os melhores do aço - abcem

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Edição 122 Outubro 2016 ISSN 1414-6517 Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM Construmetal 2016 Construção metálica realiza seu maior encontro na América Latina PPP/PPI Oportunidades oferecidas pelos novos modelos de desenvolvimento Roteiro do conhecimento O caminho das pedras para construir com aço Entrevista: Edson Kater Parceria afinada na terra do samba Os melhores do aço Conheça os projetos vencedores do Prêmio ABCEM 2016

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Edição 122 Outubro 2016 ISSN 1414-6517Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM

Construmetal2016Construção metálicarealiza seu maior encontro na América Latina

PPP/PPIOportunidades oferecidas pelos novos modelos de desenvolvimento

Roteiro do conhecimentoO caminho das pedras para construir com aço

Entrevista:Edson KaterParceria afinada na terra do samba

Os melhores do açoConheça os projetos vencedores do Prêmio ABCEM 2016

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2 | Construção Metálica | outubro 2016

03 Selo ABCEMA prioridade é a gestão

04 ConstrumetalRealizações e tendências da construção metálica

06 PPP / PPIModelo de crescimento

08 Entrevista: Edson KaterParceria afinada na terra do samba

10 Aço em EvidênciaPrêmio ABCEM: Os melhores do aço

14 Roteiro do conhecimentoO caminho das pedras para construir com aço

Conselho Diretor ABCEM: Presidente - César Bilibio(Medabil); Vice-Presidentes - Fúlvio Zajakoff (Bemo),Heloísa Pomaro (Micura Steel Frame), Marino Garofani(Brafer), Raul Quiroga (Incomisa), Ulysses BarbosaNunes (Armco Staco), Vinícius Rodrigues Morais Ju-nior (Gerdau); Conselheiros - Ademar de C. BarbosaFilho (Codeme), Alexandre Queiroz Schmidt (Brametal),Ascânio Merrighi (Usiminas), Bernardo Rath Garcia(Techsteel Eng.), Cassio Ferraz Sampaio Jr. (Sidertec),Christophe Schwarzberg (Marko), Edson de Miranda(Perfilor), Eduardo Moretti (Tuper), Eduardo Zanotti(Arcelormittal), Hildeu Dellaretti Jr (Vallourec), HorácioSteinmann (Metasa), Jesus Hernandez (Hispano), LuisClaudio Dagnese (Dagnese), Luiz Carlos CaggianoSantos (Brafer), Steffen Barke Nevermann (Danica-Zipco); Volmir Supptitz (Nova JVA), Weber Reis (CSN);Diretor Executivo - Ronaldo do Carmo Soares, [email protected]; Secretaria Geral - Av. Brig. FariaLima, 1931, 9º andar, Cj 91, 01452-001, São Paulo,SP, Fone/Fax: (11) 3816-6597, abcem@ abcem.org.br, www.abcem.org.br; Projeto Gráfico e diagra-mação - Hiro Okita; Foto capa - MDB Arquitetura.

A Revista Construção Metálica não se responsabiliza por opiniões apresen-tadas em artigos e trabalhos assinados. Reprodução permitida, desde queexpressamente autorizada pela ABCEM.

Esta edição de Construção Metálica circula em ummomento peculiar do País, em que o desejo de retoma-da do crescimento econômico é quase tão grandequanto as dúvidas sobre os obstáculos que temos pelafrente. Talvez por esse motivo vejamos com otimismo arealização de mais um Construmetal. Em sua sétimaedição, trata-se do principal evento da cadeia produti-va do aço na América Latina e palco para debater sobremercado, tecnologia, projetos, obras, tendências eoutros temas do setor.

Na medida do possível, Construção Metálica tentouespelhar alguns assuntos do congresso em seu editorial.Entre eles está o debate sobre as parcerias público-pri-vadas (PPP) e parcerias de investimentos (PPI), saídasindicadas para dotar o País de obras e serviços de quenecessita e, simultaneamente, alavancar a economiapelo fortalecimento da iniciativa privada. Outro tema éa parceria entre as próprias empresas privadas, embusca de maior racionalidade e eficiência nas obras, epara isso trouxemos o exemplo de um empreendimen-to de estrutura mista (concreto-aço) situado na eferves-cente região do Porto Maravilha (RJ). Seguindo o rotei-ro do congresso, apresentamos ainda os vencedores doPrêmio ABCEM 2016, criado em reconhecimento aosprojetos arquitetônicos cuja concepção é voltada parao uso do aço estrutural em diferentes formas, tipos eaplicações.

Além dos temas citados, dois outros assuntos merece-ram destaque nesta edição: o primeiro deles é o Selo deExcelência ABCEM, concedido às empresas certifica-das pela ABNT Certificadora com base nos critérios doprograma de certificação da qualidade da ABCEM. Éimportante dizer que o programa vem subsidiando aelaboração do texto-base da futura norma técnica daABNT voltada à gestão de execução de estruturas deaço. Por fim, temos uma matéria que aborda o “cami-nho das pedras” da construção com aço. Ela apresentanormas técnicas, livros, cursos, guias e bancos de pro-fissionais que constituem uma base de referência paraprojetistas, construtores e empreendedores que dese-jam adotar a solução metálica.

César BilibioPresidente da ABCEM

Prezado leitor

SUMÁRIOEDITORIALEdição 122 Outubro 2016 ISSN 1414-6517Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM

Construmetal2016Construção metálicarealiza seu maior encontro na América Latina

PPP/PPIOportunidades oferecidas pelos novos modelos de desenvolvimento

Roteiro do conhecimentoO caminho das pedras para construir com aço

Entrevista:Edson KaterParceria afinada na terra do samba

Os melhores do açoConheça os projetos vencedores do Prêmio ABCEM 2016

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2 | Construção Metálica | outubro 2016

03 Selo ABCEMA prioridade é a gestão

04 ConstrumetalRealizações e tendências da construção metálica

06 PPP / PPIModelo de crescimento

08 Entrevista: Edson KaterParceria afinada na terra do samba

10 Aço em EvidênciaPrêmio ABCEM: Os melhores do aço

14 Roteiro do conhecimentoO caminho das pedras para construir com aço

Conselho Diretor ABCEM: Presidente - César Bilibio(Medabil); Vice-Presidentes - Fúlvio Zajakoff (Bemo),Heloísa Pomaro (Micura Steel Frame), Marino Garofani(Brafer), Raul Quiroga (Incomisa), Ulysses BarbosaNunes (Armco Staco), Vinícius Rodrigues Morais Ju-nior (Gerdau); Conselheiros - Ademar de C. BarbosaFilho (Codeme), Alexandre Queiroz Schmidt (Brametal),Ascânio Merrighi (Usiminas), Bernardo Rath Garcia(Techsteel Eng.), Cassio Ferraz Sampaio Jr. (Sidertec),Christophe Schwarzberg (Marko), Edson de Miranda(Perfilor), Eduardo Moretti (Tuper), Eduardo Zanotti(Arcelormittal), Hildeu Dellaretti Jr (Vallourec), HorácioSteinmann (Metasa), Jesus Hernandez (Hispano), LuisClaudio Dagnese (Dagnese), Luiz Carlos CaggianoSantos (Brafer), Steffen Barke Nevermann (Danica-Zipco); Volmir Supptitz (Nova JVA), Weber Reis (CSN);Diretor Executivo - Ronaldo do Carmo Soares, [email protected]; Secretaria Geral - Av. Brig. FariaLima, 1931, 9º andar, Cj 91, 01452-001, São Paulo,SP, Fone/Fax: (11) 3816-6597, abcem@ abcem.org.br, www.abcem.org.br; Projeto Gráfico e diagra-mação - Hiro Okita; Foto capa - MDB Arquitetura.

A Revista Construção Metálica não se responsabiliza por opiniões apresen-tadas em artigos e trabalhos assinados. Reprodução permitida, desde queexpressamente autorizada pela ABCEM.

Esta edição de Construção Metálica circula em ummomento peculiar do País, em que o desejo de retoma-da do crescimento econômico é quase tão grandequanto as dúvidas sobre os obstáculos que temos pelafrente. Talvez por esse motivo vejamos com otimismo arealização de mais um Construmetal. Em sua sétimaedição, trata-se do principal evento da cadeia produti-va do aço na América Latina e palco para debater sobremercado, tecnologia, projetos, obras, tendências eoutros temas do setor.

Na medida do possível, Construção Metálica tentouespelhar alguns assuntos do congresso em seu editorial.Entre eles está o debate sobre as parcerias público-pri-vadas (PPP) e parcerias de investimentos (PPI), saídasindicadas para dotar o País de obras e serviços de quenecessita e, simultaneamente, alavancar a economiapelo fortalecimento da iniciativa privada. Outro tema éa parceria entre as próprias empresas privadas, embusca de maior racionalidade e eficiência nas obras, epara isso trouxemos o exemplo de um empreendimen-to de estrutura mista (concreto-aço) situado na eferves-cente região do Porto Maravilha (RJ). Seguindo o rotei-ro do congresso, apresentamos ainda os vencedores doPrêmio ABCEM 2016, criado em reconhecimento aosprojetos arquitetônicos cuja concepção é voltada parao uso do aço estrutural em diferentes formas, tipos eaplicações.

