Santo Domin-gos), expressando-se em pa-radigmas novas, locais?

- Pode-se concluir que aIgreja é uma realidade relati-va, porque é a visibilizaçãoda salvação em contextosdiferentes?

II. PERSPECTIVA ECU-MÊNICA: comunidade desalvação para todas as mu-lheres e os homens e paratodas as crenças...

III. DIÁLOGO COM OSOUTROS E COM O MUN-DO

- Cresce uma nova visãode mundo, menos condena-tória, porque a própria Igre-ja começa a se percebercomo instrumento que estáa serviço do Reino: a salva-ção não está na Igreja, estáno mundo (Schillebeeckx);

- Há que se acabar com adicotomia entre o humano(natural) e o divino (sobrena-tural), e com todos os demaisdualismos, que não se sus-tentam diante de um mundopós-moderno de espetacula-res avanços científicos;

- O mundo tem uma rela-ção tríplice com a Igreja: 1) a

Igreja não é uma extraterres-tre (o mundo é lugar de sal-vação; 2) A Igreja está nomundo para visibilizar o Rei-no; 3) A Igreja tem a missãoprofética (discernimento crí-tico) no mundo;

- Passar da centralidadeda Igreja para a centralidadedo Reino significa, na Amé-rica Latina, passar para a cen-tralidade dos pobres e mar-ginalizados. Que consequ-ências... (Observe que noOcidente esta passagem foipara os países e populaçõesricas);

- A teologia redescobrea importância do Jesus his-tórico: se foi tão bom assim,só pode ser Jesus;

- A relação da Igreja como mundo é complexa e intrin-cada: ela não é pura, é peca-dora, humana e natural. Oconsumismo tornou-se umalimitação enorme para man-ter a visibilidade do Reino;

- Quanto ao serviço: hojenão se pode mais pensar emqualquer serviço no mundo,sem incluir os direitos eco-lógicos fundamentais para asobrevivência deste mundo,paradigma que a igreja atéhoje não soube incorporarna sua mensagem.(Anotações de Geraldo e Gil)

Concelebração eucarística no encerramento.

Manfredo Araújo de Oliveira

Page 7: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

7Jornal RUMOS

Relatou sua grande experi-ência de fé ao chegar, comomissionária, em Joinville

durante uma greve (MetalúrgicaTUPI).

- Demonstrou como, no Gêne-sis, há uma relação etimológicaentre Bem (filho), Banâh (construir)e Beth (casa): nossa vocação é ada caminhada para a construção doreino. E perguntou: quais os mo-mentos fundamentais que marca-ram nossa vida e quando disse-mos o nosso "sim" a Jesus?

- Fazer a memória do ConcílioVaticano II é como a da Eucaristiade Jesus "fazei isso em memória demim": é uma tarefa como na Bíblia,a de reacender o desejo manifesta-do naquele evento (no sânscrito

XIX ENCONTRO NACIONAL DO MFPCResumo da exposição de MARIA SOAVE BUSCEMI (28/06/2012)

"mi" é desejo).- Em Marcos 15, 40-47 se narra

o episódio da descida do corpo deJesus da cruz com destaque para opapel de José de Arimatéia. Con-tudo, são as mulheres, - MariaMadalena e Maria de José - queformam a moldura da narração nocomeço (v.40) e no final (v. 47) dacena. Isso é raro. Elas silenciosa-mente observam tudo e permane-cem, não arredam o pé. Permane-cer é bem diferente de ficar, ficar nasuperfície das relações. Permane-cer é ir até o fim na humildade desermos frágeis: aqui estamos.

- E qual era a carteira de identi-dade daquele homem? Era José deArimatéia, membro do Sinédrio, doConselho, fazia parte do corpo sa-cerdotal do Templo (era sacerdo-te). Contudo não compactuavacom a trama daqueles que mataramJesus, pois Jesus não morreu - foimorto por opositores políticos ereligiosos! José de Arimatéia erasim um "justo" que esperava oReino de Deus. Não andava, por-tanto, com os opressores (romanose saduceus). Ele foi a Pilatos paraexigir o corpo de Jesus que não lhepertencia. O teólogo Ion Sobriñoafirma que nossa missão é tambéma de baixar da cruz o corpo dos cru-

cificados da nossa época. Josébaixa Jesus da cruz e o envolvecom linho puro que normalmentesó era utilizado para a veste dossacerdotes. Ele cuida, dá colo aocorpo de Jesus. O avental da cruznão era para cobrir o pudor, masJesus ficou sem manto, isto é, semsegurança, só com o avental paraservir até a morte.

- Jesus muda o nome de Pedropara Kephas, cuja tradução maisexata (do aramaico) não seria Pe-dra, mas Gruta (do presépio e dotúmulo): lugar esvaziado para aacolhida daqueles que não tinhamonde ficar (os paroikoi - de ondevem o nome "paróquia...").

- O Concílio Vaticano II produzuma reviravolta na concepção deIgreja: da sociedade perfeita e pi-ramidal para a concepção de povode Deus, de iguais. Lembrem-se dodiscurso de João XXIII, na noitede abertura do Concílio (11/10/1962), uma noite de lua cheia (a luacheia de 14 de Nissan é a única luacheia que rege o tempo Pascal, ain-da hoje única data móvel do calen-dário litúrgico). E ele afirmou: "Eusou irmão entre os irmãos". "A luacheia veio nos visitar". "Dêem umbeijo em suas crianças ao voltar pracasa e digam a elas que é o beijo

do papa". João XXIII queria, como Concílio, abrir portas e janelaspara um sacerdócio de homens emulheres carinhosos. A lua cheiatambém evocava a lembrança da-quela noite de saída do Egito, daescravidão para a liberdade.

- Quantas eram as filhas deJacó? Não eram 12, mas 13: Míriamfazia parte da família e foi ela quecantou a canção mais antiga daBíblia. Entre as doze tribos foi a deLevi, que não recebeu parte da ter-ra (para testemunhar o nome deSenhor). Era a tribo do cuidado eda distribuição aos pobres: só co-miam depois que órfãos, viúvas eestrangeiros houvessem comido. EAbiatar era o coordenador desseshomens e mulheres dedicados ao

serviço dos pobres. Com o chega-do do rei Salomão, Abiatar é des-pedido e substituído por Sadoc, sa-cerdote do templo, submisso àvontade do rei, que não se preocu-pava mais com os pobres.

- Aqui faz sentido a pergunta:Que tipo de sacerdócio nós, mulhe-res e homens, vivemos? Em quechão pisamos? O do sacerdócio le-gítimo de Abiatar, cujos membrosmigraram para o Norte e deram ori-gem ao profetismo (como Eliseu eElias), ou o sacerdócio sadocista?O da formalidade submissa, o domanto do poder, do qual se despiuJesus na última ceia (João 13) ou doavental do serviço com que Jesuslavou os pés dos seus apóstolos?

(Anotações de Salatiel e Gil)

Com o vazamento dos docu-mentos reservados quebrou-se o pacto de lealda-

de que une os membros da cúriavaticana. As consultas para umamudança de governo iniciaram.

A reportagem é de SandroMagister e está publicada no sí-tio Chiesa, 06-07-2012. A tradu-ção é do Cepat.

O ponto crítico deste pontifica-do, não e a contestação, emboradura, que o martela ininterruptamen-te em vários campos, mas a já exis-tente ruptura desse pacto de leal-dade no interior da Igreja por partede seus mais altos representantes,que se manifesta com o vazamentode documentos reservados.

O Papa Joseph Ratzinger nãose deixa intimidar pela contesta-ção. Ele não a sofre; pelo contrá-rio, em casos cruciais ele a pro-voca, voluntariamente. E não re-trocede nem sequer um passoquando a reação se faz exaspera-da e feroz, para além do previsto.

O memorável discurso de Re-gensburg foi a primeira demonstra-ção disso. Bento XVI colocou adescoberto a carga de violênciapresente no islã com uma clarida-de que assombrou o mundo e es-candalizou, na Igreja, os amantesdo abraço entre as religiões. Eledesejou que os muçulmanos vivama revolução ilustrada que o cristia-nismo já conheceu. Anos mais tar-de, nas praças árabes confirmou

OS AMOTINADOS DA BARCA DE PEDROque acertou, que o futuro do islãse joga verdadeiramente ali.

Os abusos sexuais cometidospor sacerdotes contra crianças eadolescentes são outro terreno so-bre o qual Bento XVI se moveu nacontracorrente, antes mesmo de tersido eleito Papa. Introduziu na or-ganização da Igreja procedimentoscaracterísticos do estado de exce-ção. Por expresso desejo seu, háuma década, três de cada quatrocausas foram enfrentadas e resol-vidas não pela via do direito canô-nico, mas, por aqueles, mais dire-tos, do decreto extrajudicial toma-dos por uma autoridade de nívelsuperior. Marcial Maciel, o diabó-lico fundador dos Legionários deCristo, foi sancionado dessa ma-neira, quando ainda era universal-mente reverenciado e exaltado,nunca pego em falta, e que tinhatodos os ingredientes para sair ile-so de um processo regular não ape-nas canônico, mas também civil.Toda uma Igreja nacional, a irlan-desa, foi posta pelo Papa em esta-do de penitência. Vários bisposineptos foram destituídos. É umfato que hoje, no mundo, não hánenhum governo, instituição ou re-ligião que esteja mais adiantada quea Igreja do Papa Bento no enfren-tamento deste escândalo e na pro-teção aos menores destes abusos.

Há também a revogação da ex-comunhão aos bispos lefebvrianose os esforços para que retornem ao

redil; a liberalização da missa em ritoantigo; a admissão na Igreja dascomunidades anglicanas filo-cató-licas, com seus bispos, sacerdotese fiéis. Também nestes campos Ben-to XVI criou conflitos de forma de-liberada, ainda hoje muito violentos,atraindo para si avalanchas de críti-cas. Não apenas da esquerda, mastambém da direita, como quando emseu livro-entrevista Luz do Mundoabriu uma brecha para o uso lícitodo preservativo.

É um erro confundir a mansidãodeste Papa com sua submissão. Oucom seu abstrair-se das decisões degoverno. Também a tempestade queafeta o Instituto para as Obras deReligião (IOR), o "banco" do Vati-cano, tem sua primeira origem nele,

em sua ordem de garantir a máximatransparência financeira.

Não há governo no mundo cu-jas decisões não sejam discutidasou combatidas, publica ou priva-damente, antes e depois de se con-verterem em leis. Também para aIgreja o Papa Bento quer que sejaassim. Os conflitos internos pro-vados pelos documentos rouba-dos do Vaticano fazem parte da fi-siologia de qualquer instituiçãochamada a tomar decisões.

Não é, portanto, o conteúdodesses documentos que constituia espinha dorsal deste pontifica-do, mas a quebra desse pacto delealdade que mantém juntos aque-les que fazem parte de uma insti-tuição, com maior razão os da Igre-

ja, onde a inviolabilidade do "forointerno", e ainda mais do segredoda confissão, inspiram uma reser-va geral nos procedimentos.

Os amotinados defendem, anô-nimos, que o fazem pelo bem daprópria Igreja. É uma justificativarecorrente na história. Sobre o es-cândalo dizem que querem obteruma regeneração do cristianismo.Mas a muitos de seus defensores"leigos" lhes interessa que a Igre-ja entre em colapso. Não que sejaregenerada, mas humilhada.

