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PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINARUNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Módulo Concorrência
Controlo de operações de concentração de empresas e abuso de posição
dominante
Rita Leandro Vasconcelos
Maio de 2011
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Controlo de operações de concentração de empresas
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1. Controlo de concentrações
Legislação
Lei 18/2003, de 11 de Junho (Lei da Concorrência) DL 10/2003, de 18 de Janeiro (Estatutos da AdC) Regulamento da AdC 120/2009 (Formulário
notificação)Disponíveis em: http://ec.europa.eu/competition/mergers/legislation/legislation.html
Regulamento CE 139/2004 (Regulamento concentrações)
Regulamento CE 802/2004 (Regulamento de execução)
Disponíveis em: http://ec.europa.eu/competition/mergers/legislation/legislation.html
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1. Controlo de concentrações
Comunicações da Comissão Europeia Comunicação consolidada em matéria de
competência Comunicação relativa à definição de mercado
relevante Comunicação sobre concentrações horizontais Comunicação sobre concentrações não horizontais
Disponíveis em: http://ec.europa.eu/competition/mergers/legislation/legislation.html
Linhas de orientação AdC Adopção de compromissos em operações de
concentração (texto não definitivo)Disponível em: http://www.concorrencia.pt/download/LO_compromissos_17_11_2010.pdf
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1. Controlo de concentrações
Finalidade do controlo de concentrações
Avaliação ex ante do impacto de uma concentração de recursos num determinado mercado
Impedir concentrações susceptíveis de privar os consumidores dos benefícios de uma concorrência efectiva (preços reduzidos, produção de elevada qualidade, vasta escolha e inovação), i.e. aumento de poder de mercado
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2. Operação de concentração
O que é uma operação de concentração de empresas?
Fusão de duas ou mais empresas independentes
Aquisição, por empresas ou pessoas singulares, do controlo da totalidade ou parte de uma ou mais empresas
Constituição de uma empresa comum de pleno exercício (que desempenhe, de forma duradoura, as funções de uma entidade económica autónoma)
(Art. 8.º LdC e Art.3.º R139/2004)
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2. Operação de concentração
Fusão
Duas ou mais empresas independentes se fundem numa nova empresa
Uma empresa é absorvida por outra
A conjugação das actividades de empresas independentes conduz à criação de uma única unidade económica
NYSE/Euronext Ccent.51/2006
(Art. 8.º, 1, a) LdC e Art. 3.º, 1, a) R139/2004)
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2. Operação de concentração
Aquisição de controlo
As modalidades de aquisição de controlo não estão previstas na lei
A forma não é relevante, o objecto da aquisição deve ser uma “empresa” Contrato de compra e venda de participações sociais Oferta pública de aquisição Trespasse Compra e venda de activos
Galp/TGLS Ccent. 78/2007 Teixeira Duarte/Martinertes Ccent. 14/2007
(Art. 8.º, 1, b) LdC e Art. 3.º, 1, b) R139/2004)
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2. Operação de concentração
Aquisição de controlo
Totalidade ou parte do capital social Direitos de propriedade, uso ou fruição sobre a
totalidade ou parte dos activos Direitos que confiram uma influência
preponderante na condução dos negócios das empresas
Direitos de veto
(Art. 8.º, 3 LdC e Art. 3.º, 2 R139/2004)
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2. Operação de concentração
Aquisição de controlo
Vamos analisar os elementos disponíveis em função de todas as circunstâncias de direito ou de facto Acordos já existentes Acordos a celebrar em virtude da transacção (ex.