Além dos temas citados, dois outros assuntos merece-ram destaque nesta edição: o primeiro deles é o Selo deExcelência ABCEM, concedido às empresas certifica-das pela ABNT Certificadora com base nos critérios doprograma de certificação da qualidade da ABCEM. Éimportante dizer que o programa vem subsidiando aelaboração do texto-base da futura norma técnica daABNT voltada à gestão de execução de estruturas deaço. Por fim, temos uma matéria que aborda o “cami-nho das pedras” da construção com aço. Ela apresentanormas técnicas, livros, cursos, guias e bancos de pro-fissionais que constituem uma base de referência paraprojetistas, construtores e empreendedores que dese-jam adotar a solução metálica.

César BilibioPresidente da ABCEM

Prezado leitor

SUMÁRIOEDITORIALEdição 122 Outubro 2016 ISSN 1414-6517Associação Brasileira da Construção Metálica - ABCEM

Construmetal2016Construção metálicarealiza seu maior encontro na América Latina

PPP/PPIOportunidades oferecidas pelos novos modelos de desenvolvimento

Roteiro do conhecimentoO caminho das pedras para construir com aço

Entrevista:Edson KaterParceria afinada na terra do samba

Os melhores do açoConheça os projetos vencedores do Prêmio ABCEM 2016

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difícil imaginaruma empresa atual

ser capaz de sobreviversem processos produtivoseficientes, sem conhecer cla-ramente seu mercado e semzelar pela qualidade dos produtos.Em geral, as melhores empresas domercado dispõem de um sistema que contro-la essas demandas, mas nem sempre os clien-tes sabem disso. Para promover a melhoriaconstante das empresas e dar maior seguran-ça ao cliente, a ABCEM criou, há cerca dedois anos, o Selo de Excelência ABCEM, con-cedido às empresas de construção metálicaintegrantes do seu Programa de Certificaçãoda Qualidade.

O programa possui um módulo obrigatório,que é justamente o Módulo Gestão daEmpresa, em que se avalia o sistema de ges-tão implantado e a conformidade legal dacompanhia em relação a seus serviços. Oprograma oferece ainda três módulos eleti-vos: Projeto, Fabricação e Montagem deestrutura metálica, podendo a empresa certi-ficar-se por um ou mais módulos. A certifica-ção é feita pela ABNT Certificadora, que per-tence à Associação Brasileira de NormasTécnicas.

A Medabil foi a primeira empresa a receber acertificação da ABCEM/ABNT Certificadora,em fevereiro de 2015. “A qualidade do pro-duto sempre foi a principal premissa daempresa e quando falamos do controle deprocesso, especificações técnicas e engenha-ria para estruturas metálicas, estamos falandode um processo de alta complexidade e querequer muitos cuidados. Sempre nos basea-mos em normas brasileiras e americanasvigentes aplicáveis ao nosso processo, mas osrequisitos solicitados pela ABCEM para obtera certificação vieram a agregar ainda mais nagestão da qualidade dos nossos produtos”,explica o diretor Marco Aurélio Ribeiro. Aempresa é certificada nas três categorias doselo e as suas três fábricas, com 850 funcio-nários, estão certificadas quanto ao processode fabricação.

Antonio Carlos Barros de Oliveira,da ABNT Certificadora, explicaque o propósito do programa daABCEM é olhar para o controle de ges-tão das organizações. “Ele contempla a análi-se do negócio, da concorrência, das finanças edo risco, e também a satisfação do cliente e aqualidade da produção e dos produtos”. O executivovê um grande potencial de adesão ao programa.“Nosso universo de possibilidade está na casa de umacentena de organizações e temos hoje oito empresas detento-ras do selo”, afirma.

Empresas que já dispõem de um sistema de gestão implantado– praticamente todas as associadas da ABCEM – têm um cami-nho relativamente tranquilo para atender ao programa. No casoda Medabil, por exemplo, que já tinha as unidades certificadaspor ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001, e portanto possuía pro-cessos bem definidos, estruturados e controlados, as adequa-ções foram pontuais. Segundo Ribeiro, sequer houve investi-mento para isso: “As alterações foram absorvidas pelas equipesinternas de fábrica, qualidade, engenharia e manutenção, reali-zando as adequações no processo fabril para atendimento dastolerâncias de fabricação”.

Oliveira confirma a facilidade para a obtenção do selo. O proces-so de avaliação é rápido e de baixo custo, constituindo-se basica-mente de uma auditoria de verificação – que pode levar de 3 a 6dias – e de auditorias anuais para a manutenção do selo. “O custodo programa varia de 10 a 20 mil reais em três anos”, observa.

Bem-estruturado, o programa de certificação vem subsidiando otexto-base para a futura norma técnica voltada à gestão de execu-ção de estruturas de aço. Sete reuniões de uma comissão de estu-do da ABNT já foram realizadas com esse fim. “Desenvolver parâ-metros normativos é muito importante para padronizar e otimizara cadeia de produtos e serviços oferecidos ao mercado”, defendeRibeiro. Segundo ele, em um mercado competitivo, a “padroni-zação do processo de gestão é fundamental para garantir e ala-vancar resultados”.

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A prioridade é a gestão

SELO ABCEM

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CONSTRUMETAL 2016

Diante de um momento complicado para o Brasil e marca-do pela retomada de esforços para aquecimento da econo-

mia, o aço é protagonista ao conquistar espaço e importância nasobras pelo País. Daí a necessidade de referências mundiais naconstrução metálica para inovar, rentabilizar insumos e qualificara construção civil. Palco de reconhecimento do aço sustentável erentável, a sétima edição do Construmetal, evento realizado acada dois anos pela ABCEM, proporcionou mais uma vez umceleiro de ideias e capacitação para engenheiros, técnicos, arqui-tetos e estudantes. Além de conhecer os vencedores do PrêmioABCEM 2016 (veja reportagem à página 10), o público teve aces-so a um leque amplo de conferências internacionais, palestras,cursos e workshops entre os dias 20 e 22 de setembro, no Centrode Convenções Frei Caneca, em São Paulo. E o mote deste anonão poderia ser outro: “Aço: protagonista do crescimento”.

Em tempos de economia conturbada, a melhor e maior utiliza-ção do aço pelo mercado é quase uma obrigação. “O aço é umproduto 100% reciclável, o que significa uma tecnologia esetor sustentáveis. Dois mil e dezesseis é um ano de unir esfor-ços na retomada do crescimento. É preciso investir em pontes,edificações, aeroportos, portos”, afirma César Bilibio, presiden-te da ABCEM. Segundo ele, a utilização do aço quase semprefoi destinada à parte estrutural das obras, mas hoje o material

tem sido empregado de forma mais amplanos empreendimentos.

O congresso propiciou ótimas oportunidadesde contato entre entidades que disseminamtecnologia e empresas da cadeia produtiva daconstrução metálica. Caso do Instituto deMetais Não Ferrosos (ICZ), apoiador do even-to. “É fundamental e estratégico participar doConstrumetal. A galvanização a fogo aumentaa vida útil do aço, diminuindo os custos demanutenção e reduzindo o uso dos recursosnaturais. O impacto econômico é relevante”,diz Ricardo Suplicy Goes, gerente executivodo ICZ.

A riqueza de experiências marcou fortementemais uma edição do congresso, que recebeumais de 2 mil pessoas nos três dias. “Estoufeliz porque apesar de toda a crise alcança-mos um recorde de público. O evento supe-rou em muito as expectativas, com excelentespalestras, debates e experiências com o que seusa lá fora”, comemora Bilibio.

Novos horizontes na construção metálica

F

À mesa, Alberto Pose (Alacero), Marco Polo de Mello Lopes (Instituto Aço Brasil), Afonso Mamede (Sobratema) e César Bilibio (ABCEM)

4 | Construção Metálica | outubro 2016

O Congresso Latino-Americano da Construção Metálica amplia o conhecimento quantoà utilização do aço, dissemina cases de sucesso mundial, elege os melhores projetosnacionais e leva qualificação ao mercado brasileiro

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CONSTRUMETAL 2016

Diante de um momento complicado para o Brasil e marca-do pela retomada de esforços para aquecimento da econo-

mia, o aço é protagonista ao conquistar espaço e importância nasobras pelo País. Daí a necessidade de referências mundiais naconstrução metálica para inovar, rentabilizar insumos e qualificara construção civil. Palco de reconhecimento do aço sustentável erentável, a sétima edição do Construmetal, evento realizado acada dois anos pela ABCEM, proporcionou mais uma vez umceleiro de ideias e capacitação para engenheiros, técnicos, arqui-tetos e estudantes. Além de conhecer os vencedores do PrêmioABCEM 2016 (veja reportagem à página 10), o público teve aces-so a um leque amplo de conferências internacionais, palestras,cursos e workshops entre os dias 20 e 22 de setembro, no Centrode Convenções Frei Caneca, em São Paulo. E o mote deste anonão poderia ser outro: “Aço: protagonista do crescimento”.

