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OS DEUSES ESTÃO DE FÉRIAS

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Grandes extinções, grandes epidemias, terremotos, ciclones, maremotos... Milhões de pessoas ao longo dos séculos já morreram por causa deles. Não incluem-se aqui as mortes derivadas da ação do homem como guerras, por exemplo. A que conclusões podemos chegar? Que os deuses sãos uns insensíveis? Que os deuses estão purificando o planeta para trasportar todo mundo para um outro planeta e purificar todos novamente? Que os deuses não existem e são todos invenções da mente humana tentando fugir da realidade? Ou que os deuses estão de férias? Neste livro são discutidos todos estes assuntos e outros mais.

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OS DEUSES

ESTÃO DE FÉRIAS

OS DEUSES

ESTÃO DE FÉRIAS

DORIEDISON SANTOS

autor e organizador

Copyright©2012 - Doriedison Santos Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma e por qualquer meio mecânico ou eletrônico, inclusive através de fotocópias e de gravações, sem a expressa permissão do autor. Todo o conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do autor.

Diagramação: Doriedison Santos Revisão: Ésley Maxuel

Capa: Imagem – O Vale dos Deuses

Santos, Doriedison OS DEUSES ESTÃO DE FÉRIAS / Doriedison Santos. – São Paulo – SP – AgBook/Clube de Autores 2012

1. Filosofia/Teoria da Ciência I. Título

CDD-501

Índices para catálogo sistemático: 1.Filosofia/Teoria da Ciência - 501

Agbook /Clube de Autores www.agbook.com.br www.clubedeautores.com.br São Paulo - SP

APRESENTAÇÃO

Existem e já deixaram de existir muitos deuses. Os cristãos do mundo de hoje acham que o chamado “Deus”, “Javé”, “Jeová”, ou talvez “Alá”, é e sempre foi o deus único da humanidade. Acontece que não é bem assim. Mesmo no mundo atual em que vivemos, existem culturas que acreditam em diversos deuses diferentes do deus hebreu que ficou famoso mundialmente. Haja vista os deuses hindus, só para citar um exemplo. Ainda podemos citar diversos outros como: Arianrod, Nuada, Argetlam, Morrigu, Tagd, Govannon, Goibniu, Gunfled, Odim, Dagda, Ogma, Ogurvan, Marzin, Dea Dia, Marte, Iuno Lucina, Diana de Éfeso, Saturno, Robigus, Furrina, Plutão, Cronos, Vesta, Engurra, Zer-panitu, Belus, Merodach, Ubililu, Elum, U-dimmer-an-kia, Marduk, U-sab-sib, Nin, U-Mersi, Perséfone, Tammuz, Istar, Vênus, Lagas, Belis, Nirig, Nusku, Nebo, Aa, En-Mersi, Sin, Assur, Apsu, Beltu, Elali, Kusky-banda, Mami, Nin-azu, Zaraqu, Qarradu, Zagaga, Ueras, Thor, Odim, Baco... e um sem número de deuses em corpos de animais, pedras, árvores, astros, entre outros. Hoje em dia muitos acham que acreditar nesses deuses é uma coisa ridícula, mas no passado isso era levado a sério (como é levada a sério a fé no deus hebreu atualmente e que talvez no futuro também seja considerada uma atitude idiota).

O ser humano sempre sofreu do grande mau de se sentir sozinho no universo (pelo menos por enquanto). Sendo assim, criou para si deidades com o intuito de explicar o inexplicável. O problema é que além de não explicar nada, essas deidades apenas complicaram a tentativa do ser humano de conhecer o universo e a si mesmo, dado que para que se

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tenha fé (e isso é o que as religiões exigem), você não pode questionar nada. Quanto mais questionamentos você faz, mais você destrói a fé nesses deuses absurdos (inclui-se aí o famoso deus cristão) e mais nos distanciamos do verdadeiro conhecimento do mundo. Acreditar no famoso “Deus” nada tem de sobrenatural. Existe uma origem histórica da crença do ser humano nesse Deus, e acredite, não tem nada de fantástico, incrível e ninguém desceu dos céus em forma de anjo, fogo, grande luz, clarão, chuva de fogo, dilúvio ou o que quer que seja e anunciou com trombetas esse grande evento (os cristãos adoram coisas apoteóticas deste gênero para dar crédito aos seus relatos). A origem do chamado “Deus”, que quase ninguém ousa questionar, remonta há cerca de seis mil anos atrás e este Deus não é citado em nenhum outro local a não ser na Bíblia. A palavra “Bíblia” quer dizer “coleção de livros”, justamente porque essa “colcha de retalhos” chamada hoje de Bíblia, estava separada em muitos rolos de pergaminhos no passado distante e ao ser montada para se tornar um só livro, resultaram em passagens incoerentes, inconsistências de todo tipo e erros de relatos (mais pra frente examinaremos este assunto detalhadamente). Os egípcios, persas e mesopotâmicos já veneravam muitos deuses e deusas há cerca de 2.500 anos antes que o Deus cristão sequer aparecesse em qualquer escrita de qualquer tipo.

No livro “A origem de Deus” de Laurence Gardner vemos o que segue: “...a Bíblia hebraica, ao longo de sua narrativa, deixa bem clara a existência de vários deuses em vez de um Deus único, como, por exemplo, em Gênesis 3:5: ‘Vós sereis como deuses’ e no Salmo 82:1: ‘Levanta-se Deus na

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assembleia de deuses’. Entretanto, nosso interesse recai apenas em um desses deuses – aquele cujas identificações pessoais foram suprimidas das Bíblias cristãs a fim de que fosse apresentada uma imagem consistente e uniforme do valoroso “Deus Todo-Poderoso”. Por sorte, as antigas formas de identificação não se perderam, e já conhecemos as três relacionadas à divindade conhecida na era de Abraão como “O Altíssimo”: - El Shaddai: o Deus de Abraão e de seu filho Isaac. - El Elyon: o Deus conhecido por Jacó, filho de Isaac. - Ilû Kur-gal: o nome como El era conhecido na Mesopotâmia. No tocante à cronologia de Abraão e de seus descendentes imediatos, estamos falando de aproximadamente 2.000 anos a.C. – cerca de 4.000 anos atrás. [...] na época de Móises (figura da Bíblia a qual não foi provado que realmente existiu) mais de 600 anos depois de Abraão, surge uma nova forma de identificação de Deus nas escrituras. Somos apresentados a Yahweh (Yhwh), a divindade suprema dos israelitas durante o êxodo (que também não tem nenhuma prova histórica que realmente aconteceu), após 400 anos de cativeiro no Egito – o que obviamente dá margem à seguinte questão: era o subsequente Yahweh dos israelitas seguidores de Moisés o mesmo El, o primeiro Deus dos hebreus seguidores de Abraão? Caso a resposta seja afirmativa, uma nova perspectiva se abre na tradição religiosa, pois Yahweh não teria sido, como se sustenta, prerrogativa exclusiva dos israelitas, mas sim, também, a divindade suprema dos cananeus e mesopotâmicos. Por outro lado, se Yahewh e El não tiverem

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sido a mesma divindade, deparamo-nos com uma situação tão controversa quanto a anterior, no sentido de que o Deus de Abraão e o Deus de Moisés não estariam de acordo com a suposta crença hebraico-israelita em um deus único. [...] Os escribas do Gênesis, que escreveram sobre o cativeiro da Babilônia no século VI a.C., certamente tinham conhecimento da tradição de El da época de Abraão e também haviam descoberto tábuas com informações relacionadas a eventos muito anteriores ocorridos na Mesopotâmia, como o do jardim do Éden, o do grande Dilúvio e o da Torre de Babel. Todavia, como tomaram conhecimento de que El (cuja corte, em 2.000 a.C., estava localizada em Baalbek e possuía outra residência em Bêth-El) havia sido o grande Senhor de toda criação? Parece bem provável que o relato da Criação no início do Gênesis tenha surgido de um mito antigo, o qual não tinha nenhuma relação com El ou Yahweh, mas foi apresentado a fim de manter uma imagem consistente de um Deus único.” Ou seja, a crença no chamado “Deus cristão” que tão bem conhecemos hoje, também foi obra humana e ajustada para caber nas mentes estreitas dos crentes, que jamais poderiam questionar qualquer coisa para que sua fé pudesse ser considerada verdadeira. No decorrer desse livro examinaremos sob os olhares de diversos escritores a crença neste “Deus” especificamente, assim como em outro mito conhecido como Jesus, que também foi criado para que fosse ajustado às profecias da Bíblia e para justificar que essas fossem cumpridas. É bem provável que o chamado “Jesus” tenha sido personificado na pessoa de diversos pregadores revolucionários e que os mesmos com certeza tenham sido mortos por romanos, como eles faziam com todo rebelde na

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antiga terra hoje chamada de Palestina. Mas a figura única, que realizava “milagres” e tão contraditória como citada na Bíblia (afinal, ao mesmo tempo que pregava o amor ao próximo, dizia que não era possível perdoar os ímpios e que ele veio “pra trazer a espada e não a paz”), foi bem mais ideal que real. Nenhum povo da mesma época citou o fato da passagem deste Jesus por aqui, nem mesmo os romanos. O que temos são citações esporádicas de pessoas de procedência duvidosa e com documentos que apresentam claramente adulterações propositais. A Bíblia que muitos crentes acreditam ser “a palavra de Deus” é cheia de contradições e erros (como veremos adiante) e jamais poderia ser considerada como algo perfeito. Também é bem pouco confiável historicamente, já que poucos fatos descritos ali foram comprovados pelos arqueólogos. O máximo que podemos tirar de conclusão é que a Bíblia só pode ser tida como objeto de curiosidade para que possamos observar como pensavam e agiam os povos daquela época. Na era da ciência na qual vivemos, tem sido cada vez mais difícil para sacerdotes de um modo geral conciliar os chamados “milagres” citados na Bíblia com o mundo real. Pois cada vez que a ciência explica como um fenômeno é ou não é possível, menos espaço ela deixa para as superstições dos religiosos. Cada vez mais esses sacerdotes se sentem no desconforto de ter que explicar como um homem pode transformar água em vinho, como o sol pode parar no céu, como alguém pode ser levado com corpo e tudo em uma carruagem de fogo para o céu, como alguém pode conversar com uma planta em chamas, como alguém pode morrer e voltar à vida e em seguida “voar” para o céu sem deixar rastros.

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O argumento da fé pura e simples já tem perdido espaço há tempos. Os crentes fingem que não sabem de nada (e alguns não sabem nada mesmo) e continuam rezando e pedindo para o nada atender suas preces. Outra questão que tem tirado o sono dos religiosos é o caso do mal no mundo (veremos no final do livro diversos exemplos). Tentar conciliar todos os males do planeta com a existência de um Deus bondoso é uma tarefa hercúlea e com certeza eles nunca irão conseguir êxito nesta tarefa.

É como disse Epícuro e completado depois por Lactâncio no chamado “Paradoxo do Mal”: Ou Deus quer evitar o mal e não pode; Ou Deus pode e não quer; Ou Deus não quer e não pode; Ou Deus pode e quer. Adição ao paradoxo do mal (Lactâncio): Se Deus quer [evitar o mal] e não pode, então é impotente, e isto contraria a condição de Deus. Se Deus pode e não quer, então é mau, e isto é igualmente incompatível com Deus. Se Deus não quer e não pode, então é mau e impotente, e, portanto, não é Deus. Se Deus quer e pode… Então de onde vêm os males? E por que não acaba com eles?

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Para finalizar, você pode dizer que não acredita em nada disso e que tudo é uma grande baboseira inventada por religiosos malucos e ávidos por querer lucrar com a fé dos fiéis. Mas que na verdade acredita em uma força que gosta de chamar de “Deus” e que esse “Deus” nada tem a ver com as religiões. Ainda assim existem controvérsias a esse respeito, como por exemplo: a-)Se este “Deus” é uma força, que força é esta e onde ela está? Se estiver em todo o universo (teria que estar para ser considerada um deus), teria que ser uma força conhecida. Seria a lei da gravidade? O eletromagnetismo? Se não está em todo o universo, como poderia ser chamada de Deus? (rezar para a lei da gravidade, para o eletromagnetismo ou para algum tipo de radiação pode parecer esquisito não acha?). b-)Se é uma força criadora, que criou todo o universo, quem foi que criou esta força? Outro deus, talvez? c-)Supondo que esta força sempre existiu e que ninguém criou ela, por que então o universo também não pode sempre ter existido sem ter sido criado por nenhum deus? d-)O que esta força estava fazendo antes de resolver criar o universo em um momento de tédio divino? Eu sei, ateus são uns chatos mesmo. Vivem questionando tudo. Imagino que o paraíso dos crentes seria um lugar onde nada precisasse ser explicado, apenas

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acreditaríamos em inúmeras baboseiras e pronto. Mas, veja bem, se não houvesse busca pela explicação da natureza, não haveria também vacinas, anestesias, cirurgias, satélites pra assistir os jogos do outro lado do planeta, médicos, cientistas, computadores, aviões.... Santa ciência, Batman.

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http://fabricadefilosofia.blogspot.com.br/2011/07/origem-de-deus.html

A origem de Deus De onde veio Deus? Ele é eterno como afirmam os religiosos ou tem uma origem desconhecida em algum ponto do passado? Seria esta uma questão acima da compreensão humana ou uma investigação minuciosa revelaria sua origem? Seria Deus um ser real ou apenas mais um mito criado pelo homem? Para se entender a origem de Deus, faz-se necessário primeiramente compreender a própria natureza humana, pois Deus "revela-se" primeiramente a alguns seres humanos especiais chamados sacerdotes, os quais repassam as informações às massas menos sensíveis aos sussurros divinos. Conhecendo a natureza humana Todos os seres vivos, entre eles o homem, têm como imperativos a preservação da vida e a perpetuação dos genes. Cada organismo possui características que lhe permite sobreviver em seu ambiente. Entre diversas ferramentas de sobrevivência, uns desenvolveram venenos, outros camuflagem, outros ainda asas e garras. O ser humano desenvolveu a razão, a mais eficiente ferramenta, a qual lhe permite adaptar o ambiente a si, minimizando a necessidade de se adaptar ao ambiente. A razão humana, sediada no cérebro, é totalmente dependente de sensores de estado. Os sentidos da visão, audição, olfato, paladar e tato informam o

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estado do ambiente; as sensações de fome, sede, calor, frio, etc., informam o estado do organismo. A partir do confronto dessas informações o córtex cerebral efetua simulações de seu próprio e outros organismos em ambientes mentais com o fim de testar possibilidades e tomar ações instantâneas, ou programá-las com até anos de antecedência, para sua sobrevivência. Tais simulações são comumente conhecidas como pensamento, imaginação, sonho e pesadelo. Além da capacidade de simular, o homem possui sentimentos que são impressões dos sentidos e das sensações guardadas no cérebro. O mais importante deles é o medo, cuja sensação equivalente é a dor, com base nele o homem decide praticamente tudo que se refere à sobrevivência. A origem de Deus Sem limites aparentes, a mente humana simulou todo tipo de seres e ambientes com o fim de se preparar para um confronto futuro com quaisquer tipos de ameaças. Formulou lugares prazerosos como o paraíso ou tenebrosos como o inferno. Projetou seres poderosos e invisíveis, mas curiosamente visíveis nas simulações, porque nelas não há impossível. Desta forma, não é de se admirar que os deuses sejam extremamente adaptáveis a quaisquer situações, infringindo os limites físicos, racionais, lógicos, morais e éticos. Perversos em algumas circunstâncias, castigando e ordenando o massacre de multidões ou extremamente misericordiosos como pais amorosos, prometendo perdão, riqueza e vida eterna. Ora semelhantes a assassinos passionais matando e condenando ao

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fogo eterno quem não corresponde ao seu amor doentio, ora parecidos a compreensivos maridos que perdoam a esposa adúltera. Impotentes para evitar uma tragédia alheia, mas capazes de construir planetas e até o universo para seu próprio prazer. Por mais grandiosos que sejam, os deuses e seus ambientes sempre obedecem às leis das simulações mentais: Céu e inferno são os campos de prova, deuses e demônios são os organismos predadores mais eficientes possíveis. O córtex cerebral põe seu próprio organismo neste campo de batalha e busca formas de sobrevivência. O problema é que fugir ou destruir seres desta magnitude é impossível, então as únicas alternativas plausíveis são apaziguá-los (oferendas e obediência) ou fazê-los confrontar-se (bem x mal, Deus x Satanás, anjos x demônios) na esperança de que um venha a aniquilar o outro. Como as informações processadas no cérebro, sejam elas reais ou simuladas, têm a mesma natureza – conexões neurais – imaginação e realidade se confundem nas mentes desprevenidas. Desta forma o homem criou Deus, anjos, demônios e o mundo espiritual, passando a adorá-los, temê-los e ensiná-los às posteridades através das religiões. Como naturalmente a imaginação precede a análise, o mundo imaginário se antecipou em muito à compreensão do mundo real, tornando a humanidade escrava desse pensamento durante milênios até os dias de hoje. Embora agora se tenha o conhecimento científico como uma eficiente ferramenta de libertação, sua árdua assimilação faz com que poucas pessoas tenham disposição para se dedicar a ele a fim de entender seu mundo imaginário. A medida de todas as coisas

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É importante notar que a origem das entidades e ambientes espirituais está nas informações colhidas pelos sentidos e sensações humanos sobre o mundo real, principalmente pelo sentido da visão. As asas dos anjos são como as de pombos ou águias. Deus tem braços e boca como os seres humanos e, inclusive, no livro judaico-cristão, é considerado padrão de imagem para a criação do homem quando, na verdade, é antropomórfico. Para o homem não há ser mais destrutivo e ameaçador que ele mesmo, por isso os deuses mais assustadores são formulados com características humanas, alguns com partes de animais para parecerem mais aterrorizantes. O deus Anúbis dos egípcios, por exemplo, tem corpo humano e cabeça de chacal. A invisibilidade dos deuses é baseada nas características do ar que, embora invisível, é sentido e indispensável para a vida orgânica. Muitas referências bíblicas afirmam que Deus é feito de ar (pneuma, espírito). Já os ambientes sobrenaturais como paraíso e inferno, se baseiam em jardins, céu, fogo, enxofre, luz, escuridão, etc., todos encontrados na natureza. Essa imaginação limitada por figuras naturais conhecidas ocorre porque não há uma realidade transcendental que venha a ser informada ao homem além daquilo que seus sentidos e sensações possam coletar do mundo real, pois “o homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras, 487-420 a.C.). O tempo, a experiência de vida, a aquisição de informações mais apuradas tendo como referências o mundo real e os fatos, faz algumas pessoas adquirirem a capacidade de discernir o real do imaginário para alívio de sua consciência. A sugestão

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cultural e religiosa acerca de um mundo sobrenatural encaminha o ser humano a pensar que o imaginário é real ainda na terra infância, fase da vida na qual não há experiência, consciência e razão suficientes para se refutar o improvável. Na fase adulta, se não houver grande exercício mental para averiguar todos os sofismas que protegem as crenças em seres espirituais – incluso Deus, cuja origem é a imaginação humana – eles atormentarão a mente dos que crêem com promessas e ameaças até o fim de sua existência. É preciso compreender uma coisa: enquanto o que foi imaginado não for comprovado, tal pensamento não passará de uma teoria e, portanto, não deve ser passível de credo, ou seja, não se deve ter plena certeza de que algo que não foi comprovado é real (sentimento conhecido como fé) meramente porque foi cogitada a possibilidade de sua existência. É preciso distinguir possibilidade de realidade, tal como imaginação de prova. [Imaginar a existência de um ou mais deuses é como imaginar a existência de fadas, gnomos ou duendes. Enquanto a pessoa deixar isso apenas como passatempo, diversão ou algo que lhe dá prazer ou faz com que passe horas divagando, não se pode considerar que seja nocivo. Mas quando a imaginação toma conta da realidade e essa falsa realidade passa a ditar como proceder em decisões importantes da vida que envolvam o bem estar ou a integridade física, isso passa a ser nocivo para quem quer que seja. Principalmente quando o bom senso dá lugar ao fanatismo.

