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OuvidoOuvido externo medio Ouvido interne

____ A ,~ , A.~ _

I II II II II II II II II II I

Se pUdessemos entrar em nosso ouvido, cami-nharfamos cerca de 25 mm pelo conduto auditivo(a), no ouvido externo, e atingirfamos uma finfssi-ma membrana elastica de 0,1 mm de espessura, 0trmpano (b).

A membrana timpanica esta esticada e presaaos ossos do cranio, como se fosse a membrana deum tambor. Notarfamos que 0 conduto auditivotem cerca de 7 mm de diametro enquanto a mem-brana timpanica (que e aproximadamente circular)tem entre 9 e 10 mm de diametro. Caso tocassemosessa membrana, provavelmente nao suportarfamosa dor resultante da pressao aplicada.

Atravessando 0 trmpano, do outro lado - noouvido medio - encontrarfamos uma pequena ca-mara cheia de ar. Nela M tres ossfculos chamadosmartelo, bigorna e estribo. 0 martelo (c) apoia-seno trmpano e 0 estribo (d) comunica-se com 0labirinto - ja no ouvido interno - pela janela oval(e). E os dois articulam-se at raves da bigorna (f).

Esses ossfculos pesam, em conjunto, menos de55 mg e nenhum chega a 1 em de comprimento. 0tamanho do estribo, 0 menor deles, e algo em tornoda metade de um grao de arroz.

o ouvido medio se comunica com a faringeat raves de um canal chamado trompa de Eustaquio(g). A func;:ao deste canal e igualar a pressao do arsobre ambas as faces do trmpano.

Passando para 0 labirinto verfamos, entre ou-tras coisas, uma estrutura ossea chamada cocleaou caracol (h) - um tubo enrolado em espiral emtorno de um eixo, chegando a completar duasvoltas e meia. Mede cerca de 5mm de altura e 9mmde largura e esta todo preenchido por Ifquido. 0volume total de Ifquido equivale a, aproximada-mente, uma gota.

o caracol e dividido longitudinalmente pelamembrana basilar (i), cujo comprimento aproxima-do e de 30mm. Esta membrana contem uma grande·quantidade de fibras transversais (mais de 20.000)de comprimentos diversos, variando de O,04mmperto da janela oval ate O,5mm no final do caracol.o diametro das fibras basilares diminui enquanto 0comprimento aumenta e com isso sua rigidez sereduz mais de 100 vezes.

Por fim, encontrarfamos celulas que fazem acomunicac;:ao entre a membrana basilar e 0 cerebroat raves do nervo audltivo (j).

Agora que conhecemos um pouco do nossoouvido, vamos tentar compreender como todo essemecanismo funciona.

Ja sabemos que 0 som e produzido por com-pressoes e rarefa((oes (varia((ao de pressao) numcerto meio material, 0 ar por exemplo.

Imagine um som chegando ao seu ouvido. 0movimento de vai-e-vem das particulas do ar sepropaga atraves do canal auditivo, onde se amplifi-ca um pouco, e atinge 0 timpano. Este come((a avibrar como a membrana de um tambor ao sergolpeada.

As vibra((oes do timpano sac transmitidas etambem amplificadas pelos ossiculos ate 0 labirin-to. Os tras ossiculos formam um sistema de alavan-cas. Isto, associado ao fato da janela oval ser 17vezes menor que a membrana timpanica, produzum aumento de 22 vezes na pressao da onda so-nora.

Assim, a onda produzida no Iiquido do caracolira sensibilizar mais fortemente algumas das milha-res de fibras basilares - apenas aquelas que seencontram "afinadas" na frequancia da fonte queproduziu 0 som.

Esta excita((ao e mecanica e 0 movimento reali-zado pela membrana basilar, ao ser posta em vibra-((ao, e transformado, por celulas especfficas, emimpuisos eletricos. Os impuisos sac transmitidospelo nervo auditivo ate 0 cerebro que os decodifi-ca, percebendo-os como sons.

RECONHECENDO FREQO~NCIAS

Desde a chegada da onda sonora aos nossosouvidos ate que 0 nosso cerebro processe as infor-mac;:oes recebidas, decorre uma pequenfssima fra-c;:aode tempo (em torno de milesimos de segundo).Entretanto, nesse tempo tao pequeno,a energia setransforma varias vezes.