Em tempos de economia conturbada, a melhor e maior utiliza-ção do aço pelo mercado é quase uma obrigação. “O aço é umproduto 100% reciclável, o que significa uma tecnologia esetor sustentáveis. Dois mil e dezesseis é um ano de unir esfor-ços na retomada do crescimento. É preciso investir em pontes,edificações, aeroportos, portos”, afirma César Bilibio, presiden-te da ABCEM. Segundo ele, a utilização do aço quase semprefoi destinada à parte estrutural das obras, mas hoje o material

tem sido empregado de forma mais amplanos empreendimentos.

O congresso propiciou ótimas oportunidadesde contato entre entidades que disseminamtecnologia e empresas da cadeia produtiva daconstrução metálica. Caso do Instituto deMetais Não Ferrosos (ICZ), apoiador do even-to. “É fundamental e estratégico participar doConstrumetal. A galvanização a fogo aumentaa vida útil do aço, diminuindo os custos demanutenção e reduzindo o uso dos recursosnaturais. O impacto econômico é relevante”,diz Ricardo Suplicy Goes, gerente executivodo ICZ.

A riqueza de experiências marcou fortementemais uma edição do congresso, que recebeumais de 2 mil pessoas nos três dias. “Estoufeliz porque apesar de toda a crise alcança-mos um recorde de público. O evento supe-rou em muito as expectativas, com excelentespalestras, debates e experiências com o que seusa lá fora”, comemora Bilibio.

Novos horizontes na construção metálica

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À mesa, Alberto Pose (Alacero), Marco Polo de Mello Lopes (Instituto Aço Brasil), Afonso Mamede (Sobratema) e César Bilibio (ABCEM)

4 | Construção Metálica | outubro 2016

O Congresso Latino-Americano da Construção Metálica amplia o conhecimento quantoà utilização do aço, dissemina cases de sucesso mundial, elege os melhores projetosnacionais e leva qualificação ao mercado brasileiro

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Referências mundiais

Um dos pontos altos do Constru-metal, com auditório lotado, apalestra Avanço da Arquitetura emAço trouxe cases europeus, norte-americanos e asiáticos importantes,versáteis e inovadores. As tendên-cias foram compartilhadas no pri-meiro dia em dois painéis.

No primeiro painel, o engenheiroRazvan Ionica, do escritório francêsMarc Mimram Ingénierie, mostroucomo o aço é um componente que se adequaa projetos de design modernos e adaptados àsrealidades do entorno, e que não poderiamser feitos com outro material, na sua visão.“Usamos as estruturas [aço] para melhor utili-zar o espaço com conexões verticais e hori-zontais”, conta Razvan. Cuidados esses mos-trados nos projetos da Faculdade Nacional deArquitetura em Strasbourg e no Centro deTreinamentos de Rolland Garros, em Paris(França), e na ponte Zhong Sheng Da Dao, emSino-Singapore (China), entre outras soluçõesdo escritório francês. Para ele, há mais oportu-nidades para construções no Brasil do que emParis, por exemplo, onde a legislação em rela-ção ao patrimônio urbano é muito rígida.

Já o arquiteto e engenheiro Joseph G. Burns,do Thornton Tomasetti, dos EUA, mostrou arelevância do aço na construção civil desde areconstrução de Chicago depois de um gran-de incêndio, em 1885. Burns persegue a efi-ciência da construção de edifícios altos efalou de projetos icônicos, como as PetronasTowers, edifícios gêmeos que estiveram entreos mais altos do mundo, em Kuala Lumpur,Malásia, com núcleo de concreto e estruturade aço; Shanghai Tower, o segundo prédiomais alto da China, com estrutura mista (aço-concreto) envolta em vidro; e a sede do jornalThe New York Times.

Além de apresentar tendências e obras repre-sentativas, o congresso trouxe ao debate oavanço sustentável da construção metálicapor meio de parcerias e aplicação prática doconhecimento desenvolvido na universidade.Em painel coordenado por Ronaldo Soares, daABCEM, o tema foi P&D (pesquisa e desenvol-

vimento) e o potencial ganho do relacionamento entre escola eindústria.

Ricardo Hallal Fakury (UFMG) observou que, no Brasil, o investi-mento em P&D é inferior a 2% do PIB e propôs maior aproxima-ção entre universidades e empresas privadas para o desenvolvi-mento de estudos relevantes para a sociedade. Joseph G. Burns(Thornton Tomasetti), por sua vez, deu exemplos práticos de suavivência profissional, concluindo que a inovação é solução e nãoproblema. Outras experiências similares foram relatadas porSiegbert Zanettini (Zanettini Arquitetura), Helmut Schulitz(Schulitz Architeken), Luiz Caggiano Santos (Brafer) e ManoelSantana Cardoso (Capes).

Os Novos Processos de Automação, Tecnologia e BIM, temas dire-tamente ligados ao futuro da construção civil, também estiveramna pauta, em debate coordenado por Vinicius Morais, da Gerdaue vice-presidente da ABCEM. Para Eduardo Toledo (Poli-USP),coordenador da Comissão de Estudo de Modelagem deInformação da Construção da ABNT, o BIM já é uma realidade nodia a dia da obra. Tese compartilhada por Sérgio Leusin, sócio-gerente da GDP, e Ronaldo Martineli, da Medabil, que trouxeramexemplos de aplicação e expuseram as vantagens da modelagem,em especial a segurança e a interoperabilidade da ferramenta.

Sob o tema Parcerias Inteligentes em Múltiplos Andares, o con-gresso reuniu um time formado por Euclydes Trovato, da ThorntonTomasetti Brasil, Maria Bernadette Sinhorelli, da J/MBSArquitetura, e Edson Kater, da Odebrecht Realizações (veja entre-vista à página 8), para falar de experiências e benefícios relaciona-dos a parcerias entre construtoras, projetistas e fornecedores.

O último dia do congresso foi dedicado ao debate sobre aConjuntura Político-Econômica do País e a dois painéis, um sobreEstruturas Mistas de Aço e Concreto e outro sobre Análise deRiscos em Contratos, dos quais participaram Antônio Correa deLacerda (PUC-SP e Macro Sector), Claudio Frischtak (Inter B.),Germano Mendes (UFU), Alexandre Lyra (Vallourec), Sérgio Leitede Andrade (Usiminas) e Alexandre Barcelos (ArcelorMittal).

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Painel sobre Avanço da Arquitetura em Aço no Brasil e no exterior

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PPP / PPI

ma medida relativamente recente doPalácio do Planalto jogou luzes sobre a

confiança dos investidores nas relações entreEstado e iniciativa privada na execução deprojetos de infraestrutura. Criado pelaMedida Provisória (MP) 727, e já transforma-da na Lei 13.334, de 13 de setembro, oPrograma de Parcerias de Investimentos (PPI)tem o objetivo de ampliar e fortalecer a inte-ração entre os dois lados, por meio de contra-tos destinados à execução de empreendimen-tos públicos de infraestrutura e outras medi-das de desestatização. O PPI é um novoarranjo organizacional e de uma série dediretrizes e observações que podem eliminarbarreiras burocráticas e dar um novo impulsoà economia, juntando as duas esferas (públi-ca e privada).

Outro modelo, a Parceria Público-Privada(PPP), já começa a engrenar após quase qua-tro anos de gestação, como vem ocorrendona construção de moradias em São Paulo. Ainiciativa paulista abre a possibilidade demaior adensamento urbano, já que permiteo lançamento de mais empreendimentospopulares nas zonas centrais da capital pau-lista, em vez de alocá-los nas periferias. Pelomodelo proposto, além do investimento emobras o parceiro privado deve aportar tam-bém recursos em serviços relacionados àsmoradias, como manutenção predial, gestãodos condomínios e trabalho de assistênciasocial, antes e depois da ocupação dos imó-veis. O custo desses serviços é bancado pelogoverno paulista.