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Observando o universo até onde a ciência nos permite, não parece que a vida seja o objetivo dele. A impressão que temos é que a vida é um fato de ocorrência casual, assim como a autoconsciência é um fato casual entre os humanos e não no resto da vida do planeta. Como a autoconsciência existe, mas não é necessária para a vida, assim também a vida existe no universo, mas não é necessária para ele. Levando em conta a remota possibilidade que este universo teve uma força criadora (e aqui como força criadora não me refiro de maneira alguma aos deuses ou ao deus que a humanidade criou para ela), essa força criadora não parece se importar de maneira alguma conosco ou com o planeta em que vivemos. Se ela existe, ou existiu em algum momento, parece ter se ausentado talvez para sempre, deixando a máquina funcionando de acordo com regras que não permitem exceções e não demonstram alterações de curso (o que poderia sugerir a existência de uma “força de vontade” subjacente). Mais óbvio é que nada exista nesse sentido.] N.O.

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Deus e a Origem do Universo

Uma das grandes questões da humanidade é a origem do universo. Como tudo veio a existir? Um Deus criou o universo ou ele sempre existiu? Se tudo que existe necessitou ser criado, quem criou Deus? Se Deus é eterno e não precisou ser criado, a mesma explicação não poderia ser aplicada ao universo? Se a complexidade do universo é prova da existência de um criador, a complexidade do criador não é prova de que ele também foi criado? Se tudo no universo tende do mais simples ao mais complexo, um ser criador, onipotente e onisciente seria mais simples que aquilo que criou? O que levou um ser perfeito a criar o universo se nunca precisou de nada? Estas são apenas

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algumas das inúmeras questões que demonstram que a crença em um Deus criador suscita mais questões que as soluciona. Segundo a ciência, que responde às dúvidas humanas através de investigações, não através do que parece óbvio à primeira vista, o universo teve sua origem há aproximadamente 13.7 bilhões de anos com um evento chamado Big-Bang. Embora ridicularizada pela massa crente em Deus, a “grande explosão” não deve ser julgada pelo seu rótulo, mas pelas provas materiais que apresenta, assim como não se deve julgar uma pessoa pelo seu nome. De fato a forma atual do universo e seu comportamento apresentam características de que este partiu de um único ponto. As galáxias, por exemplo, se afastam umas das outras para todas as direções, demonstrando que o universo está em expansão a partir de um único ponto original. Uma radiação emitida por todo o universo, chamada de frequência de background, também informa que todas as partículas que o compõe um dia estavam em um mesmo local, ou seja, embora o universo seja extremamente grande para os padrões humanos, ele é um único ponto em expansão. Devido às grandes dimensões do cosmo, as luzes das estrelas remotas necessitaram de muitos anos para alcançarem a Terra, permitindo aos astrônomos medirem a idade do universo conhecido, revelando não milhares de anos como a cultura primitiva acreditava, mas bilhões de anos. O decaimento atômico de alguns elementos naturais, as alterações geológicas e a deriva continental demonstram uma gradativa evolução da Terra, permitindo cálculos que revelam sua idade em torno de 4,6 bilhões de anos. Observações da matéria em aceleradores de partículas demonstram que os 92 elementos químicos e as

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dezenas de partículas subatômicas são formadas apenas por quarks e leptons. Estudos sobre o nascimento e morte das estrelas mostram que em seu interior todos os elementos foram formados a partir do hidrogênio, o elemento mais simples. Estes fatos observados na matéria, na Terra, no sistema solar, assim como em todo o universo, revelam uma evolução natural que parte do mais simples ao mais complexo sem necessidade de controle ou intervenção de um ser inteligente. Isso revela que Deus tem sua morada na dúvida e falta de conhecimento humanos, ou seja, imagina-se que aquilo que não se sabe a origem foi criado por um deus cuja origem, ironicamente, é desconhecida. Este sentimento acerca de Deus remete à infância humana onde os pais são responsáveis pela vida dos filhos, para os quais não interessa de onde os pais vieram, mas o que podem fazer para o bem-estar deles. Como o que motiva a vida humana para alcançar seus objetivos é o sentimento – e a razão é apenas uma ferramenta a serviço dele – dificilmente alguém se desvincula da crença em uma mente controlando seu universo como os pais faziam com seu universo infantil. De fato a crença em Deus está no plano emocional (fé) e não no racional. Quando alguém valoriza a vida acima das crenças religiosas, acima dos deuses de sua mente, percebe que Deus é mais aquilo que se acredita do que um fato, e entende que para tudo aquilo que ainda não se tem explicação real Deus é uma explicação paliativa. Os primitivos acreditavam que tudo era diretamente influenciado por Deus ou entidades espirituais. A chuva, a boa

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colheita, a seca e as pragas tinham origem divinas; os trovões eram a voz proveniente diretamente da boca dos deuses e dos anjos. As doenças, por exemplo, eram castigos divinos até à invenção do microscópio que possibilitou a descoberta dos agentes patológicos, mas a fé deu um jeito de elevar os vírus e bactérias a status de agentes das maldições divinas, ou seja, sempre que a ciência descobre a origem real de um fato, a divindade é forçada a abandonar seu lar original e encontrar moradia mais adiante, naquilo que ainda não se descobriu a origem: “A doutrina de um Deus pessoal interferindo com os eventos naturais nunca poderá ser refutada pela ciência, pois essa doutrina pode sempre se refugiar naqueles domínios nos quais o conhecimento científico ainda não foi capaz de pôr o pé” (Albert Einstein). É importante observar que o maior dos físicos, se acreditava na existência de Deus, não o considerava pessoal como crê o religioso. Embora a fé e a razão do crente apontem para um Deus, as descobertas científicas baseadas em provas materiais e fatos advertem que não se deve afirmar categoricamente que o universo é fruto da mente de um ser, pois as investigações demonstram que o seres vêm do universo e não o universo dos seres, que a inteligência é fruto da existência e não a existência fruto da inteligência, que o complexo vem do que é simples e não o simples do complexo. Da mesma forma Deus está muito mais para criação da mente de um ser contido no universo do que para criador deste universo, cuja origem primeira ainda é uma incógnita.

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http://fabricadefilosofia.blogspot.com.br/2011/06/religiao-prejudica-o-cerebro.html

Religião prejudica o cérebro Pesquisadores da universidade de Duke, nos EUA, observaram os cérebros de 268 homens e mulheres com mais de 58 anos e notaram que o hipocampo - região envolvida, principalmente, na formação de memórias - era significativamente menor naqueles que se identificavam com grupos religiosos específicos ou que tinha passado por experiências religiosas de mudança de vida - o fato de passar por dificuldades, e encontrar consolo na religião, por exemplo. Por quê? Ninguém sabe ao certo ainda os fatores que causam esse fenômeno. Mas a principal hipótese do estudo é que certos aspectos da religião causem, em algumas pessoas, um estado constante de estresse. Um indivíduo que faz parte de um grupo religioso e sofre por isso, vive num estado de nervos mais delicado. Muitas vezes a causa do estresse é causado por debates com outros grupos religiosos ou não-religiosos; a fé - princípio religioso - afasta o indivíduo de um estudo mais amplo e acaba gerando uma falta de conhecimento que limita os argumentos. Também pode acontecer com o sujeito que vive com o medo de ser punido por Deus por qualquer motivo (o sintoma piora com indivíduos fundamentalistas que enxergam pecado em quase tudo), ou então com o que tem ideais conflitantes com certos dogmas da religião. Ao longo do tempo, a liberação constante dos hormônios desse estresse diminui o volume do hipocampo. Prejudicando o cérebro do indivíduo.

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http://www.joaodefreitas.com.br/origem-da-biblia.htm

A ORIGEM DA BÍBLIA -- 04/09/2005

A Bíblia é o mais conhecido e mais lido de todos os livros praticamente por toda parte no planeta e nenhum outro se vendeu tanto até hoje. Não obstante a diversas contradições existentes dentro do Velho Testamento e muito mais entre esse e o chamado Novo Testamento, é corrente no meio religioso a ideia de que há uma unanimidade maravilhosa de pensamento entre todos os escritores que participaram da criação do livro sagrado. Diante desse sucesso todo, muitos estudiosos têm dedicado tempo e muito trabalho perscrutando sua obscura origem e o poder inexplicável desse livro sobre o imaginário humano, tornando-o a base da fé da maior parte do mundo. Só recentemente, através da arqueologia e análise dos registros encontrado das bibliotecas de povos do Oriente Médio, está-se chegando a uma conclusão sobre o seu início. O começo da Bíblia escrita remonta ao século sétimo antes da era Cristã. Todos os povos têm lendas que tentam explicar a origem de todas as coisas. Os hebreus também tinha as suas, que eram transmitidas oralmente de pais para filhos, misturadas com fatos e esculpidas pelas crenças vigentes em cada época e cada meio. Assim, versões diversas existiam sobre as divindades e a respeito da origem do universo com tudo que nele há. Uma leitura atenta do velho testamento nos mostra que vários escritores de pensamentos diversos contribuíram na

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elaboração dos primeiros livros bíblicos. A criação dos seres vivos é o primeiro relato duplo que não pode ter sido escrito pela mesma pessoa. Mediante os dados arqueológicos e os registros encontrados em antigas bibliotecas egípcias e dos povos antigos do Oriente Médio, os estudiosos passaram a perceber que a realidade fática e geográfica anterior ao sétimo século antes da Era Cristã divergia muito dos relatos da história patriarcal hebraica, dando a entender que foi naquele século que o livro foi criado. Analisando todas as contradições, chegou-se à conclusão de que tudo foi redigido pelos escribas do templo a mando do rei Josias. ”Não há registro arqueológico ou histórico da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo. A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó egípcio, foi incluída na Torá provavelmente no século VII a.C. , por obra dos escribas do Templo de Jerusalém, em uma reforma social e religiosa. Para combater o politeísmo e o culto de imagens, que cresciam entre os judeus, os rabinos inventaram um novo código de leis e histórias de patriarcas heróicos que recebiam ensinamentos diretamente de Jeová. Tais intenções acabaram batizadas de “ideologia deuteronômica”, porque estão mais evidentes no livro Deuteronômio. A prova de que esses textos são lendas estaria nas inúmeras incongruências culturais e geográficas entre o texto e a realidade. Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII a.C., quando o Êxodo teria ocorrido. Esses locais só viriam a existir 500 anos depois, justamente no período dos escribas

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deuteronômicos. Também não havia um local chamado Monte Sinai, onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização atual, no Egito, foi escolhida entre os séculos IV e VI d.C., por monges cristãos bizantinos, porque ele oferecia uma bela vista. Já as Dez Pragas seriam o eco de um desastre ecológico ocorrido no Vale do Nilo quando tribos nômades de semitas estiveram por lá. Vejamos agora o caso de Abraão, o patriarca dos judeus. Segundo a Bíblia, ele era um comerciante nômade que, por volta de 1850 a.C., emigrou de Ur, na Mesopotâmia, para Canaã (na Palestina). Na viagem, ele e seus filhos comerciavam em caravanas de camelos. Mas não há registros de migrações de Ur em direção a Canaã que justifiquem o relato bíblico e, naquela época, os camelos ainda não haviam sido domesticados. Aqui também há erros geográficos: lugares citados na viagem de Abraão, como Hebron e Bersheba, nem existiam então. Hoje, a análise filológica dos textos indica que Abraão foi introduzido na Torá entre os séculos VIII e VII a.C. (mais de 1 000 anos após a suposta viagem). Então, como surgiu o povo hebreu? Na verdade, hebreus e canaanitas são o mesmo povo. Por volta de 2000 a.C., os canaanitas viviam em povoados nas terras férteis dos vales, enquanto os hebreus eram nômades das montanhas. Foi o declínio das cidades canaanitas, acossadas por invasores no final da Idade do Bronze (300 a.C. a 1000 a.C.)" [“300” deve-se ler “1.300”], "que permitiu aos hebreus ocupar os vales. Segundo a Bíblia, os hebreus conquistaram Canaã com a ajuda dos céus: na entrada de Jericó, o exército hebreu toca suas

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trombetas e as muralhas da cidade desabam, por milagre. Mas a ciência diz que Jericó nem tinha muralhas nessa época. A chegada dos hebreus teria sido um longo e pacífico processo de infiltração. DAVI E SALOMÃO Há pouca dúvida de que David e Salomão existiram. Mas há muita controvérsia sobre seu verdadeiro papel na história do povo hebreu. A Bíblia diz que a primeira unificação das tribos hebraicas aconteceu no reinado de Saul. Seu sucessor, David, organizou o Estado hebraico, eliminando adversários e preparando o terreno para que seu filho, Salomão, pudesse reinar sobre um vasto império. O período salomônico (970 a.C. a 930 a.C.) teria sido marcado pela construção do Templo de Jerusalém e a entronização da Arca da Aliança em seu altar. Não há registros históricos ou arqueológicos da existência de Saul, mas a arqueologia mostra que boa parte dos hebreus ainda vivia em aldeias nas montanhas no período em que ele teria vivido (por volta de 1000 a.C.) – assim, Saul seria apenas um entre os muitos líderes tribais hebreus. Quanto a David, há pelos menos um achado arqueológico importante: em 1993 foi encontrada uma pedra de basalto datada do século IX a.C. com escritos que mencionam um rei David. Por outro lado, não há qualquer evidência das conquistas de David narradas na Bíblia, como sua vitória sobre o gigante Golias. Ao contrário, as cidades canaanitas mencionadas como

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destruídas por seus exércitos teriam continuado sua vida normalmente. Na verdade, David não teria sido o grande líder que a Bíblia afirma. Seu papel teria sido muito menor. Ele pode ter sido o líder de um grupo de rebeldes que vivia nas montanhas, chamados apiru (palavra de onde deriva a palavra hebreu) – uma espécie de guerrilheiro que ameaçava as cidades do sul da Palestina. Quanto ao império salomônico cantado em verso e prosa na Torá hebraica, a verdade é que não foram achadas ruínas de arquitetura monumental em Jerusalém ou qualquer das outras cidades citadas na Bíblia. O principal indício de que as conquistas de David e o império de Salomão são, em sua maior parte, invenções é que, no período em que teriam vivido, a arqueologia prova que a cultura canaanita (que, segundo a Bíblia, teria sido destruída) continuava viva. A conclusão é que David e Salomão teriam sido apenas pequenos líderes tribais de Judá, um Estado pobre e politicamente inexpressivo localizado no sul da Palestina. Na verdade, o grande momento da história hebraica teria acontecido não no período salomônico, mas cerca de um século mais tarde. Entre 884 e 873 a.C., foi fundada Samária, a capital do reino de Israel, no norte da Palestina, sob a liderança do rei israelita Omri. Enquanto Judá permanecia pobre e esquecida no sul, os israelitas do norte faziam alianças com os assírios e viviam um período de grande desenvolvimento econômico. A arqueologia demonstrou que os monumentos normalmente atribuídos a Salomão foram, na verdade, erguidos pelos omridas. Ou seja: o primeiro grande Estado

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judaico não teve a liderança de Salomão, e sim dos reis da dinastia omrida. Enriquecido pelos acordos comerciais com Assíria e Egito, o rei Acab, filho de Omri, ordena a construção dos palácios de Megido e as muralhas de Hazor, entre outras obras. Hoje, os restos arqueológicos desses palácios e muralhas são o principal ponto de discórdia entre os arqueólogos que estudam a Torá. Muitos ainda os atribuem a Salomão, numa atitude muito mais de fé do que de rigor científico, já que as datações mais recentes indicam que Salomão nunca ergueu palácios. JUDÁ Entender a história de Judá é fundamental para entender todo o Velho Testamento. Até o século VIII a.C., Judá era apenas uma reunião de tribos vivendo numa região desértica do sul da Palestina. Em 722 a.C., porém, os assírios resolvem conquistar as ricas planícies e cidades de Israel – o reino do norte, mais desenvolvido economicamente e mais culto. Judá, no sul, que não pareceu interessar aos assírios, pôde continuar independente, desde que pagasse tributos ao império assírio. Assim, enquanto no norte acontece uma desintegração dos hebreus, levados para a Assíria como escravos, no sul eles continuam unidos em torno do Templo de Jerusalém. Judá beneficiou-se enormemente da destruição do reino do norte. Jerusalém cresceu rapidamente e cidades como Lachish, que servia de passagem antes de chegar a Jerusalém, foram fortificadas. Era o momento de Judá tomar a frente dos

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hebreus. Para isso, precisaria de duas coisas: um rei forte e um arsenal ideológico capaz de convencer as tribos do norte de que Judá fora escolhida por Deus para unir os hebreus. Além disso, era preciso combater o politeísmo que voltava a crescer no norte. Josias foi o candidato a assumir a posição de rei unificador. Durante uma reforma no Templo de Jerusalém, em seu governo, foi “encontrado” (na verdade, não há dúvidas de que o livro foi colocado ali de propósito) o livro Deuteronômio, com todos os ingredientes para um ampla reforma social e religiosa. O livro possui até profecias que afirmam, por exemplo, que um rei chamado Josias, da casa de David, seria escolhido por Deus para salvar os hebreus. Ungido pelo relato do livro, o ardiloso Josias consegue seu objetivo de centralizar o poder, mas acaba morto em batalha. Judá revolta-se contra os assírios e o rei da Assíria, Senaqueribe, invade a região, destruindo Lachish e submetendo Jerusalém. A destruição de Lachish, narrada com riqueza de detalhes na Bíblia, também aparece num relevo encontrado em Nínive, a antiga capital assíria. E as escavações comprovaram que a Bíblia e o relevo são fiéis ao acontecido. Ou seja: nesse caso, a arqueologia provou que a Torá foi fiel aos fatos” (Superinteressante, julho/2002). Como naqueles tempos não havia meios de análise do passado, tudo pareceu verdadeiro, e os judeus passaram a crer que o único deus verdadeiro os havia escolhido desde muitos séculos para governar o mundo. Yavé seria o único deus verdadeiro. Todos os outros teriam sido criações humanas. E os adoradores de Yavé dominariam o mundo.