A vibrac;:ao do ar no ouvido externo, 0 movimen-to dos ossiculos no ouvido medio e a vibrac;:ao doIfquido no ouvido interno, excitando a membranabasilar, correspondem a diferentes manifestac;:oesde energia mecanica.

A transformac;:ao dessa energia mecanica emenergia eletrica acontece quando 0 movimento damembrana basilar excita determinadas celulas (ce-lulas ciliadas) ligadas ao sistema nervoso. Aindahoje nao se sa be ao certo como esta transformac;:aoocorre.

Um ponto importante do mecanisme da audi-c;:ao e um processo semelhante a ressonancia, 0qual ocorre nas fibras da membrana basilar.

Para entender melhor, se voce tiver um piano eum violao em casa, fac;:a 0 seguinte experimento:abra a caixa do piano e solte as cordas apertando 0pedal da direita. Pec;:a para alguem aproximar 0violao e tocar uma certa nota. Voce devera obser-

var que algumas cordas do piano tambem vibrarao,como que respondendo as vibrac;:6es da corda doviolao. As cordas do piano ressoaram. Com maiscuidado, voce podera verificar que ressoam commais intensidade aquelas que correspondem amesma nota to cad a no violao.

Se voce quer utilizar um trampolim para pularnuma piscina ou se deseja brincar num balanc;:o, 0efeito sera tanto melhor se fizer usa da ressonan-cia. Os seus movimentos devem ocorrer na mesmafrequencia com que a prancha ou 0 balanc;:o semovem.

Nossos ouvidos funcionam de modo semelhan-te. Dependendo da frequencia do som que chega,somente determinada porc;:ao da membrana basilarsera posta em vibrac;:ao com mais intensidade.

Para sons graves, vibrarao melhor as fibras damembrana basilar pr6ximas ao vertice do caracol.Nesta regiao as fibras, como ja vimos, sac maiscompridas e menos rfgidas (menor diame+ro).

Os sons agudos estimularao mais a parte inicialda membrana basilar pr6xima a janela oval. Aqui,as fibras sac mais curtas e mais rfgidas. Os sonsmedios fazem vibrar mais as fibras da parte centralda membrana basilar.

A regiao da membrana basilar que for maisexcitada estimulara mecanicamente apenas algu-mas celulas ciliadas ligadas ao sistema nervoso.Estas produzem impuisos eletricos que sac envia-dos ao cerebro.

o sistema nervoso final mente reconhece a fre-qu€mcia do som captado, identificando a regiao deonde partiram os impuisos. Ou seja, localizando aporc;:ao da membrana basilar onde a vibrac;:ao foimaxima.

Atraves dessa localizac;:ao, 0 ouvido humaneconsegue discriminar sons com diferenc;:as de fre-quencias de ate 3 Hz.

o nosso sistema auditivo e sensivel a sonsdentro da faixa de frequencias que vai de 20 a20.000 Hz, aproximadamente. Isto quando somosjovens. Quanto mais velhos ficamos, mais e maisperdemos a capacidade de ouvir certas frequen-cias, principal mente as altas. A partir de 30 anos, janao se ouve aci ma de 15.000 Hz. Aos 50 anos, 0limite baixa para 12.000 Hz. Uma pessoa idosa tema sua faixa de frequencia situada entre 50 e 8.000Hz ou menos.

Entretanto, mesmo que um som esteja dentroda faixa de frequ€mcias especffica de uma pessoa,pode acontecer que ele nao seja ouvido. Para queum som seja ouvido e necessario que tenha umaintensidade minima. Esse valor minimo da intensi-

dade e chamado limiar de audiqao ou limiar depercepqao. Acontece que esse Iimiar nao e 0 mes-mo para todos os sons. Sons de diferentes frequen-cias tem diferentes limiares de aUdi<;:ao. ~ 0 quemostra 0 gratico da figura adiante, normal mentechamado audiograma.

Para entender bem esse gratico, e bom abrirum parentese para compreender 0 que determina aintensidade do som.