Os conflitos dentro das insti-tuições são governados. Mas atraição, muito menos. Ela é, antes,o sinal de um governo que não exis-te, que deixou crescer na cúria ro-mana a rebelião oculta de algunsde seus "funcionários" e não sou-be fazer nada para neutralizá-la.

A secretaria de Estado do Vatica-no, que de Paulo VI em diante é oprincipal ator do governo central daIgreja, é inevitavelmente também aprimeira responsável por esta deriva.

Bento XVI está tão conscien-te disto que, para pôr ordem nosSagrados Palácios, não recorreuao seu primeiro ministro, o carde-al Tarcisio Bertone, mas consul-tou o seu colégio de sábios entreos mais afastados deste último:para começar, os cardeais Ruini,Ouellet, Tomko, Pell e Tauran.

As diligências para uma mudan-ça na cúria vaticana já começaram.

Fonte: www.ihu.unisinos.br

Arraial do Ceará.

Maria Soave

Page 8: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

8 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

1. Estamos viendo el encuentro por in-ternet con Natalia

Guillermo Schefer Buenos AiresArgentina

2. Caros amigos, João e Edson! Estourezando pelo êxito do XIX Encontro nacio-nal do MFPC. Espero que a carta de sauda-ção aos participantes ainda chegue em tem-po, antes do término do evento. Grandeabraço a vocês.

Pe. José Maria Ribeiro

3. Amigo, estamos parabenizando todaa equipe organizadora deste Encontro pelaprimorosa organização e escolha dos con-ferencistas. Lamentamos não podermos es-tar presentes. Acompanhamos todas as pa-lestras e debates via internet ao tempo emque ficamos encantados e enriquecidos comos conteúdos. Gostaríamos de ter conoscotudo isso. Como podemos obter as grava-ções? Como poderemos cobrir os custos paraadquirirmos o material? Agradecemos ante-cipadamente

Abraços emefepecistas.Antonio Mafficioni e Ivana - Maceió - AL

COMENTÁRIOS AO XIX ENCONTRO NACIONAL4. Realmente o XIX Encontro MFPC,

foi um sucesso e creio que todos aprende-mos alguma coisa nova, quiçá para melho-rar nossas vidas. Gostei mesmo e estou muitoagradecido pela oportunidade.

João, talvez pudesse também mencionar queexiste também um colégio de consultores, nãoapareceu nos relatos já publicados. Abraços.

Caetano São Luís - MA

5. Obrigada pelas notícias e parabénspelo sucesso do encontro nacional doMFPC.

Raimunda Gil SchaekenManaus - AM

6. Torcemos para que o Edson e Lucia játenham descansado um pouco para conti-nuar a rotina e o trabalho da Presidência...Quereremos agradecer a grande hospitali-dade, a atenção e carinho conosco e maisuma vez cumprimentar pela realização doEncontro. Foram passos decisivos que sederam . Nós já estamos na contagem regres-siva do próximo...

Muito obrigado pelo amor, carinho, aco-lhida que nos deram. Chegando em casaentraremos em contato para começar a or-ganização do XX e iniciaremos pelo contatocom vocês

AbraçosArmando e Altiva

7. Caros amigos, João e Edson! Estourezando pelo êxito do XIX Encontro nacio-nal do MFPC. Espero que a carta de sauda-ção aos participantes ainda chegue em tem-po, antes do término do evento. Grandeabraço a vcs.

Pe. José Maria RibeiroPresidente da ANPB - Brasília - DF

8. Caros Amigos do MFPC, infelizmentenão pudemos participar do Encontro Nacio-nal, mas temos certeza do sucesso que estásendo pela competência de vocês. Parabéns!

Mirian; Suzana Lourdes e NorbertoAnizio

Fortaleza - CE

9. "Nuestros mas sinceros y calidos sa-ludos a todos los participantes del XIX en-contro dos padres casados llevados a caboen Fortaleza el 27 de junio proximo.

Desde la casa de Jeronimo y Clelia nosunimos a la oracion, en ocasion de hacermemoria de la pascua de monseñor Podes-ta, obispo de la diaspora, junto a sus presbi-teros y esposas que recordaron y se unie-ron espiritualmente a la causa y el deseoque una iglesia distinta es posible"...

Natalia Bertoldi yGuillermo Schefer

Vice-presidentes Federacion Latinoameri-cana para la renovacion de los ministerios.

Buenos Aires - Argentina

10. Venho com entusiasmo e alegria soli-darizar-me com a moção que o MFPC divul-gou em protesto contra o golpe elaborado noslaboratórios do imperialismo que mais uma vezinfelicitou o povo do Paraguai. Lamento nãoter participado do XIX Encontro dos PadresCasados para o qual fui convidado emboranão seja participante do Movimento, porachar-me fora do Ceará e hospitalizado.

Pe.HaroldoCoelhoProfessor e Sociólogo - Fortaleza-Ceará

11. Caros Amigos do MFPC: Infelizmen-te não pudemos participar do Encontro Naci-onal, mas temos certeza do sucesso que estásendo pela competência de vocês. Parabéns!Mirian; Suzana Lourdes e Norberto Anízio

Norberto Anizio Ferreira [email protected]

12. Nestes dias o MFPC se encontra emFortaleza, que o Espírito Santo ilumine osparticipantes e muito sucesso.

Ernesto Bottazzi [email protected]

13. La asociacion nacional yahuarcochadel Ecuador, presenta un fraterno saludo alEncuentro Nacional del movimiento de lasfamilias de los padres casados del Brasil, arealizarse los dias 27 de junio al 1 de julio de2012.

Pensamos que es providencial, que nu-estros hermanos reunidos en este encuen-tro iluminen a quienes creemos que Jesusnos enseño que la verdad nos hara libres yque nuestras sociedades no deben dar pa-sos hacia atras, sino buscar una liberacionintegral y el buen vivir.

También creemos que este importanteevento repercute en todas las naciones lati-noamericanas, se constiuye en un hito tras-cendental en la historia universal y latinoa-mericana, porque pretende que las enseñan-zas del Concilio Vaticano II y las de Medel-lin, sean recordadas y retomadas, como nosenseñaron nuestros queridos profetas: Hel-der Camara, Pedro Casaldaliga, mons. Arns,mons. Losheider, mons. Larrain, ValenciaCano, Jeronimo Podesta, Julio Girardi, Ar-nulfo Romero, Leonidas Proaño, SamuelRuiz, Mendez Arceo, y otros.

Mario Mullo Sandoval,Rosa Leiva Valles

Ex presidentes de la Federacion Latinoa-mericana

Presidentes de la asociacion nacionalYahuarcocha de Ecuador.

Quito - Equador

É surpreendente dizer que adesobediência pode seruma atitude espiritual pro-

funda porque comumente as reli-giões e autoridades sempre insis-tiram na virtude da obediência. Éverdade que quando, no final daguerra, ex-oficiais alemães afirma-ram que tinham cometido genocí-dios por obediência, a sociedadeinternacional declarou que elesdeveriam ter desobedecido às or-dens injustas e assassinas. Atual-mente, em Israel, jovens recrutadosao serviço militar obrigatório senegam a combater palestinos. NosEstados Unidos, negros e índiosse negam a ir fazer guerra em ou-tros países do mundo. Essas pes-soas e grupos religiosos ou nãoque se negam a pegar em armasinvocam um direito individual, as-segurado pela ONU: o direito deobjeção de consciência. Em váriospaíses, a objeção de consciência édireito civil, reconhecido por lei. NoBrasil, a Constituição garante aos

DESOBEDECER, CAMINHO ESPIRITUALjovens brasileiros o direito de fa-zer um serviço civil no lugar daprestação ao serviço militar obri-gatório. Entretanto, as leis comple-mentares ainda não foram sancio-nadas. Por isso, esse direito aindanão pode ser plenamente exercidoe poucos brasileiros têm consciên-cia de que têm essa liberdade deconsciência. Nesses dias, a obje-ção de consciência leva muitosbrasileiros a protestar contra aconstrução da Usina Belo Monteno Pará e também a exigir que a pre-sidente vete em sua totalidade aproposta do novo Código Flores-tal que o legislativo aprovou. Oque caracteriza a atitude de obje-ção de consciência é que ela é umapostura profética e de discordân-cia motivada por motivos religio-sos, culturais ou políticos.

A ONU propõe que se consa-gre o dia 15 de maio e toda essasemana para aprofundar o direito daobjeção de consciência e divulgaressa atitude pacifista. Só se reco-

nhece a dignidade humana onde aconsciência individual e a fé de cadagrupo forem respeitadas.

A espiritualidade ecumênica va-loriza a obediência, mas a compre-ende como abertura pessoal e livreque leva as pessoas a escutar inte-riormente e acolher positivamentea palavra e as propostas de outro.Essa obediência deve ser adulta eresponsável. É baseada na liberda-de do coração. Realiza-se atravésdo diálogo franco e aberto. Se forassim, a obediência não infantiliza,nem constrange. Ao contrário, con-duz a pessoa a superar seus limitese a aventurar-se nos caminhos doamor. Essa forma de obedecer é crí-tica e amorosa. Propõe a colabora-ção mútua no lugar da competiçãoe contém um elemento subversivoà mesquinhez do mundo.

A ciência e a arte de viver têmprogredido mais por conta das pes-soas que ousam desafiar as leis einovar os costumes do que pelaação das que simplesmente seguem

caminhos convencionais. A obje-ção de consciência é a atitude dequem, por convicção religiosa, so-cial ou política, se nega a pegar emarmas e a participar de guerras ouatos violentos.

Homens e mulheres, admiradosno mundo inteiro, alguns até pre-miados com o Nobel da Paz, foramou ainda são, em seus países, con-siderados como rebeldes e deso-bedientes. Para os católicos, mui-tos mártires são testemunhas da fé.Foram condenados à morte por senegar a reconhecer o imperadorcomo divino; Outros, por objeçãode consciência ao serviço militar.Do ponto de vista da fé, são san-tos, mas a sociedade da época oscondenou como desrespeitadoresdas leis e até criminosos.

Todas as pessoas têm direito edever de opor-se determinadamen-te a cumprir uma lei que fere a cons-ciência individual e comunitária. Aviolência, mesmo se é institucio-nal, nunca será capaz de construir

um mundo de paz e justiça.Em alguns países, as pessoas

exigem o direito de saber a destina-ção exata do pagamento de seus im-postos. Se a objeção de consciênciaé direito de toda pessoa diante dopoder social e político, com maiorrazão ainda, religiões e Igrejas deve-riam reconhecer o direito à dissidên-cia e à objeção de consciência dian-te de um poder religioso autoritárioou, por qualquer razão, injusto. Con-forme a Bíblia, quando as autorida-des de Jerusalém proibiram os após-tolos a falar no nome de Jesus, estesresponderam: "Entre obedecer aDeus e aos homens, é melhor obe-decer a Deus" (At 5, 29).

O que, na Bíblia, caracteriza afé cristã é o aprendizado da liber-dade interior e social. Paulo escre-veu aos gálatas: "Foi para que se-jamos livres que Cristo nos liber-tou" (Gl 5, 1. 13).

Marcelo Barros - Monge bene-ditino e escritor

Adital 14.05.12

Page 9: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

9Jornal RUMOS

A IDADE E A SABEDORIA

1. Para outubro estão marca-das reuniões que, em princípio, de-veriam resultar em importantes de-cisões para a reorientação da Igre-ja Católica. De 7 a 28 de outubro,realizar-se-á a 13ª Assembléia Ge-ral Ordinária do Sínodo dos Bis-pos, dedicada ao grande tema "Anova evangelização para a trans-missão da fé cristã". O documen-to prévio, Lineamenta - sem nadade muito original -, contará comas respostas dos Bispos para oInstrumentum Laboris, o guia dostrabalhos. A capacidade de deci-são pastoral destas assembléiasperdeu-se pelo caminho.

