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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA OS DIREITOS DOS ALUNOS ENQUANTO EDUCANDO E CONSUMIDORES Por: Carlos Magno Bastos Tinoco Orientador (a): Vilson Sergio de Carvalho Rio de Janeiro/RJ 2015

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

OS DIREITOS DOS ALUNOS ENQUANTO EDUCANDO E

CONSUMIDORES

Por: Carlos Magno Bastos Tinoco

Orientador (a): Vilson Sergio de Carvalho

Rio de Janeiro/RJ 2015

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

Os direitos dos alunos enquanto educando e consumidores

Apresentação de monografia à faculdade Integrada –

Universidade Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração Escolar

Rio de Janeiro/RJ 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda minha família que sempre

esteve ao meu lado dando-me coragem para ir

em frente nesta minha longa jornada.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todos que direta ou indiretamente

colaboraram comigo para que este sonho se

tornasse realidade

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RESUMO

Este estudo a tem como objetivo abordar através de uma revisão de literatura sobre os direitos do consumidor de alunos de cursos profissionalizantes, descrevendo sobre a evolução histórica da educação; abordando sobre o ensino profissionalizante no Brasil e mostrando os direitos dos alunos consumidores de cursos profissionalizantes. Como em qualquer área o consumidor de produtos e serviços tem direitos, os alunos dos cursos profissionalizantes também possui direitos que muitas vezes desconhecem e observa-se que o Código de Defesa do Consumidor – CDC teve muita preocupação com a correta tutela jurídica processual, conduzindo processos convenientes para a efetivação de tal tutela, o que foi uma grande vitória para a sociedade, porque assim é possível conferir tratamento desigual aos desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Diante da educação profissional observou-se que os alunos não conhecem muito bem seus direitos enquanto consumidores e de acordo com a revisão de literatura realizada conclui-se que o Código de defesa do consumidor – CDC nasceu para proteger a vulnerabilidade presumida do consumidor e, ao mesmo tempo, legitimar a responsabilidade dos fornecedores, sobre seus produtos comercializados aos consumidores finais, buscando garantir, desta forma, a plena satisfação nas relações de consumo.

Palavras-chave: Direitos. Alunos. Cursos profissionalizantes. Código de Defesa do Consumidor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................ CAPÍTULO I – ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL................................... 1.1 Modelo de administração escolar..................................................................

CAPÍTULO II - O ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO BRASIL......................... CAPÍTULO III - OS DIREITOS DO CONSUMIDOR ALUNO DE CURSOS PROFISSIONALIZANTES...................................................................................... 3.1 Direito do Consumidor....................................................................................... 3.2 Direito do consumidor aluno de curso profissionalizante.................................. CONCLUSÃO......................................................................................................... BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................

07 10 18 21 24 24 28 40 42

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INTRODUÇÃO

Foi a partir da Revolução Industrial que a educação tornou-se mais explícita

os seus vínculos com a produção da vida material, e passa a encarar o trabalho ou a

formação para vida produtiva, como elemento indissociável e como princípio que

ordena o sistema de ensino, o currículo e as práticas pedagógico, reproduzindo as

relações sociais de produção e conformando os sujeitos à ordem da sociedade

capitalista.

A escola, que antes educava e centrava num saber desinteressado, passa a

educar para o “produzir”; assim como a ciência, centrada na busca desinteressada

da verdade, assume-se cada vez mais como ciência aplicada e a serviço do capital.

Estreitam-se, assim, os laços que unem a escola a fabrica, e dos quais a ciência

participa como elemento integrador, ainda que subordinada e comprometida com a

ordem capitalista.

Na escola também é necessário a administração e esta tem sido vista como

exercício do poder a fim de reproduzir determinadas relações sociais que são

funcionais à manutenção da sociedade civil sob o prisma do desenvolvimento

econômico, ou seja, do capitalismo. Tendo em vista que as desigualdades são

inerentes à lógica deste sistema produtivo, a administração escolar, ao reproduzir as

relações capitalistas, contribui na manutenção de tais desigualdades.

O trabalho como uma categoria que, por ser doutrina, permite entender a

produção material, científica e cultural do indivíduo como resposta às suas faltas,

num processo social, histórico e contraditório. Esse processo oprime qualquer

determinação sobre-humana dos fatos, mas colocam na realidade as razões, o

sentido e a direção da história realizada pelos homens. Esta é uma aprendizagem

que todos almejam desde a infância, de maneira que as contradições das relações

sociais sejam obtidas a ponto de não se poder julgar natural que uns trabalhem e

outros vivam da exploração do trabalho alheio. A concepção de educação integrada

àquela que integra trabalho, ciência e cultura tendo o trabalho como princípio

educativo não é, necessariamente, profissionalizante (RAMOS, 2010).

Observa-se que o país precisa de mão de obra especializada e os cursos

técnicos profissionalizantes. A procura por cursos profissionalizantes pode ser a

oportunidade de obter uma formação rápida e eficaz. Por isso, o Estatuto da Criança

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e do Adolescente (ECA) ordena que é responsabilidade do poder público ter um

ensino profissionalizante de qualidade.

O ensino profissionalizante pode dar a chance de ter o primeiro emprego.

Além disso, esse tipo de educação é necessário para a construção da vida pessoal

e social do adolescente e jovem. Desenvolve qualidades como responsabilidade,

compromisso, respeito e autonomia e se refere à oportunidade de uma experiência

profissional.

Como em qualquer área o consumidor de produtos e serviços tem direitos, os

alunos dos cursos profissionalizantes também possui direitos que muitas vezes

desconhecem e observa-se que o Código de Defesa do Consumidor – CDC teve

muita preocupação com a correta tutela jurídica processual, conduzindo processos

convenientes para a efetivação de tal tutela, o que foi uma grande vitória para a

sociedade, porque assim é possível conferir tratamento desigual aos desiguais, na

exata medida de suas desigualdades.

Diante deste contexto levantou-se uma questão problema que iluminará este

estudo que foi: até que ponto a legislação educacional pode garantir o direito dos

alunos consumidores de cursos profissionalizantes?

Justifica-se a escolha deste tema por perceber que a função dos cursos

profissionalizantes no passado era apenas para preencher um espaço existente na

hora de fazer um currículo. Contudo, na atualidade, a situação já é diferente. O

mundo competitivo e globalizado faz defrontar com muitas informações e mudanças

constantes, o que torna a concorrência profissional muito grande. Assim sendo, o

mercado de trabalho exige cada vez mais da classe trabalhadora e tende dar

preferência a profissionais mais preparados e que possuam um diferencial naquilo

que realizam. Na atualidade o ser humano precisa se destacar entre os demais, ou

seja, para quem já possui o ensino médio completo ou até faculdade, é

recomendado que se prepare ainda mais a fim de se destacar no mercado.

Profissionais despreparados hoje, dificilmente encontram possibilidades de

conseguir um bom emprego, ascensão em sua carreia ou buscar uma nova

qualificação profissional. Por isso, cursos profissionalizantes estão em crescente

melhoria. As oportunidades estão cada vez melhores, fazendo valer a pena fazer

um curso profissionalizante para que você possa concorrer de igual pra igual e se

realizar profissionalmente.

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Este estudo tem como objetivo geral abordar através de uma revisão de

literatura sobre o direito do consumidor de alunos de cursos profissionalizantes.

Constou também de objetivos específicos que foram: descrever sobre a

administração escolar; abordar sobre o ensino técnico profissionalizante no Brasil e

mostrar os direitos dos alunos consumidores de cursos profissionalizantes.

A proposta de trabalho desta pesquisa baseou-se na revisão bibliográfica, na

metodologia de Minayo (1994), conforme orientações e modificações das regras

definidas por esta Instituição, baseadas na ABNT. Os dados bibliográficos serão

tratados de forma qualitativa que segundo Minayo (1994), a pesquisa qualitativa

responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com

um nível de realidade que não pode ser quantificado [...] trabalha com o universo de

significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes [...] que não podem

ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Esta pesquisa pode ser definida como descritiva e explicativa com a

finalidade de reafirmar a importância do tema para os direitos dos alunos

consumidores de cursos profissionalizantes.

Os dados foram coletados e desenvolvidos através da pesquisa bibliográfica

com base em materiais publicados em livros, revistas, jornais, Internet e material de

apoio do curso de Pedagogia, embasando-se nos seguintes teóricos que

enriqueceram grandemente a pesquisa: Ghiraldelli, (2001); Aranha, (2006). Bello

(2001) Ribeiro (2003); Araújo et al (2005) entre outros. Foram utilizadas fontes

primárias e secundárias.

Este estudo foi dividido para uma melhor abordagem e entendimento e ficou

assim distribuído: introdução, revisão de literatura acerca da administração escolar;

do ensino profissionalizante e dos direitos dos alunos consumidores destes cursos e

considerações finais.

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CAPÍTULO 1

1 ADMNISTRAÇÃO ESCOLAR NO BRASIL

Primeiros escritos de administração escolar no Brasil, embora tão em voga

atualmente em virtude das várias reformas educacionais, nem sempre foi alvo de

atenção na produção acadêmica dos intelectuais na História da Educação. Em uma

trajetória educacional de mais de 500 anos, a administração escolar estrutura-se

como campo de estudos acadêmicos há menos de um século.

