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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS TROPICAIS GABRIELA CALVI ZEIDAN PARASITOS DE MOLUSCOS BIVALVES DE MANGUEZAIS DO LITORAL SUL DA BAHIA ILHÉUS, BAHIA 2011

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SISTEMAS AQUÁTICOS TROPICAIS

GABRIELA CALVI ZEIDAN

PARASITOS DE MOLUSCOS BIVALVES DE MANGUEZAIS DO LITORAL SUL DA BAHIA

ILHÉUS, BAHIA 2011

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GABRIELA CALVI ZEIDAN

PARASITOS DE MOLUSCOS BIVALVES DE MANGUEZAIS DO LITORAL SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada como um dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Sistemas

Aquáticos Tropicais, à Universidade Estadual de

Santa Cruz.

Linha de pesquisa: Manejo de Recursos Naturais,

Diagnóstico e Remediação de Impactos ambientais

Orientadora: Profa. Dra. Guisla Boehs

ILHÉUS, BAHIA 2011

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Z45 Zeidan, Gabriela Calvi. Parasitos de moluscos bivalves de manguezais do litoral sul da Bahia / Gabriela Calvi Zeidan.

Ilhéus, BA: UESC, 2011. 37f. : il.

Orientadora: Guisla Boehs. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Sistemas Aquáticos Tropicais. Inclui bibliografia.

1. Bivalve (Molusco) Bahia. 2. Parasito. 3. Crassostrea rhizophorae. 4. Rickettsia. I. Título. CDD 594.4

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GABRIELA CALVI ZEIDAN

PARASITOS DE MOLUSCOS BIVALVES DE MANGUEZAIS DO LITORAL SUL DA BAHIA

_______________________________________ Dra. Guisla Boehs

(UESC/DCB)

________________________________________________

Dra. Patricia Mirella da Silva Scárdua (UFPB)

______________________________________________ Dr. George Rêgo Albuquerque

(UESC/DCAA)

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DEDICATÓRIA

As mulheres da minha vida, minha mãe Isamara e minha avó Onélia, por serem

meu referencial de coragem, meta, força de vontade e carinho diante da vida.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me capacitado chegar até mais essa etapa.

Aos meus pais e minha avó, pela força, carinho e incentivo em todos os

momentos da minha vida. Se não fosse por vocês não teria chegado até aqui. A vocês

meu eterno agradecimento.

À minha orientadora Profa. Dra. Guisla Boehs, pela orientação, ensinamentos

amizade e confiança ao longo do mestrado.

As companheiras de laboratório, Josi, Lili, Rosana, Thailla, Anna, Mari e Guido

pela amizade e contribuição neste trabalho.

Aos meus colegas de turma, pela amizade, carinho e pelos momentos alegres na

companhia de vocês, em especial a Eduardo Marocci Chaves por todas as contribuições,

revisões, companheirismo e paciência ao longo deste período.

Aos meus vizinhos, Sr. Jailson e Maria por terem me emprestado o computador

inúmeras vezes para finalizar essa dissertação.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq,

pelo financiamento do projeto.

À FAPESB pela concessão da bolsa de estudo.

A todos que de alguma maneira contribuíram na realização deste trabalho.

A todos vocês meu muitíssimo obrigada!!!!!!!

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SUMÁRIO

Resumo ...............................................................................................................vi

Abstract ..............................................................................................................vii

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................1

Objetivos ..............................................................................................................7

Objetivo geral ........................................................................................................7

Objetivos específicos ............................................................................................8

2. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................8

Área de estudo ...................................................................................................... 8

Procedimentos de campo .....................................................................................10

Procedimentos laboratoriais.................................................................................10

Tratamento dos dados...........................................................................................10

3. RESULTADOS ..................................................................................................12

4. DISCUSSÃO ......................................................................................................23

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................29

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RESUMO

PARASITOS DE MOLUSCOS BIVALVES DE MANGUEZAIS DO LITORAL

SUL DA BAHIA.

Neste estudo foram investigados os parasitos de três espécies de bivalves de interesse

comercial (Crassostrea rhizophorae, Mytella guyanensis e Lucina pectinata) do Litoral

Sul da Bahia. Foram realizadas duas amostragens, uma em agosto de 2009 e outra em

fevereiro de 2010, de 30 exemplares de cada espécie, em manguezais da Baía de

Camamu, Valença e Canavieiras (total = 540 animais). Os animais foram medidos

quanto a seu maior eixo, abertos e examinados quanto a sinais macroscópicos de

enfermidades. Depois disso, foram fixados em solução de Davidson e processados por

rotina de histologia, com inclusão em parafina e obtenção de cortes com 7 m, que

foram corados por Hematoxilina de Harris e Eosina e examinados em microscopia de

luz. A temperatura da água dos locais variou de 25°C a 31,2°C e a salinidade de 11 a 30.

Não foi registrado nenhum parasito associado a L. pectinata. A similaridade da riqueza

parasitária foi de 75% entre C. rhizophorae e M. guyanensis e de mais de 80% entre

locais. Foram encontrados os seguintes parasitos: colônias de organismos assemelhados

a Rickettsia (RLOs) na glândula digestiva, a gregarina Nematopsis sp. nas brânquias,

manto, glândula digestiva e músculo adutor, Urastoma sp. nos filamentos branquiais e

cavidade do manto, turbelários não identificados nos filamentos branquiais, esporocistos

de Bucephalus sp. no manto, glândula digestiva e brânquias, uma metacercária não

identificada nas brânquias e o cestóide Tylocephalum sp. na glândula digestiva. Apenas

a infecção por Bucephalus sp. causou danos significativos aos tecidos de M. guyanensis

e de C. rhizophorae. A baixa riqueza de parasitos, aliada a geralmente baixa intensidade

de infecção e baixa prevalência (exceto Nematopsis) dos parasitos, atestam a boa

condição de saúde dos moluscos das áreas estudadas, incentivando atividades de

maricultura no Litoral Sul da Bahia.

Palavras-chave: Parasitos, Crassostrea rhizophorae, Mytella guyanensis, Lucina

pectinata, Nematopsis, Bucephalus, Rickettsia, Urastoma, Tylocephalum, Bahia.

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ABSTRACT

PARASITES OF BIVALVE MOLLUSCS IN MANGROVES OF THE

SOUTHERN COAST OF BAHIA.

This study reports on the parasites of three commercially exploited bivalve mollusc

species (Crassostrea rhizophorae, Mytella guyanensis, and Lucina pectinata) on the

south coast of Bahia, Brazil. Two samples of 30 individuals of each species were

collected, one in August 2009 and another in February 2010, in mangroves of Camamu

Bay, Valença, and Canavieiras (total = 540 animals). The animals were measured on

their longest axis, and then shucked, examined for macroscopic anomalies, fixed in

Davidson's solution, and processed by routine histology: embedded in paraffin,

sectioned (7 µm), and stained with Harris haematoxylin and eosin (H&E). Histological

sections were examined by light microscopy. The water temperature varied from 25°C

to 31.2°C and the salinity from 11 to 30. No parasite was found associated with L.

pectinata. The similarity of parasite species richness was 75% between C. rhizophorae

and M. guyanensis, and over 80% among sites. The following parasites were found:

Rickettsia-like colonies (RLOs) in the digestive gland; the gregarine Nematopsis in the

gills, mantle, digestive gland, and adductor muscle; Urastoma sp. in the gills and mantle

cavity; an unidentified turbellarian in the gill filaments; sporocysts of Bucephalus sp. in

the mantle, digestive gland, and gills; an unidentified metacercaria on the gills; and the

cestode Tylocephalum sp. in the digestive gland. Only the infection by Bucephalus sp.

caused significant damage to the tissues of M. guyanensis and C. rhizophorae. The low

richness of parasites, combined with the generally low intensity and prevalence of

infection of parasites (except Nematopsis), attest to the good health status of bivalves in

the areas studied, an encouraging situation for mariculture activities.