Para assinalar a abertura doVaticano II (1962-1965), vai decor-rer, entre outubro de 2012 e novem-bro de 2013, o Ano da Fé. Esperoque, nesse ano, não se esqueça nema Esperança nem a Caridade e assuas responsabilidades.

Para que o projeto da NovaEvangelização não seja atraiçoado,logo à partida, importa enfrentaracontecimentos recentes e outrosque já se arrastam há demasiadotempo. Jornais, revistas, televisões,redes sociais, conversas de sacris-tia e do adro transportam o Vatica-no para todo o lado, nem semprepor razões edificantes. O estilo nãoé muito diferente do observado em

A NOVA EVANGELIZAÇÃO

No passado, idade era sinô-nimo de experiência e sa-bedoria. Os sábios e os fi-

lósofos, por exemplo, são sempreretratados como homens idosos, decabelos e barbas brancas, passolento e voz pausada. Por isso eramrespeitados e venerados como pa-radigmas da sociedade. Cabelobranco era sinônimo de distinção.

Idade sempre foi sinônimo deexperiência, o que levou o perso-nagem Martin Fierro a afirmar que"o diabo sabe mais por ser velhodo que por ser diabo".

Hoje isto se inverteu. Neste iní-cio de século XXI por dominaremas tecnologias da informática, daweb, dos computadores e dos ce-lulares de última geração, crianças,adolescentes e jovens se conver-teram na figura arrogante, e nemsempre simpática, do "sabe tudo".Há tempos li uma cronista falar em"anões intelectuais", referindo-sea esses sabichões mirins que gos-tam de exibir domínio, e que numareunião com os adultos costumamfalar alto e polarizar o assunto parademonstrar sua sapiência.

O fato é que a maioria dos jo-vens hoje tem pouco respeito pe-los velhos (e sua sabedoria), ridi-cularizando-os. Não sabem eles

todos os países, nas questões dabanca, das revelações dos segre-dos de Estado, de lutas pelo po-der, de traições apresentadas numalinguagem algo zoológica. Crentese não crentes esperam outra éticae outras motivações no comporta-mento da Santa Sé. Estas más notí-cias exigem que a Nova Evangeli-zação comece por casa.

Exalta-se, com toda a razão, opapel fundamental da Eucaristia navida da Igreja Católica. Invocam-se, depois, razões que a tornamsecundária, como aconteceu comBento XVI, em Milão, no começodeste mês. Convidam-se os católi-cos recasados para as celebraçõesda Eucaristia na sua nativa formasacramental de banquete. Os reca-sados são convidados, mas nãopodem comer (nem receber a ab-solvição na confissão). O Papaacrescentou: "mesmo sem a reces-são corporal do sacramento, pode-mos estar espiritualmente unidosa Cristo no seu corpo". Mas, en-tão, porque se lhes nega a comu-nhão sacramental, expressão e ali-mento da união a Cristo?

A exaltação da Eucarística tam-bém é enfraquecida pela recusa emordenar homens casados e mulhe-res solteiras ou casadas. No mun-do católico, há cada vez menos

pessoas sacramentalmente aptas acelebrar o Sacramento dos sacra-mentos. É muito grave! Fica-se coma impressão de que as razões teo-lógicas invocadas ocultam opçõesde ideologia canônica, inadequa-das à orientação pastoral da Igre-ja. Tanto zelo em sublinhar o papeldos sacramentos no catolicismo -sobretudo a Eucaristia - e acaba-se, querendo o contrário por "pro-testantizar" a Igreja Católica.

2. Nos Lineamenta enviadosaos Bispos, mas de acesso a qual-quer pessoa, atenua-se o alcanceda Nova Evangelização: "Não setrata de fazer de novo qualquercoisa que foi mal feita ou que nãofuncionou, como se a nova açãofosse um implícito juízo sobre a fa-lha da primeira. A nova evangeliza-ção não é uma duplicação da pri-meira, não é uma simples repetição,mas é a coragem de ousar novoscaminhos, para atender às mudan-ças de condições dentro dos quaisa Igreja é chamada a viver hoje oanúncio do Evangelho."

Esta formulação supõe que estásempre tudo bem na Pastoral daIgreja. A dificuldade parece resul-tar, apenas, das mudanças queacontecem na sociedade. Estaconcepção do tempo esquece anatureza encarnacionista da fé cris-

tã e as vicissitudes da incultura-ção do Evangelho. O Espírito deDeus não fala só através da Escri-tura e dos pronunciamentos daIgreja. Também fala através dosacontecimentos do mundo, da his-tória humana e desumana. O Vati-cano II sublinhou a urgência emsaber ler os sinais dos tempos. Acomunidade cristã, no exercício dasua missão, não pode pensar sónas lições que tem a dar, mas tam-bém no que deve aprender a rece-ber e acolher. Os cristãos não ha-bitam um mundo a parte, numa igre-ja estranha à aventura humana,caminho de Deus.

3. A Igreja tem uma carênciaenorme de ministérios ordenadospara entusiasmar e multiplicar ascomunidades cristãs. Já referimosas tristes razões dessa falta. Ago-ra, a primeira redescoberta a fazerpara a Nova Evangelização estádiante dos olhos: os potenciaisevangelizadores estão dentro daprópria sociedade em mudança.Desenvolvendo um trabalho queleve os cristãos a redescobrirem asua dignidade e missão, nos espa-ços humanos em que vivem e tra-balham, poderemos contar com umamultidão de evangelizadores, san-tos e pecadores. Essa missão estáinscrita no batismo que, na lingua-

gem de S. Pedro, nos torna, emcondições precárias, "sacerdotes,reis e profetas".

Uma das condições indispensá-veis à nova evangelização passa porum sobressalto da alma perante acatástrofe de um mundo que temtudo para a alegria e se perde naidolatria do dinheiro e do seu impé-rio, ao qual tudo é sacrificado.

Os cristãos envolvidos nas ques-tões familiares, profissionais, políti-cas, científicas, técnicas e artísticas,a nível local e global, renegariam asua fé se não acordassem para a evi-dência de que esta civilização estáfalida e que é urgente, com todas aspessoas de boa vontade, procurar oespírito de outro rumo.

Frei Bento Domingues, O.P

que, se sobreviverem, um dia se-rão idosos com todas as limitaçõesque a idade impõe. Em consequên-cia desse confronto, muitos idososdesprezam os jovens, afirmandoque eles são superficiais e não sa-

bem nada de consistente.A idade, segundo os idosos, é

algo irrelevante segundo algumasprofecias auto-realizáveis, quemostram pessoas de sessenta ouoitenta anos com excepcionais

condições de vida com qualidade.Niemeyer, com mais de cem anosestá aí para confirmar essas asser-tivas. Muitas empresas modernaspreferem aposentados para quali-ficar seus quadros de executivos

empreendedores.De outro lado, alguns jovens

de dezoito, vinte ou trinta anos re-velam perfis desestruturados epouco amadurecidos, adultos ain-da presos à saia da mãe, à carteirado pai ou à mesada da esposa. Es-ses foram "castrados" pelos pais,impedidos de crescer, gerando umafalsa acomodação de quem, emmuitos casos não sabe aonde ir.

Apesar de as leis nacionaisdecretarem que após os sessentaanos as pessoas são idosas (Esta-tuto do Idoso) na prática, a des-peito das limitações de alguns, agrande maioria se revela ativa, in-teressada e operadora. Não sepode generalizar. Existem sessen-tões que sofrem com a saúde e ainatividade, mas outros, a maioriaquem sabe, estão aí para demons-trar que a vida não está no físico,mas naquilo que a cabeça elabora.O ser humano envelhece quandoperde os referenciais da esperan-ça, do entusiasmo e dos ideais.

No passado, depois do quaren-ta anos, um indivíduo era conside-rado velho; hoje, aos setenta, fazcoisas que até Deus duvida.

Antônio Mesquita GalvãoFilósofo e Escritor

[email protected]

Page 10: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

10 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

DEPOIS DA RIO 92+20

Já voltaram para casa asquase cem mil pessoasque ocuparam o Rio de

Janeiro, durante a Conferên-cia da ONU sobre Desenvol-vimento Sustentável e a reu-nião paralela da sociedadecivil, intitulada de "Cúpulados Povos".

Quem julgou essa confe-rência da ONU pelo docu-mento final ali produzidopode pensar que as expecta-tivas foram frustradas e quenão houve avanços. Mesmovárias das propostas e con-quistas da Rio 92 (Agenda 21e Metas do Milênio) aindanão foram completamentepostas em prática.

Entretanto, eventos des-se porte cumprem um papele deixam uma herança paraalém de seus documentosfinais. Durante mais de umasemana, a população do Rioconviveu pacificamente commilhares de índios de todasas regiões do Brasil, comsuas indumentárias e suasjustas reivindicações. Teste-

munhou que as questõessociais, políticas e ambien-tais mobilizam a geração dosmaiores de 40, mas interessatambém e até principalmen-te a juventude.

A Cúpula dos Povos sig-nificou um encontro multico-lorido de jovens do mundointeiro. E a juventude prota-

gonizou os protestos contrao conceito de economia ver-de, grande novidade da Rio92+20. Denunciou o capita-lismo como sistema essen-cialmente predador. Afirmouque as guerras e a políticaarmamentista são gravesobstáculos para a sustenta-bilidade e deixou claro que a

energia nuclear, mesmo aque tem como objetivo finspacíficos, é sempre poluido-ra e perigosa.

Muitas das pessoas pre-sentes eram crentes de di-versas religiões e tradiçõesespirituais. Ali houve umavigília inter-religiosa pelapaz e pela ecologia. Havia

Na sexta-feira, 22 de junho,o presidente do Paraguay,Fernando Lugo, foi desti-

tuído do governo por um proces-so sumário de impeachment longa-mente preparado e articulado pelopoder legislativo daquele país.Esse acontecimento me leva a re-fletir sobre a relação entre estôma-go e política. A muitos, essa rela-ção deve parecer estranha, mas elaé muito real. Pois o fato é que opresidente Lugo, por mais que odesejasse, não conseguiu alimen-tar o estômago dos paraguaiosmais pobres.

Eis o que declarou, no dia 26de junho, um dos líderes dos "car-peros (os "sem terra" do Paraguay):"A gente mede qualquer decisãodo governo através do estômago".

Ao longo dos três anos de seugoverno, Lugo não tinha condi-ções de encher o estômago dosparaguaios, pois ficou preso nasteias de um sistema político que lheera adverso. Ele ficou sem apoiopor parte do congresso nacional,majoritariamente composto de lati-fundiários ou seus representantes.Por sinal, a maioria das boas terrasdo Paraguay está nas mãos de bra-sileiros, que, antes do governo deLugo, foram se aproveitando dasoportunidades excepcionais de fa-zer agro-negócio numa terra prati-camente sem lei.

Foram esses brasileiros que,juntamente com os latifundiários

ESTÔMAGO E POLÍTICA

paraguaios, "cozinharam" lenta-mente a panela de pressão quechegou ao ponto de fervura no dia22 de junho e resultou na violentaejeção de Lugo da cadeira presi-dencial. Os mesmos hoje se apres-sam a tentar justificar a legitimida-de do governo golpista.