De acordo com Sander (207, p. 21):

Os primeiros escritos teóricos no Brasil reportam-se à década de 1930. Isto não significa dizer que a prática administrativa era inexistente na educação brasileira até então. No entanto, a ausência de um sistema de ensino para a população, fruto do descaso dos governantes daquele período, não favoreceu o desenvolvimento de um corpo teórico em relação à administração educacional. As publicações que existiam até a Primeira República consistiam em “memórias, relatórios e descrições de caráter subjetivo, normativo, assistemático e legalista”.

Foi na década de 1930 que a trajetória da administração da educação toma

um novo rumo, começou a escrever um novo capítulo no campo da administração

da educação. Neste momento, o contexto educacional acadêmico encontrava-se

dentro dos ideais progressistas de educação, em contraposição à educação

tradicional, a qual não mais favorecia os ideais de desenvolvimento do país naquele

período, que se voltava para o avanço da industrialização. Tal cenário educacional,

constituiu-se em virtude, principalmente, da influência do movimento pedagógico da

Nova Escola, especialmente, da corrente norte-americana protagonizada por John

Dewey. O discurso dos principais intelectuais brasileiros, defensores da Escola

Nova, pautava-se na necessidade de maior cientificidade no campo educacional

acompanhado da ampliação da oferta educacional.

Segundo Leão (1945, p. 154):

Com a expansão da oferta educativa a partir do início do século XX, e a consequente complexificação do processo administrativo da educação, segundo Leão (1945), a tarefa de dirigir a educação passa a ser uma das mais difíceis. Esta situação gera a necessidade de conceber um tipo de administração modernizada e, neste contexto, A administração da educação começa a inspirar-se na organização inteligente das companhias, das empresas, das associações industriais ou comerciais bem aparelhadas.

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De acordo com os princípios de cientificização do campo educacional, tão em

destaque em sua época, Leão opunha-se à ideia de administração como conquista

empírica, fruto do exercício funcional. Situando a administração escolar no âmbito da

administração geral, o autor entende, com base em Henry Fayol, que esta prática

compreende: a) Operações técnicas (distribuição, produção, transformação); b)

Operações financeiras (rendimento do trabalho efetuado); c) Operações de

segurança (proteção dos bens e das pessoas); d) Operações de contabilidade

(inventários, balanços, estatísticas); e) Operações administrativas pròpriamente ditas

(previdência, organização, comando, coordenação, colaboração, verificação) (LEÃO,

1945, p. 11).

Leão (1945, p. 158) diz que:

A estrutura administrativa que se compõe a partir desta orientação deixa explícita uma forma de organização baseada na hierarquia das funções – o que não poderia ser diferente levando-se em consideração a base teórica (Fayolismo) na qual assenta sua elaboração. Nesta perspectiva de Administração, os diretores assumem papel preponderante. O Diretor da Educação é a figura central, pois é ele quem dirige o trabalho modelador de outras vidas, ajuda a progredir, mental e moralmente a comunidade inteira. É o líder, condutor educacional de sua gente, o árbitro nos assuntos de educação.

Para desempenhar esta atividade, o Diretor, que deve ser culto e experiente,

precisa exercer funções, tais como: preparar o orçamento para os serviços sob sua

superintendência; revisar e determinar a política educacional, conforme as

realidades sociais presentes e previsões futuras; escolher o pessoal técnico

administrativo sob sua direção; escolher os locais para instalação das escolas;

participar da criação e da avaliação dos currículos e programas escolares; escolher

e distribuir materiais necessários, etc. Além de conhecer a técnica administrativa, o

Diretor precisa conhecer o modo de vida e de educação de sua época,

compreendendo as teorias da Psicologia, Filosofia e Sociologia Educacional, para

que possa desenvolver estratégias administrativas de pôr em prática seus ideais de

educação. Em suma, o Diretor que renova, deve ser educador, no mais amplo

(LEÃO, 1945, p. 159).

Segundo Leão (1945, p. 10):

A administração não é nem um privilégio exclusivo nem uma sobrecarga pessoal do chefe ou dos dirigentes; é uma função repartida, como as demais funções especiais, entre a cabeça e os membros do corpo social. Ou seja, a “cabeça”, no singular, refere-se ao Diretor da Educação,

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responsável por pensar a política educacional, no sentido de diretrizes, linhas gerais, e os membros, àqueles a quem compete colocar em prática tal política educacional.

As obras relativas à Administração Escolar alcançaram êxito e grande

importância histórica, especialmente a obra considerada clássica, Ensaio de uma

teoria da Administração Escolar, constituindo-se talvez na “primeira bem sucedida

tentativa no país de apresentação de um ensaio que busca ao mesmo tempo sugerir

formas de organização e administração da escola e teorizar sobre esses aspectos”

(SOUZA, 2006, p. 17).

Ribeiro (1986, p. 27) argumenta que:

Em decorrência do “progresso social geral”, a escola ganha cada vez mais importância na constelação das instituições sociais: suas atividades Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil 263 específicas começam a ser sobrecarregadas pela multiplicação, variação e extensão das coisas que deve ensinar e fazer aprender. Ao lado disso, a estatização do ensino submete a escola à lógica do financiamento público, o que implica a este organismo a responsabilidade de apresentar resultados adequados ao máximo, frente ao investimento. Esta situação impõe a necessidade de mecanismos intermediários que deem conta de garantir bons resultados, considerando um contexto em que a escola via-se frente à necessidade de coordenar suas tradicionais funções às novas demandas do desenvolvimento social e econômico do país.

Neste sentido, Ribeiro (1986, p.30) via a efetivação de uma administração

escolar segura como uma alternativa necessária: a Administração escolar vai

funcionar como um instrumento executivo, unificador e de integração do processo de

escolarização, cuja extensão, variação e complexidade ameaçam a perda do sentido

da unidade que deve caracterizá-lo e garantir-lhe o bom êxito.

Percebe-se a teoria da administração escolar como um de seus fundamentos

as atividades da escola, baseando-se na filosofia de educação, política da educação

e ciências correlatas ao processo educativo. A Administração escolar deve atender

antes de tudo, uma filosofia e uma política de educação (RIBEIRO, 1986, p. 36).

Outro fundamento da Administração escolar, na teoria de Ribeiro (1986, .50)

são:

Os princípios em que se assenta o processo de escolarização moderna, os quais podem ser identificados com a concepção de educação veiculada principalmente através dos pressupostos do movimento pedagógico da Escola Nova. Tais princípios são: liberdade “a base da atividade criadora; mais do que isso, a liberdade, de certo modo, é inerente à atividade criadora”; responsabilidade “expressa na frase de Claparède: ‘querer o que faz, e não, fazer o que quer’”; unidade “tem o sentido de um esforço de convergência sobre os pontos que constituem os juízos de valor aceitos

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pela sociedade, dos quais a escola não pode se afastar, sob pena de perder seu legítimo significado”; economia trata-se de “tirar dos enormes dispêndios o melhor e maior proveito possíveis”; e flexibilidade diz respeito à natureza da função escolar na sua relação entre necessidades sociais e individuais, assim os aspectos da estrutura da escola precisam estar de acordo com este princípio, “já pela disposição de seus órgãos, já pelas disponibilidades técnicas de abordagem e tratamento dos alunos, já pelos planos traçados para atender às necessidades sociais”.

Por fim, o último fundamento da administração escolar está nos estudos da

administração geral. O que ocorrera com o Estado e as empresas privadas na

solução de suas dificuldades decorrentes do progresso social a adoção dos

princípios da administração geral a escola não precisou mais do que inspirar-se

neles para resolver as suas, teve apenas de adaptá-los a sua realidade (RIBEIRO,

1986, p. 60).

A administração é um problema natural inerente a qualquer tipo de grupo

humano em ação. A administração é uma atividade produtiva. A administração é um

conjunto de processos articulados dos quais a administração é parte. Administração

pode ser tratada por método científico. Administração interessa a todos os

elementos do grupo, embora em proporção diferente (RIBEIRO, 1986, p. 64).

Adotar estes elementos científicos na teoria e prática da Administração

Escolar representava para o contexto daquele período uma espécie de “antídoto” às

tradicionais e conservadoras formas de pensar e organizar a escola (SOUZA, 2006).

Assim, a concordância com tais elementos da administração científica leva

Ribeiro (1986, P. 95) a defender que:

a) A Administração Escolar é uma das aplicações da Administração Geral; ambas tem aspectos, tipos, processos, meios e objetivos semelhantes. b) a Administração Escolar deve levar em consideração os estudos que se fazem nos outros campos da Administração e, por sua vez, pode oferecer contribuições próprias utilizáveis pelos demais.

Já Paro (2007) afirma que ao mesmo tempo em que a administração escolar

tem como finalidade a mediação para a realização de objetivos educacionais, sendo

que o processo educativo tem como fim último a formação de sujeitos autônomos,

como pode atender a objetivos semelhantes ao da administração geral, que visa em

última instância à produção, subsumindo a condição de sujeito dos envolvidos?

Além dos fundamentos em que a Administração escolar deve basear-se, Ribeiro

(1986, p. 98) aponta também os seus principais objetivos, são eles: unidade e

economia. Em relação ao primeiro, o autor retoma uma das razões da necessidade

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da administração escolar: a complexificação Dos primeiros escritos sobre

administração escolar no Brasil 265 da escola e seu decorrente risco à unidade de

seu trabalho.