Em Minas Gerais, as parcerias público-priva-das já avançam. O Plano PPP 2016/2017reúne cinco projetos voltados a aprimorar aprestação de serviços públicos para melhoratender à população. Entre eles, projetosestruturais nas áreas de gestão de obras de

aeroportos (melhorias, administração, ope-ração, exploração e manutenção do antigoAeroporto da Usiminas/Vale do Aço, emIpatinga), infraestrutura (construção e explo-ração de trechos rodoviários que integram oSistema Rodoviário Estadual SRE), saúde(construção ou reforma, manutenção e ope-ração de hospitais), educação (implantação,manutenção e operação de 128 unidades deensino da rede pública) e delegacias (mobi-liário, equipamentos e serviços de apoio). Asparcerias estão abrindo um vasto campo aser explorado pelo mercado.

No caso das parcerias de investimento, amedida provisória da PPI cria três outras ini-ciativas: a instalação de uma secretaria exe-cutiva responsável pelo desenvolvimento doprograma, um modo de destrinchar os ins-trumentos para a estruturação dos projetosde infraestrutura e a previsão do Fundo deApoio à Estruturação de Parcerias (FAEP), aser constituído pelo BNDES. “Com essamudança, o Governo faz uma tentativa deretomada de crescimento. Há um excesso dedemanda de investimentos em muitos seto-res. Temos áreas que comportam projetos(como portos, aeroportos, rodovias e ferro-vias). Mas se eu tivesse de priorizar de iní-cio, escolheria dois principais: saneamentoe mobilidade urbana. Há muito espaço paraconcessões”, opina Claudio Frischtak, presi-dente da Inter.B Consultoria Internacional deNegócios. Para ele, um dos problemas é obaixo nível de coordenação, quando se temapenas uma secretaria determinando o ritmodos processos. “O ideal seria ter um interlo-cutor claro. Há muitos empreendimentos aserem alavancados no País, mas é precisouma boa gestão central”, diz Frischtak.

O vice-presidente da Federação dasIndústrias do Estado de Minas Gerais e pre-

Modelo de crescimentoAs parcerias público-privadas ganham força, devolvem a confiança ao mercado e prometem retomar o crescimento da economia, principalmente com obras de infraestrutura e urbanas

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José Carlos Martins,presidente da CâmaraBrasileira da Indústriada Construção (CBIC):o modelo de parceriadeve estar mais presente em Estadose municípios eenvolver váriossetores de serviços

sidente da Câmara da Indústria daConstrução da federação (CIC/FIEMG),Teodomiro Diniz Camargos, em semináriosobre “Concessões e Parcerias – Ampliaçãodas Oportunidades e Negócios”, realizadono início de setembro em Belo Horizonte(MG), apontou que essa é uma chance demercado para empresas de todos os tama-nhos. “As PPP's são alternativas importantesque visam empresas médias e que tambémabrem oportunidades para empresas depequeno porte." Ampliar as opções de inves-timento para mais tipos de serviços e nãoficar apenas limitado às PPP’s da construçãoé uma saída.

Mas quais são as oportunidades para o setorprivado? O presidente da Câmara Brasileirada Indústria da Construção (CBIC), JoséCarlos Martins, acredita que o modelo de par-ceria público-privada costuma ocorrer majo-ritariamente nos âmbitos estadual e munici-pal, onde além da construção também háespaço para ampliar as opções de investimen-tos em mais setores, como saneamento (esgo-to e água) e iluminação pública, por exem-plo, áreas em que o setor público precisa pro-ver o serviço, mas não tem de executá-lo.“Saneamento é uma área que tem uma garan-tia excelente, a maior oportunidade que exis-te no Brasil, hoje. E que tem, para obter o

financiamento, a conta de água e esgotocomo garantia de dinheiro entrando. Comuma parceria público-privada do serviçopode-se ter a eficiência do sistema. Hoje,quase todas as empresas públicas de sanea-mento estão com problemas financeiros.Logo, não podem tomar financiamentos. OPAC de 2007 a 2015 executou 7% do que foidisponibilizado. São muitas as amarras buro-cráticas. Então, resolver isso com a iniciativaprivada é muito mais ágil”, diz Martins.

A questão regulatória tem problemas, mas aideia, segundo o presidente da CBIC, não éafastar as empresas concessionárias públicase de economia mista, mas sim estabelecerparcerias com elas. Para ele, é necessárioque as empresas privadas criem cultura paratrabalhar dessa forma, uma vez que as cons-trutoras estão acostumadas a pegar umaobra, executar e entregar. “Elas precisammudar essa cultura e estar preparadas.Estamos trabalhando exatamente nissoagora: em como criar um padrão de parceriapara todo o País, um modelo standard, comalguma peculiaridade para o modelo local,que facilite e que faça com que mais gentepossa participar. E também para garantircomo se dá o processo, garantias e determi-nar como será o financiamento”, comple-menta o presidente da CBIC.

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José Carlos Martins,presidente da CâmaraBrasileira da Indústriada Construção (CBIC):o modelo de parceriadeve estar mais presente em Estadose municípios eenvolver váriossetores de serviços

sidente da Câmara da Indústria daConstrução da federação (CIC/FIEMG),Teodomiro Diniz Camargos, em semináriosobre “Concessões e Parcerias – Ampliaçãodas Oportunidades e Negócios”, realizadono início de setembro em Belo Horizonte(MG), apontou que essa é uma chance demercado para empresas de todos os tama-nhos. “As PPP's são alternativas importantesque visam empresas médias e que tambémabrem oportunidades para empresas depequeno porte." Ampliar as opções de inves-timento para mais tipos de serviços e nãoficar apenas limitado às PPP’s da construçãoé uma saída.

Mas quais são as oportunidades para o setorprivado? O presidente da Câmara Brasileirada Indústria da Construção (CBIC), JoséCarlos Martins, acredita que o modelo de par-ceria público-privada costuma ocorrer majo-ritariamente nos âmbitos estadual e munici-pal, onde além da construção também háespaço para ampliar as opções de investimen-tos em mais setores, como saneamento (esgo-to e água) e iluminação pública, por exem-plo, áreas em que o setor público precisa pro-ver o serviço, mas não tem de executá-lo.“Saneamento é uma área que tem uma garan-tia excelente, a maior oportunidade que exis-te no Brasil, hoje. E que tem, para obter o

financiamento, a conta de água e esgotocomo garantia de dinheiro entrando. Comuma parceria público-privada do serviçopode-se ter a eficiência do sistema. Hoje,quase todas as empresas públicas de sanea-mento estão com problemas financeiros.Logo, não podem tomar financiamentos. OPAC de 2007 a 2015 executou 7% do que foidisponibilizado. São muitas as amarras buro-cráticas. Então, resolver isso com a iniciativaprivada é muito mais ágil”, diz Martins.

A questão regulatória tem problemas, mas aideia, segundo o presidente da CBIC, não éafastar as empresas concessionárias públicase de economia mista, mas sim estabelecerparcerias com elas. Para ele, é necessárioque as empresas privadas criem cultura paratrabalhar dessa forma, uma vez que as cons-trutoras estão acostumadas a pegar umaobra, executar e entregar. “Elas precisammudar essa cultura e estar preparadas.Estamos trabalhando exatamente nissoagora: em como criar um padrão de parceriapara todo o País, um modelo standard, comalguma peculiaridade para o modelo local,que facilite e que faça com que mais gentepossa participar. E também para garantircomo se dá o processo, garantias e determi-nar como será o financiamento”, comple-menta o presidente da CBIC.

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ENTREVISTA

EDSON KATER

iretor de Construção da Odebrecht Realizações Imobiliárias, oengenheiro Edson Kater responde pelas obras prediais da empresa

situadas no Porto Maravilha, Rio de Janeiro (RJ). A região é palco deforte desenvolvimento urbano devido à Operação Consorciada da Áreade Especial Interesse da Região Portuária do Rio de Janeiro, promovidapela Prefeitura Municipal. Foi lá que a OR executou, entre 2013 e 2016,o empreendimento Porto Atlântico Leste, com quase 110 mil m2 de áreaconstruída, onde a empresa aprimorou diversas inovações ao seu modohabitual de construção, inclusive o emprego de estrutura mista de con-creto e aço. Nesta entrevista, Kater fala da estratégia para construir ocomplexo, desde o estudo de viabilidade até sua conclusão, processo emque se destacam a busca por sistemas industrializados, a redução de mãode obra no canteiro e a parceria afinada com fornecedores.

