classificação m rática - iob · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a...

20

Upload: donga

Post on 09-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente
Page 2: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

ClassifiCação fisCal de MerCadorias na PrátiCa

Page 3: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

Felipe Campoi

Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela Uni-versidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Gestão de Ne-gócios, Comércio e Operações Internacionais pela FIA com dupla diploma-ção pelo Institut d’Administration des Entreprises (IAE) da Université Pierre Mendès-France de Grenoble, França.

Professor do Curso de Pós-graduação em Comércio Internacional na FIA, Instrutor de Cursos de curta duração na IOB.

Profissional com experiência nas áreas Aduaneira, Tributária, Trade Com-pliance e Logística no Brazil, América Latina e Estados Unidos. Atuação como gestor na indústria, consultoria e compliance em Big Four. Especialista em Trade Compliance e Logística com foco global.

Page 4: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

Dedico este livro a seis grupos:

• a toda a minha família que tive sorte de fazer parte (desde minha mãe e irmã até meus primos), a minha esposa e sua família e aos amigos que Deus colocou em meu caminho. São estas pessoas que me apoiam nas minhas iniciativas, comemoram comigo os mo-mentos de conquistas e me ajudam nos momentos de dificuldade. Sem eles, nada seria possível;

• àqueles que criaram a Nomenclatura de Mercadorias;

• àqueles que inventaram cada uma das mercadorias atualmente existentes e que agora necessitam ser classificadas;

• àqueles que ainda inventarão as mercadorias que mais cedo ou mais tarde também precisarão ser classificadas;

• aos alunos dos meus cursos e treinamentos que me beneficiam com a oportunidade de dividir conhecimento e me ensinam coisas novas; e

• aos profissionais com quem trabalhei até hoje que me ajudam a crescer profissionalmente.

Page 5: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

Sumário

Siglas e Abreviaturas ............................................................................ 11

Apresentação ........................................................................................ 13

1. Breve Histórico ............................................................................... 15

1.1. Contexto Internacional ............................................................. 161.2. Contexto das Américas o qual o Brasil faz parte ....................... 191.3. Contexto Brasil até a NCM ........................................................ 22

2. Nomenclaturas de Mercadorias, suas Estruturas e Utilidades ...... 25

2.1. NCCA ........................................................................................ 262.1.1. Estrutura da Nomenclatura ........................................... 262.1.2. Estrutura do código NCCA ........................................... 282.1.3. Utilidade da NCCA ....................................................... 28

2.2. Sistema Harmonizado (SH) ....................................................... 292.2.1. Estrutura da Nomenclatura ........................................... 292.2.2. Estrutura do Código SH ................................................ 342.2.3. Os Textos das Posições e Subposições do SH ................ 352.2.4. As Notas do SH (Seção, Capítulo e Subposição) ........... 362.2.5. As Notas Explicativas do SH (NESH) ............................ 422.2.6. Utilidade do SH ............................................................. 48

2.3. Nomenclatura Comum do Mercosul ......................................... 492.3.1. Estrutura da Nomenclatura ........................................... 502.3.2. Estrutura do Código NCM ............................................ 50

Page 6: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

8 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

2.3.3. Textos do Código NCM ................................................. 512.3.4. Notas Complementares da NCM ................................... 522.3.5. Utilidade da NCM ......................................................... 52

3.3.5.1. Adição da Declaração de Importação .............. 522.3.5.2. Tributação na Importação ................................ 562.3.5.3. Controle do Valor Aduaneiro e Dados Estatís-

ticos na Importação ......................................... 602.3.5.4. Tributação das Operações Domésticas com

Mercadorias ..................................................... 612.3.5.5. Substituição Tributária do ICMS ..................... 622.3.5.6. Registro de Exportação .................................... 652.3.5.7. Acordos Comerciais: Qualificação e Certifica-

ção de Origem ................................................. 662.3.5.8. Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) .. 692.3.5.9. Recolhimento do INSS .................................... 73

2.4. Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração 732.4.1. Estrutura da Nomenclatura ........................................... 732.4.2. Estrutura do Código Naladi .......................................... 742.4.3. Textos do Código Naladi ............................................... 742.4.4. Utilidade da Naladi ........................................................ 75