Diante disso, a administração escolar teria a tarefa de reunir esforços para

garantir a unidade do trabalho desenvolvido na escola, permitindo a concretização

da sua filosofia de educação. Quanto ao segundo objetivo, a economia, refere-se à

realização do trabalho escolar com o melhor rendimento com o mínimo de dispêndio.

A organização fornece as condições para a concretização do planejamento, o

que implica em determinar funções, estruturar órgãos, regular relações, administrar

pessoal e material. A especialização de funções na escola difere-se da empresa,

pois não diz respeito a uma única tarefa, tendo em vista que “o tratamento dado a

um parafuso é profundamente diverso daquele que deve ter um aluno!” (RIBEIRO,

1986, p. 134).

Na escola, para a melhor execução das atividades a divisão do trabalho se

dará quanto à série e às disciplinas a serem lecionadas. Na estruturação de órgãos

o princípio fundamental é a autoridade, argumenta Ribeiro. O conceito de autoridade

é entendido pelo autor como “o direito de mandar e de se fazer obedecer” (RIBEIRO,

1986, p. 137) e se faz imprescindível à estrutura hierárquica da organização.

O diretor é autoridade por excelência na escola, ele “manda em virtude de

uma lei que lhe dá esse direito e, também, porque mandar é uma das competências

inerentes ao seu cargo” (RIBEIRO, 1986, p. 137).

A base das relações humanas nas escolas ou nos sistemas de ensino é a

colaboração consentida e não fundada na autoridade com força para se fazer

obedecer ou se fazer crer. Ainda dentro do processo de organização, há a

necessidade de regulação das relações que, segundo Ribeiro, consiste em definir as

normas de relacionamento entre os indivíduos, os materiais utilizados e produtos

(bens ou serviços).

Para tanto, devem ser estabelecidos os manuais e regulamentos: os

chamados manuais descrevem minuciosamente como os indivíduos devem utilizar

os materiais instruindo sobre técnicas, processo, cuidados, precauções e demais

medidas pertinentes. Os regulamentos estabelecem as normas de procedimento dos

indivíduos em relação aos chefes, subordinados e colegas do mesmo nível

hierárquico (RIBEIRO, 1986, p. 140).

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O processo de organização também consiste em administrar o pessoal e

material escolar, de modo que os objetivos para o qual a empresa foi estabelecida

sejam atingidos econômica e eficazmente. No segundo momento das atividades

escolares, conforme referido anteriormente, a administração escolar deve

desenvolver os processos de comando e assistência à execução. Quanto ao

processo de comando, Ribeiro ressalta que o termo é empregado em sentido oposto

aos elementos militares que historicamente permearam sua conotação, sendo

concebido aqui em termos impessoais, para marcar o início, a duração e o término

das atividades, segundo as conveniências determinadas pelos dados científico-

objetivos do processo de escolarização (RIBEIRO, 1986).

Os últimos processos da Administração escolar dizem respeito ao momento

em que se encerram as atividades escolares. Compreende-se aí a delicada tarefa de

medir, ou seja, avaliar os resultados de todas as atividades desenvolvidas, verificar a

“adequação e o rendimento dos processos e instrumentos de trabalho, relativamente

aos objetivos e à política estabelecidos no empreendimento, à luz do qual foi

planejado, organizado e assistido durante a execução” (RIBEIRO, 1986).

Como processo que fecha o circuito do processo administrativo, o Relatório

Crítico cumpre a função de prestação de contas circunstanciada e fundamentada na

verificação retrospectiva de ação, durante o período predeterminado, em função de

certa programação; proposição de reajustes, ampliações, substituições e cortes de

que a empresa carecer, através de uma operação que poderá chegar a ser todo um

replanejamento (RIBEIRO, 1986).

Diante à importância que a administração escolar adquire neste cenário,

torna-se imprescindível suprimir da atividade administrativa a improvisação em favor

de seu desenvolvimento racional, ou seja, científico, fazendo-se necessário

conhecer o processo administrativo, em seu desenvolvimento cíclico, tanto quanto o

comportamento administrativo, isto é, as formas gerais de ação que hoje se espera

dos organizadores e administradores em qualquer espécie de atividades; e, enfim, a

aplicação de inferências, daí retiradas, às situações reais que o ensino já apresente

(LOURENÇO FILHO, 2007).

Lourenço Filho (2007, p. 38) ressalta que:

Sob o caráter de ação metódica, ou seja, de desenvolvimento racional, uma atividade complexa que envolve muitos agentes impõe a necessidade de distribuir tarefas. Neste caso, põe-se o problema de formular uma estrutura que envolva a divisão do trabalho, levando, assim, aquela ideia de ação

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metódica a desdobrar-se em noções derivadas de Organização e Administração.

Organizar, neste sentido, diz respeito a “bem organizar elementos (coisas e

pessoas) dentro de condições operativas (modos de fazer), que conduzam a fins

determinados” diz Lourenço Filho, (2007, p. 46).

Administrar, por sua vez, “é regular tudo isso, demarcando esferas de

responsabilidade e níveis de autoridade nas pessoas congregadas, a fim de que não

se perca a coesão do trabalho e sua eficiência geral” (LOURENÇO FILHO, 2007, p.

47). Ao conjunto destas noções também pode ser denominado processo

administrativo. Lourenço Filho ressalta que a Organização e a Administração não

devem ser concebidas como fins em si mesmos, “Devem ser entendidas sempre,

como um meio, o de tornar as instituições mais eficientes, e que assim, justifiquem

os esforços que reclamam para seu satisfatório funcionamento” (LOURENÇO

FILHO, 2007, p.46).

Pode-se evidenciar esta estrutura hierárquica nos quatro níveis, , como níveis

essenciais em que se pauta a organização e administração escolar: alunos, mestres,

diretores de escola e chefes de órgãos de maior alcance. No caso dos alunos, seu

“papel é aprender, ou de participarem de situações em que possam adquirir formas

úteis de comportamento e discernimento, guiados pelos mestres” (LOURENÇO

FILHO, 2007, p. 69); aos mestres cabe organizar e administrar os trabalhos dos

discípulos (alunos); e aos diretores cabe a autoridade (e ao mesmo tempo o dever)

que lhe é delegada pelos órgãos mais amplos, exercendo-a sobre os mestres,

alunos e suas famílias. Dentre os elementos do comportamento administrativo do

diretor, vamos encontrar atividades que não se distinguem daqueles já defendidos

por Ribeiro (1986) e Leão (1945): “planejar e programar, dirigir e coordenar,

comunicar e inspecionar, controlar e pesquisar” (LOURENÇO FILHO, 2007, p. 88),

em função de ambos partirem da mesma base proposta por Henry Fayol.

O diferencial da perspectiva de Lourenço Filho (2007) é que na escola, por se

tratar serviços (serviço de ensino) e não de produtos (como nas fábricas), as

atividades administrativas devem levar em conta as relações humanas, que são a

matéria-prima da produção do ensino, estabelecendo um trato entre elas, no sentido

de ajustá-las entre si. Isto é, levar os sujeitos que participam do processo educativo

a tornarem-se solidários e participativos no trabalho que fora planejado, fazendo-os

17

sentirem-se responsáveis pelo processo de que fazem parte, sem, no entanto, terem

participado de sua concepção.

Já os escritos de Teixeira (1997) sobre administração escolar são resultados

de suas experiências como administrador em órgãos da educação, em especial do

período em que empreendeu reformas no sistema de ensino do Distrito Federal,

enquanto Secretário da Educação. Ele não chegou a escrever uma obra inteira

sobre este assunto. Seus escritos sobre o tema encontram-se em periódicos e

capítulos de seus livros. Teixeira parte do mesmo reconhecimento dos demais

autores quanto às necessárias mudanças na estrutura escolar: as transformações

operadas no âmbito da sociedade colocaram a escola no âmbito das necessidades

sociais e individuais. O que era antes destinado a uma elite minoritária agora deveria

estender-se para todos, ressaltando que não se trata apenas de escolas para todos,

mas de que “todos aprendam” (TEXEIRA, 1997).

Teixeira (1997) demonstrava-se preocupado com a questão da qualidade do

ensino diante da expansão dos sistemas escolares, decorrendo disso sua

preocupação com a administração escolar. Nas pequenas escolas, muitas vezes,

com apenas um mestre, altamente experiente, a função de administrar estava

intrínseca ao ato de ensinar (professor administra sua classe, ensina e guia o aluno).

Teixeira (1964, p. 14) diz que:

As três funções: administrar, ensinar e guiar, que antes se davam intrinsecamente ao ato educativo, irão constituir as funções da administração escolar: administrador escolar, supervisor de ensino, ou “mestre dos mestres”, orientador, ou “guia dos alunos”.

Dado que estas funções são intrínsecas ao trabalho educativo, Teixeira

(1964, p. 14) diz que “somente o educador ou o professor pode fazer administração

escolar”. Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil, isso após

razoável experiência de trabalho e especialização em estudos pós-graduados, com

vistas a manter estas funções atreladas ao processo educativo. Teixeira (1964, p.