Ao ler os noticiários sobre es-ses tristes acontecimentos noParaguay, lembro-me de uma de-

claração do político inglês Chur-chill, durante a segunda guerramundial: "os governos sempretomam as decisões erradas, até omomento em que se atinge o es-tômago das pessoas. Aí as coi-sas mudam rapidamente". Na se-gunda guerra mundial, os ingle-ses só se uniram contra a ameaçanazista depois de sentir no estô-mago o que estava acontecendo.

Essa relação entre estômagoe política nos mostra a precarie-dade do sistema político hoje vi-gente no mundo inteiro. Esse sis-tema pensa em dinheiro, não emestômago. Pensa-se em preservaros bancos, ou seja, o sistema delucro que hoje toma conta domundo. Isso vai continuar até omomento em que o estômago daspessoas é atingido diretamente.Aí pode haver uma explosão deresultados imprevisíveis. Pois ahistória ensina que as reações doestômago são perigosas.

É como resposta ao grito doestômago dos alemães que Hitlerconseguiu subir ao poder nosanos 1930. Oxalá o mundo de ama-nhã encontre figuras como Chur-chill, Adenauer e outros, que con-seguem pensar no estômago daspessoas e fazer política para ali-mentar as bocas das pessoas,não as caixas dos bancos. Nossofuturo é ao mesmo tempo fasci-nante e ameaçador, ele pode darno melhor ou no pior.

É aqui que entra o cristianismo.O que se lamenta, neste mo-

mento, é o silêncio das autorida-des eclesiásticas. Elas não pare-cem preocupadas com o estômagodas pessoas, pensam em outrosassuntos. Para o papa de hoje, pa-rece que as pessoas não têm estô-mago. Ele só fala nos perigos do"relativismo", da "secularização",das "seitas", como fica claro na

programação do próximo sínododos bispos a ser celebrado emRoma no mês de outubro.

Onde está o papa João XXIII?Na noite do dia 11 de outubro de1962 (faz 50 anos!), depois deanunciar pela manhã a aberturado concílio Vaticano II, ele falouà multidão que estava reunida naPraça São Pedro e significativa-mente pensou no dia-a-dia daspessoas. Ele disse as seguintespalavras: "Voltando para casa,vocês encontrarão as crianças.Façam-lhes uma carícia e digam-lhes: Esta é a carícia do papa".

Eis o que nos falta hoje: a ca-rícia de um papa que pensa noestômago da gente! Quem quiserconhecer melhor esse memoráveldiscurso de João XXIII, consulteos trabalhos do padre José Os-car Beozzo pelo Google. A caríciado papa no rosto das crianças! Opapa se sente bem quando pen-sa que as crianças dormem bem,"de estômago cheio".

Hoje, somos carentes dessaspalavras.

Nunca mais ouvimos palavrasdesse tipo saindo de Roma. Pensoque o papa João XXIII foi o últimopapa em pensar em carícia, beijo,estômago, boca e corpo, ou seja,nas necessidades básicas das pes-soas, em vez de pensar na preser-vação de seu poder.

Eduardo [email protected]

uma grande tenda, própriapara o diálogo entre as reli-giões a serviço da paz, dajustiça e da defesa da natu-reza, fruto constante do amordivino que a cada instantecria e recria a vida.

Durante séculos, a tradi-ção cristã ocidental privile-giou um olhar sobre a atua-ção divina na história e nãovalorizou tanto essa mesmapresença amorosa de Deusna sua criação. Hoje, reco-bra atualidade uma palavraque, no século IV, SantoAgostinho afirmou: "O quenão é assumido não podeser redimido". Por isso, hoje,a maioria das Igrejas tomamconsciência de que essesassuntos da paz, da justiçaeco-social e da defesa da na-tureza são temas teológicose nos desafiam como priori-dades para a missão dos cris-tãos no mundo.

Outras tradições espiri-tuais, como as religiões ori-entais e os cultos indígenase afrodescendentes sempre

consideraram o cuidadocom a natureza como ele-mento central de sua espiri-tualidade. Isso faz com quecrentes e não crentes pos-samos nos juntar em um fó-rum permanente de diálogoe trabalhos para reconstruiruma cultura amorosa e decomunhão entre a humani-dade e o universo. Podemosreler o salmo 19 e cantar: "oscéus narram a glória deDeus, (isso é, os sinais vi-síveis de sua presença) e ouniverso inteiro é obra per-manente de sua mão".

Marcelo BarrosMonge beneditino e

escritorwww.adital.com.br

Page 11: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

11Jornal RUMOS

Depois que Brizola († 2004)afirmou que para ganhar apresidência da República

faria "aliança até com o diabo" ahistória dos acordos políticos noBrasil parece que jogou a ética e afidelidade partidária pela janela. Oque chocou a opinião pública re-centemente foi um acordo entre Lulae Paulo Maluf (PP-SP), para apoiarFernando Haddad para a Prefeitu-ra de São Paulo. Dirigentes do PPafirmam que o deputado Malufquer participar da formulação doplano de governo do petista. Ma-luf e Lula eram inimigos ou adver-sários até o momento da conver-gência atual de seus objetivos. Abusca do poder não cansa de pro-pugnar esse "vale tudo".

Esses acordos, ou conchavospolíticos não são de hoje. O Parti-do Social Democrático (PSD) foium partido político brasileiro fun-dado em 1945, formado sob os aus-pícios de Getúlio Vargas de caráter

Os atuais problemas da Igre-ja dizem respeito à formação, à seleção, à cultura da

classe dirigente do catolicismodo século XXI. As três reformasinstitucionais necessárias refe-rem-se à Cúria, à diplomacia e aoepiscopado.

Eis o texto:E, assim, não acabou. Depois

da demissão de Gotti Tedeschi eda prisão de um empregado dopapa, chegam outros pedaços depapel, que, como em toda estraté-gia de tensão, aumentam a confu-são, não tanto por aquilo que di-zem, mas sim pelo próprio fato deexistirem. Para não continuarmossendo prisioneiros dos detalhes, épreciso então levantar o olhar: etentar definir os três problemasobjetivos, as três explicações pos-síveis e as três reformas que essepandemônio torna mais urgentes.

Os problemas que florescemdizem respeito à formação, à sele-ção, à cultura da classe dirigentedo catolicismo do século XXI.

A medíocre encenação das in-discrições diz que existem agitado-res, agentes, organizações, com li-vros de pagamento, lobbies de car-reira e o calendário do campeonatoda luta livre entre movimentos. Ummundo diversificado nos objetivos:mas unido pela convicção de que aIgreja precisa deles no poder maisdo que do evangelho, e permeadopor uma lógica de violência à qualnos adaptamos apenas se formostreinados por mestres competentes.

Nessa catástrofe formativa -que contagiou sem aparentes dis-tinções o clero secular, o clero re-gular e o clero dos movimentos -,

ACORDOS POLÍTICOS ESPÚRIOS

AS TRÊS REFORMAS URGENTESdesencadeia-se o fato de que mui-tos dos piores fizeram carreira naCúria. Um fenômeno que leva a nosperguntarmos com ainda mais an-gústia por que aqueles anticorposde sabedoria que devem existir tam-bém aí correm o risco de pareceráfonos e invisíveis.

Até esse desequilíbrio, no en-tanto, seria remediável se, no epis-copado, nas Igrejas, nos movimen-tos, fosse preservada uma culturade diálogo. A abertura sincera aoexame atento das questões, a ca-pacidade de tratar com seriedadedos problemas difíceis e de culti-var a pluralidade de sabedorias fo-ram sacrificadas pela obsessão deuma teologia que glosa o catecis-mo, murmura a missa em latim er-rando os acentos e louva enfatica-mente a última encíclica, na certezade que esse excesso de zelo nãoinduzirá à suspeição, mas será con-siderado um mérito.

Esses fatos, sem a orientaçãode insiders infiéis, podem ser ex-plicados dentro de três cenáriospossíveis.

O primeiro é que eles estão napresença de uma luta de poder dig-na das malebolge [vales do infer-no] de Dante. O cardeal Bertone -o confidente de uma vida que, in-dependentemente dos dotes e doslimites do seu governo, é o escudohumano de Bento XVI - é um alvonão inerte, mas transitório. Quemdesencadeia tal desordem não quero posto do número dois. A somadesse projeto de luta entre semi-poderosos, em que entram por es-colha ou por acaso o secretárioparticular, os aspirantes a secretá-rios de Estado (certamente não

quem foi secretário de Estado) fazo resto. E assim, entre aqueles quese passam por "ajudantes" de umasuposta purificação ratzingerianae os porta-estandartes de uma ra-dicalização ultra conservadora dodouto conservadorismo de BentoXVI, teria se gerado uma reação forade controle, com muito fogo amigoe ações de cobertura.

A outra possibilidade é queessa confusão seja toda e somen-te italiana, em sentido estrito: istoé, que projete sobre a Igreja aqueledesastre político-moral que vaimuito além do spread e do trata-mento Monti. O populismo ines-crupuloso (que nestas horas vimosem ação até contra o sentido doEstado de Giorgio Napolitano), mis-turado com uma relação desprote-gida com as finanças e com a direi-ta italiana, enfim, teria emprestadoà Igreja métodos e brutalidade quesó nós, italianos, sabemos ler so-bre a filigrana da eleição do prefei-to de Roma ou dos equilíbrios dequalquer holding.

A terceira possibilidade é queum marasmo aparentemente padres-co faça parte do jogo da grandepolítica. Se as agências que se fa-zem chamar de "mercado" aponta-ram para o fato de que os alemães (achanceler alemã, o papa alemão)não sentirão pesar sobre a sua cons-ciência o pesadelo de reabrir, com ofim do euro e da Europa, a porta paraa guerra pela terceira vez em 100anos -, então, manter ocupada a Igre-ja sobre indecências menores teriaum sentido maior.

As três reformas institucionais- que sempre foram a pinça com aqual a Igreja de Roma aferra as ques-

tões espirituais - referem-se à Cúria,à diplomacia e ao episcopado.

Por mais de um século, a Secre-taria de Estado não funciona, e osonho montiniano de dar ao papaum primeiro-ministro fracassou. Seo papa coloca na Segunda Loggiaalguém grande, ele se submete àsua sombra: e pode chegar a deixarvago o posto como fez Pio XII. Seo Papa escolhe um homem maisevasivo, a lamentação é forte, e adesordem, também. O nó, portan-to, deve ser abordado em um qua-dro eclesiológico de conjunto,como aquele proposto por cano-nistas do porte de Eugenio Corec-co e Francesco M. Pompedda en-tre os anos 1980 e 1990.

A segunda reforma diz respeitoà diplomacia pontifícia: o pelotãodos núncios papais é o primeiro asofrer de uma marginalidade que sereflete no silêncio eclesial sobre osgrandes nós geopolíticos do pre-sente, primeiros dentre todos o eu-ropeu e o chinês. Mas 150 diploma-tas não são geríveis. Portanto, épreciso um pequeníssimo númerode supernunciaturas continentais,confiadas a diplomatas purpurados,

ouvidos regularmente em Roma ecapazes de fazer pesar sobre as gran-des mesas globais a voz da únicafamília do mundo onde todos con-tam igualmente.

