os subterrâneos da liberdade um canto de louvor à dignidade humana osmar casagrande

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Subterrneos da liberdade

Os Subterrneos da LiberdadeUm canto de louvor dignidade humanaOsmar CasagrandeA trilogiaOs Subterrneos da Liberdade o nome da trilogia composta pelos livros Os speros tempos, Agonia da noite e A luz no tnel, autoria de Jorge AmadoJorge AmadoO homem o homem e sua circunstncia Jos Ortega y Gasset

o homem

jorge amadoJorge Amadoo homem

Baiano Humanista Socialista Advogado Comunista Escritor

Nasceu na fazenda Auricdia, a 10 de agosto de 1912, municpio de Ferradas, Itabuna, BA. Antes de completar 1 ano, a famlia muda-se para Ilhus.5Baiano

Ao falar sobre o romance Mar Morto, em entrevista no ano de 1988, Jorge Amado declara:(...) o romance a que me sinto intimamente ligado. O que recorri quinhentas vezes com os mestres de saveiro, meus amigos; at hoje tem mestres de saveiro, meus amigos, que esto vivos!Recorri todo o Recncavo... a vida do povo baiano, a vida do povo dos candombls, a vida das festinhas de ruas, isso tudo conheo como as palmas de minhas mos. A velha Bahia, conheo como as palmas de minhas mos. tudo o que aprendi e toda a minha obra e est a, no saiu da, tudo o que sei aprendi e trago dentro de mim. E ainda hoje, apesar de tantos anos, apesar das mudanas todas que existiram da vida baiana, nas cidades e tudo isso, ainda a minha ligao extremamente ntima com o povo da Bahia tanto quanto as peas que tenho l, sejam nas nacionais ou estrangeiras que l esto.

Entrevista realizada em 19886HumanistaToda a obra de Jorge Amado revela esse profundo senso de humanismo, considerando o ser humano acima das classificaes, dos interesses monetrios, da submisso do ser aos entes, quaisquer que sejam, das fbricas aos estados nacionais, sem apartar-se do humano sentimento.Socialista(...) Porque a humanidade marcha pra diante. O socialismo fatal. O socialismo no depende de voc, nem de mim, nem de ningum. O socialismo a marcha inexorvel da humanidade que marcha pra frente. Agora, para se chegar ao socialismo verdadeiro, que o indivduo, a sua individualidade no chega a ser esmagada, dizendo-se que em funo do coletivo, na realidade, sendo em funo dos donos do poder... a, ns vamos andar muito caminho, no tenho a menor esperana de ver, e nem sei se os meus netos vero isso, compreende? Agora, temos que lutar por isso. Porque a nossa luta caminha para isso. S a luta mesquinha, daqueles que querem o poder imediato, que lutam para se obter alguma coisa imediatamente, que v. A luta real e verdadeira aquela que se faz no desejo de se obter aquilo que um dia ser realidade.

Entrevista 1988.8AdvogadoFormao acadmica. Nunca exerceu.ComunistaAtravs de Raquel de Queiroz aproxima-se dos comunistas no ano de 1932, estudante de Direito, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano publica seu primeiro romance, O pas do Carnaval. Sua circunstncia de ento, emoldurada pela beleza do Rio de Janeiro, a amizade com Jos Amrico de Almeida, Amando Fontes, Rachel de Queiroz e Gilberto Freyre.ComunistaEm 1935 escreve no jornal A Manh, veculo da Aliana Libertadora Nacional. Em 1936 sofre sua primeira priso, acusado de ter participado, em novembro do ano anterior do levante ocorrido em Natal, nomeado de Intentona Comunista.Em 1937 viaja pela Amrica latina e Estados Unidos. Ao voltar ao Brasil preso. Seus livros, considerados subversivos, so queimados em Salvador, por determinao da Sexta Regio Militar. Em suas atas consta que foram incinerados 1.694 exemplares das obras O pas do carnaval, Cacau, Suor, Jubiab, Mar Morto e Capites da areia.ComunistaAo ser liberto, em 1938, lana-se em intensa atividade poltica em decorrncia da tortura de presos e a desarticulao do Partido Comunista.Engajado na luta poltica inicia, em 1941, os trabalhos que traro como fruto um livro sobre Lus Carlos Prestes e, efetivamente o publica, primeiramente em Buenos Aires, no ano de 1942, em espanhol. O livro vendido clandestinamente no Brasil e visa reforar uma campanha pela anistia de Prestes, que est preso e incomunicvel.Comunista novamente preso em 1945 por ter participado, como chefe da delegao baiana, do I Congresso de Escritores, que ocorreu em So Paulo e que terminou em manifestao contra o Estado Novo.Torna-se secretrio do Instituto Cultural Brasil-URSS. Tambm nesse ano lana no Brasil o livro que havia lanado em Buenos Aires, agora com o nome O cavaleiro da esperana. eleito deputado federal, pelo Partido Comunista, com 15.315 votos e, no ano seguinte assume o mandato, para perd-lo em 1948, cassado, juntamente com o cancelamento de registro do partido.ComunistaJaneiro de 1948. Sem perspectiva poltica possvel, sai do Brasil e vai viver em Paris. Em fevereiro do mesmo ano agentes federais invadem sua casa no Rio de Janeiro e apreendem livros, fotos, documentos.Nesse perodo viaja pela Europa e pela Unio Sovitica. expulso da Frana, em 1950, mais uma vez por motivos polticos. Recebe, em Moscou, o Prmio Internacional Stalin, espcie de Nobel da literatura no universo sovitico.1952. Visita a China e a Monglia. Com a aprovao da lei anticomunista nos EUA, fica proibido de entrar naquele pas. Seus livros tambm so vetados por l.1956. Deixa o Partido Comunista. A razo: queria voltar a escrever.

