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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS TROPICAIS MARISA BASTOS FUKUDA MACROFAUNA BÊNTICA EM ÁREA DE MARICULTURA CONSORCIADA EM PORTO DO CAMPO, BAÍA DE CAMAMU, BAHIA ILHÉUS, BAHIA 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS TROPICAIS

MARISA BASTOS FUKUDA

MACROFAUNA BÊNTICA EM ÁREA DE MARICULTURA

CONSORCIADA EM PORTO DO CAMPO, BAÍA DE CAMAMU,

BAHIA

ILHÉUS, BAHIA

2014

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II

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS

TROPICAIS

MARISA BASTOS FUKUDA

MACROFAUNA BÊNTICA EM ÁREA DE MARICULTURA

CONSORCIADA EM PORTO DO CAMPO, BAÍA DE CAMAMU,

BAHIA

ILHÉUS - BAHIA

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais,

da Universidade Estadual de Santa Cruz, como

requisito parcial para a obtenção do título de

mestre.

Área de concentração: Manejo de Recursos

Naturais, Diagnóstico e Remediação de

Impactos Ambientais.

Orientadora: Profa. Dr

a. Guisla Boehs

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III

F961 Fukuda, Marisa Bastos. Macrofauna bêntica em área de maricultura consorciada em Porto do Campo, Baía de Camamu, Bahia / Marisa Bastos Fukuda. – Ilhéus, BA: UESC, 2014. xi, 42 f. : il. Orientadora: Guisla Boehs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais. Inclui referências.

1. Bentos – Camamu, Baía de (BA). 2. Estuários. 3. Peixe – Criação. 4. Ostra – Criação. 5. Impactos ambientais. I. Título. CDD 578.77

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IV

MARISA BASTOS FUKUDA

MACROFAUNA BÊNTICA EM ÁREA DE MARICULTURA

CONSORCIADA EM PORTO DO CAMPO, BAÍA DE CAMAMU, BAHIA

Ilhéus (BA), 28/02/2014

Profa. Dr

a. Guisla Boehs

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

(Orientadora)

Profa. Dr

a. Susete Wambier Christo

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Profa. Dr

a. Gecely Rodrigues Alves Rocha

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Ilhéus – Bahia

2014

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V

DEDICATÓRIA

DEDICO ESSE TRABALHO À MINHA ORIENTADORA

PROFESSORA DRA GUISLA BOEHS.

AGRADEÇO PELA OPORTUNIDADE DE RETORNAR À VIDA ACADÊMICA,

PELA CONFIANÇA DEPOSITADA, MESMO SABENDO DO POUCO

CONHECIMENTO QUE EU TINHA NA ÁREA.

POR ME APRESENTAR AO MUNDO MARINHO E

POR ME TRANSMITIR SEU CONHECIMENTO

DE FORMA CLARA E PACIENTE.

MUITO OBRIGADA!

“Viver é mais que vencer dias e anos. É preenchê-los

com ideais de amor, grandeza e otimismo. É plantar

hoje o que desejamos amanhã. Ir à luta com

determinação, abraçar a vida com paixão.”

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VI

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Marcio, pelo apoio, incentivo e paciência durante esses dois

anos e igualmente aos meus irmãos e sobrinhos.

Aos professores: Daniela Mariano e Sylvia Susini, por terem me auxiliado com

as análises de clorofila, Gecely Rocha pelas valiosas contribuições durante o meu

processo de aprendizagem, ao Marcelo Landin, pela contribuição na calibração dos

equipamentos usados em campo, a Ana Amélia Wanderley, pela disponibilidade em me

ajudar nas análises de sedimento e a todos os professores que contribuíram no meu

processo de formação profissional.

Aos membros da banca examinadora pela leitura do trabalho, sugestões e

contribuições.

Aos amigos da turma de mestrado, que fazem parte da minha história. Vou

guardar com muito carinho todos os momentos juntos.

A equipe do laboratório de moluscos marinhos: Gabriela, Gustavo, Mariane,

Maxwell, Tereza, Thiago e Verena, pelas valiosas contribuições.

Ao Roberto Souza, que me deu o pontapé inicial de toda essa jornada e que

muito me ajudou nas coletas; ao Marcelo Farias, pelo total apoio no retorno à vida

acadêmica; a Regina, minha amiga nas horas difíceis.

Ao Leonardo, Guidomar e Patrícia, pelo auxílio nas identificações da fauna.

A equipe da GERLAB, sempre atenciosos, em especial Gerson, Pablo, Leo, Tuti,

Elessandro e Tiago. Aos pesquisadores locais de Porto do Campo: Cristiano, Eleilton,

Valdir e “Coroa”. A Profa Joly e a Thainá, pelas belas fotos.

A CEPLAC e ao Eduardo Azevedo, pela disponibilização dos dados

pluviométricos.

A Lidiane e Andrea, que com toda simpatia e competência, auxiliaram na

resolução dos assuntos burocráticos do PPGSAT.

A UESC, pela infraestrutura e a FAPESB pelo apoio financeiro do projeto.

A CAPES, pela bolsa concedida.

E um agradecimento especial a Deus, por sempre iluminar meus caminhos.

MUITO OBRIGADA!

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VII

Macrofauna bêntica em área de maricultura consorciada em Porto do

Campo, Baía de Camamu, Bahia

RESUMO

O zoobentos desempenha um papel vital no ecossistema marinho, além de atuar como

bioindicador em estudos de monitoramento ambiental. A maricultura é uma alternativa

viável para suprir a crescente demanda por proteína de origem marinha, assim como

para diminuir a sobrepesca e essa atividade vem crescendo no Brasil. Porém, se não for

praticada de modo adequado, pode causar impactos negativos sobre o meio. Neste

estudo foi avaliada a fauna bêntica, assim como os parâmetros de qualidade da água e

características do sedimento em um cultivo consorciado da ostra Crassostrea

rhizophorae e do peixe Lutjanus analis na localidade de Porto do Campo, na Baía de

Camamu, sul da Bahia. O estudo foi realizado de julho de 2012 a janeiro de 2014. A

coleta da fauna foi realizada com um amostrador Van Veen, com 15 lançamentos por

coleta. Parâmetros do sedimento e da água se mantiveram relativamente constantes

durante o período. A salinidade, a clorofila-a, a transparência da água e o teor de

matéria orgânica do sedimento foram influenciados pelas chuvas. A fauna bêntica

coletada esteve constituída por 47 táxons, com predomínio de anelídeos poliquetos,

seguidos por crustáceos e moluscos. A diversidade do local foi de 2,5 nits.ind-1

, segundo

o índice de Shannon-Wiener. Capitella cf. capitata, espécie oportunista, foi mais

abundante nos últimos cinco meses de coletas. Poliquetos das famílias Hesionidae,

Orbiniidae, Spionidae e Magelonidae também só apareceram nesse período. O estudo

mostrou que, apesar da evidência de que algumas espécies de poliquetos foram

favorecidos pelo cultivo, as flutuações populacionais na comunidade bêntica em Porto

do Campo foram predominantemente decorrentes de fatores naturais, seja endógenos ou

exógenos. A ausência de impacto negativo do cultivo sobre a fauna bêntica e um

possível impacto positivo sobre algumas espécies, justifica a continuidade da atividade

de maricultura na região.

Palavras-chave: Bentos, peixes, ostras, estuários, cultivo, impactos.

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VIII

Benthic macrofauna in a mariculture consort area in Porto do Campo,

Camamu Bay, Bahia

ABSTRACT

The zoobenthos plays a vital role in the marine ecosystem, as well as acting as a

bioindicator in environmental monitoring studies. The mariculture is a viable alternative

to meet the growing demand for protein of marine origin, as well as to reduce

overfishing and this activity is growing in Brazil. However, if not properly practiced, it

can cause negative impacts on the environment. In this study, we evaluated the benthic

fauna, as well as the parameters of water quality and sediment characteristics in a mixed

cultivation of the oyster Crassostrea rhizophorae and fish Lutjanus analis in the locality

of Porto do Campo, in the Camamu Bay, south of Bahia, Brazil. The study was

conducted from July 2012 to January 2014. The collection of fauna was performed with

a Van Veen grab sampler, with 15 repetitions per collection. Sediment and water

parameters remained relatively constant during the period. The salinity, chlorophyll-a,

water transparency and organic matter in the sediment were influenced by rainfall. The

benthic fauna collected of the locality belonging to 47 taxa, with a predominance of

annelids, followed by crustaceans and molluscs. The diversity of the site was 2.5

nits.ind-1

, according Shannon-Wiener index. Capitella cf. capitata, opportunistic

species, was most abundant in the last months of collections. Polychaete of the families

Hesionidae, Orbiniidae, Spionidae and Magelonidae also only appeared during this

period. The study showed that, despite evidence that some species of polychaetes were

favored by the mariculture, population fluctuations on the benthic community in Porto

do Campo were predominantly due to natural factors, either endogenous or exogenous.

So, the absence of negative impact of farming on benthic fauna and a possible positive

impact on some species, justifies the continued activity of mariculture in the region.

Keywords: Benthos, fish, oysters, estuaries, cultivation, impacts.

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Mapa do estado da Bahia e em destaque os municípios do Baixo Sul, com a

indicação da localidade de Porto do Campo, na Baía de Camamu, local do

estudo...............................................................................................................................11

Figura 02. Desenho esquemático do cultivo consorciado de Porto do Campo, na Baía

de Camamu (BA).............................................................................................................12

Figura 03. Vista panorâmica do cultivo consorciado de ostras e peixes e balsa de

manejo, em Porto do Campo, Camamu (BA)..................................................................13

Figura 04. Vista do cultivo consorciado de ostras e peixes, destacando a balsa de

manejo, em Porto do Campo, Camamu (BA)..................................................................13

Figura 05. Teor de matéria orgânica (MO) do sedimento sob o cultivo consorciado na

localidade de Porto do Campo, na Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e janeiro

de 2014............................................................................................................................19

Figura 06. Variação da temperatura da água na maré enchente e na vazante, na

localidade de Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e setembro

de 2013............................................................................................................................20

Figura 07. Variação da salinidade da água na maré enchente e vazante, na localidade de

Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e setembro de 2013.