Por que a opção pela estrutura metálica no projeto do Porto AtlânticoLeste e como foi a dinâmica de trabalho/parceria entre os vários profis-sionais?Em meados de 2012, quando do estudo de viabilidade do empreendi-mento, o cenário político-econômico do Brasil era bastante promissor eprovocava o investimento em novos empreendimentos imobiliários. Aprocura por espaços comerciais era forte, a demanda por novas unidadeshoteleiras fruto do advento dos eventos Copa do Mundo 2014 e JogosOlímpicos 2016 na cidade do Rio de Janeiro crescia e, portanto, tudoconspirava pela busca de sistemas construtivos ágeis, de menor risco,menos artesanais e dependentes de mão de obra pouco qualificada.Uma verdadeira corrida contra o tempo! Poucos meses antes do iníciodas obras em 2013 tomamos a decisão ousada de migração do sistema

estrutural do Porto Atlântico Leste de concretoarmado convencional para o tipo misto, ou seja,composto por núcleos centrais de concreto arma-do (caixas de escada e elevadores) e sistema depilares, lajes e vigas metálicas. Justamente porconta deste cenário que trazia invariavelmente umclima de concorrência pela reunião rápida derecursos estratégicos para materialização dosempreendimentos, a OR optou pela contrataçãode uma fornecedora de estruturas metálicas degrande porte e de renome no mercado. No caso,este papel coube a uma empresa de Minas Gerais,com a qual tivemos uma primeira experiência dogênero com a construção da torre corporativa TheOne, na cidade de São Paulo, que foi o primeiroempreendimento da OR a adotar a estrutura mistade aço e concreto. Esta empresa respondeu tam-bém pelos projetos executivos da superestruturado empreendimento e coube a ela a interação comtodas as demais disciplinas de projetos, coordena-dos pelo escritório responsável pelos projetos legale executivos de arquitetura. Em geral a comunica-ção entre todas as partes fluiu muito bem, aindaque dentro de espaço de tempo exíguo, e os resul-tados foram bastante positivos.

Como foi o processo de compatibilização de pro-

Parceria afinada na terra do samba

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Construção do Porto Atlântico Leste, no Rio de Janeiro, obra sob responsabilidade do engenheiro Edson Kater

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ENTREVISTA

EDSON KATER

iretor de Construção da Odebrecht Realizações Imobiliárias, oengenheiro Edson Kater responde pelas obras prediais da empresa

situadas no Porto Maravilha, Rio de Janeiro (RJ). A região é palco deforte desenvolvimento urbano devido à Operação Consorciada da Áreade Especial Interesse da Região Portuária do Rio de Janeiro, promovidapela Prefeitura Municipal. Foi lá que a OR executou, entre 2013 e 2016,o empreendimento Porto Atlântico Leste, com quase 110 mil m2 de áreaconstruída, onde a empresa aprimorou diversas inovações ao seu modohabitual de construção, inclusive o emprego de estrutura mista de con-creto e aço. Nesta entrevista, Kater fala da estratégia para construir ocomplexo, desde o estudo de viabilidade até sua conclusão, processo emque se destacam a busca por sistemas industrializados, a redução de mãode obra no canteiro e a parceria afinada com fornecedores.

Por que a opção pela estrutura metálica no projeto do Porto AtlânticoLeste e como foi a dinâmica de trabalho/parceria entre os vários profis-sionais?Em meados de 2012, quando do estudo de viabilidade do empreendi-mento, o cenário político-econômico do Brasil era bastante promissor eprovocava o investimento em novos empreendimentos imobiliários. Aprocura por espaços comerciais era forte, a demanda por novas unidadeshoteleiras fruto do advento dos eventos Copa do Mundo 2014 e JogosOlímpicos 2016 na cidade do Rio de Janeiro crescia e, portanto, tudoconspirava pela busca de sistemas construtivos ágeis, de menor risco,menos artesanais e dependentes de mão de obra pouco qualificada.Uma verdadeira corrida contra o tempo! Poucos meses antes do iníciodas obras em 2013 tomamos a decisão ousada de migração do sistema

estrutural do Porto Atlântico Leste de concretoarmado convencional para o tipo misto, ou seja,composto por núcleos centrais de concreto arma-do (caixas de escada e elevadores) e sistema depilares, lajes e vigas metálicas. Justamente porconta deste cenário que trazia invariavelmente umclima de concorrência pela reunião rápida derecursos estratégicos para materialização dosempreendimentos, a OR optou pela contrataçãode uma fornecedora de estruturas metálicas degrande porte e de renome no mercado. No caso,este papel coube a uma empresa de Minas Gerais,com a qual tivemos uma primeira experiência dogênero com a construção da torre corporativa TheOne, na cidade de São Paulo, que foi o primeiroempreendimento da OR a adotar a estrutura mistade aço e concreto. Esta empresa respondeu tam-bém pelos projetos executivos da superestruturado empreendimento e coube a ela a interação comtodas as demais disciplinas de projetos, coordena-dos pelo escritório responsável pelos projetos legale executivos de arquitetura. Em geral a comunica-ção entre todas as partes fluiu muito bem, aindaque dentro de espaço de tempo exíguo, e os resul-tados foram bastante positivos.

Como foi o processo de compatibilização de pro-

Parceria afinada na terra do samba

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Construção do Porto Atlântico Leste, no Rio de Janeiro, obra sob responsabilidade do engenheiro Edson Kater

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dimensional da estrutura, sem distorções decorrentes de falhas de amar-ração de fôrmas comumente observadas no sistema convencional.

De que forma caminharam (e impactaram a velocidade) as etapas demontagem da estrutura, locação de banheiros prontos e fechamento dafachada ventilada no curso da obra?A OR logo de início percebeu que a corrida pela contratação de recur-sos para a execução das obras seria forte e desafiadora, dado o momen-to econômico positivo no país, e especificamente no Rio de Janeiro, porconta dos eventos esportivos. Inúmeros empreendimentos seriam execu-tados neste período e sabíamos da carência de recursos, especialmentehumanos. Então, além da opção pelo sistema estrutural misto, em con-creto e metálico, buscamos diversos outros subsistemas construtivos cal-cados em pré-fabricação, ou seja, que chegassem à obra semiprontos edependentes de equipes de montagem bastante reduzidas. Destaco entreeles a opção pelas vedações verticais em dry-wall, fachadas ventiladasunitizadas, kits de instalações e especialmente os banheiros-prontos.

Quais foram os benefícios dessa solução para o cronograma da obra?A maior preocupação desde o início das obras, e até mesmo algunsmeses antes, durante o período que chamamos de Engenharia àMontante, ocasião em que estressamos os estudos técnico-econômicosbuscando a materialização dos melhores resultados ao término dasobras, era não perdermos tempo valioso. O cenário de concorrênciaentre as construtoras e incorporadoras certamente traria riscos de atrasosdecorrentes da falta de recursos humanos e mesmo materiais, e a opçãopela pré-fabricação, ou melhor, pela redução sensível de trabalhadoresem campo, permitiu que atingíssemos os objetivos originais de términoe legalização das obras. Um exemplo destacado desta situação foi aopção pelos banheiros-prontos. O cronograma original previa a execu-ção de cerca de 500 banheiros dos hotéis em aproximadamente um ano.Pela opção feita, instalamos todos os banheiros dentro de um períodoinferior a quatro meses. Sem falar no possível retrabalho típico do siste-ma tradicional, praticamente inexistente nestes locais.

Qual foi o aprendizado técnico e que know-how será incorporado?A opção por sistemas mais caracterizados como semiprontos e pré-mol-dados em fábricas é definitivamente um caminho sem volta. Se compa-rados com os sistemas tradicionais e artesanais de execução ainda muitoem voga no Brasil, as chamadas “obras molhadas”, os resultados técni-cos e estratégicos obtidos são certos. Ainda que mais relacionados comedificações prediais comerciais, corporativas e hoteleiras, estamos con-vencidos de que mesmo as edificações residenciais podem e devematrair simplificações similares, com bastante cautela, lembrando que onível de exigência do proprietário de uma residência ainda é maior doque em relação aos locais onde ele trabalha ou passa menor tempo. Étambém uma questão cultural, mas que já denota boa migração e acei-tação por sistemas mais modernos e práticos, e que simplificam o dia adia dos clientes finais.

Considera que o resultado econômico final foi positivo?Certamente sim. Quase que em 100% dos estudos de viabilidade deempreendimentos imobiliários, ainda que se prevejam verbas de contin-gência de projetos e execução, não há previsão de outras para custeio deatrasos e retrabalhos, imprevistos estes que em geral acontecem. Deforma análoga ao tempo, prefiro afirmar que os resultados econômicosoriginais foram atingidos, com mínimo desvio em relação às metas eco-nômicas estabelecidas quando da viabilidade.

jetos e de produção industrial das peças?Os projetos foram desenvolvidos em CAD comapoio da rotina de “clash detection” da ferramen-ta BIM, contratado junto à empresa específica pararealização da compatibilização dos projetos. Estainciativa foi fundamental para o rápido e prévioconhecimento das interferências construtivaspotenciais, dada à rápida migração de sistemaestrutural que, certamente, trouxe impactosdimensionais arquitetônicos e de caráter de insta-lações em geral.