ComunistaA respeito de seu rompimento com a militncia no Partido Comunista, vai declarar mais tarde:Eu sempre fui, durante muitos e muitos anos, fui militante comunista (...) depois deixei de ser (...) vinha lutando com a direo do partido h trs anos para que me liberassem , para voltar a ser escritor, depois de ter escrito Os Subterrneos da Liberdade, passei anos e anos sem escrever nada e, no tendo conseguido, deixei de ser militante, sem ter me tornado inimigo do Partido Comunista. Eu tenho pelo Partido Comunista uma grande estima, acho que l dentro esto os homens mais generosos, homens que se batem pela solidariedade (...) e tenho grande admirao por eles, e tive entre eles, e tenho ainda, amigos admirveis.Entrevista concedida em 1988. http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm PenAzul Literatura & Arte15EscritorO vrus da escrita foi inoculado cedo no menino Jorge Amado de Faria. Nascido em 1912, j em 1922 criou um jornalzinho, A Luneta, que distribua a vizinhos e parentes. Depois, no Colgio Ipiranga, dirige o jornal A Ptria, para logo fundar A Folha, em oposio ao primeiro.Em 1927, com15 anos, emprega-se como reprter no Dirio da Bahia, para logo transferir-se para O Imparcial. Tem o poema Poema ou prosa publicado na revista A Luva.Passa a integrar o grupo literrio Academia dos Rebeldes, que publica seus trabalhos nas revistas Meridiano e O Momento.Escritor1929. Publica em O JORNAL, onde trabalha, a novela Lenita, escrita em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro, todos utilizando pseudnimos.1930.Muda-se para o Rio de Janeiro. Ali conhece Vinicius de Moraes, Otvio de Faria e outros nomes de destaque na literatura. Edita, em livro, a novela Lenita.1931. Estudante de Direito no Rio, lana seu primeiro romance, O pas do carnaval, edio de 1.000 exemplares. O sucesso faz com que se lance nova edio, no mesmo ano, dessa vez com tiragem de 2.000 exemplares.1933. Publica Cacau. O livro tem a edio esgotada em um ms. Sai a segunda edio, de 3.000 exemplares.EscritorSua posio se consolida rapidamente nas rodas literrias e cresce seu crculo de amigos escritores e artistas outros. Em 1933 torna-se redator chefe da revista Rio Magazine. Nesse ano casa-se com Matilde Garcia Rosa. Juntos, lanam o livro infantil Descoberta do mundo.1934. Lana Suor. Nesse tempo j est trabalhando na Livraria Jos Olmpio Editora, escrevendo releases e depois editoriais.1935. Cacau publicado em Buenos Aires, enquanto em Moscou, alm de Cacau, editado tambm Suor. Lana no Brasil o romance Jubiab.Escritor1936. Publica Mar Morto, que recebe o prmio Graa Aranha, da Academia Brasileira de Letras.1937. Lana, no Brasil Capites da areia. O teor dos livros uma afronta ao status quo do Brasil de ento.1938. Suor editado em ingls, em Nova Iorque e Jubiab, em francs, Paris. No Brasil, lana pequena tiragem de A estrada do Mar, livro de poemas, o qual distribui aos amigos.1939. Redator chefe das revistas Dom Casmurro e DiretrizesEscritor1941. Lana ABC de Castro Alves.1942. Publica, em Buenos Aires, no idioma espanhol, A vida de Lus Carlos Prestes.1943. Lana Terras do sem fim, primeiro livro a ser vendido livremente , aps seis anos de censura.1944. Publica So Jorge dos Ilhus. Escreve a pea O amor de Castro Alves. Termina, nesse ano, seu casamento com Matilde.1945. Lana, no Brasil, A vida de Lus Carlos Prestes, batizado com o ttulo de O Cavaleiro da Esperana. Em Nova Iorque lanado Terras do sem fim. Passa a viver com Zlia Gattai.