Keywords: Parasites, Crassostrea rhizophorae, Mytella guyanensis, Lucina pectinata,

Nematopsis, Bucephalus, Rickettsia, Urastoma, Tylocephalum, Bahia.

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1. INTRODUÇÃO

Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre o ambiente terrestre

e marinho, característicos de regiões tropicais e subtropicais e sujeitos ao regime das

marés. São considerados sistemas com alta produtividade (SANT ANNA; WHATELY,

1981), importantes transformadores de nutrientes em matéria orgânica e geradores de

bens e de serviços como a pesca e a aquicultura (HERZ, 1991). Apresentam grande

diversidade de macro e microrganismos, além de servirem de abrigo para muitas

espécies animais que ali se reproduzem (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991; ALVES,

1995).

No litoral sul da Bahia, vários recursos dos manguezais são explorados pelas

populações que vivem no seu entorno. Além de caranguejos e siris, algumas espécies de

moluscos são retiradas desses ambientes para o consumo próprio e comercialização,

como a ostra-do-mangue, Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828), o sururu ou

marisco-do-mangue, Mytella guyanensis (Lamarck, 1819) e a lambreta, Lucina

pectinata (Gmelin, 1791).

Crassostrea rhizophorae (Bivalvia: Ostreidae) é naturalmente encontrada em

ambientes estuarinos tropicais da costa brasileira (NASCIMENTO et al., 1986). A

distribuição geográfica desta espécie abrange a região sul do Caribe, a Venezuela, o

Suriname, o Brasil e o Uruguai. É encontrada presa às raízes de plantas do mangue,

sobretudo à Rhizophora mangle L., o mangue vermelho. Como as raízes aéreas

(pneumatóforos) desses vegetais geralmente ocupam as faixas médias e inferiores da

zona entremarés, este é o habitat mais característico desta espécie (RIOS, 2009).

Mytella guyanensis (Bivalvia: Mytilidae) ocorre do México ao Peru, no Oceano

Pacífico, e da Venezuela ao Brasil, no Atlântico. Ao longo da costa brasileira é

encontrada até o estado de Santa Catarina. Esta espécie vive enterrada no substrato

lodoso na região entremarés e utiliza o bisso para fixar-se nas raízes do mangue (RIOS,

2009).

Lucina pectinata (Bivalvia: Lucinidae) ocorre da Carolina do Norte à Flórida e

no Texas (EUA), Índias Ocidentais, Venezuela, Suriname e Brasil (Amapá até Santa

Catarina) (RIOS, 2009). Como as outras duas espécies, L. pectinata também habita a

zona entremarés de manguezais, enterrando-se no substrato lodoso em profundidades

que variam de 15 a 20 cm (ASSIS, 1976).

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As enfermidades causadas por parasitos podem comprometer a saúde de

moluscos, tanto de populações naturais quanto de cultivo. Surtos de enfermidades e

mortalidade em massa em bivalves marinhos têm sido registrados em muitas partes do

mundo. No Brasil, estudos sobre enfermidades nestes e em outros organismos aquáticos

cultiváveis ainda são escassos, mas esta realidade tem se modificado em função do

aumento e desenvolvimento de sistemas de cultivo e da exploração dos recursos

naturais pesqueiros (LUQUE, 2004; SABRY et al., 2007).

Vários organismos podem viver em associação a bivalves marinhos, causando

ou não danos aos mesmos (CHENG, 1967). Uma dessas formas de associação é o

parasitismo, que segundo Anderson e May (1978) é uma relação com dependência

metabólica do parasito em relação ao hospedeiro, em que o primeiro utiliza o segundo

como habitat, causando-lhe danos. Os bivalves podem ser afetados por diversos

parasitos e alguns podem levá-los ao estado de enfermidade (KINNE, 1983;

LAUCKNER, 1983; BOWER et al., 1994). Enfermidade ou doença é um desvio

negativo do estado normal, funcional ou estrutural, de um organismo, implicando em

redução do seu potencial ecológico e, consequentemente, de sua sobrevivência (KINNE,

1980). Os patógenos mais importantes para os bivalves pertencem ao grupo dos vírus,

bactérias, protozoários, fungos e metazoários (KINNE, 1983). Estes podem ainda ser

afetados por tumores resultantes de causas diversas (SINDERMANN, 1970; ESTEPA,

2006).

Organismos assemelhados a Rickettsia (RLOs) são bactérias intracelulares

obrigatórias que têm sido descritas associadas a diversas espécies de bivalves marinhos

em todo o mundo e são comumente encontrados nas células epiteliais das brânquias e

glândula digestiva (BOWER, 1992; VILLALBA et al., 1997; VILLALBA et al., 1999;

CARBALLAL et al., 2001; TERLIZZI et al., 2004, CREMONTE et al., 2005;

ESTEPA, 2006). Segundo Figueras et al. (1991), RLOs não causam lesões graves,

restringindo-se apenas a hipertrofia e degeneração da célula infectada. Entretanto, em

Venerupis rhomboides (Pennant, 1777), RLOs ao terem causado hipertrofia, lise das

células epiteliais das brânquias e forte reação hemocitária, foram apontados como

prováveis responsáveis por mortalidades em massa de algumas populações deste

bivalve (VILLALBA et al., 1999). No Brasil, foram registrados RLOs em populações

naturais de M. guyanensis no litoral do estado da Bahia (BOEHS et al., 2010), assim

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como na ostra japonesa, Crassostrea gigas (Thunberg, 1793), de cultivos em Santa

Catarina (PONTINHA, 2009). Baixa prevalência e ausência de danos foram constatados

em ambos os estudos.

Vários protozoários ciliados (Phylum Ciliophora) são conhecidos por se

associarem a bivalves marinhos, sendo que a maioria é considerada comensal,

entretanto a sua relação com os hospedeiros é ainda pouco compreendida

(LAUCKNER, 1983). Ancistrocoma Chatton e Lwoff, 1926 (Ciliophora:

Thigmotrichida) apresenta célula com formato oval e alongado, sendo aplanado

dorsoventralmente e com núcleo granuloso e basofílico. Este ciliado é observado

associado à superfície das brânquias e à glândula digestiva de bivalves e utiliza a célula

do hospedeiro como recurso alimentar (RUSSEL, 1967). É encontrado frequentemente

associado a ostras, sem causar-lhes danos (BOWER et al., 1994; VILLALBA et al.,

1997), entretanto, segundo Russel (1967), raramente é observado em ostras saudáveis, e

nas estressadas ou doentes, é visto com frequência, no estômago ou intestino e pode

penetrar nos tubos da glândula digestiva. Este gênero foi encontrado no intestino de

Crassostrea virginica (Gmelin, 1791) na costa dos Estados Unidos (MACKIN, 1962;

WINSTEAD et al., 2004). No Brasil, foi registrado na ostra C. gigas em Santa Catarina,

em que foi observado no lúmen dos túbulos digestivos, estômago e intestino

(PONTINHA, 2009).

Outro protozoário ciliado associado a bivalves de interesse comercial,

principalmente a ostras, pertence ao gênero Sphenophrya (Ciliophora: Rhynchodina).