O que foi positivo nessa parceria e o que pode seraperfeiçoado?A opção pela contratação de empresa única res-ponsável pelos projetos, fabricação e montagemda estrutura metálica trouxe agilidade e facilidadede comunicação entre todos os integrantes deambas as empresas, direta e indiretamente relacio-nados ao escopo. Também facilitou a contrataçãoda empreitada global, já que desde o início doprocesso, ao longo das negociações e até o ato dofechamento, foi possível conciliar os desafios téc-nicos e econômicos encontrados no ato da decisãopela troca do partido estrutural. Uma possívelmelhoria nesta disciplina, e isto corroborado pelofornecedor, seria uma contratação de escopo maisamplo de execução, tendo em vista que no casodo Porto Atlântico Leste a execução das peçasestruturais em concreto (fôrma e lançamento) ficoua cargo de empresas menores e especializadasnestas frentes de trabalho. De alguma forma foiidentificado algum ruído na agenda diária, ouquase horária, de tarefas alternadas entre elas. Emoutras palavras, caberia ao fabricante e fornecedorda estrutura metálica viabilizar em ocasião futuraum escopo completo tipo “turn key”, incluindo aexecução dos núcleos e lajes em concreto armado.

Como foi o controle exercido sobre a produção ea montagem das peças no canteiro?Optamos pela simples verificação de soldas emfábrica, através de amostragem total com apoio delaboratório contratado exclusivamente para estefim. Na obra a conferência de peças se dava deforma apenas visual, a partir dos romaneios depeças extraídos dos projetos de fabricação, e amontagem fiscalizada pelas equipes de Engenhariae Produção da OR, composta por engenheiros, téc-nicos e estagiários previamente treinados para estefim e equipados com sistemas eletrônicos de acom-panhamento. Atenção especial foi dada ao tor-queamento dos parafusos de fixação dos elementosmetálicos, única forma de fixação das peças emobra. Um dado particularmente interessante foi aopção por pilares metálicos preenchidos de con-creto, em vez de tradicionalmente revestidos, o quefacilitou e agregou valor notável à qualidade

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AÇO EM EVIDÊNCIA OS VENCEDORES

omo previsto em seu programa, o Construmetal 2016foi palco também do anúncio e entrega do PRÊMIO

ABCEM 2016. O evento bienal busca reconhecer os auto-res de projetos arquitetônicos cuja concepção esteja volta-da para o uso do aço estrutural em suas diferentes formas,tipos e aplicações. A premiação é dividida em três catego-rias (Edificações, Obras Especiais e Obras de PequenoPorte) às quais puderam concorrer, nesta edição, os proje-tos executados no País no período 2014-2016 e inscritosaté 31 de julho. O vencedor de cada categoria recebeuuma quantia de R$ 10 mil em dinheiro e os segundos colo-cados obtiveram Menção Honrosa. Todos ganharam certi-ficados de participação e a divulgação dos trabalhos.

O concurso de 2016 teve 42 projetos participantes, queforam avaliados por uma comissão formada por represen-tantes de cinco entidades de classe da construção civil,engenharia e arquitetura: ABECE (Associação Brasileira deEngenharia e Consultoria Estrutural), ASBEA (AssociaçãoBrasileira dos Escritórios de Arquitetura), CBCA (CentroBrasileiro da Construção em Aço), IAB-SP (Instituto deArquitetos do Brasil - Departamento de São Paulo) e IE(Instituto de Engenharia de São Paulo). Os critérios de jul-gamento incluíram: concepção; aspecto estrutural; inova-ção e sustentabilidade; estética e adequação ao ambiente.O diretor executivo da ABCEM, Ronaldo do Carmo Soares,lembra que a Associação, ao oferecer o prêmio, “tem oobjetivo de promover e difundir o uso da construção metá-lica e também integrar a cadeia produtiva”.

CATEGORIAS DO PRÊMIO ABCEM 2016

EDIFICAÇÕESEstruturas verticais e ou horizontais que se destinam à utilização residencial, comercial, escolar, esportivo etc. de médio e grande porte.

OBRAS DE PEQUENO PORTEEstruturas de residências, pequenos edifícios, esculturas,monumentos, novas ou ampliações/modificações.

OBRAS ESPECIAISEstruturas como galpões, indústrias, hangares, obras de arte, antenas de telecomunicações etc.

construção da nova sede do Cremec,autarquia que fiscaliza a prática da

medicina no Ceará, além de adequar as ativi-dades do órgão, buscou também atender ademandas de economicidade, sustentabilida-de e diálogo com a comunidade. Por isso,algumas premissas do projeto foram a máximautilização de luz natural, pouco desperdício,agilidade na execução da obra e baixo custode operação do edifício. O conjunto, formadopor prédio com sete andares e cobertura, gara-gem e auditório para 200 pessoas, possuiestrutura mista em concreto e aço.

A solução metálica predomina em doismomentos: na estrutura do auditório, de for-mato prismático e altura de dois pavimentos, ena estrutura que envolve e une as duas torresde concreto do edifício principal. No auditó-rio, a leveza estrutural de vigas e pilares metá-licos, associada à sua alta capacidade decarga, permitiu vencer o vão livre de 18 mpara acomodar a plateia e também deixar acobertura como área de convivência ao públi-co. No edifício sede, o partido estrutural utili-zou duas torres de concreto armado nas extre-midades do bloco como núcleos rígidos, inter-ligados por uma estrutura reticulada, tipoDiagrid, que forma um exoesqueleto posicio-nado externamente à fachada de vidro. Essaestrutura atua como brise soleil, que sombreiaa esquadria de vidro piso-teto dos pavimentos.

A técnica empregada reduziu perdas e prazono processo produtivo e deixou o canteiromais limpo e eficiente. Ao projeto, permitiuvãos livres e vãos envidraçados de grandedimensão e sem estruturas intermediárias. Oimóvel, por fim, ganhou em eficiência ener-gética e facilidade de manutenção. “A estru-tura metálica possibilitou uma estética proje-tual que não seria possível com técnicas con-vencionais de construção. O projeto apresen-ta a estrutura como elemento principal. Ela é,a um só tempo, função e estética”, afirmamos arquitetos.

Os melhores do açoC A

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EDIFICAÇÕES

Edifício Sede do Cremec

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Ficha técnica

Proprietário: Cremec (Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará)Construtora: Exata Construtora e IncorporadoraArquitetos: Francisco Expedito Muniz Deusdara,Zaldo Sotero Filho e Sergio Fontes Junior (MDB Arquitetura)Projeto estrutural: Washington Luiz dos SantosPinheiro e Audelis Oliveira Marcelo JuniorFabricante da estrutura: Hispano EstruturasMetálicas

Ficha técnica

Proprietário: Colégio São Luís Construtora: Zaori Engenharia e Construção Arquitetos: Alberto Barbour e Alexandre Liba (URDI Arquitetura) Projeto estrutural: Heloisa Maringoni (Companhia de Projetos) Fabricante da estrutura: BMC Construções metálicas

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reorganização do setor esportivo do Colégio São Luís, partede um grande planejamento de intervenções realizadas ao

longo de 12 anos, visava o aumento da oferta de espaço para ati-vidades de educação física, sem contar para isso com o acrésci-mo de áreas nem interrupções nas atividades escolares. Tais con-dições, somadas à localização do imóvel em área central, impu-seram grandes desafios técnicos. “A opção pela estrutura metáli-ca permitiu o desenvolvimento das soluções necessárias paradiminuir o impacto das limitações logísticas, do nível de ruído edo tempo de execução da obra”, explicam os arquitetos.

Na mesma área do edifício anterior, demolido, o novo ginásiocriou duas quadras esportivas em um campo gramado na laje decobertura, que vence um vão de 30 metros sobre a quadra prin-cipal, e outras duas que surgem a partir do recolhimento de umaarquibancada retrátil. O conforto térmico e a renovação de ar sãogarantidos pelo design das fachadas e vidros que controlam aentrada de radiação solar. A iluminação natural abundante é fil-trada pela fachada e toda a água de chuva é recolhida para reusodo edifício. Com infraestrutura cenotécnica completa, o conjun-to pode acolher também eventos institucionais e culturais daescola. A cobertura da piscina e a criação de uma área de conví-vio complementam a caracterização do complexo esportivo.

Aliada ao vidro, a estrutura metálica teve um papel importante natransformação do colégio. Os pórticos metálicos articulados nabase configuram a geometria da quadra e a estrutura contribuiupara que o ginásio proporcionasse maior interação dos alunoscom a cidade. “A estrutura metálica levou a um desenho de pré-dio mais leve. Ao mesmo tempo, proporcionou um conforto esté-tico, térmico e acústico para o ginásio”, explica o arquiteto.