Médias mensais (N = 200)...............................................................................................20

Figura 08. Variação média mensal da transparência da água (em metros), nas marés

enchente e vazante, na localidade de Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre

julho de 2012 e setembro de 2013. Médias mensais (N = 194).......................................22

Figura 09. Valores médios de clorofila-a da água subsuperficial (superfície) e de fundo,

em seis pontos na área do cultivo Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho

de 2012 e julho de 2013 (N = 84)....................................................................................22

Figura 10. Totais mensais de precipitação pluviométrica, registrados na Estação

Pluviométrica da CEPLAC, localizada no município de Ituberá (BA), entre os meses de

junho de 2012 e janeiro de 2014......................................................................................23

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela I. Percentuais das frações granulométricas a partir de sedimento coletado sob o

cultivo consorciado na localidade de Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), em 2012

e 2013, sendo: médias ± desvio padrão, expressos em gramas, entre três repetições,

como resultado das pesagens de 50 g de sedimento........................................................18

Tabela II. Potencial hidrogeniônico (pH) da água na localidade de Porto do Campo,

Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e julho de 2013 (N = 7).............................21

Tabela III. Composição, abundância e constância da macrofauna bêntica em Porto do

Campo, na Baía de Camamu (BA) entre julho de 2012 e janeiro de 2014.....................24

Tabela IV. Resultado estatístico de análise de variância (ANOVA) unifatorial e do teste

a posteriori de Tukey para variação temporal das espécies mais conspícuas da

macrofauna bêntica em Porto do Campo (Camamu, BA), entre julho de 2012 e janeiro

de 2014 (N = 11)..............................................................................................................26

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XI

SUMÁRIO

RESUMO......................................................................................................... VII

ABSTRACT..................................................................................................... VIII

1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 01

2. OBJETIVOS.............................................................................................. 03

2.1. Objetivo Geral....................................................................................... 03

2.2. Objetivos Específicos............................................................................. 03

3. REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 04

3.1.O Bentos.................................................................................................. 04

3.2. Aquicultura e Impactos......................................................................... 06

3.3. As ostras Crassostrea spp. no Brasil..................................................... 07

3.4. O peixe Lutjanus analis......................................................................... 08

3.5. Os Estuários e os Manguezais.............................................................. 09

4. ÁREA DE ESTUDO................................................................................. 10

4.1. A Baía de Camamu............................................................................... 10

4.2. A localidade de Porto do Campo......................................................... 11

4.3. A maricultura do local.......................................................................... 12

5. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 14

5.1. Análises do sedimento........................................................................... 14

5.1.1. Granulometria.................................................................................. 14

5.1.2. Matéria Orgânica............................................................................. 14

5.2. Parâmetros da Água.............................................................................. 15

5.3. Bentos..................................................................................................... 16

5.4. Tratamento dos Dados.......................................................................... 17

6. RESULTADOS.......................................................................................... 17

6.1. Parâmetros do Sedimento..................................................................... 17

6.1.1. Granulometria,................................................................................. 17

6.1.2. Matéria Orgânica............................................................................. 18

6.2. Parâmetros da Água.............................................................................. 19

6.2.1. Temperatura e Salinidade............................................................... 19

6.2.2. Potencial Hidrogeniônico (pH)....................................................... 21

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XII

6.2.3. Transparência da Água................................................................... 21

6.2.4. Clorofila-a......................................................................................... 22

6.3. Precipitação pluviométrica................................................................... 23

6.4. Bentos..................................................................................................... 23

7. DISCUSSÃO.............................................................................................. 26

8. CONCLUSÕES.........................................................................................

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................

32

32

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1

1. INTRODUÇÃO

Bentos é o conjunto de organismos marinhos associado com o substrato e que inclui o

zoobentos, constituído principalmente por anelídeos, moluscos, crustáceos, equinodermos e

nemertíneos. O zoobentos desempenha um papel vital no ecossistema marinho, tanto como

receptor de energia proveniente do ambiente pelágico, quanto como fornecedor de energia

para os organismos que se alimentam junto ao fundo. Serve ainda de fonte de nutrientes para

o fitoplâncton. Desse modo, o conhecimento desse compartimento biológico é importante

para qualquer abordagem ecossistêmica que se pretenda realizar nesse ambiente.

Os estoques de recursos pesqueiros marinhos, como peixes, crustáceos e moluscos,

sofreram evidente depleção nas últimas décadas em função da sobrepesca e de outros

impactos causados pelo homem.

A aquicultura, cultivo de organismos aquáticos, é uma alternativa viável para

minimizar os impactos da sobrepesca sobre os estoques de recursos naturais e assim auxiliar a

suprir a crescente demanda de proteínas em todo o mundo. Além disso, a mesma propicia

agregação de renda às populações ribeirinhas e assim, promove inclusão social. Entretanto, se

não for conduzida de modo adequado, essa atividade pode causar impactos indesejáveis ao

ambiente, como, por exemplo, comprometer a biota do local em que está sendo praticada.

Para se constituir em uma atividade sustentável, é preciso que haja planejamento para a sua

implantação e após isso, um monitoramento constante, o que pode reduzir os impactos

negativos sobre os ecossistemas.

Segundo Vinatea (2000), a aquicultura sustentável se define como uma atividade

dedicada à produção viável de organismos aquáticos, mas capaz de manter-se indefinidamente

no tempo por meio da eficiência econômica, da prudência ecológica e da equidade social.

Os produtos gerados pelos organismos do cultivo incluem, entre outros, fezes,

pseudofezes e rejeitos da ração, que, ao caírem na coluna d´água podem ser depositados no

fundo. Esses produtos podem causar alterações nos teores de matéria orgânica do sedimento e

consequentemente produzir efeito, positivo ou negativo, sobre os organismos bênticos que

vivem naturalmente sobre ou dentro do substrato.

No cultivo de organismos marinhos (maricultura), em áreas com alta concentração de

cultivos, pode ainda haver diminuição das correntes marinhas, o que pode ocasionar

alterações na constituição granulométrica nos locais de cultivo, o que, invariavelmente,

causará impacto sobre a fauna bêntica sob ou no entorno dos cultivos.

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2

A agregação de organismos incrustantes às estruturas de cultivo ou sobre os próprios

organismos cultivados também pode ocorrer. O arraçoamento, fornecimento de ração a peixes

em cultivo, pode ainda servir de atrativo alimentar para vários organismos, como, por

exemplo, peixes e crustáceos. Além disso, as estruturas do cultivo, como redes e lanternas,

podem ainda funcionar como abrigo para várias espécies.

O cultivo de moluscos marinhos é uma atividade que vem crescendo em várias regiões

do Brasil de maneira significativa nos últimos anos, principalmente por ser considerada uma

boa alternativa econômica para as comunidades de pescadores artesanais. No litoral centro-sul

do estado da Bahia, esforços conjuntos de instituições públicas e comunidades litorâneas têm

ocorrido para a implantação e o desenvolvimento do cultivo de ostras na região ao longo dos

últimos anos. Como resultado, a ostreicultura já está sendo praticada em pequena escala em

vários locais, como na Baía de Todos os Santos, Baía do Iguape e Baía de Camamu. O cultivo

de peixes, embora ainda esteja em fase inicial, é igualmente promissor, principalmente em

função de a região apresentar várias espécies nativas com potencial zootécnico.

Na Baía de Camamu, a ostreicultura está sendo praticada há pelo menos cinco anos,

como projeto experimental da Universidade Estadual de Santa Cruz, em conjunto com

comunidades do local. Esse é o caso da comunidade de Porto do Campo, onde essa atividade

é praticada desde 2008 em sistema suspenso em espinhel (long line), com um estoque atual de

em torno de 10 mil ostras, quase todas já em estágio de comercialização. Nesse mesmo local,

foi iniciado, há cerca de um ano, o cultivo de peixes em sistema de tanque-rede e consorciado

com a ostreicultura.

O conhecimento da fauna bêntica é ainda insatisfatório no litoral do estado da Bahia,

em função do pequeno número de estudos realizados, quando comparado com outros locais.

Além disso, há poucos estudos que tratam do impacto da maricultura sobre esse

compartimento biológico. Considerando tal fato, este estudo foi estruturado tendo como meta

realizar um inventário do zoobentos da região de Porto do Campo.

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3

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Realizar um levantamento da fauna bêntica na localidade de Porto do Campo (Baía de

Camamu, Bahia) e avaliar a variação temporal na composição e abundância das espécies em

relação aos fatores abióticos do local.

2.2. Objetivos Específicos

(a) Realizar um inventário de espécies bênticas na área da maricultura consorciada em Porto

do Campo, Baía de Camamu (BA);

(b) Caracterizar a fauna bêntica do local em termos de diversidade biológica, frequência de

ocorrência de espécies, abundância relativa, grupos dominantes e espécies oportunistas;

(c) Analisar as características do sedimento no local;

(d) Verificar a influência da composição sedimentar na estrutura da comunidade bêntica;

(e) Analisar o teor de matéria orgânica do sedimento ao longo do período de amostragens

biológicas;

(f) Verificar uma possível influência da matéria orgânica sobre a composição específica e

sobre a abundância da macrofauna;

(g) Monitorar os parâmetros da coluna da água (clorofila-a, transparência da água, oxigênio

dissolvido, saturação de oxigênio, pH, temperatura e salinidade);

(h) Verificar a influência dos parâmetros da água sobre a distribuição temporal da

macrofauna.

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4

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. O Bentos

O bentos é uma categoria de organismos marinhos que inclui o fito e o zoobentos e

que está, caracteristicamente, associada com o substrato. O zoobentos inclui um conjunto

diverso e extremamente rico de metazoários pertencentes aos mais variados grupos zoológicos

(DAY et al., 1989).

A comunidade bêntica exerce um importante papel em processos ecológicos e

ecotoxicológicos em ambientes aquáticos (BRINKHURST, 1974). A estrutura dessas

comunidades responde a vários tipos de estresses ambientais, por causa de seu grande

espectro de tolerância fisiológica, hábitos alimentares e interações tróficas, o que permite que

esses organismos sejam bons indicadores biológicos das características e condições do

ambiente (PEARSON; ROSENBERG, 1978).