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O UNGIDO DE BELÉM QUE SUBMETERIA TODOS OS OUTROS REINOS A Assíria, como acima informado, submetera o reino de Israel exilando o povo, e Judá permaneceu, embora obrigado a pagar tribuntos à Assíria. Alguma coisa deveria ser feita para que isso não prosseguisse. A mensagem do deus verdadeiro, Yavé, através de um profeta (homem santo que previa o futuro), fortaleceria o ânimo daquele povo com a promessa de destronar a Assíria e criar um reino inabalável. Assim, um profeta chamado Miquéias apresentou o futuro: “Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará

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entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15). Isso foi escrito, pelo menos está dito que foi, “nos dias de Jotão Acaz e Ezequias reis de Judá” (Miquéias, 1: 1). Vamos ver um pouco da história, para entender as palavras de Miquéias: “No ano duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oséias, filho de Elá, e reinou sobre Israel, em Samária nove anos. E fez o que era mau aos olhos do Senhor, contudo não como os reis de Israel que foram antes dele. Contra ele subiu Salmanasar, rei da Assiria; e Oséias ficou sendo servo dele e lhe pagava tributos. O rei da Assíria, porém, achou em Oséias conspiração; porque ele enviara mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava, como dantes, os tributos anuais ao rei da Assíria; então este o encerrou e o pôs em grilhões numa prisão. E o rei

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da Assíria subiu por toda a terra, e chegando a Samária sitiou-a por três anos. No ano nono de Oséias, o rei da Assíria tomou Samária, e levou Israel cativo para a Assíria; e fê-los habitar em Hala, e junto a Habor, o rio de Gozã, e nas cidades dos medos. (II Reis, 17: 1-6) Uma vez que só Judá estava livre, e o restante de Israel, o reino no Norte, estava sob o poder assírio, na promessa do profeta estavam estas palavras: “então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel” . Quando deveria vir o Messias? “Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios”, disse o profeta. Segundo o profeta, a Assíria iria tentar dominar Judá também; mas aí surgiria o Messias e a esmagaria, libertaria Israel, estabelecendo o reino unificado de Israel sobre todas as nações, "até os fins da Terra”. A Acaz, sucederam: Ezequias (16: 20), Manassés (20: 21; 21: 1), Amom (21: 18), e Josias (21: 26). O segundo Livro dos Reis informa que: “No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou. Pelo que Ezequias, rei de Judá, enviou ao rei da Assíria, a Laquis, dizendo: Pequei; retira-te de mim; tudo o que me impuseres suportarei. Então o rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro” (II Reis, 18: 134, 14).

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O reino de Judá estava em uma condição bem melhor do que o de Israel, apenas pagando tributos à Assíria, enquanto o de Israel estava no exílio. Josias, que era o terceiro dos sucessores Ezequias, no décimo oitavo ano de seu reinado, aproximadamente noventa anos após a submissão de Ezequias por Salmanazar da Assíria, determinou uma reforma do templo, onde dizem ter sido achado o livro da lei de Moisés (II Reis, 22: 1-8). “Então disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã: Achei o livro da lei na casa do Senhor. E Hilquias entregou o livro a Safã, e ele o leu” (v. 8). Dadas as incongruências existentes na história pregressa, concluíram alguns analistas que esse livro da lei não fora encontrado, mas elaborado pelos escribas do reino e posto ali a mando de Josias. Havia até a seguinte predição: “E o homem clamou contra o altar, por ordem do Senhor, dizendo: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias; o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti” (II Reis, 13: 2). Tudo parece ter sido elaborado, com todos os assombrosos prodígios divinos e a predição sobre Josias, para levantar o ânimo do povo na luta para reunificar o reino. Após matar os sacerdotes adoradores de outros deuses e destruir tudo que estivesse ligado à idolatria (adoração que não

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seja a Yavé) segundo a lei do livro, “Josias tirou também todas as casas dos altos que havia nas cidades de Samária, e que os reis de Israel tinham feito para provocarem o Senhor à ira, e lhes fez conforme tudo o que havia feito em Betel. E a todos os sacerdotes dos altos que encontrou ali, ele os matou sobre os respectivos altares, onde também queimou ossos de homens; depois voltou a Jerusalém. Então o rei deu ordem a todo o povo dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito neste livro do pacto” (II Reis, 23: 19-21). Ali está registrado que “não se celebrara tal páscoa desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco nos dias dos reis de Judá” (v. 22). Conferindo todas as descobertas sobre a história anterior, que acreditam ter sido encontrada na reforma do templo, não é difícil perceber que essa “páscoa” nunca existira antes, mas foi introduzida com as leis divinas elaboradas pelos escribas. Mas, apesar de todo o preparo ideológico contido no livro, Josias não conseguiu estabelecer o reino unido. Foi morto em uma batalha, e Judá foi dominada pelo Egito e depois por Babilônia. A promessa divina falhou. “Nos seus dias subiu Faraó-Neco, rei do Egito, contra o rei da Assíria, ao rio Eufrates. E o rei Josias lhe foi ao encontro; e Faraó-Neco o matou em Megido, logo que o viu. ... E o povo da terra tomou a Jeoacaz, filho de Josias, ungiram-no, e o fizeram rei em lugar de seu pai. ... Ora, Faraó-Neco mandou prendê-lo em Ribla, na terra de

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Hamate, para que não reinasse em Jerusalém; e à terra impôs o tributo de cem talentos de prata e um talento de ouro. Também Faraó-Neco constituiu rei a Eliaquim, filho de Josias, em lugar de Josias, seu pai, e lhe mudou o nome em Jeoiaquim; porém levou consigo a Jeoacaz, que conduzido ao Egito, ali morreu. E Jeoiaquim deu a Faraó a prata e o ouro; porém impôs à terra uma taxa, para fornecer esse dinheiro conforme o mandado de Faraó. Exigiu do povo da terra, de cada um segundo a sua avaliação, prata e ouro, para o dar a Faraó-Neco. Jeoiaquim tinha vinte e cinco ano quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. ... Jeoiaquim dormiu com seus pais. E Joaquim, seu filho, reinou em seu lugar. O rei do Egito nunca mais saiu da sua terra, porque o rei de Babilônia tinha tomado tudo quanto era do rei do Egito desde o rio do Egito até o rio Eufrates. Tinha Joaquim dezoito anos quando começou a reinar e reinou três meses em Jerusalém. ... Naquele tempo os servos de Nabucodonosor, rei de Babilônia, subiram contra Jerusalém, e a cidade foi sitiada. E Nabucodonosor, rei de Babilônia, chegou diante da cidade quando já os seus servos a estavam sitiando. Então saiu Joaquim, rei de Judá, ao rei da Babilônia, ele, e sua mãe, e seus servos, e seus príncipes, e seus oficiais; e, no ano oitavo do seu reinado, o rei de Babilônia o levou preso. E tirou dali todos os tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei; e despedaçou todos os vasos de ouro que Salomão, rei de Israel, fizera no templo do Senhor, como o Senhor havia dito. E

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transportou toda a Jerusalém, como também todos os príncipes e todos os homens valentes, deu mil cativos, e todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra” (II Reis, 23: 29, 30, 33-36; 24: 7-14). Como a própria Bíblia relata, quando a Assíria entrasse na terra de Judá, deveria surgir o Messias e estabelecer o reino universal e eterno. Não obstante tudo indicasse esse ungido libertador fosse Josias, ele não o conseguiu, e os hebreus, longe de perder a fé nas palavras dos seus profetas, passaram a crer que esse Messias (ungido) viesse no futuro e ainda o esperam até hoje. NOVAS PROMESSAS DE DOMÍNIO MUNDIAL APÓS A QUEDA DE BABILÔNIA Como falhara a promessa do ungido de Belém e tanto judeus como israelitas caíram sob o domínio babilônico, novas promessas divina de libertação e domínio do mundo chegavam ao povo por meio dos profetas. Assim, estava sendo escrito mais um trecho do livro sagrado. Nos dias de Babilônia, apareceu a promessa do profeta Isaías com a palavra de Yavé, anunciando a queda de Babilônia, a construção da nova Jerusalém (Jerusalém havia sido destruída pelo império babilônico), e a paz perpétua do povo: "E Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou" (Isaías, 13:19)

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"Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão: Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio; porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo motivo de gozo. E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. Não haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o pecador de cem anos será amaldiçoado. E eles edificarão casas, e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das suas mãos: Não trabalharão debalde, nem terão filhos para calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e os seus descendentes estarão com eles. E acontecerá que, antes de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor" (Isaías, 65: 17-25). A essa época ainda não se havia estabelecido entre eles a crença na ressurreição dos mortos. Por isso o profeta só prometia prosperidade e muito poder. A QUEDA DE BABILÔNIA NÃO RESULTOU NO FUTURO PREDITO

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Babilônia caiu. Entretanto, novamente, a promessa do reino de Israel não se cumpriu, e eles continuaram passando de um jugo para outro: após Babilônia, veio Medo-Pérsia, depois Grécia, depois Roma. No período babilônico, os hebreus já começaram a ter contato com a crença na ressurreição dos mortos. Entre os persas é que parece ter-se consolidado essa gloriosa esperança no ideário hebreu. Não obstante mais uma vez quebrada a promessa divina do poderoso reino de Israel, os profetas continuaram prevendo esse futuro esplendoroso do povo escolhido de Yavé. Nos dias em que o império grego estava dividido, o rei Antíoco Epífanes perpetrou a maior humilhação aos hebreus: profanou o tempo de Jerusalém e estabeleceu sobre ele sacrifícios aos seus deuses, sacrificando carne de porco sobre o altar que eles levantaram ao que crêem ser o deus verdadeiro. Depois de alguns anos de desolação, Judas Macabeu venceu uma grande batalha e conseguiu restabelecer o santuário. Deve ser nesses dias que apareceu a profecia de Daniel falando da abominação assoladora: os capítulos 8 a 12 de Daniel (o livro de Daniel não é uma seqüência, mas os capítulos 7 e 8 foram até escritos em línguas diferentes, o 7, que veio por último, em aramaico, e o 8, em hebraico, conforme informam alguns estudiosos). Restaurado o santuário, em seguida viria o fim das desolações e aquele tão prometido reino seria estabelecido. O profeta Daniel iria ressuscitar no fim desse dias; pois a ressurreição dos mortos já havia sido incorporada nas crenças hebraicas. No

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entanto, mais uma vez, o povo hebreu não chegou a poder sobre os outros povos e estava muito distante do fim de suas agruras. NOVA PROMESSA DE DOMÍNIO MUNDIAL O capítulo 7, que foi escrito depois do 8, já apresenta uma história muito parecida com os atos de Antíoco, mas o período de "um tempo, dois tempos e metade de um tempo" de assolamento e "destruição do poder do povo santo" já não era mais de um rei oriundo dos gregos, e sim do império seguinte, representado pelo "quarto animal", na visão de quatro animais que representavam os últimos reinos do mundo antes do estabelecimento do eterno reino de Israel. Em ambos os capítulos, era prevista a vitória final do povo de Yavé, para não ser molestado nunca mais. Afirmam alguns comentaristas de Daniel que o povo judeu reconhecia a vitória de Judas Macabeu como o cumprimento da profecia sobre o fim da desolação. Mas, como o capítulo 7 apresenta a desolação procedente do quarto animal, que seria um reino posterior ao da Grécia, isso nos dá a certeza de que quem o escreveu tomou as previsões do capítulo 8 e a adaptou a um futuro, que deveria ocorrer com a queda de Roma. Aí estava a última promessa divina de domínio do mundo pelos hebreus. Mas não parou por aí. Esses textos seriam interpretados a seu modo pelos seguidores de Yeshua (Jesus) para novamente dar ao povo a esperança de que o deus criador

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de todas as coisas daria o reino a quem o adora, sendo escrita a última parte do famoso livro sagrado. JESUS ADAPTADO AO MESSIAS DE MIQUÉIAS Nos dias do Império Romano, alguns heróis surgiram pretendo ser o messias libertador dos hebreus. Todos eles foram abatidos pelo poderoso império romano. Mas os seguidores de um deles, mediante uma grande montagem literária, conseguiram transformá-lo naquele libertador e convencer quase o mundo inteiro com essa idéia, que persiste até hoje. Aí estava sendo escrita a última parte da Bíblia. Os autores dos evangelhos de Mateus e Lucas apresentaram, após a destruição de Jerusalém do ano 70 AD, palavras atribuídas a Jesus, afirmando que a "abominação da desolação de que falou o profeta Daniel" se referia àquele período que eles já estavam vivendo nos dias em que foram escritos os evangelhos: "Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas, 21: 20). "Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 - Referência a Daniel, 12:01). "E, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses calcarão

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aos pés a cidade santa.", completou o autor do Apocalipse (Apocalipse, 11: 2). E a nova promessa de eternidade foi: "Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31). Isso foi inspirado nas palavras do livro de Daniel: "Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído" (Daniel, 7: 13, 14). O mesmo que foi predito para ocorrer após o restabelecimento por Judas do santuário profanado por Antíoco Epífanes e foi repetido com certeza já sob o domínio romano, foi utilizado pelos cristãos para persuadir o mundo de que aquele Jesus

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executado pelos romanos teria ressuscitado e retornaria um dia para acabar com todo o mal. O assolamento apresentado no capítulo 7 de Daniel deveria durar “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, a saber, três anos e meio. Como o fim da terra dos hebreus e sua dispersão pelo mundo durou séculos, criou-se uma interpretação de que cada dia da profecia corresponderia a um ano. Assim, foi possível passar ao mundo a idéia de que o que está na Bíblia ainda se cumprirá. Convertendo cada dia em um ano, o reino divino deveria ser estabelecido no século XIV (1260 anos a partir de 70 A.D. = 1330). Contudo, grupos religiosos criaram novas interpretações, e adaptações, conseguido manter a fé do povo por todos esses séculos. Todos os livros do Novo Testamento foram escritos décadas depois dos dias de Jesus, quando já era fácil convencer o povo de que ele tivesse operado grandes milagres, como ressurreição de mortos, cura de aleijados, loucos, etc. Depois das escrituras sagradas hebraicas, que tiveram início no reino de Josias, muito foi escrito pelos cristãos, mas poucos livros foram selecionados para compor o livro sagrado. Assim estava escrito o mais famosos livro do mundo. É incrível como todas essas promessas e fracassos reunidos se converteram em um livro que a maior parte do mundo diz conter “A VERDADE”. Mas foi através de uma seqüência de promessas adaptadas a cada época, que os cristãos, juntando tudo e criando interpretações com as quais convenceram o mundo de que tudo estava no plano de um deus criador, completaram o mais famoso livro de todos os tempos. A igreja, alguns séculos

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depois, selecionou uma pequena parte dos escritos cristãos, aqueles que mais se aproximavam da crença prevalente em Roma, e estava completa a Bíblia. QUANDO YAVÉ CRIOU OS VEGETAIS? ANTES DO HOMEM? OU DEPOIS? Quando Yavé teria criado as vegetações? Essa foi a dúvida que surgiu para alguns criteriosos analistas bíblicos. Hoje, já encontraram a razão de existirem duas narrativas divergentes. É quase certo que duas pessoas contaram a mesma lenda e os textos foram juntados apressadamente. Assim se defendem os religiosos: "Os críticos sugerem que narrativas duplas no livro do Gênesis são por vezes contraditórias, isto seria prova convincente de que houve mais de um autor para o livro. Mas narrativas duplas não quer dizer versões diferentes e muito menos que elas refletem reais contradições. Por exemplo, a dupla narrativa da criação em Gênesis 1 e 2, mostra que a primeira é uma menção geral à criação, enquanto que a segunda concentra-se em detalhar a criação especial do primeiro casal. Não há contradições nas narrativas duplas. Muitos textos no oriente próximo mostra este mesmo tipo de repetições mas os críticos não se atreveriam a dar diferentes autores para cada um deles. Alguns estudiosos acreditam que narrativas repetidas pode ser apenas um peculiar estilo literário oriental para reafirmar verdades importantes".

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Vejamos se há ou não contradições: FOI NO TERCEIRO DIA? “E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem semente, e árvores frutíferas que, segundo as suas espécies, dêem fruto que tenha em si a sua semente, sobre a terra. E assim foi. A terra, pois, produziu relva, ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro. ... Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra. Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento. E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E assim foi. E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi a tarde e a manhã, o dia sexto. (Gênesis, 1: 11-13; 27-31).

