outras palavras013

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#13 Editorial Tânia Abreu (EBP/AMP) Aspectos da angúsa: a mulher, a mãe e o objeto Maria Cecília Galle Ferre (EBP/AMP) MMM Barthes e o feminino: escritura do gesto alimencio Laura Arias Wi Fi Ofélia e suas margens Sandra Viola (EBP/AMP) Comissão Cienfica Avidades Preparatórias Comissão Financeira Cartazes Conversação sobre o Ausmo Índice Clique no item desejado para rolar a página.

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Page 1: Outras Palavras013

#13

EditorialTânia Abreu (EBP/AMP)

Aspectos da angústia: a mulher, a mãe e o objetoMaria Cecília Galletti Ferretti (EBP/AMP)

MMMBarthes e o feminino: escritura do gesto alimentício

Laura Arias

Wi FiOfélia e suas margensSandra Viola (EBP/AMP)

Comissão Científica

Atividades Preparatórias

Comissão Financeira

Cartazes

Conversação sobre o Autismo

Índice

Clique no item desejado para rolar a página.

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TEXTOS Editorial

Esse número do Outras Palavras privilegia dois eixos de pesquisa, salientados pela comis-são científica e publicados no nosso site (www.mulheresdehoje.com.br): o empuxo ao infinito do gozo que caracteriza o feminino, aqui repre-sentado pela figura de Ofélia que, como nos diz Sandra Viola, “ao ser degradada e abandonada por Laertes muito se entristece” tendo como lei-to da infinitude dessa tristeza as margens de um rio no fundo do qual se afoga. Ou ainda, como no pequeno texto de Laura Arias, colega argentina que, ao trazer Roland Barthes, aproxima o gesto alimentar dos orientais que “comem se servindo de palitos” da estrutura aberta do gesto infinito do gozo feminino. Vale a pena conferir a leituras desses dois textos que compõem respectivamen-te nossas rubricas WI FI e MMM.

O texto sobre Ofélia nos remete a Virgínia Wolf, a outra inglesa que encontra no fundo das águas alívio para sua angústia, e à exibição do filme AS HORAS que ocorrerá durante os meses de agosto e setembro em todas as Delegações e Seções da Escola Brasileira de Psicanálise. Esta atividade terá como fruto a edição de um número especial do Outras Palavras, dedicado a um diálogo em rede sobre o feminino declinado deste filme e tecido em resenhas feitas pelos colegas da Comissão de Comunicação. Este projeto visa estender a ideia de Escola Una à organização de um evento em um país de tão grande proporção. Atentem para da-tas de exibição do filme em suas cidades, na tabela que elaboramos para este número.

Nossa colega Cecília Galletti Ferretti, ao demarcar três vias para configurar a angústia na mulher - sua rela-ção com um homem, a maternidade e a mascarada feminina -, dialoga com os textos selecionados pelo foco antenado da comissão científica que destacam que através das ferramentas fálicas, como véus e burkas, as mulheres fazem existir algo onde não há. Ali onde o que comparece é o furo, A mulher se reinventa.

Do texto de Cecília destacamos ainda que as mulheres não são perversas porque são mães. Dos textos de Márcia Rosa e Raquel Amin salientamos que é no parêtre que as mulheres confinam a eficácia das aparên-cias.

Ao destacar várias passagens extraídas dos eixos teóricos sugeridos pela Comissão científica queremos também lembrar a todos a data limite de entrega dos trabalhos a serem debatidos no XIX Encontro: 31 de agosto de 2012.

Lembramos ainda que os novos valores das inscrições constam deste número, assim como as condições de inscrições em todos os demais eventos do Campo freudiano que ocorrerão na Bahia em novembro: Con-versação dos Institutos, CIEN, CEREDA e Conversação clínica sobre o autismo.

A propósito desta última, nossos colegas doutorandos e mestrandos em Paris VIII nos enviaram uma ex-tensa resenha dos trabalhos apresentados na Conversação UFORCA que ocorreu em Paris no dia 30 de junho de 2012. Ali podemos conferir o cotidiano do trabalho psicanalítico com autistas, movimento essencial em tempos de consolidação da clínica psicanalítica neste campo.

Boa leitura a todos!