Este ciliado parasita as células dos filamentos branquiais de seus hospedeiros

(KOZLOFF, 1955) e segundo Bower et al. (1994), pode ser observado, também, nos

palpos labiais e no manto. A proliferação deste parasito nas células dos hospedeiros

pode causar hipertrofia da célula e do seu núcleo, formando um xenoma (BOWER et

al., 1994; WINSTEAD et al., 2004; SCARPA et al., 2006; BOEHS et al., 2009).

Ciliados do gênero Sphenophrya foram encontrados nas brânquias de C. virginica, com

formação de xenomas (SCARPA et al., 2006; WINSTEAD et al., 2004). No Brasil

Sphenophrya sp. foi registrada, em baixa prevalência, nas brânquias de C. rhizophorae

na Baía de Todos os Santos (NASCIMENTO et al., 1986) e na Baía de Camamu

(BOEHS et al., 2009), ambas no estado da Bahia. Entretanto, só ocorreu a formação de

xenomas em ostras da Baía de Camamu.

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O filo Apicomplexa apresenta várias espécies de parasitos de moluscos,

incluindo as gregarinas (Eugregarinida), que têm sido registradas associadas a várias

espécies de bivalves de interesse comercial em diferentes partes do mundo (BOWER et

al., 1994). As gregarinas do gênero Nematopsis Schneider, 1892 utilizam os bivalves

como hospedeiros intermediários e completam seu ciclo de vida no intestino de

crustáceos (LAUCKNER, 1983; AZEVEDO; MATOS, 1999; CARBALLAL et al.,

2001). Segundo Azevedo e Cachola (1992), estes organismos estão entre os mais

importantes parasitos de bivalves, podendo ser encontrados em diferentes tecidos do

hospedeiro. A maioria dos bivalves infectados por Nematopsis não apresenta danos

significativos (BOWER et al., 1994; WINSTEAD et al., 2004; CREMONTE et al.,

2005), entretanto, em alto grau de infecção, pode haver reação hemocitária focal, lesões

leves a moderadas e diminuição da eficiência de filtração e alimentação (CARBALLAL

et al., 2001; TUNTIWARANURUK et al., 2004; ESTEPA, 2006; PINTO; BOEHS,

2008; BOEHS et al., 2009). Em uma população de Cerastoderma edule (Linnaeus,

1758) em Portugal, essa gregarina foi apontada como a responsável por mortalidade em

massa (AZEVEDO; CACHOLA, 1992).

No Brasil, oocistos de Nematopsis foram registrados em C. rhizophorae na

Bahia (NASCIMENTO et al., 1986), Santa Catarina (SABRY; MAGALHÃES, 2005),

Ceará (SABRY et al., 2007) e Pernambuco (LUIS et al., 2002), no mexilhão Perna

perna (Linnaeus, 1758) do Rio de Janeiro (LIMA et al., 2001), na ostra japonesa C.

gigas de Santa Catarina (SABRY; MAGALHÃES, 2005) e no berbigão Anomalocardia

brasiliana (Gmelin, 1791) em Florianópolis (MAGALHÃES, 2000) e na Bahia

(BOEHS et al., 2010). Azevedo e Matos (1999) descreveram uma nova espécie de

Nematopsis (N. mytella) em M. guyanensis do Amazonas. Nestes estudos, os oocistos

foram observados dispersos no tecido conjuntivo do hospedeiro, entretanto danos

significativos só ocorreram em animais severamente infectados. Não houve nenhum

tipo de associação da mortalidade do hospedeiro com o parasito.

Dentre os metazoários, os parasitos mais importantes em moluscos bivalves pertencem

ao filo Platyhelminthes (LAUCKNER, 1983), que abrange três classes em sequência

filogenética: Turbellaria, Trematoda e Cestoda, sendo as duas últimas inteiramente

parasitas. Os membros deste filo são dorsoventralmente achatados, justificando o nome

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do grupo. São acelomados, sistema digestivo ausente, protonefrídeos e sistema

reprodutor hermafrodita, com raras exceções (PAPERNA, 1995).

A classe Turbellaria é composta predominantemente por organismos aquáticos,

sendo a grande maioria marinha, habitando fundos compostos por areia, lodo, pedras e

conchas (CANNON, 1998). Em sua maioria, são relatados como organismos de vida

livre ou escavadores (BURT; BANCE, 1981). Várias espécies de turbelários são

encontradas em bivalves sem provocar qualquer dano ao hospedeiro, sendo

consideradas comensais (BRUN et al., 1999). Membros das ordens Alloeocoela e

Rhabdocoela foram descritos associados a bivalves marinhos, vivendo, respectivamente,

na cavidade do manto e no trato alimentar destes animais (LAUCKNER, 1983). Porém,

quando presentes em grande número, esses metazoários podem causar danos a estes

moluscos (BOWER, 1992). Em registro anterior, foi encontrado na Baía de Camamu

(Bahia), o turbelário Urastoma sp. em baixa prevalência em C. rhizophorae, sem causar

danos aparentes ao hospedeiro (BOEHS et al., 2008).

Os trematódeos digenéticos (Classe Digenea) são considerados, dentre os

metazoários, os mais importantes parasitos de moluscos (LAUCKNER, 1983). Esta

classe compreende mais de 40.000 espécies, que possuem o ciclo vital mais complexo,

não somente entre os platelmintos, mas dentre todos os animais (CHENG, 1978;

KINNE, 1983). Os trematódeos digenéticos utilizam os moluscos como hospedeiros

primários (fase larval de esporocisto), intermediários (fase larval de metacercária) e,

por vezes, como hospedeiro final, ocorrendo principalmente nas gônadas e no manto. A

grande proliferação dos esporocistos diminui o índice de condição (peso), reduz e

inviabiliza a gametogênese do bivalve e eventualmente resulta em mortalidade

(BOWER, 1992; ESTEPA, 2006).

As principais famílias de trematódeos que utilizam os bivalves como

hospedeiros são Bucephalidae, Fellodistomidae, Monorchiidae, Gymnophallidae e

Echinostomatidae (LAUCKNER, 1983). Segundo Lasiak (1993), os bucefalídeos têm

sido observados em bivalves de interesse comercial, eventualmente resultando em

mortalidade. Em alguns casos, bivalves infectados por bucefalídeos podem ser

diagnosticados macroscopicamente devido à coloração alaranjada do manto, conferida

pela coloração alaranjada dos esporocistos. Por este motivo, esta enfermidade (a

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bucefalose) é também conhecida como doença laranja (LASIAK, 1993). Bivalves

também podem ser hospedeiros intermediários secundários de diversos trematódeos

digenéticos. De acordo com Lauckner (1983), as metacercárias normalmente não

causam castração parasitária e danos significativos ao hospedeiro. No Brasil,

trematódeos digenéticos foram registrados no berbigão A. brasiliana nos estados de São

Paulo (NARCHI, 1966), Santa Catarina (BOEHS; MAGALHÃES, 2004) e Ceará

(ARAÚJO; ROCHA-BARREIRA, 2004), e em P. perna (DA SILVA et al., 2002) em

Santa Catarina. No litoral do estado da Bahia, Boehs et al. (2010) encontraram

trematódeos digenéticos em A. brasiliana e em M. guyanensis. Ocorreu castração

parasitária nos dois hospedeiros, o que foi evidenciado também na ostra C. rhizophorae

por Nascimento et al. (1986). Metacercárias das famílias Gymnophallidae e

Echinostomatidae foram registradas em Tagelus plebeius em Santa Catarina (DA

SILVA et al., 2009). No litoral da Bahia, Boehs et al. (2010) encontraram metacercárias

não identificadas em baixa prevalência em A. brasiliana e em I. brasiliana e Ceuta

(2010) observou metacercárias em M. guyanensis.