2.4.4.1. Adição da Declaração de Importação .............. 753.4.4.2. Acordos Comerciais: Qualificação e Certifica-

ção de Origem ................................................. 752.4.4.3. Registo de Exportação ..................................... 77

3. Identificação da Classificação Fiscal e Descrição de Mercadorias .... 79

3.1. Aplicação das Regras de Classificação de Mercadorias ............. 793.1.1. Regras Gerais Interpretativas (RGI) para Classificar a

Posição SH (quatro primeiros dígitos) .......................... 803.1.1.1. Regra Geral Interpretativa (RGI) 1 .................. 813.1.1.2. Regra Geral Interpretativa (RGI) 2 .................. 833.1.1.3. Regra Geral Interpretativa (RGI) 3 .................. 863.1.1.4. Regra Geral Interpretativa (RGI) 4 .................. 933.1.1.5. Regra Geral Interpretativa (RGI) 5 .................. 95

3.1.2. Regras para Classificar a Subposição SH (quinto e sex-to dígitos) ...................................................................... 98

3.1.3. Regras para Classificar o Sétimo e Oitavo Dígitos (NCM e Naladi) ........................................................................ 100

3.1.4. Regra para Classificar o Ex de IPI (RGC/TIPI) ............. 1023.1.5. Definição da Descrição da Mercadoria .......................... 104

Page 7: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

9

3.2. Pesquisa de Entendimentos Válidos Oficialmente para o Brasil 1073.3. Pesquisa de Entendimentos na Legislação de Outros Países e

Regiões ...................................................................................... 1103.4. Critérios Destacáveis do SH (Combinação de Máquinas, Uso

principal e Uso Geral) ............................................................... 1113.4.1. Máquinas com Funções Múltiplas e Combinação de

Máquinas ....................................................................... 1113.4.2. Critério do Uso Exclusivo ou Principal......................... 1133.4.3. Critério do Uso Geral .................................................... 115

4. Consequências por Erro de Classificação Fiscal e Descrição da Mercadoria ...................................................................................... 117

5 Roteiro Prático para Classificar Mercadorias na NCM ................. 121

6 Boas Práticas para Criação e Manutenção de Nomenclatura e Descrição de Mercadorias .............................................................. 127

6.1. Momento para Definição da Nomenclatura e descrição............ 1296.2. Código do Part Number ............................................................. 1306.3. Informações Necessárias ........................................................... 1316.4. Perfil do Responsável pela Atividade ........................................ 1326.5. Momento para Atualizar a Nomenclatura e a Descrição ........... 1346.6. Comentários Finais ................................................................... 134

7. Consulta sobre Classificação Fiscal de Mercadorias .................... 137

Apêndices ............................................................................................. 141

Apêndice A - Lista dos países, territórios, uniões aduaneiras e eco-nômicas que utilizam o SH ........................................................ 141

Apêndice B - Sumário do SH, conforme Resolução Camex nº 94/2011 ..................................................................................... 144

Apêndice C - Regras Gerais para Interpretação (RGI) do SH e suas Notas Explicativas ..................................................................... 150

Apêndice D - Regras Gerais Complementares (RGC) do Mercosul e da TIPI ....................................................................................... 162

Apêndice E - Convenção Internacional sobre o SH .......................... 162Apêndice F - Protocolo de Emenda à Convenção Internacional so-

bre o SH ..................................................................................... 173Apêndice G - Modelo de Petição da Consulta sobre a Classificação

Fiscal de Mercadorias ................................................................ 175

Bibliografia ........................................................................................... 179

Page 8: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

SiglaS e abreviaturaS

Aladi Associação Latino-Americana de Integração

Alalc Associação Latino-Americana de Livre Comércio

BIT Bens de Informática e de Telecomunicações

BK Bens de Capital

CCA Conselho de Cooperação Aduaneira

CN Combined Nomenclatura

Cofins Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

Cuci Classificação Uniforme para o Comércio Internacional

Deint Departamento de Negociações Internacionais

DI Declaração de Importação

Fiesp Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

HTSUS Harmonized Tariff Schedule of the United States

ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Merca-dorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interes-tadual e Intermunicipal e de Comunicação

IE Imposto de Exportação

II Imposto de Importação

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

Page 9: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

12 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex-terior

Mercosul Mercado Comum do Sul

NAB Nomenclatura de Bruxelas

Nabalalc Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas para a Associação Latino-Americana de Livre Comércio