Quando voce tange a corda de um violao, elavibra, produzindo um som; quanta mais voce des-loca a corda da sua posiyao normal, mais energiavoce esta dando a vibrayao da corda e mais intenseeo som. Da mesma maneira, quanta maior a foryaempregada para percutir a membrana d~ um tam-bor maior sera a intensidade do som obtldo. Numafla~ta, tambem, podemos aumentar a intensidadedos sons, assoprando mais fortemente.

Em todos os casos, para obter um som commaior intensidade, fazemos 0 elemento vibranteafastar-se mais da sua posiyao de equilibrio, ouseja, aumentamos a amplitude da vibrayao da,fontee, consequentemente, a quantidade de energla quesai da fonte e e transportada pela onda sonora emtodas as direyoes.

De toda essa energia que sai da fonte, umaparte chega ao nosso ouvido. Quanto maior aquantidade de energia que chega ao nosso ouvido,maior a intensidade f[sica do som que escutamos.Esta intensidade pode ser medida em watts porcentimetro quadrado (W/cm2).

A intensidade de um som que chega aos nossosouvidos esta associada a pressao que ele exerce

-1210

-1410

1016

29 100

sobre os timpanos. Essa pressao pode ser medidaem gramas-forya por centfmetro quadrado(gf/cm2).

Voltemos, agora, ao aUdiograma. Ele relacionaa frequencia da vibray80 (eixo horizontal) com aintensidade ffsica (eixo vertical a esquerda) e tam-bem com a press80 da onda sonora sobre 0 tfmpa-no (eixo vertical a direita).

A linha inferior do gratico corresponde ao Ii-miar de audiqao. A superior corresponde ao limiarsensitivo ou limiar de dor e indica, para cada fre-quencia, a intensidade acima da qual temos umasensayao dolorosa.

Pode-se observar no gratico a grande variay80do limiar de audiyao de acordo com as frequen-cias, enquanto 0 Iimiar de dor permanece bemmais estavel.

No audiograma, est80 assinaladas tambem aregi80 onde se situ am os sons musicais e a regiaoque compreende a voz humana em conversay80normal.

Como mostra 0 grafico, a sensibilidade do ouvi-do humane atinge 0 maximo entre 2.000 e 4.000 Hz.Isto quer dizer que esse e 0 intervalo de frequen-cias no qual 0 ouvido humane e capaz de perceberos sons mais fracos.

Vale a pena observar que as amplitudes devibrayao do tfmpano e as press6es exercidas pelaonda sonora sac extremamente pequenas. Porexemplo, naquele interValo, para um som de 3.500Hz, a amplitude e da ordem de 10-9 cm2, dimensaoesta milh6es de vezes inferior a espessura de umfio de cabelo; menor que 0 diametro de um atomo

1000 2000 4000 10000I I: !

Frequencia das vibrac;:6es (em hertz)I1

I I"--v-'oudibilidode maximo

2

2x161

2 x102NE

2x103u;g,E

-4 ~2x 10 0

'<11Ul

2x 165UlQl

Q:

2x106

2xl07

de hidrogElnio! Neste easo, 0 timpano sofre umapressao da ordem de 10-7 gf/em2. Para se ter umaideia do que signifiea esta pressao, se voce tam parcom um dedo a extremidade de um tubo de ensaio(ou outro tubo qualquer) eontendo uma eoluna deagua de 10 em de altura e inverter 0 tubo, a pressaoque seu dedo suporta e de 10 gf/em2, ou seja, eemmilhoes de vezes superior aquela!

Ja 0 limiar de dor e atingido quando obrigamoso timpano a vibrar com amplitudes da ordem de10-3 em, eorrespondendo a isso uma pressao daordem de 0,2 gf/em2. Note c,tie esses valores sacum milhao de vezes maiores do que os eorrespon-dentes ao limiar de audic;:ao.

As intensidades ffsieas dos sons audfveis tam-bam apresentam grandes variac;:oes. 0 ouvido hu-mano pode pereeber sons desde um suspiro bemfraco ata um ruido muito forte, eerea de 1 trilhao devezes mais intense do que 0 suspiro.