Tânia Abreu (EBP/AMP)

Foto-anxiety Fotógrafo - Beethy

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OUTROS TEXTOS

Aspectos da angústia: a mulher, a mãe e o objetoMaria Cecília Galletti Ferretti (EBP/AMP)

Lacan, ao abordar o tema da angús-tia em seu Seminário 10, busca esta-belecer os pontos fundamentais deste afeto. Dentre eles podemos ressaltar que a angústia se dá frente ao desejo do Outro, aspecto este que é mostra-do tanto no grafo do desejo estando também presente nas operações da alienação e da separação. Além disso, fica também assentado por Lacan que a angústia aparece quando, num lugar que deve permanecer vazio, aparece algo: o objeto a. Este último aspecto aqui por mim ressaltado é que leva-rá Lacan a dizer que propor-se como desejante é propor-se enquanto falta, isto é, para desejar é preciso estar em falta.

Já no Seminário 8, no qual as re-lações de objeto são apresentadas , Lacan dedicara um capítulo à angústia na sua relação com o desejo. Sobre este tema mostra que, por mais pa-radoxal que pareça, só há sinal de angústia na medida em que o eu se relaciona com um objeto de desejo, sendo mesmo o modo radical sob o qual o sujeito continua a sustentar a relação com o desejo.

A mulher, tema do nosso XIX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, nos faz indagar sobre qual seria relação da mulher com a angústia.

É importante notar que ao tratar da angústia, Lacan, especificamente no Seminário 10, faz uma diferença entre a angústia no homem e a angústia na mulher. Enquanto que no homem ela fica circunscrita à detumes-cência do órgão na relação sexual, deste ponto de vista, à mulher nada falta. “Daí temos que a angústia do homem é ligada não a uma ameaça paterna, mas sim a um “não poder”, à sua relação com um instrumento que falha ou que, pelo menos, não está sempre disponível. Daí a interrogação repetitiva que Lacan faz do dito de Kierkegaard segundo o qual a angústia afeta mais a mulher”.1

Como, então, estabelecer a relação da mulher com a angústia, ser que é tocado, tanto quanto o homem, pelo desejo e pelo objeto?

Podemos estabelecer três vias2 para localizar tanto a angústia, quanto a presença do objeto : a relação da mulher com o homem, a maternidade e a mascarada feminina. Nestas vias trata-se sempre do corpo: o corpo do homem, o da criança e o próprio, já que a mascarada feminina visa a construir um ser a partir de um “parecer ser”. Trata-se de considerar o valor de fetiche aí presente sem que, no entanto, possamos falar em perversão fetichista.

Assim, a angústia da mulher surge também na contemporaneidade, nas figuras de nossos dias, diante dos objetos que poderiam ser vistos como aqueles que viriam a preencher, na totalidade, lugares que deveriam conter o vazio, para desta maneira, receber o desejo.

1 Miller, J.A. “Introdução à leitura do Seminário 10 da Angústia de Jacques Lacan”, em Opção lacaniana. Revista Brasileira Internacional de psicanálise. São Paulo: Edições Eólia, 2005, n.43, p.31.

2 Silvia Elena Tendlarz estabelece estas três vias para que a mulher possa tratar a falta. Inspirando-me nestas três vias eu as transportei para o tema que apresento. O texto de Silvia Tendlarz encontra-se publicado em: XII Rencontre Internationale du Champ Freudien, La clinique de la sexuation. Impossible et partis pris.

Imagem: Thomas Czarnecki - From Enchantment to Down Jasmine One last Wish

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TEXTOS MM&M

BARTHES E O FEMININO:ESCRITURA DO GESTO ALIMENTÍCIOLaura Arias 1 - ICBA/EOL

A escritura é poiesis. A escritura é questão de leitura. Como nos ensina Roland Barthes, a escritura questiona o mundo, nunca ofe-rece respostas; libera a significação, mas não fixa sentidos. Nela, o sujeito que fala não é preexistente, se produz no próprio texto, em instâncias sempre provisórias. Em O império dos signos2, Barthes se pergunta pela representação que nos fazemos dos orientais que comem se servindo de palitos. Neste contexto, observa:

O palito divide, separa, distancia, mordisca no lugar de cortar e agarrar, como nossos talheres. Ele nunca violenta o alimento, se opõe a nossa faca, é um instrumento que se recusa a cortar, a aferrar, a mutilar (…).

Hábitos alimentícios e escritura de um gesto. Um gesto, a comida, tal como assinala em Por uma psicoso-ciologia da alimentação, torna-se escritura: pode-se dizer –afirma Barthes- que é «o mundo» que se coloca na comida a título de coisa significada. O que aponta à estrutura aberta do gesto infinito (gozo feminino). Por acaso o feminino não é o que se lê nas bordas das palavras e se desprende delas? Libera a significação: divide, distancia, separa. Porque ao ler o gesto alimentício, a escritura remete “a um modo de vida que diz mais do que diretamente expressa...”.