parassociais) Processo de tomada de decisões determinantes –
orçamento, plano de negócios, nomeação dos membros do órgão de administração e determinados investimentos
Alliance Santé/Farmindústria/JMello/Alliance Unichem Ccent.80/2005
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2. Operação de concentração
Controlo
Possibilidade de exercer, isoladamente ou em conjunto, uma influência determinante sobre a actividade de uma empresa Exclusivo ou conjunto De direito ou de facto
(Art. 8.º, 3 LdC e Art. 3.º, 2 e 3 R139/2004)
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2. Operação de concentração Constituição de empresa comum de pleno exercício
Recursos suficientes para operar de forma independente no mercado
Actividades que excedem uma função específica a realizar para as empresas-mãe
Relações de compra/venda e prestação de serviços com as empresas-mãe
Carácter duradouro
CTT/Visabeira/CTT IMO Ccent. 16/2004(Art. 8.º, 2 LdC e Art. 3.º, 4 R139/2004)
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2. Operação de concentração
Casos em que não estamos perante uma concentração
Aquisições de participações ou activos no quadro de processos especiais de rescuperação de empresas e falência
Aquisições de participações com mera função de garantia
Aquisições por instituições de crédito de participações em empresas não financeiras nos termos do Regime Geral dsas Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras
Kiri/DyStar Ccent. 49/2009 CGD/Sumolis/Nutricafés Ccent. 71/2005 Sonae/Carrefour Ccent. 51/2007
(Art. 8.º, 4 LdC; Art. 3.º, 5 R139/2004)
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3. Notificação Comissão Europeia
Critérios de notificação assentes no volume de negócios das empresas em causa
AdC
Critérios de notificação assentes no volume de negócios das empresas em causa ou quota de mercado
Princípio do “balcão único”
(Art. 9.º LdC; Art. 1.º R139/2004)14
3. Notificação Comissão Europeia
VN conjunto mundial > €5.000 milhões (no último exercício)
VN individual UE de 2 empresas > €250 milhões Excepto se 2/3 VN no mesmo EM
ou VN conjunto mundial > €2.500 milhões VN conjunto em cada 1 de 3 EM > €100 milhões VN individual em cada 1 dos 3 EM > €25 milhões VN individual UE de 2 empresas > €100 milhões Excepto se 2/3 VN no mesmo EM
(Art. 1.º e 5.º R139/2004)15
3. Notificação
AdC
VN conjunto > €150 milhões, em Portugal, (no último exercício)
VN individual de 2 empresas > €2 milhões euros Produtos vendidos e serviços prestados VN do “Grupo” Líquido das relações intra-grupo Líquido dos impostos directamente relacionados com o
VN ≠ empresas comuns e empresas-mãe
(Art. 9.º, 1, b) e 10.º LdC)16
3. Notificação
AdC
Criação ou reforço de QM > 30% no mercado nacional de determinado bem ou serviço ou numa parte substancial deste, em consequência da operação Mercado relevante (produto e geográfico) Não é necessário haver sobreposição de actividades
Enernova/Ortiga/Safra Ccent. 16/2005(Art. 9.º, 1, a) LdC)
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4. Quem notifica?
Empresas em causa
Noção de empresa Empresa notificante Notificação em caso de aquisição de controlo
conjunto
(Arts. 2.º e10.º LdC; Art. 5.º R139/2004)
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5. Quando se notifica?
Comissão
Sem prazo Obrigação de não realizar a transacção antes de
uma decisão de compatibilidade Possibilidade de notificação de operações
projectadas Casos de remessa
(Art. 4.º, 1 e 7.º R139/2004)
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5. Quando se notifica?
AdC
7 dias úteis após conclusão do acordo ou publicação anúncio preliminar
Obrigação de não implementar a transacção antes de uma decisão de não oposição
Procedimento de avaliação prévia Facultativo Informal Confidencial Até 15 dias úteis antes da celebração do acordo relevante
(Arts. 9.º, n.2, 3 e11.º LdC)
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6. Em caso de não notificação
Comissão Equivalente (Arts. 7.º, 14.º e 15.º R139/2004)
AdC Invalidade dos negócios jurídicos
Excepto em alguns casos OPA ou OPT Derrogação obtida da AdC
Coimas Até 1% VN quando há falta de notificação Sanção pecuniária compulsória até 5% média diária VN por dia de atraso Até10% VN quando há realizaçãoda concentração
Procedimento oficioso Taxa a dobrar(Arts. 40.º, 41.º e 43.º LdC)
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7. Procedimento Comissão
Arts. 10.º e 11.º R139/2004 / R802/2004
AdC 7 dias úteis para determinar se notificação está completa 30 dias úteis para decidir em primeira fase 90 dias úteis para procedimento de investigação
aprofundada, subtraindo os dias utilizados em primeira fase Possibilidade de suspensão de prazos quando haja
necessidade de elementos adicionais (às empresas participantes e contra-interessados)
