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PRÁTICA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL Elaboração e Teses de Defesa. Análise de caso concreto.

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Page 1: P RÁTICA DE P ROCESSO A DMINISTRATIVO A MBIENTAL Elaboração e Teses de Defesa. Análise de caso concreto

PRÁTICA DE PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL

Elaboração e Teses de Defesa. Análise de caso concreto.

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1. EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO.

Início do procedimento. Notificação (art. 20, da IN 14/2009) ou lavratura de auto de infração (art. 96, do Decreto) ou Termos Próprios (art. 40, da IN 14).

Fatos do caso:Empresa de mineração, que desejava instalar nova

área para depósito de rejeitos de sua operação, formulou ao órgão licenciador (órgão estadual) uma consulta sobre procedimento a ser adotado, bem como requereu licença de instalação da obra. Foi autuada tanto pelo órgão licenciador quanto pelo Ibama sob o mesmo fundamento, tendo este último também embargado o local da obra.

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LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO E TERMO DE EMBARGO (CONT.)

Imagem. Imagem

AUTO DE INFRAÇÃO TERMO DE EMBARGO

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CONTEÚDO MÍNIMO DO AUTO DE INFRAÇÃO

Art. 137 - O auto de infração será lavrado na sede do órgão ambiental ou no local em que for verificada a infração, pelo servidor competente que a houver constatado, devendo conter:

I - a qualificação do autuado;II - o local, data e hora da lavratura;III - a descrição completa e detalhista do

fato e a menção precisa dos dispositivos legais ou regulamentares transgredidos para que o autuado possa exercer, em sua plenitude, o direito de defesa;

IV - a penalidade a que esta sujeito o infrator e o respectivo preceito legal que autoriza a sua imposição tudo registrado com clareza e precisão, para os mesmos fins de plena defesa;

V - assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número da matrícula;

VI - prazo de defesa;VII - o testemunho mediante as

respectivas assinaturas, de pessoas que assistiram aos fatos narrados no auto.

Art. 97.  O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com a identificação do autuado, a descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo conter emendas ou rasuras que comprometam sua validade.

Valor da multa simples; e Ser for o caso de aplicação de multa

diária, o valor desta deve também constar no auto.

Auto de Infração Estadual Auto de Infração Federal

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FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DOS AUTOS DE INFRAÇÃO:

Art. 93 e 118, I e VI da Lei Estadual n. 5.887 de 06/05/1995;

Art. 44 de Decreto Federal n. 3.179 de 1999 (data da autuação junho de 2008);

Pena genérica: Art. 119, da Lei Estadual.

Arts. 70 e 72, da Lei nº 9.605/1998;

Art. 3º, II e VII e art. 66 do Decreto 6.514/2008

Auto de Infração Estadual Auto de Infração Federal

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Conduta Infratora: “fazer funcionar atividade potencialmente

poluidora sem licença do órgão ambiental competente”.

Penalidades aplicadas:

- Estadual: multa no valor de 80.000,00 UFP´s (pois infração foi considerada gravíssima, nos termos do art. 122, III, da Lei Estadual n. 5.887/95).

- Federal: multa simples no valor de R$ 10 milhões de reais e embargo da obra.

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Ciência do autuado. Formas:

Art. 96.  Constatada a ocorrência de infração administrativa ambiental, será lavrado auto de infração, do qual deverá ser dado ciência ao autuado, assegurando-se o contraditório e a ampla defesa. 

§ 1o  O autuado será intimado da lavratura do auto de infração pelas seguintes formas: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - pessoalmente; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).II - por seu representante legal; (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de

2008).III - por carta registrada com aviso de recebimento; (Incluído pelo

Decreto nº 6.686, de 2008).IV - por edital, se estiver o infrator autuado em lugar incerto, não

sabido ou se não for localizado no endereço. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 2o  Caso o autuado se recuse a dar ciência do auto de infração, o agente autuante certificará o ocorrido na presença de duas testemunhas e o entregará ao autuado. (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

§ 3o  Nos casos de evasão ou ausência do responsável pela infração administrativa, e inexistindo preposto identificado, o agente autuante aplicará o disposto no § 1o, encaminhando o auto de infração por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a sua ciência. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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Prazos para apresentação de defesa:- Estadual: 15 dias. Art. 140, da Lei Estadual n.