17) afirma que a natureza da administração escolar é de “subordinação e não de

comando da obra da educação, que, efetivamente, se realiza entre o professor e o

aluno”.

A humanização do trabalho é a correção do processo de trabalho, na

educação o processo é absolutamente humano e a correção certo esforço relativo

18

pela aceitação de condições organizatórias e coletivas aceitáveis. São, assim, as

duas administrações polarmente opostas (TEIXEIRA, 1964, p. 15).

Teixeira (1964) dá início a um pensamento que rompe com a defesa dos

princípios da administração geral adequados à educação. Embora o pensamento

contrário continue forte até o final da década de 1970, apontamentos desta mesma

natureza serão enfocados na década seguinte, situando-os como elementos para

uma tentativa de mudança no campo da administração escolar.

1.1 Modelo de administração escolar

Com o movimento de reabertura político-democrático no Brasil, inicia-se uma

nova fase de elaborações teóricas no campo da administração escolar, com ênfase

a partir do enfoque sociológico (SANDER, 1995).

Segundo Souza (2006).

Este novo enfoque constitui-se principalmente a partir das lutas em prol da democracia e da cidadania, da consolidação do campo de estudos em nível de pós-graduação no país e a influência da literatura sociológica com base marxista. As primeiras elaborações que se destacam a partir deste enfoque.

A partir de então, a crítica ao enfoque tecnocrático de administração escolar,

pautado nas teorias da administração geral, tem sido contínua e defendida por

vários autores, não sendo possível citá-los todos aqui.

Arroyo (1979, p. 38) ao analisar a relação entre a racionalidade administrativa

e o processo educativo, começa por questionar qual a contribuição desta

racionalidade para a diminuição das desigualdades sociais, e acaba por concluir que

há sintomas de que o sistema escolar vem contribuindo para o contrário.

“A insistência em apresentar a racionalidade administrativa como necessidade

‘natural’ ao bom funcionamento das instituições oculta a dimensão política de todo o

processo administrativo” (ARROYO, 1979, p. 39).

A necessidade da racionalização do trabalho nas instituições de ensino

parece ter menos a ver com a produtividade do que com o necessário controle deste

processo pelo capital, tendo em vista que “O grau de escolarização deixou de ser

mero credencial de status social para se converter em um dos mecanismos que

justificam a distribuição da população na divisão sócio-técnico do trabalho”

(ARROYO, 1979, p. 41).

19

Félix (1985, p. 35) ressalta que:

A prática administrativa tal como se apresenta a partir das teorias de Taylor e Fayol, é fruto da organização capitalista do trabalho. Tendo este modo de produção o objetivo de acúmulo de capital a partir da exploração do trabalho, a função administrativa tem como propósito exercer pleno controle sobre as forças produtivas, o que ocorre desde o planejamento do processo de produção até o controle das operações executadas pelo trabalhador.

Diante disso, a pretensa universalidade e neutralidade das teorias da

administração geral “cai por terra”, na medida em que são fruto de uma determinada

demanda econômico capitalista, em que a produção científica não está alheia ao

contexto em que está inserida.

Félix (1985, p. 188) aponta a estreita relação entre a administração Estatal e

seus desdobramentos no âmbito educacional público. O Estado capitalista,

entendido a partir dos pressupostos teóricos de Gramsci, estende sua organização

técnico-burocrática para as instituições sociais, dentre elas as educacionais, como

forma de “adequar a educação ao projeto de desenvolvimento econômico do país,

descaracterizando-a como atividade humana específica”.

Segundo Souza (2003, p. 03) as mudanças na administração pública

seguiram sempre um mesmo propósito, dar respostas às demandas de um Estado

que perseguia, e continua perseguindo, uma melhor inserção na economia nacional

e na economia global.

Observa-se que o caráter predominantemente político da administração

escolar, na medida em que é instrumento de controle do processo educativo, tendo

em vista os interesses capitalistas, e não mero conjunto de técnicas necessárias ao

bom andamento da educação escolar.

De acordo com Paro (2000):

À temática da administração escolar, vêm ao encontro do cenário de crítica ao modelo baseado na administração geral, que se configura na década de 1980. A partir de uma base marxista de análise, o autor parte da natureza do trabalho enquanto elemento central à vida humana e do caráter que este adquire a partir do modo de produção capitalista. A divisão do trabalho tal como se vê na administração escolar (alguns pensam especialistas e outros executam) é fruto da necessidade surgida a partir deste modo de produção de controle do trabalho pelo capital, pois é a partir do trabalho que o capitalista agrega valor a sua matéria-prima, o que lhe garante o lucro.

Apesar de a Constituição de 1988 ter inscrito o termo Gestão Democrática,

que foi referendado, posteriormente, pela LDB de 1996, pode-se notar nos escritos

20

atuais sobre gestão escolar que o vocábulo administração continua sendo usado,

porém, na maioria das vezes, com sentido diferenciado daquele historicamente

utilizado, passando a agregar a dimensão político-pedagógico.

Reconhecendo o campo educacional como um espaço central para os rumos

da sociedade, a gestão democrática não encerra apenas os anseios sociais pela

democracia, está Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil

circunscrita pelos distintos interesses que regem uma sociedade capitalista,

sustentada nas desigualdades sociais e de poder. A identificação destes interesses

em disputa no campo da gestão é o tema da próxima parte deste artigo, tendo em

vista o objetivo de reconhecer as mudanças e continuidade nos fundamentos da

administração em relação à gestão escolar.

21

CAPÍTULO II

O ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO BRASIL

A educação profissionalizante deve se preocupar com um momento de

mudanças em todos os campos da sociedade, há que se pensar na educação mais

contextualizada possível (GRINSPUN, 2001).

Grinspun (2001) ao discutir a questão da mundialização e cultura, afirma que

“as inovações tecnológicas têm uma influência capital na mundialização da cultura,

formando a infraestrutura para que ela se consolide”.

Grinspun (2001, p.30) ressalta que:

Modernidade significa um desafio em que se aponta para o futuro com suas novas propostas, onde a educação se faz presente não como antes, mas sim como a mediação nesse novo tempo. A utilização das tecnologias com sua dimensão interativa mostra que a educação tem de mudar para que o indivíduo não venha sofrer com lacunas que deixaram de ser preenchidas porque a educação só estava preocupada com um currículo rígido voltado para saberes e conhecimentos aprovados por um programa oficial.

O aluno que cursar um curso profissionalizante deve estar preparado para

enfrentar a realidade de uma sociedade tecnologicamente desenvolvida, ou seja, as

tecnologias devem estar inseridas na sua formação.

Os cursos técnicos e profissionalizantes existentes no Brasil buscam suprir

uma demanda por mão de obra qualificada e certificada, uma vez muitas instituições

atualmente trabalham cumprindo exigências e selos de certificações internacionais,

que requerem métodos e trabalhadores com certificados profissionais. A importância

dos cursos técnicos é destacada uma vez que a educação superior segue acordos

internacionais objetivando a produção de mercadorias para a circulação de produtos

dos países centrais aos periféricos (FORMICE, 2013).

Segundo Rodrigues (2013, p. 01):

A importação de modelos pelos países periféricos é imprescindíveis para futuros acordos comerciais. Os países centrais pretendem exportar conhecimento escolar, como ocorre hoje com as patentes. Essa ofensiva tem como meta concretizar um mercado educacional fundamentado na a heteronomia cultural. Mas o pré-requisito é converter, no plano do imaginário social, a educação da esfera do direito para a esfera do mercado, por isso o uso de um léxico empresarial: excelência, eficiência, gestão por objetivos, clientes e usuários, empreendedorismo, produtividade, profissionalização por competências. Outro consenso construído nos

22

últimos anos é o da obsolescência da produção do conhecimento criando outros valores não só no que tange ao comportamento das instituições em relação à pesquisa, mas definindo outras concepções pedagógicas que atingem a relação professor/aluno/conhecimento/formação.

Nesse plano a educação técnica se destaca por formar um profissional para o

mercado interno, conhecendo melhor a realidade local da empresa que o emprega,

isso faz com que o profissional técnico seja cada vez mais procurado.

De acordo com Soares (2008, p. 01):

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9.394 de 20 de Dezembro de 1996, conhecida como LDB ou Lei Darci Ribeiro, estabelece em seus preceitos dois níveis para a educação: a educação básica e a educação superior; duas modalidades: a educação de jovens e adultos e a educação especial; e uma modalidade complementar: a educação profissional. Definida como uma complementação da educação básica, a educação profissional pode ser desenvolvida em diversos níveis, para jovens e adultos com escolaridades diversas, de forma concomitante ou posterior.

Sendo assim, através da LDB 9.394/96 é que a educação profissional tem

como objetivos não só formar técnicos de nível médio, mas qualificar e requalificar

os trabalhadores. A educação profissional deve levar ao “o individuo ao

desenvolvimento constante de aptidões para a vida produtiva.

Soares (2008, p. 01) diz ainda que:

A LDB atual altera o que era estabelecido para o ensino médio na Lei 5.692/71, onde o antigo 2º grau se caracterizava por uma dupla função: a de preparar para o prosseguimento dos estudos e habilitar para o exercício de uma profissão técnica. Essa alteração se dá, quando é determinado que a educação escolar, e consequentemente o ensino médio, deve vincular-se ao mundo do trabalho e a pratica social (parágrafo 2º do Art. 1º).