1 Coordenadora do Grupo de Investigação sobre Violência e Modernidade do Instituto Clinico de Buenos Aires2 Barthes, R. El Imperio de los signos, Barcelona, Seix Barral, 2007.

Foto - Hashi Chopsticks Fotógrafo - KhanMAK

TEXTOS WIFI

OFÉLIA E SUAS MARGENSSandra Viola (EBP/AMP)

“Hamlet”, a mais famosa das tragédias de Shakespeare, teria sido escrita entre 1599 e 1602, inspirada em uma lenda nórdica do século XII.

A peça conta a história do príncipe dinamarquês Hamlet, que é instado pelo fantasma do velho rei Ham-let, seu pai, a vingar a sua morte, matando o assassino e usurpador do trono, seu tio Cláudio, que acabara de casar com a rainha Gertrudes, viúva do monarca assassinado e mãe do príncipe.

No Seminário VI, O desejo e sua interpretação, Lacan lê Freud a partir de diversos momentos de sua obra e toma o príncipe Hamlet, de Shakespeare, para trabalhar a tragédia do desejo humano, intimamente relacio-nada com o trabalho do luto. Hamlet deve matar Claudius, segundo a revelação do ghost, seu pai, para que o incesto, manifesto no casamento de Gertrudes com Claudius, seja barrado e para que a vingança contra Claudius seja executada.

Lacan diz que Hamlet passa a viver no tempo do Outro. Todas as suas ações e atrapalhadas são manifestações da alienação nas quais seu desejo se encontra subsumido. Por um lado, alienado nas palavras imperativas do pai retornado da morte, um ghost. Por outro, submetido ao furor do gozo da mãe que nem luto pelo marido fizera, e já estava nos braços e na cama de Claudius. Identificado imaginariamente com Claudius, quanto ao desejo por Gertrudes, tem enorme dificuldade em matá-lo e posterga seu ato nos muitos desvios, fazendo-se mais ainda de louco, que já estivesse.

Hamlet não pode concluir a operação de separação do Outro, pela pouca eficácia da ação do pai sobre a mãe e, consequentemente, pela ineficácia da transmissão de seu desejo, de homem castrado, por uma mu-lher. Às avessas de Édipo, que não sabia, Hamlet sabe do desejo de morte do pai que habita um filho, saber este

Foto - Ophelia Fotógrafo - Kalliop Amorphous

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que o inibe. Deste modo, no caminho para realizar o mandato superegoico do pai, Hamlet se desvia, a cada ação, daquela que seria a execução do ato. Mata os amigos Polonius, Rozencratz e Guildersten, equivocadamente, justo porque está aturdido, situ-ado muito mais na posição de objeto do que de sujei-to. É preciso tomar o ato como seu, mas enfrentar o gozo excessivo da mãe não é tarefa pouca. “Não é seu desejo por sua mãe, é o desejo de sua mãe” (LA-CAN, Sem VI, p. 34). Para se deslocar da posição de falo da mãe, na qual ain-da se encontra, e chegar a cumprir o luto pelo ob-jeto – o objeto perdido de Freud, que Lacan conceitu-ará, bem mais tarde, como objeto a – Hamlet precisa-rá de um longo tempo e de uma contingência: a morte de Ofélia. Esta, que antes fora seu objeto amoroso, é esquecida desde a reve-lação do ghost, ou seja, do encontro de Hamlet com a morte. Só a partir da perda de Ofélia, da identificação ao objeto perdido, da perplexidade e da inveja da dor de Laertes, seu outrora amigo e irmão amantíssimo da moça, é que Hamlet é remetido à sua própria falta. “Apenas que o encontro marcado do sujeito com a hora de sua perda, é a sorte comum, significativa para todo destino humano” (LA-CAN, Sem VI, p. 65). Aí se inicia sua marcha desejosa.

Com Ofélia, objeto deste escrito, ocorre o seguinte: degradada e abandonada por um Hamlet enlouque-cido, e com o amado irmão Laertes na França, destino que seguira em outro momento, desencontrada dos ocorridos no castelo do Rei Claudius, ela muito se entristece.

Seus cuidados, do que lhe cabia na casa, foram se desbordando pouco a pouco. Não conseguia, quase, fiar, nem confiar. Restava-lhe, entretanto, o amor do pai, o amor pelo pai Polônius. Aí, neste ponto, Ofélia ainda bordava, apostando, quem sabe, que seu irmão deixasse o país do outro, e que o olhar de Hamlet lhe desse, de novo, um bom lugar. E não este, estrangeiro.