A terceira reforma é uma pala-vra esquecida do Vaticano II: cole-gialidade. O papa - viu-se em Milão- precisa se confrontar com aquelesque, por causa da consagração epis-copal, recebem um poder sobre aIgreja universal: dessa comunhão,o vigário de Pedro tira a vantagemno plano humano e teológico, semfazer sombra sobre as suas prerro-gativas. Um órgão colegial perma-nente é esperado desde 1964 e nãoé o Sínodo dos Bispos convocadocom funções consultivas: demorarpara se perguntar sobre como darvazão a esse aspecto da comunhãosignifica fazer com que o papa setorne um alvo para quem "o ajuda"e tornar a Igreja o motivo de debo-che da mídia.

Que é exatamente o que estáacontecendo

Alberto Melloni, historiador daIgreja

Jornal Corriere della SeraTradução de Moisés Sbardelotto.

liberal-conservador, reunindo aselites. Getúlio era um latifundiuá-rio. Ideologicamente oposto, sur-giu, na mesma época o PTB, tam-bém sob a inspiração de Getúlio,seu maior líder e no bojo do quere-mismo, movimento popular cujadivisa era queremos Getúlio e quepropunha uma Assembléia Cons-tituinte com Getúlio na Presidên-cia da República. Se a ideologia doPSD era de apoio ao empresariadoe ao latifúndio, o ideário do PTBfavorecia o operariado, o homemdo campo e os sindicatos.

Durante a ditadura (64-85) osmilitares inventaram os mandatos"biônicos" (Senadores e Governa-dores) para obterem poder de go-vernabilidade. Antes disto, a polí-tica do café-com-leite foi um acor-do firmado entre as oligarquias es-taduais e o governo federal duran-te a "República Velha" (1898-1930)para que os presidentes da Repú-blica fossem escolhidos entre os

políticos, mesmo adversários, deSão Paulo (café) e Minas Gerais(leite), alternadamente.

O móvel de tantas alianças estáprimeiramente na caça aos eleito-res. Por mais desacreditado queesteja, no concerto político nacio-nal, o prestígio de Maluf é capazde canalizar alguns milhares devotos decisivos para Haddad. De-

pois da eleição só as alianças po-dem garantir a governabilidade,pois sem maioria no Legislativoninguém governa.

Nos países adiantados, onde ademocracia é fato consumado, de-pois de corrido o pleito, vencedo-res e vencidos fecham campanhaem favor do país, esquecendo ódi-os e picuinhas do período eleito-

ral. No Brasil, com essa pífia voca-ção que temos para a democracia eum golpismo latente, os perdedo-res não só torcem como tambémfazem o possível para que o gover-no eleito não dê certo, para dar ra-zão aos seus argumentos e prepa-rar um retorno mediato.

Mesmo onde a democracia nãoé top de linha, se observa essepragmatismo casuísta. Na China, háalgumas décadas, na iminência deum acordo comercial com os Esta-dos Unidos, ao ser cobrado porseus pares, o líder Deng Xiaoping(† 1997) teria dito: "Para mim nãointeressa a cor do gato, mas simque ele cace ratos". Nas mesmaságuas, escutei em tempos pretéri-tos, um político nordestino afirmarque sua ética começava pelo prin-cípio "perder é feio". São fins quejustificam os meios.

Antônio Mesquita Galvã[email protected]

Filósofo e escritor

Page 12: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

12 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

O padre casado, devidamen-te autorizado pelo Papacom o Rescrito Papal,

pode ainda exercer seu ministériosagrado?

Em outros termos: É lícita eválida a proibição que lhe foi im-posta?

A autêntica posição sacerdo-tal do teólogo e jurista Pe. JoséAmado Aguirre é esta: "tal posi-ção é não só ilícita, teológica e juri-dicamente, como também insana-velmente nula de pleno direito".

Comentário de Romeu Teixei-ra Campos

Se é nula de pleno direito, nãoprecisa ser seguida. Por que, en-tão, eu a sigo já há 44 anos?

Na ocasião em que me expusao processo junto ao Vaticano,pedindo dispensa dos meus votossacerdotais, o que estava valendoera a TINA, ou seja: There Is NoAlternative! Da mesma forma comoaqui no Brasil, no tempo da dita-dura, muitos tinham que amar oudeixar o Brasil, conforme a lei doAME-O OU DEIXE-O! Hoje sabe-mos muito bem que os que o deixa-ram não podiam e nem podem seracusados de não o amar.

Hoje, a teologia a caminho (elanão é uma coisa parada e fossiliza-da) já avançou e a consciência nes-se particular é outra. Quarenta equatro anos sobre um problemalevam a novas conclusões.

O Movimento Internacional"Nós Somos Igreja", nascido nomeio "leigo", aponta cinco eixos oucinco grandes temas que precisamser pensados e mudados na con-dução geral da Igreja. Igreja quetambém somos nós (os "leigos" e"leigas"). Aproximadamente falan-do, desde o século IV, com o Impe-rador Constantino, até o momentoatual, ocorreu um fenômeno degrandes conseqüências. Surgia oclero. Antes não havia isso no meiodaqueles que seguiam o Caminho(ou seja: Nosso Senhor Jesus Cris-to). É bom lembrar-se que os pri-meiros seguidores de Jesus eramconhecidos como "OS DO CA-

É LÍCITA E VÁLIDA A PROIBIÇÃO IMPOSTA AO PADRE CASADO?

MINHO"! O clero foi sendo cons-tituído entre os que "começaram agostar do jogo", isto é, o jogo co-mandado pelos Imperadores Roma-nos que começaram a adotar outratática com OS DO CAMINHO.Antes perseguiam essa gente.Agora não. Aplicaram tática abso-lutamente diferente e nova. Con-stantino e seus sucessores muda-ram de política e se aproximaramdos seguidores de Cristo cumulan-do-os de privilégios e associandoseus principais cabeças como co-laboradores administrativos naqualidade de príncipes. A palavragrega kleros remete a privilégios efaz referência a parte escolhida daherança, ao quinhão atribuído porsorte a algum herdeiro.

Então aqueles cabeças quemais se destacavam foram privile-

giados com as graças dos Impera-dores Romanos e, ao se revestiremda dignidade e das vistosidades depríncipes, iam, eles mesmos, se or-ganizando como classe e casta pri-vilegiada enquanto, "teologica-mente", buscavam argumentospara manterem os "leigos" afasta-dos do trato com o sagrado. Re-servavam a si mesmos esse trato.E conseguiram dominar! Isso já fazuns mil e setecentos anos e elesmesmos providenciaram tudo paraque fossem considerados sagra-dos e respeitados.

Com mais um tempo surgiu umacerimônia chamada de ordenação.Modelada nas cerimônias de inves-tiduras e entronizações reais. An-tes não se ouvia falar de caráter in-delével. A convicção sobre caráterindelével começou a se firmar na

época escolástica (sécs. XII e XIII).Caráter indelével se firmou

como uma marca espiritual própriados três sacramentos: batismo,confirmação e ordenação.

Estes não podem ser repetidos.Os escolásticos não viam nestecaráter indelével, porém, uma mar-ca de pertença definitiva ao "reba-nho" ou ao "exército" de Cristo.

O indivíduo pode receber al-gum desses três sacramentos e talsacramento pode ficar infecundo.Se mais tarde esse mesmo indiví-duo retorna para Deus pela con-versão, o sacramento recupera suaeficácia normal, impedidas anteri-ormente pelas más disposiçõespessoais.

O que acabamos de explicarneste parágrafo é correto teologi-camente.

A teologia se desenvolve e estásempre a caminho, como bem dizHans Küng.

Juntamente com a implantação,digamos assim, da teologia do ca-ráter indelével, nessa mesma épocaos "leigos", isto é, os "não peritos"para não dizer "ignorantes" eramtambém postos a escanteio. E nes-sa posição a hierarquia (a cúpuladela e o clero) os mantém até hoje.A massa ignara ficava assim alivia-da de vários encargos, inclusive ode pensar e colaborar nas decisões.Dizer amém ao que os padres fala-vam podia; bater palmas a torto e adireita já é invenção mais moderna.Hoje a liberação é geral.

E uma pergunta se impõe: hoje,seria ainda possível reviver o cli-ma dos cem primeiros anos de cris-tianismo em que não havia hierar-quia, Papa, Bispos e Padres? Nemliturgia organizada? Será aindapossível ao menos entender o cris-tianismo do tempo de Pedro e dosonze Apóstolos, Estevão, Paulo, Ti-ago, Barnabé, Silas, as mulheresatuantes e a Igreja Doméstica?

Com o mesmo paradigma im-possível. Com outro paradigma,sim!

O Movimento Internacional"Nós Somos Igreja" trabalha paraesse Novo Paradigma e procuraantecipá-lo enquanto for possível.Eliminar a hierarquia com seu cleroserá impossível. Mas pode-se con-vertê-lo ao Evangelho. Isto é pos-sível. É a Igreja do Futuro que te-mos em vista.

Não é propósito de ninguémeliminar o nosso poluído Rio dasVelhas, aterrar suas nascentes easfaltá-lo todo para termos umabela de uma Rodovia. O que já co-meçamos a fazer é sua REVITALI-ZAÇÃO. O Projeto Manuelzão jácomeça a colher os primeiros fru-tos da despoluição.

Romeu Teixeira CamposO texto de Amado Aguirre é um

pouco longo e pode ser encontra-do em:

www.moceop.net/spip.php?article755 e em:

www.padrescasados.org/

Hoje fui à missa das 7:00hna Igreja N. Sra. de Fáti-ma, da Vila Leopoldina,

aqui em S. Paulo. A Paróquia estáfazendo campanha para inscri-ção de pessoas no Apostoladoda Oração.

Após a comunhão rezou-seuma oração que inicia, mais oumenos com esta frase: Oh Sagra-do Coração que vos imolais no-vamente em nossos altares cadavez que se celebra a missa...

DEPOIMENTO INTERROGATIVOAté quando este tipo de de-

voção vai continuar devorandoa Teologia?

Sabemos que Cristo se imo-lou uma única vez, com um sa-crifício perfeito, válido para to-dos e para todos os tempos.

O que existe na missa é a me-mória do que Cristo fez. Na Eu-caristia, atualizamos a memóriado que Cristo fez, fazemos aação de graças.

Devemos deixar de lado ex-

plicações filosóficas (transubs-tanciação... substância... aci-dentes...) e voltar ao sentido docapítulo VI de São João: deve-mos aceitar a pessoa de Jesus ea sua presença verdadeira quan-do agimos em sua memória.

Nada de sacerdócio atuantenos moldes do AT e do paganis-mo!

Francisco de Assis [email protected]

Page 13: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

13Jornal RUMOS

O problema não é fal-ta de vocações, masos condicionamen-

tos em que o sistema domi-nante as enclausura cha-mando e atribuindo a si tra-dições e poderes que deixamde lado a tradição apostóli-ca e a única lei em vigor paraos discípulos de Jesus: oamor. Que outra coisa são asvocações dentro da corpo-ração baseada em Cristo, senão os talentos (Mateus25:14-30) conforme Deus osdistribui, os carismas, donsgratúitos do Espírito deDeus em função da edifica-ção deste corpo de Cristo?Embora sejam diferentescomo os membros de umcorpo, quer em termos de suaimportância, quer em suasfunções, o que, afinal, temvalor diante de Deus, é quepessoa os administre, cadaum com a sua capacidade (1Coríntios 12, 13 e 14; Ro12:3-8).