Certifica essa evolução a busca cada vez maior de uma educação profissional

diferenciada que é prevista na Lei 9.394/96 quando ressalta que tanto a educação

escolar quanto o ensino médio devem ajudar na preparação e orientação básica de

sua integração no mundo do trabalho, com as competências que garantam seu

aprimoramento profissional e deixam acompanhar as mudanças que caracterizam a

produção no tempo de cada um.

Esse conjunto de elementos leva a necessidade de criar novas alternativas

curriculares, comprometidas, de um lado, com o novo significado do trabalho,

aprimorando o contexto da globalização e, do outro, com a pessoa humana que se

aperfeiçoará esses conhecimentos para aprimorar-se como profissional e pessoa

que vive em sociedade.

23

A educação geral cria informações e de como usá-las para resolver

problemas concretos, é uma tentativa de preparar para o trabalho e para o exercício

da cidadania. Dentro dessa concepção de educação, as competências e habilidades

adquiridas ou desenvolvidas proporcionam uma evolução no amadurecimento

profissional do educando.

De acordo com Brasil (2014, p. 01):

A LDB se constitui num marco importantíssimo para a educação profissional. As LDB anteriores e algumas leis orgânicas para os níveis e modalidades de ensino, sempre trataram da educação profissional apenas parcialmente, como era na época da Lei 5.692/71, com o segundo grau profissionalizante. Na atual lei, o Capítulo III do Título V – Dos níveis e das modalidades de educação e ensino é totalmente dedicado à educação profissional, tratando-a na sua importância, como parte importante do sistema educacional. No artigo Art. 39, quando a Lei faz inferência ao conceito de “aprendizagem permanente”, nota-se também que a educação profissional deixou de ser um mero nível de ensino para um processo permanente de aprendizagem. Cabendo a todas as esferas sociais o compromisso de alargar os muros escolares e promover uma educação voltada para a vida.

É evidente que a educação básica mantém uma relação complementar com a

educação profissional. Percebe-se uma procura grande por cursos técnicos

profissionalizantes, que emergem com uma proposta de um ensino de qualidade, em

curto espaço de tempo e com um reconhecimento a nível nacional de sua aplicação

na prática cotidiana do trabalho. São cursos com custos menores e que permitem ao

indivíduo participar do mercado de trabalho ainda mais cedo.

Em suma, o ensino profissionalizante necessita ser sempre complementar ao

ensino básico, de caráter geral. A educação profissional atualmente oferece

oportunidade de vivência a jovens e adultos que buscam por um lugar no mercado

de trabalho.

É fundamental a parceria entre a escola e as empresas, tendo em vista, que

juntas, satisfarão uma necessidade da concretização da concepção de educação

profissional. Para isso é preciso ter educadores comprometidos com a educação

agindo como verdadeiros agentes de mobilização, conhecedores do processo de

aprendizagem, e, portanto, facilitadores deste sistema de ensino.

24

CAPÍTULO III

OS DIREITOS DO CONSUMIDOR ALUNO DE CURSOS PROFISSIONALIZANTES

3.1 Direito do Consumidor

Em muitas vezes torna-se um fardo pesado para o consumidor provar suas

alegações. Por isso, o Código de Defesa do Consumidor - CDC, com o intuito de

facilitar a defesa dos direitos dos consumidores abriu a possibilidade de se inverter o

ônus da prova em favor destes.

Neste capítulo será abordado o direito do consumidor dos alunos de cursos

profissionalizantes.

O Direito do Consumidor tem suas origens no mundo capitalista,

pioneiramente nos EUA, Alemanha, Inglaterra e França, mais precisamente nos

EUA com a Federal Trade Commission Act, em 1914, e o Consumer Product Safety

Act. Sua consolidação se deu com o pronunciamento do então presidente

americano, John F. Kennedy, no Congresso norte-americano, em 1962, ocasião em

que levantou, em mensagem exclusiva, os principais pontos a respeito da

problemática do consumidor (FILOMENO, 1991).

Após este importante pronunciamento, seguiram seu exemplo a Comissão de

Direitos Humanos das Nações Unidas, em 1973, em Genebra, ocasião em que

reconheceu os pontos citados pelo Presidente Kennedy como direitos fundamentais

do consumidor, a França em 1973, Alemanha em 1976, Portugal em 1981 e

Espanha em 1984 (FILOMENO, 1991).

Segundo Filomeno (1991, p. 41):

No Brasil, foi com a promulgação da Lei 8.078 de 1990 que se deu o implemento do Direito do Consumidor, fruto de árduo trabalho, o que se demonstra pela amplitude da legislação disponível e cabal vínculo à Constituição da República Federativa do Brasil, além de fiel construção aos objetivos de protecionismo que se dá pelas regras processuais, inseridas no Código de Defesa do Consumidor - CDC e dispositivos legais específicos que garantem os direitos básicos do consumidor e consequente defesa dos mesmos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, se demonstrada for a hipossuficiência ou quando for verossímil sua alegação.

25

Desta forma, o Brasil, com o advento do CDC, entre os quatro países

membros do MERCOSUL, tem sido reconhecido como a Nação que mais se

aprimorou no assunto, conseguindo estabelecer critérios e normatizando sensíveis

pontos da relação de consumo, se adiantando às diversas situações que num

mundo globalizado são avivadas pela disposição do homem em acompanhar a

marcha evolutiva, o que desastrosamente poderia levar a sociedade à insegurança

quanto a ordem social e econômica, individual ou coletiva, se não houvesse a tutela

do Estado neste sentido.

De acordo com Pereira (1993, p. 38):

A Constituição Federal de 1988 colocou a defesa do Consumidor dentre os fundamentos da ordem econômica, artigo 5º, inciso XXXII e artigo 170, inciso V. Em face da evolução produtiva alçada com a Revolução Industrial e o consequente aumento do público consumidor ativo, o que ocasionou demanda no consumo e aumento de riscos por produção em série, levando assim uma busca do bem comum nas relações de consumo. Fez-se necessário desta forma o regulamento especifico da matéria, o que suscitou a Lei 8.078 de 1990 – Código de Defesa do Consumidor, dando assim segurança à sociedade no que tange a garantia do consumidor em dirigir-se ao mercado e nele contratar ou adquirir bens e serviços em igualdade com o fornecedor.

Observa-se que é bem ampla a proteção conferida ao consumidor, com as

defesas administrativas, civis e penais, previstas não somente no Código de Defesa

do Consumidor, mas também nos Códigos Civil e Penal, além das legislações

esparsas, todas devidamente amparadas pelas leis processuais. Não obstante essa

vasta tutela e proteção, apesar de decorridos quase 20 anos de sua implementação,

o que mais tem se visto é à violação constante e grave aos dispositivos protetores.

Anúncios publicitários sem escrúpulos e respeito, enganações acerca dos produtos

e má prestação de serviços têm se tornado tão cotidianos que o consumidor, na sua

maioria, nem ao menos tem a expectativa de ser ressarcido ou reintegrado à sua

situação anterior.

No âmbito das relações de consumo, é de inegável interesse público a

supressão do desequilíbrio natural desta relação, de sorte que é o Estado deve nela

intervir, promovendo a tutela dos direitos do consumidor.

O estudo do instituto da responsabilidade civil no âmbito das relações de

consumo em face do sistema legal introduzido pela Lei n° 8.078, de 11 de setembro

de 1990 - Código de Defesa do Consumidor.

26

Vale salientar que o consumidor é partícipe de uma relação de consumo,

sendo esta nada mais que uma relação jurídica por excelência. É o sujeito passivo

da relação de consumo, definido no art. 2º do CDC como "toda pessoa física ou

jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final" (PEREIRA,

1993).

Dentro da definição legal, o consumidor é o destinatário final. Nesse sentido,

existem duas teorias que tentam elucidar essa questão. São as teorias, finalista e

maximilista.

Para a primeira corrente, segundo Pereira (1993):

O destinatário final seria o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele, pessoa física ou jurídica. Nesse caso, exige-se que o consumidor seja o destinatário final econômico do bem ou serviço, sem que venha destiná-lo a revenda ou ao uso profissional. Se assim o fizer, esse bem passa a ser um mecanismo de produção, não atendendo à destinação final de consumo. A doutrina belga e francesa, diferentemente, estende essa tutela a certos profissionais ou pequenas empresas que tenham situação de vulnerabilidade na relação de consumo, o que, no atendimento ao teor da norma exposta no Código de Defesa do Consumidor, deve ser de aplicação pragmática.

A segunda vê as normas como um novo regulamento do mercado de

consumo brasileiro, e não como normas orientadas para proteger somente o

consumidor não profissional. O CDC seria, no caso, um código geral sobre consumo

destinado a sociedade consumista, o qual institui normas e princípios para todos os

agentes de mercado que podem assumir lugar tanto de fornecedor quanto de

consumidor. Segundo esta vertente, o alce da definição contida no art. 2º do CDC

deve ser considerada de forma extensiva a fim de abrigar um maior número de

relações entre fornecedores e consumidores (PEREIRA, 1993).