O zoobentos pode ser classificado de acordo com o tamanho dos indivíduos

(McLUSKY, 1989). A meiofauna é um grupo ecológico constituído de organismos bênticos

que ficam retidos em uma malha de 0,05 mm, abrangendo vários grupos de invertebrados,

sendo abundante em sedimentos estuarinos e de manguezais de todo o mundo (GIERE, 1993).

A meiofauna facilita a biomineralização da matéria orgânica, aumentando a regeneração de

nutrientes, serve de alimento para uma grande variedade de níveis tróficos superiores e

apresenta grande sensibilidade às ações antrópicas (COULL, 1999).

A macrofauna é composta por animais com tamanho superior a 0,5 mm, que

apresentam relações diretas com o fundo, podendo os organismos serem epi ou endofaunais

(DAY et al., 1989). A epifauna inclui os organismos que vivem sobre ou na superfície do

sedimento e a endofauna inclui os que vivem dentro da matriz sedimentar ou diretamente

associados às partículas do sedimento (SASEKUMAR, 1974).

A composição específica das comunidades de organismos bênticos reflete variações

ocorridas no meio. Assim, tanto fatores bióticos como abióticos influenciam a abundância, a

composição e a estrutura dessas comunidades. Dentre os fatores bióticos que influenciam a

distribuição e a abundância do bentos estão a predação, a competição inter e intra-específica,

a bioturbação dos sedimentos e a presença de macrófitas e do perifiton como reservas

alimentares (WILSON, 1991; CANUEL et al., 2007; JOHNSON; FLEEGER, 2009).

Quanto aos fatores abióticos que influenciam a distribuição das espécies

macrobênticas, estão a salinidade, com um papel determinante nas distribuições longitudinais

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5

(BOESCH, 1977; DITTMER, 1983; MICHAELIS, 1983) e a profundidade, com um efeito

pronunciado na distribuição vertical das espécies (YSEBAERT et al., 2000). Dentro dos

fatores abióticos mais estáveis que dominam as interações das comunidades macrobênticas,

estão a composição do sedimento e o tempo de exposição, que, por sua vez, são determinados

pelos processos hidrodinâmicos (HALL, 1994; MEIRE et al., 1994).

A importância das variáveis hidrodinâmicas, como a velocidade das correntes, a

atividade do vento e das ondas também têm sido reconhecidas na influência da colonização e

fixação de larvas e do transporte pós-larval (GRANT, 1983; BUTMAN, 1987; COMMITO et

al., 1995), na estabilidade do substrato (WARWICK et al., 1991; GRANT et al., 1997) e na

disponibilidade dos recursos alimentares (MILLER et al., 1992). A poluição e as perturbações

cíclicas provocadas, por exemplo, por marés vermelhas, tempestades ou perturbações

antrópicas podem ser, igualmente, fatores responsáveis pela distribuição das espécies

macrobênticas (REID et al., 2000; WARWICK et al., 2002).

A macrofauna bêntica caracteriza-se por ter uma mobilidade muito restrita, fazendo

com que seja mantida pelas condições ambientais vigentes e, portanto, funciona, na maioria

dos casos, como um excelente indicador biológico em estudos de monitoramento ambiental

costeiro (KEOUGH; QUINN, 1991).

Os macroinvertebrados bênticos, segundo vários autores (WARWICK; CLARK, 1993;

DIAZ; ROSENBERG, 1995; ALLER; ALLER, 1998; GASTON et al., 1998; HERMAN et

al., 1999), apresentam características que podem ser muito vantajosas em estudos de

monitoramento ambiental, como: (a) possuírem reduzido movimento de dispersão, quando

comparados com outros grupos faunísticos; (b) são geralmente abundantes; (c) ocupam uma

grande variedade de microhabitats; (d) providenciam uma ligação crucial com os níveis

tróficos superiores; (e) são importantes do ponto de vista econômico, visto serem a fonte de

alimento de várias espécies de peixes demersais e de invertebrados epibênticos consumidos

pelos seres humanos.

Como exemplos de espécies bênticas utilizadas como indicadoras de qualidade

ambiental, estão várias espécies de poliquetos (AMARAL et al.,1996) e alguns moluscos

(SANDE et al., 2010).

Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA,

2008), mostrou a falta de conhecimento taxonômico sobre a fauna nativa brasileira,

principalmente dos macroinvertebrados bênticos. Segundo essa fonte, a inexistência de dados

históricos inviabiliza realizar, de modo eficiente, avaliações de impacto ambiental, dada em

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função da dificuldade de se efetuar comparações sobre a integridade das comunidades

biológicas entre locais impactados e não impactados.

3.2. Aquicultura e Impactos

Nos últimos dez anos, a aquicultura apresentou crescimento superior a qualquer outro

segmento de produção animal, com incremento médio anual de 6,5% em termos mundiais e

de 10,8% no Brasil (FAO, 2011). Segundo a FAO (2013), a produção mundial em 2011 foi da

ordem de 154 milhões de toneladas. Conforme a FAO (citado em MPA, 2011), o Brasil é um

dos poucos países que tem condições de atender à crescente demanda mundial por produtos

de origem pesqueira, sobretudo por meio da aquicultura. Ainda segundo a FAO, o país poderá

se tornar um dos maiores produtores do mundo em aquicultura até 2030, ano em que a

produção pesqueira nacional teria condições de atingir 20 milhões de toneladas.

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA, 2013), a produção de pescado

nacional no ano de 2011 foi de 1.431.974,4 t, registrando‐se um incremento de

aproximadamente 13,2% em relação ao ano de 2010. A pesca extrativista marinha continuou

sendo a principal fonte de produção de pescado nacional, sendo responsável por 553.670,0 t

(38,7% do total de pescado), houve um acréscimo de 1% em relação a 2010, seguida pela

aquicultura continental (544.490,0 t; 38,0%), pesca extrativa continental (249.600,2 t; 17,4%),

contribuindo com um aumento de 1% em relação a 2010 e aquicultura marinha (84.214,3 t;

6%). Em 2011, a região Nordeste continuou registrando a maior produção de pescado do país,

com 454.216,9 t, respondendo por 31,7% da produção nacional. Em 2011, a produção total da

pesca extrativa no Brasil foi de 803.270,2 t, caracterizando um acréscimo de

aproximadamente 2,3% na produção em relação a 2010.

A captura de ostras no Brasil foi de 1.233,7 toneladas em 2011 e a produção via

aquicultura foi duas vezes maior, ou seja, de 2.538,4 toneladas nesse mesmo ano (MPA,

2013).

Os cultivos de organismos aquáticos podem interferir na hidrodinâmica do ambiente

(TORRENS, 2005). Podem, também, contribuir para o aumento da concentração de

nutrientes, suspensão de partículas sólidas e sedimentação de produtos ricos em matéria

orgânica (ARAÑA, 2004).

Segundo Schettini et al. (1997), o incremento no fluxo vertical de partículas é um dos

efeitos comumente observados, que pode ser estimado através da taxa de sedimentação

potencial. Esta é o fluxo vertical de partículas para baixo, envolvendo processos como a

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advecção e a ressuspensão (SCHETTINI et al., 2004). Conforme D’Aquino et al. (2006), o

aumento na taxa de sedimentação potencial pode ocorrer principalmente em função de dois

fatores: a biodeposição e a condição hidrodinâmica local. Por sua vez, a sedimentação efetiva

dá-se pelo equilíbrio entre a deposição e a erosão dos sedimentos no fundo, sendo observada

somente em uma escala de tempo maior.

No que se refere a impactos causados pelo cultivo de moluscos, especificamente, de

ostras, Grant et al. (1995) afirmam que as alterações causadas pela ostreicultura podem

propiciar uma mudança gradual da comunidade bêntica, alterando a abundância e a

diversidade natural do sistema.

No que tange à piscicultura, o cultivo de peixes em tanques-rede vem sendo cada vez

mais utilizado no Brasil. O aumento desta atividade faz com que se torne necessária a

avaliação dos impactos gerados, dentre os quais se destacam o acúmulo de nutrientes

dissolvidos, de sólidos em suspensão e de matéria orgânica (TOVAR et al., 2000). Conforme

Oliveira e Luca (2000), o impacto ambiental dos efluentes da piscicultura depende das

espécies que estão sendo cultivadas, da intensidade do cultivo, da densidade de animais, da

composição da ração utilizada, das técnicas de alimentação dos animais e da hidrografia da

região.

3.3. As ostras Crassostrea spp. no Brasil

As ostras são moluscos bivalves pertencentes à família Ostreidae, que compreendem

três subfamílias (Ostreinae, Crassostreinae e Lophinae), num total de quinze gêneros e

quarenta espécies. No Brasil, são registrados três gêneros desta família: Ostrea (Ostreinae),

Crassostrea (Crassostreinae) e Lopha (Lophinae) (AMARAL et al., 2005).

No Brasil, as ostras de maior valor comercial são as pertencentes ao gênero

Crassostrea Sacco, 1897, sendo que são conhecidas duas espécies nativas, Crassostrea

rhizophorae (Guilding, 1828) e Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819). A presença de duas

espécies distintas de ostras foi confirmada por Absher (1989) e Ignácio et al. (2000), através

de análises eletroforéticas de isoenzimas. Além destas, a ostra do Pacífico, Crassostrea gigas

(Thunberg, 1793), exótica no Brasil, é cultivada em Santa Catarina, estado que contribui com

mais de 90% da produção nacional de ostras, predominantemente mediante o cultivo desta

última espécie.

As ostras do gênero Crassostrea são ovulíparas, isto é, eliminam os seus gametas na

água, onde ocorre a fertilização e toda a sequência de desenvolvimento larval, incluindo as

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larvas trocófora e véliger, após o que ocorre a fixação em substrato consolidado e

metamorfose (GALTSOFF, 1964). Essas ostras podem mudar de sexo, isto é, são

hermafroditas sequenciais, com tendência a protandria (LENZ; BOEHS, 2011).