O que em princípio sedeve ter por certo é que ostalentos, os carismas, ou

Conservador ou pro-gressista? Modera-do ou adepto da te-

ologia da libertação? O per-fil do novo prefeito da Con-gregação para a Doutrina daFé (CDF), do Vaticano, no-meado no início da semana,revela um trajeto atípico doaté agora bispo de Ratisbo-na (Baviera alemã). GerhardLudwig Müller, 64 anos, pa-rece um duplo de Ratzingerpelo percurso de intelectu-al, pela atitude aberta aostempos mas intransigente nadoutrina da Igreja, pelo con-servadorismo moral e audá-cia no pensamento.

Algo mexe no Vaticano,depois das polêmicas dosúltimos meses, que incluírama divulgação pública de car-tas pessoais dirigidas aoPapa. Bento XVI parece que-rer retomar a iniciativa: nasúltimas semanas, nomeouvários responsáveis de or-ganismos da Cúria Romana.

O novo prefeito é a esco-lha mais importante. Presideao organismo que vigia a or-todoxia católica, substituin-do o cardeal William Levada,

O NOVO GUARDIÃO DA FÉ CATÓLICA É AMIGODO PAPA E DE TEÓLOGOS DA LIBERTAÇÃO

VOCAÇÕES MINISTERIAIS BLOQUEADAS

dos Estados Unidos, queabandona o cargo por razõesde idade e deixa dois temaspara resolver: o relatório so-bre a atividade da Conferên-cia das Superioras das Reli-giosas dos EUA e a eventualreintegração dos tradiciona-listas no seio da Igreja Cató-lica (ver textos ao lado). Tam-bém a harmonização das prá-ticas dos bispos em relaçãoaos abusos sexuais do cleroserá prioritária.

Na semana anterior, hou-ve outra nomeação de des-taque: a própria CDF, aindapresidida pelo cardeal Leva-da, anunciou a escolha donorte-americano AugustineDi Noia para vice-presiden-te da Comissão PontifíciaEcclesia Dei, cuja tarefa énegociar com os integristaslefebvrianos a sua hipotéti-ca reintegração na Igreja.

A escolha de Di Noiapara a Ecclesia Dei, que fun-ciona no âmbito da CDF, foijustificada pelo seu perfil. Oarcebispo conhece bem as"questões doutrinais" rela-tivas ao processo e a "cor-reta interpretação do Concí-

lio Vaticano II", tema centralda cisão integrista.

Di Noia goza também,acrescenta a nota de nomea-ção, de um "amplo respeito"junto das comunidades ju-daicas, o que pode ajudar aresolver os problemas cria-dos precisamente por cedên-cias aos integristas - como arestauração de uma oraçãoque falava dos "pérfidos ju-deus" que mataram Jesus. Aoração foi substituída pelopedido de que os judeus re-conheçam em Jesus "o sal-vador de todos os homens".

Será sob a direção deLudwig Müller que Di Noiairá trabalhar. Müller, tal comoo atuai Papa, é oriundo daBaviera católica e tem umaprodução acadêmica inten-sa. Publicou mais de 400 li-vros e artigos, entre os quaisas 900 páginas da sua obramais importante, Katholis-che Dogmatik. Für Studiumund Praxis der Teologie(Dogmática Católica. Para oEstudo e a Prática da Teolo-gia), com sete edições e tra-duções em várias línguas.

Futuro cardeal

Müller, que com este car-go garante a nomeação comocardeal num próximo consis-tório, foi, aos 38 anos, um dosmais jovens professores daUniversidade de Munique. Éele o editor, em alemão, dasObras Completas de Ratzin-ger, o que lhe valeu uma pro-ximidade pessoal ao Papa - oque terá sido decisivo na es-colha de Bento XVI. Ratzin-ger esteve na sua ordenaçãocomo bispo, em 2002.

É ativo no diálogo ecu-mênico com as igrejas pro-testantes da Alemanha - é

seja, a vocação, não é dadapelo papa ou por um bispo,mas por Deus, pelo Espíritode Deus que sopra ondequer, sem distinção de sexoou estado de vida. É óbvioque são as igrejas de base,as comunidades locais, cujopoder de "examinar tudo eficar com o que (em consci-ência) considerem autênti-co" (1 Ts 5.21), que devempromover e escolher seusministros, seus pastores edistinguir entre profetas fal-sos e verdadeiros, como eracostume nos primeiros sécu-los do cristianismo.

O que, de acordo comBernhard Häring, é inaceitá-vel é que os superiores (ter-mo anti-evangélico) se atri-buam o poder de "ditar aoEspírito da Liberdade os ca-nais e as condições em Eledeve agir", ou seja, exclusi-vamente em varões solteiros.Chegar a este absurdo, pre-tender colocar-se acima deDeus, revela a ausência to-tal daquele zelo pela causade Jesus que caracterizava

São Paulo, quando ele argu-mentava contra a rivalidade,dizendo: "Que Cristo sejaanunciado, é nisto que mealegro", seja com boa ou máintenção (Fil1 ,15-18).

Além disso, ninguémfala de "sacerdotes". Jesus,um judeu até o final de suavida, não estabeleceu qual-quer novo sacerdócio ou

sacrifícios, a não ser a mi-sericórdia (Mt 9,13), nem anecessidade de templos (Jo4.23). Para Jesus, Deus éimediato e não exige inter-mediários sagrados. Seutemplo somos nós. Jesusenviou os apóstolos e dis-cípulos para anunciar aBoa Nova. Nenhum deles,como Jesus, féis à religião

judaica, se apresentavacom sacerdote. A chamadasucessão apostólica é umainvenção que não tem basena tradição primitiva.

Sabemos que no princí-pio quem presidia a Ceia doSenhor eram homens oumulheres de prestígio, paisou mães em suas casas, semse considerarem uma espé-

vice-presidente da Associa-ção das Igrejas Cristãs dopaís. Os críticos apontam-lheo que consideram ser umaconcepção demasiado hie-rárquica do cargo de bispo,o afastamento de leigos crí-ticos e o não reconhecimen-to das causas estruturais naorigem dos abusos sexuais.

Em 1977, a sua tese dedoutoramento foi dedicadaa Dietrich Bonhoeffer, pas-tor protestante morto pelosnazis. Aos luteranos, Lu-dwig Müller propôs já quereabilitem também os cató-

licos que criticaram Lutero,tal como a Igreja Católicaencara "positivamente" oiniciador da Reforma pro-testante desde há 80 anos.

Do outro lado, os inte-gristas não perdoam a Mül-ler o fato de ter sido aluno doperuano Gustavo Gutiérrez,de 84 anos. Müller nunca es-condeu a sua amizade comGutiérrez, fundador da Teo-logia da Libertação, que con-sidera um dos seus mestres ecom quem escreveu, em 2004,Ao Lado dos Pobres.

António Marujo

Gerhard Ludwig Müller

cie de magos, cujos gestosou palavras produzissem "exopere operantis" (pelo po-der dessa pessoa) o milagreda transubstanciação. Eramjantares ou ceias comunitá-rios, num clima de amizade,sinais de entrega de suasvidas no estilo da ÚltimaCeia do Senhor.

A lei do celibato é ape-nas uma de uma série de atri-buições impostas ao "sacer-dócio" católico que marcamalgumas vidas muito particu-lares. Contudo, não só o mi-nistério na Igreja, mas tam-bém todo este sistema hie-rárquico piramidal de pode-res de alguns irmãos na fésobre as bases, exige um rei-nício com base nos Evange-lhos e na tradição apostóli-ca e é a partir destas que sedeve agir. Já se falou e es-creveu o suficiente. Tudopodemos esperar do Espíri-to de Deus se nos deixarmosguiar por Ele.

Franz Wieser, missioná-rio alemão no Peru há maisde 40 anos. Padre casado.

Page 14: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

14 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

PÁGINA DA MULHER

Sempre se fala que o celibato éum dom especial de Deus, é umcarisma. Ora, um carisma não

necessita de ser reforçado por umaimposição humana. Quanto à afirma-ção "é um dom de Deus", devemospontuar. São Paulo diz que todo o domvem de Deus. Portanto, o dom de ca-sar-se também vem de Deus em pé deigualdade.

Na Igreja não existe nada mais san-tificante do que os sacramentos. Elessão meios usados para conduzir a gra-ça de Deus. Qualquer sacramentotransmite a graça pela sua presença enão pela sua ausência. Então é absur-do, é pecaminoso afirmar que nos tor-namos mais aptos ao sacerdócio pelaausência do sacramento do matrimô-nio. O Concílio Vaticano II diz que asrelações sexuais matrimonias são san-tificantes. Ora, algo que me santificanão pode ser impedimento a qualquerfunção da Igreja, o que redundaria emafirmar que a santificação nos tornamais limitados e menos capazes.

Assim como na Bíblia, uma verda-de exposta em um dos seus livros nãopode ser contraditada em outro porquea fonte de inspiração é o mesmo Deus,também não pode haver um sacramen-to que cause impedimento a outro.

A SANTIDADE DO CASAMENTOComo os padres celibatários sozi-

nhos não conseguem evangelizar todasas pessoas, o Papa, ao não aproveitaros padres casados, está se opondo auma ordem expressa de Cristo: "Idepelo mundo e evangelizai todas as na-ções".

Cristo nunca fez distinção de pes-soas. Com a prática discriminatória deaplicar apenas no ocidente a lei do celi-bato, o Papa está sendo injusto e agindopor motivações humanas e políticas enão em benefício do reino de Deus.

Não podemos desobedecer aoPapa, mas temos o direito e o dever dequestioná-lo como Paulo protestou con-tra Pedro e, como Natan acusou a Davi,pois também nós somos inspirados peloEspírito Santo e mensageiros de Cristo.

Alguém, baseado em Mt 19,3-12poderia dizer que Jesus preferia o celi-bato ao casamento, embora não o te-nha imposto aos Seus discípulos. Po-rém, examinando bem o texto e o con-texto, vemos que Jesus, ao proferiraquelas palavras, estava falando da res-ponsabilidade de um casamento. Equando os apóstolos ouviram que nãoera lícito deixar a esposa, conformeMoisés permitira, Pedro respondeu emnome de todos: "Então é melhor não secasar". Essa atitude demonstrou mais

uma vez a imperfeição deles, a falta deconfiança em si mesmos para assumira responsabilidade matrimonial. Jesusentão esclarece, tanto aos fariseus quequiseram pô-lo à prova, como aosapóstolos, que o casamento é uma coi-sa séria, é uma união feita por Deus eque não se justificaria afastar-se delepor medo de assumir uma responsabi-lidade para sempre. Apenas deveriamse afastar os eunucos, isto é, aquelesque não tivessem possibilidade de sa-tisfazer as necessidades sexuais do côn-juge, e estes pertenciam a três grupos.No primeiro estariam os impotentespela própria natureza; no segundo osque se tornaram impotentes pelas mãosdo homem. (Neste grupo se incluemos celibatários por imposição do Papa);no terceiro estão aqueles que por ins-piração divina e com plena liberdade,resolveram ficar celibatários para me-lhor se dedicar ao reino de Deus. Opróprio fato de não ser lícito a nin-guém se mutilar, prova que Jesus usa otermo "eunuco" no sentido simbólico,ou seja, no sentido de abstenção sexu-al. Ele não está, portanto, comparandoo casamento com o celibato e muitomenos afirmando que um é melhor doque o outro. Em toda a parábola Jesusdá argumentos para justificar ou escla-

recer o assunto do qual Ele está falan-do e em Mt 19,3-12 o assunto ventila-do é matrimônio e não celibato.