Naladi Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração

NBM Nomenclatura Brasileira de Mercadorias

NCCA Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira

NESH Notas Explicativas do SH

NVE Nomenclatura de Valor Aduaneiro e Estatística

OMA Organização Mundial das Alfândegas

ONU Organização das Nações Unidas

PIS/Pasep Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PTR Preferência Tarifária Regional

RE Registro de Exportação

RFB Receita Federal do Brasil

RGC Regras Gerais Complementares

RGI Regras Gerais Interpretativas

Secex Secretaria de Comércio Exterior

SH Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias

TAB Tarifa Aduaneira do Brasil

TEC Tarifa Externa Comum

TIPI Tabela do IPI

Page 10: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

apreSentação

A missão de encontrar a classificação fiscal de uma mercadoria pode ser mais fácil ou mais difícil, porém, nunca impossível, pois aquela que um dia tiver sido mais difícil poderá se tornar mais fácil se a atividade estiver suportada por um processo que atenda à legislação e considere as boas práticas da atividade de classificação fiscal.

O tema classificação fiscal de mercadorias é um assunto funda-mental para as empresas e precisa ser tratado com atenção. Estamos falando de um elemento das operações que define os tributos a serem pagos (II, IPI, ICMS, PIS/Pasep, Cofins e mais recentemente também o INSS), que determina a possibilidade ou não do uso de Acordos Co-merciais Internacionais, que determina os controles governamentais nas importações e exportações, que é base para o fisco cruzar e checar (via Sped) as informações fornecidas pelas empresas, dentre outras funções.

Como costumo dizer: “Uma mercadoria que não possui classifi-cação fiscal não sai do lugar”, ou seja, não pode se movimentada para fora do estabelecimento das empresas. No entanto, a mercadoria tendo sido classificada de forma incorreta pode representar, além do risco, uma situação de oportunidade para as empresas. Somada a classifica-ção fiscal, este livro também tratará da descrição, item tão importante

Page 11: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

14 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

quanto ou até mais importante que a nomenclatura o qual, em minha opinião, é estabelecido durante o processo de determinação da classi-ficação fiscal.

Este livro foi preparado pensando num conteúdo voltado para os profissionais que estão no dia a dia das empresas, na operação, onde as coisas acontecem de fato. O objetivo desta obra é transmitir informa-ções e conteúdo teórico, mas com enfoque prático.

Neste livro, abordarei o contexto histórico das Nomenclaturas, suas estruturas, as regras para suas aplicações, consequências por erro de classificação, roteiro prático para classificar mercado-rias, boas prá-ticas para criação e manutenção da classificação fiscal e descrição de mercadorias no cadastro das companhias e a consulta sobre classifica-ção fiscal de mercadorias.

A abordagem adotada se apresenta com Diagramas, Quadros, Demonstração e Explicação da legislação em seus pontos relevantes. Tudo isso buscando uma linguagem ao mesmo tempo didá-tica e dire-ta. Aqui você contrará diversas Dicas, Exemplos e informações sobre fontes de Pesquisa para aprofundar estudos de determinados assuntos.

Page 12: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

1

breve HiStórico

O objetivo deste capítulo é demonstrar os principais eventos his-tóricos vinculados à evolução das nomenclaturas de mercadorias rele-vantes para o Brasil. Neste momento, não se preocupe em saber sobre as estruturas destas nomenclaturas e como utilizá-las. Isso tudo será demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema.

Como provavelmente já deve ter ouvido falar, desde a idade mé-dia, quando já se praticava o comércio, os povos precisavam identificar o que estavam negociando. A partir desta necessidade, as discussões e estudos foram evoluindo e se tornando formais, a globalização foi tomando corpo, nomenclaturas foram sendo criadas até que chegásse-mos ao estágio atual onde, salvo alguns países, todo o mundo se utili-za, como base, de uma mesma Nomenclatura, o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (SH) ou simplesmente “Sistema Harmonizado”, para suportar suas transações internacionais.