Crassostrea rhizophorae tem ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o Sul do

Caribe, Venezuela, Suriname e da costa do Brasil até Uruguai (RIOS, 2009).

Os adultos sésseis de C. rhizophorae são encontrados formando bancos naturais

principalmente na região entremarés e fixados tanto em substratos consolidados como em

raízes do mangue, ocupando um lugar destacado nas comunidades estuarinas (BOEHS-

SILVA; ABSHER, 1997). A ostra C. brasiliana ocorre geralmente no fundo (infralitoral

raso), preso a pedras. Já C. gigas é exótica, sendo a principal ostra cultivada em Santa

Catarina.

Devido à facilidade de captura, a exploração das ostras torna-se atrativa,

especialmente pelas populações litorâneas. Dessa forma, os bancos de ostras são intensamente

explotados no litoral brasileiro, ocasionando dificuldade em se encontrar indivíduos com

tamanho comercial satisfatório (em torno de 7 cm). Essa exploração indiscriminada ameaça a

produção com a sobrepesca e requer medidas de proteção aos estoques naturais e/ou

implantação de cultivos (ABSHER, 1989).

3.4. O peixe Lutjanus analis

A família Lutjanidae é formada por 17 gêneros e por aproximadamente 100 espécies,

sendo o gênero Lutjanus composto por 64 espécies, representados por peixes que vivem em

fundos rochosos e coralíneos (FIGUEIREDO; MENEZES, 2000).

Um estudo realizado por Watanabe et al. (2001) apontou que os peixes do gênero

Lutjanus, ao contrário do que acontece na natureza, em condições de cultivo apresentam um

rápido crescimento e podem ser considerados como potenciais espécies para a aquicultura, em

função, principalmente, dos seguintes fatores: bom desempenho produtivo, elevada demanda

e alto preço alcançado no mercado.

O cultivo de lutjanídeos e a consequente diminuição da pressão de pesca sobre os

estoques naturais (em função da oferta de peixes de cativeiro), poderá constituir um

instrumento de preservação desse importante grupo de peixes recifais.

O vermelho-cioba, Lutjanus analis, apresenta ocorrência ao longo de toda a costa

brasileira, com grande importância comercial pela qualidade da carne e valor de mercado,

principalmente no litoral do Estado de São Paulo. A espécie é uma das principais fontes de

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renda dos pescadores artesanais, além de ser muito apreciada na pesca esportiva (SANCHES,

2011).

Cultivos experimentais no Caribe e na Colômbia vêm demonstrando o potencial de L.

analis para a piscicultura marinha (BENETTI et al., 2002; BOTERO; OSPINA, 2003),

entretanto, segundo Sanches (2011), poucos estudos existem no Brasil sobre o cultivo desta

espécie.

3.5. Os Estuários e os Manguezais

Os estuários são corpos de água semifechados que têm uma livre conexão com o mar

aberto e que sofrem diluição pelo aporte de água continental (PRITCHARD, 1967). Além de

serem ambientes altamente dinâmicos, os estuários são biologicamente mais produtivos do

que os rios e os oceanos, por apresentarem altas concentrações de nutrientes, que, por sua vez,

estimulam a produtividade primária, secundária e bacteriana (MIRANDA, 2002). Em

estuários, a combinação da alta produtividade com a presença de áreas rasas proporciona uma

variedade de habitats favoráveis ao estabelecimento de diversas espécies de organismos em

vários estágios do ciclo de vida, cuja origem pode ser marinha, dulcícola ou terrestre

(YAÑES-ARANCIBIA, 1986).

As variáveis ambientais que afetam a distribuição dos organismos em estuários podem

estar relacionadas com variações no fluxo de água doce e salinidade (SALEN-PICARD;

ARLHAC, 2002; ROZAS et al., 2005), entrada de nutrientes e produção primária (HEIP et

al., 1995), tamanho das partículas do sedimento (MANNINO; MONTAGNA, 1997;

KENDALL; WIDDICOMBE, 1999), anoxia do sedimento (DIAZ; ROSENBERG, 1995) e

presença de gramíneas e algas marinhas (HYNDES; LAVERY, 2005).

Os manguezais são ecossistemas de transição entre o ambiente terrestre e o marinho,

são característicos de regiões tropicais e subtropicais e estão sujeitos ao regime de marés. São

constituídos de espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), adaptadas às flutuações de

salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com

baixos teores de oxigênio (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991). São sistemas funcionalmente

complexos, altamente resilientes e resistentes e, portanto, estáveis (SCHAEFFER-NOVELLI,

1994). Em nosso país, os manguezais são encontrados em quase toda a extensão do litoral,

desde o Amapá até Santa Catarina (YOKOYA, 1995).

As plantas típicas dos manguezais são denominadas de mangue. Estas possuem

adaptações que lhes permitem extrair água doce da água do mar, excretar o excesso de sal

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pelas folhas e realizar trocas gasosas através das lenticelas, localizadas nos rizóforos e

pneumatóforos; a reprodução ocorre por viviparidade (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991). As

principais espécies de mangue são: Rhizophora mangle L. (Rhizophoraceae), Avicennia

schaueriana Stapft. & Leechm (Avicenniaceae) e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f.

(Combretaceae) (LAMBERTI, 1966).

O manguezal é considerado uma área de preservação permanente, incluído em

diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e

infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). A observação desses

instrumentos legais impõe uma série de ordenações do uso e/ou ações em áreas desses

sistemas (SCHAEFFER-NOVELLI, 1994).

4. ÁREA DE ESTUDO

4.1. A Baía de Camamu

A Baía de Camamu situa-se na porção central do litoral baiano, entre as latitudes sul

13°40’02’’ e 14°12’06’’ e longitudes oeste 38°55’08’’ e 39°09’06’’. Sua área estuarina

envolve a foz de cinco bacias hidrográficas e os limites costeiros de três municípios:

Camamu, Maraú e Igrapiúna (Figura 01).

Os principais rios, cujas descargas fluviais tornam a Baía de Camamu um sistema

estuarino, são o Serinhaém, localizado na porção norte da baía, Igrapiúna, Pinaré e Sorojó,

localizados na porção central e Maraú localizado na porção sul (OLIVEIRA et al., 2009).

O clima da região é quente e úmido, com temperatura média anual de 25°C (CENTRO

DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÃO - C.E.I., 1994).

A região está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Baía de Camamu,

criada pelo governo estadual em 27 de fevereiro de 2002 pelo Decreto Lei nº 8.175, com

118.000 ha, cujo órgão gestor é a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (SEMA) e está

inserida na categoria V da IUCN, cujo bioma predominante é a Mata Atlântica. A APA da

Baía de Camamu engloba os municípios de Camamu, Maraú e Itacaré (SEMA, 2002). Além

dessa, há a APA da Península de Maraú, criada pelo Governo Municipal pela Lei nº 15/97, em

9 de setembro de 1997, que engloba a sede municipal, toda a Península e as ilhas estuarinas

do município, com uma área total de 423,03 km².

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Os estudos de bentos na Baía de Camamu são recentes e restringem-se aos seguintes:

Almeida et al. (2007), Silva e Boehs (2007), Souza et al. (2007), Hatje et al. (2008), Docio et

al. (2010), Ourives et al. (2011) e Souza et al. (2011), Soledade et al. (2013).

Figura 01. Mapa do estado da Bahia e em destaque os municípios do Baixo Sul, com a

indicação da localidade de Porto do Campo, na Baía de Camamu, local do estudo.

4.2. A localidade de Porto do Campo

A localidade de Porto do Campo está situada na Baía de Camamu (Figura 01), na área

de abrangência do município de Camamu.

A comunidade de Porto do Campo está estabelecida a jusante, em frente ao Rio

Matapera. É constituída atualmente por 75 famílias, totalizando em torno de 300 habitantes.

Destas, 49 famílias participam da associação local, a Associação dos Marisqueiros de Porto

do Campo (AMPC), fundada e legalizada em 2001. Em 2008, a comunidade foi reconhecida e

certificada pela Fundação Cultural Palmares (Ministério da Cultura) como remanescente de

Quilombo. A comunidade vive da pesca artesanal, da mariscagem e da extração do óleo de

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dendê. Entretanto, segundo relato dos moradores, essas atividades econômicas não suprem a

totalidade das necessidades básicas da população.

4.3. A maricultura do local

A ostreicultura do local, baseada no cultivo de Crassostrea rhizophorae em um

sistema suspenso do tipo espinhel ou long line, é de pequeno porte, constituída por 42

lanternas de ostras, somando um estoque de aproximadamente 10 mil ostras.

O cultivo do peixe (Lutjanus analis), localizado junto ao cultivo de ostras, é

sustentado por uma estrutura flutuante de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), com

dimensão de 7 x 2,5 m, com capacidade para 200 peixes em cada tanque. Dois tanques estão

habitados, contendo em torno de 500 juvenis de L. analis. No local, além dos espinheis,

lanternas e tanques-rede e da estrutura PEAD, foi implantada uma balsa de manejo (4,5 x 3,0

m) (Figuras 02, 03 e 04).

O cultivo consorciado está localizado ao lado do píer (ponte) de Porto do Campo, a

montante, numa área de 50 x 50 m, onde a profundidade média, a depender do estágio da

maré, é de cerca de 7 a 9 metros e todo o local está próximo a “desembocadura” do Rio

Matapera. O entorno é margeado pelo manguezal, cuja vegetação predominante é o mangue

vermelho Rhizophorae mangle. Mais a montante do rio, fica também evidente a presença do

mangue branco, Laguncularia racemosa.

O cultivo foi implantado no local segundo orientação técnica de equipe da

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em conjunto com os produtores envolvidos da

comunidade.

Lanternas de ostras

Bóias de

sinalização

Balsa de manejo Tanques-rede

Figura 02. Desenho esquemático do cultivo consorciado de Porto do Campo, na Baía de

Camamu (BA).

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Figura 03. Vista panorâmica do cultivo consorciado de ostras e peixes e balsa de manejo, em

Porto do Campo, Camamu (BA).