5.887/1995- Federal: 20 dias. Art. 113, Decreto n. 6.514/2008.

Regra de contagem do prazo:- Estadual: incluir o dia da ciência. Mencionar

Precedente. - Federal: início no dia subseqüente à ciência

(mesmo que não útil). Art. 113, do Decreto n. 6.514/2008 c/c art. 66, parágrafos, da Lei n. 9.784/99.

Local da apresentação da defesa:- Descentralização do protocolo do Ibama. Art. 114,

Decreto n. 6.514/2008 (qualquer unidade administrativa do órgão ambiental que promoveu a autuação).

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VÍCIOS DO AUTO DE INFRAÇÃO E SUAS CONSEQÜÊNCIAS

Vícios sanáveis : aqueles não implicam na modificação dos fatos descritos.

Art. 99.  O auto de infração que apresentar vício sanável poderá, a qualquer tempo, ser convalidado de ofício pela autoridade julgadora, mediante despacho saneador, após o pronunciamento do órgão da Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa da entidade responsável pela autuação. 

Parágrafo único.  Constatado o vício sanável, sob alegação do autuado, o procedimento será anulado a partir da fase processual em que o vício foi produzido, reabrindo-se novo prazo para defesa, aproveitando-se os atos regularmente produzidos.

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Vícios insanáveis: aqueles que implicam na modificação dos fatos.

Art. 100.  O auto de infração que apresentar vício insanável deverá ser declarado nulo pela autoridade julgadora competente, que determinará o arquivamento do processo, após o pronunciamento do órgão da Procuradoria-Geral Federal que atua junto à respectiva unidade administrativa da entidade responsável pela autuação.

§ 1o  Para os efeitos do caput, considera-se vício insanável aquele em que a correção da autuação implica modificação do fato descrito no auto de infração.

§ 2o  Nos casos em que o auto de infração for declarado nulo e estiver caracterizada a conduta ou atividade lesiva ao meio ambiente, deverá ser lavrado novo auto, observadas as regras relativas à prescrição.

§ 3o  O erro no enquadramento legal da infração não implica vício insanável, podendo ser alterado pela autoridade julgadora mediante decisão fundamentada que retifique o auto de infração. (Incluído pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

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CASO CONCRETO. TESES DE DEFESA

Preliminares:1. Cerceamento de defesa (violação à

CF/88, art. 5º, LV): ausência de informações imprescindíveis à elaboração da defesa.

- ausência de formalização do processo administrativo pelo fiscal, no prazo do art. 41, da Instrução Normativa IBAMA nº 14/2009 (05 dias).

- Inexistência do relatório de fiscalização (documento obrigatório – art. 24 da Instrução Normativa IBAMA nº 14/2009). Importância: conhecer as razões da fiscalização (art. 42, IN 14/2009).

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Procedimento eivado de nulidade desde sua origem. Pedido de nulidade por cerceamento de defesa.

Pedido formal do autuado/obtenção de cópia do documento obrigatório. Possibilidade de devolução do prazo ou pedido alternativo na defesa para aditamento de suas razões.

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2. Ilegitimidade do Ibama.

- O IBAMA tem atuação supletiva. Lógica do art. 10, parágrafo terceiro, da LPNMA.

Art. 10 – A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

§ 3º - O órgão estadual do meio ambiente e o IBAMA este em caráter supletivo, poderão, se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido.(Grifo nosso).

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- O IBAMA apenas possui competência para licenciar e, conseqüentemente, fiscalizar as atividades passíveis de causar impactos de âmbito nacional (art. 10, § 4º da Lei 6938/1981).

ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. LICENCIAMENTO. COMPETÊNCIA.

1.- O licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local ou regional é de competência dos órgãos ambiental municipal ou estadual, respectivamente, nos termos dos artigos 5.º e 6.º da Resolução n.º 237/97 do CONAMA.