A classe Cestoda é a mais altamente especializada entre os platelmintos. Todos

são endoparasitas e diferem dos membros das outras classes pela ausência completa do

trato digestivo. A classe é dividida em duas subclasses: Cestodaria, composta por duas

ordens e Eucestoda (tênias), constituída de 11 ordens (ARME; PAPPAS, 1983). A

maioria dos cestóides é marinha e esses organismos estão mais intimamente ligados à

biologia dos seus hospedeiros do que aos outros grupos de parasitos (ROHDE, 1968).

O ciclo de vida dos cestóides marinhos ainda é pouco conhecido, mas sabe-se que a

maior parte parasita, no mínimo, um hospedeiro (BEVERIGE, 2001). Alguns

representantes desta classe utilizam os bivalves como hospedeiros intermediários, e na

maioria dos casos, como hospedeiro intermediário primário, na fase larval entre o ovo e

o adulto, denominada de metacestóide (LAUCKNER, 1983). Ainda não existe nenhum

registro de cestóides adultos associados a bivalves (BOWER, 1992). Infecções por

cestóides são mais comuns nas regiões tropicais e subtropicais, onde se encontram em

maior abundância os seus hospedeiros definitivos, os elasmobrânquios (LAUCKNER,

1983).

O metacestóide Tylocephalum sp. foi encontrado em um cultivo de ostras no

estado de Santa Catarina, em baixa prevalência, no tubo digestivo de C. gigas e de C.

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rhizophorae (SABRY; MAGALHÃES, 2005). Os cestóides estavam encapsulados,

alguns em processo de reabsorção, entretanto danos aparentes não foram observados.

Em A. brasiliana, um cestóide encapsulado deste gênero foi observado na glândula

digestiva (BOEHS; MAGALHÃES, 2004). Segundo as autoras, observou-se intensa

reação hemocitária e uma cápsula fibrosa, formada pelo hospedeiro. No litoral da

Bahia, metacestóides de Tylocephalum foram observados em C. rhizophorae

(NASCIMENTO et al., 1986; BOEHS et al., 2008) na glândula digestiva, e em A.

brasiliana e I. brasiliana (BOEHS et al., 2010) na glândula digestiva e gônada. Em

todos os hospedeiros, o parasito estava encapsulado por fibras, com presença de

hemócitos, e os bivalves não sofreram lesões significativas. Nas duas últimas espécies,

foram observados alguns metacestóides em reabsorção.

Além dos platelmintos, outros grupos de metazoários podem associar-se em

parasitismo a moluscos, como: poríferos, cnidários, briozoários, nematóides, anelídeos,

copépodes, decápodes e pantópodes (LAUCKNER, 1983). Dentre os grupos

mencionados, Sindermann (1970) citou, entre as principais doenças ocasionadas por

metazoários em bivalves, a causada pelo crustáceo Mytilicola intestinalis, da ordem

Copepoda e poliquetos do gênero Polydora.

A atividade pesqueira é a principal fonte de renda para muitas famílias que

vivem no litoral sul da Bahia, que retiram do manguezal e das áreas localizadas no

entorno a maior parte do seu sustento (MACHADO, 2007). Por se tratar de uma região

que apresenta áreas propícias para o cultivo de bivalves e já havendo cultivos de ostras

(C. rhizophorae) implantados na Baía de Camamu e em Valença, informações sobre a

presença e/ou ausência de parasitos associados a este e a outros bivalves de interesse

comercial, são importantes tanto para a avaliação do impacto antrópico da região

quanto para a produção desses organismos.

OBJETIVO GERAL Este trabalho teve como objetivo investigar os parasitos associados aos bivalves:

Crassostrea rhizophorae, Mytella guyanensis e Lucina pectinata em manguezais do

Litoral Sul da Bahia.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Identificar os parasitos associados a cada uma das espécies, até o menor nível

taxonômico possível;

Calcular a prevalência dos parasitos associados aos moluscos;

Verificar os órgãos e tecidos infectados (infestados) e a intensidade de infecção

(infestação)

Caracterizar, em nível histológico, as principais alterações patológicas detectadas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

Localizados no Litoral Sul do Estado da Bahia, os municípios de Valença,

Camamu e Canavieiras (Fig. 1) integram uma região composta administrativamente por

53 municípios, que ocupam juntos 4,46 % do território estadual. Situada entre 13°12 e

15°50 S, esta área caracteriza-se por apresentar clima tropical com elevadas

temperaturas e altos índices de precipitação, influenciados pela proximidade com o

Oceano Atlântico e por altitudes significativas encontradas na parte oeste (MACHADO,

2007).

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Figura 1. Mapa da área de estudo, com a indicação dos locais de coleta.

A faixa litorânea apresenta, segundo a classificação de Köeppen, clima quente e

úmido, do tipo Af, com regime pluviométrico regular e ocorrência de chuvas durante

todo o ano, com valores superiores a 2.000 mm. O período mais intenso de chuvas

inicia-se, por vezes, nos primeiros dias do outono (Baixo Sul) ou no verão (Alto Sul).

As temperaturas ficam em torno de 24°C e 25°C, com amplitudes que variam de 5,2°C

a 8,8°C (SEI, 1999). A vegetação é composta por mata Atlântica, manguezal e restinga.

A área de manguezal é composta por uma vegetação adaptada a solos saturados em

água, anaeróbios e salinos; já a restinga é composta por campos ralos de gramíneas e

matas fechadas (FREITAS, 2002). Por serem regiões que apresentam áreas propícias

para a extração de moluscos e crustáceos, várias comunidades do entorno vivem da

pesca e da mariscagem.

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Procedimentos de campo

As amostragens foram realizadas em três locais: na Baía de Camamu, localidade

de Porto do Campo (13°57 62 S; 39°03 W), em Valença, na localidade da Graciosa

(13°28 76 S; 39°05 56 W) e em Canavieiras, na localidade de Campinhos (15°44 S;

38°55 W) (Fig. 1). Trinta exemplares de cada espécie por local foram coletados

manualmente nos meses de agosto de 2009 e fevereiro de 2010, durante baixamar de

sizígia, totalizando 540 exemplares. Para a coleta das ostras, foi utilizada uma faca. Em

cada coleta, foram medidas a temperatura e a salinidade da água, utilizando-se um

termômetro de mercúrio padrão e um refratômetro óptico manual, respectivamente.

Procedimentos laboratoriais

Em laboratório, os animais foram medidos quanto ao seu maior eixo (M.

guyanensis e L. pectinata quanto ao comprimento e C. rhizophorae quanto à altura),

com o auxílio de um paquímetro digital. Depois de abertos, os exemplares foram

examinados quanto à presença de parasitos ou sinais macroscópicos de enfermidades.

Uma secção da parte mole, de cerca de 5 cm de espessura, contendo órgãos como as

brânquias, os palpos labiais, o manto, a gônada e a glândula digestiva, foi retirada da

concha e fixada em solução de Davidson (SHAW; BATTLE, 1957) por 24 horas,

desidratada em série alcoólica crescente e incluída em parafina. Cortes com cerca de 7

µm de espessura foram obtidos e corados com Hematoxilina de Harris e Eosina (H&E).

As lâminas foram analisadas em microscopia de luz.