Nos tempos de Jesus não haviameios de locomoção nem de difusãosuficientes como os de hoje. Então ospregadores, para cumprirem sua mis-são, teriam que viajar constantementede um lugar a outro, sem tempo devoltarem para casa e, nesse caso, seriamelhor (não para Deus), mas para opregador ser celibatário.

Ora, nos dias de hoje, em que oambiente de evangelização do padre ésempre o mesmo e todos os dias eledorme em sua casa e, muitas vezesdormem lá também empregadas dosexo feminino, a situação se inverteu:para servir melhor ao reino de Deus, opadre deveria ser casado, pois assim aevangelização se tornaria mais eficaz,mais humana e o padre mais equilibra-do e mais resguardado. Conforme aspalavras de Paulo, o fato de o padregovernar a própria casa, lhe daria maisexperiência para governar a paróquia.

O Papa não permite que Deusescolha por Si mesmo os sacerdotesque Ele quer celibatários porque te-meria que uma grande quantidade depadres se casaria, e entre estes, mui-tos seriam infiéis no casamento, te-

riam filhos bastardos, teriam dificul-dade com a esposa, separar-se-iamdela e contrairiam novos casamen-tos. Já que os padres são humanoscomo todos os homens, é de se su-por que tudo isso aconteceria.

A Igreja, porém, com seu triunfalis-mo, não quer se submeter ao risco eprefere aparentar que os padres são umaclasse acima do nível das outras. Ela seesquece de que Jesus escolheu paraapóstolos justamente homens cheios dedefeitos para que Ele pudesse demons-trar, através dos séculos, que a Igrejasobrevive pela força divina e não pelaforça humana. A Bíblia constantemen-te nos mostra que os servidores de Deus,inclusive os mais notáveis, como Moi-sés, Davi e os reis de Israel sempre fa-lharam, mas que Deus é sempre fiel ecumpre as suas promessas.

Concluindo: Não basta, pois, colo-car a máscara de santo na pele de umpecador. A Igreja precisa ter uma visãosobrenatural e difundir ao máximo, e emtodas as partes, as mensagens de Cris-to. A fé nos dá absoluta certeza de queJesus ficará sempre com Sua Igreja, nãopor causa da propalada e hipotética san-tidade do Papa, dos Bispos e dos pa-dres, mas por causa de Sua promessa.

Autor não lembrado

EX-PADRES E EX-FREIRAS

Nós que prosseguimos, devemos a eles o respeito de irmãos e irmãs. Caminharam

conosco por anos, sonhando os mes-mos sonhos e sofrendo as mesmas do-res do reino, até que para eles e elasficou difícil continuar a servir a Deusdessa maneira. Não deu mais. Algunspodem ter perdido a fé e a perspectiva,mas a maioria continuou amando a Je-sus e à Igreja e servindo o Senhor. Nãoperderam a vocação. Só não foi maispossível servir e amar num convento,no celibato ou no ministério. Para elesficou difícil demais prosseguir naquelecaminho de vida. Para não servirem aDeus infelizes e desajustados procura-ram seu ajuste noutro caminho.

Há quem os diminua por isso.Há quem fale em perda, fuga, infide-lidade e fracasso; o que é injusto, por-que há fracassados que continuam,mas servindo sem amor e há muitosdeles que se tornaram pessoas me-lhores depois da mudança de vida.Cada caso é um caso!

Nós que ficamos nos conventos,nas paróquias, nas pastorais e acha-mos que podemos ir até o fim, temosmais é que respeitá-los. Por um tempoconseguiram, cheios de zelo e amor aju-dar o povo de Deus como padres, frei-ras e irmãos. Foi vocação. Sentiram-sechamados. Houve um momento emque, ou não foi mais possível respon-der daquele jeito ou sentiram-se cha-mado a outro caminho. Pediram licen-ça, fizeram tudo nos conformes. Mas,ficar não dava mais. Em nenhum mo-mento quiseram desafiar a Igreja, maso coração pedia um lar, um amor ouum outro caminho de serviço.

Falo dos maduros. Sofreram eainda sofrem bastante com suas op-ções. Tenho vários amigos e amigas,maravilhosos em tudo que já exerce-ram o ministério sacerdotal e já vive-

ram como religiosas. Aprendi e aindaaprendo muito com eles. Nunca meachei melhor do que eles só porquecontinuo. Nem sei se os entendo, por-que não passei pelo que eles passa-ram. Mas de ouvi-los, sei o quantosofreram e ainda sofrem.

Continuam companheiros. Algunsadorariam poder atuar, mas nossa Igrejaainda não tem esta opção. Enquanto isso,prosseguem com saudade, mas sem má-goa , na mesma direção do mesmo reino .Mudaram de veículo, mas não de desti-no. Nunca os chamo de ex padres ou exfreiras. Chamo-os de irmãos. É o quesão. Um dia nossa igreja saberá aprovei-tar melhor suas capacidades.

Enquanto isso não acontece, quesejam vistos como servidores de Deus,lá onde agora estão, alguns mais, outrosmenos felizes, outros infelizes comoantes. Julgá-los, nunca! Essas coisas docoração e da fé não podem ser medidasna base do era e não é mais. A maioriacontinua viajando na direção do mesmoinfinito, amando como antes. Se vocênunca viveu perto deles ou delas nãoterá uma idéia do quanto lhes dói a pala-vra ex. Não a use. Eles não a merecem.

Pe. Zezinho, SCJ

MULHER DE PADRE FERNANDA EMERSON

Ao deixar o exercício do minis-tério sacerdotal, sobram, oumelhor, nascem existencial-

mente algumas perguntas que só o tem-po ajuda a encontrar respostas. Nestamesma ordem, também algumas, oumuitas, passagens da Escritura pare-cem carecer de sentido, sobretudoquando interpretadas a partir de umavisão unicamente oficial e que ao dei-xar o ministério certamente e necessa-riamente sofre seus abalos. O interes-sante, para não parecer negativo ape-nas, é que muitas passagens bíblicasganham uma luz extremamente forte epassam a ter um sentido marcadamen-te extraordinário, e assim, a iluminareste novo momento da existência hu-mana. Isto vale profundamente paranós (Emerson e Fernanda), como tam-bém, para os que convivem conosco.

Mas afinal - para sermos fiel aoque nos foi pedido -, como começounossa história? Conhecemos-nos hátrês anos, mas por dois deles, esterelacionamento não passou de con-tato estritamente profissional em umconsultório odontológico (Fernandaé cirurgiã dentista), embora desde oprimeiro dia que a encontrei no con-sultório, nasceu por ela uma pro-funda admiração.

Fernanda vem de um relacionamen-to de onze anos, da qual traz uma filha(Júlia), hoje com dezesseis anos de ida-de. Este relacionamento, juntamentecom as demais experiências, própriasda vida humana (família, vivencia dafé em comunidade, relações específi-cas no campo do seu trabalho), fez deFernanda uma pessoa bastante ama-durecida, aspecto este, essencial paraassumir um novo relacionamento, so-bretudo, quando este relacionamentoé com um padre, profundamente mar-cado pela formação eclesial e pelo"tipo" de vida que lhe é próprio.

Eu Emerson, com a saída do clerodiocesano de Toledo (Paraná), passei aresidir na cidade de Mogi das Cruzes(São Paulo), aonde vim para fazerMestrado, e trabalhar na área do turis-mo religioso, onde continuo até hoje.Contudo, até estar "suficientemente"preparado para assumir alguém comocompanheira para toda a vida, tive quedar alguns passos, difíceis, mas neces-sários. O primeiro choque, é o ama-nhecer dos primeiros dias depois dedeixado o ministério sacerdotal, porque? Ao ser ordenado, na maioria doscasos, acontece um "milagre de bonan-ça" na vida do recém ordenado: casacom mordomias, automóvel, microfo-nes (com todo significado que isto pos-sa ter), funcionários a disposição, etc.Ao deixar o ministério, imediatamen-te, tudo isto se vai. Mas isto não é omais importante, embora seja, sim, umaspecto a ser considerado. A questão éque, neste momento se conclui estarfora da realidade: vivemos em uma re-alidade tecnicista tão avançada, queuma dezena de anos de esforços dedi-cados ao estudo das faculdades de filo-sofia e teologia não serve para quasenada - profissionalmente falando. Além

deste aspecto, o padre ao deixar o mi-nistério não costuma estar, ou melhor,não se sente preparado para assumir ocasamento, até porque, dar aulas, fa-zer homilia, proferir palestra ou cur-sos sobre a realidade matrimonial, ain-da não significa saber de fato os prin-cipais aspectos que envolvem a reali-dade cotidiana de um casamento. Ba-seado nisto foi que, quando as condi-ções econômicas permitiram, busqueiuma orientação psicológica profissio-nal que para mim; foi ferramenta bas-tante útil para auxiliar no amadureci-mento pessoal e que favoreceu encon-trar meu lugar ao sol enquanto dimen-são intelectual, profissional e tam-bém, como forma de (re)estruturaçãohumano-afetiva e abertura positivapara o feminino: somente ai eu estavapronto para acolher Fernanda de co-ração aberto na minha vida.

Para resumir a história, após pou-co mais de um ano de namoro, em ja-neiro último (2012), nos casamos ci-vilmente e estamos com entusiasmo efé, cotidianamente celebrando a alegriade vivermos em família.

Emerson e Fernanda Rafaeli,Mogi das Cruzes - SP

Page 15: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

Jornal RUMOS

15Jornal RUMOS

A ORDEM É DELETAR

O termo deletar é filho da re-volução informática dasúltimas décadas. Insere-

se no universo de um relativismoprogressivo onde as certezas ce-dem espaço às dúvidas, as pergun-tas substituem as respostas e asreferências se diluem como bolhasde sabão. Não há "verdades", e siminterpretações. De acordo com ofilósofo francês François Lyotard,em seu livro A Condição Pós-Mo-derna, acabaram-se as metalingua-gens ou metanarrativas, restandoapenas os experimentos e estudosde caso. Na contramão da globali-zação, o olhar amplo e universaldeu lugar à visão localizada, seto-rizada, especializada. Na medicina,o clínico geral desaparece frente àproliferação dos especialistas.

Com o advento dos temposmodernos ou pós-modernos, ouniverso predominantemente ru-ral da tradição dá lugar ao univer-so urbano das novidades. Nesteúltimo, nada é mais velho do queo jornal de ontem. As notícias ousão simultâneas aos fatos, ou dei-xam de ter interesse. Os antigosvalores e contravalores, passadosde geração para geração, são fa-cilmente trocados por novas for-mas de pensar e de se relacionar.Entram em cena diferentes valo-res e contravalores, onde a plura-lidade e a diversidade tomam olugar da uniformidade. O tempo,antes marcado pelo sol e a lua, asestações do ano, o plantio e a co-lheita, o canto do galo ou os si-nos da Igreja, agora adquire o rit-mo da máquina, do apito do trem.

A ciência e a tecnologia imprimi-ram uma velocidade sem prece-dentes na produção de mercado-rias, inovações e mentalidades.

Torna-se relativamente normalconstruir e simultaneamente dele-tar relações de todo tipo. Instala-se progressivamente a ideia de quetudo é descartável: roupas, sapa-tos, aparelhos domésticos, telefo-nes celulares, televisores, compu-tadores... Mas também amizade,namoro, casamento, profissão,vocação, e assim por diante. Di-ante de tamanha abundância decoisas e oportunidades, como dis-tinguir o que é essencial do que ésecundário? A profusão e plurali-dade de pontos de vista podemnivelar tudo por baixo. O experi-mento ganha força sobre o com-promisso de longo prazo. Faz-seuma experiência provisória, se nãoder certo... Bem, é só deletar e par-tir para outra! No relacionamentoamoroso, por exemplo, o "ficar"substitui o "namorar", pois esteúltimo exige o respeito à alterida-de, uma transformação profundae recíproca, ao passo que o outrorepresenta apenas o uso prazero-so da pessoa em questão.