Essa grande variac;:ao de intensidades percebi-das pelo ouvido humane e um dos motivos pelosquais se usa uma unidade especial para estabele-cer 0 nfvel de intensidade sonora ou nfvel de sono-ridade:o bel·. 0 significado desta unidade a 0 se-Quinte: do is sons diferem de 1 bel quando a intensi-

dade de um a 10 vezes maior que a do outro.Na pratica, usa-se 0 decibel (dB) que corres-

ponde a 1/10 do bel. Alias, essa a a minima diferen-c;:a de intensidade entre dois sons que 0 ouvidohumane consegue perceber.

Adotando-se como zero decibel a minima inten-sidade audivel, pode-se estabelecer uma corres-pondencia entre nivel de intensidade sonora e in-tensidade ffsica, como indica a tabela.

A exposic;:ao continua e prolongada dos ouvi-dos a sons de intensidade pr6xima ao limiar desensac;:ao dolorosa pode causar uma diminuic;:ao dacapaeidade auditiva. Os tripulantes da nave Voya-ger· foram submetidos durante varios dias segui-dos a intensidades sonoras dessa ordem. Ha previ-soes de que perderao cerca de 30% de sua capaci-dade auditiva. Efeito semelhante se observa empessoas que se exp6em regularmente a sons estri-dentes, como, por exemplo, os sons de concertosde rock.

Ata agora diferenciamos os sons pelas suasfreqGencias e suas intensidades. Sons graves ou

Intensidade Nivel deffsica Exemplos intensidade

(W/cm2) sonora (dB)=--10-3 Foguete 13010-4 Trovao Aviao a jato 120

10-5 Conjunto de rock Trem 11010-6 Aviao a pistao 100

10-7 Maquinas em uma fabrica 90Buzina de autom6vel a 50cm

10-8 Transito urbano 80_.10-9 Dentro de um vagao de metro 70

10-10 Conversac;:ao normal a 1m 60Passos

10-11 Autom6vel em marcha lenta 50_.10-12 Conversac;:ao em voz baixa 40

10-13 Interior de uma biblioteca 30Murmurio a 5m10-14 Suspiro --i 20

10-15 Farfalhar das folhas ao vento10Respirac;:ao normal

10-16 Minima intensidade audivel 0

·Esta unidade e uma homenagem a Alexander Graham Bell,inventor do telefone.

'A nave americana Voyager conseguiu, em dezembro de 1986,completar uma volta a Terra, em nove dias, sem parar para sereabastecer.

agudos sac os que tem frequencias baixas ou altas.Sons fortes ou fracos sac aqueles cuja onda sono-ra vibra com grandes ou pequenas amplitudes (in-tensidade).

--~------~~

-~------~-

~

Quanto maior a amplitude da vibraqao, maior a intensidadedosam.

Mas os sons que chegam ata nossos ouvidosnao sac diferentes apenas pela frequencia ou pelaintensidade. Alguns sons soam agradaveis comoos sons musicais; outros incomodam, irritam -sacos ruidoso 0 que distingue um som musical de umruido, do ponto de vista ffsico?

Quando um som se propaga aparecem regi6esde alta pressao (zonas de compressao) e regi6es debaixa pressao (zonas de rarefac;:ao), sucessivas.

Se a variac;:ao da pressao ao longo da propaga-c;:aose repete regularmente, no mesmo intervalo detempo, temos uma sensac;:ao agradavel ao ouvido eo som produzido a chamado som musical. Estepode ser simples (uma (mica frequencia) e a cha-mado tom. Ou pode ser composto de varias fre-quencias - 0 tom fundamental e os seus harmo-nicos.

Nos casos em que essa regularidade nao existee a pressao varia ao acaso, com 0 tempo, temosuma sensac;:ao desagradavel; trata-se de um fufdo.

Um outro tipo de som que conhecemos a 0estampido. Este corresponde a um abalo mecanicoisolado, ou seja, sua produc;:ao a causada por umabrusca variac;:ao de pressao num determinado ins-tante, sem repetic;:ao.

Pressao

~P - 80m musical simplesressao

~Pressao 80m musical composto

~ RUldoPressao

t

)

Tempo

)

Tempo

)

Tempo

/\~.