Tratamento dos dados

A prevalência dos parasitos foi calculada segundo Bush et al. (1997), definida

como o número de animais infectados por amostra, expresso em porcentagem. Para o

cálculo da intensidade de infecção, utilizou-se, em alguns casos (trematódeos

digenéticos e Nematopsis sp.), a técnica de estereologia proposta por Lowe et al. (1994),

com o uso de uma gratícula de Weibel. Para a aplicação da técnica, foi calculada a área

do tecido do parasito (TP) em cinco campos de tecido de cada animal parasitado e

calculada a média. Os resultados obtidos foram ordenados em uma escala de

classificação (I - infecção leve = < 5% de tecido parasitado (TP); II - moderada = 5 -

25%; III - alta = 25 - 50% e IV - muito alta = > 50%), conforme proposto pelos autores.

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No caso das parasitoses com baixo grau de infecção, o número de parasitos por corte

histológico ou por órgão/estrutura foi contado visualmente.

Para comparar a similaridade entre os locais e hospedeiros quanto aos parasitos

presentes, foi utilizado o índice de similaridade de Sorensen (ODUM, 1988), utilizando

a seguinte fórmula: S = 2a/b+c, em que: a = número de parasitos comuns aos dois

locais/hospedeiros; b = número total de parasitos no local 1; e c = número total de

espécies na área 2. O teste de Kruskall Wallis foi utilizado para verificar diferenças

significativas ( = 0,05%) na prevalência de determinado parasito entre locais, épocas e

hospedeiros.

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3. RESULTADOS

A temperatura da água apresentou pequena amplitude de variação entre locais e

coletas, variando entre 25°C e 31,2°C. A salinidade variou entre 11 e 30, sendo que em

Camamu obteve-se valores iguais nas duas coletas (Tab. 1).

Tabela 1. Temperatura e salinidade dos três locais de estudo nos meses de agosto de 2009 (Inverno) e

fevereiro de 2010 (Verão)

Valença Camamu Canavieiras

T°C S T°C S T°C S

Inverno 25,5 11 27,5 29 25 15

Verão 30,1 29 31,2 29 30 30

Evidências de sinais macroscópicos de parasitismo não foram encontradas. Nas

análises microscópicas, foram observados organismos do grupo das bactérias, dos

protozoários e dos metazoários. Não foi registrado nenhum parasito associado a Lucina

pectinata. Foram exclusivos de Crassostrea rhizophorae, o protozoário Ancistrocoma

sp., o turbelário Urastoma sp. e o metacestóide Tylocephalum sp. Colônias de

organismos assemelhados a Rickettsiae (RLOs), ciliados do gênero Sphenophrya sp.,

Nematopsis sp., um turbelário não identificado e esporocistos de Bucephalus sp. foram

observados tanto em C. rhizophorae quanto em Mytella guyanensis. Nesta última foi

ainda observada uma metacercária não identificada. Mytella guyanensis e C.

rhizophorae tiveram 75% de similaridade quanto à riqueza parasitária entre si. De modo

geral, exceto Tylocephalum sp., que só ocorreu em Canavieiras, e uma metacercária não

identificada, que foi exclusiva de Valença, os demais parasitos foram registrados em

pelo menos dois locais. A similaridade entre os locais foi acima de 80%.

Colônias de organismos assemelhados a Rickettsia (RLOs) foram encontradas

nas células epiteliais da glândula digestiva de C. rhizophorae e de M. guyanensis, com

prevalência de até 30% nesta última (Tab. 2). As colônias intracitoplasmáticas eram

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basófilas, apresentaram formato oval e aspecto granular e o diâmetro variou 9,5 a 21 µm

em C. rhizophorae (média = 14,25 µm; DP (desvio padrão) ± 5,3; n= 4) e de 6,6 a 20

µm (média = 10,4 µm; DP ± 4,5; n= 10) para M. guyanensis (Fig. 2). Em M. guyanensis

foram observadas de uma até seis colônias por sessão histológica e uma ou duas

colônias por ácino. Em C. rhizophorae foram encontradas até duas colônias por sessão

histológica e de uma a três por ácino. As células parasitadas mostraram-se

hipertrofiadas e foi observada lise celular.

Figura 2. Colônias de organismos assemelhados a Rickettsiae (*) na glândula digestiva em Mytella

guyanensis; B) em Crassostrea rhizophorae. Barra = 10 m.

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Tabela 2. Prevalência (%) de parasitos em dois bivalves de interesse econômico de manguezais do Litoral

Sul da Bahia, coletados em agosto de 2009 (I = inverno) e fevereiro de 2010 (V = verão) (n = 60/local) e

altura (A) média dos animais.

Crassostrea rhizophorae Mytella guyanensis

(A = 5,91 cm DP ± 1,23); n = 180 (A = 4,78 cm DP ± 0,82; n = 180)

Valença Camamu Canavieiras

Valença Camamu Canavieiras

Parasitos I V I V I V I V I V I V

RLOs 6,6 3,3 3,3 6,6 9,9 30

Ancistrocoma 16,6

6,6 3,3

Sphenophrya sp.* 3,3 9,9 6,6

Sphenophrya sp.**

20 6,6 3,3 3,3 3,3

Nematopsis sp. 100 93,3

96,6

100

86,6 96,6 76,6

80 53,3

36,6

13,3 26,6

Urastoma sp. 30 30

Turbelário NI 3,3 9,9 26,6 3,3 3,3

Bucephalus sp. 6,6 3,3 9,9

Metacercária NI 3,3

Tylocephalum sp. 3,3

RLOs = Organismos assemelhados a Rickettsia; Sphenophrya sp.*= sem formação de xenoma;

Sphenophrya sp.**= com formação de xenoma; NI = não identificado

O ciliado Ancistrocoma sp. (Ciliophora: Ancistrocomidae) foi observado no

lúmen dos túbulos digestivos de C. rhizophorae, com prevalências que variaram de

3,3% a 16,6% (Tab. 2). Os ciliados apresentaram formato oval, comprimento variando

de 5 a 11 µm (Média = 8,6 µm; DP ± 1,6; n= 7) e macronúcleo granular e basófilo. Na

superfície do corpo era possível visualizar a presença de cílios (Fig. 3). A intensidade de

infecção foi baixa, geralmente até dois protozoário por corte histológico, contudo foram

observados até seis ciliados em apenas um indivíduo no lúmen.

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Figura 3. Infecção pelo ciliado Ancistrocoma sp. (setas) no lúmen de um túbulo digestivo de Crassostrea

rhizophorae. Barra = 10 m.

Outro protozoário ciliado, Sphenophrya sp. (Ciliophora: Sphenophryidae), foi

registrado no epitélio branquial de C. rhizophorae e de M. guyanensis. As células do

ciliado apresentaram formato oval, núcleo basófilo medindo entre 2 a 6 µm de

comprimento em C. rhizophorae (média = 3,7 µm; DP ± 1,2; n= 17) e entre 1 a 6 µm

em M. guyanensis (Média = 2,6 µm; DP ± 1,4; n= 17). Em C. rhizophorae foram vistos

entre cinco e oito protozoários agrupados sem formar xenoma, e em M. guyanensis de 7

a 27, também sem hipertrofia celular. As prevalências variaram de 3,3% a até mais de

20% (Tab. 2) em C. rhizophorae. Na maioria das células dos dois hospedeiros, foi

observada a proliferação deste ciliado, causando hipertrofia celular e do núcleo da

célula hospedeira, formando xenomas. Em C. rhizophorae (Fig. 4A e 4B), foram

observados até dois xenomas/sessão histológica, contendo, em média, entre 70 e 80

protozoários e xenomas em estágio inicial continham dois a três protozoários. Em M.

guyanensis foi visto apenas um xenoma/sessão histológica, contendo entre 8 e 11

protozoários (Fig. 4C e 4D). Os danos em ambos os hospedeiros ficaram restritos à

célula infectada.