Tais interpretações funcionam como meio de se chegar à integralidade da

conceituação da figura do consumidor, trazida no art. 2º, caput, mormente da

determinação como já dito, do que seja o destinatário final.

Vale salientar que o código consumerista cuidou não só do consumidor

estricto sesu (destinatário final), mas também de terceiros, participes de uma relação

de consumo. Igualmente, esse código, em seu art. 17, trata das chamadas vítimas

do evento danoso.

Prevê o artigo 3º, da Lei nº 8.078/90, a conceituação do fornecedor como o

outro participante da relação de consumo, verbis:

27

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços (BRSIL, 2001).

Com vistas a se promover a proteção máxima ao consumidor, o conceito legal

fornecedor é de larga abrangência. Mas, poder-se-ia, sem prejuízo de tal amplitude

e respeitando-se os trâmites legais, asseverar sinteticamente: fornecedor é todo

ente que provisiona o mercado de produtos ou serviços, destinando-os ao consumo.

Na conceituação de fornecedor, com o elenco das diversas atividades

econômicas de provisão do mercado, o legislador adotou critério econômico e

objetivo. Com efeito, não há índole subjetivista, sendo relevante apenas, para a

configuração do fornecedor, que o ente, desenvolvendo atividade civil ou mercantil,

seja responsável pelo oferecimento, entrada ou intermediação de produtos ou

serviços no mercado, com profissionalidade.

A exigência da profissionalidade vem ínsita no termo legal "atividade", que

não pode ser entendido senão como a prática de atos continuados e habituais, no

caso, atos de comércio ou de indústria. Entretanto, ressalte-se que, mesmo os que

exercem a mercancia de forma irregular, como, por exemplo, os vendedores

ambulantes e os camelôs, podem ser reputados fornecedores, sujeitando-se, pois, à

legislação consumerista. Isso se dá, porque a ausência de registro no órgão

competente, embora importe restrições ao agente da atividade, não é da essência

do conceito de comerciante, logo, com maior razão, não há que constituir óbice à

caracterização de fornecedor.

Merece algumas considerações a inclusão dos entes despersonalizados no

conceito de fornecedor. Ora, consistindo a personalidade jurídica exatamente na

capacidade in abstrato de ser sujeito de direitos ou obrigações, é, em princípio, de

se dizer que os entes despersonalizados, não sendo aptos a contrair obrigações,

não se obrigariam, portanto, em face da Lei nº 8078/90. Não obstante, se tais entes

não são dotados de capacidade jurídica in abstrato, detém-na in concreto, desde

que a lei preveja de modo expresso. Assim, exercendo atividades de oferecimento

de bens ou serviços ao mercado consumidor, tais entes participam de relações de

consumo, sendo hábeis a assumir obrigações, por previsão expressa do artigo 3º, da

Lei nº 8078/90.

28

Observe-se, ainda, que, no conceito de fornecedor, além de constar a pessoa

jurídica privada, são também inclusas as públicas, o que quer dizer que o Poder

Público, quer por si, quer pelas empresas públicas bem como as concessionárias e

permissionárias de serviços públicos (empresas de transporte coletivo, telefonia,

radiodifusão, televisão, energia elétrica, etc.), se sujeita à disciplina do Código, em

participando de relações de consumo. Assim, pode-se dizer sinteticamente que os

entes ligados ao Poder Público serão considerados fornecedores em razão de

serviços ou produtos que disponibilizem no mercado mediante tarifa ou preço

público, eis que só assim podem participar de relações ditas de consumo, haja vista

que, nessa condição, agem à maneira dos particulares, isto é, sem que prevaleça o

poder de império do Estado.

3.2 Direito do consumidor aluno de curso profissionalizante

A lei não consegue suprir a hipossuficiência do consumidor, pois não é de

todos conhecida, verifica-se que embora esta legislação seja de grande valia aos

consumidores é pouco utilizada pela população de forma geral e, quando conhecida,

nem sempre é aplicada de modo eficaz.

No que diz respeito aos direitos do consumidor aluno de cursos

profissionalizantes observa-se que muitos desconhecem esses direitos e por isto

faz-se necessário à divulgação destes, de maneira a atingir a grande massa

populacional, de forma a esclarecer pontos, distribuir conscientização, de uma forma

mais abrangente.

A seguir será mostrado na íntegra segundo Pereira (2012, p. 01) os direitos

do consumidor aluno dos cursos profissionalizantes que envolvem vinte itens como:

1) Rescisão de contrato; 2) Colaboradores nas ruas; 3) Danos ao curso; 4) Ágio

sobre cartão de crédito ou débito; 5) Pagamento em cheque; 6) Furto dentro do

estabelecimento de ensino; 7) Mau atendimento; 8) Falhas na prestação de serviço;

9) Acidentes dentro do estabelecimento comercial de ensino; 10) Convênios entre

prestadoras de serviços; 11) Danos causados por profissional; 12) Promoção falsa;

13) Inadimplência; 14) Sonegação; 15) Pagamento a prazo; 16) Prestação de

serviço e contrato, multa contratual; 17) Cancelamento de aula; 18) Condicionar

confecção de certificado mediante pagamento de parcelas em atraso; 19) Venda

condicionada; 20) Preço anunciado.

29

1) Rescisão de contrato

O consumidor pode pedir rescisão de contrato quando as promessas sejam

verbais ou escritas não condizem com a realidade.

Amparo legal: artigo 49 e parágrafo único do Código de Defesa do

Consumidor (PEREIRA, 2012).

2) Colaboradores nas ruas

Alguns cursos profissionalizantes colocam nas ruas os chamados

colaboradores, estes possuem a função de abordar os transeuntes e os levarem

para dentro do estabelecimento de ensino com a finalidade de conseguir cliente.

Saiba que consumidor tem até 7 (sete) dias, a partir da assinatura do

contrato, o direito de desistir do curso. Saiba que o consumidor (aluno) tem direito a

devolução da matrícula paga e também da mensalidade, corrigidos monetariamente.

O consumidor não precisa justificar por escrito o cancelamento da inscrição no curso

(PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 33; e 49 parágrafo único, do código de defesa do

consumidor.

Cuidado com as falsas promessas e escassas informações. No ato da

abordagem na rua pelo colaborador, ou dentro do estabelecimento de ensino, o

consumidor tem o direito de receber informações pertinentes ao curso, à forma de

pagamento, a multa contratual em razão de desistência de curso por parte de aluno

(PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 34; artigo 37, parágrafos 1° e 3°; e artigo 67, do código

de defesa do consumidor (PEREIRA, 2012).

3) Danos ao curso

Caso o aluno danifique ou quebre algum objeto ou equipamento (computador,

furadeira etc.), o aluno terá que ressarcir os prejuízos. Porém, não existe lei que

obrigue a pagar o dano no ato. Para ser indenizado, o comerciante, o dono do

estabelecimento comercial profissionalizante só poderá usar os meios legais, ou

seja, acionar na justiça. Não aceite pressões como assinar documento ou deixar

cheque assinado em branco. Forçar o consumidor a pagar o prejuízo de forma a

expor em vexame constitui crime (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 42, parágrafo único, e artigo 71 do código de defesa do

consumidor (PEREIRA, 2012).

30

4) Ágio sobre cartão de crédito ou débito

Proibido por lei a cobrança extra quando se paga com cartão. A prestadora de

serviço profissionalizante é obrigada a aceitar o pagamento do cartão para o preço à

vista mais os descontos eventualmente conseguidos. Não importa se há dizer

afirmativo no qual o pagamento por dinheiro é um preço, e por cartão é outro.

Havendo insistência do curso, em cobrança extra pelo pagamento de cartão, o aluno

pode chamar a polícia e, esta, tem obrigação de atender à solicitação do consumidor

sob pena de prevaricação funcionário público (agente público administrativo) não

atende ao pedido do consumidor (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 39, e incisos 5 e 10, do código de defesa do consumidor;

e artigo 319 do código de processo penal.

5) Pagamento em cheque

Todo consumidor é igual e tem os mesmos direito perante a lei. É proibido

discriminar quaisquer consumidores. Se o estabelecimento de ensino aceita

pagamento em cheque, então é obrigado a aceitar o pagamento, não importando o

valor a ser pago pelo aluno, isto é, caso o aluno precisa pagar R$1,00 (um real),

pode pagar com cheque (PEREIRA, 2012).

Se o estabelecimento comercial de ensino não aceita pagamento em cheque,

qualquer aluno não poderá efetuar pagamento em cheque. Se, porventura, o

estabelecimento comercial de ensino aceita pagamento de algum aluno todos terão

direito, sem exceção.

Amparo legal: lei nº 1521, de 26/12/1951, artigo 2º, inciso II.

6) Furto dentro do estabelecimento de ensino

O estabelecimento comercial de ensino ou curso profissionalizante oferece

locais para guardar objetos pessoais de alunos, o estabelecimento é responsável

pelos objetos. Ocorrendo furto de objeto pessoal, o aluno deve conversar com algum

responsável pelo estabelecimento comercial e, depois, ir a uma delegacia de polícia

para registrar o Boletim de Ocorrência - jamais deixe para o dia seguinte;

providencie logo o Boletim de Ocorrência, pois é a prova que terá para cobrar o

ressarcimento de seu prejuízo (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 14 do código defesa do consumidor.