O conceito de bem-estar pes-soal se sobrepõe ao bem-estar so-cial. O engajamento político e so-cial é substituído pela busca do"estar numa boa". Prevalece o "eu"sobre o "nós". Os imperativosmorais de uma consciência que sesente responsável diante da reali-dade sociopolítica ou diante damultidão dos pobres cedem o pos-to ao imperativo da saúde corporal

acima de qualquer preço. Multipli-cam-se a compra e venda de cos-méticos, as academias de ginásti-ca, o culto ao próprio corpo ou àscelebridades. Com isso, trocar departido, de religião, de amigo oude relacionamento amoroso é qua-se como trocar de roupa, de sabo-nete, de shampoo ou de operadorado telefone celular. Busca-se ansi-osamente a marca ou grife do mo-mento, mas também elas se perdemna voracidade dos modismos.Tudo se troca, tudo tem vida cur-ta, tudo se deleta... "Tudo que ésólido se desmancha no ar", afir-mava o Manifesto Comunista deMarx e Engels ainda em 1848.

Essa passagem da predominân-cia da tradição ao imperativo danovidade constitui um terreno pro-fundamente ambíguo. Tomemospor exemplo o conceito de liberda-de. No mundo da tradição rural efortemente hierarquizada, a liberda-de tem limites convencionais. De-senvolve-se sob a pressão contí-nua da família, da religião, da morale da sociedade no seu conjunto.No cenário industrializado e urba-no, a liberdade abre novos horizon-tes. As vielas estreitas se conver-tem em amplas estradas Mas ocaminho largo pode levar aos be-cos sem saída da violência, da dro-ga, do álcool e da prostituição.Tanto a "liberdade vigiada", numcaso, quanto a "liberdade de fazero que se quer", no outro, são ex-tremos que escondem perigos. Noprimeiro caso, é fácil deletar de umavez só uma longa e sólida tradição,às vezes adquirida como uma ca-

misa de força. No segundo, éigualmente fácil deletar os laçostênues de relações superficiais emomentâneas. Em geral, tudo oque se engole à força, cedo outarde se vomita; mas também écomum vomitar o que se engolecom excessiva sofreguidão.

Além disso, num universo pres-sionado pela observação moral oumoralista de princípios rígidos ehierárquicos, há uma tendêncianatural ao infantilismo. O indivíduoestá mais protegido, sem dúvida,mas tende a manter o cordão umbi-lical que rege o comportamento.Mantém-se comodamente dentrodas normas, dificilmente se arris-cando ao novo. Ao invés de ousar,tende a neutralizar-se. Já na atmos-fera mais aberta, livre e dinâmicado mundo urbano, o indivíduosente-se exposto a uma série de ris-cos e aventuras, mas isso pode le-var ao desenvolvimento de umaconsciência mais madura. No pri-meiro caso, digamos, a pessoa nas-ce revestida pela roupagem prote-tora da família, do compadrio, dareligião, da tradição... Sua identi-dade não terá grandes sobressal-tos. No segundo, a pessoa nascenua, terá que abrir a própria picadana selva de pedra, a identidade éalgo a ser construído passo a pas-so. Cada um tende a regular-semenos pelas conveniências soci-ais e mais pelos próprios princípi-os éticos. Por isso mesmo, apesardos riscos, os laços tendem a sermais autênticos.

Mas, na medida em que o uni-verso urbano coloniza gradativa-

mente o mundo rural, em ambosos casos o verbo deletar pode seracionado: ou para desfazer-se dasamarras de um convencionalismoestreito e castrador, ou para exi-bir-se a cada momento com as no-vidades de uma sociedade que nãopára de fabricá-las. Lojas e farmá-cias, profusamente iluminadas,expõem uma multidão de objetose de analgésicos que torna líqui-do toda forma de comprometimen-to moral. O desejo, motor implíci-to ou explícito do comportamentohumano, se vê atraído, seduzido,fascinado por todo tipo de apeloe modismo, onde o marketing, apropaganda e a publicidade exer-cem poderosa influência. Doisestudos de Gilles Lipovetsky po-deriam ser chamados aqui em tes-temunho: A Era do Vazio e O Im-pério do Efêmero, respectivamen-te sobre o individualismo contem-porâneo e a moda e seu destinonas sociedades modernas.

Produzir, comprar, usar, descar-tar... Eis o círculo de aço que amar-ra fortemente nossa vontade, nos-sos projetos e nossos passos. En-tramos nele quase sem nos darmosconta, mas, depois de a ele atados,é difícil desvencilhar-se. Mesmoprofessando o credo da preserva-ção do meio ambiente, hoje emvoga, não é fácil libertar-se da ra-toeira armada pelo mercado total.Se o enxotamos pela porta, ele en-tra pela janela ou, mais frequente-mente, pela telinha da TV ou daInternet. Para facilitar as coisas, láestá a tecla do deletar.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Paulo Cabral daRocha

É com profundo pesar que co-municamos o falecimento de nos-so estimado companheiro padrePaulo Cabral da Rocha. Era padrecasado e eesidia em Fortaleza CE.

Ele partiu para a eternidade dia25/06/2012

À esposa Maria Miriam Bar-ros e ao filho Paulo Eduardo nos-sa solidariedade fraterna nestemomento difícil, não obstantenossa certeza na Ressurreição ena Vida Eterna.

Petrus JacobusSchaeken

Faleceu no dia 01 de junho,em Manaus-AM. Estava sofren-do bastante. Agora é ele quem vaicuidar de nós ao lado do Pai.

Seu funeral foi muito bonito.À noite os padres casados fize-ram uma bela celebração.

No sábado de manhã, os pa-dres espiritanos que atuam emManaus celebraram a missa decorpo presente.Raimunda Schaeken e seus trêsfilhos.

FALECIMENTOS

Silvino AntônioTurco

Faleceu dia 02/07, em Guarapu-ava PR, Silvino, que tinha 74 anos.

Foi ordenado na Congregaçãodos Salvatorianos em 1959 e dei-xou o ministério em 1970.

Autor de vários discos e livrossobre música e juventude, casoucom Igneze de Carli, com quem tevedois filhos, Luís César e Paulo Alex.

Era membro da Academia de Le-tras, Artes e Ciências de Guarapuava.

À esposa e aos filhos a nossasolidariedade neste momento difícile a nossa promessa de oração paraque o Pai o tenha bem perto d´Ele.

Armando Holyszewski e Altiva

Acesse o site

www.padrescasados.org

Page 16: PADRES CASADOS NO CEARÁ · mensal, sempre na casa de um casal ou viúva. O anfitrião sem-pre faz a acolhida e, no fim, ofe-rece um lanche. 3. Nesse encontro mensal fazemos uma partilha

16 Jornal RUMOS

Jornal RUMOS

Queridos diocesa-nos, a minha renún-cia à Presidência da

Igreja que se reúne em Mer-lo-Moreno poderia parecer afuga do mau pastor diantedos lobos do constrangi-mento público, se não oacompanhasse uma mensa-gem de libertação.

Preciso abrir totalmentea minha privacidade diantedos vossos olhos compas-sivos, com a franqueza quedeve existir entre os cristãos.

Depois de uma juventu-de dada apenas ao Amor Di-vino, a vida quis ter piedadeda minha solidão e presen-tear-me, já maduro, com ocomplemento de companhiaque me estava faltando.

Arrastado pela paixãoentreguei-me sem reservasao amor inédito e descobri ainspiração do Cântico dosCânticos, o mais bonito dosnossos livros sagrados, quecostumamos entender emchave mística. Arrebataram-me a sensação dos beijos dasua boca e descobri maisdoces que o vinho os amo-res da amada, corpos e al-mas fundidos num só. Mi-nha vida tornou-se uma ma-nhã de pássaros chilreantes.

O presidente do Uru-guai vive com oequivalente a R$

2.500,00 e anda de Fusca.José Mujica foi conside-

rado o presidente mais po-bre do mundo, segundo ojornal espanhol El Mundo.

Mujica abriu mão de90% do salário de US$ 12.500e anda em um Fusca avalia-do em cerca de US$ 1.900.

O restante do salário édistribuído entre pequenas

AM 2 - BA 8 - CE 59 - DF 10 - MA 3 - MG 9 - PE 3- PR 11 - RJ 6 - SC 8 - SP 8 - Crianças e adolescentes13 - Argentina 3 - México 2 - Chile 2 ---TOTAL: 147

Já se encontra no blog do Movi-mento dos padres casados do Cearáos vídeos feitos a partir das fotos doXIX Encontro nacional do MFPCBRASIL que aconteceu em Fortale-za, Ceará entre 27 de junho e 01 dejulho de 2012.

Para acessar basta entrar no link:padrescasadosceara.blogspot.com.br

PARTICIPANTES DO ENCONTRO

VÍDEOS DO ENCONTRO

DESPEDIDA DE BISPOAPAIXONADO

URUGUAI COMPRESIDENTE POBRE

Mas a felicidade arreba-tada que gozava me impe-diu de entender a incoerên-cia moral de manter rela-ções que me proíbem o di-reito canônico e fidelidadeaos sagrados votos a quelivremente me comprometi.

Eu reconheço, tarde, mascom grande pesar, que a si-tuação irregular em que mevi metido, não deve ser con-siderada senão como incon-veniente a um profissionalda santidade. Por isso eupeço perdão, na esperançade que o concedais à minhafraqueza, e também para nãoter praticado a austeridadeque eu pregava aos outros.

Vou para a minha novavida com sensações de con-forto e desconforto. Conso-

lam-me os anos de serviçoeclesial aos homens tentan-do imitar os ensinamentosde Jesus; desconforta-meque uma norma humana meimponha o sacrifício de dei-xar o sacerdócio para sermarido. E mais ainda, pen-sar que alguns de vocês po-dem ter sofrido dano espiri-tual por minha causa.

Gostaria de deixar todosvocês com a bênção do Se-nhor e contar com a vossabênção. Eu sei que vós nãonegareis ao irmão que nãopoderia trair o coração ena-morado ou a mulher que lhedeu o seu coração.

Fiquem em paz.Fernando Bargalló

www.periodistadigital.comTradução: João Tavares

Faz sucesso na internet o presidente do Uruguai,que é o mais pobre (e digno) do mundo

empresas e ONGs que traba-lham com habitação.

"Este dinheiro me basta,e tem que bastar porque háoutros uruguaios que vivemcom menos", diz o presiden-te vizinho.

Sua esposa, Lucía Topo-lansky, é senadora e tambémdoa a maioria dos seus ren-dimentos.

O presidente vive numpequeno sítio nos arredoresda capital Montevidéu e não

faz uso do palácio presiden-cial. Com a chegada do in-verno, Mujica ofereceu a re-sidência oficial para abrigarmoradores de rua.

Isso até fica difícil deacreditar...

Mujica e a mulher partici-param da guerrilha dos Tu-pamaros contra a ditadurauruguaia e ficaram muitosanos presos. Depois, entra-ram na política partidária eacabaram chegando ao poder.

Carlos Newton

É hora de assinar ou renovara assinatura de RUMOS