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Figura 4. Ciliado Sphenophrya sp. nas brânquias de Crassostrea rhizophorae e Mytella guyanensis. A)

Xenoma em fase inicial em C. rhizophorae, com apenas três ciliados (setas) e núcleo hipertrofiado (*); B)

Xenoma avançado em C. rhizophorae, com vários ciliados (setas) e hipertrofia do núcleo (*) ; C)

Agrupamento de Sphenophrya sp. em M. guyanensis sem formação de xenoma (pontas de setas); D)

Xenoma em M. guyanensis (seta). Barras= 10 m.

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Oocistos intrahemocíticos de gregarinas do gênero Nematopsis (Apicomplexa:

Eugregarinida: Porosporidae) foram observados em C. rhizophorae e em M. guyanensis

em todos os locais de coleta durante o período amostral. As prevalências foram altas nos

dois hospedeiros, sendo que na ostra-do-mangue foi sempre superior a 80% (Tab. 2).

Em C. rhizophorae, os principais sítios de ocorrência foram as brânquias e o manto

(Fig. 5A), mas o parasito foi também observado na glândula digestiva (Fig. 5B) e no

músculo adutor. O número de oocistos por fagócito variou de um a nove, mas na maior

parte dos casos, ocorreram de um a três. O comprimento do oocisto variou de 5,5 a 11

m (média = 7,1 m; DP ± 1,4; n = 20), que continha somente um esporozoíto. Como

em C. rhizophorae, em M. guyanensis oocistos foram observados com maior frequência

nas brânquias (Fig.5C) e no manto (Fig. 5D) e em menor frequência na glândula

digestiva e no pé. O número de oocistos por fagócito na maioria dos exemplares de M.

guyanensis foi de um a três, mas foram registrados até oito. O comprimento do oocisto

variou de 3 a 7 m neste hospedeiro (média = 4,9 m; DP ± 1,1; n = 20), com, também,

apenas um esporozoíto por oocisto. Diferenças significativas (p<0,05) foram verificadas

na prevalência deste parasito entre locais, épocas e hospedeiros (mais alta em C.

rhizophorae), mas não houve evidência de qualquer tipo de padrão de variação espaço-

temporal deste parasito nas duas espécies. Embora este parasito tenha apresentado altas

prevalências nos dois hospedeiros, o grau de infecção foi moderado (9% de TP em C.

rhizophorae e 7% em M. guyanensis) e não houve resposta hemocitária e nem danos

aparentes aos tecidos.

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Figura 5. Nematopsis sp. (*) nas células epiteliais de diferentes órgãos de Crassostrea rhizophorae e de

Mytella guyanensis. Fagócitos no tecido conjuntivo e brânquias (A) e na glândula digestiva (B) em C.

rhizophorae. Diversos fagócitos contendo de dois a quatro oocistos no músculo (C) e no manto (D) de M.

guyanensis. Barras = 10 µm.

O turbelário Urastoma sp. (Turbellaria: Urastomidae) foi registrado em C.

rhizophorae nos três locais de coleta, em prevalências que variaram entre 3,3% e 30%

(Tab. 2). Este metazoário foi observado nos filamentos branquiais e na cavidade do

manto (Fig. 6), em quantidades entre um e três turbelários por sessão histológica.

Nenhuma alteração histológica no tecido da ostra foi observada.

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Figura 6. Urastoma sp. na cavidade do manto, próximo às brânquias (A) e nas brânquias (B de

Crassostrea rhizophorae. Seta indicando ocelo. Barras = 50 m.

Outro turbelário, não identificado, foi observado nas brânquias de C.

rhuizophorae e de M. guyanensis. Ocorreram de um a dois indivíduos por sessão

histológica em M. guyanensis. Crassostrea rhizophorae apresentou até cinco turbelários

por sessão histológica. Nenhum dano foi causado aos tecidos dos bivalves por esse

simbionte (Fig.7).

Figura 7. Turbelário não identificado nos filamentos branquiais de Crassostrea rhizophorae (A) e Mytella

guyanensis (B). Barras = 50 m.

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Esporocistos de Bucephalus sp. (Digenea: Bucephalidae), contendo massas

germinativas e cercárias em diferentes estágios de desenvolvimento, foram encontrados

em M. guyanensis e em C. rhizophorae nos três locais, em baixa prevalência (Tab. 2).

Os esporocistos mostraram a mesma aparência morfológica nas duas espécies e

ocorreram no manto (gônada), na glândula digestiva e nas brânquias (Fig. 8). Nenhuma

reação hemocitária foi observada. Embora a prevalência tenha sido baixa, a intensidade

de infecção foi alta em três exemplares de M. guyanensis coletados em Valença e em

Canavieiras em agosto de 2009 (42,8%, 30,4% e 48,5% de tecido parasitado - TP), e em

dois exemplares de C. rhizophorae de Canavieiras, coletados em fevereiro de 2010

(32,3% e 39% de TP). Todos esses indivíduos apresentaram castração parasitária. Em

um exemplar macho de M. guyanensis foi vista intensidade de infecção muito alta

(52,36% de TP), entretanto, o hospedeiro ainda possuía resquícios de folículos em

algumas regiões da gônada (Fig. 9).

Figura 8. Bucephalus sp. em Mytella guyanensis e em Crassostrea rhizophorae. A) Esporocistos

contendo massas germinativas e cercárias na glândula digestiva de M. guyanensis. B) Cercárias de

Bucephalus sp. no manto em M. guyanensis. C) Cercárias de Bucephalus sp. nas brânquias de M.

guyanensis. D) Esporocistos no manto de C. rhizophorae contendo massas germinativas e cercárias.

Barras = 50 m.

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Uma metacercária não identificada foi encontrada nos filamentos branquiais em M.

guyanensis. Algumas células hemocitárias ocorreram ao redor do parasito, mas nenhum

dano aparente ao tecido foi observado (Fig. 10).

Figura 9. Mytella guyanesis altamente infectada por Bucephalus sp. A) Vários esporocistos no manto. B)

Esporocistos de Bucephalus sp. contendo massas germinativas e resquícios de folículo masculino,

mostrando o indivíduo em vias de castração parasitária. Barras = 20 m.

Figura 10. Metacercária não identificada na brânquia de Mytella guyanensis, com infiltração hemocitária

(setas) ao redor. Barra = 20 m.

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Um metacestóide de Tylocephalum sp. (Cestoda: Lecanicephalidea:

Tetragonocephalidae) foi registrado em um exemplar de C. rhizophorae de Canavieiras

(Tab. 2) e esteve localizado na glândula digestiva, já em estágio de absorção, ainda

evidenciando-se a cápsula formada pelo hospedeiro e a presença de grande número de

hemócitos (Fig. 11). Foram registrados dois parasitos na sessão histológica. Nenhum

dano foi observado ao órgão infectado.

Figura 11. Tylocephalum sp. na glândula digestiva (GD) próxima ao manto (M) de C. rhizophorae,

mostrando cápsula fibrosa (CF) em resposta de defesa do hospedeiro. * = myzorhynchus do metacestóide.

Barras = 50 m.

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4. DISCUSSÃO

O estudo mostrou alta similaridade parasitária entre Crassostrea rhizophorae e

Mytella guyanensis, assim como entre locais e épocas. Evidenciou também: o

protozoário Nematopsis como o parasito mais prevalente, a castração parasitária

causada por Bucephalus e a conspicuidade do turbelário Urastoma em C. rhizophorae.