Figura 04. Vista do cultivo consorciado de ostras e peixes, destacando a balsa de manejo, em

Porto do Campo, Camamu (BA).

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5. MATERIAL E MÉTODOS

A coleta de dados, incluindo o monitoramento de parâmetros da água, a coleta de

sedimento e das amostras biológicas, foi realizada entre julho de 2012 e janeiro de 2014. Em

função de adaptação logística, foram utilizados diferentes intervalos nas amostragens, a

depender do parâmetro analisado.

5.1. Análises do sedimento

5.1.1. Granulometria

Três coletas de sedimento foram feitas sob o cultivo para o estudo granulométrico

(julho de 2012, janeiro de 2013 e julho de 2013). As amostras foram retiradas com o auxílio

de um pegador de fundo do tipo Van Veen, com área de 0,016 m² e volume de 3,7 litros, em

três lançamentos (repetições) aleatórios a cada coleta. Os lançamentos foram feitos a partir de

barco próximo à balsa de manejo e à estrutura flutuante PEAD.

As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, etiquetadas e transportadas

para a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) para processamento.

As análises granulométricas foram feitas no Laboratório de Física do Solo da UESC,

através do procedimento padrão descrito por Suguio (1973), que consiste em: secagem em

estufa a temperatura de 60°C; quarteamento manual para a obtenção de uma porção de cerca

de 50 g de sedimento; peneiramento a seco com jogo de peneiras a intervalos de 1,0 phi,

utilizando o rotap (agitador de peneiras eletro-magnético) por um período de 15 minutos; e

por fim, a pesagem do material retido em cada uma das peneiras, utilizando balança de

precisão (0,0001 g). A classificação das frações do sedimento foi feita com base na escala de

Wentworth (SUGUIO, 1973).

5.1.2. Matéria Orgânica

As amostras para análise de matéria orgânica foram obtidas mediante os mesmos

procedimentos das amostras coletadas para o estudo granulométrico, entretanto, após a coleta,

as amostras foram mantidas em gelo para o transporte e mantidas em freezer até a sua análise

laboratorial. A periodicidade de coletas para esse parâmetro foi a mesma usada para a coleta

do material biológico, isto é, entre julho de 2012 e janeiro de 2014, totalizando onze

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amostragens ao longo do período, com periodicidade bimestral de julho de 2012 a setembro

de 2013 e mensal de novembro de 2013 a janeiro de 2014.

A análise do teor de matéria orgânica foi também realizada no Laboratório de Física

do Solo da UESC. Foi adotada a metodologia proposta por Dean (1974), que consiste em:

secagem em estufa a temperatura de 60ºC; obtenção de três réplicas por amostra, contendo 10

g cada; ignição da matéria orgânica no forno mufla durante três horas à temperatura de 550ºC;

e por fim, pesagem do material remanescente.

O cálculo do teor de matéria orgânica foi feito através da diferença de peso do material

antes e após a queima em forno mufla.

5.2. Parâmetros da Água

Foram monitorados os seguintes parâmetros da água: transparência, temperatura,

potencial hidrogeniônico (pH), oxigênio dissolvido, salinidade e clorofila-a.

As informações sobre a transparência da água foram obtidas mediante o uso de um

disco de Secchi e sobre a temperatura, pH, oxigênio dissolvido e salinidade, com o uso de

uma sonda multiparâmetros Hanna®

(HI 9828/20). As informações eram obtidas a cada coleta

do material biológico, conforme mencionado acima.

Entre julho de 2012 e setembro de 2013, foram ainda coletadas informações adicionais

de fatores físicos e químicos do local, em intervalos geralmente de três dias, que compuseram,

junto com as informações obtidas em cada campanha de coleta de material biológico, o banco

de dados abióticos. Desse modo, foram adicionalmente obtidos: (a) dados de temperatura,

medidos com um termômetro de mercúrio padrão, (b) dados de salinidade, medidos com um

refratômetro óptico marca Atago S-Mill, (c) dados de transparência da água, medidos com o

disco de Secchi e (d) dados de marés, obtidos a partir de tábua de marés da Diretoria de

Hidrografia e Navegação – DHN (BRASIL, 2012, 2013 e 2014).

A análise da clorofila-a foi feita a partir da coleta de seis amostras de água

subsuperficial e seis do fundo, obtidas a cada amostragem biológica, no período entre julho de

2012 e julho de 2013, não tendo sido realizadas nos últimos meses devido à problemas com o

equipamento de filtração. As amostras foram coletadas com auxílio de uma garrafa de Van

Dorn e acondicionadas em caixas térmicas.

As amostras para clorofila-a foram processadas da seguinte maneira: ainda em campo,

eram realizadas as filtrações da água no mesmo dia da coleta, utilizando-se conjunto de

filtração composto por filtro de microfibra de vidro (0,7 µm) e Kitasato; depois, o material

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(filtro) era recoberto com folha de alumínio, conservado em freezer e posteriormente

transportado e acondicionado em gelo. As análises laboratoriais de clorofila-a foram

realizadas no Laboratório de Biogeoquímica da UESC, onde os filtros foram macerados com

acetona a 90% e posteriormente mantidos na geladeira por 24 h. Após isso, o material foi

centrifugado durante 10 minutos a 3000 rotações por minuto. As leituras do sobrenadante

foram feitas em espectrofotômetro Perkin Elmer, nas absorbâncias de 665 e 750 nm. As

concentrações foram calculadas através da equação de Lorenzen (1967).

Foram ainda considerados os dados de chuva no período (junho de 2012 a janeiro de

2014), obtidos a partir de coleta de dados da Estação Meteorológica da Comissão Executiva

do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), localizada em Ituberá (BA).

5.3. Bentos

As coletas de material biológico (bentos) foram feitas entre julho de 2012 e janeiro de

2014, com periodicidade bimestral entre julho de 2012 e setembro de 2013. Nos últimos

meses (novembro de 2013 a janeiro de 2014), reduziu-se o intervalo das coletas, de bimestral

para mensal, com o objetivo de corroborar observações preliminares sobre a distribuição de

alguns organismos da macrofauna. Assim, foram feitas coletas mensais em novembro e

dezembro de 2013 e em janeiro de 2014, num total de 11 campanhas de coletas.

A cada coleta eram realizados, de modo aleatório, 15 lançamentos (repetições) com o

pegador de fundo Van Veen na área do cultivo. As amostras de sedimento contendo a fauna

bêntica foram triadas sobre a balsa de manejo no próprio local. Primeiro, o sedimento era

depositado do Van Veen em uma bandeja e logo após, a fauna era triada sobre peneiras

sobrepostas com 0,5 e 1 mm de abertura de malha, utilizando-se água do próprio local. Os

organismos eram retirados das peneiras com auxílio de pinça e fixados no local em

formaldeído a 4% e posteriormente (após em torno de 24 horas), já em laboratório,

transferidos para álcool a 70%. O sedimento retido na peneira de 0,5 mm era também coletado

e fixado, para análise posterior, em microscópio estereoscópico, considerando a possibilidade

de não se visualizar organismos de pequeno tamanho em campo.

Todas as amostras de fauna foram conduzidas ao Laboratório de Moluscos Marinhos

da UESC em frascos etiquetados, onde a fauna foi identificada ao menor nível taxonômico

possível, com o auxílio de bibliografia específica (manuais de referência e chaves

dicotômicas), coleções de referência e ajuda de especialistas. A fauna foi também

quantificada. A triagem foi feita com auxílio de microscópio estereoscópico marca Leica.

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17

5.4. Tratamento dos Dados

A diversidade do local foi avaliada através do índice de diversidade de Shannon-

Wiener (1949) (nits. ind-1).

Onde:

H’= Índice de diversidade

S = Número de espécies

pi = Proporção de indivíduos de cada espécie na amostra total

A constância dos táxons no local foi avaliada através do Índice de Constância: C =

P/N (100), onde C = constância, P = número de amostras contendo a espécie e N = número

total de amostras (BODENHEIMER, 1955), onde: frequências abaixo de 25% representam as

espécies raras, acima de 50%, espécies constantes e intermediando esses valores, as espécies

acessórias.

Análises de variância (ANOVAs) unifatoriais e o teste a posteriori de Tukey foram

utilizados para avaliar a variação temporal dos 10 táxons mais conspícuos do local, tomando-

se como base os resultados quantitativos obtidos em cada uma das 15 repetições de cada

coleta. O mesmo tratamento foi aplicado aos dados de matéria orgânica. O nível de

significância adotado foi o de 95%. As análises foram feitas no Programa Statistica®

6.0.

6. RESULTADOS

6.1. Parâmetros do Sedimento

6.1.1. Granulometria

As análises granulométricas evidenciaram sedimento com frações de areias de muito

grossas a muito finas, distribuídas de modo aproximadamente equitativo, exceto para areias

muito finas, em percentual menor em relação às demais frações. Houve, também, um leve

predomínio de areias médias, que representaram sempre mais de 30% nas amostras. Esse

resultado foi similar nos três lançamentos (repetições). A quantidade da fração de finos (siltes

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18

e argilas), representando a lama ou lodo, foi baixa, isto é, inferior a 4%, com um leve aumento

na última amostragem (Tabela I).

Tabela I. Percentuais das frações granulométricas a partir de sedimento coletado sob o

cultivo consorciado na localidade de Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), em 2012 e

2013, sendo: médias ± desvio padrão, expressos em gramas, entre três repetições, como

resultado das pesagens de 50 g de sedimento. Valores percentuais apresentados entre

parênteses. AMG – Areia Muito Grossa – 2mm ≥ 1mm; AG – Areia Grossa – 1mm ≥ 0,5mm;

AM – Areia Média – 0,5mm ≥ 0,25mm; AF – Areia Fina – 0,25mm ≥ 0,10mm; AMF – Areia

Muito Fina – 0,10mm ≥ 0,05mm; S + A – Silte + Argila - ≤ 0,05mm.