Basicamente, foram criadas nomenclaturas de mercadorias glo-bais que foram adotadas por países e/ou blocos econômicos os quais,

Page 13: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

16 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

visando resolver demandas de controles que exigiam detalhamento além daquele previsto nestas nomenclaturas globais, complementa-ram dígitos a estas nomenclaturas criando assim suas próprias nomen-claturas, composta pela parte global mais a parte local/regional.

Esta evolução será demonstrada a seguir no contexto internacio-nal, das Américas e no Brasil. Vejamos os principais acontecimentos relacionados ao histórico do assunto até chegarmos aos dias de hoje.

1.1. CONTEXTO INTERNACIONALEm busca de uma Nomenclatura de mercadorias única que fos-

se capaz de atender a todos os países, começou-se uma sequência de conferências e congressos ao redor do mundo entre 1831 na Bélgica e 1906 na Itália. O objetivo naquela época era encontrar uma Nomen-clatura universal para os países determinarem e controlarem suas tari-fas aduaneiras bem como acompanharem de forma sistematizada suas estatísticas relacionadas à comercialização de mercadorias.

Com a evolução dos estudos, foram criadas duas nomenclaturas de destaque. A primeira delas foi chamada “Nomenclatura Estatística Internacional” criada em 1913 em Bruxelas durante a Segunda Con-ferência Internacional sobre Estatística Comercial. Esta nomenclatura foi firmada apenas por 29 países e possuía 186 artigos divididos em cinco grupos. Na época, foi a melhor forma encontrada para iniciar o processo de uniformizar códigos de mercadorias globalmente.

A segunda delas foi finalizada após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), precisamente em 1937 pela Liga das Nações, denominada por “Nomenclatura Aduaneira da Liga das Nações” e ficou mais conhecida por “Nomenclatura de Genebra”. Mais próxima do que temos hoje se comparada à Nomenclatura Estatística Internacional, era composta por 86 Capítulos agrupados em 21 Seções compondo um total de 991 Posições denominadas principais ou básicas que poderiam ser desdo-bradas em posições secundárias, terciárias e até quarternárias.

Logo no ano seguinte, em 1938, a mesma Liga das Nações publi-cou a “Lista Mínima de Mercadorias para a Estatística de Comércio”. Esta nova nomenclatura era baseada na Nomenclatura de Genebra, apesar de o propósito, neste caso, ser apenas estatístico.

Page 14: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

1 - Breve Histórico 17

Passada a 2ª Guerra Mundial (1939-1950), com a Liga das Na-ções já extinta e o mundo diante da necessidade de uma reconstru-ção econômica, melhores condições para o comércio mundial e a paz, foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU) ou simplesmente “Nações Unidas” em 19451 que, cinco anos depois, em 15 de julho de 1950, recomendou a adoção da Classificação Uniforme para o Comércio Internacional (Cuci).

Enquanto isso, em paralelo, na cidade de Bruxelas, finalizavam-se os últimos detalhes da criação do Conselho de Cooperação Aduaneira (CCA), atual Organização Mundial de Aduanas (OMA), voltado para tratar de questões do contexto aduaneiro bem como para a criação da Nomenclatura para a Classificação nas Tarifas Aduaneiras. Estas mudanças foram concluídas com a assinatura de Convênios em 15 de dezembro de 1950 que na sequência passou por revisões. A Nomen-clatura chegou a ter seu nome alterado para Nomenclatura de Bruxe-las (NAB) em 1955.

Como se pode observar, existiam neste momento duas nomen-claturas em vigor: a Cuci administrada pela ONU voltada para o contexto estatístico e a NAB administrada pelo CCA voltada para o con-texto aduaneiro.

Em 1970, as duas instituições (ONU e CCA) chegaram a um con-senso de que era necessário ter uma única classificação e que o CCA era a instituição mais apropriada para cuidar do assunto. Na época, o CCA quando criado, contava com apenas 17 países.

Em 1974, ainda tivemos a mudança de nome da NAB para No-menclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira (NCCA). Passados 13 anos, no dia 14 de julho de 1983, em Bruxelas, foi subscrita a Con-venção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, resultando na Nomenclatura do SH (ver Apêndices E e F correspondente à Emenda da Convenção).