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OU FOI NO SEXTO DIA? OU TUDO FOI FEITO EM UM DIA SÓ? “Eis as origens dos céus e da terra, quando foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra. Um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra. E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal". (Gênesis, 2: 4-9). Estudiosos bíblicos ficavam pensando por que um mesmo autor teria dito que Yavé criara os vegetais no terceiro dia e o homem no sexto, e depois, que “não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva do campo tinha ainda brotado”, e, “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra… então plantou o Senhor Deus um jardim... fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista”. Análises recentes, baseando nos estilos literários, trouxeram a conclusão de que o Gênesis, assim como os livros seguintes, são uma reunião de textos escritos por vários autores, e a narração do capítulo 1 foi redigida por um escriba enquanto a

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do capítulo 2 foi escrita por outro. O autor do capítulo 2 aprendera que Yavé criara o homem para depois criar os vegetais, e o do capítulo 1 conhecia a lenda dos sete dias. É o fato de ser feita por várias pessoas que torna a Bíblia tão contraditória. Yavé criou os vegetais no terceiro dia para alguns, mas para outros ele só os criou depois da criação do homem. E, para esses, parece não ter havido sete dias durante a criação. JESUS, UM PLÁGIO DE HORUS Ele nasceu em 25 de Dezembro, filho de uma virgem. O seu nascimento foi acompanhado por uma estrela no Leste, que por sua vez, foi seguida por 3 reis em busca do salvador recém nascido. Aos 12 anos, era uma criança prodígio nos ensinamentos, e aos 30 anos, ele foi batizado, e assim começou seu ministério. Ele teve 12 discípulos e viajou com eles, fazendo milagres, tais como curar os enfermos, andar sobre as águas. Ele também era conhecido por vários nomes como: A verdade, A luz, o Filho Adorado de Deus, o Bom Pastor, Cordeiro de Deus, entre muitos outros Depois de ter sido traído, Ele foi crucificado, enterrado por 3 dias, e então ressuscitou.

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Você sabe quem foi? Não, não é Jesus. Já existia cerca de três mil anos antes de dele. Estamos falando de Horus, deus da mitologia egípcia. "Deste o ano 10.000 a.C , a história abunda em pinturas e escritos que refletem o respeito e a adoração dos povos pelo astro. E é simples entender o porquê, com o seu aparecimento todas as manhãs trazendo a visão, calor e segurança, salvando-nos do breu repletos de predadores. Sem ele, todas as culturas perceberam que não haveria colheitas nem vida no planeta. Estas realidades fizeram do Sol o astro mais adorado de todos. Todavia, os povos estavam também muito atentos às estrelas. As estrelas formavam padrões que lhes permitiam reconhecer e antecipar eventos que ocorrem de tempos em tempos tais como Eclipses e Luas Cheias. Catalogaram grupos celestiais naquilo que conhecemos hoje como constelações. A cruz do zodíaco, é uma das mais antigas imagens da humanidade. Representa o trajeto do sol através das 12 maiores constelações, no decorrer de um ano. Também representa os 12 meses do ano, as 4 estações, solstícios e equinócios. O termo Zodíaco está relacionado com o fato de as constelações serem antropomorfismos, ou personificações, como pessoas, ou animais. Por outras palavra, as primeiras civilizações não só seguiam o Sol e as estrelas, como também

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as personificavam através do mito que envolviam os seus movimentos e relações. O sol, com o seu poder criador e salvador também fio personificado à semelhança de um Deus todo-poderoso. Conhecido como “Filho de Deus” luz do mundo, salvador da humanidade. Igualmente, as 12 constelações representaram estações de estadias para o “Filho de Deus” e foram nomeadas, e normalmente representados por elementos da natureza que aconteciam nesses períodos de tempo. Por exemplo, “Aquarius”, o portador da água que traz as chuvas da Primavera.

Hórus, Deus Sol do Egito por volta de 3.000 a.C ele é o Sol, antropomorfizado, e a sua vida é uma série de mitos alegóricos que envolvem o movimento do sol no céu. Dos antigos hieróglifos Egípcios se conheceu muito sobre este Messias solar. Por exemplo, Hórus, sendo o Sol, ou a Luz, tinha

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como inimigo o Deus “Set” e Set era a personificação das trevas ou noite e metaforicamente falando, todas as manhãs Hórus ganhava a batalha contra Set – quando ao fim da tarde, Set conquistava Hórus e o enviava para o mundo das trevas. Será importante frisar que “Trevas vesus Luz” ou “Bem versus Mal” tem sido uma dualidade mitológica onipresente e que ainda hoje é utilizada a muitos níveis. No geral, a história de Hórus é a seguinte: Hórus nasceu a 25 de Dezembro da virgem Isis-Meris. O seu nascimento foi acompanhado por uma estrela a Leste, que por sua vez, foi seguida por 3 Reis em busca do salvador recém-nascido. Aos 12 anos, era uma criança prodígio. E aos 30 foi batizado por uma figura conhecida por Anup e que assim começou o seu reinado. Hórus tinha 12 discípulos e viajou com eles, fez milagres tais como curar os enfermos e andar sobre a água. Hórus também era conhecido por vários nomes tais com A Verdade, A Luz, o Filho Adorado de Deus, Bom Pastor, Cordeiro de Deus entre muitos outros. Depis de traído por Tifão, Hórus fio crucificado, enterrado e ressuscitou 3 dias depois. Estes atributos de Hórus, originais ou não, aparecem representados em varias culturas mundiais, e em muitos outros deuses encontrados com as mesmas estruturas mitológicas. Attis, de Phyrugia, nasceu da virgem Nana a 25 de Dezembro, crucificado, colocado no tumulo e 3 dias depois, ressuscitou.;

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Krishna, Índia, nasceu da virgem Davaki com uma estrela no Ocidente a assinalar a sua chegada, fez milagres em conjunto com os seus discípulos, e após a morte, ressuscita; Dionísio da Grécia nasce de uma virgem a 25 de Dezembro, fio um peregrino que praticou milagres tais como transformar a água em vinho, e é referido com “Rei dos Reis,” “Filho prodígio de Deus”, “Alpha e Omega”, entre muitas outras coisas. Após a sua morte, ressuscitou.

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Mithra, da Pérsia, nasceu de uma virgem a 25 de Dezembro, teve 12 discípulos e praticou milagres, e após a sua morte foi enterrado, e 3 dias depois ressuscitou, também era referido como “A Verdade”, “A Luz”, entre muitos outros. Curiosamente, o dia sagrado de adoração a Mithra era a um Domingo. O que importa salientar aqui é que “existiram” inúmeros salvadores, dependendo dos períodos, em todo o mundo, que preenchem estas mesmas características. A questão mantém-se: por que estes atributos. Por que o nascimento de uma virgem num dia 25 de Dezembro, por que a morte e a ressurreição após 3 dias, por que os 12 discípulos ou seguidos? Para descobrir o por quê vamos examinar o mais recente dos Messias solares. Jesus Cristo nasceu da virgem Maria num dia 25 de dezembro em Belém, e foi anunciado por uma estrela a Leste, que seria seguida por 3 reis magos para encontrar e adorar o salvador. Tornou-se pregador aos 12 anos, e aos 30 foi Batizado por João Batista, e assim começou o seu reinado. Jesus teve 12 discípulos com quem viajou praticando milagres tais como curar pessoas, andar na água, ressuscitar mortos, e também foi conhecido como o “Rei dos Reis”, o “Filho de Deus”, a “Luz do Mundo”, “Alpha e Omega”, “Cordeiro de Deus” e muitos outros. Depois foi traído pelo seu discípulo Judas e vendido por 30 pratas, foi crucificado, colocado num tumulo, 3 dias depois ressuscitou e ascendeu aos céus.

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Primeiro de tudo, a sequencia do nascimento é completamente astrológica. As estrelas no horizonte Leste é Sirius, a estrela mais brilhante no céu noturno, que, a 24 de Dezembro, alinha-se com as 3 estrelas mais brilhantes no centurião de Orion. Estas 3 estrelas são chamados hoje como também eram chamadas então: “3 Reis” . os 3 Reis e a estrela mais brilhante, Siriun, todas apontam para o nascer do sol no dia 25 de Dezembro. Esta é a razão pela qual os Três Reis “seguem” a estrela a Leste, numa ordem para se direcionarem ao do Nascer do Sol. A Virgem Maria é a constelação Virgem. Em latim é Virgo. Virgo também é referida como a “Casa do Pão”, e a representação de Virgo é uma virgem a segurar um feixe de espigas de trigo. Esta “Casa do Pão” e seu símbolo das espigas de trigo representam Agosto e Setembro, altura das colheitas. Por sua vez, Bethlehem, é a tradução à letra de “ A Casa do Pão”. Bethlehem é também a referencia á constelação de Virgem, um lugar no Céu, não na Terra. Outro fenômeno muito interessante que ocorre a 25 de Dezembro é o solstício de Inverno. Entre o solstício de Verão ao solstício de Inverno, os dias tornam-se mais curtos e frios. Na perspectiva de quem está no Hemisfério Norte, o sol parece mover-se para sul aparentando ficar menor e fraco, ocorre o encurtar dos dias e o fim das colheitas, conforme se aproxima o solstício de Inverno simbolizando a morte. A morte simbólica do sol, no Vigésimo segundo dia de Dezembro, o falecimento do Sol está completamente realizado, o Sol, tendo se movido continuamente para o sul durante 6 meses. Atinge o seu ponto mais baixo no céu. Aqui ocorre uma coisa curiosa: o Sol parece deixar de se movimentar para o sul, durante 3 dias. Durante

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estes 3 dias, o Sol se encontra nas redondezas da Constelação do Cruzeiro do Sul, Constelação de Crux ou Alpha Crucis. Depois deste período a 25 de Dezembro, o Sol move-se, desta vez para norte, criando a perspectiva de dias progressivamente mais longos, o calor e a Primavera, e assim se diz: que o Sol morreu na Cruz. Esteve morto por 3 dias, apenas para ressuscitar ou nascer uma vez mais. Esta é a razão pela qual Jesus e muitos outros Deuses do Sol partilham a idéia da crucificação, morte de 3 dias e o conceito da ressurreição. É o período de transição do Sol antes de mudar seu sentido para o Sul e dirigir-se ao Norte trazendo ao Hemisfério Norte a Primavera e assim: a salvação. Todavia, eles não celebram a ressurreição do Sol até o equinócio da Primavera, ou Páscoa. Isto é porque no Equinócio da Primavera, o Sol domina oficialmente “o Mal”, “as Trevas”, assim como o dia se torna progressivamente maior que a noite, e o revitalizar da vida na Primavera emerge. Agora, provavelmente a analogia mais obvia de todas neste simbolismo astrológico são os 12 discípulos de Jesus. Eles são simbologicamente as 12 constelações do Zodíaco, com que Jesus, sendo o Sol, viaja. De fato, o número 12 está sempre presente ao longo da Bíblia.

12 tribos de Israel 12 Irmãos de Jose 12 juizes de Judá 12 profetas 12 reis de Israel 12 príncipes de Israel

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Voltando à Crus do Zodíaco, o elemento figurativo da vida é o Sol, isto não era uma mera representação artística ou ferramenta para seguir os movimentos do Sol, era também um símbolo espiritual Pagão, uma logografia similar a isto. Isto não é um símbolo do Cristianismo. É uma adaptação pagã da cruz do Zodíaco. Representação essa que aparece em algumas igrejas cristãs do mundo de hoje. Esta é a razão pela qual Jesus nas primeiras representações era sempre mostrado com a sua cabeça na cruz, Jesus é o Sol, Filho de Deus, a Luz do Mundo, o Salvador a erguer, que “renascerá”, assim como o faz todas as manhãs, a Glória de Deus que defende contra as Forças das trevas, assim como “renascer” a cada manhã, e que pode ser “visto através das nuvens”, “Lá em Cima no Céu”, com a sua “Coroa de Espinhos”, raios de sol.

Mateus 28:20 Mateus 12:32 Mateus 13:39 Mateus 24: 3 Luca 18:30 Corintios 3 Corintios 10

Agora, nas muitas referencias astrológicas ou astronômicas na Bíblia, uma das mis importantes tem a ver com o conceito de “Eras”. Através das escrituras há inúmeras referencias ao termo “Era”. Para compreender isto, precisamos primeiro estar familiarizados com o fenômeno da precessão dos Equinócios.

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Os antigos Egípcios assim como outras culturas antes deles, reconheceram que aproximadamente de 2150 em 2150 anos o nascer do Sol durante o Equinócio da Primavera, ocorria numa diferente constelação do Zodíaco. Isto tem a ver com a lenta oscilação angular que a Terra possui enquanto roda sobre o seu eixo. É chamada de precessão porque este eixo caminha para trás nas constelações, em vez de cumpri o seu ciclo anual normal. O tempo que demora cada precessão através dos 12 signos é de 25,765 anos. Este ciclo completo é chamado também, de “Grande Ano”, e algumas civilizações ancestrais conheciam-no bem. Referiam-se a cada ciclo de 2150 anos como uma “Era” ou “Eon”. De 4300 a.C a 2150ª.C foi a “Era do Touro”. De 2150 a.C a 1d.C foi a “Era de carneiro”, de 1 d.C a 2150 d.C é a “Era de Peixes”. A Era em que permanecemos nos dias de Hoje, e por volta de 2150, entraremos na nova Era: “Era de Aquarius”. Agora, a Bíblia refere-se, por alto, ao movimento simbólico durante 3 Eras, quando se vislumbra já uma quarta. No Velho Testamento, quando Moises desce o Monte Sinai com os 10 Mandamentos, ele está perturbado ao ver a sua gente adorando um Bezerro dourando. De fato, ele até partiu as pedras dos 10 mandamentos e disse a todos para se matem uns aos outros para purgarem o mal (Êxodo 32). As maiores partes dos estudiosos da Bíblia atribuem esta ira de Moises ao fato de os Israelitas estarem adorando um falso ídolo, ou algo semelhante. A realidade é que o Bezerro Dourado é Taurus, e Moises representa a nova Era de Carneiro. Esta é a razão pela qual os Judeus ainda hoje assopram um Cifre de Carneiro. Moises representa a nova Era de Carneiro, e perante esta, todos têm de “largar” a anterior.

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Outras divindades tais como Mithra marcam esta transição também. Um Deus pré Cristão que mata o Touro, na mesma linha simbólica. Agora Jesus é a figura representativa da Era seguinte à de Carneiro, a Era de Peixes, ou dos 2 peixes. O simbolismo de Peixes é abundante no Novo Testamento, assim com Jesus alimenta 5.000 pessoas com pão e “2 peixes” (Mateus 14:17). No inicio enquanto caminhava ao longo da Galiléia, conhece 2 pescadores, que o seguem. Agora reflita se voltar a ver um adesivo “Jesus-fish”, “Senhor Jesus” (circunscrito numa figura de peixe), na traseira dos carros, muito poucos sabem o que aquilo no fundo representa. É um simbolismo astrológico pagão para o reinado do Sol durante a Era de Peixes. Jesus assumiu também que a data do seu nascimento é também a data do inicio desta Era, a próxima passagem será depois de ele ir embora, Jesus responde: “Eis que quando entrardes na cidade, encontrareis um homem levando um cântaro de água segui-o até à casa em que ele entrar.” (Lucas 22:10). Esta escritura é de longe a mais reveladora de todas as referencias astrológicas. O homem que leva um cântaro de água é Aquarius, o portador da água, que é sempre representado como um homem a despejar uma porção de água. ele representa a Era depois de Peixes, e quando o Sol sair da Era de Peixes, entrará na Casa de Aquarius, e Aquarius é a constelação que se segue a Peixes na precessão dos equinócios. Tudo o que Jesus diz é que depois da Era de Peixes chegará a Era de Aquarius. Agora, já todos ouvem falar sobre o fim do mundo. À parte o lado cartunista explicito no Livro de Apocalipse, a espinha dorsal desta idéia surge em Mateus 28:20, onde Jesus diz: “Eu

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estarei convosco até ao fim do mundo”. Contudo, na tradução Inglesa da Bíblia, a palavra “mundo”, está mal traduzida, no meio de outras más traduções. A palavra realmente usada era “aeon”, que significa Era. Eu estarei convosco até ao fim da era. O que no fundo é verdade, Jesus como personificação Solar de Peixes irá ser substituída quando o Sol entrar na Era de Aquário. Este conceito de fim dos tempos e do fim do mundo é uma má interpretação desta alegoria astrológica. Vamos dizê-lo: há aproximadamente 100 milhões de Americanos que acreditam que o fim do mundo está próximo. Além disso, o fato de Jesus ser literal e astrologicamente um hibrido, só demonstra o quando Jesus é um mito paralelo ao do Deus-Sol Hórus do Egito.Por exemplo, inscrito à 3.500 anos atrás, nas paredes do Templo de Luxor do Egito, estão imagens da anunciação, da imaculada concepção, do nascimento e da adoração a Hórus. As imagens começam com o anúncio à virgem Ísis de que ela irá gerar Hórus, que Nef, o Espírito Santo irá engravidar a Virgem, e depois o parto e a adoração. E que é não mais do que o milagre da concepção de Jesus. Na verdade, as semelhanças entre Hórus e Jesus são flagrantes. <http://willams.spaceblog.com.br/219094/O-Plagio/>

HÓRUS MAIS PARECIDO COM JESUS Eis aí outra versão do mito de Hórus, que parece mais ainda com o de Jesus. Pode haver até alguma pequena contradição entre uma versão e outra, mas são bem mais coerentes do que as referências a Jesus.

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A lenda de Hórus é bem mais antiga que a de Jesus, existe comprovação! A lenda de Hórus data de 5 séculos antes de Cristo! Hórus nasceu de uma mulher virgem, divinamente fecundada (que imaginação tem essa gente! O nascimento de Hórus foi divinamente anunciado; Nasceu em uma caverna. O nascimento de Hórus era festejado em 25 de dezembro. Na ocasião do seu nascimento pastores testemunharam o seu nascimento. Mais tarde ele foi adorado por três deidades solares que trouxeram presentes. Hórus tinha um pai adotivo humano. Ele vinha de uma linhagem real. Enquanto criança um deus chamado Herut tenta matá-lo (Herodes tenta matar Jesus quando era criança); Hórus permanece com sua mãe até os 12 anos de idade; - Aos 12 anos vai ao templo dos sacerdotes para um ritual de passagem. Dos 12 anos aos 30, a história de Hórus é omitida, porém aos 30 anos de idade ele é batizado no rio Eridanus por Anup, o batizador. Anup, o batizador de Hórus é decapitado logo em seguida. Hórus é tentado por seu arquiinimigo chamado Sut no deserto de Amenta. Hórus resiste a forte tentação de Sut. Hórus andou sobre as águas, expulsou demônios, curou enfermos e cegos. Ele repreendia o mar com o seu poder.