2.- O licenciamento obtido pelo impetrante em órgão estadual é válido, não podendo o IBAMA, que não tem competência para licenciar o projeto, embargar o empreendimento.

3.- Eventual conflito de competência entre os órgãos estadual e municipal somente pode ser atacado por parte quem tenha legítimo interesse. Havendo licença estadual, sem insurgência do Município, não pode o IBAMA questionar a validade do licenciamento que não lhe diz respeito.

4.- Apelo e remessa oficial improvidos (TRF-4a Região. ACMS n. 2000.04.01.079732-4/SC, Rel. Juiz João Pedro Gebran Neto).

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- Polêmica do art. 23, da CF/88

- O Ibama estaria autorizado a agir em caso de omissão (injustificada) do órgão ambiental estadual.

- Ciente da suposta infração, deveria antes de cientificar a SEMA para que esta exercesse seu poder de polícia?

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3. Impossibilidade de lavratura de dois auto de infração pelo mesmo motivo.

(a)Dupla penalização pelo mesmo fato;(b)Anterioridade do auto de infração estadual;(c)Ausência de inércia do órgão estadual, que

desautoriza o exercício da atuação supletiva do Ibama;

(d)Enriquecimento ilícito da União;(e)Dispêndio de recursos públicos /gastos com

fiscalização desnecessária;(f)V. art. 12, do Decreto n. 6.514/2008 e art. 76,

da Lei de Crimes Ambientais. Pagamento/substituição de penalidade.

(g)Insegurança jurídica ao administrado;(h)Violação à lógica de criação do SISNAMA.

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4. Violação ao Princípio da Legalidade. Reserva Legal.

- Lei nº 9.605/98 - versa sobre matéria de natureza penal, sendo, portando, de aplicação exclusiva do Poder Judiciário (violação a Tripartição de Poderes). Seus artigos limitam-se a conceituar infração administrativa e elencar as penalidades que podem ser aplicadas. Não há tipificação das condutas nem a cominação de pena.

- Decreto nº 6.514/2008 – que é um decreto regulamentador que inova no ordenamento jurídico ao criar condutas típicas e aplicar sanções, que deveriam ter sido criadas por lei em sentido estrito.

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região: ADMINISTRATIVO. IBAMA. CÓDIGO FLORESTAL. CONTRAVENÇÃO

PENAL. AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSIÇÃO DE MULTA. PORTARIA Nº 267-P/88. ILEGALIDADE. ESTIPULAÇÃO DE INFRAÇÕES E PENALIDADES. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA INSUBSISTENTE.

1. A estipulação prevista no art. 26 da Lei nº 4.771, de 15/9/65 (Código Florestal), constitui contravensão penal. A aplicação da multa ali prevista é privativa do Juiz, não podendo ser feita pelo IBAMA.

2. A definição de infrações administrativas (e a cominação de penalidades) somente pode ocorrer por lei, em sentido formal. Portaria da Administração não é instrumento adequado a essa finalidade, sem que lei anterior o tenha autorizado.

3. A delegação de competência prevista no Decreto-lei nº 289, de 28/02/67, perdeu a sua validade (ressalvados os efeitos dos atos já praticados) com a EC nº 11, de 13/10/78 (art. 3º). Efeitos análogos decorrentes do art. 25 do ADCT/88.

4. A Portaria nº 267-p, de 05/9/88 - IBDF, não pode subsistir, quando dispõe sobre penalidades administrativas, posto que fundada em delegação de competência contida em diploma legal não recepcionado pela Constituição de 1988.

5. Improvimento da apelação e da remessa. Manutenção da sentença. (AC 1998.01.00.056844-8/MG, Rel. Juiz Olindo Menezes, Terceira Turma, DJ p.145 de 21/05/1999) (negrito nosso).