Data AMG AG AM AF AMF S + A

Julho/2012 7,9±4,04

(15,8%)

12,05±3,3

(24,1%)

17,6±3,4

(35,3%)

10,6±3,7

(21,1%)

1,3±0,38

(2,6%)

0,45±0,06

(0,9%)

Janeiro/2013 9,5±2,1

(19%)

9,3±0,57

(18,6%)

17,6±1,7

(35,2%)

10,4±1,1

(20,8%)

1,95±0,93

(4%)

1,03±0,45

(2,1%)

Julho/2013 9,3±7,2

(18,6%)

11,8±3,8

(23,5%)

15±3,2

(30%)

9,6±6,0

(19,2%)

2,3±1,2

(4,6%)

1,9±0,4

(3,8%)

6.1.2. Matéria Orgânica

O teor de matéria orgânica no sedimento apresentou média de 1,64% ± 0,73, com

mínima de 0,3% e máxima de 3,8% (N = 99). A ANOVA temporal desse parâmetro mostrou

diferença estatística significativa (F = 10,51975; p = 0,0000) entre os meses amostrados. O

teste de Tukey evidenciou que nos meses de novembro de 2012, maio de 2013, dezembro de

2013 e janeiro de 2014, os teores de matéria orgânica foram mais altos em relação aos outros

meses (Figura 05). Os picos de maio e dezembro de 2013 foram subsequentes a períodos de

alta precipitação pluviométrica.

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19

Figura 05. Teor de matéria orgânica (MO) do sedimento sob o cultivo consorciado na

localidade de Porto do Campo, na Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e janeiro de

2014.

6.2. Parâmetros da Água

6.2.1. Temperatura e Salinidade

A temperatura média da água na maré enchente foi de 27,8°C ± 2,2. A mínima (24°C)

ocorreu no mês de agosto de 2012 e a máxima (32°C) nos meses de dezembro de 2012,

janeiro, fevereiro e março de 2013. Na maré vazante, a temperatura média foi de 27,6°C ±

1,9. A mínima (22°C) ocorreu no mês de agosto de 2012 e a máxima (32°C) no mês de

dezembro de 2012 (Figura 06). Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2013 e

janeiro de 2014, as medições, a cada campanha de coletas, evidenciaram temperaturas de

23,5°C, 27°C, 27,5°C e 28°C, respectivamente.

A salinidade média na maré enchente foi de 27,9 ± 2,9. O mês de agosto de 2013

apresentou a menor média (23) e o mês de dezembro de 2012 a maior (32,4). A salinidade

mínima em maré enchente foi de 22, registrada em abril de 2013 e a máxima de 36, em

dezembro de 2012. A salinidade média na maré vazante foi de 28,7 ± 2,5. Na vazante, a

menor média (25,6) foi registrada em abril de 2013 e a maior (33) em dezembro de 2012,

coincidindo com alta e baixa pluviosidade, respectivamente. Na vazante, os registros pontuais

mínimos e máximos foram de 21 e 36, em abril de 2013 e dezembro de 2012, respectivamente

(Figura 07). Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2013 e janeiro de 2014, as

medições pontuais evidenciaram salinidades de 34, 30, 25 e 30, respectivamente.

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Enchente

Vazante

Figura 06. Variação da temperatura da água na maré enchente e na vazante, na localidade de

Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e setembro de 2013. Médias

mensais (N = 200).

Enchente

Vazante

Figura 07. Variação da salinidade da água na maré enchente e vazante, na localidade de Porto

do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e setembro de 2013. Médias mensais

(N = 200).

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21

6.2.2. Potencial Hidrogeniônico (pH)

O potencial hidrogeniônico (pH) da água teve valor médio de 7,5 ± 0,49. O menor

valor foi observado em julho de 2012 (6,8) e o maior (7,9) em março de 2013 (7,9) (Tabela

II).

Tabela II. Potencial hidrogeniônico (pH) da água na localidade de Porto do Campo, Baía de

Camamu (BA), entre julho de 2012 e julho de 2013 (N = 7).

Data pH

Julho 6,8

Setembro 6,8

Novembro 7,6

Janeiro 7,9

Março 7,9

Maio 7,8

Julho 7,7

6.2.3. Transparência da Água

A transparência da água variou entre 0,4 m no mês de fevereiro 2013 e 2,2 m no mês

de outubro de 2012 na maré enchente. Na vazante, esta variou de 0,5 m nos meses de agosto

de 2012 e março de 2013 e de 2,2 m no mês de agosto de 2013 (Figura 08). As médias foram

de 1,27 m ± 0,3 na enchente e de 1,15 m ± 0,2 na vazante. As menores médias, tanto para a

vazante quanto para a enchente, ocorreram no mês de fevereiro de 2013 e as maiores em julho

e agosto de 2013, coincidindo com baixa e alta pluviosidade, respectivamente. As medições

pontuais dos últimos meses (outubro de 2013 a janeiro de 2014) evidenciaram transparências

entre 1,2 m e 1,4 m, valores similares às médias do período anterior. A profundidade do local,

na área do cultivo, variou entre 7 a 9 metros.

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Enchente

Vazante

Figura 08. Variação média mensal da transparência da água (em metros), nas marés enchente

e vazante, na localidade de Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e

setembro de 2013. Médias mensais (N = 194).

6.2.4. Clorofila-a

A clorofila-a da água subsuperficial variou entre 0,3 mg.m³ (maio/2013) e 4,05 mg.m³

(janeiro/2013). Já a água de fundo apresentou valores entre 0,3 mg.m³ (novembro/2012) e

6,81 mg.m³ (março de 2013. De modo geral, esse parâmetro teve valores mais elevados

durante o verão (Figura 09).

Superfície

Fundo

Figura 09. Valores médios de clorofila-a da água subsuperficial (superfície) e de fundo, em

seis pontos na área do cultivo Porto do Campo, Baía de Camamu (BA), entre julho de 2012 e

julho de 2013 (N = 84).

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23

6.3. Precipitação pluviométrica

A precipitação média mensal do período foi de 145,3 mm, com a menor somatória no

mês de setembro de 2012 (24,8 mm mensais) e a maior no mês de novembro de 2013 (481

mm mensais) (Figura 10).

Figura 10. Totais mensais de precipitação pluviométrica (mm), registrados na Estação

Pluviométrica da CEPLAC, localizada no município de Ituberá (BA), entre os meses de junho

de 2012 e janeiro de 2014.

6.4. Bentos

A fauna bêntica de Porto do Campo foi constituída por 47 táxons, provenientes dos

1.172 indivíduos coletados nas amostras (Tabela III). Dos 47 táxons, 19 eram anelídeos,

sendo que destes, 18 eram poliquetos. Os crustáceos foram representados por 14 táxons e os

moluscos por 12 táxons. Foi ainda observado um táxon de nemertíneo e um de equinodermo.

Além da maior riqueza de espécies, os anelídeos foram, também, o grupo mais

abundante da macrofauna, compondo 44,4% do local, seguidos pelos moluscos (38,3%),

crustáceos (8,6%), equinodermos (4,6%) e nemertíneos (4%).

Levando-se em conta a frequência de ocorrência dos táxons ao longo do período, dos

47 táxons de bentos, houve um equilíbrio entre as espécies constantes, acessórias e raras. As

espécies com frequência de ocorrência em mais de 50% das amostras ou constantes,

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24

contabilizaram 16. O total de espécies acessórias (frequência entre 25% e 50%) foi de 15 e de

espécies raras (frequência inferior a 25%) de 16 (Tabela III).

Dentre as espécies constantes do local estiveram os poliquetos Hemipodia

californiensis, Laeonereis acuta, Capitella cf. capitata e Glycinde multidens; os moluscos

bivalves Anomalocardia brasiliana, Chione subrostrata, Tellina sp. e Lucina pectinata; e os

crustáceos Alpheus brasileiro, Panopeus rugosus e Cymothoa exígua. Poliquetos das famílias

Hesionidae, Orbiniidae, Spionidae e Magelonidae só apareceram nos últimos meses de coletas

(Tabela III).

Considerando apenas os 10 táxons mais conspícuos do local, os poliquetas L. acuta e

C. cf. capitata, foram significativamente mais abundantes em novembro de 2013, já G.

multidens foi mais abundante em maio de 2013 e um Terebillidae não identificado foi mais

abundante em janeiro de 2014. Já o bivalve A. brasiliana foi numericamente mais expressivo

em julho de 2013 e em janeiro de 2014, ao passo que L. pectinata foi mais abundante em

dezembro de 2013 (Tabela IV).

Tabela III. Composição, abundância e constância da macrofauna bêntica em Porto do

Campo, na Baía de Camamu (BA) entre julho de 2012 e janeiro de 2014. Valores expressos

representam a soma dos animais obtidos mediante 15 lançamentos com o amostrador Van

Veen. IC = Índice de Constância (% de ocorrência nas amostras).