O que nos mantém vivos é a chama do desejo, ouvimos de Freud. Um pai, diz Lacan, seja lá como for, é quem nos empresta esta chama e é assim que nos livramos de ser tão somente uma sombra do objeto per-dido, uma sombra da morte.

A morte de Polônios, efeito do obtuso ato de Hamlet, roubara de Ofélia o resto de sua alma. Na ausência da borda paterna, sozinha no aberto campo do feminino, sem eira nem beira, no empuxo do infinito do gozo, enlouquece. E, como bem mais tarde o faz Virgínia, outra mulher inglesa, Ofélia procura outras margens, a de um rio, morrendo no fundo das águas. De dor!

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BURKAS“As civilizações orientais tentam se opor à loucura do develamento ocidental com uma loucura do velamento”.

A servidão voluntária e a pergunta pela mulher no século XXI, Eric Laurent*(Clique na frase para ler o texto)

As burkas de Clérambault ou mais além da nudez da rainhaMárcia Rosa (AMP/EBP)

Entre as muitas imagens que circulam na Web, recentemente uma me deteve a atenção: uma mulher desnuda, de costas para quem a vê, sentada no divã de Freud. A imagem provoca pela dimensão estética (prazer escópico) que propõe ao seu espectador, mas também, e principalmente, pela concepção de trata-mento psicanalítico que transmite: a psicanálise como um trabalho de desnudamento total, provavelmente sustentado na promessa inicial de se dizer toda a verdade, nada mais do que a verdade! Diante disso, uma questão: seria essa a visada do trabalho analítico, a constatação de que o rei, ou melhor, a rainha estaria nua?

Obviamente, o enunciado jurídico da regra fundamental (“diga toda a verdade!”), desconsidera que se trata de “dizer qualquer coisa”; Lacan já nos advertiu de que a tentativa de dizer toda a verdade não en-contra outra coisa senão o campo do gozo! A verdade é irmã do gozo, observou, não sem malícia, ao lem-brar o suposto affaire entre Freud e a irmã de sua mulher, sua cunhada. Assim, a esposa Marta estaria para a verdade, castração, tal como a cunhada, Mirna, está para o gozo. Entre saber e gozo, saber e verdade o parentesco se faz exatamente pela impossibilidade! Desse modo, a psicanálise dá ao desnudamento total o estatuto de uma fantasia e distancia-se de qualquer absoluto na medida em que não dispensa os semblantes. Verdade e mulher não são senão entre-vistas através ou atrás de seus véus! No entanto, existem semblan-tes sombrios, existem revestimentos que filtram muito pouca luz. Tal é o caso das Burkas fotografadas por Gaëtian Clérambault, o mestre de Lacan em Psiquiatria.

Gaëtan Gatian de Clérambault é evocado com frequência a propósito das suas formulações sobre a erotomania, uma posição em geral delirante na qual o sujeito acredita que uma outra, de status social ele-vado, está enamorada dele. No entanto, cabe lembrar que o psiquiatra francês também se interessou pelas vestimentas femininas, as Burkas, fotografando-as amplamente, principalmente no Marrocos. Diante das Burkas de Clérambault há quem diga que ele queria mostrar que, ao esmagar as suas almas e os seus corpos em uma repressão tão intensa, essas mulheres já estavam mortas, eram ghosts. Será? (http://infinitesimal-quantity.blogspot.com.br/2011/11/veil.htm Acesso: maio 2012).

Ao apresentar o livro Automatismo Mental: Paranóia (Paidós, 2004), o seu editor, Juan Carlos Stagna-

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ro, observa, a propósito do Anexo no qual inclui parte da obra fotográfica sobre as Burkas, que o olhar, estruturan-te da clínica clerambaultiana, vai do paroxismo ao trági-co: desde a busca esquadrinhadora do menor gesto que fosse revelador durante uma entrevista até a interpreta-ção da mensagem de uma dobra das vestimentas, tudo é registrado por ele com minúcia e paixão. Essa paixão (de-sejo ou fantasia?) terminará tragicamente quando, aos 62 anos, Clérambault, diante de um espelho, coloca fim ao sofrimento, gerado pelo fracasso de uma operação de catarata, com um tiro de pistola. A sombra do objeto, de um olhar enevoado ou sombrio, ter-lhe-ia caído sobre o eu?

Assim, mais além da questão fálica, trazida pelo desnudar ou revestir, a pulsão escópica e o objeto olhar não apenas enquadram como dominam a cena!