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Hórus ressuscitou um homem de nome El-Azar-Us ou Elazarus (Cristo ressuscitou Lázaro ou Lazarus). Ele foi transfigurado para os seus discípulos em uma montanha. Ele fez um sermão no pé de uma montanha chamada Hetep. Ele era conhecido como a luz do mundo, representado por um olho. - Era conhecido como sendo a verdade, o caminho e a vida. -Era conhecido como o bom pastor que guia com seu cajado. - Hórus era conhecido como KRST, o ungido. - Hórus tinha 12 discípulos (uma alusão aos 12 signos de zodíaco governados pelo sol). Hórus é a segunda pessoa da trindade egípcia. Atum o pai, Hórus o filho eRá o espírito santo.

(João, o apostolo escriba, em hebraico é Yohanam)

Na ocasião do seu batismo ele é reconhecido como o primogênito Filho do Pai (ainda bem que não era da Mãe! hehe) e o Espírito Santo desce sobre ele na forma de um pássaro. Hórus foi CRUCIFICADO ao lado de dois ladrões! Morreu e ressuscitou em três dias -Foi sepultado entre os ricos A cidade onde Hórus foi sepultado e ressuscitado se chama Anu. Cristo foi sepultado na cidade de Betânia, que é a junção das palavras “Bet” e “Anu”, ouCidade de Anu. Tanto Anu e Betânia também significam “casa do pão”. A cidade de Betania só existe na bíblia.

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Sua ressurreição foi anunciada por três mulheres - A bandagem da múmia de Hórus foi feita sem costuras ( a roupa de Jesus também não tinha costuras).

- Um dia ele voltará e reinará sobre a terra durante 1000 anos.

Dr. Jose Boy de Vasconcellos A TRINDADE DO DEUS ÚNICO Cristãos dizem-se monoteístas, isto é seu deus é único. Mas, ao mesmo tempo, afirmam ser Deus uma trindade. Como se explica isso? O Catolicismo ensina que há um só deus; mas diz que em Deus há três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Façamos uma análise para ver se três pessoas podem ser uma. Jesus, se filho de Deus (Mateus, 16:16), seria o “deus filho”; logo Deus já não seria um só. Sendo ele chamado “nosso Deus e Salvador” ( I Pedro, 1: 1), já temos dois deuses. O espírito santo, que alguns cristãos afirmam ser apenas o poder de Deus, é apresentado por outros cristãos como uma terceira pessoa de Deus. Mas, como monoteístas, os cristãos não podem admitir terem três deuses. Falam de um deus uno e trino ao mesmo tempo, dizem ser três pessoas em um só deus. Trindade não é coisa original dos cristãos, mas a deles é a mais confusa,

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porque os povos mais antigos eram politeístas, e os cristãos consideram-se monoteístas. Afirma-se que a trindade divina é composta de três pessoas (pai, filho, espírito santo), mas ao mesmo tempo um só deus. Seria como três exemplares de um livro. São três exemplares, mas um único livro. Isso quer dizer que a mente de cada uma dessas três pessoas é a mesma, assim como um computador com três monitores, mas um único disco rígido. Vejamos a possibilidade disso: “Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai (Mateus 24, 36). Essas palavra atribuídas a Jesus desfaz a teoria trinitária acima. Se o filho não sabe de uma coisa que o pai sabe, já não podem ser a mesma pessoa. “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre” (João, 14: 16). “Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito” (João, 14:26). Não há como alguém pedir algo a si mesmo. E o “outro ajudador”, que é a chamada terceira pessoa, “Espírito Santo”, deveria ser enviado pela segunda pessoa, o pai. Destarte, são apresentados como três pessoas distintas. São três deuses? Os cristãos não podem admitir isso, porque dizem que Deus é único. Daí surgem as mirabolantes tentativas de explicação da trindade-unidade. Alguns Cristãos, como as testemunhas de Jeová, afirmam que realmente Deus é único, Jeová ou Javé, não existindo tal trindade; que Cristo não é deus, mas “o Filho de Deus”, e o Espírito Santo é o “o poder de Jeová”. Não sei, entretanto, o

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que dizem eles da afirmação de Pedro: “...nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” ( II Pedro, 1: 1). Entre as várias personagens estranhas da Bíblia, está essa tal trindade-unidade, que, como se vê pelas citações acima, não tem explicação convincente. ALGUMAS RAZÕES PELAS QUAIS OS HUMANISTAS REJEITAM A BÍBLIA por Joseph C. Sommer INTRODUÇÃO Este artigo apresenta algumas razões pelas quais os Humanistas asseguram que a Bíblia não é a palavra de Deus. Os Humanistas estão convencidos de que a Bíblia foi escrita basicamente por seres humanos que viviam numa época de ignorância, superstição e crueldade. Os Humanistas também acreditam que por ter sido escrito por pessoas que viveram numa era bárbara e de pouco esclarecimento, o livro produzido contem muitas afirmativas errôneas e ensinamentos prejudiciais. Muita crítica tem sido dirigida aos Humanistas pela posição que sustentam em relação à Bíblia. Alguns críticos da filosofia Humanista vão até ao ponto de afirmarem que os Humanistas são o próprio Mal ou agentes do Demônio. A esperança é a de que este artigo proporcione esclarecimentos quanto às reais opiniões dos Humanistas a respeito da Bíblia.

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MAIS CONTRADIÇÕES DA BÍBLIA O fato da Bíblia apresentar contradições é uma das razões pelas quais os Humanistas consideram o livro como sendo de autoridade não confiável. Obviamente, se duas afirmativas na Bíblia se contradizem, pelo menos uma das afirmativas deve ser falsa. Pelo fato de que em numerosas passagens ocorrem versículos bíblicos contraditórios, deduz-se que a Bíblia contem muitas afirmativas falsas. As contradições aparecem já no início, quando relatos sobre a criação do mundo são apresentados. Por exemplo, Gênesis, capítulo 1, diz que o primeiro homem e a primeira mulher foram feitos ao mesmo tempo, depois dos animais ("Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou" G 1,27). No entanto, Gênesis, capítulo 2, diz que a ordem da criação foi a seguinte: homem, depois os animais e depois a mulher ("Então Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente"G2,7 - "Deus modelou do solo todas as feras selvagens e todas as aves do céu e as levou ao homem para ver como ele as chamaria" G2,19 - "Depois da costela que tirara do homem, Deus modelou uma mulher e a trouxe ao homem" G2,22). Em Gênesis 1, as árvores frutíferas foram criadas antes do homem, mas no capítulo 2 há a indicação de que as árvores frutíferas foram criadas depois do homem. Em G 1:20 se diz que as aves foram criadas das águas mas em G:19 se diz que as aves foram criadas do solo. Também em G 1:2-3 afirma-se que Deus criou a luz e a separou da escuridão no primeiro dia, mas

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G1:14-19 diz que o sol, a lua e as estrelas só foram feitos no quarto dia. Contradições também abundam nos relatos bíblicos de um dilúvio universal. G 6:19-22 diz que Deus ordenou a Noé para trazer para a arca dois seres de cada espécie. No entanto, em G 7:2-3 há que "de todos os animais puros e das aves dos céus, tomarás sete pares, o macho e sua fêmea; dos animais que não são puros, tomarás um casal, o macho e sua fêmea". G 7:17 diz que a inundação durou quarenta dias, mas G 8:3 diz que durou cento e cinquenta dias. G8:4 afirma que, conforme as águas desceram, a arca de Noé repousou sobre as montanhas de Ararat no sétimo dia mas no próximo versículo se afirma que o topo das montanhas não podia ser visto até o décimo mês. G 8:13 afirma que a terra estava seca no primeiro dia do primeiro mês, mas em G 8:14 se diz que a terra não estava seca até o 27º dia do segundo mês. O Antigo Testamento também apresenta significativas contradições na história do censo realizado pelo Rei David e a subsequente punição dos Israelitas por Deus. De acordo com a história, Deus estava tão enraivecido pelo censo que ele enviou uma praga que matou setenta mil homens. Samuel II 24:1 diz que Deus é que mandou David realizar o censo (Vai, disse Deus, e fazei o recenseamento de Israel e de Judá), mas nas Crônicas I 21:1 afirma-se que David foi influenciado por Satã para realizar o censo (Satã levantou-se contra Israel e induziu Davi a fazer o recenseamento de Israel). Além disso, há uma contradição no que diz respeito à questão sobre o castigo de Deus às crianças pelos crimes cometidos por

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seus pais. Em Ezequiel 18:20, o Senhor diz: "Sim, a pessoa que peca é a que morre! O filho não sofre o castigo da iniquidade do pai, como o pai não sofre o castigo da iniquidade do filho". No entanto, em Êxodos 20-5, Deus diz: "Sou um Deus ciumento, que puno a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e a quarta geração dos que me odeiam". O Antigo Testamento é contraditório sobre o comando de Deus para que os Israelitas sacrificassem animais em seu louvor. Em Jeremias 7:22, Deus diz que não mandou os Israelitas fazerem qualquer sacrifício de animais. No entanto, em Êxodos 29:38-42 e em muitas outras passagens no Pentateuco, Deus é claro quanto ao pedido para que os Israelitas sacrifiquem animais. Passando para o Novo Testamento, há contradições quanto à genealogia de Jesus da forma como é apresentada no primeiro capítulo de Mateus e a genealogia do terceiro capítulo de Lucas. Ambas as genealogias apresentam o pai de Jesus como sendo José (o que é curioso, posto que Maria teria sido fecundada pelo Espírito Santo), mas Mateus afirma que o nome do pai de José era Jacó, enquanto que Lucas diz que seu nome era Heli. Também Mateus diz que houve vinte e seis gerações entre Jesus e o Rei David mas Lucas diz que o número foi de quarenta e uma gerações. Além disso, Mateus alega que Jesus era descendente de Salomão, filho de David, mas Lucas afirma que era de Natan, outro filho de David. Na história do nascimento de Jesus, Mateus 2:13-15 diz que José e Maria partiram para o Egito imediatamente após a vinda dos magos do oriente com seus presentes. No entanto, Lucas 2:22-40 indica que, após o nascimento de Jesus, José e Maria permaneceram em Belém durante o tempo da purificação de Maria (que era de quarenta dias, de acordo com as leis da

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época) e que depois levaram Jesus para Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor e depois retornaram para sua casa em Nazaré. Lucas não menciona a jornada para o Egito ou a visita dos sábios do oriente. Quanto à morte de Judas, Mateus 27:5 diz que Judas pegou o dinheiro que tinha obtido pela traição, atirou-o no templo, e depois foi se enforcar. No entanto, Atos 1:18 relata que Judas usou o dinheiro para comprar um terreno e que caindo de cabeça para baixo, arrebentou pelo meio, derramando-se todas as suas entranhas. Nas descrição de Jesus sendo levado para a execução, João 19:17 diz que Jesus carregou sua própria cruz. No entanto, Marcos 15:21-23 diz que um homem chamado Simão Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, carregou a cruz de Jesus até o local da crucificação. Quanta à própria crucificação, Mateus 27:44 nos diz que Jesus foi insultado pelos ladrões que estavam sendo crucificados junto dele. No entanto, Lucas 23:39-43 diz que somente um dos ladrões insultou Jesus e que o outro ladrão defendeu Jesus a quem Jesus teria dito: "Hoje ainda estarás comigo no Paraíso". Quanto às últimas palavras de Jesus na cruz, Mateus 27:46 e Marcos 15:34 afirmam que Jesus gritou: "Deus, meu Deus, por que me abandonastes?". Lucas 23:46 diz que as últimas palavras de Jesus foram: "Pai, em suas mãos eu entrego meu espírito". Segundo João 19:30 as últimas palavras de Jesus, foram: "está terminado". Há contradições inclusive nos relatos da ressurreição - o evento que é a base da religião cristã. Marcos 16:2 diz que no dia da ressurreição certas mulheres chegaram ao túmulo ao nascer do sol, mas João 20:1 diz que quando chegaram já era noite. Lucas 24:2 nos diz que o túmulo estava aberto quando as mulheres

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chegaram, mas Mateus 28:1-2 diz que ele estava fechado. Marcos 16:5 diz que as mulheres viram um jovem rapaz no túmulo, Lucas 24:4 diz que viram dois homens, Mateus 28:2 alega que elas viram um anjo, e João 20:11-12 afirma que elas viram dois anjos. CRUELDADES Os humanistas também rejeitam a Bíblia porque ela descreve e aprova os mais ultrajantes atos de extrema crueldade e injustiça jamais imaginados. Um dos princípios do nosso sistema legal - e a base legal de todas as sociedades civilizadas - é a noção de que o sofrimento do inocente é a própria essência da injustiça. No entanto, na Bíblia, vemos que Deus repetidamente viola este fundamento de princípio moral causando sofrimento a numerosas pessoas e animais inocentes. Passagens de crueldade e injustiça praticados pelo Deus da Bíblia são vistos mesmo nos princípios básicos dos ensinamentos cristãos. Alguns atos bem conhecidos do Deus bíblico são de fato imorais por causarem o sofrimento de inocentes, tais como: ter amaldiçoado toda a humanidade e a criação devido ao ato de duas pessoas, Adão e Eva (Gênesis 3:16-23 e Romanos 5:18); Ter afogado mulheres grávidas, crianças inocentes e animais na ocasião do Dilúvio (Pereceu toda carne que se move sobre a terra - Gênesis 7:20-23); Ter atormentado os Egípcios e seus animais com pragas e doenças por ter o Faraó se recusado a deixar os Israelitas deixar o Egito (Êxodos 9:8-11,25); Ter matado crianças egípcias na época da

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Páscoa (No meio da noite Deus feriu todos os primogênitos na terra do Egito... e houve grande clamor no Egito por não haver casa onde não houvesse um morto); Depois do Êxodos ter ordenado aos Israelitas aniquilar sem piedade os homens, mulheres e crianças de sete nações e roubar suas terras, demolir seus altares, despedaçar seus postes sagrados e queimar seus ídolos (Deuteronomio 7:1-2); ter matado o filho do Rei David por causa do adultério de David com Betsabéia (Samuel II 12:13-18); ter solicitado a tortura e o assassinato de seu próprio filho (Romanos 3:24-25) e ter prometido enviar para o sofrimento eterno todas as pessoas que não aceitassem o Cristianismo (Revelações 21:8). Além das injustiças e crueldades contidas em muitos dos principais ensinamentos do Cristianismo, a Bíblia apresenta numerosos outras passagens de violência que estão em completa oposição aos padrões de toda a sociedade civilizada. Dentre os mais chocantes e violentos episódios estão aqueles nos quais Deus é descrito como tendo ordenado ou sancionado a decapitação de várias pessoas, incluindo-se crianças e idosos. Alguns exemplos: Em Samuel I 15:3, o profeta Samuel dá ao Rei Saul está ordem vinda do Senhor: "Vai pois agora e investe contra Amalec condena-o ao anátema com tudo o que lhe pertence, não tenhas piedade dele, mata homens, mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos." Ezequiel 9:4-7 apresenta a seguinte mensagem vinda de Deus: "Percorre a cidade, a saber Jerusalém e assinala com uma cruz a testa dos homens que estão gemendo e chorando por causa de todas as abominações que se fazem em nome dela". Ouvi que dizia aos outros: "Percorrei a cidade atrás dele e feri. Não mostreis olhar de compaixão nem poupeis

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ninguém. Velhos, moços, virgens, crianças e mulheres, matai-os, entregai-os ao exterminador. Mas não toqueis nenhum daqueles que trouxer o sinal da cruz". Oséias 14 apresenta a seguinte punição: "Samaria deverá expiar, porque se revoltou contra o seu Deus. Cairão pela espada, seus filhos serão esmagados, às suas mulheres grávidas serão abertos os ventres." Deuteronomio 32:23-25 relata que depois que os Israelitas provocaram o ciúme de Deus ao adorarem outros deuses, o Senhor disse: "...vou lançar males sobre eles, e contra eles esgotar as minhas flechas! Vão ficar enfraquecidos pela fome, corroídos por febres e pestes violentas; porei o dente das feras contra eles, com veneno de serpentes do deserto... perecerão todos: o jovem e a donzela, a criança de peito e o velho encanecido." Em Números capítulo 31, o Senhor indica sua aprovação para a ordem dada por Moisés, nos versículos 17 e 18, no que diz respeito a maneira pela qual os soldados israelitas deveriam tratar mulheres e crianças capturadas na guerra: "Matai portanto todas as crianças do sexo masculino. Matai também todas as mulheres que conheceram varão, coabitando com ele. Não conserveis com vida senão as meninas que não coabitaram com homem e elas serão vossas." Isaías 13:9,15-18 contem esta mensagem do Senhor: "Eis o dia do Senhor que vem implacável e com ele o furor ardente da ira... Todo aquele que for encontrado será trespassado... As tuas crianças serão despedaçadas sob os seus olhos, as suas casas serão saqueadas e as suas mulheres violentadas... Os arcos prostrarão os meninos; eles não terão pena das criancinhas, os seus olhos não pouparão os filhinhos". Está claro que tais versículos apresentam o Deus bíblico como tendo

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os mesmos escrúpulos morais de um assassino de massas sociopata... O Deus da Bíblia também apresenta outras tendências sádicas com diversos outros métodos para atormentar o inocente. Ele abre a terra para soterrar famílias inteiras (Números 16:27-32); lança o fogo para a destruição das pessoas (Leviticos 10:1-2; Números 11:1-2); manda animais selvagens tais como ursos (Reis II 2:23-24), leões (Reis II 17:24-25), e serpentes (Números 21:6) sobre as pessoas; autoriza a escravidão (Leviticus 25:44-46); ordena a perseguição religiosa (Deuteronomio 13:12-16); causa o canibalismo ( Eu farei que eles devorem a carne de seus filhos e a carne de suas filhas - Jeremias 19:9); e exige o sacrifício de animais como meio de expiação dos pecados de seus proprietários (Exodus 29-36). Além de causar o sofrimento de inocentes, outro tipo de crueldade que a o Deus bíblico pratica é o de infligir castigos totalmente desproporcionais aos atos pelos quais tais castigos são aplicados. Em nosso sistema de direito atual, extrema desproporção dentre castigo e ato cometido é considerada uma violação dos direitos humanos. Alguns atos triviais são punidos com a pena de morte: No velho Testamento, o Senhor prescreve a execução como punição para o "crime" de se trabalhar nos sábados (Exodus 31:15); por praguejar contra os pais (Levíticos 20:9); por adorar outros deuses (Deuterenômio 17:2-5); por ser um bruxo, médium ou mago (Exodus 22:18, Levíticos 20:27); por envolver-se em atos homossexuais (Levíticos 13:6-10) e não ser virgem no dia do casamento (Deuteronomio 22: 20-21). Certamente, pedir a pena de morte para tais atos é rejeitar a noção de que a