 

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Ementa: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SENTENÇA PROFERIDA CONTRA AUTARQUIA APÓS A VIGÊNCIA DA MP Nº 1.561/97, CONVERTIDA NA LEI Nº 9.469/97. SUJEIÇÃO AO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO (SÚMULA Nº 423/STF). IBAMA. AUTO DE INFRAÇÃO. PENALIDADE IMPOSTA COM BASE NOS ARTS. 26 E 35 DA LEI Nº 4.771/65 E 14, I, DA LEI Nº 6.938/81, BEM COMO EM PORTARIA DO IBAMA. DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA INSUBSISTENTE. EC Nº 11/78 E CF/88, ADCT, ART. 25. 1. A sentença proferida contra autarquia após a vigência da MP nº 1.561, de 17.01.97, convertida na Lei nº 9.469, de 10.07.97, está sujeita à remessa obrigatória. Silenciando no ponto, tem-se a remessa por interposta, nos termos da súmula nº 423 do STF. 2. A competência para a aplicação de multa por infração do art. 26 da Lei nº 4.771/65 é privativa do Poder Judiciário, por se tratar, no caso, de matéria de natureza penal. 3. Os arts. 35 da Lei nº 4.771/65 e 14, I, da Lei nº 6.938/81, o primeiro tratando apenas da apreensão de produtos e instrumentos utilizados na infração, e o segundo estipulando multa pelo descumprimento "das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental", não respaldam o auto impugnado, que impôs multa pelo ato de receber e armazenar madeira sem cobertura da ATPF. 4. Em conseqüência, excluídos tais artigos da fundamentação da multa aplicada, resta ela fundada apenas na Portaria nº 44N/93 - IBAMA, contrariando a jurisprudência desta Corte, segundo a qual a definição de infrações e a cominação de penalidades, após a vigência da CF/88, somente podem decorrer de lei em sentido formal. 5. Apelação e remessa, tida por interposta, improvidas. (Processo: AC 1999.01.00.114344-2/BA; APELAÇÃO CIVEL; Rel.: Des. Federal Antônio Ezequiel; Órgão Julgador: Quinta Turma; Publicação: 10/06/2002 DJ p.57; Julgamento: 11/03/2002) (grifos nossos).

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PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA. PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE. ATIPICIDADE DA CONDUTA. NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO.

1. No Estado Democrático de Direito ao qual se propõe o Brasil, por declaração contida na Constituição Federal, vigora o princípio da legalidade dos atos administrativos, alçado a um maior valor quando se trata da punição dos seus cidadãos, sejam eles servidores públicos ou não, na área administrativa ou penal.

2. Ao lado da legalidade se insere, cada vez com mais força, o princípio da dignidade da pessoa humana, que ao ser acusada pela prática de qualquer ato deve ser submetida a um devido processo legal e assegurados todos os meios e recursos para o exercício da ampla defesa, não fazendo distinção entre acusação penal ou administrativa, vez que o item LV do art. 5º da CF declara, sem fazer distinção: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

3. Não vigora e esperamos que não vigore no Direito brasileiro a chamada tipicidade relativa, em abstrato, que permite ao administrador e ao julgador aplicar penas discricionariamente, por analogia, sem lei específica que tipifique a conduta imputada.

4. O apelante foi punido sob a acusação de ter infringido a Carta-Circular 2.591, de 25.10.95, e Carta-Circular 2.584, de 22.09.95, quando o caput do art. 44, II, da Lei 4.595/64 somente autoriza punição se as infrações forem à lei: as infrações aos dispositivos desta lei sujeitam as instituições financeiras, seus diretores, membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes, e gerentes, às seguintes penalidades, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigente.

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5. Esta Colenda Oitava Turma tem, reiteradamente, julgado que os atos administrativos não tem o condão de impor penalidade. "O art. 5º, II, da Constituição Federal, consagra o direito à liberdade de ação do indivíduo, ao estatuir que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, que deve ser entendida em seu sentido formal, por referir-se a direitos fundamentais. Portarias são atos administrativos meramente ordinatórios, destinados à organização da atividade dos órgãos da Administração, sem força para veicular imposição de multa, penalidade que recai sobre direitos fundamentais do indivíduo, sobretudo sobre o direito à liberdade e à propriedade, matéria reservada à lei formal, concebida pelo Parlamento". Precedentes deste Tribunal: AC 1998.01.00.034038-5/DF, AC 1998.01.00.034766-9/DF e AC 1999.01.00.023928-2/DF, Rel. Juiz Federal Mark Yshida Brandão (conv.), Oitava Turma, DJ de 20/07/2007, p. 132.