Fotografias enviadas pela autora:As Burkas de Clérambault

http://2.bp.blogspot.com/9TYetxMwVdY/TrJlC6gC5DI/AAAAAAAAAQ8/ZcyEucuIRJ4/s1600/catalogue_clerambault+p.jpghttp://4.bp.blogspot.com/6L8Nxgajl1o/TrJlCmapg3I/AAAAAAAAAQw/FzDrQiRwlkY/s1600/clerambault+larga+006+p.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-cY1Z6-ZCI_4/TrJk24RvsqI/AAAAAAAAAQA/IVR6Ww8PVaQ/s1600/clerambault108_draps.jpghttp://4.bp.blogspot.com/-cqwFvaKsMas/TrJk3H8TgUI/AAAAAAAAAQI/O9HJ2SzpAK4/s1600/clerambault+larga+002+p.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-AMksaQGL1eI/TrJk33zji8I/AAAAAAAAAQk/tTAd4adv16o/s1600/clerambault+larga+004+p.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-IwNB7RqV_5A/TrJk3ReZ27I/AAAAAAAAAQY/igsVEVbdmos/s1600/clerambault+larga+003+p.jpghttp://3.bp.blogspot.com/-cY1Z6-ZCI_4/TrJk24RvsqI/AAAAAAAAAQA/IVR6Ww8PVaQ/s1600/clerambault108_draps.jpghttp://2.bp.blogspot.com/-BQceSJeBNdY/TrJkVP2RAkI/AAAAAAAAAO4/ITLs3OkvnKw/s1600/Clerambault+%282%29+p.jpghttp://4.bp.blogspot.com/-U6v16UtvP20/TrJkVjpJTEI/AAAAAAAAAPQ/nyG0_VX2gqY/s1600/clerambault2.jpg

A MULHER, O VÉU ISLÂMICO E O SEMBLANTEEllie Ragland (AMP/NLS)

Miller diz que um dos desejos da mãe é que os homens sejam feminizados. O próprio véu nega esse direito ao homem, ao mesmo tempo em que afirma sua ausência nas mães. Mas a inovação de Lacan aqui é dizer que a verdadeira natureza do falo é velada. É abordável na psicose e na homossexualidade masculi-na. Enquanto o homossexual masculino renuncia à sua identificação com a mãe ou o pai (Miller, 27 de maio de 1992), o homossexual feminino se identifica com a mulher como Outra. Ressoa, nas relações heteros-sexuais, a questão da complexidade da mulher como sintoma do homem. O véu, eu diria, é uma tentativa desesperada de fazer A MULHER existir. Se se olha a máscara fálica do véu em termos das estruturas do desejo como elaborado por Lacan – as psicoses, a perversão, a mascarada, as neuroses – a máscara pode ser removida na psicose porque o psicótico faz Um com a mulher que foi sua mãe. Ele é a máscara, o semblante do ser como mulher. Na perversão, o objetivo é remover a máscara e fazer do sexo um equivalente do gozo primordial (Miller, junho de 2009). Aqui há também um vínculo entre imagem e significante, o falo servindo de semblante a ser articulado na ordem simbólica. Na mascarada da normatividade, o véu é o que quer que esteja na moda, preenche a falta-a-ser. Na verdade, na mascarada o véu cobre, e parece, inversamente, ser uma negação da père-version da sexualidade. Entretanto, há o falo e seu gozo. Tradução: Roberto Dias (IPB-Bahia)

AS MULHERES: O USO DO VÉU E A EXCISÃO NO ISLÃRachel Amin (AMP/EBP)

“(...) Dizei às mulheres crentes que recatem seus olhares, Conservem seus pudores e não mostrem seus ornamentos,

Além dos que aparecem; que cubram o peito com seus véus (...) “. Corão - Surata da Luz

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Leia especialmente:

Revista Estudos Lacanianos, Ano I, n.º 2, Agosto-Dezembro 2008 - ISSN 1983-0769, Publicação do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com a Livraria e Edito-ra Scriptum, Belo Horizonte, Minas Gerais. HADDAD MARQUES MASSARA, Izabel. Sobre mulheres e tecidos (apresentação à Paixão erótica pelos tecidos na mulher de Clérambault)http://www.fafich.ufmg.br/estudoslacanianos/pdf/art02_n01_Izabel.pdfCLÉRAMBAULT, Gaëtan Gatian de. Paixão erótica pelos tecidos na mulher (1908) Tradução: Izabel Haddad Marques Massara.http://www.fafich.ufmg.br/estudoslacanianos/pdf/art02_n02_Clerambault.pdf

Vídeos

Burka Boogie Woogie por Sietske Tjallingii http://vimeo.com/12038901

Behind The Burka por Olivia Abtahihttp://vimeo.com/30332777

LIVROS Claudia Murta. Feminilidades. Curitiba: CRV, 2012.