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severidade de um castigo deve manter alguma proporção com a ofensa praticada. No Novo Testamento, o Deus bíblico em nada melhorou no que diz respeito à aplicação de penas severas, aumentando inclusive a sua rigidez. É difícil imaginar alguma coisa mais cruel e desproporcional do que condenar os homens ao inferno e à tortura eterna pela simples descrença de que o filho de Deus tenha nascido de uma virgem na Palestina há cerca de dois mil anos atrás, que tenha transformado água em vinho, expulsado demônios das pessoas, andado sobre as águas, que tenha sido morto pela instigação do próprio povo escolhido de Deus e que depois ressuscitasse dos mortos. A recusa em acreditar nessa história faz com que o Deus bíblico prometa castigar os infiéis com os castigos mais horríveis que possam ser imaginados. Um dos grandes problemas com a violência e a injustiça da Bíblia é que frequentemente o seu exemplo tem estimulado e tem sido usado para justificar atos de crueldade de seus seguidores. Muitos tem imaginado que se Deus que é justo e bom, tenha cometido e permitido os mais brutais atos de violência, os bons cristãos nada tem a temer caso ajam da mesma forma. Este processo de raciocínio é que fez com que Thomas Paine dissesse que "A crença em um deus cruel faz um homem cruel". Um exemplo desse tipo de raciocínio é apresentado pelo historiador Joseph McCabe em seu trabalho intitulado "A História da Tortura". McCabe diz que durante a Idade Média houve mais crueldade e tortura na Europa Cristã do que em qualquer outra civilização na história. Ele demonstra que a doutrina cristã de castigo eterno foi uma das principais causas da extraordinária ocorrência de tortura na Europa

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medieval. McCabe descreve que a justificativa lógica para a tortura era a de que "se era natural acreditar que Deus punia os homens com o tormento eterno, certamente estaria certo se os homens punissem outros homens com doses menores desse tormento por uma causa justa." Alguns exemplos históricos de violência e atos de injustiça incitados ou apoiados pela Bíblia seriam a Inquisição, as Cruzadas, a queima de "bruxas", as guerras religiosas na Europa, as perseguições aos Judeus, a perseguição aos homossexuais, a conversão forçada de pessoas na Europa e nas Américas, a escravidão de negros, índios e orientais, o castigo em crianças, o tratamento brutal aos mentalmente perturbados, o extermínio de cientistas e pesquisadores, o uso da tortura nos interrogatórios criminais, o chicoteamento, a mutilação e a execução violenta de pessoas condenadas por algum crime. Tais atos foram parte integrante de um mundo cristão por centenas de anos. De acordo com Thomas Paine, "a Bíblia é uma história de perversidade que tem servido para corromper e brutalizar a humanidade; e, no que me diz respeito, eu sinceramente a detesto assim como detesto tudo que seja cruel". ENSINAMENTOS INCOMPATÍVEIS COM AS LEIS DA NATUREZA: Outras razões que levam os Humanistas a rejeitar a Bíblia é a de que ela contem numerosas afirmativas que são incompatíveis com as leis da natureza. Os Humanistas acreditam que a propagação dessas afirmativas causaram muito mal a toda humanidade. Como resultado da observação

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e experiência humana, um princípio fundamental da ciência é o de que as leis da natureza não se modificam nem podem ser violadas e que sempre assim se mantêm durante todo tempo. De acordo com o paleontologista Stephen J. Gould, esta uniformidade ou constância das leis naturais, é a "suposição metodológica" que faz com que a ciência seja viável. O que Gould quer dizer de fato é que sem essa suposição não haveria benefício em se estudar o mundo, fazer experimentos ou se aprender com a experiência. Tais atividades não teriam sentido em um mundo que não agisse de acordo com os leis naturais. Em tal mundo, o conhecimento de situações passadas não proporcionaria indicativo seguro sobre o que poderia acontecer em situações semelhantes no futuro. Haveria sempre a possibilidade de ocorrência de forças arbitrárias sobrenaturais interferindo nos eventos para alterar o fluxo natural previsto pela experiência anterior. Em nosso mundo, a evidencia é clara de que os fatos ocorrem de acordo com leis naturais que são imutáveis. Como resultado, o conhecimento das leis operacionais de funcionamento da natureza aumenta nossa capacidade de predizer eventos futuros e nos adaptarmos ao curso de tais eventos. Os ensinamentos bíblicos são, entretanto, diametralmente opostos aos princípios científicos fundamentais da uniformidade operacional das leis da natureza. Consequentemente, a crença na Bíblia é incompatível com a visão científica e tem servido como um fator de desencorajamento ao desenvolvimento de uma abordagem científica na solução de problemas. Na Bíblia, há histórias fabulosas de cobras falantes (Gênesis 3:4-5); uma árvore com frutos que quando comidos

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proporcionam o conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2:17;3:5-7); outra árvore cujos frutos dão a imortalidade (Gênesis 3:22); uma voz vinda de um arbusto em chamas (Êxodos 3:4); um jumento falante (Números 22:28); rodas que se transformam em serpentes (Êxodos 7:10-12); água se transformando em sangue (Êxodos 7:19-22); água nascendo da pedra (Números 20:11); um defunto que renasce quando seu corpo toca os ossos de um profeta (Reis II 13:21); pessoas ressuscitando dos mortos (Reis I 17:21-22; Reis II 4:32-35; Atos 9:37-40). Há também relatos do Sol parando (Jó 10:13); a divisão do mar (Êxodos 14:21-22); ferro flutuando (Reis II 6:5-6); a sombra retrocedendo dez degraus (Reis II 20:9-11); uma bruxa trazendo a alma de Samuel de volta do mundo dos mortos (Samuel I 28:3-15); dedos sem um corpo escrevendo num muro (Daniel 5:5); um homem que viveu por três dias e três noites no estômago de um peixe (Jonas 1:17); pessoas andando sobre as águas (Mateus 14:26-29); uma virgem fecundada por Deus (Mateus 1:20); a cegueira curada por cuspe (Marcos 8:23-25); uma piscina que curava os que nela mergulhassem (João 5:2-4) e anjos e demônios interferindo nos assuntos terrestres (Atos 5:17-20; Lucas 11:24-26). É claro que tais histórias não estão de acordo com as leis da natureza. Estas fábulas bíblicas servem para manter a ideia primitiva de que frequentemente forças sobrenaturais podem intervir em nosso mundo. Presumivelmente, os autores de tais histórias ou mentiram ou foram desonestos quando relataram essas histórias. Quando examinados à luz da experiência e da razão, tais suspensões das leis da natureza carecem de credibilidade. Nossa experiência demonstra que o mundo se

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comporta de acordo com princípios de regularidade que nunca são alterados. Uma terrível consequência na crença de que forças sobrenaturais interferem nos afazeres terrestres tem sido a de pessoas que frequentemente desviam suas energias na tentativa de buscar no sobrenatural a solução de problemas de nosso mundo. Ao invés de estudar o mundo natural para descobrir fatos que possam ser usados para o desenvolvimento de soluções científicas, tais pessoas se engajam em atividades religiosas no esforço de obter ajuda de forças sobrenaturais ou para impedir a influência de forças supostamente malignas em suas vidas. Um exemplo de tal desvio de energias pode ser visto na história das tentativas de prevenir a ocorrência e a disseminação de doenças na Europa. O historiador Andrew White diz que, durante muitos séculos na Idade Média, a imundície das cidades europeias sempre causou grandes pestilências que levaram multidões para os túmulos. Baseado nos ensinamentos da Bíblia, os teólogos cristãos durante séculos acreditavam que tais pestes eram causadas não por falta de higiene, mas pela ira de Deus ou pelas maldades de Satã. Devido a crença nas causas espirituais das doenças, os teólogos ensinavam as pessoas que as pragas poderiam ser evitadas ou aliviadas por atos religiosos, tais com arrependimento dos pecados, doação de presentes para as igrejas e monastérios, participação em procissões religiosas e comparecimento aos encontros nas igrejas (o que certamente somente servia para espalhar ainda mais as doenças). A possibilidade de causas físicas para a existência e cura das doenças sempre foi ignorada pelos religiosos.

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Andrew White diz que, a despeito de todas as rezas, rituais e outras atividades religiosas, a frequência e o rigor das pragas não diminuíram até que a higiene científica começasse a se tornar presente. Falando das melhorias higiênicas que ocorreram na metade do século XIX, White diz que "as autoridades sanitárias conseguiram em meio século fazer mais pela redução da doença do que tinha sido feito em 1500 anos por todas as feitiçarias que os religiosos tentaram realizar." ENSINAMENTOS INCONSISTENTES COM A ESTRUTURA FÍSICA DO MUNDO: Uma razão adicional pela qual os Humanistas rejeitam a Bíblia é a de que ela contem muitos ensinamentos que são contrários ao que a ciência descobriu como sendo a estrutura física do mundo. Um exemplo clássico sobre os ensinamentos incorretos da Bíblia pode ser visto na oposição dos religiosos cristãos aos argumentos de Galileu sobre os argumentos da doutrina de Copérnico quanto ao duplo movimento terrestre. No século XVI, Copérnico apresentou a ideia de que a Terra girava em torno de si e do Sol, e no século seguinte o telescópio de Galileu proporcionou evidencias seguras de que Copérnico estava certo. Em oposição à doutrina de Copérnico e na tentativa de demonstrar que a Terra permanecia estável enquanto o Sol se move em seu redor, a Igreja católica se referiu ao décimo capítulo do livro de Josué. Lá somos informados que Josué conseguira que o Sol, e não a Terra,

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permanecesse parado para que o dia fosse mais longo e assim pudesse cumprir sua missão na batalha contra os Amoritas. Outras passagens demonstram que os escritores da Bíblia pensavam que a Terra era fixa: Salmos 93:1 (O Mundo não pode ser movido), Crônicas 16:30 e Salmos 104:5 (O Senhor fixou as fundações da Terra de forma que jamais pudesse ser movida). Por causa dos pontos de vista de Galileu sobre a doutrina de Copérnico, a Inquisição o torturou, forçando-o a desmentir suas afirmativas e condenou-o à prisão. Além disso, baseado nos ensinamentos da Bíblia, por quase duzentos anos, o Índex dos Livros Proibidos da Igreja Católica condenaram todos os escritos que afirmassem a ideia do duplo movimento terrestre. Além disso, por gerações, as principais correntes da Igreja Protestante - Luteranos, Calvinistas e Anglicanos - denunciaram a doutrina de Copérnico como sendo contrária às escrituras. A Bíblia também contem erros grosseiros quando sustenta a ideia da Terra ser plana. No sexto século, um monge cristão chamado Cosmas escreveu um livro intitulado Topographia Christiana no qual ele descrevia a estrutura do mundo físico. Cosmas baseou suas conclusões nos ensinamentos da Bíblia e sustentava que a Terra era plana, cercada por quatro mares. Uma das razões para a crença de Cosmas numa terra plana era a afirmativa bíblica do livro das Revelações 1:7 de que, quando Cristo retornasse, "todos os olhos o iriam ver". Cosmas concluiu que se a Terra fosse redonda ao invés de plana, as pessoas que estivessem do outro lado não poderiam presenciar a Segunda vinda de Cristo...

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Outros apoios bíblicos para a ideia da terra plana podem ser encontrados em Isaías 11:12 (ao falar dos quatro cantos da Terra) e em Jeremias 16:19 e Atos 13:47 (final da Terra). Como consequência de tais ensinamentos bíblicos, a maioria dos antigos padres acreditavam que a terra era plana. O pensamento de Cosmas também foi considerado por muito tempo como parte da doutrina da Igreja Ortodoxa. Consequentemente, quando Cristóvão Colombo propôs, no século XV, a ideia de partir do leste da Espanha para chegar as Índias pelo lado oeste, a noção da Terra Plana foi um dos principais motivos de oposição ao empreendimento. A Bíblia também apresenta a ideia do céu como uma abóbada solida. Em Gênesis 17 o Senhor coloca o Sol e a Lua "no firmamento" para que houvesse luz sobre a Terra. A palavra em Hebreu traduzida como "firmamento" é "raqia", que significa "metal batido". Por essa razão, a Igreja levou muito tempo aceitando a ideia do "firmamento". Tal ideia também foi aceita por Cosmas e consequentemente tornou-se parte da doutrina ortodoxa da Igreja por diversos séculos. Dentro dessa doutrina estava a ideia ingênua de que havia janelas no firmamento que eram abertas por anjos sempre que Deus desejasse fazer chover na Terra. Cosmas acreditava que quando tais janelas eram abertas, uma porção das águas contidas acima do "firmamento", conforme mencionadas em Gênesis 1:17, caiam sobre a Terra. A base de Cosmas para esse ponto de vista era a afirmativa de Gênesis 7:11-12, de que no tempo do dilúvio, "as janelas dos céus foram abertas" caindo assim a chuva sobre a Terra. A Bíblia também afirma que a Terra repousa sobre pilares. Os "pilares" da Terra são mencionados em diversos versículos do

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Velho Testamento (Samuel I 2:8, Salmos 75:3, Jó 9:6). Tais passagens, na verdade, são um reflexo da crença dos antigos Hebreus de que a Terra se sustentava sobre pilares. Além disso, a Bíblia contradiz a ciência médica ao declarar que as doenças e outros males físicos resultam de agentes sobrenaturais, tais como atividades demoníacas, ao invés de causas físicas. Ao descrever as curas de Jesus, o Novo Testamento afirma que os seguintes fatos teriam sido produzidos por demônios: cegos (Mateus 12:22), mudos (Mateus 9:32-33), aleijado (Lucas 13:11,16), epilepsia (Mateus 17:14-18) e insanidade (Marcos 5:1-13). Como consequência, os líderes da Igreja geralmente desencorajavam o ponto de vista de que a doença pudesse ser causada por processos naturais e apoiavam a ideia de agentes demoníacos como principais causas dos males. Por exemplo, Santo Agostinho, cujas ideias fortemente influenciaram o pensamento ocidental por mais de um milênio, disse no século IV: "Todas as doenças dos cristãos devem ser atribuídas a estes demônios..." Mesmo com o surgimento da Reforma Protestante no século XVI, não houve muita mudança na atitude da Igreja quanto à origem das doenças. Martinho Lutero sempre atribuía sua própria doença à "praga do diabo" e ensinava que: "Satã produz todos os males que afligem a humanidade, pois ele é o príncipe da morte". A Bíblia também contem versículos que mencionam dragões (Jeremias 51:34), Unicórnios (Isaías 34:7) e outros animais fabulosos (Isaías 11:8). Com base nestes versos, muitos naturalistas da Idade Média acreditavam que essas criaturas míticas de fato existiram.

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Além disso, por séculos, e ainda hoje em muitos lugares, os versículos bíblicos levaram o mundo cristão a acreditar que os cometas são enviados de Deus para prevenir a humanidade de sua ira divina e castigo iminente; que o surgimento de estrelas e meteoros são presságios benéficos de eventos tais como o nascimento de heróis e grandes homens; que os eclipses significam a divina tristeza devido a fatos terrestres; que os temporais e todos os fenômenos meteorológicos desagradáveis são causados pela ira de Deus ou pela fúria de Satã; e que, mesmo que a Terra seja redonda, as pessoas ainda assim não vivem "do outro lado." A Bíblia também não está cientificamente correta quanto diz que o morcego é um pássaro (Levíticos 11:13,19), que o coelho e a lebre ruminam (Levíticos 11:5-6), e que a semente de mostarda "é a menor de todas as sementes"(Mateus 13:32). Também é inconsistente com a ciência e de fato absurdo assegurar que Deus tenha confundido as línguas dos seres humanos por ele temer que os homens unidos pudessem construir uma torre alta o suficiente para atingir o Céu (Gênesis 11:1-9). O efeito de se buscar na Bíblia ideias a respeito da estrutura do mundo físico foi bem resumida pelo historiador Andrew White. Ele diz que "desenvolveu-se em todos os campos pontos de vista teológicos sobre a ciência que nunca levaram para uma verdade sequer e que, sem exceção, forçaram a humanidade a se distanciar da verdade causando por séculos o afundamento do mundo cristão num abismo de erros e infortúnios." Face às numerosas afirmativas incorretas concernentes à estrutura do mundo físico contidas na Bíblia, parece não haver razão para se acreditar que os escritores bíblicos estivessem

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mais corretos quando escreviam sobre coisas invisíveis. Cometendo tantos erros sobre o universo observável, a Bíblia não pode ser considerada como um guia totalmente confiável quando trata de assuntos espirituais e questões de fundo ético. PROFECIAS NÃO REALIZADAS Também, em confirmação à posição dos Humanistas sobre a Bíblia, há o fato de que ela contem profecias que comprovadamente falsas. A não ocorrência de eventos biblicamente profetizados, constitui prova clara de que a Bíblia não é infalível. A Bíblia mesmo é que apresenta um teste para determinar se uma profecia foi inspirada por Deus. Deuteronomio 18:22 diz: "Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou tal profeta, não tenhas temor dele." Ao aplicar esse mesmo teste na Bíblia, nós percebemos que ela contem afirmativas que não foram inspiradas por Deus. Em Gênesis 2:17, o Senhor teria advertido Adão e Eva sobre o fruto que havia na árvore do conhecimento: "Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Porém em Gênesis, no capítulo 3, somos informados de que Adão e Eva comeram do fruto proibido e não morreram no dia em que assim agiram. Gênesis 35:10 informa que Deus disse a Jacó: "O teu nome é Jacó; não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel". No entanto, 11

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capítulos depois, em Gênesis 46:2 lemos "E falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! E ele disse: Eis-me aqui." Em II Crônicas 1:12 há que Deus disse a Salomão: "Sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhum rei antes de ti leve, e depois de ti tal não haverá." Como o grande agnóstico Robert Ingersoll disse no século XIX, houve diversos reis na época de Salomão que poderiam jogar fora todo o reinado de Salomão (Palestina) sem perder muito com isso. Podemos acrescentar que a riqueza de Salomão é pequena comparada aos padrões atuais e sempre foi superada por muitos reis que reinaram depois dele. Alguns exemplos de outras profecias não realizadas no Velho Testamento incluem: Os Judeus irão ocupar a terra do rio Nilo até o rio Eufrates (Gen. 15:18); eles nunca perderão suas terras e nunca mais serão perturbados (Samuel II 7:10); A casa e o reinado de David durarão para sempre; nenhuma pessoa incircuncisada nem imunda entrará em Jerusalém (Isaías 52:1); Damasco seria reduzida a um montão de ruínas (Isaías 17:1); as águas do Egito iriam secar (Isaías 19:5-7). Aplicando ao Novo Testamento o mesmo teste bíblico para identificação de falsos profetas, somos forçados a concluir que o próprio Jesus fez declarações não inspiradas por Deus. Por exemplo, as profecias de Jesus a respeito da época em que o mundo iria terminar são claramente incorretas. Em Mateus 16:28, Jesus diz a seus discípulos: "... que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino". Obviamente, as pessoas que estavam lá já morreram todas e nenhuma delas viu Jesus retornar para fundar o seu reinado.