6. Em julgamento similar ao presente, confirmando acórdão do TRF - 4ª Região que anulou penalidade aplicada pelo BACEN, o STJ declarou: ADMINISTRATIVO - SANÇÃO PECUNIÁRIA - LEI 4.595/64. 1. Somente a lei pode estabelecer conduta típica ensejadora de sanção. 2. Admite-se que o tipo infracionário esteja em diplomas infralegais (portarias, resoluções, circulares etc), mas se impõe que a lei faça a indicação. 3. Recurso especial improvido. (REsp 324.181/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 08.04.2003, DJ de 12.05.2003 p. 250)

7. Apelação provida para anular a multa aplicada ao apelante/impetrante, com a conseqüente anulação da certidão da dívida ativa, caso emitida, e a retirada de seu nome do CADIN, SERASA e outras instituições congêneres.

(AMS 2005.34.00.002676-0/DF, Rel. Juiz Federal Roberto Carvalho Veloso (conv), Oitava Turma,DJ p.244 de 30/11/2007) (negrito nosso).

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5. Da insuficiência descritiva do auto de infração. Da ausência de requisito formal para a validade do auto de infração (Decreto nº 6.514/08, arts. 16, 97).

- requisito essencial de validade: indicação correta das coordenadas geográficas para identificação do local do dano. Precisa forma um polígono (no caso, local onde houve a instalação de obra.

- “Art. 97.  O auto de infração deverá ser lavrado em impresso próprio, com a identificação do autuado, a descrição clara e objetiva das infrações administrativas constatadas e a indicação dos respectivos dispositivos legais e regulamentares infringidos, não devendo conter emendas ou rasuras que comprometam sua validade.” (grifos nossos).

- Art. 16.  No caso de áreas irregularmente desmatadas ou queimadas, o agente autuante embargará quaisquer obras ou atividades nelas localizadas ou desenvolvidas, excetuando as atividades de subsistência.

§ 1o  O agente autuante deverá colher todas as provas possíveis de autoria e materialidade, bem como da extensão do dano, apoiando-se em documentos, fotos e dados de localização, incluindo as coordenadas geográficas da área embargada, que deverão constar do respectivo auto de infração para posterior georreferenciamento.”

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Art. 15-A, do Decreto nº 6.541/08 prescreve que “o embargo de obra ou atividade restringe-se aos locais onde efetivamente caracterizou-se a infração ambiental, não alcançando as demais atividades realizadas em áreas não embargadas da propriedade ou posse ou não correlacionadas com a infração”.

Art. 28, da Instrução Normativa nº14/2009 determina que “o Termo de Embargo e Interdição deverá delimitar, com exatidão, a área ou local embargado e as atividades a serem paralisadas, constando as coordenadas geográficas do local.”

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6. Defesa de mérito: visa desconstituir a infração imputada pela autoridade administrativa. Ataca o núcleo do tipo administrativo.

No caso em concreto, demonstrou a empresa que tinha a autorização do órgão ambiental estadual, estando ainda a obra dentro da licença de operação global dado ao empreendimento, vez que a esta se tratava de uma estrutura de apoio, destinada à armazenar corretamente o rejeito da atividade desenvolvida pela empresa.

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7. Da impugnação às penalidades. Ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

a) Do valor exorbitante da multa administrativa. Não observância ao critérios para aplicação da multa.

- Lei nº 9.605/98: Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a

autoridade competente observará:I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos

da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;

III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

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- Decreto 6.514/2008:

Art. 4o  O agente autuante, ao lavrar o auto de infração, indicará as sanções estabelecidas neste Decreto, observando: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).