Esse trabalho diz respeito ao tema da Feminilidade abordado em sua multiplicidade, Feminilidades, palavra que se insurge para tocar o tema no campo do múltiplo, pois a feminilidade abordada pela via do múltiplo permite que o gozo feminino seja contado por um.

A proposta é recriar as condições de emergência da formulação laca-niana da sexuação. Nesse contexto, buscamos as referências de Lacan ao discurso filosófico e científico. Desse modo, parte deste trabalho tem por base uma questão sobre a inserção da noção de pensamento formal em Lacan.

O efeito disso leva a percorrer o ponto de articulação entre o discurso analítico e o discurso filosófico até que seus limites sejam desenhados. Além da referência lacaniana à filosofia, abordamos o domínio das suas referências à lógica e à matemática.

A lógica de Aristóteles, seus progressos, assim como a ligação entre a lógica e a matemática formam as bases da construção e do encaminha-mento da lógica lacaniana. Nesse ponto, a questão da aproximação e do distanciamento da proposta lacaniana em face de tais disciplinas, dirige nosso estudo.

A noção de matema em psicanálise, originária dessas referências, é um alicerce na elaboração lacaniana da lógica da sexuação. Seguimos as considerações de Lacan sobre os matemas colocando em relevo sua ca-racterística fundamental: assegurar a transmissão da psicanálise.

Além disso, recorremos ao mito cada vez que chegamos aos limites dos outros modos de discurso. Desse modo, o mito faz circular a palavra entre os limites do indizível, lá onde as referências ao discurso filosófico e ao discurso científico não se recobrem.

Seguindo esta perspectiva, buscamos nos aproximar da elaboração lacaniana da noção de “ser sexuado”. Para tanto, concentramos parte de nossas pesquisas sobre a noção de Outro e de suas implicações com as noções de Um e de Ser. 

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Atividades PreparatóriasVII Jornada EBPSC, dias 09 e 10 de novembro 2012.“UM MUNDO MAIS FEMININO. QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS PARA A CLÍNICA PSI-CANALÍTICA?convidada internacional: Silvia Salman (EOL/AMP) – AE.

XIX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, dias 23 e 24 de novembro“MULHERES DE HOJE, FIGURAS DO FEMININO NO DISCURSO ANALÍTICO

17/08, às 19h00: Comentário do filme “Sonata de outono”, de Igmar Bergman, na Associação do Badesc.Debatedoras: Cleudes Slongo Denise WendhausenResponsável: Soraya Valerim 22/08 (início), 19h00 às 20h30Curso Histeria e Feminino - sede da EBP-SC - sala 901Ministrante: Laureci Nunesaulas quinzenais, agosto a outubro - Inscrições abertas 23/08, às 20h00Mesa redonda sobre comentários de três textos do livro editado pela EBP, “O feminino que acontece no corpo”.Coordenação: Oscar Reymundo e Soraya Valerim 25/08, às 10h00Mesa redonda, na sede da EBP-SC- As mulheres e o feminino - por Adriana Limas- O feminino e o contemporâneo - por Jussara Jovita da Rosa- A devastação na relação mãe-filha - por Denise Wendhausen- “Nome próprio”: Camila, a devastada - por Tatiane Fuggi- Verdadeiras loucas! - por Daphne Fayad- Mal-ditas mulheres - por Cleudes SlongoCoordenação: Núcleo de investigação da clínica do feminino 14/09. às 19h00 - Filme “ As Horas”, exibição e debate - Associação Cultural Badescpor Laureci Nunes e Flávia Cera (doutora em literatura)Responsável: Soraya Valerim 19/09, às 20h00. Mesa redonda sobre comentários de três textos do livro editado pela EBP, “O feminino que acontece no corpo”. Coordenação: Oscar Reymundo e Soraya Valerim 08/11, às 19h00. Atividade pré-jornada: Colóquio-seminário com a participação de Silvia SalmanTítulo: O feminino e o amorLocal: Barca do Livros – LICCoordenação: Núcleo de investigação da clínica do feminino Informações /inscrições: (48) 3222-2962 – www.ebpsc.com.br/http://www.ebpsc.com.br/wordpress/wp-content/uploads/boletim1.pdf

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Farmacologia e Psicanálise: uma interlocução Rosane da Fonte (EBP/AMP)

A SEÇÃO PE, no espaço reservado à preparação do XIX Encontro Brasileiro, recebeu Mario Sette, Doutor em Farmacologia, que realizou uma palestra sobre o tema: SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS AO LONGO DA HISTÓ-RIA E NA SOCIEDADE ATUAL. Repertoriou as propriedades farmacológicas dos psicofármacos (drogas) e dos mecanismos envolvidos no seu uso abusivo, e nas abstinências.