A ausência virtual de parasitos em L. pectinata deste estudo pode ter sido favorecida

devido à localização deste bivalve no substrato lodoso e o período de permanência no

mesmo. Lucina pectinata é encontrada enterrada em até 20 centímetros de profundidade

no substrato lodoso, em ambientes com pouca oxigenação e tende a permanecer por

longos períodos no mesmo local (ASSIS, 1978; NARCHI; ASSIS, 1980), o que poderia

dificultar a associação de parasitos a este bivalve. Em um estudo realizado por Oliveira

(2008) utilizando L. pectinata no estuário do Rio Cachoeira (Litoral Sul da Bahia), foi

observado apenas um parasito (Bucephalus sp.) em baixa prevalência (1,5%).

Organismos assemelhados a Rickettsia (RLOs), observados em C. rhizophorae e

em M. guyanensis deste estudo, têm sido registrados no epitélio de vários bivalves

(AZEVEDO; VILLALBA, 1991; BOWER et al., 1994; VILLALBA et al., 1999;

CREMONTE et al., 2005; BOEHS et al., 2010). As infecções causadas por essas

bactérias são geralmente de baixa intensidade e não estão associadas a doenças

(BOWER et al., 1994). Como observado no presente estudo, os danos causados por

esses organismos ficam geralmente restritos à hipertrofia das células infectadas, o que

foi também observado em estudos anteriores (FIGUERAS et al., 1991; CARBALLAL

et al., 2001; PONTINHA, 2009; BOEHS et al., 2010). Entretanto, outros estudos

apontam efeitos mais graves, como ruptura dos túbulos digestivos contendo as colônias

maiores (CREMONTE et al., 2005), e lise de células epiteliais das brânquias, apontada

como causa de morte em Venerupis rhomboides (VILLALBA et al., 1999). Apesar de a

prevalência das RLOs ter atingido até 30% (em M. guyanensis de Canavieiras), o efeito

localizado não coloca, até o momento, esse parasito como uma ameaça para as

populações naturais de moluscos na região estudada.

Quanto à gregarina Nematopsis sp., a sua alta prevalência nas duas espécies,

principalmente em C. rhizophorae, corrobora resultados anteriores nesta espécie

(SABRY; MAGALHÃES, 2007) e em M. guyanensis (BOEHS et al., 2010; CEUTA,

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2010). No presente estudo não foi verificado qualquer tipo de padrão de variação

espaço-temporal desta espécie, o que demonstra boa adaptação deste parasito a vários

ambientes e ocorrência em diferentes épocas do ano. Apesar da alta prevalência, a

intensidade de infecção de Nematopsis observada neste estudo foi baixa e sem causar

danos aos tecidos, confirmando o que já foi atestado por BOWER et al. (1994), de que

este protozoário geralmente não causa danos significativos à saúde dos bivalves. A alta

prevalência desta gregarina no presente estudo pode estar relacionada à presença de

grande quantidade de crustáceos presentes nos manguezais, o que segundo Boehs et al.

(2010), propicia a presença desta gregarina, que completa seu ciclo de vida nestes

organismos (LAUCKNER, 1983; AZEVEDO; MATOS, 1999). Manto e brânquias

como sendo os principais sítios de ocorrência deste parasito, confirmam a preferência

por estes locais, o que já foi observado em estudos anteriores, tanto para C. rhizophorae

(NASCIMENTO et al., 1986; SABRY; MAGALHÃES, 2005; SABRY et al., 2007)

quanto para M. guyanensis (AZEVEDO; MATOS, 1999; PINTO; BOEHS, 2008;

CEUTA, 2010).

Quanto aos ciliados, estes são os protozoários mais comumente encontrados em

bivalves, sendo que a natureza desta associação ainda é pouco conhecida, podendo ser

encontrados como comensais

alimentando-se de partículas presentes nas correntes

celulares-, e como parasitos

alimentando-se do conteúdo das células do epitélio

branquial-, causando danos físicos ao epitélio e facilitando a entrada de patógenos

(LAUCKNER, 1983). A morfologia do ciliado do gênero Ancistrocoma encontrado

neste estudo assemelha-se à descrita por Russel (1967). Este parasito foi observado

apenas nos túbulos digestivos de C. rhizophorae, em baixa prevalência e intensidade de

infecção e sem causar danos significativos ao hospedeiro, confirmando observações

anteriores (BOWER et al., 1994; VILLALBA et al., 1997; HINE; THORNE, 2000;

WINSTEAD et al., 2004; DA SILVA et al., 2005; PONTINHA, 2010). De acordo com

Russel (1967) e Lauckner (1983), este ciliado possui comportamento oportunista, sendo

encontrado, com maior freqüência, em bivalves que já estão sofrendo estresse

fisiológico causado por outros patógenos. Isto foi, também, observado por Winstead et

al. (2004) em C. virginica, em que Ancistrocoma sp. foi observada em animais contendo

Perkinsus marinus. Neste estudo, nas ostras em que foi registrado este ciliado, não

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foram detectados injúrias causadas por outros patógenos como uma possível causa para

a ocorrência deste, o que sugere um comportamento comensal do mesmo.

Sphenophrya é um parasito observado comumente nos filamentos branquiais de

bivalves, podendo ser encontrado também nos palpos e no manto, e a sua proliferação

induz a formação de xenomas, uma lesão que causa hipertrofia da célula parasitada

(BOWER et al., 1994; WINSTEAD et al., 2004; SCARPA et al., 2006). Neste estudo,

este ciliado formou xenomas em ambos hospedeiros. Ao contrário do que foi observado

por Scarpa et al. (2006) em C. virginica, nenhuma evidencia macroscópica de formação

de xenomas foi observada. No litoral da Bahia, Nascimento et al. (1986) observaram

Sphenophrya sp. nos filamentos branquiais em C. rhizophorae na Baía de Todos os

Santos e Boehs et al. (2009) na Baía de Camamu, ambos em prevalência de cerca de

2%, sendo que estes últimos autores observaram a formação de xenomas. Até o

momento, não existem registros deste ciliado associado a mitilídeos. Portanto, este é o

primeiro registro deste ciliado e da formação de xenomas em M. guyanensis. Devido à

baixa prevalência e intensidade, os xenomas não representaram ameaça para a

população de ostras e sururus, já que os danos causados foram restritos à célula

parasitada.

Quanto aos metazoários, representantes das três classes de platelmintos foram

encontradas no presente estudo, porém, nenhum outro metazoário foi observado. Com

relação ao turbelário Urastoma, este tem sido descrito nas brânquias, na cavidade do

manto e na glândula digestiva de vários bivalves (LAUCKNER, 1983; FIGUERAS et

al., 1991; BRUN et al., 1999). Neste estudo, Urastoma sp. foi encontrada nos

filamentos branquiais e na cavidade do manto apenas em C. rhizophorae. No estudo

realizado por Brun et al. (1999), utilizando a ostra C. virginica e o mexilhão Mytilus

edulis (Linnaeus, 1758), os autores confirmaram a maior atração de U. cyprinae (Graff,

1882) pelas ostras em relação a M. edulis, relatando o importante papel desempenhado

pelo muco da ostra na atração do turbelário às mesmas. Os resultados vistos no presente

estudo confirmam os sítios de ocorrência do turbelário vistos em estudos pretéritos,

assim como a preferência de Urastoma sp. pelas ostras. Por outro lado, a natureza da

relação parasito-hospedeiro entre turbelários e bivalves marinhos ainda não é bem

conhecida. Estes têm sido relatados mais frequentemente como comensais, não

causando danos a seus hospedeiros (FLEMING et al., 1986; LAUCKNER, 1983;

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BOWER, 1992, BRUN et al., 1999). Contudo, em alto grau de infecção, podem ser

considerados patogênicos e causar lesões macroscópicas, evidenciados por manchas

brancas no local. Observações microscópicas evidenciam desorganização dos

filamentos branquiais, hipertrofia das células epiteliais e infiltração hemocitária, com

evidência de redução da capacidade de filtração (ROBLEDO et al., 1994). Em estudos

realizados por Murina e Solonchak (1991), Teia dos Santos e Coimbra (1995) e Trotti et

al. (1998), registrou-se Urastoma cyprinae em Mytilus galloprovincialis (Lamarck,

1819) e em Mytilus edulis. Robledo et al. (1994) observaram U. cyprinae em M.

galloprovincialis causando destruição dos filamentos branquiais e infiltração

hemocitária nas áreas afetadas. No presente estudo, não foi observada nenhuma reação

de defesa nem alteração histológica nos hospedeiros, o que também foi observado para

outros hospedeiros por Villalba et al. (1997), Carballal et al. (2001), Cremonte et al.