OBRAS ESPECIAIS

Complexo Esportivo do Colégio São Luís

Diagrid: pilar,esquadria

Edifício Sede do Cremec / Fortaleza, CEData de conclusão: Julho de 2016Áreas: Útil 3.947,24 m2 / Total 5.200,50 m2

Número de pavimentos: 9Dados da estrutura metálica: Diagrid 103.940 kg /Vigas 58.189 kg / Auditório 53.248 kg

Complexo Esportivo do Colégio São Luís / São Paulo, SP Data de conclusão: Março 2015 Áreas: Útil 5.480 m² / Total 9.062 m² Número de pavimentos: 4 Tipo de aço utilizado: ASTM 572 grau 50Quantidade de aço: 460 toneladasFo

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Ficha técnica

Proprietário: Cremec (Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará)Construtora: Exata Construtora e IncorporadoraArquitetos: Francisco Expedito Muniz Deusdara,Zaldo Sotero Filho e Sergio Fontes Junior (MDB Arquitetura)Projeto estrutural: Washington Luiz dos SantosPinheiro e Audelis Oliveira Marcelo JuniorFabricante da estrutura: Hispano EstruturasMetálicas

Ficha técnica

Proprietário: Colégio São Luís Construtora: Zaori Engenharia e Construção Arquitetos: Alberto Barbour e Alexandre Liba (URDI Arquitetura) Projeto estrutural: Heloisa Maringoni (Companhia de Projetos) Fabricante da estrutura: BMC Construções metálicas

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reorganização do setor esportivo do Colégio São Luís, partede um grande planejamento de intervenções realizadas ao

longo de 12 anos, visava o aumento da oferta de espaço para ati-vidades de educação física, sem contar para isso com o acrésci-mo de áreas nem interrupções nas atividades escolares. Tais con-dições, somadas à localização do imóvel em área central, impu-seram grandes desafios técnicos. “A opção pela estrutura metáli-ca permitiu o desenvolvimento das soluções necessárias paradiminuir o impacto das limitações logísticas, do nível de ruído edo tempo de execução da obra”, explicam os arquitetos.

Na mesma área do edifício anterior, demolido, o novo ginásiocriou duas quadras esportivas em um campo gramado na laje decobertura, que vence um vão de 30 metros sobre a quadra prin-cipal, e outras duas que surgem a partir do recolhimento de umaarquibancada retrátil. O conforto térmico e a renovação de ar sãogarantidos pelo design das fachadas e vidros que controlam aentrada de radiação solar. A iluminação natural abundante é fil-trada pela fachada e toda a água de chuva é recolhida para reusodo edifício. Com infraestrutura cenotécnica completa, o conjun-to pode acolher também eventos institucionais e culturais daescola. A cobertura da piscina e a criação de uma área de conví-vio complementam a caracterização do complexo esportivo.

Aliada ao vidro, a estrutura metálica teve um papel importante natransformação do colégio. Os pórticos metálicos articulados nabase configuram a geometria da quadra e a estrutura contribuiupara que o ginásio proporcionasse maior interação dos alunoscom a cidade. “A estrutura metálica levou a um desenho de pré-dio mais leve. Ao mesmo tempo, proporcionou um conforto esté-tico, térmico e acústico para o ginásio”, explica o arquiteto.

OBRAS ESPECIAIS

Complexo Esportivo do Colégio São Luís

Diagrid: pilar,esquadria

Edifício Sede do Cremec / Fortaleza, CEData de conclusão: Julho de 2016Áreas: Útil 3.947,24 m2 / Total 5.200,50 m2

Número de pavimentos: 9Dados da estrutura metálica: Diagrid 103.940 kg /Vigas 58.189 kg / Auditório 53.248 kg

Complexo Esportivo do Colégio São Luís / São Paulo, SP Data de conclusão: Março 2015 Áreas: Útil 5.480 m² / Total 9.062 m² Número de pavimentos: 4 Tipo de aço utilizado: ASTM 572 grau 50Quantidade de aço: 460 toneladasFo

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Ficha técnica

Construtora: Fairbanks e PilnikArquitetos: Lua Nitsche e Pedro Nitsche, autores, e André Scarpa, coordenador (Nitsche Arquitetos Associados) Projeto estrutural: Inner Engenharia e Gerenciamento Estrutura metálica e serralheria: PlasmontCobertura: Panisol

12 | Construção Metálica | outubro 2016

AÇO EM EVIDÊNCIA

principal conceito que norteou o pro-jeto e a execução da residência foi o

uso de materiais pré-fabricados e aparentes.O objetivo foi ter uma obra rápida, à seme-lhança de uma linha de montagem, compouco desperdício e aspecto industrial eexperimental.

O projeto tirou partido do declive natural doterreno (10%) para a implantação de umaconstrução linear e paralela ao desnível, comuma cobertura metálica de 69,50m de com-primento por 12,40m de largura em duaságuas assimétricas. O terreno foi escalonadocom dois muros de arrimo, definindo doisplatôs que correspondem aos dois níveis daedificação. Sobre o muro inferior, da gara-gem, foram executadas vigas de concreto,permitindo o estacionamento desempedidode veículos e a execução e manutenção dasinstalações suspensas e aparentes. O pavi-mento térreo, por sua vez, recebeu estruturametálica, desde os pilares até os suportes dastelhas metálicas.

Com a estrutura de concreto dos muros, vigase lajes concluída, teve início a montagem daestrutura metálica, fabricada em 25 dias emontada no local em 60 dias. Os pilaresforam aparafusados na estrutura de concretodo piso. A estrutura metálica, com maioria deligações aparafusadas, recebeu tratamento deproteção e pintura de acabamento epóxi. Aetapa seguinte foi a montagem, em apenassete dias, da cobertura tipo sanduíche de alu-mínio e poliuretano, seguindo-se as demaisfases da obra, que transcorreram em umaárea protegida das intempéries, garantindoconforto e previsibilidade de prazo.

Os arquitetos contam que na execução doprojeto “buscou-se uma clara divisão das fasesconstrutivas”. A primeira fase, “molhada”,incluiu movimentação de terra, fundação econstrução dos arrimos de concreto moldadosin loco; na segunda fase, “seca”, houve amontagem da estrutura metálica, cobertura,vedações, caixilhos e acabamentos.

OBRAS DE PEQUENO PORTE

Residência Piracaia

Residência Piracaia / Piracaia, SP Data de conclusão: 2015 Áreas: Útil 36.600 m² / Total 1.025 m² Número de pavimentos: 2 Tipo de aço utilizado: Perfis W200, W150 e tubulares 90x90mmQuantidade de aço: 37 toneladas

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Ficha técnica

Construtora: Fairbanks e PilnikArquitetos: Lua Nitsche e Pedro Nitsche, autores, e André Scarpa, coordenador (Nitsche Arquitetos Associados) Projeto estrutural: Inner Engenharia e Gerenciamento Estrutura metálica e serralheria: PlasmontCobertura: Panisol

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AÇO EM EVIDÊNCIA

principal conceito que norteou o pro-jeto e a execução da residência foi o

uso de materiais pré-fabricados e aparentes.O objetivo foi ter uma obra rápida, à seme-lhança de uma linha de montagem, compouco desperdício e aspecto industrial eexperimental.

O projeto tirou partido do declive natural doterreno (10%) para a implantação de umaconstrução linear e paralela ao desnível, comuma cobertura metálica de 69,50m de com-primento por 12,40m de largura em duaságuas assimétricas. O terreno foi escalonadocom dois muros de arrimo, definindo doisplatôs que correspondem aos dois níveis daedificação. Sobre o muro inferior, da gara-gem, foram executadas vigas de concreto,permitindo o estacionamento desempedidode veículos e a execução e manutenção dasinstalações suspensas e aparentes. O pavi-mento térreo, por sua vez, recebeu estruturametálica, desde os pilares até os suportes dastelhas metálicas.

Com a estrutura de concreto dos muros, vigase lajes concluída, teve início a montagem daestrutura metálica, fabricada em 25 dias emontada no local em 60 dias. Os pilaresforam aparafusados na estrutura de concretodo piso. A estrutura metálica, com maioria deligações aparafusadas, recebeu tratamento deproteção e pintura de acabamento epóxi. Aetapa seguinte foi a montagem, em apenassete dias, da cobertura tipo sanduíche de alu-mínio e poliuretano, seguindo-se as demaisfases da obra, que transcorreram em umaárea protegida das intempéries, garantindoconforto e previsibilidade de prazo.

Os arquitetos contam que na execução doprojeto “buscou-se uma clara divisão das fasesconstrutivas”. A primeira fase, “molhada”,incluiu movimentação de terra, fundação econstrução dos arrimos de concreto moldadosin loco; na segunda fase, “seca”, houve amontagem da estrutura metálica, cobertura,vedações, caixilhos e acabamentos.