7) Mau atendimento

Os funcionários do estabelecimento comercial de ensino devem tratar os

alunos com zelo e respeito. Cada pessoa tem a sua cognição própria, ou seja, a sua

31

forma e o seu tempo de compreensão. Assim, espera-se dos educadores

compreensão diante das dificuldades de aprendizagem dos alunos. Zombar, fazer

piada quanto às dificuldades do (s) aluno (s) pode ser caracterizado como crime a

honra do aluno. Seja o profissional professor ou quaisquer outros funcionários, não

podem zombar ou causar vexames às dificuldades de cada aluno (PEREIRA, 2012).

O mau atendimento caracteriza-se também com insinuações a sua imagem

e/ou pessoa do consumidor. Deboches quanto à etnia, cor, religião, morfologia,

idade, estado de saúde configuram crimes contra a honra. Os funcionários têm a

obrigação esclarecer dúvidas dos clientes. Chato de galochas? Não. Cada pessoa

tem a sua capacidade de compreensão diante do tempo e espaço de sua cognição.

Por isso existe a qualificação profissional.

Amparo: artigo 14; artigo 20, parágrafo 2º; e artigo 56, incisos e parágrafos

únicos, do CDC.

8) Falhas na prestação de serviço

Promessa é dívida. Quaisquer promessas devem ser aplicadas integralmente.

Se o curso promete equipamentos de última geração, professores qualificados nas

respectivas áreas afins, instalações físicas confortáveis e higiênicas, reposições de

aulas, segunda chamada, reforço etc., o estabelecimento comercial deve cumprir.

O aluno pode imediatamente pedir rescisão contratual com a evolução das

quantias já pagas e corrigidas monetariamente em qualquer período do curso

(PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigos 14,20, 35, 66 e 67 do código de defesa do consumidor.

9) Acidentes dentro do estabelecimento comercial de ensino

Piso escorregadio; fio elétrico desencapado, fios elétricos espalhados pelo

piso, assim como tomadas e interruptores; tomadas e interruptores embutidos nas

paredes sem os respectivos protetores (espelhos); ausência de avisos de perigo de

eletrocussão por mau uso de objetos ou equipamentos; ausência de avisos quanto

ao uso de substâncias perigosas durante o uso de objetos ou equipamento dentro e

necessários ao andamento do curso/aula; ausência de avisos sobre áreas de risco à

vida e a não permanência ou entrada em tais áreas (PEREIRA, 2012).

Ausência ou escassez de informações importantes para a segurança dos

alunos é caracterizada como omissão, negligência ou imprudência a segurança dos

alunos. Mesmo que tenham avisos de piso escorregadio, para proibição de entrada,

permanência e trânsito em certas áreas, o prestador de serviço educacional pode

32

responder por danos ocorridos aos alunos quando os problemas não são

prontamente solucionados.

O estabelecimento de ensino só não é culpado por eventuais danos aos

clientes (alunos) quando todas as informações são claras e colocadas em locais

visíveis aos alunos e, também, quando quaisquer situações de perigo são

prontamente sanadas, ou seja, não basta colocar aviso de perigo, é preciso corrigi-

los o mais rápido possível. Se o local ou circunstância que oferece perigo aos

alunos, e não podem ser sanados prontamente é preferível como prestadora de

serviço preocupada com a integridade física de seus clientes/alunos cancelar a aula

(PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 14 do código de defesa do consumidor.

10) Convênios entre prestadoras de serviços

O estabelecimento comercial de ensino afirma que tem contrato ou convênio

com terceiros, àquele responde solidariamente pelas faltas de terceiros. Ou seja,

propaganda enganosa, profissionais desqualificados, didática precária, materiais de

ensino desatualizados, o não cumprimento das ofertas e promessas de inscrição em

bancos de dados de estágios por terceiro (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 14; artigo 20, parágrafo 1º; artigo 34; e artigo 66.

11) Danos causados por profissional

O curso profissionalizante deve contratar profissionais de ensino qualificados

para as respectivas matérias que darão aos alunos. O profissional jamais pode ser

negligente ou imprudente diante da segurança dos alunos. Deve sempre vigiar as

atitudes dos alunos de forma a evitar possíveis acidentes em decorrência das

atitudes leigas ou não.

O profissional de ensino jamais pode permitir que aluno, cujo comportamento

fora alertado e impedido pelo profissional, venham a pôr em perigo a vida do próprio

aluno e dos demais alunos. Da atitude resistente do aluno alertado, quanto ao perigo

de seus atos, resta ao profissional educador parar a aula e convocar superior para

tomar as providências. O profissional, o professor, do curso profissionalizante, que

deixa o aluno, mesmo após ser alertado do perigo, permanecer em atitude perigosa

a ele e aos demais alunos, responderá por negligência ou imprudência profissional

(PEREIRA, 2012).

33

O dono do estabelecimento comercial responde também pela negligência,

imprudência e quaisquer atos de seus profissionais contratados sejam efetivos ou

não.

Amparo legal: artigos 14 e 34 do Código de Defesa do Consumidor.

12) Promoção falsa

Só há crime quando o preço anunciado não é o mesmo cobrado na caixa.

Telefonou, viu na televisão ou num panfleto informações de preços e condições de

pagamento, mas no momento de firmar contrato e pagar o valor vê que há

acréscimos de dinheiro com justificativas, seja lá qual for. Não pode. É propaganda

enganosa e arbitrária. O que vale é o que está anunciado. Exija o valor anunciado

senão acione no PROCON; vá à delegacia e faça registro (PEREIRA, 2012).

Amparo: artigo 37, parágrafo 1º, e artigo 67 do Código de Defesa do

Consumidor.

13) Inadimplência

Deixou de honrar as prestações e o dono do estabelecimento lhe cobra com

ameaças, acusa-o em público de 171. É crime lhe expor ao vexame. A cobrança

somente far-se-á por meios judiciais. Denuncie! Você está errado, porém ninguém

poderá fazer justiça pelas próprias mãos (PEREIRA, 2012).

Constitui crime de injúria quando alguém é chamado de “caloteiro”,

“vagabundo”, etc.

Crime de calúnia quando afirma “em tal hora, local e data”. Não basta usar

palavras depreciativas. É a soma da palavra mais data, local e hora.

Mais. O curso profissionalizante não pode condicionar a liberação do

certificado mediante pagamento total, pelo aluno, das parcelas vencidas. Ou seja, é

crime. O curso deve providenciar o certificado ao aluno, independentemente, de

quitar ou não as parcelas vencidas. Quanto ao cobrar, o curso deve acionar na

justiça o devedor (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 42, parágrafo único, e artigo 71.

14) Sonegação

Você se matricula, o preço sem recibo é R$ 20,00, e com recibo R$ 30,00.

Sonegação de imposto é crime. Aceitando o preço de R$ 20,00 está se

prejudicando. O imposto não é recolhido e faltará dinheiro para construção de

escola, hospital, estrada, etc. Quem leva vantagem realmente? Não se esqueça de

34

que a nota fiscal é uma prova numa disputa judicial. Vá a uma delegacia (PEREIRA,

2012).

Amparo legal: Lei N.º 4.729 – Lei de sonegação Fiscal.

15) Pagamento a prazo

Firmado o contrato tem que respeitar. O que não pode acontecer é a

cobrança por parte da prestadora de serviço antes da data estipulada.

O prestador de serviço quando vende a prazo é obrigado informar ou deixar

em local visível (dentro do estabelecimento comercial) os preços a prazo ou à vista,

com as taxas de juros, encargos, correção monetária e o valor total pago. Some as

prestações e veja se é vantajoso parcelar. Se o consumidor quiser saber quanto

pagará no final das parcelas poderá pedir ao fornecedor de serviço que calcule na

frente dele (PEREIRA, 2012).

Amparo: artigos 46 e 51, incisos e parágrafos, do CDC.

16) Prestação de serviço e contrato

As letras devem ter tamanhos (número 12, por exemplo, ou iguais a de

jornais) suficientes para leitura tranquila de forma a não franzir a testa mesmo com

óculos.

Ao pagar é direito do aluno e dever da prestadora de serviço

profissionalizante (educacional) fornecer contrato de prestação de serviço

discriminado detalhadamente: os preços a prazo ou à vista, com as taxas de juros,

encargos, correção monetária e o valor total pago.

Não é só no contrato. As informações devem ser claras, objetivas e estarem

em local de fácil visualização para os consumidores, isto é, em painel, por exemplo,

a vista dos alunos e quaisquer pessoas que entrem no estabelecimento. O valor do

produto ou serviço deve estar legível e de fácil entendimento ao consumidor. Dar

informações no ato e justificá-las posteriormente é errado (exemplo: dizem que na

cláusula tem a regra, mas não tem) (PEREIRA, 2012).

A publicidade enganosa por omissão se verifica quando se omitem dados

essenciais quanto à aquisição do produto ou serviço. A omissão relevante é aquela

que, ciente dos dados sonegados, levaria o consumidor a não celebrar o contrato

com o fornecedor ou prestador de serviço.