Esta Nomenclatura unificou a Cuci e a NCCA como também ou-tras Nomenclaturas existentes no mundo, tais como a Tarifa Aduaneira

1 As responsabilidades da Liga das Nações foram absorvidas pela ONU.

Page 15: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

18 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

do Japão, a Tarifa Aduaneira dos Estados Unidos, a Tarifa Aduaneira do Canadá, entre outras.

A versão original do SH foi revisada em 1986 quando ficou de-finido que sua vigência se iniciaria em 1º de janeiro de 1988. Desde então, o SH passou por algumas revisões com o objetivo de se adequar aos avanços tecnológicos e evoluções de alguns segmentos. Destas re-visões, foram publicadas as versões SH 1996, SH 2002, SH 2007 e a mais recente, SH 2012. Atualmente, o SH 2012 é utilizado pela maioria absoluta dos países. A lista completa dos países, territórios, uniões econômicas e aduaneiras pode ser consultada no Apêndice A.

Vale lembrar que a CCA passou a ser denominada em 1994 por OMA e conta atualmente com 180 membros que correspondem a 99% do comércio mundial. O Brasil se tornou membro desta Organização em 19 de janeiro de 1981.

PESQUISA: A Lista completa dos países que fazem parte da Organiza-ção pode ser encontrada em seu site: <www.wcoomd.org [ABOUT US > WCO MEMBERS > Membership > LIST OF WCO MEMBERS > List of Members with membership date.pdf]>.

Quadro I - Principais eventos na evolução da Nomenclatura no Contexto Internacional

Período Evento

19132ª Conferência Internacional de Estatística do Comércio - Criação da “Nomenclatura de Bruxelas”, também conhecida por “No-menclatura Estatística Internacional”

1914-1918 1ª Guerra Mundial

1931 Criação da “Nomenclatura de Genebra” pela Liga das Nações

1937 Revisão da “Nomenclatura de Genebra”

1938Criação da “Classificação Uniforme para o Comércio Internacio-nal” (Cuci)

1939-1945 2ª Guerra Mundial

1945Criação da Organização das Nações Unidas (ONU) que absor-veu as atividades da Liga das Nações

Julho de 1950

Criação da “Classificação Uniforme para o Comércio Internacio-nal” (Cuci) pela ONU

Page 16: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

1 - Breve Histórico 19

Período Evento

Dezembro de 1950

Convenção de Bruxelas - Criação do Conselho de Cooperação Aduaneira (NCCA) - Criação da “Nomenclatura para Classifica-ção de Mercadorias nas Tarifas Aduaneiras”

1955Mudança de nome da “Nomenclatura para Classificação de Mer-cadorias nas Tarifas Aduaneiras” para “Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas” (NAB)

1970Consenso entre ONU e CCA da necessidade de criação de uma única Nomenclatura sob a responsabilidade do CCA

1974Mudança de nome da NAB para “Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira” (NCCA)

1981 Brasil se torna membro do CCA

1983Subscrita pela CCA em Bruxelas a “Convenção do Sistema Har-monizado”

1988Vigência inicial da “Nomenclatura do Sistema Hamonizado” (SH 1988)

1994 CCA passa a se chamar Organização Mundial de Aduanas (OMA)

1996 Publicação da versão SH 1996

2002 Publicação da versão SH 2002

2007 Publicação da versão SH 2007

2012 Publicação da versão SH 2012

1.2. CONTEXTO DAS AMÉRICAS O QUAL O BRASIL FAZ PARTE

Na América Latina, a primeira nomenclatura de mercadorias foi criada em 1960 pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc). Seu nome ficou definido como Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas para a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Na-balalc). Nessa época, a nomenclatura internacional existente era a NAB a qual era mantida pelo CCA (ver tópico 1.1).

Passadas duas décadas, em 1980, foi criada a Associação Latino--Americana de Integração (Aladi) em substituição da Alalc. No entan-to, a Nabalalc foi mantida por mais 5 anos quando então em 1985 a Aladi criou sua própria nomenclatura, a Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração (Naladi/NCCA), baseada agora na NCCA (antiga NAB).