(2005) e Boehs et al. (2008).

Com relação aos trematódeos digenéticos, estes são os mais freqüentes e, dentre

os metazoários, são considerados os mais importantes parasitos de bivalves (KINNE,

1983). De acordo com Lauckner (1983) e Bower (1992), os representantes pertencentes

às famílias Bucephalidae e Fellodistomidae são os mais patogênicos aos moluscos, e

utilizam os bivalves como hospedeiros intermediários primários e peixes como

definitivos. Os bucefalídeos recebem esse nome devido à cauda bifurcada com a base

muito curta e larga na fase de cercária (WARDLE, 1990). A morfologia dos

esporocistos e cercárias encontradas em C. rhizophorae e em M. guyanensis neste

estudo assemelham-se com a dos bucefalídeos. Sinais macroscópicos de infecção por

bucefalídeos, como coloração alaranjada e aspecto fibroso do manto (LASIAK, 1993;

BOEHS et al., 2010) não foram observados nos hospedeiros infectados por Bucephalus

sp. deste estudo. A prevalência de Bucephalus sp. no presente estudo foi baixa quando

comparada com o segundo registro deste parasito na costa brasileira, feito por Umiji et

al. (1976) em Perna perna (35%). Porém, o grau de infecção foi alto em C. rhizophorae

e alto a muito alto em M. guyanensis e danos evidentes foram observados. O mesmo foi

observado por Ceuta (2010) em um estudo realizado em M. guyanensis em outro local

da Baía de Camamu, Bahia. Indivíduos com alto grau de infecção por esporocistos

podem apresentar castração parasitária, e em nível populacional, esta pode reduzir o

recrutamento (BOWER, 1992; CARBALLAL et al., 2001). No presente estudo,

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observou-se intensa degeneração do tecido reprodutivo, isto é, houve destruição dos

folículos em todos os indivíduos infectados, o que também foi observado por Khandan

(1998) na ostra Pinctada radiata (Leach, 1814) e em Cerastodema edule por Carballal

et al. (2001). A destruição dos folículos é devida a danos mecânicos e fisiológicos

(CHENG; BURTON, 1965; WINSTEAD et al., 2004; BOEHS et al, 2010). De acordo

com Bower et al. (1994), um grande número de esporocistos reduz as reservas

energéticas dos tecidos e a eficiência do sistema circulatório, provocando distúrbios na

gametogênese. No presente estudo, nos demais órgãos (glândula digestiva e brânquias),

a intensidade de infecção e as lesões foram menores com relação às da gônada. Apesar

da infecção por Bucephalus sp. ter provocado danos aos hospedeiros, nenhuma resposta

inflamatória aparente foi observada. Ao contrário do que ocorreu neste estudo, em M.

guyanensis analisada por Boehs et al. (2010), observou-se infiltração hemocitária ao

redor de alguns esporocistos mortos ou em degeneração. Da Silva et al. (2002)

observaram alta infiltração hemocitária em animais altamente infectados. Em

Protothaca antiqua (King e Broderip, 1835), os esporocistos estiveram rodeados por

uma forte infiltração hemocitária, entretanto, esta reação foi considerada incomum

(CREMONTE et al., 2005). Em conclusão, apesar do evidente risco à reprodução

causado pelo trematódeo Bucephalus a M. guyanensis e a C. rhizophorae neste estudo,

as baixas prevalências deste parasito não comprometem, até o momento, as populações

naturais desses bivalves no Litoral Sul da Bahia.

Uma metacercária não identificada foi encontrada em M. guyanensis e ao seu

redor foi observado início da concentração de hemócitos para a formação de uma

cápsula, como já foi relatado em outros trabalhos (WINSTEAD et al., 2004; DA SILVA

et al., 2009; BOEHS et al., 2010). Normalmente, metacercárias não causam a castração

do hospedeiro (LAUCKNER, 1983) ou outras lesões significativas aos moluscos

bivalves (BOWER et al., 1994; CARBALLAL et al., 2001), contudo lesões na concha,

compressão dos tecidos adjacentes, e até mesmo hipertrofia do tecido onde se encontra

o parasito, podem ocorrer em vários bivalves que abrigam metacercárias (CREMONTE

et al, 2005). Neste estudo, não foram registrados danos causados por esse parasito, o

mesmo tendo sido observado por Ceuta (2010) em M. guyanensis de outro local da Baía

de Camamu.

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Com relação ao metacestóide Tylocephalum sp., os adultos deste cestóide

utilizam os moluscos como hospedeiros intermediários e completam seu ciclo de vida

nos elasmobrânquios. Consequentemente, este parasito é registrado em bivalves de

regiões tropicais e subtropicais, onde há ocorrência dos hospedeiros definitivos deste

parasito (LAUCKNER, 1983; BOWER, 1992). O estuário de Canavieiras é o mais

próximo ao mar em comparação com os outros estuários da área de estudo e

provavelmente por esse motivo, este parasito foi encontrado somente neste local. Este

foi observado na glândula digestiva, próximo ao manto em C. rhizophorae. O sítio de

ocorrência neste estudo confirma os registros anteriores realizados neste mesmo

hospedeiro (NASCIMENTO et al., 1986; SABRY; MAGALHÃES, 2005; SABRY et

al., 2007). Em estudos feitos com outros bivalves (A. brasiliana e Iphigenia brasiliana)

Boehs et al. (2010) observaram este metacestóide próximo a glândula digestiva e na

gônada e em Tapes semidecussata (CHENG; RIFKIN, 1968), em C. gigas (SABRY;

MAGALHÃES, 2005), este parasito foi visto apenas na glândula digestiva. Ceuta

(2010) encontrou Tylocephalum sp. no manto de M. guyanensis. Ainda com relação a

este parasito, no presente estudo foi observada reação de defesa do hospedeiro. Houve a

formação de uma cápsula fibrosa ao redor do metacestóide, mas nenhum dano foi

causado ao hospedeiro, já que houve processo de reabsorção. As mesmas respostas

foram observadas também em T. semidecussata (CHENG; RIFKIN, 1968), em C.

virginica (WINSTEAD et al., 2004), em C. rhizophorae (SABRY; MAGALHÃES,

2005) e em A. brasiliana e em I. brasiliana (BOEHS et al., 2010).

Em conclusão, apenas a infecção por Bucephalus sp. causa danos significativos

a M. guyanensis e a C. rhizophorae. Por outro lado, a baixa riqueza de parasitos, aliada

ao geralmente baixo grau de infecção observados e, excetuando-se Nematopsis, também

à baixa prevalência parasitária, atestam a boa condição de saúde dos moluscos das áreas

estudadas e servem de incentivo para o incremento do cultivo de moluscos na região.

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