Escritor1946. Lana Seara Vermelha.1947. Publica O amor de Castro Alves. Abre-se a perspectiva do cinema. A Atlntida compra os direitos autorais de Terras do sem fim, que ser lanado como Terras violentas, em 1948. Jorge Amado escreve dilogos e argumentos para filmes.1948. Lana O gato malhado e a andorinha Sinh, estria infantil.1950. Escreve O mundo da paz, sobre os pases socialistas.1951. Escreve, em Dobris, Tchecoslovquia, a trilogia Subterrneos da Liberdade. lanado, no Brasil, O mundo da paz, que leva Jorge a ser processado e enquadrado na Lei de Segurana Nacional.

Os Subterrneos da LiberdadeEsse instante literrio de Jorge Amado quebra de paradigma em sua produo. aqui que sua viso de escritor desfoca das cidades da Bahia, dos tipos da Bahia, do mar da Bahia. O Brasil passa a ser seu foco, sua vila de pescadores (de almas) e de pecadores (da dignidade humana). O coronel, nessa sociedade, apenas um bronco, representante de um sistema ainda feudal, que busca adaptar-se em um universo onde as potncias jogam seu xadrez mundial, na disputa pelo poder.As foras que se posicionam no tabuleiro so todas radicais: radicais de direita, radicais de esquerda, radicais de centro. O objetivo tornar-se a potncia regente do poder mundial.

Os Subterrneos da Liberdade

OS SPEROS TEMPOSOs Subterrneos da LiberdadePrimeiro livro da trilogia, Os speros Tempos mostra a instalao do Estado Novo e a arquitetura de poder que o possibilita, na aliana com a burguesia que , em verdade, a avalista do processo.

OS SPEROS TEMPOSOs Subterrneos da LiberdadeA maestria de Jorge Amado consegue colocar em foco cada um dos grupamentos sociais que se enfrentam, traando seus representantes como personagens visceralmente ligados sua posio ideolgica.

OS SPEROS TEMPOSOs Subterrneos da LiberdadeO centro de decises polticas no o Palcio do Governo, e sim a casa do banqueiro Costa Vale que, com suas festas, representaes, alianas e conluios com os decadentes resqucios da nobreza e outras foras capitalistas, polticas e de poder blico traa os caminhos do desenvolvimento dos negcios pintados de verde e amarelo, numa nacionalizao de fachada. O presidente da Repblica aparece to somente como executivo desse planejamento.

OS SPEROS TEMPOSOs Subterrneos da LiberdadeDe outro lado, h a contraposio poltica personificada no Partido Comunista que se mostra na figura de idealistas os quais, atravs de um foco de guerrilha camponesa ao sul da Bahia, buscam implantar no campo uma reao usurpao das terras indgenas, enquanto nos centros urbanos operrios se empenham em construir clulas da organizao partidria. nesse clima que se d a instaurao do Estado Novo, um golpe que tem como justificativa o perigo do domnio comunista.

OS SPEROS TEMPOSOs Subterrneos da LiberdadeTambm as foras de direita (Armando Sales de Oliveira e Jos Amrico de Almeida) que disputariam o poder no Brasil, atravs da eleio presidencial que breve ocorreria, so colocadas margem do processo, j que todos os partidos polticos tm o registro cassado e o Congresso Nacional dissolvido.Getlio Vargas o brao armado que a tudo controla, enquanto no exterior tanto a Alemanha Nazista quanto os EUA buscam influenciar o governo brasileiro e os negcios, buscando consolidar posies na geopoltica de poder.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeSegundo volume da trilogia, Agonia da noite mostra as primeiras reaes violentas do governo Vargas e o aprofundamento da crise institucional, onde as foras de direita, preteridas (notadamente os armandistas e integralistas), buscam associao para um golpe de estado, enquanto uma camada ascende socialmente, atravs das negociatas em associaes com os novos donos do poder.As tintas com que Jorge Amado pinta as cores dos acontecimentos no exterior, tornam-se mais fortes, carregadas das sombras ideolgicas.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeA Alemanha nazista est em plena ascenso, enquanto Franco avana na Espanha, apoiado nas foras nazistas, rumo tomada do poder.Tem-se claramente o quadro da disputa mundial e a armao da Segunda Guerra Mundial.No plano interno, o governo Vargas negaceia e negocia com os integralistas, representantes do nazismo alemo que quer firmar uma base na Amrica, ao mesmo tempo em que acena para os americanos que buscam estender seu poder hegemnico nas Amricas.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeContudo, a Unio Sovitica tambm quer estender sua influncia e o faz atravs da ideologia comunista, contando com o trabalho do operariado. nesse clima que os estivadores negam-se a embarcar, em navio nazista, uma carga enorme de caf destinado ao general Franco. o modo que tm de no colaborar com os fascistas.A ao da polcia poltica junto ao sindicato, fazendo presso para que se fizesse o carregamento do navio, acaba levando o setor ao estado de greve. um confronto direto com o governo ditatorial do Estado Novo.

31AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeJorge Amado, contudo, vai temperando a construo da situao poltica com a construo do perfil ideolgico e afetivo dos personagens, mostrando a simplicidade e pureza dos humildes, dos operrios, e a sordidez e leviandade dos ricos e poderosos, delineando fortes traos culturais que perfazem a realidade das diversas camadas da populao, que, ao mesmo tempo, como um molde de ao social, vai definindo reao de cada uma dessas camadas situao to estranha quanto adversa de se viver sob a ditadura, salvo para um pequeno grupo que se locupleta nas negociaes que o poder possibilita.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeNesse clima se configura a luta surda contra o regime, desenvolvida nos subterrneos sociais, os subterrneos da liberdade.Enquanto os americanos jogam com o peso do poder de seu capital, a Alemanha joga com o poder blico que representa e a fora motora industrial, buscando a preferncia do regime ditatorial.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeOs partidrios do comunismo, por seu lado traam planos para instruir os camponeses que moram no meio da selva, em Mato Grosso, local de incidncia de mangans, alvo da cobia norte americana, que se apronta para, junto com o banqueiro Costa Vale, explorar aquelas riquezas, excluindo dali os caboclos, seus proprietrios naturais. O empreendimento apoiado pelo representante dos latifundirios, Venncio Florival.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeFazendo ponte entre as aes dos comunistas na cidade e no campo, Jorge Amado d uma ideia bastante precisa do modo de ao do partido, na doutrinao tanto de caboclos embrenhados na mata quanto de intelectuais e gente letrada.Mostra tambm o racha existente dentro do prprio Partido Comunista, expondo o trotskismo como um mal internalizado no partido, como um cncer capaz de mat-lo.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeO enfrentamento comunista ao Estado Novo, agudiza-se com a tentativa de barrar a constituio ditatorial.A truculncia do regime habilmente demonstrada por Jorge Amado em episdio no qual a negra Incia, grvida, atropelada pela cavalaria que investe contra o povo que conduzia o caixo do grevista morto pela polcia.

AGONIA DA NOITEOs Subterrneos da LiberdadeAssim construdo esse romance, de amor e dio, de lutas polticas e embates ideolgicos no qual o escritor vai construindo a grandeza da dignidade humana, dentre tantos atrocidades e tantos desmandos.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeApesar do ttulo, neste ltimo volume da trilogia que mostra-se por inteiro todo o horror do regime ditatorial.No plano internacional, a Alemanha nazista vai conquistando espao com uma convincente mquina de guerra; Franco bate as foras democrticas que, oriundas de todo o mundo, haviam se juntado para defender a Espanha. O nazi-fascismo parece impor-se como a nova realidade poltica no mundo.