Page 17: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

20 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

Na sequência, a Aladi alterou sua Nomenclatura seguindo a adapta-ção para o SH. Assim, passou-se a ter a partir de 1993 (Naladi/SH 1992), Naladi/SH 1996 em 1997, Naladi/SH 2002 em 2002, Naladi/SH 2007 em 2007 até a mais atual, Naladi/SH 2012 em 2012. Aqui é possível notar que apenas a partir de 2002, as versões da Naladi passaram a vigorar no ano seguinte de sua respectiva versão SH. Isso é comum conside-rando o período do ano em que se publica o SH e a dificuldade e buro-cracia do Bloco em adaptar sua Nomenclatura de forma que todos os países-membros cheguem num consenso.

Em paralelo às atualizações da Naladi, foi criado o Mercado Co-mum do Sul (Mercosul) e sua própria Nomenclatura, a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) baseada no SH 1993 que, por sua vez, seguiu as atualizações do SH. A NCM passou a vigorar no Brasil a partir de 1995, conforme Decreto nº 1.343/1994. Logo, tivemos destas atualizações, a publicações das versões NCM/SH 1996 em 1997 e as-sim por diante, NCM/SH 2002 em 2001, NCM/SH 2007 em 2006 até a mais atual, NCM/SH 2012 em 2001.

Sobre a relação NCM e Naladi para fins de Nomenclatura, é im-portante saber que a NCM não revogou a Naladi e que seus códigos, ainda que iguais, não necessariamente correspondem às mesmas coi-sas. Em outras palavras, um código NCM igual a um código Naladi pode representar produtos distintos. A razão disso é que o critério de desdobramento de cada uma destas duas nomenclaturas pode ter sido distinta em determinados segumentos, principalmente pelo fato de nem todos os países-membros da Aladi fazerem parte do Mercosul.

Atualmente, fazem parte da Aladi: Brasil, Argentina, Uruguai, Pa-raguai, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile, México, Cuba e Panamá. Já o Mercosul é composto por Brasil, Argentina, Uru-guai, Paraguai e Venezuela.

O mais importante em relação à Naladi é o fato de que todas suas quatro versões, a Naladi/NCCA e as outras três Naladi/SH, são utili-zadas até hoje. Isto se explica pelo fato de existirem Acordos Comer-ciais celebrados na América Latina cujas listas de produtos negociados

Page 18: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

1 - Breve Histórico 21

correspondem às Nomenclaturas vigentes na época. Alguns deles ce-lebrados ainda na década de 80 como, o Acordo de Alcance Parcial de Preferência Tarifária Regional (PTR), mantêm listas de exceções de produtos negociados com base na Naladi/NCCA. Isto quer dizer que dependendo para onde você for exportar dentro da América Latina, eventualmente, precisará encontrar o código de seu produto classifi-cado na época numa versão anterior à atualmente vigente para avaliar se seu produto está ou não negociado. Esta análise é conhecida por correlação de nomenclaturas. Automaticamente, você precisará estar familiarizado não apenas com a estrutura da Naladi, mas também com a sua estrutura base na época do respectivo Acordo, a NCCA. Este as-sunto será tratado mais adiante em tópico específico.

Quadro II - Principais eventos na evolução da Nomenclatura no Contexto das Américas

Período Evento

1960Criação da “Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas para a Asso-ciação Latino-Americana de Livre Comércio” (Nalabalc/NAB)

1985Criação da “Nomenclatura da Associação Latino-Americana de Integração” (Naladi/NCCA)

1993Adaptação da Naladi da NCCA para o SH e vigência inicial da (Naladi/SH 1993)

1995Vigência inicial da “Nomenclatura Comum do Mercosul” (NCM) baseada no SH 1993, aprovada pelo Decreto nº 1.343/1994

1997 Publicação da (Naladi/SH 1996)

1997Criação da NCM e vigência inicial da “Nomenclatura Comum do Mercosul” (NCM/SH 1996), aprovada pelo Decreto nº 2.092/1996

2002 Publicação da (Naladi/SH 2002)

2002Vigência inicial da (NCM/SH 2002) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 42/2001

2007 Publicação da (Naladi/SH 2007)

2007Vigência inicial da (NCM/SH 2007) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 43/2006

2012 Publicação da (Naladi/SH 2012)

2012Vigência inicial da (NCM/SH 2012) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 94/2011

Page 19: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

22 Classificação Fiscal de Mercadorias na Prática

1.3. CONTEXTO BRASIL ATÉ A NCM

A primeira Tarifa Aduaneira do Brasil foi publicada em 1844, de autoria do Ministro da Fazenda na época, Manuel Alves Branco. Esta tarifa, também conhecida por “Tarifa Alves Branco”, era composta por uma “nomenclatura” que correspondia a uma listagem de mercadorias contendo 2.482 códigos agrupados em 10 grupos.