Ele deu destaque às modificações bioquímicas neuronais que estabelecem uma sensação excessiva de prazer, ilustrando com casos de afogamento e enforcamento, em que a falta de oxigênio nos tecidos neuro-nais produz a liberação de substâncias neurotransmissoras que determinam um excedente de prazer, diante do qual o sujeito, num primeiro momento, se apavora e, em seguida, cede radicalmente ao “mais além do prazer” como dizia Freud.

Traçando uma aproximação com o tema pelo viés psicanalítico, recortou-se da apresentação o excesso de prazer no corpo atribuído ao funcionamento cerebral, estabelecendo-se uma articulação com a noção de gozo, especificamente do gozo feminino, que, na sua dimensão ilimitada, se declina muitas vezes para o infinito. Nessa vertente situamos as toxicomanias, o uso abusivo das drogas e seus efeitos devastadores que atravessam o sujeito.

Em seguida, a palavra foi dirigida aos participantes, destacando-se uma pontuação trazida por Mario: “o homem desde sempre fez uso das drogas”, o que já sinaliza a presença do pulsional. Não há compulsão que não envolva o “a mais”, o gozo.

As discussões privilegiaram: • A presença no século XXI dos discursos prevalentes, o discurso da ciência e o discurso do capitalismo

em que a toxicomania se coloca como sintoma paradigmático; de um lado, é um efeito da oferta do mercado, e do outro, um efeito do avanço no saber científico, instrumentalizando de forma iatrogêni-ca o excesso e produzindo o gozo.

• A prevalência da dimensão autista na toxicomania caracterizando um antiamor – gozo solitário – efei-to das precariedades dos laços sociais em nossa época.

A clínica psicanalítica nos deixa como legado a constatação de que a função que as drogas adquirem para cada sujeito só pode ser produzida no singular de cada caso; são saídas para o mal-estar na civilização, utili-zadas em todas as culturas desde os primórdios da história como nos referiu Mario Sette.

Resenha da Atividade Preparatória na EBP - São Paulo, em 16.06.2012Maria Célia Reinaldo Kato (EBP-AMP)

“Os homens são de Marte, as mulheres são da Bahia” é assim que Marcelo Veras inicia sua conferência “Novas sinalizações do empuxo-à-mulher” durante a Jornada de Cartéis da EBP - SP enquanto atividade preparatória para o XIX Encontro Brasileiro. Seguindo o caminho percorrido por Lacan, verifica que este con-ceito é citado somente em “O aturdito”. Lacan, ao fazer uma leitura da primeira clínica a partir da segunda, constata que tudo já estava colocado no esquema L, sendo o conceito de empuxo-à-mulher o que permitiu a Marcelo fazer a leitura deste esquema a partir do qual faz sua elaboração.

Para pensar as alterações na relação homem-mulher no contemporâneo, utiliza da problematização feita por Lacan do conceito de alteridade, situando todas as suas formas que foram se alterando ao longo de sua obra.

Fazendo um percurso pela topologia do objeto a, marca que o mundo não é mais norteado pela castra-ção, mas pelo objeto a promovido ao zênite. Utiliza-se dos clipes de Madona, marcados por uma erótica, e de Lady Gaga, acentuando a inexistência do revestimento fálico para mostrar que esta nova orientação traz mudanças no que é ser mulher para um homem no século XXI.

Adverte-nos de que o tema do Encontro pode colocar armadilhas, apontando a questão se o feminino pode ser figurado ou representado. Deixa-nos outra, já colocada, para orientar nossos trabalhos: “até que ponto há um declínio do viril ou o que há é certa separação do recobrimento fálico do objeto?”.

Até Salvador!

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Comissão financeiraPrezados,Comunicamos novos valores de inscrições promocionais para o XIX Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, até 30 de outubro 2012.