OBRAS DE PEQUENO PORTE

Residência Piracaia

Residência Piracaia / Piracaia, SP Data de conclusão: 2015 Áreas: Útil 36.600 m² / Total 1.025 m² Número de pavimentos: 2 Tipo de aço utilizado: Perfis W200, W150 e tubulares 90x90mmQuantidade de aço: 37 toneladas

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14 | Construção Metálica | outubro 2016

ivemos a era da informação. Com o advento da internet, das redes sociais e dos acervos digitais, parece fácil encontrar rapidamente

qualquer coisa que se deseja. Mas a realidade é bem diferente disso. O excesso de dados trouxe um problema: a confiabilidade do conteúdo disponível. Preocupadas com a qualidade das informações que chegam àcadeia produtiva da construção metálica, duas entidades do setor, ABCEM e CBCA, resolveram mostrar o “caminho das pedras” àqueles que atuam na área e precisam recorrer a fontes confiáveis. Para isso traçaram um amplo painel sobre normalização, literatura técnica, cursos, obras realizadas e fornecedores, que pode dar suporte aos empreendimentos em aço, de modo que o projetista e o construtor se sintam seguros para adotar a construção metálica onde ela couber. Acompanhe:

EXEMPLOS DE NORMAS TÉCNICAS ABNTA construção metálica dispõe de normas nacionais e internacionaisque garantem total segurança (estrutural, proteção contra incêndio,descargas elétricas e vento) e rigor técnico ao projeto e sua execução.

O caminho das pedras para construir com aço

ROTEIRO DO CONHECIMENTO

V

CAPACITAÇÃO TÉCNICAAlém de livros técnicos, revistas e bancosde obras e de fornecedores, o profissionalda construção dispõe ainda de meios parase preparar tecnicamente. O CBCA e aABCEM oferecem uma enorme variedadede cursos (presenciais e online), inclusivecom vídeo-aulas exclusivas e gratuitas, queabrangem: Introdução à Construção emAço, Sistemas Estruturais em Aço,Dimensionamento (básico e avançado) eExecução de Estruturas de Aço. Os cursostêm duração de três a quatro meses, ficamdisponíveis 24 horas por dia e contam comtutoria ao aluno. Basta consultar os sitesdas entidades.

Normas técnicas ABNT

• NBR 8800 - Projeto e Execução de Estruturas de Aço em Edifícios (Métodos dos Estados Limites)

• NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Procedimento• NBR 14323 - Dimensionamento de estruturas de aço em

situação de incêndio - Procedimento• NBR 14432 - Exigências de resistência ao fogo de

elementos construtivos - Procedimento• NBR 6120 - Carga para cálculo de estruturas

de edificações - Procedimento• NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações - Procedimento• NBR 6355 - Perfis estruturais de aço formados a frio - Padronização• NBR 7007 - Aços carbono e micro-ligados para uso estrutural em geral• NBR 15980 - Perfis laminados de aço para uso estrutural - Dimensões

e tolerâncias• NBR 14762 - Dimensionamento de estruturas de aço

constituídas por perfis formados a frio• NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas• NBR 5884 - Perfil I estrutural de aço soldado por arco elétrico

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ivemos a era da informação. Com o advento da internet, das redes sociais e dos acervos digitais, parece fácil encontrar rapidamente

qualquer coisa que se deseja. Mas a realidade é bem diferente disso. O excesso de dados trouxe um problema: a confiabilidade do conteúdo disponível. Preocupadas com a qualidade das informações que chegam àcadeia produtiva da construção metálica, duas entidades do setor, ABCEM e CBCA, resolveram mostrar o “caminho das pedras” àqueles que atuam na área e precisam recorrer a fontes confiáveis. Para isso traçaram um amplo painel sobre normalização, literatura técnica, cursos, obras realizadas e fornecedores, que pode dar suporte aos empreendimentos em aço, de modo que o projetista e o construtor se sintam seguros para adotar a construção metálica onde ela couber. Acompanhe:

EXEMPLOS DE NORMAS TÉCNICAS ABNTA construção metálica dispõe de normas nacionais e internacionaisque garantem total segurança (estrutural, proteção contra incêndio,descargas elétricas e vento) e rigor técnico ao projeto e sua execução.

O caminho das pedras para construir com aço

ROTEIRO DO CONHECIMENTO

V

CAPACITAÇÃO TÉCNICAAlém de livros técnicos, revistas e bancosde obras e de fornecedores, o profissionalda construção dispõe ainda de meios parase preparar tecnicamente. O CBCA e aABCEM oferecem uma enorme variedadede cursos (presenciais e online), inclusivecom vídeo-aulas exclusivas e gratuitas, queabrangem: Introdução à Construção emAço, Sistemas Estruturais em Aço,Dimensionamento (básico e avançado) eExecução de Estruturas de Aço. Os cursostêm duração de três a quatro meses, ficamdisponíveis 24 horas por dia e contam comtutoria ao aluno. Basta consultar os sitesdas entidades.

Normas técnicas ABNT

• NBR 8800 - Projeto e Execução de Estruturas de Aço em Edifícios (Métodos dos Estados Limites)

• NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Procedimento• NBR 14323 - Dimensionamento de estruturas de aço em

situação de incêndio - Procedimento• NBR 14432 - Exigências de resistência ao fogo de

elementos construtivos - Procedimento• NBR 6120 - Carga para cálculo de estruturas

de edificações - Procedimento• NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações - Procedimento• NBR 6355 - Perfis estruturais de aço formados a frio - Padronização• NBR 7007 - Aços carbono e micro-ligados para uso estrutural em geral• NBR 15980 - Perfis laminados de aço para uso estrutural - Dimensões

e tolerâncias• NBR 14762 - Dimensionamento de estruturas de aço

constituídas por perfis formados a frio• NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas• NBR 5884 - Perfil I estrutural de aço soldado por arco elétrico

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PUBLICAÇÕESPara quem se sente mais confortável e seguro consul-tando a literatura técnica, o mercado editorial ofere-ce diversos trabalhos sérios. Alguns são totalmentegrátis, como os livros Execução de Estruturas de Aço- Práticas recomendadas (ABCEM/CBCA) e ManualTécnico Telhas de Aço (ABCEM/FINEP), ambos emversão digital gratuita no site da ABCEM. Além deles,o setor dispõe da revista mensal Arquitetura & Aço(CBCA), da publicação tecnocientífica Revista daEstrutura de Aço (CBCA), desta Construção Metálica(ABCEM) e dos perfis setoriais estatísticos(Fabricantes de Estruturas, Telhas, PerfisGalvanizados, Steel Deck, Light Steel Frame), alémdos Manuais de Construção em Aço (CBCA), commais de 20 volumes sobre vários temas relacionados.

Livros técnicos no mercado• Estruturas Metálicas - Cálculos, Detalhes, Exercícios

e Projetos (Antonio Carlos da Fonseca, Blucher)• Estruturas de Aço - Dimensionamento Prático de acordo

com a NBR 8800 - 8ª Ed. (Walter Pfeil e Michele Pfeil, LTC)• Edifícios de Múltiplos Andares em Aço

(Ildony H. Bellei, Fernando O. Pinho, Mauro O. Pinho, PINI/CBCA)• Estrutura de Aço para Edifícios - Aspectos

tecnológicos e de concepção (Valdir Pignatta e Silva e Fabio Domingues Pannoni, Blucher)

• Estrutura Metálica - Projetos e Detalhes (vários autores, JJ Carol)

• Edifícios Industriais em Aço - Projeto e Cálculo (Ildony H. Bellei, PINI)

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BANCO DE OBRASOutra fonte importantíssima de atualização é oBanco de Obras do CBCA. Acessível pelo site daentidade (www.cbca-acobrasil.org.br), o catálogoreúne obras de todo o país e organiza o acervopor tipologias, categorias de uso, projetistas, cal-culistas e fabricantes. Além de organizar a cadeiaprodutiva, o sistema é fonte de ideias com exem-plos reais de processos construtivos.

GUIA DE FORNECEDORESO Guia Brasil da Construção em Aço éoutra fonte de informações da área. Ainiciativa pioneira do CBCA, com apoioda ABCEM, visa mapear e divulgar todaa cadeia produtiva que participa daconstrução em aço, facilitando o aces-so dos consumidores aos diferentesprodutos, serviços e soluções disponí-veis no mercado. O Guia (disponívelapenas em versão online) é atualizadocontinuamente, ampliando sempre suaabrangência e incorporando outros seg-mentos e novos participantes.

CONCURSOS E EVENTOSPor fim, outra maneira de conhecer a produção metálica éacompanhar ou até participar dos concursos de projetos eobras que regularmente reúnem o melhor da arquiteturabrasileira em aço. São eles o Concurso CBCA/Alacero (paraestudantes) e o Prêmio ABCEM de Arquitetura em Aço (paraarquitetos), que premia as categorias: Edificações, Obras dePequeno Porte e Obras Espaciais, premiadas no principalevento do setor: o congresso latino-americanoConstrumetal.

Para saber mais sobre construção metálica, visite os sites:ABCEM (www.abcem.org.br)CBCA (http://www.cbca-acobrasil.org.br)

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