Estampldo-7Tempo

Os sons musicais nos causam diferentes sensa-c;:6es. Atravas dessas sensac;:6es, conseguimos dis-tinguir sons fortes de sons fracos (intensidade),sons graves de sons agudos (altura) e, por ultimo,conseguimos identificar as diferentes fontes sono-ras (timbres). A intensidade, a altura e 0 timbre sacas chamadas qualidades fisiol6gicas do som.

A intensidade relaciona-se com a amplitude daonda sonora; a altura, com a frequencia. E 0timbre?

Para compreender 0 que caracteriza 0 timbrede um som a precise entender 0 que sac harmoni-cos de um som. Um fenomeno que se repete regu-larmente com 0 tempo a chamado peri6dico. Parase obter um som musical puro (de frequencia uni-ca) alam de ser peri6dica, a pressao da onda sono-ra deve variar com 0 tempo de forma senoidal,como no gratico abaixo.

Este movimento e chamado harmonico.

as sons musicais em geral sac compostos. Istosignifica que juntamente com 0 tom fundamentalde frequ€mcia mais baixa aparece um numerovariavel de tons harmonicos com freqU€mciasmaiores, mUltiplas da fundamental.

Nos graficos abaixo, onde temos a variac;:ao dapressao numa onda sonora ao longo do tempo,

podemos verificar duas diferentes composic;:6esharmonicas.

Podemos observar que a composiQao de har-monicos do som representado no gratico (a) e bemdistinta da composic;:ao do sam representado nografico (b), apesar de possufrem mesma frequen-cia. As diferentes quantidades, frequencias e inten-sidades dos tons harmonicas que acompanham atom fundamental e que caracterizam a timbre deum sam.

I - tom fundamental (1? harmonica)II - harmonica de frequ€mcia 3 vezes maior (3~ harmonica)III - harmonica de frequ€mcia 5 vezes maior (5~ harmonico)R - som resultante (I + II + IIIl

., \....."'.\\,,

I - tom fundamentai (1? harmc>nico)II - harmonica de frequencia 2 vezes maior (2~ harmonico)III - harmonica de frequencia 3 vezes maior (3~ harmonica)R - som resultante (I + II + III)

,--, ..•., ,\

\.\ .\ ...··It"

\\, ,--'

~

AAAAIV\..T\/\

Diapasao

o tom fundamental produz em geral uma sen-sac;:aomonotona e apagada, seu timbre e desprovi-do de riqueza ou "colorido musical". Os tons har-monicos e que enriquecem 0 timbre. 0 som emiti-do por um diapasao possui apenas 0 tom funda-mental.

o timbre, alem de diferenciar notas musicaisiguais emitidas por diferentes instrumentos, permi-te distinguir vozes de pessoas que cantam umamesma nota musical com mesma intensidade.Acima mostramos os registros de sons de mesmafrequencia emitidos por diapasao, violino, flauta,voz humana e piano.

o som, ao ser emitido, tende a se propagarIivremente em todas as direc;:6es. Encontrando umobst,kulo rfgido, ele e refletido. Por isso e facil umsom produzido dentro de uma sala atingir todos ospontos da mesma. A qualquer lugar da sala podemchegar os sons refletidos varias vezes pelas pare-des, alem do som vindo diretamente da fonte. Istonao acontece numa prac;:a.

Sera sempre mais facil ouvir alguem falandoem uma sala fechada do que em prac;:a publica?

Quando um som atinge 0 ouvido humano, asensac;:ao auditiva produzida por esse som perma-nece por volta de 0,1 segundo. Assim, ao ouvirmosum som refletido, podemos ter tres impress6esdistintas, dependendo do tempo decorrido entre achegada do som original e do refletido.

Em salas pequenas e em pequenos auditorios,temos a impressao de que a voz do orador torna-semais possante. Na verdade 0 que ocorre e que,como as paredes estao muito proximas ao ouvinte,o som refletido por elas chega quase junto com 0som que veio diretamente. Desta forma, 0 somrefletido reforc;:a 0 outro, dando a sensac;:ao demaior intensidade. Este fa to contribui, sem duvida,para a boa qualidade acustica de um auditoriopequeno. A este fenomeno chamamos reforc;:o.