Ver slide 638A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeA situao internacional reflete-se no Brasil, em uma surda disputa no campo dos negcios, onde os aproveitadores do momento enriquecem fazendo o jogo comercial entre a Alemanha e os EUA, no seu embate pelo domnio poltico e econmico. O ncleo de poder do capital, representado pelo banqueiro Costa Vale, em conluio com o latifundirio Venncio Florival implanta na selva a empresa de extrao do mangans e fazendas modelo com mo de obra japonesa, custa do sangue dos primitivos habitantes.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeJorge Amado mostra, nessa representao dos grandes negcios, onde as cifras so astronmicas, a infiltrao e paulatino domnio dos EUA na economia do Brasil, substituindo a Inglaterra, e vencendo aos poucos a disputa com a Alemanha. Deixa claro tambm as dicotomias do governo Vargas, oscilando entre o apoio aos EUA e Alemanha nazista.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeTambm as relaes de amor e de dio recrudescem. As personagens que fazem o mundo dos ricos, os intelectuais e jornalistas afinados com o regime mostram sua carga de virulncia aps a tentativa frustrada das foras da direita (partidrios de Armando Sales e integralistas de Plnio Salgado) de golpe e derrubada do governo Vargas. Nessa camada da populao, o amor efmero e reduz-se satisfao dos sentidos. O grande prazer exercer o poder e, para tanto, tudo o mais, inclusive as pessoas, utilizado como moeda.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeOs capitalistas elegem para a polcia de Vargas, uma misso primordial: acabar com o comunismo internamente, quebrar o PC, desmantelar a organizao operria, enquanto tm esperanas de que no plano global a Alemanha invada a Unio Sovitica e acabe com o comunismo internacional.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeNessa perspectiva, o quadro pintado pelo escritor ttrico, ilustrado fartamente pelas sesses de tortura a que a polcia submete dirigentes comunistas e simples operrios; homens, mulheres e mesmo crianas de colo so torturados; as tcnicas de inteligncia e de tortura da polcia se aperfeioam, enquanto o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) amordaa a imprensa.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeTermina o livro e a obra mostrando a cena do julgamento de Lus Carlos Prestes, no dia 7 de novembro de 1940, quando Mariana, a herona operria, smbolo da persistncia da luta comunista no romance, ergue sua voz, sada Prestes e, com toda a dignidade, admirada pelo povo presente, encaminha-se para a priso, com a clara mensagem: a luta continua. Essa continuidade de luta a luz no tnel de trevas do Estado Novo.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeO regime ditatorial, nos moldes fascistas duraria ainda cinco anos, emoldurado num quadro de horror protagonizado pela Segunda Guerra Mundial.

A LUZ NO TNELOs Subterrneos da LiberdadeE aqui retomamos a linha do tempo na produo literria de Jorge Amado, que lana, em 1954, Os subterrneos da liberdade no Brasil, inaugurando com essa estrutura uma era de grandes romances, aps desligar-se do Partido Comunista, em 1955.

Escritor1956. Deixa o Partido Comunista, alegando deixei de militar politicamente porque esse engajamento estava me impedindo de ser escritor.1958. Escreve e lana, no ms de agosto, Gabriela, cravo e canela. A edio, de 20.000 exemplares se esgota em uma semana! At dezembro venderia mais de 50 mil exemplares. Em 1959 ultrapassaria a vendagem dos 100.000 exemplares.1959. Escreve, em 2 dias, a novela A morte e a morte de Quincas Berro Dgua e a lana na revista Senhor.

Escritor1961. Lana Os velhos marinheiros. Gabriela lanada na TV Tupi. A cia. Metro Goldwyin Mayer compra os direitos de adaptao para o cinema de Gabriela, Cravo e Canela.1962. Lana o romance policial O mistrio dos MMM, escrito em parceria com Viriato Corra, Guimares Rosa, Antnio Callado, Orgenes Lessa e Rachel de Queiroz.1964. Lana Os pastores da noite.1965. Publica o conto As mortes e o triunfo de Rosalinda. A Warner Brothers compra os direitos autorais para filmagem de A completa verdade sobreas discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Arago, capito de longo curso.Escritor1966. Lana Dona Flor e seus dois maridos, com tiragem de 75 mil exemplares. Na noite de lanamento atingiu os mil autgrafos e teve de fazer uma segunda noite para atender a todos os que no conseguiram entrar no evento, em Salvador.1969. Lana A tenda dos milagres, tambm com tiragem de 75 mil exemplares.1970. Recebe o prmio Juca Pato, como Intelectual do Ano. Lidera, com rico Verssimo, movimento contra a censura prvia dos livros. Estreia o filme Capites da areia, produo norte americana.Escritor1972. Lana Tereza Batista cansada de guerra.1976. Publica O gato malhado e a andorinha Sinha.1977. Lana, no Rio de janeiro o romance Tieta do Agreste.1979. Publica Farda fardo camisola de dormir.1981. Lana, em edio no comercial, O menino grapina.1984. Publica Tocaia grande, com tiragem de 150 mil exemplares. Lana a estria infantil A bola e o goleiro.1986. Lana O capeta Caryb.Escritor1992. Publica Navegao de cabotagem.1994. Publica A descoberta da Amrica pelos turcos.1995. Lana O compadre de Ogum1997. lanado O milagre dos pssaros.2001. 06 de agosto. Jorge Amado vira estrela no firmamento do Brasil e do mundo.Suas obras foram traduzidas em 48 idiomas (inclusive no Esperanto), fazendo sucesso em 52 pases.