I - gravidade dos fatos, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente;

II - antecedentes do infrator, quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; e

III - situação econômica do infrator. 

As sanções aplicados estão sujeitas à confirmação pela autoridade julgadora (parágrafo segundo).

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O 2° da Lei n° 9.784/99 arrola as diretrizes a serem seguidas pela Administração Pública no exercício de sua função, dentre elas, observância aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.

O escopo da autuação e da aplicação de penalidades aos administrados é trazer uma maior consciência ecológica para que o infrator não mais pratique qualquer ato de ofensa ao meio ambiente, ou seja, tal atividade estatal é pautada pela educação ambiental, de modo que a sanção deve sempre ser compatível com a natureza e gravidade do ato infracionário, sob pena de se desvirtuar o instituto.

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Argumentos que sustentam a desproporcionalidade da multa aplicada pelo IBAMA:

- Multa desnecessária, face a autuação anterior da SEMA/PA;

- a conduta da empresa não foi dotada de tamanha gravidade, bem como não trouxe conseqüências maléficas à saúde pública ou ao meio ambiente. Tratou-se, eventualmente, de mero descumprimento de preceito formal;

- a empresa possuía bons antecedentes, não sendo reincidente;

- o valor da multa (ainda que sem correção) por si só afeta a saúde financeira da empresa e coloca em risco os empregos por ela gerados.

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Como se estabelece o valor da multa aberta? V. art. 8º, 9º, 10, 11, da IN 14/2009. Demais casos, observar o valor mínimo e máximo fixado para a unidade de medida.

parâmetros para o estabelecimento da sanção pecuniária: (a) identificação da capacidade econômica do infrator considerando, no caso de pessoa jurídica, o porte da empresa; (b) a gravidade da infração, considerando os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente, classificando a infração em leve, media e grave.

Pessoa jurídica de direito privado: porte – art. 17D, Lei n. 6.938/81;

Pessoa jurídica sem fim lucrativo: valor do patrimônio líquido constante da última declaração de rendimentos;

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Órgãos e entidades municipais de direito público: número de habitantes e localização do município no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento Regional, na área da SUDAN ou SUDENE ou centro-oeste;

Órgãos e entidades estaduais e federais: receita corrente líquida. Estaduais: localização na PNDR;

Baixa situação econômica: municípios até 50 mil habitantes.

Pessoa física: patrimônio bruto. A classificação pode ser aparente, devendo o

agente indicar no relatório os critérios usados. O autuado, por ocasião da defesa, pode pedir a

reclassificação, comprovando sua situação econômica. Também pode a autoridade fazer a adequação do valor se constatada desproporcionalidade.

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A existência de atenuantes e agravantes autorizam a readequação do valor da multa (art. 18 e 19, da IN 14) pela autoridade julgadora.

Havendo mais de uma atenuante ou agravante, o percentual maior de redução ou majoração deve ser aplicado.

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b) Da desnecessidade do embargo da atividade. Da amplitude conferida ao termo de embargo.

O embargo extrapolou o disposto no artigo 108, Decreto 6.514/2008 (impedir continuidade de dano/limitando-se ao exato local da infração);

O órgão licenciador vistoriou a área e não embargou;

A obra já estava concluída e no local havia um plano de manejo sendo conduzido, visando justamente recuperar o meio ambiente;

Acabou embargando toda a atividade da empresa que era correlata à obra, mesmo aquelas que estavam devidamente licenciadas pela SEMA – PA (violação ao parágrafo primeiro do art. 28, da IN).

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8. Dos pedidos da defesa. Declaração de nulidade do auto de infração e

termo próprio (embargo); Redução da multa, se não acolhido o pedido

de nulidade; Especificação das provas que pretende

produzir (art. 115, Decreto 6.514/2008); Observação: se houver interesse do autuado

em conversão da Multa Simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente (art. 140, do Decreto), este deve ser feito no prazo da defesa. 

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OUTROS ASPECTOS Produção de prova:- Ao infrator cabe a prova de suas alegações (art.