Em auditorios maiores, principal mente se esti-verem vazios, ou em grandes salas vazias, ocorreoutro fenomeno. 0 som refletido pelas paredes,que se encontram agora distantes do ouvinte, che-ga depois daquele que veio diretamente da fonte,produzindo a sensac;:ao de continuidade do somdas ultimas sflabas. Isto decorre do fate de que,apesar de 0 som refletido chegar ao ouvido doobservador depois do som direto, ele chega antesque tenha terminado 0 tempo de permanencia doprimeiro (0,1 segundo). Este prolongamento inde-sejavel atrapalha 0 discernimento da fala seguinte.Uma pessoa esta terminando uma frase com umadezena de palavras e as primeiras ainda estao sen-do ouvidas. A esse fenomeno chamamos reverbe-rac;:ao.

Quando 0 som refletido chega ao ouvinte comum intervalo superior a 0,1 segundo apos 0 somdireto, temos a nitida percepc;:ao de repetic;:ao daultima silaba. Quando gritamos ou batemos pal-mas percebemos mais facilmente esta repetic;:ao.Ocorre, neste caso, 0 que chamamos eco.

E facil calcular que distancia deve haver entre

um obstaculo e uma pessoa para que esta percebao eco. Para isso, basta considerar que a velocidadedo som no ar e de 340 m/s e que 0 som refletidoprecisa chegar 0,1 segundo depois do som ori-ginal.

Quando voce grita, 0 seu ouvido capta quaseque imediatamente 0 grito. Ent~eta.nto.' a onda, so-nora continua se propagando ate atlnglr 0 obstacu-10, reflete-se e volta para voce. Este caminho de idae volta tem que ser feito em pelo menos 0,1 seg un-do. Logo, se chamarmos de 0 a distancia entrevoce e 0 obstaculo, teremos:

~ D = 17 mI , .

Distancia mfnima para se ouvir 0 eco da proprta voz

Esta a a menor distancia para que seja ouvido 0

eco da propria voz. _,Uma aplicac;ao importante da reflexao do som e

o sonar, utilizado para avaliar a profundidade domar no local desejado. Do navio, emite-se um brevesom e capta-se 0 som refletido pelo fund? do mar.Multiplicando-se a velocidade do som na a~u~ pelametade do tempo transcorrido entre a emlssao dosom e a captac;ao da onda refletida, temos a pro-fundidade procurada.

COMO SE L1VRAR DE ALGUNS SONSINDESEJAVEIS

Como ja vimos, as ondas senoras tem, em de-terminadas situac;oes, comportamento similar aode uma bola de bilhar, ou seja, ao encontrar umobstaculo rigido, sac refletidasde forma bem defi-nida. Poram, se voce jogar uma bola de bilharcontra uma almofada, a bola para, nao se reflete.Sua energia a absorvida pela almofad~. Da m?smaforma, se uma onda sonora encontra um obstaculoamortecedor ela nao se reflete; ela a absorvidapelo obstaculo. E por esta razao que se colocavammuitas cortinas e tapetes nos bons auditorios, poisevitam as reflexoes indesejaveis do tipo eco oureverberac;ao. Alguns auditorios, quando vazios,possuem uma acustica passima. Quando cheios depessoas melhoram muito, pois as roupas atuamcomo os tapetes e cortinas: absorvem 0 som. Nosauditorios modernos 0 teto e revestido por placasporosas. as poros destas placas funcionam comoarmadilhas para 0 som. Apos entrar num dessesporos a onda sonora sofre sucessivas reflexoes.Em cada uma delas uma parte da energia da onda eabsorvida. Assim, ao conseguir "escapar" do poro,a onda sai com pouquissima energia. Isto corres-ponde a um som com intensidade bem baixa, umsimples sussuro.

Um recurso improvisado e barato que pode serusado para melhorar acusticamente um peque~orecinto e forra-Io com "bandejas" de ovos, pOlS,alem de serem feitas de material poroso, abrigamuma camada de ar entre sua superficie e a parede,facilitando a absorc;ao do som.