VALORES DE INSCRIÇÕES:R$ 270,00 para profissionais da rede pública, estudantes de graduação e pós-graduação (até 26 anos) e alunos dos Institutos do Campo Freudiano, e R$ 380,00 para Membros e Aderentes da EBP, participantes e profissionais. Salientamos que a partir de 1º de novembro os valores passarão respectivamente para R$ 290,00 e R$400,00. Informamos-lhes passo a passo, como você pode participar:

1.DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE Banco –237- Bradesco | Agência– 3072 | Contacorrente – 79.541-0Após efetuar o depósito, enviar o comprovante com o nome completo do inscrito, telefone, e-mail e cópia do documento que justifique o desconto.Opções de envio: Fax: 71 3235-9020e 713235-0080e-mails: [email protected] [email protected] 2. INSCRIÇÕES NAS SEÇÕES E DELEGAÇÕESDirija-se à secretaria e efetue sua inscrição.O pagamento poderá ser parcelado com cheques pré-datados, sendo que o último vencimento deverá ser até 30 de outubro de 2012. 3. INSCRIÇÕES PARA OS QUE ESTÃO NO EXTERIOREnviar e-mail para Pablo.Pablo Sauce ([email protected]) 4. PAGSEGURO- Entrar no site - http://www.mulheresdehoje.com.br,e ver as opções para pagamentos. EVENTOS PARALELOS CEREDA: 3º ENCONTRO DOS NÚCLEOS DA NOVA REDE CEREDATEMA: ANGÚSTIA E SEUS EFEITOS NA CRIANÇAData: 22 de novembro de 2012Horário: 8:30h às 15:00hValor: R$ 30,00Conferencista: Cristina Drummond (Diretora da EBP)Depoimento de Passe: Ana Lydia Santiago (AE da Escola Uma)Informações: Cristina Vidigal - [email protected]átima Sarmento - [email protected]

CIEN: III MANHÃ DE TRABALHO DO CIEN NO BRASILTEMA: FURANDO ETIQUETASData: 25 de novembro de 2012Horário: 9: 00h às 13: 00hValor: R$ 30,00Convidado internacional: Éric Laurent

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Participação especial: Ana Lydia Santiago (AE)Os inscritos no CEREDA e CIEN podem participar da Conversação sobre Autismo, gratuitamente; porém pre-cisam se escrever nesta conversação. Vagas limitadas! CONVERSAÇÃO SOBRE AUTISMOTEMA: O AUTISMO HOJE E SEUS MAL-ENTENDIDOSData: 25 de novembro de 2012Horário: 15:00h às18:00hValor: R$20,00Coordenadora da Comissão: Paula Borsoi ([email protected])Conferencista: Éric Laurent LOCAL: HOTEL PESTANAINSCRIÇÕES: EBP. BAHIASandra ou Claudia Bandeira, tel. (71) 3235-9020.Depósito em conta corrente: Banco Bradesco, 237 | Agência: 3072-4 | Conta corrente: 75.599-0Favor enviar e-mail do depósito para [email protected] ou fax (71) 3235-9020, contendo no corpo, o telefone, e-mail do participante, para que possamos confirmar a inscrições.Contamos com a presença de todos em Salvador, e desejamos-lhes um excelente encontro.

Atenciosamente,

Pablo SauceTesoureiroXIX-EBCF

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Resenha da Conversação Clínica da UFORCA:“À escuta dos autistas” Paris, 30 de junho de 2012

A conversação se dividiu em duas partes: na primeira, o debate girou em torno de textos teóricos; na segunda, em torno de casos clínicos.

Do debate dos textos teóricos foram extraídas questões sobre a direção a to-mar na clínica do autismo, marcada por uma demasia de gozo, e, segundo Di Ciaccia, pela premissa de que o autista sofre da linguagem. Os conceitos de su-jeito, falasser, gozo e pulsão no autismo foram discutidos. A função da estereoti-pia e o “objeto-mestre”, que organizaria o mundo do autista, também foram in-vestigados, assim como a clínica do au-tismo contraposta à da psicose.

A partir dos casos clínicos, foi possí-vel situar algumas questões colocadas na primeira parte do evento, agora em conversação com a prática e com o es-tilo de condução dos analistas ao trata-mento do sofrimento linguageiro do au-tista, na tentativa de introdução de uma dialetização do significante.

A conversação contou com a aposta na delicadeza com que cada analista – com sua “modalidade de presença” úni-ca a partir de como habita o discurso analítico – pode conduzir um trabalho que propicie ao autista uma participa-ção na comunidade humana de manei-ra singular. Pois, mesmo quando não há nada, ainda há, com frequência, um achado (trouvaille) a encontrar.

Patrick Almeida, Luciana Castilho e Tatiana Grova (respectivamente, doutorandos e mestranda na Uni-versidade de Paris VIII)

Linhas de Investigação Bibliografia Filmografia

ExpedienteTânia Abreu (Editora) Email: [email protected] Bruno Senna (Layout e editoração)

Elisa Monteiro (revisora) Editora Comissão Científica Ajusta Foco e ResenhasMarcela Antelo

Salvador, 21 de agosto de 2012