TÁXON

Meses/ Número de indivíduos

J

ul

S

et

N

ov

Ja

n

M

ar

M

ai

J

ul

Set

No

v

D

ez

J

an

I

C

Filo Nemertea

Espécie não identificada 4 5 4 5 3 2 1 8 7 2 5 100

Filo Annelida

Classe Polychaeta

Capitella cf. capitata (Fabricius, 1780) 1 1 2 3 3 1 1 20 58 7 17 100

Diopatra cuprea (Bosc, 1802) 1 1 1 27

Glycinde multidens Müller in Grube, 1858 9 15 8 2 1 18 10 14 10 4 1 100

Hemipodia californiensis (Hartman, 1938) 2 3 2 1 3 2 1 3 73

Laeonereis acuta (Treadwell, 1923) 8 4 2 4 8 3 6 3 19 8 21 100

Lumbrineris Blainville, 1828 1 1 1 7 36

Cirratulidae Carus,1863 1 9

Hesionidae Grube, 1850 5 11 5 2 36

Magelonidae Cuningham & Ramage, 1888 1 1 1 2 36

Maldanidae Malmgren, 1867 1 1 3 10 8 9 11 64

Onuphidae Kinberg, 1865 1 5 18

Opheliidae Malmgren, 1867 1 1 5 27

Orbiniidae Hartman, 1942 1 5 4 11 36

Oweniidae Rioja, 1817 2 9

Sabelariidae Johnston, 1865 1 2 18

Spionidae Grube, 1850 2 4 6 6 36

Terebellidae Johnston, 1846 2 1 4 3 28 1 15 64

Espécie não identificada 1 5 6 2 36

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TÁXON

Meses/ Número de indivíduos

J

ul

S

et

N

ov

Ja

n

M

ar

M

ai

J

ul

Set

No

v

D

ez

J

an

I

C

Classe Oligochaeta

Espécie não identificada 2 9

Filo Mollusca

Classe Bivalvia

Anadara ovalis (Bruguière, 1789) 2 2 2 2 1 45

Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) 6 14 11 13 2 12 43 3 37 36 40 100

Chione subrostrata (Lamarck, 1818) 1 1 2 5 4 6 8 9 5 4 5 100

Corbula lyone Pilsbry, 1897 21 1 7 33 7 45

Iphigenia brasiliensis (Lamarck, 1818) 2 9

Lucina pectinata (Gmelin, 1791) 4 2 3 1 1 11 5 3 17 2 91

Tellina sp. Linnaeus, 1758 3 2 1 4 4 3 4 7 4 3 91

Espécie não identificada 1 11 9

Espécie não identificada 2 2 9

Espécie não identificada 3 1 9

Espécie não identificada 4 2 1 18

Classe Scaphopoda

Scaphopoda não identificado

Filo Arthropoda

Sub-Filo Crustácea

Alpheus brasileiro Anker, 2012 3 1 2 1 6 7 2 64

Alpheus carlae Anker, 2012 1 9

Cymothoa exigua Schioedte & Meinert, 1884 1 2 1 3 2 1 54

Hexopanopeus caribbaeus (Stimpson, 1871) 1 1 2 1 36

Leptochela serratorbita Spence Bate, 1888 2 9

Panopeus rugosus A. Milne-Edwards, 1880 3 2 2 1 5 4 3 63

Upogebia brasiliensis Holthuis, 1956 1 1 1 1 2 45

Farfantepeaneus sp. 1 1 3 27

Gebeiidea não identificado 1 9

Hexapanopeus sp. 2 1 18

Pinnixa sp. 3 2 27

Squilla sp. 1 9

Amphipoda não identificado 1 2 2 2 3 36

Amphipoda não identificado 2 2 1 1 1 3 6 54

Filo Echinodermata

Ophiuroidea não identificado 4 3 4 6 6 7 2 4 7 6 5 100

O Índice de Diversidade de Shannon-Wiener do local teve média de 2,5 nits.ind-1

,

sendo que a diversidade mais baixa ocorreu em setembro de 2012 (2,1 nits.ind-1

) e a mais alta

em setembro de 2013 (2,9 nits.ind-1

).

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Tabela IV. Resultado estatístico de análise de variância (ANOVA) unifatorial e do teste a

posteriori de Tukey para variação temporal das espécies mais conspícuas da macrofauna

bêntica em Porto do Campo (Camamu, BA), entre julho de 2012 e janeiro de 2014 (N = 11),

sendo * resultado significativo. C = coleta; GL = graus de liberdade. Nível de significância:

95%.

Táxon GL F P Teste de Tukey

Nemertea não identificado 10 0,796809 0,631918

Hemipodia californiensis 10 0,827737 0,602505

Laeonereis acuta 10 2,761603* 0,003677* C9>C2, C3, C6 e C8

Capitella cf. capitata 10 8,69917* 0,000000* C9>C1-C8, C10 e C11

Terebellidae não identificado 10 5,229360* 0,000001* C11>C1-C8 e C10

Glycinde multidens 10 2,977415* 0,001864* C6>C4, C5 e C11

Anomalocardia brasiliana 10 4,530820* 0,000013* C7 e C11>C1, C5, C8

Chione subrostrata 10 1,349275 0,209202

Lucina pectinata 10 4,103890* 0,000050* C10>C1-C5, C8, C9 e C11

Tellina sp. 10 0,786667 0,641580

7. DISCUSSÃO

Em Porto do Campo, os parâmetros do sedimento e da água se mantiveram

relativamente constantes durante o período e sem alterações significativas. Pequenas

variações na temperatura, na salinidade, na transparência e no pH da água em alguns períodos

foram nitidamente associados à precipitação pluviométrica. Os valores desses parâmetros

observados em Porto do Campo são semelhantes aos encontrados neste e em outros locais da

Baía de Camamu em estudos anteriores (AMORIM, 2005; SILVA; BOEHS, 2007; SOUZA et

al., 2007; ZEIDAN et al., 2012; AFFE, 2012), demonstrando que estes vêm se mantendo

constantes ao longo dos anos, em áreas da baía com ou sem cultivo.

As águas mais turvas em épocas de chuvas foram relacionadas ao aporte de

sedimentos provenientes do continente e/ou entrada de detritos dos manguezais adjacentes.

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27

Já os picos de clorofila-a observados nos meses de janeiro e março de 2013 foram

interpretados como decorrentes do aumento da incidência solar durante o verão e

secundariamente devido às chuvas. Estas últimas favorecem o aporte de nutrientes e

substâncias orgânicas trazidas do manguezal e do continente, favorecendo o crescimento do

fitoplâncton. Santiago et al. (2005) consideraram a precipitação pluviométrica a variável de

maior influência sobre o fitoplâncton de áreas estuarinas tropicais. Em Porto do Campo foi

mais evidente a influência da incidência solar do que a das chuvas sobre os valores de

clorofila-a.

Affe (2012), que também realizou estudo da clorofila-a na Baía de Camamu, concluiu

que as concentrações observadas são típicas de regiões oligotróficas, isto é, com baixa

densidade de fitoplâncton, o que também foi evidenciado no presente estudo.

Quanto à matéria orgânica do sedimento, esta é o resultado da deposição de restos

vegetais, animais e do aporte de sedimentos provenientes do continente ou do próprio

manguezal do entorno. Em Porto do Campo, como para os parâmetros da água, os maiores

teores de matéria orgânica coincidiram com os meses de maior precipitação pluviométrica do

período, o que mostra a origem alóctone da mesma, ou seja, muito provavelmente a mesma

foi oriunda dos manguezais a montante, tendo sido carreada e depositada no local. Ao

contrário, no mês de janeiro 2013, ocorreram os valores mais baixos, sendo que nos meses

imediatamente anteriores houve baixas taxas de precipitação pluviométrica, o que

provavelmente desfavoreceu a deposição de matéria orgânica no local. Tognon et al. (1998)

observaram teores de matéria orgânica mais altos em épocas de temperatura mais altas,

provavelmente relacionado a período de chuvas.

Ao contrário do esperado, não houve um aumento gradual da matéria orgânica no

sedimento sob o cultivo em Porto do Campo. Isso evidencia que a variação ocorrida no

período deveu-se a fatores naturais, principalmente a chuvas, e não à atividade de deposição

de material orgânico oriundo do cultivo de ostras e peixes no local, demonstrando, até o

momento, um baixo impacto da atividade sobre o fundo.

Quanto à composição do sedimento, as frações granulométricas evidenciaram um

sedimento com leve predomínio de areia média sobre areias muito grossas a muito finas no

local, sendo que os finos (siltes e argilas) tiveram percentuais inferiores a 4. Na região da Baía

de Camamu, predominam depósitos de sedimentos descritos como lamas siliciclásticas atuais

de origem continental, com teores variáveis de finos e de matéria orgânica (ElPaso, 2005).

Quanto à influência dos fatores abióticos sobre a distribuição das espécies, a

composição do sedimento, a temperatura, o pH e a salinidade são considerados fatores

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28

determinantes na distribuição da macrofauna (GIERE, 1993), sendo que esta última é

considerada um dos fatores abióticos mais importantes na distribuição dos organismos da

endofauna (MANNINO; MONTAGNA, 1997; YSEBAERT et al., 1998; BOEHS et al., 2004;

CORRÊA; UIEDA, 2008).

Estudos sobre a distribuição da fauna estuarina ao longo de gradientes salinos apontam

que os diferentes valores de salinidade atuam como uma barreira fisiológica para espécies

estenohalinas marinhas, que não penetram nas áreas com baixa salinidade e de água doce

(WOLFF, 1983; KENNISH, 1986). Em Porto do Campo, a salinidade média, tanto em maré

enchente quanto em maré vazante está muito próxima de 30, o que geralmente não causa

estresse osmótico a espécies estenohalinas e igualmente favorece a presença de espécies

tipicamente eurihalinas, como por exemplo, o bivalve Anomalocardia brasiliana e o

poliqueto Laeonereis acuta, ambos abundantes e frequentes no local.

A composição do sedimento é também determinante na composição e nas interações

nas comunidades bênticas (WHITLATCH, 1981; MCLACHLAN, 1996; DEFEO et al., 1992

De acordo com Pellegrini (2000), a presença de frações mais grosseiras no sedimento indica

um maior hidrodinamismo. Deste modo, o maior dinamismo e a força das correntes nas áreas

próximas da conexão com o mar, podem ser considerados como fatores determinantes para a

dominância de poucas espécies no local. Segundo esse autor, isso explica porque a

hidrodinâmica elevada torna o sedimento mais instável, onde poucas espécies se adaptam e

que se especializam em ocupar estes nichos com maior espaço entre os grãos, onde outras

espécies não conseguem se estabelecer. Conforme Fresi et al. (1983) e Alongi (1990),

sedimentos de composição heterogênea em termos de tamanho dos grãos podem favorecer a

presença de maior quantidade de organismos.

Quanto ao bentos, as regiões tropicais e subtropicais costumam apresentar alta riqueza

de espécies e diversidade elevada, em comparação com aqueles de regiões temperadas

(WARWICK; USWAHYUNI, 1987; ALONGI, 1990). De acordo com Margalef (1978), em

comunidades naturais, os valores numéricos do índice de diversidade de Shannon raramente

excedem os 5 nits. ind-1

. O mesmo autor relata que em regiões costeiras, a diversidade está

normalmente entre 1,0 e 2,5 nits. ind-1

, podendo ser especialmente baixa em estuários

eutróficos ou então em ambientes poluídos. Enquanto que valores entre 3,5 e 4,5 nits. ind-1

seriam encontrados em regiões oceânicas ou em comunidades costeiras em etapas mais

avançadas de sucessão. Portanto, em conformidade com esse autor, a macrofauna bêntica de

Porto do Campo é estável e diversa, não demonstrando o local estar impactado ou em

desequilíbrio.