É direito de o consumidor saber, antecipadamente, seja quando abordado na

rua pelo colaborador ou dentro do estabelecimento de ensino, o importante é ser

informado, previamente, antes de assinar contrato e no ato de matrícula (mais

35

sensato, pois mostra a boa-fé do curso ao consumidor), sobre taxas, tarifas, multa

contratual, juros e mora quando em atraso de pagamento ou qualquer informação

relevante ao bolso do consumidor. O engano por omissão representa conduta

reprovada pelo Código de Defesa do Consumidor por constituir uma afronta

aos deveres de lealdade, transparência, identificação, veracidade e informação, que

devem ser honrados pelo anunciante em face do consumidor que é considerado

hipossuficiente (parte fraca que desconhece as leis, não possui advogados para

suprir dúvidas relativas aos fornecimentos de serviços e/ou produto no ato de

propaganda, de abordagem, de dizeres dos funcionários do estabelecimento

comercial para vender serviços) (PEREIRA, 2012).

O Código de Defesa do Consumidor é bem claro:

“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza

produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda

que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem

atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,

mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e

securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por

práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e

serviços, asseguradas à liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,

com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e

preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais

coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas

no fornecimento de produtos e serviços;

36

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência

de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos

relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou

inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por

inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar

informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre

suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos

de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que

apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras

práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista

sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos

ou serviços;

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou

periculosidade de produtos, nas embalagens, nos invólucros, recipientes ou

publicidade:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.

§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante

recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser

prestado.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de

caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,

mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,

características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer

outros dados sobre produtos e serviços.

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os

consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio

de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

37

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais

favorável ao consumidor

O curso profissionalizante só não é culpado quando todas as informações

foram passadas, relatadas, constarem em contrato, em painel informativo aos que

entram no estabelecimento, aos que vão se matricular e irão assinar contrato; mais

honesto para o consumidor é divulgar, seja em campo de observação, em letras, de

tamanho 12 (doze), nos panfletos, pelos colaboradores, sobre pessoas que não

possam fazer o curso por nocividade das substâncias químicas usadas durante o

curso (PEREIRA, 2012).

Da negligência, imprudência e imperícia dos profissionais (seja empregado

fixo ou eventual), o dono do curso responde pelas falhas de seus empregados.

O curso responde também por atos de imperícia, de imprudência e de

negligência, assim como quaisquer informações, de terceiros (empresa e/ou pessoa

contratada que fazem serviços em nome da empresa que os contrataram), isto é:

1. Curso ‘A’ contrata ou tem convênio com empresa, firma, pessoa

profissional;

2. O curso ‘A’ tem responsabilidade pelos atos praticados pela empresa,

firma, profissional nos quais prestam serviços em nome de ‘A’.

Amparo legal: artigo 34, do CDC.

O dono do estabelecimento ou quaisquer de seus funcionários não podem

apressar o cliente a aceitar o contrato é prática comum o dizer: “são as últimas

vagas e só as garanto até hoje” ou “a promoção e os respectivos descontos são até

hoje”.

O cliente tem que ter calma para verificar o documento o tipo de contrato e as

cláusulas nelas contidas - e tirar as dúvidas que surgirem; caso haja o ato apressado

de pessoas que são do curso e, depois, o aluno, se arrependa , pode pedir anulação

e devolução do dinheiro (pagamento de matrícula ou/e de mensalidade) corrigido

monetariamente.

Amparo: artigo 66, por afirmação falsa ou enganosa, e artigo 67, por

publicidade enganosa, ambos do CDC. Há o artigo 37 também sobre omissão de

informação (PEREIRA, 2012).

17) Cancelamento de aula

A aula foi marcada para 8 horas. Chega para a aula antes das 8 h ou depois

das 8h. Infelizmente há cancelamento por algum motivo. Não se preocupe. O curso

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terá que pagar sua passagem e repor a aula perdida sem cobrar nada. Marcou data,

local e horário? Você esteve no local conforme estipulado? Não compareceu

ninguém? Perdeu o dia de trabalho? Gastou dinheiro de passagem? Responsabilize

o estabelecimento profissionalizante e peça ressarcimento (dinheiro) do dia perdido

no trabalho e da condução que pagou afinal você poderá ser descontado pela

empresa que trabalha pela falta no trabalho (PEREIRA, 2012).

A aula começou alguns minutos depois do que foi marcado? Você tem direito

aos minutos que faltam poderá ser no dia ou em outro dia de sua escolha, sem

custos ao aluno.

Imprevistos acontecem, mas não é por isso que você ficará na mão e

prejudicado. Se há carga horária estipulada pelo curso para obtenção de certificado,

então é obrigado o curso a cumpri-la. Assim como cobram a integridade da carga

horária aos alunos faltosos, o consumidor pode exigir a integridade da carga horária

instituída pelo próprio curso (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigos 20, 31,66 e 67 do CDC.

18) Condicionar confecção de certificado mediante pagamento de

parcelas em atraso

A lei proíbe a prática de confeccionar certificado mediante chantagem. A

instituição deve dar o certificado ao aluno que já concluiu todo o processo mesmo

que este esteja inadimplente. Quanto ao cobrar das dívidas, a instituição deverá

ingressar na justiça para cobrá-lo (PEREIRA, 2012).

Amparo legal: artigo 6º da Lei 9.870/99; artigo 42 do CDC.

19) Venda condicionada

É comum a venda condicionada. Diga-se que o curso profissionalizante

ofereça dois pacotes para um mesmo curso.

O primeiro tem desconto de sessenta por cento (60%) caso o aluno assine

contrato para fazer outro curso logo que concluir o primeiro ou iniciar o segundo.

O segundo pacote não dá direito ao desconto de sessenta por cento (60%)

caso o aluno não assine contrato para fazer o segundo curso. Isto é chamado de

compra condicionada. E é proibido por lei. Pegue algum comprovante desta prática

ilegal e se dirija a uma delegacia. Trata-se de crime contra a economia popular.

Exija do curso o desconto sem ter que assinar nenhum contrato a mais. Você,

consumidor, não é obrigado a fazer ou ter o que não quer (PEREIRA, 2012).

A empresa poderá ser processada também por danos morais.

39

Amparo legal: artigo 6°, inciso II; e artigo 39, inciso I, do CDC.

20) Preço anunciado

Como dito, os preços devem estar em locais de fácil acesso e visualização

(painel, por exemplo) para os consumidores. Além dos preços de cada curso devem

contar os descontos para cada curso e as formas que gerarão estes descontos. As

datas iniciais e finais das promoções. Enfim, tudo deve estar visível, e o consumidor

muito bem informado (PEREIRA, 2012).

Se há divergências entre o preço anunciado (comercial televisivo, anúncio em

jornal, revista, panfleto) e o que é dito no momento do fechamento do contrato, ou

posteriormente, o consumidor tem direito a exigir o preço anunciado (o menor

preço).

Amparo legal: artigos 30, 31, 35 e 36 do CDC; artigo 2º inciso I, II, V do

Decreto Lei 5.903/06.

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CONCLUSÃO

Com este estudo foi possível entender que a administração escolar é uma

atividade que busca a realização dos fins educativos, tanto as atividades-meio

quanto as atividades-fim que acontecem na escola e não somente as atividades de

direção. Na escola básica, o caráter mediador da administração deve acontecer de

forma a que tanto a direção, os serviços de secretaria, a assistência ao aluno a

zeladoria, a vigilância e o atendimento de alunos e pais, quanto o ensino e

aprendizagem que se dá predominantemente em sala de aula, estejam sempre

interligadas com a educação. Assim é possível ter uma boa administração na escola,

onde todos são vistos como parte importante do processo educacional.

O curso profissionalizante é uma opção para o indivíduo que pretende

disputar uma vaga no mercado de trabalho de forma mais rápida, sendo assim uma

das melhores opções na área de educação profissional. A habilitação profissional

técnica é destinada para quem deseja entrar no mercado de trabalho, mas não

tem tempo, dinheiro ou disposição de enfrentar uma faculdade.

Diante da educação profissional conclui-se que, os alunos não conhecem

muito bem seus direitos enquanto consumidores e de acordo com a revisão de

literatura realizada conclui-se que o Código de defesa do consumidor – CDC nasceu

para proteger a vulnerabilidade presumida do consumidor e, ao mesmo tempo,

legitimar a responsabilidade dos fornecedores, sobre seus produtos comercializados

aos consumidores finais, buscando garantir, desta forma, a plena satisfação nas

relações de consumo. Porém, não é o que se observa. Tanto o fornecedor ou

fabricante, ainda, escapa à legislação que exige a qualidade vinculada à garantia do

produto, quanto o próprio consumidor, por desconhecimento ou não, não se

determina como agente ativo desta relação. Acredita-se que, talvez, ele não se veja

como consumidor, mas ainda se alimente de já antiga denominação de mero

comprador.

Em linhas gerais a Lei 8.078 de 1990 merece ser elogiada e divulgada para

os alunos de cursos profissionalizantes, pois a proteção ao consumidor aluno nos

moldes da legislação consumerista vem dar o equilíbrio nas relações do fornecedor

e consumidor, onde impera o ideário da justiça e da equidade, apenas ressalta-se a

necessidade de divulgação aos interessados à que ela se destina, para que a

41

eficácia se realize e, todos, definitivamente, possa usufruir do valioso instrumento de

proteção.

42

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