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Além disso, em Marcos 13:24-30, Jesus teria listado uma série de signos que deveriam acompanhar o fim do mundo, incluindo o escurecimento do sol, a lua não "dando" mais luz, as estrelas caindo, o filho do homem nas nuvens com grande poder e glória e a presença de anjos. No versículo 30, Jesus diz: "Não passará esta geração, sem que todas estas coisas aconteçam." Aquela geração passou há muito tempo e os acontecimentos previstos não ocorreram. A análise do Novo Testamento também revela que Jesus estava incorreto na sua previsão no que dizia respeito a quantidade de tempo em que ele ficaria na tumba. Em Mateus 12:40, Jesus diz: "Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra." Porém, Marcos 15:42-45 diz que Jesus morreu na tarde do dia antes do Sábado (ou seja na Sexta-feira) e Marcos 16:9 e Mateus 28:1 nos dizem que Jesus saiu da tumba no Sábado à noite ou no Domingo pela manhã. De Sexta a Domingo pela manhã não há como se contar três dias e três noites. Para dar mais um exemplo do Novo Testamento, Jesus diz em João 14:13-14 que: "E tudo o que pedires em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei." Em milhões de situações tais solicitações foram feitas e não foram atendidas. Como um único exemplo, basta lembrar o assassinato do Senador Robert F. Kennedy. Durante horas, logo após ter sido ferido, milhões de pessoas rezaram em nome de Jesus pela recuperação do Senador Kennedy. Se já houve um teste para a força da oração cristã, esse foi um de fato. Todos sabemos o resultado. Contrariamente ao que estava mencionado na Bíblia,

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o pedido não foi atendido. Assim ocorrem com outras profecias mencionadas na Bíblia. A existência de incorretas profecias colocam em dúvida a veracidade dos ensinamentos bíblicos. Se um versículo na Bíblia está errado, é bem possível que outros versículos estejam errados também. AFIRMATIVAS INCORRETAS SOBRE A HISTÓRIA Mais uma razão para a rejeição da Bíblia pelos humanistas é a de que ela contem afirmativas incorretas a respeito da história. As pesquisas de historiadores e outros estudiosos indicam que muitas afirmativas na Bíblia são historicamente incorretas. A respeito do Velho Testamento os historiadores determinaram que a história de um dilúvio universal não passa de um mito. Por exemplo, Andrew White aponta que o Egito tinha uma próspera civilização muito antes do dilúvio bíblico de Noé e que nenhum dilúvio chegou a interrompe-la. O livro de Êxodos nos fala de uma fuga dos escravos israelitas do Egito mas os historiadores e os arqueólogos jamais conseguiram confirmar nada sobre esse fato. Nenhum registro egípcio se refere ao Moisés bíblico ou às pragas devastadoras que Deus supostamente teria infligido ao país ou à fuga dos escravos hebreus ou ao afogamento do exército egípcio. Além disso, White relata que os registros contidos nos monumentos egípcios demonstram que o faraó que reinava na época da suposta fuga dos judeus jamais se afogou no Mar Vermelho. O livro de Esther fala de como uma jovem judia chamada Esther foi escolhida pelo Rei persa Xerxes I para ser a rainha depois do rei ter se divorciado da rainha Vashti. Embora os

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historiadores saibam uma grande quantidade de fatos sobre Xerxes I, não há registro de que ele tivesse uma rainha judia chamada Esther ou de que tenha sido casado com Vashti. Além disso, o livro de Esther afirma que o império persa foi dividido em cento e vinte e sete províncias mas os historiadores nos dizem que nunca houve tal divisão do império. Também, ao contrário do que é dito no livro, Xerxes I não ordenou aos judeus em seu território que atacassem seus súditos persas. O livro de Daniel contem o relato de certos eventos que supostamente ocorreram durante a permanência dos judeus na Babilônia. No quinto capítulo do livro, somos informados de que o rei Nabucodonosor foi sucedido no trono pelo seu filho Belsasar. No entanto, os historiadores nos dizem que Belsazar não era filho de Nabucodonosor e nunca foi rei. O livro também nos fala de um "Dario, o Medo", capturou a Babilônia no sexto século. A história nos diz que foi Ciro da Pérsia que tomou a Babilônia. Passando para o Novo Testamento, o segundo capítulo do livro de Lucas diz que, pouco antes do nascimento de Jesus, o imperador Augusto ordenara um censo a ser realizado em todo o mundo romano. Lucas nos diz que todas as pessoas tinham que viajar para a terra dos seus ancestrais com o objetivo de fazer esse censo. Ele indica que tal censo teria sido a razão que levou José e Maria a viajar de Nazaré até Belém, onde Jesus teria nascido. No livro intitulado, "Ficções Apostólicas", Randal Helms diz que tal censo jamais foi realizado na história do Império Romano. Ele também diz que é ridículo se pensar que os romanos tão práticos fossem solicitar a milhões de pessoas a viajar

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distancias enormes até as cidades de seus já falecidos progenitores, meramente para assinar um formulário de registro. O terceiro capítulo de Lucas contem uma genealogia que traça os ancestrais de Jesus em 76 gerações até chegar a Adão, que, de acordo com Gênesis, capítulo 1, foi criado juntamente com o restante do universo durante o transcorrer de uma semana. A Bíblia, dessa forma, sustenta a ideia de que a história da raça humana, bem como a de todo o universo, se estende por um período relativamente curto de tempo, não mais do que alguns milhares de anos. De fato, considerando-se os ensinamentos bíblicos, tais como os de Lucas, capítulo 3, durante muitos séculos a posição Cristã ortodoxa era a de que toda a Criação ocorrera dentre 4 a 6 mil anos antes do nascimento de Cristo. A ciência apresenta hoje números bastante diferentes... O segundo capítulo do livro de Mateus diz que logo após o nascimento de Jesus, o rei Herodes teria ordenado o massacre de todos as crianças do sexo masculino até dois anos de idade em Belém e suas vizinhanças. No livro de Lucas, o qual contem a única outra história do nascimento de Jesus, não há qualquer menção de tal ordem tão cruel. Tal acontecimento não é também mencionado em nenhum dos registros da época. Tem-se a impressão de que a história de Mateus foi inventada. Mateus 27:45 diz que enquanto Jesus estava na cruz, caiu sobre a terra uma escuridão que durou do meio-dia até as três horas da tarde. Andrew White diz que observadores romanos tais como Sêneca e Plínio embora tivessem descrito ocorrências muito menos significativas em regiões mais remotas, não fazem qualquer menção a esse fato em particular.

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Outro fato marcante, é que Josephus, o melhor historiador judeu do primeiro século, jamais disse nada sobre a vida e a morte de Jesus; nada sobre o infanticídio cometido por Herodes; nenhuma palavra sobre a estrela que apareceu nos céus quando do nascimento de Jesus; nada sobre a escuridão que se abateu sobre a terra; nada sobre a centena de túmulos que se abriram e da multidão de judeus que se levantaram dos mortos e visitaram a cidade sagrada. Na verdade, nenhum historiador da época jamais mencionou tais prodígios. CONCLUSÃO Em resumo, os humanistas rejeitam a Bíblia porque ela contem contradições, crueldades, afirmativas completamente inconsistentes com as leis da natureza, afirmativas incorretas sobre a estrutura do mundo físico, profecias incorretas e diversos erros históricos. Outros problemas também poderiam ser citados, tais como não sabermos quem escreveu a maior parte de seus livros, o fato de que tenha sido escrita muitos anos depois da ocorrência dos fatos, suas muitas passagens obscenas, sua promessa de salvação para os ignorantes e os crédulos e a condenação à tortura eterna para os cépticos e os investigadores que proporcionaram infinitos benefícios à raça humana. Todos esses problemas e muitos outros constituem clara evidencia de que a Bíblia não é a palavra de Deus. Ao invés de ser infalível, a Bíblia tem muito mais afirmativas incorretas e ensinamentos imorais do que na maioria de outros livros. Como resultado de se tratar um livro assim tão cheio de erros

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como sendo infalível, a civilização ocidental foi levada ao erro e à miséria através da história. Além disso, podemos concluir que, no mundo atual, a influência dos ensinamentos bíblicos no campo político pode resultar - e, na opinião de certas pessoas, certamente resulta - na continuidade de um grande número de procedimentos socialmente prejudiciais e uma oposição às propostas progressivas de melhoria social. Além disso, percebemos através da mídia que os versículos bíblicos ainda levam alguns cristãos a cometer atos bizarros e prejudiciais tais como espancar as crianças, não aceitar tratamento médico, tomar veneno, cortar as mãos ou os pés, arrancar os olhos, violentamente tentar arrancar do corpo demônios, afastamento dos afazeres comuns ao nosso mundo, renúncia aos prazeres da vida e a expectativa de um final iminente do mundo. Por a Bíblia conter tantas afirmativa incorretas e ensinamentos pouco éticos e por ter causado e continuar causando numerosos erros e tantos prejuízos, nós rejeitamos a proposta daqueles que nos exortam a buscar na Bíblia as respostas para nossos problemas pessoais, sociais e políticos. O que tem permitido à humanidade corrigir muitas das falsas ideias que a Bíblia nos dá sobre o mundo tem sido a aplicação de uma abordagem científica à solução de problemas. Tal abordagem envolve a confiança na observação, experiência, lógica e empatia do ser humano, muito mais do que uma cega aceitação de dogmas religiosos seculares. Quando os resultados obtidos com os métodos científicos são vistos em confronto com as ideias incorretas contidas na Bíblia e com os prejuízos causados por tais ideias, fica bem claro que

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somos muito mais bem guiados pela razão e compaixão humana do que pelos ensinamentos da Bíblia. Joseph C. Sommer FONTE: http://www.xr.pro.br/livros/humansxbible.html POR QUE DEUS SE ESCONDE? O que levaria Deus a evitar o contato humano como se tivesse algo a temer? Por que Deus necessita de alguns intermediários humanos para se comunicar com outros também humanos? Como um ser infinitamente inteligente, extremamente racional, criador de um universo que obedece às rígidas leis da Física e a complexas fórmulas matemáticas, estabelece o instinto da fé e ignora a razão e a lógica para fazer-se conhecido? Às vezes até aquele que crê fica perplexo acerca dos métodos que Deus utiliza para se relacionar com o homem, através de presságios, sinais, visões, sonhos e sentimentos diversos. Outras vezes mutilando ou tirando a vida de uns para dar lições morais a outros como se uma pessoa fosse mais importante que outra, como se uns fossem apenas coadjuvantes e outros fizessem o papel principal numa peça teatral. Praticamente todas as pessoas que acreditam na existência de Deus gostariam de um contato pessoal com ele. Seria, portanto, natural que Deus concedesse a oportunidade de se comunicar de forma transparente com cada um que nele crê, como um amigo que se senta à mesa para tomar alguma coisa e conversar sobre a vida. Dizem que nossos pecados, fragilidade e limitações não nos permitem comunicação direta com Deus, como se ele pudesse ser contaminado mortalmente

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pelo pecado humano ou não conseguisse ser brando de tal forma a não eliminar suas criaturas durante um encontro. Mas se isso for verdade, se faz necessário rever o conceito de onipotência. Durante milênios os representantes das religiões compilaram explicações de difícil constatação da verdade que transferem aos fiéis a responsabilidade da falta de manifestações concretas de Deus, como: "Quem está em pecado não pode ter comunhão com Deus", "quem duvida não pode sentir Deus". Tais afirmações confundem e evitam questionamentos de crentes com dúvidas sinceras. Outra forma eficiente de evitar contestações é deslocar a manifestação divina no tempo, ou para um futuro distante onde todos estarão mortos e não poderão presenciar o cumprimento, ou para um passado remoto que ninguém hoje vivo presenciou. Não seria possível que os profetas do passado tenham sido pessoas que interpretaram equivocadamente manifestações naturais como se fossem ações do ser divino que sinceramente criam? Há casos de pessoas atormentadas por visões e “contatos” com Deus e seres espirituais que são curadas pela medicina com medicamentos, seções psiquiátricas e, até mesmo, por extração de tumor cerebral. A neurociência revela que o cérebro humano, apesar de extremamente desenvolvido, é um projeto natural inacabado, um órgão complexo e vulnerável, com falhas de percepção e de processamento de informação que podem causar má interpretação de ocorrências naturais como se fossem sobrenaturais. Não seriam tais mensageiros de Deus homens bem intencionados desprovidos deste autoconhecimento?

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Infelizmente a maioria das pessoas não entende que sua fé é baseada em opiniões de homens de uma época onde o conhecimento adquirido por toda a vida não ultrapassava a informação de um jornal de fim de semana dos dias atuais. Tais homens não sabiam que andavam sobre um planeta, que o ar não é sobrenatural ou que as estrelas não estavam grudadas no céu. Muitos deles praticavam o celibato e sequer conheciam a anatomia de um corpo feminino adulto, mas se intitulavam orientadores sexuais e educadores de filhos alheios, submetendo principalmente as mulheres às mais vis discriminações. De fato Deus se esconde porque a razão é implacável, por isso muitos que desejam a existência de Deus rejeitam sua própria razão tornando-a submissa à fé que, longe do status adquirido no meio religioso, é apenas uma crença que não exige provas, fruto do desejo natural e instintivo por soluções que não demandam altos custos nem exercício mental. Os líderes religiosos – como o reformador Martinho Lutero que declarava que a razão deveria ser erradicada do meio cristão – escondem Deus em um mundo ilógico onde a razão não pode penetrar, adicionando-o poderes infinitos quando é demonstrada sua fragilidade; exaltando sua suposta atuação no passado e suas promessas para um futuro incerto quando sua omissão presente é evidente; declarando-o senhor de tudo quando se percebe que é um fantoche daqueles que enganam a massa; imaginando-o como substância espiritual quando demonstrado que não tem lugar na realidade. A cada revelação de que Deus é apenas a personificação dos desejos de seus criadores e

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seguidores, ele é desesperadamente removido para as trevas de um novo esconderijo que o proteja de ser pulverizado pela razão. ARGUMENTUM AD IGNORANTIAM Quaisquer argumentos, como os teleológicos e o ontológico, entre muitos outros, que defendam a existência de entidades sobrenaturais, sejam elas onipotentes como Deus ou limitadas como fadas e duendes, estão embasados num único argumento, o “Argumentum ad ignorantiam” (argumento da ignorância). Este “pai” de todos os argumentos pró-deuses tem a seguinte forma geral: Ninguém provou que A é verdadeiro, então A é falso, ou, ninguém provou que B é falso, então B é verdadeiro. Não é difícil perceber que tal argumento é frágil, pois tudo que não é provado é uma incógnita, nem falso, nem verdadeiro. Este argumento milenar recebeu, por parte dos crentes, muitos rótulos como os já citados argumentos teleológicos e ontológicos como também o argumento Kalam e a pseudociência Design “Inteligente”. Dizer que o argumento da ignorância é utilizado somente por crentes seria injusto, pois a maioria dos ateus, como eu, não crê em Deus tendo como uma das bases a ausência de provas, mas é mais sensato desacreditar do que acreditar por falta de provas. Imagine se num julgamento você fosse considerado culpado simplesmente porque alguém que não gosta de você lhe acusou sem provas. Talvez o maior problema para se provar algo resida no fato da relatividade das provas, pois o que uma pessoa considera prova, outra pode não considerar. Por isso se recorrer à Justiça,

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como no caso do ensino do Design Inteligente nas escolas americanas, é o melhor caminho até o momento para que ateus e crentes exaltados não se matem mutuamente por causa desta questão. De fato os textos exaustivos que os religiosos utilizam para rotular o argumento da ignorância dificultam a sua real visualização, pois são baseados em apelos à emoção daqueles que desejam a ilusória vida eterna ou quaisquer mínimos benefícios dos deuses. E SE NÃO HOUVESSE UM DEUS?

Se não houvesse um Deus o Universo poderia existir. Um ser perfeito não teria necessidades e nada criaria por não precisar de complemento. Um Deus autossuficiente, ao contrário do que se diz, impossibilitaria a existência de qualquer outra coisa, simplesmente por ser autossuficiente e bastar a si próprio. O ser humano cometeria inúmeros erros, pois não procederia de um ser perfeito. Haveria fome e doenças, pobreza e miséria.