Os dois ouvidos recebem em instantes diferen-tes os sons provenientes de uma fonte. Este fatodetermina a "sensibilidade direcional" do ouvido,ou seja, isto nos capac ita a discernir de que dire-c;:aoprovem 0 som. Nossos ouvidos podem acusardiferenc;:as de tempo entre a chegada dos sons, daordem de 1/34.000do segundo. Isto corresponde auma diferenc;:a de distancias, dos ouvidos a fonte,de cerca de 1 cm. Esse fato garante que. mesmoum pequeno desvio - aproximadamente 30 - emrelac;:aoao plano de simetria da cabec;:ae suficientepara detectarmos de onde vem 0 som.

A diferenc;:a de intensidade com que um somchega a cada um dos ouvidos contribui tambempara a "sensibilidade direcional". 0 som chegaprimeiro ao ouvido mais proximo da fonte sonora,atravessa e contorna a cabec;:apara atingir 0 outroouvido. No ouvi<:lo mais distante da fonte, 0 sompode, as vezes, chegar com uma atenuac;:ao de 30dB em rela9ao a intensidade com que atingiu 0primeiro.

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A /oca/izac;ao das fontes dos sons produzidos em a, beenao permite Ii pessoa distinguir se e/es 'oram produzidos Ii suafrente ou atras de/a. No maximo pode se ava/iar qual fonte estamais afastada. Ja entre os sons produzidos em dee, ha possibi-/idade da pessoa discriminar as posic;6es das duas fontes. /stoacontece por causa das diferentes distancias que 0 som percor-re de uma fonte a cada um dos ouvidos.

As vezes, custamos a encontrar um inseto quese den uncia por seu zumbido porque queremos"Iocalizar 0 som com os olhos". 0 que fazemos,nessas ocasioes, e colocar 0 inseto perseguido noplano de simetria da nossa cabec;:a, dificultandoassim detectarmos precisamente sua posic;:ao. 0

correto e localizar 0 som com 0 ouvido! Por issonunca vire a cabe9a para tentar ver de onde vem 0som. Aponte 0 ouvido para 0 local, para escutar 0som!

Voce ja ouviu alguma vez sua voz em um grava-dor? Se ja ouviu, nao deve ter reconhecido. Quan-do alguem fala, tambem ouve a propria voz. Estesom Ihe chega ao ouvido de duas maneiras: at ravesdo ar e dos ossos do cranio. Entretanto, 0 som quechega ao gravador transmite-se somente at ravesdo ar. Acontece que, nesse meio, alguns compo-nentes harmonicos de frequencias baixas se per-dem e nao atingem 0 gravador. Assim soa-Ihe dife-rente e estranha a voz gravada. Mas, acredite, esua!

"Quem canta seus males espanta." Este ditadose aplica muito bem, por exemplo, aos morcegos.Voce ja ouviu alguma vez 0 canto de um morcego?Certamente nao. Mas esses animais "cantam" parase informarem a respeito dos obstaculos a suafrente. Os sons emitidos por um morcego refletem-se em qualquer obstaculo, mesmo que seja apenasum fio. 0 morcego capta 0 som refletido. Assim,informado da posi9ao do obstaculo, desvia-se.

Voce ja deve ter imaginado por que nao ouvi-mos 0 misterioso canto dos morcegos. E isto mes-mo: a frequencia do som emitido por esses animaissupera 0 limite da faixa de audibilidade do homem.Os morcegos emitem ultra-sons que vao de 25.000a 50.000 Hz.

Os golfinhos e as mariposas tambem encon-tram alimento e fogem do perigo atraves de ondasultra-sonicas que eles proprios emitem .

o homem, de posse de seus conhecimentosffsicos e de tecnicas modernas, tambem tem comoproduzir ultra-sons e com frequencias milhares devezes superiores as utilizadas pelos animais. Umdos mecanismos usados para a produc;:ao de ultra-som e 0 efeito piezoeletrico (ver se9ao "0 alunopergunta" - REC n2 16). Submetendo-se as facesopostas de um lamina de certos cristais a umadeterminada voltagem, a lamina se contrai ou sedilata. Aplicando-se as faces do cristal uma volta-gem alternada, a lamina ira se dilatar e se contrairsucessivamente, vibrando com uma frequencia quedepende das suas dimensoes. Quanto menor aespessura, maior a frequencia de vibra9ao da pro-pria lamina, podendo-se atingir frequencias supe-riores a 20.000 Hz, ou seja, frequencias de ultra-sons.