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A fauna bêntica de Porto do Campo, representada por 47 táxons, teve predomínio de

poliquetos sobre os demais grupos, seguidos por crustáceos e moluscos, o que é recorrente em

comunidades bênticas marinhas (OLIVER; MACKIE, 1996), mas exceções ocorrem: Ourives

et al. (2011) observaram os moluscos como sendo o grupo com maior número de espécies

(46 taxa) e abundância no estuário do Rio Cachoeira, em Ilhéus (Bahia), ao sul da Baía de

Camamu, em relação a outros grupos de bentos, o que foi atribuído à presença de grande

número de microgastrópodes na entrada do referido estuário.

Quanto à ocorrência e distribuição específica das espécies mais conspícuas em Porto

do Campo, o poliqueto Laeonereis acuta (Nereididae), presente em todas as coletas, é

relatado por Fauchaud e Jumars (1979), como uma espécie eurihalina, com ampla distribuição

geográfica e ecológica e que apresenta grande variedade de estratégias alimentares. Segundo

esses autores, entre os nereidídeos, existem espécies carnívoras, herbívoras, depositívoras de

superfície, filtradoras e ainda formas capazes de absorver matéria orgânica dissolvida.

Segundo Wilson (2000), os hábitos alimentares desses poliquetos não variam apenas de

espécie para espécie, mas também entre populações da mesma espécie e ainda, a dieta de uma

mesma população pode variar durante o tempo, pois esse hábito é possivelmente influenciado

pela disponibilidade de alimento e pelos diferentes fatores ambientais. Esses relatos mostram

que os nereidídeos e no caso específico, L. acuta, têm vantagem sobre outros grupos em

ocupar os mais diversos ambientes em função das características apresentadas, principalmente

devido ao seu amplo espectro alimentar, o que também explica a conspicuidade da espécie em

Porto do Campo.

Por sua vez, Capitella cf. capitata (Capitellidae), um poliqueto que foi especialmente

expressivo nos últimos meses de coleta (de setembro de 2013 a janeiro de 2014), representa

uma espécie (assim como os demais capitelídeos) oportunista e, portanto, indicadora de

ambientes organicamente enriquecidos (PEARSON; ROSENBERG, 1978; SURUGIU, 2005).

Os capitelídeos são depositívoros e estão entre os poliquetas mais comuns em fundos de

sedimentos não consolidados, ocorrendo da região entremarés até o oceano profundo

(PEARSON; ROSENBERG, 1978). Por serem oportunistas, algumas espécies são dominantes

nas comunidades bênticas endofaunais que sofreram algum tipo de perturbação ou estresse

ambiental (REISH, 1955, 1957; GRASSLE; GRASSLE, 1974; PEARSON; ROSENBERG,

1978; WARREN, 1977; SANDERS et al., 1980). Ourives et al. (2011) observaram C. cf.

capitata principalmente nas regiões mais internas no estuário do Rio Cachoeira (Ilhéus,

Bahia), com maior teor de matéria orgânica e relacionaram a maior ocorrência da espécie à

épocas de chuvas. Em Porto do Campo, é possível que a maior expressão dessa espécie nos

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últimos meses de amostragem tenha sido, de algum modo, influenciada pelo cultivo, talvez

pela deposição de fezes, pseudofezes ou outros produtos oriundos do mesmo no local,

entretanto, fatores naturais por si só, podem ter determinado essa distribuição.

Um Terebellidae não identificado também foi mais abundante nas coletas de

novembro de 2013 e janeiro de 2014, meses em que houve elevada precipitação pluviométrica

na região. Os poliquetos desta família possuem hábitos alimentares de coleta seletiva de

partículas orgânicas depositadas sobre o fundo marinho, ou seja, similarmente aos

capitelídeos, são depositívoros (FAUCHALD; JUMARS, 1979), então é possível que

materiais carreados pelas chuvas no local tenham favorecido a proliferação da espécie nesses

meses.

Glycinde multidens (Goniadidae), um outro poliqueto presente em todas as coletas em

Porto do Campo, foi, também, mais abundante nos meses imediatamente posteriores às

chuvas. Brasil e Silva (2000), estudando uma área da Ilha Grande (RJ), observaram que G.

multidens esteve amplamente distribuída, ocorrendo principalmente em sedimentos de areia

fina, em áreas com alto teor de matéria orgânica e no verão, época de intensas chuvas no

local. Fauchald e Jumars (1979) relataram que esta espécie é carnívora e mostra uma ampla

distribuição com relação ao tipo de fundo. Paiva (1991) encontrou esta espécie relacionada

com fundos ricos em carbonatos.

Já Hemipodia californiensis, outro poliqueto conspícuo em Porto do Campo,

conforme Böggemann (2002) trata-se de uma espécie carnívora, que se alimenta de pequenos

crustáceos e de outros poliquetos. Fauchald e Jumars (1979) consideraram que poliquetos

carnívoros ocorrem mais comumente em substrato com predominância de areia, permitindo

uma maior penetração de oxigênio no sedimento, bem como maior facilidade de movimento

desses animais.

A presença de alguns poliquetos somente nas últimas campanhas (setembro de 2013 a

janeiro de 2014) (e.g., Hesionidae, Opheliidae, Orbiniidae, Magelonidae e Spionidae) pode ter

sido associada aos rejeitos do cultivo, cujos detritos produzidos podem estar servindo de

atrativo alimentar para esses organismos. Nesse contexto, poliquetos da família Hesionidae,

embora freqüentes, raramente são abundantes e correspondem a uma das principais famílias

menos conhecidas, tanto sistematicamente quanto biologicamente, devido a sua fragilidade,

tornando assim um material difícil de ser preservado. A maioria das formas intersticiais se

alimenta de diatomáceas, bactérias, copépodes e foraminíferos, sendo que os maiores são

geralmente carnívoros (FAUCHAULD; JUMARS, 1979).

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Já os poliquetos das famílias Orbiniidae e Magelonidae são comuns em áreas

lamacentas e escavam livremente entre o sedimento, sendo que os primeiros são depositívoros

não seletivos e os segundos são detritívoros e predadores de pequenos animais

(FAUCHAULD; JUMARS, 1979).

Por sua vez, os poliquetos da família Spionidae têm pouca mobilidade e quando

adultos podem ser sésseis. Algumas espécies perfuram conchas e corais, explicando, portanto

a sua presença próxima aos cultivos (FAUCHAULD; JUMARS, 1979). Esses poliquetos

também só foram observados nos últimos meses em Porto do Campo e o seu surgimento no

local esteve provavelmente relacionado ao cultivo de ostras.

Entre os crustáceos observados no local, algumas espécies da família Panopeidae

(anteriormente denominada de Xanthidae) podem ser importantes consumidores de bivalves,

mas há poucas informações que mencionam esta predação. É comum a presença de indivíduos

desta família nos cultivos da ostra Crassostrea virginica na costa leste da América do Norte.

Em alguns estudos, observou-se a presença de concha de ostra e mexilhão no intestino de

Panopeus herbstii, membro da família Panopeidae (MILKE; KENNEDY, 2001). Entretanto,

não houve evidências convincentes de aumento do número de crustáceos em Porto do Campo

ao longo do período.

A relação crustáceos/poliquetos (Crus/Poly) é freqüentemente utilizada como um

método rápido para avaliar possíveis mudanças no ecossistema. Crustáceos são mais sensíveis

do que poliquetas e tornam-se menos abundantes em locais alterados ou contaminados

(GRALL; GLÈMAREC, 1997; STARK, 1998), enquanto poliquetas, mais resistentes e/ou

mais oportunistas, são capazes de dominar sob tais condições (WARWICK; CLARKE, 1993).

Nesse contexto, a não diminuição dos crustáceos no local ao longo do período, evidencia o

baixo impacto do cultivo sobre a carcinofauna do local.

Anomalocardia brasiliana, a espécie mais abundante do local, é um bivalve

tipicamente eurihalino (LEONEL et al., 1983) e sua rusticidade favorece o seu

estabelecimento em ambientes com deficiência de oxigênio e/ou ricos em matéria orgânica

(BOEHS et al., 2008). A flutuação temporal das populações de A. brasiliana observada nesse

estudo também foi relatada por outros autores (MONTI et al., 1991; PEZZUTO;

ECHTERNACHT, 1999). Monti et al. (1991) concluíram que o tamanho das populações

nessa espécie é regulado, em grande parte, pelas altas densidades populacionais e por uma

forte competição intraespecífica. A flutuação de A. brasiliana no local não mostrou qualquer

evidência de correlação com o cultivo em Porto do Campo e o mesmo foi interpretado para o

bivalve L. pectinata.

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Conforme Lopes-Jamar et al. (1992), a biodeposição em áreas de cultivo de mexilhões

pode produzir impactos positivos nas atividades humanas, já que os detritos dos cultivos são

direta ou indiretamente utilizados pela fauna bêntica. Segundo os autores, além disso, este

serve de atrativo para várias espécies de interesse comercial, principalmente de peixes e de

crustáceos. Em Porto do Campo não houve aumento expressivo da matéria orgânica no

sedimento, parâmetro que poderia indicar atividade de biodeposição. Isso se deveu, muito

provavelmente, à pequena escala do cultivo no local.

8. CONCLUSÕES

O estudo mostrou que, apesar da evidência de que algumas espécies de poliquetos

foram favorecidos pelo cultivo em termos de atrativo alimentar, as flutuações populacionais

na comunidade bêntica em Porto do Campo foram predominantemente decorrentes de fatores

naturais, seja endógenos ou exógenos. A ausência de impacto negativo do cultivo sobre a

fauna bêntica e uma possível ocorrência de impacto positivo sobre algumas espécies, justifica

a continuidade da atividade de maricultura na região.

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