Parecer de entidades reguladoras
(Arts. 30.º-39.º LdC)
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8. Procedimento oficioso
AdC Concentrações que não tenham sido notificadas Decisões de não oposição baseadas em informações
falsas ou inexactas Incumprimento de compromissos AdC não está vinculada aos prazos previstos no
procedimento comum
Alliance Santé/Farmindústria/JMello/Alliance Unichem Ccent.80/2005(Art. 40.º LdC)
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9. Critérios de apreciação
Comissão Entrave significativo a uma concorrência efectiva (SIEC) no
mercado interno ou numa parte substancial deste, em particular em resultado da criação ou reforço de uma posição dominante
Possibilidade de apresentação de compromissos estruturais e/ou comportamentais
AdC Criação ou reforço de uma posição dominante da qual podem
resultar entraves significativos à concorrência efectiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste
Possibilidade de apresentação de compromissos estruturais e/ou comportamentais
(Art. 12.º LdC; Art. 2.º R139/2004)
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10. Decisão
Não oposição / compatível com mercado interno Não oposição com compromissos
Estruturais Comportamentais
Proibição (nunca em primeira fase) /incompatível Tácita Restrições acessórias
(Arts. 35.º e 37.º LdC; Art. 8.º R139/2004)
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11. Recursos
Comissão
Para o Tribunal Geral e do seu acórdão para o Tribunal de Justiça da União Europeia (Art. 21.º, 2 R139/2004; Arts. 256.º, 1 e 263.º TFUE)
Não tem efeito suspensivo (Art. 278.º TFUE) 2 meses (Art. 263.º TFUE)
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11. Recursos AdC Recurso ordinário
Para o Tribunal de Comércio de Lisboa 3 meses Efeito meramente devolutivo Da sentença do TCL cabe recurso para a Relação de Lisboa e
desta para o STJ, limitado à matéria de direito Recurso extraordinário
Para o Ministro da Economia Benefícios resultantes da autorização superam as desvantagens
para a concorrência(Arts. 54.º Ldc e 34.º DL10/2003)
Barraqueiro/Arriva Ccent. 37/2004 Brisa/AEO/AEA Ccent. 37/2004
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Abuso de posição dominante
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1. Abuso de posição dominante Legislação
Lei 18/2003, de 11 de Junho (Lei da Concorrência) DL 10/2003, de 18 de Janeiro (Estatutos da AdC)
Comunicações da Comissão Europeia Comunicação sobre prioridades na aplicação do
artigo 82.º [agora artigo 102.º TFUE] a comportamentos de exclusão
Disponível em: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2009:045:0007:0020:PT:PDF
Comunicação sobre o mercado relevante
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2. Posição dominante
“Empresa que actua no mercado no qual não sofre concorrência significativa ou assume preponderância relativamente aos seus concorrentes.” i.e., o poder de agir de forma independente de concorrentes, clientes e fornecedores
(Art. 6.º LdC)
A posição dominante não é proibida, mas entende-se que as empresas em posição dominante têm uma especial responsabilidade na sua actuação no mercado
Posição dominante colectiva30
2. Posição dominante
A posição dominante determina-se em função de um mercado relevante, tendo em conta
Posição concorrentes Barreiras à entrada e expansão Poder negocial dos compradores Quotas de mercado (“quando a quota da empresa
é inferior a 40%, no mercado relevante, é pouco provável que exista posição dominante” – Comissão, Orientação Art. 102.º)
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3. Abuso
Exclusão Dirigido contra concorrentes (encerramento do
mercado, e.g. descontos de fidelização, subordinação, esmagamento de margens, preços predatórios)
Exploração Dirigido contra clientes (pode provocar distorção
da concorrência no mercado a jusante, e.g. discriminação, preços excessivos)
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3. Abuso
Exemplos Preços excessivos Preços predatórios Descontos de fidelização Recusa de fornecimento Acesso infra-estruturas essenciais Tying /bundling Esmagamento de margens
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4. Consequências
Nulidade Coimas
10% volume de negócios (+10% em caso de concurso de infracções)
(Art. 43.º LdC / Art. 23.º R1/2003) Outros (sanção pecuniária compulsória)
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5. Recursos
Tribunal do Comércio de Lisboa Tribunal da Relação de Lisboa (Arts. 49.º ss LdC)
Tribunal Geral Tribunal de Justiça da União Europeia (Art. 263.º TFUE)
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Rita Leandro [email protected]
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