Como 0 ultra-som esta fora da faixa audivel dohomem, pode ser usado tanto com alta quanto combaixa intensidade.

As aplica~6es de baixa intensidade tem comoobjetivo transmitir energia atraves de um meio,captar as ondas refletidas e, assim, obter informa-~6es desse mesmo meio. E 0 que ocorre nos mo-dernos aparelhos para exames medicos, como 0ecocardiografo e 0 tomografo, ou os aparelhosusados. na industria para detec~ao de falhas emblocos metalicos de grande espessura.

As aplica~6es de alta intensidade produzemaltera~6es no meio at raves do qual a onda se pro-

paga. Tal recurso e usado em terapia medica paraobter, por exemplo, a ruptura de celulas ou paraelevar a temperatura dos tecidos, ou ainda destruirobjetos estranhos ao organismo como calculosrenais. Na industria, estas aplica~6es podem serusadas em soldas e homogeneiza~ao de materiais.

Chegamos assim ao final de mais um trechodesta nossa "caminhada sonora". A seguir, indica-mos alguns textos que poderao the servir paraconsultas e aprofundamentos.

Em portuguf!s

FiSICA PARA CI~NCIAS BIOLC>GICAS E BIOME-DICASEmico Okuno e outrosHarper and Row do Brasil, 1982R. Joaquim Tavora, 66304015 - Sao Paulo - SP

ACUSTICATore Nils Olof Folmer - JohnsonLivraria Nobel, 1968Rua da Balsa, 55902910 - Sao Paulo - SP

FfslCA NA ESCOLA SECUNDARIAOswald H. Blackwood e outrosEditora Fundo de Cultura, 1969Esgotado. A Editora encerrou suas atividades

FfslCA - volume 2Alberto Maiztegui e Jorge SabatoEditora Globo, 1972Av. Getulio Vargas, 127190,000 - Porto Alegre - RSEsgofado. Encontravel em sebos.

SOM E AUDICAo - BIBLIOTECA CIENTfFICA LIFES.S. Stevens e Fred WarshafskyLivraria Jose Olimpio EditoraR. Marques de Olinda, 1222251- Rio de Janeiro - RJ

FfslCA 3 - ONDAS, ACUSTICA, OPTICARonald U. Pauli e outrosEditora Pedagogica e Universitaria 1980Pra~a D. Jose Gaspar. 106 - 3° andar01047 - Sao Paulo

BIOLOGIA - Volume 2 - Os se'res vivosGilberto Martho e outrosEditora Moderna, 198R. Afonso Bras, 43104511 - Sao Paulo - SP

FISIOLOGIA HUMANABernardo A. HoussayEditora Guanabara Koogan, 1984Travessa do Ouvidor, 1120040 - Rio de Janeiro - RJ

TRATADO DE FISIOLOGIA MEDICAArthur C. GuytonEditora Interamericana, 1977R. Coronel Cabrita, 820920 - Rio de Janeiro - RJ

E,m espanholFISICA RECREATIVAYakov PerelmanEditorial Mir, 1980, Moscou, URSS(Este Iivro tem uma tradu~ao para a lingua portu-guesa feita pela Hemus - Livraria e Editora Ltda. em1979, coni 0 titulo "Aprenda ffsica brincando";entretanto esta edi~ao esta esgotada).

FislCA PARA TODOSL. Landau e A. KitawgorodskiEditorial Mir, 1967, Moscou, URSS

Os dois ultimos livros e outras publica~6es so-vieticas podem ser encontrados em Sao Paulo naLivraria Tecno-Cientffica - Rua Barao de Itapetinin-ga, 88 - loja 6A - CEP 01042 - Sao Paulo - SP e naLivraria S. Rozov - Rua 24 de Maio, 35, CEP 01041-Sao Paulo - SP

As i1ustra~6es deste artigo foram feitas com baseem desenhos e graticos encontrados em varios doslivros mencionados acima.