118). - O infrator deve especificar com a defesa quais são

as provas que pretende produzir e justificá-las (art. 115). Requerimentos formulados fora do prazo não serão conhecidos (par. único).

- A autoridade julgadora pode determinar a produção de provas necessárias à sua convicção, parecer técnico e contradita do fiscal, devendo o objeto do esclarecimento ser delimitado (art. 119).

- A autoridade pode rejeitar, mediante decisão fundamentada, um pedido de prova, se julgar que esta é impertinente, protelatória ou desnecessária (art. 120). O recurso contra essa decisão deve ser processado juntamente com o recurso do julgamento do auto (art. 105, IN 14). Verificado o cerceamento de defesa, devem as provas ser produzidas e novo julgamento proferido (par. único).

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O indeferimento de produção de prova/comunicação: quando da intimação para apresentação de alegações finais (art 107, par. único).

Custo da produção de prova requeridas na defesa: ônus do autuado, salvo se em poder do p. público ou de terceiros (art. 105, IN).

Vistoria (para confirmar a ocorrência, abrangência ou relevância do dano ambiental): o pedido deve ser fundamentado. Razões do indeferimento: não demonstração de razões que coloquem em dúvida a autuação ou elementos do processo.

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Oitiva de testemunha: deve-se indicar sua contribuição para infirmar a materialidade ou autoria do ilícito. A apresentação das testemunhas é de responsabilidade do autuado.

Perícias (art. 110, IN): condicionada à prévia apresentação de laudo técnico que contradite as informações constantes dos autos. Além disso, deve ser a única forma para dirimir as dúvidas.

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O parecer técnico deverá ser elaborado no prazo máximo de 10 dias (art. 119, par. primeiro). 

A contradita deverá ser elaborada pelo agente autuante no prazo de 05 dias, contados a partir do recebimento do processo (art. 119, par. segundo).  Contradita: informações e esclarecimentos prestados pelo agente autuante necessários à elucidação dos fatos que originaram o auto de infração, ou das razões alegadas pelo autuado, facultado ao agente, nesta fase, opinar pelo acolhimento parcial ou total da defesa (art. 119, par. terceiro).

Parecer instrutório: caracterizar a infração, autoria e materialidade, antecedentes, enquadramento legal, sanções, etc. (art. 98, IN). Encerra a fase de instrução.

Havendo controvérsia jurídica, deve órgão da Proc. Federal emitir parecer jurídico fundamentado para a motivação da decisão da autoridade julgadora (art. 121). Obrigatoriedade: multa superior a R$ 1 milhão. 

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Alegações finais. Prazo 10 dias (art. 122). Forma de intimação do autuado: via rede mundial de computadores.

Se houve agravamento da penalidade, o autuado deve ser previamente cientificado, ou seja, antes do julgamento do auto, por meio de aviso de recebimento, para que se manifeste no prazo das alegações finais (p. único, do art. 123). 

A decisão da autoridade julgadora não se vincula às sanções aplicadas pelo agente autuante, ou ao valor da multa, podendo, em decisão motivada, de ofício ou a requerimento do interessado, minorar, manter ou majorar o seu valor, respeitados os limites estabelecidos na legislação ambiental vigente (art. 123).

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Em tese, o prazo para julgamento do auto de infração é de 30 dias (art. 124).  A inobservância desse prazo não torna nula a decisão da autoridade julgadora, nem o processo. 

As medidas administrativas do art. 101 (apreensão, embargos, demolição, etc.) devem ser apreciadas no ato decisório, sob pena de ineficácia (par. primeiro do art. 124).

A decisão deverá ser motivada, com a indicação dos fatos e fundamentos jurídicos em que se baseia (art. 125). A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações ou decisões, que, neste caso, serão parte integrante do ato decisório. 

Julgado o auto de infração, o autuado será notificado por via postal com aviso de recebimento ou outro meio válido que assegure a certeza de sua ciência para pagar a multa no prazo de 05 dias, a partir do recebimento da notificação, ou para apresentar recurso (art. 126). 

O pagamento realizado no prazo contará com o desconto de 30% do valor corrigido da penalidade.