A partir desta Tarifa, diversas outras foram criadas ao longo dos anos também batizadas com nomes daqueles que ocupavam o cargo de Ministro da Fazenda à época.

Em 1952, foi aprovada a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) pela Resolução nº 517/1952 do já extinto Conselho Nacional de Estatística. Tratava-se de uma nomenclatura elaborada com base na estrutura da Cuci e tinha o objetivo de servir para levantamento de estatísticas de comércio exterior, por recomendação da ONU.

Passados 15 anos, foi publicado o Decreto-Lei nº 37/1966 deter-minando que o Conselho de Política Aduaneira (já extinto) conver-tesse a nomenclatura da Tarifa das Alfândegas vigente na época para a NAB. Esta determinação visava uniformizar a Nomenclatura da Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI) com a da Tarifa das Alfândegas, uma vez que a TIPI já se baseava na NAB.

Com base no direcionamento dado em 1966, logo em seguida, aprovou-se pelo Decreto-Lei nº 1.154/1971 uma nova NBM agora ela-borada a partir da NAB e não mais da Cuci. Este mesmo decreto deter-minou que a NBM com as alíquotas da Tarifa das Alfândegas passasse a constituir a Tarifa Aduaneira do Brasil (TAB).

Assim, esta nova nomenclatura passou a ser a base para a TAB e também à TIPI.

Com a adesão do Brasil à Convenção Internacional sobre o SH pelo Decreto Legislativo nº 71/1988 e Decreto nº 97.409/1988, o País passou a ter uma nova NBM, agora com fundamento no SH. A nova NBM baseada na versão SH 1988 passou a vigorar a partir de 1989, conforme Resolução CBN nº 75/1988.

Page 20: ClassifiCação M rátiCa - IOB · demonstrado a diante numa sequência que foi definida buscando a melhor lógica e didática para facilitar o entendimento do tema. Como provavelmente

1 - Breve Histórico 23

A partir da criação do Mercosul, o Brasil passou a utilizar a Tarifa Externa Comum (TEC) no lugar da TAB juntamente com a NCM ba-seada no SH 1993, introduzida pelo Decreto nº 1.343/1994. Neste mo-mento, o País utilizava a NBM para a TIPI e a NCM para a TEC. Esta situação se arrastou até que fosse publicado o Decreto nº 2.092/1996 substituindo a NBM da TIPI pela NCM, unificando assim a nomencla-tura duas tabelas tarifárias (TEC e TIPI).

Transcorrida esta fase, o Brasil passou a seguir as atualizações da NCM que, por sua vez, seguia as atualizações do SH, conforme já apre-sentado no tópico anterior.

Quadro III - Principais eventos na evolução da Nomenclatura no Contexto Brasil

Período Evento

1844Criação da Nomenclatura da “Tarifa Alves Branco” publicada pelo Decreto nº 376/1844

1952Criação da “Nomenclatura Brasileira de Mercadorias” (NBM) ba-seada na Cuci, aprovada pela Resolução nº 517/1952 do Conse-lho Nacional de Estatística (CNE)

1971Criação de uma nova NBM baseada na NAB e constituição da Tarifa Aduaneira do Brasil baseada na NBM, aprovadas pelo De-creto-Lei nº 1.154/1971

1989Adaptação da NBM da NAB para o SH e vigência inicial da (NBM/SH 1988), aprovada pela Resolução nº 75/1988 do Comitê Brasileiro de Nomenclatura (CBN)

1995Vigência inicial da “Nomenclatura Comum do Mercosul” (NCM) baseada no SH 1993, aprovada pelo Decreto nº 1.343/1994

1997Vigência inicial da “Nomenclatura Comum do Mercosul” (NCM/SH 1996), aprovada pelo Decreto nº 2.092/1996

2002Vigência inicial da (NCM/SH 2002) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 42/2001

2007Vigência inicial da (NCM/SH 2007) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 43/2006

2012Vigência inicial da (NCM/SH 2012) aprovada pela Resolução Ca-mex nº 94/2011