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Mulheres, crianças e inocentes seriam estuprados, mutilados e mortos, sem haver quem os socorresse quando a ajuda humana falhasse. Haveria guerras entre os povos por não haver um criador de toda a raça humana que a mantivesse fraternalmente unida. A humanidade teria personalidade instável, seria ciumenta e suscetível à tristeza, vingativa e muitas vezes malevolente. Líderes religiosos usariam a história de um Deus que na verdade não existiria para deliberação de assassinatos e genocídios como nos textos descritos em livros sagrados escritos pelo próprio homem e nos registros históricos. Se não houvesse um Deus existiriam manipuladores da fé popular agindo livremente, adquirindo poder e riqueza em nome de um falso Deus que, por não existir, nada faria para manter seu nome honrado. A justiça divina e imediata não existiria, seria apenas uma promessa vazia para um futuro distante e incerto. A justiça humana não seria instantânea por requerer tempo de investigação; um ser onisciente, onipotente e justo não precisa de tempo para investigar e julgar. Se não houvesse um Deus o homem criaria um Deus imaginário cuja farsa seria percebida porque não se comunicaria pessoalmente, frente a frente com quem cresse nele. Precisaria

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de profetas, porta-voz e pregadores, pois seria incapaz de apresentar-se a si mesmo por não existir. Haveria milhares de religiões, milhões de deuses, pilhas de livros sagrados, por não haver um ser capaz de guiar todos à verdade, por não existir um único deus verdadeiro que se revelasse entre todo esse amontoado de deuses e religiões. Se não houvesse um Deus haveria diversas seitas dentro de um mesmo grupo religioso, pois não haveria concordância sobre diversos aspectos de uma mesma ideia, os grupos religiosos se fragmentariam em subgrupos, cada um com a sua "verdade absoluta", cada um buscando sua forma de salvação e ao mesmo tempo acreditando que qualquer um que não acreditasse no mesmo que eles, ou tivesse apenas uma visão levemente diferente do conceito de um deus, sofreria eternamente por sua incredulidade e sua blasfêmia, independente de ter sido uma boa pessoa ou não, enquanto que ladrões assassinos, pedófilos e toda a corja que pratica os mais macabros e inescrupulosos tipos de maldade poderiam ser salvos e viver eternamente num paraíso desde que se arrependessem e se convertessem. Se não houvesse um Deus haveria todo o tipo de absurdo que se pudesse imaginar. O homem inventaria um deus cheio de falhas e duvidoso. Diria que existe um deus que veio do nada (ou sempre existiu) e de repente, mesmo sendo autossuficiente, decidiu criar o universo, e em toda infinidade de um universo absurdamente gigantesco e que não para de crescer, ele optou por colocar vida apenas em um planetinha

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dentro de uma das bilhões de galáxias que ele criou. Apesar de poder fazer tudo com um "estalar de dedos" ele levou seis dias para deixar tudo pronto e, mesmo sendo onipotente, ele descansou ao sétimo dia. Então, depois de haver feito o homem de um punhado de barro e a mulher da costela desse homem, ele os colocou em um jardim para que ali vivessem e, mesmo sendo onisciente e sabendo o que aconteceria, ele colocou uma árvore da qual os dois não poderiam comer o fruto. Logo depois de serem enganados por uma cobra falante, eles comeram o fruto e foram expulsos do jardim, e seus descendentes foram condenados a uma vida de cheia de castigos por algo que eles não fizeram. Então, depois de matar milhões e milhões de pessoas ao longo dos séculos (incluindo mulheres, pessoas inocentes e crianças) por não agradar os seus olhos, ele resolveu enviar ele mesmo para a Terra, para que ele fosse sacrificado para ele mesmo, para ele mesmo perdoar os pecados da humanidade que ele mesmo criou sabendo exatamente o que aconteceria. Por fim, depois de seu sacrifício desnecessário e de milhares de milagres feitos durante todo esse tempo, ele simplesmente desapareceu e nunca mais foi visto ou ouvido, e como prova incontestável de sua existência, ele deixou de herança um livro cheio de fantasias e contradições, onde mostra seu apoio ao machismo, escravidão e sacrifícios em diversas de suas passagens. E quando a humanidade acaba por fazer alguma descoberta, como os fósseis que provam a existência de dinossauros por exemplo, tudo o que os religiosos dizem a respeito do assunto

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é que é só mais uma teoria e que tudo foi plantado para testar nossa fé. Mas ainda bem que existe um Deus e nenhuma das barbaridades descritas acima jamais aconteceu. Já pensou se não houvesse um Deus? COMO FUNCIONA A MITOLOGIA Mitologias são narrativas sobre seres sobrenaturais que procuram explicar a origem do Universo, dos homens, dos animais, dos costumes e dos valores mais importantes de uma cultura. São histórias fantásticas em que deuses, semideuses e heróis humanos se aventuraram para a criação do mundo como o conhecemos. Essas narrativas, que surgiram nos tempos primitivos, foram transmitidas oralmente durante séculos até terem seus primeiros registros escritos na Antiguidade. Desde então, elas continuam a nos encantar e influenciar. Desde os primórdios, diferentes culturas em diferentes momentos históricos e de desenvolvimento criaram suas próprias mitologias. Afinal, todas elas precisavam achar uma explicação para os fenômenos naturais e para justificar suas hierarquias e o funcionamento de suas instituições sociais. Assim, egípcios, gregos, romanos, sumérios, maias, incas, astecas, tupis, celtas, nórdicos e vários outros povos criaram

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seus próprios mitos que serviram para explicar o mundo ao seu redor. De todas elas, a mitologia grega foi a mais influente. Sete séculos antes de Cristo, o poema “Teogonia” atribuído a Hesíodo expôs em cerca de mil versos a criação do Universo e a origem das divindades. Esse tratado sobre a mitologia grega mostrou também a ascensão de Zeus até se tornar o soberano supremo dos deuses. Além de Hesíodo, as principais características da mitologia grega foram definidas nos poemas “Ilíada” e “Odisseia”, atribuídos a Homero. Antes dos gregos, outras civilizações como os egípcios, os sumérios e os hindus já tinham constituído suas mitologias. Cada uma delas com suas divindades e com diferentes explicações para a origem e o funcionamento do mundo, dos fenômenos da natureza, do sentido da existência dos homens e das sociedades. Apesar de apresentarem diferentes narrativas e terem surgido em diferentes locais e épocas, todas as mitologias que despontaram ao redor do planeta se relacionaram a tradições religiosas e se basearam em acontecimentos e seres fantásticos.

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A VERDADE E A REALIDADE

Existem duas formas para a verdade, a “verdade de razão”, aquela cujo oposto é impossível, e a “verdade de fato”, circunstancial e cujo oposto é possível. A verdade de razão é utópica, existe somente na mente humana. A “verdade de fato” é circunstancial e coerente com a vida prática, é sobre esta e sobre a realidade que as linhas seguintes se referem e tentam abordar de forma explicativa e crítica. A NATUREZA DA VERDADE Embora para quase a totalidade das pessoas verdade e realidade sejam a mesma coisa, não o são. Enquanto a realidade é o objeto, a verdade são as informações sobre tal objeto codificadas e armazenadas na mente. Por ser apenas uma imagem da realidade, a verdade pode ser distorcida e, quanto mais distorcida, mais longe da realidade estará. Como a imaginação e a verdade são armazenadas de forma similar,

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através de ligações peptídicas neurais, não é difícil a confusão entre ilusão e realidade por parte das crianças e de adultos pouco exigentes acerca de provas. A verdade é dependente dos métodos de avaliação do observador e, principalmente, da herança cultural. Como as verdades são fundamentais para a sobrevivência na complexa sociedade humana, os pais, a fim de dar competitividade à sua linhagem, transmitem um pacote de verdades práticas ao novo indivíduo que possam inseri-lo e torná-lo competitivo na sociedade. Este primeiro passo na formação do indivíduo é uma imposição coletiva que promove um ambiente social onde as verdades são tratadas com naturalidade mesmo que estejam fora da realidade. A maioria das pessoas nunca questionará as verdades sociais, porque a própria sociedade impõe condições, prêmios e punições, que façam valer suas verdades. Cada pessoa carrega em si uma falsa e potente impressão de que a verdade é uma imagem perfeita da realidade, senão a própria realidade. OS EQUÍVOCOS Verdades podem ser equívocos, os quais são encontrados em todos os setores da vida humana em maior ou menor grau. Basta fazer uma breve análise nas crenças religiosas para se detectar alguns destes. Por exemplo, no hinduísmo, há dezenas de divindades; no islamismo há apenas uma divindade, Alá; no cristianismo a divindade também é uma, mas formada por três pessoas, a Santíssima Trindade. Observe a evidente divergência, mas nenhuma entre as três religiões é capaz de admitir que a sua verdade é equivocada. Se há três versões para as formas de divindades e estas não podem coexistir,

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então pelo menos duas versões estão equivocadas. É claro que os instintos naturais de sobrevivência de grupo farão os crentes de cada religião dizer que as outras estão equivocadas, mas quem tem autoconhecimento de suas fraquezas animais identifica o erro generalizado e não toma partido. O fato de Buda, Jesus e Maomé terem revelado a verdade ou serem a própria verdade é verdade, resta a cada pessoa julgar a coerência com a realidade, o que não é uma tarefa fácil quando se tem o senso crítico danificado pelas dificuldades da vida somadas às promessas e ameaças divinas. A NATUREZA DA FÉ Desde tempos remotos o homem tem confiado em seus sentimentos e falhas de percepção rotulando-os com o nome de fé, como se esta fosse um sexto sentido. Verificando alguns textos bíblicos como Romanos 14.23 e Hebreus 11.1, constata-se que a fé religiosa é apenas um sentimento de certeza, mas é de conhecimento geral que ter certeza não é garantia de sonho realizado e não poucos são enganados por ela. Os sentimentos são interações químicas que imitam os sentidos e as sensações para questões de sobrevivência, são bons e importantes, inclusive a tristeza e o medo, mas é senso comum que devem ser mantidos sob o controle da razão. O problema é que os desejos, interações de fortes e persistentes sentimentos, submetem a razão ao seu domínio quando se é religioso, o que torna a razão apenas uma ferramenta a serviço dos sentimentos. Pode-se ver na prática que explicações baseadas na fé resultam em múltiplas e até antagônicas definições para

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uma mesma coisa, como no caso de Deus, o qual difere bruscamente de uma para outra religião, inclusive entre facções de uma mesma religião, principalmente quando o assunto é qual das facções a divindade aprova. A REALIDADE A origem da palavra realidade vem do latim “rei” que significa “bens materiais”. Embora conceitos nem sempre reflitam o que é de fato, este nos dá uma referência, um ponto de partida onde a realidade é aquilo que estimula nossos sentidos como visão e tato, e sensações como fome e sede, nos revelando um universo material que não se submete aos nossos caprichos, impondo-se como realidade pela força, eliminando os organismos vivos que não se submetem. Por este motivo as verdades, entre elas as religiosas, confundem-se com a realidade, por utilizarem a força, quando não física, psicológica. Embora mais potente, a ciência, ao contrário da religião, reconhece seus limites admitindo que ainda não sabe o que foi a realidade antes do Big Bang sem, no entanto, omitir que tudo o que foi analisado sobre o mundo real revela origens naturais para aquilo que as religiões, sem base investigativa, ensinaram durante milênios ter origem sobrenatural. O que vai além dos cinco sentidos deve ser considerado imaginação até que provas materiais lhe concedam status de realidade. NAVALHA DE OCCAM

A Navalha de Occam é um princípio lógico atribuído ao lógico e frade franciscano inglês William de Ockham (século XIV). O

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princípio afirma que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do fenômeno e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. O princípio é frequentemente designado pela expressão latina Lex Parsimoniae (Lei da Parcimônia), que é enunciada como:"As entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade". A formulação desta frase é muitas vezes parafraseada como: "Se em tudo o mais forem idênticas as várias explicações de um fenômeno, a mais simples é a melhor". O princípio recomenda assim que se escolha a teoria explicativa que implique o menor número de premissas assumidas e o menor número de entidades. Originalmente um princípio da filosofia reducionista do nominalismo, é hoje tido como uma das máximas heurísticas (regra geral) que aconselham economia, parcimônia e simplicidade, especialmente nas teorias científicas. A Navalha de Occam defende a simplicidade como ponto de partida para o conhecimento do universo. William de Ockham defendia o princípio de que a natureza é por si mesma econômica, optando invariavelmente pelo caminho mais simples. William de Ockham, por outro lado, achava também que a aplicação desse princípio limitaria a ideia de Deus (que acabaria se tornando desnecessário, segundo a própria lógica da teoria). No entanto, Ockham defendia que o homem, nas suas teorias, deveria sempre eliminar conceitos supérfluos. Este princípio ficou conhecido como "Navalha de Occam" a partir do século XIX, através dos trabalhos de Sir. William Hamilton.

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O princípio chega a nós com a obra Ordinatio. Esta postulava que todo conhecimento racional tem por base a lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos. Uma vez que só conhecemos entidades palpáveis e concretas, nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia; portanto, precisam de comprovação através da realidade física. Este princípio foi adotado pelo que viria a ser conhecido como método científico. É uma ferramenta lógica que permite escolher, entre várias hipóteses a serem verificadas, aquela que contém o menor número de afirmações não demonstradas, o que facilita a verificação da teoria, constituindo assim um dos pilares do reducionismo em ciência. NECESSIDADE DE RELIGIÃO Um homem, vendo sua vida tornar-se insuportável, triste, e seus sonhos nunca se concretizarem, já estava sentindo o seu fim se aproximar. Fim... foi aí que ele conseguiu unir seu medo junto a sua vazia vida, e do acasalamento desses dois fatores ele deu vida a algo que a muito ele próprio já tinha abortado de sua existência, ele deu a vida para aquilo que hoje e sempre é culpada da felicidade futura de certos moribundos. Mas antes de contar a salvação de nosso amigo quero lhes mostrar como ele chegou até ela. Lá estava ele vendo a morte respirar cada vez mais perto de si, vendo que teve uma existência escrava, onde apenas serviu e

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nunca pode realizar, sabendo que seu amanha não o daria nada de novo nem excitante, vendo seu ser sendo vítima de várias injustiças as quais nem ele e nem ninguém poderia fazer nada. Chamo a atenção do leitor para essa parte a qual o humano, sentiu o gosto da vingança e sentiu o prazer de imaginar seus inimigos injustos sofrendo eternamente o dobro que si, coisa a qual eu considero, tão mesquinha quanto o sentimento que impulsionava os injustos. Mas voltando a narração da decadência de nosso amigo humano... E tudo isso entre outras coisas, mas que, não vejo a necessidade de citar, o levou ao maior inimigo da raça humana, o medo, e desde então, seu coração gritava por socorro, sua cabeça se contorcia em busca de algo para se agarrar, sua indignação com um mundo que não foi capaz de realizar suas vaidades crescia e ele já não enxergava mais nada, e foi então que ela nasceu, trazendo em sua bagagem outra vida, além mundana, onde ele teria a chance de ser feliz e como irmão ela trazia agarrado a seu corpo um juiz, que castigaria todos aqueles que o meio de vida não entrava de acordo com o seu, e assim sendo capaz de negar sua própria natureza finita de ser, seu coração se acalmou e sua cabeça se agarrou com todos os seus neurônios, nessa ideia confortável. E a partir de então ele disse ser feliz, e seus sonhos de antes já não importavam mais, porque ele se fez acreditar que existia algo que o iria recompensar. E assim caminhou para o fim ou para a morte, como vocês preferirem, sem sonhos terrenos realizados, mas com ilusões espirituais concretizadas.

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MAS ENTÃO, COMO SERIA O PLANETA SE NÃO HOUVESSE NENHUM DEUS?

Caso não houvesse nenhum deus, muito provavelmente o planeta seria assolado por todo tipo de catástrofe. Como por exemplo: EPIDEMIAS GLOBAIS PESTE NEGRA História – A peste bubônica ganhou o nome de peste negra por causa da pior epidemia que atingiu a Europa, no século 14. Ela foi sendo combatida à medida que se melhorou a higiene e o saneamento das cidades, diminuindo a população de ratos urbanos. Contaminação – Causada pela bactéria Yersinia pestis, comum em roedores como o rato. É transmitida para o homem pela pulga desses animais contaminados. Sintomas – Inflamação dos gânglios linfáticos, seguida de tremedeiras, dores localizadas, apatia, vertigem e febre alta. Tratamento – À base de antibióticos. Sem tratamento, mata em 60% dos casos. 50 milhões de mortos (Europa e Ásia) - 1333 a 1351. CÓLERA História – Conhecida desde a Antigüidade, teve sua primeira epidemia global em 1817. Desde então, o vibrião colérico

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(Vibrio cholerae) sofreu diversas mutações, causando novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos. Contaminação – Por meio de água ou alimentos contaminados Sintomas – A bactéria se multiplica no intestino e elimina uma toxina que provoca diarreia intensa. Tratamento – À base de antibióticos. A vacina disponível é de baixa eficácia (50% de imunização). Centenas de milhares de mortos - 1817 a 1824. TUBERCULOSE História – Sinais da doença foram encontrados em esqueletos de 7 000 anos atrás. O combate foi acelerado em 1882, depois da identificação do bacilo de Koch, causador da tuberculose. Nas últimas décadas, ressurgiu com força nos países pobres, incluindo o Brasil, e como doença oportunista nos pacientes de Aids. Contaminação – Altamente contagiosa, transmite-se de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias. Sintomas – Ataca principalmente os pulmões. Tratamento – À base de antibióticos, o paciente é curado em até seis meses. 1 bilhão de mortos (!) - 1850 a 1950. VARÍOLA História – A doença atormentou a humanidade por mais de três mil anos. Até figurões como o faraó egípcio Ramsés II, a rainha Maria II da Inglaterra e o rei Luís XV da França tiveram a temida “bixiga”. A vacina foi descoberta em 1796.

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Contaminação – O Orthopoxvírus variolae era transmitido de pessoa para pessoa, geralmente por meio das vias respiratórias. Sintomas – Febre, seguida de erupções na garganta, na boca e no rosto. Posteriormente, pústulas que podiam deixar cicatrizes no corpo. Tratamento – Erradicada do planeta desde 1980, após campanha de vacinação em massa. 300 milhões de mortos - 1896 a 1980. GRIPE ESPANHOLA História – O vírus Influenza é um dos maiores carrascos da humanidade. A mais grave epidemia foi batizada de gripe espanhola, embora tenha feito vítimas no mundo todo. No Brasil, matou o presidente Rodrigues Alves. Contaminação – Propaga-se pelo ar, por meio de gotículas de saliva e espirros. Sintomas – Fortes dores de cabeça e no corpo, calafrios e inchaço dos pulmões. Tratamento – O vírus está em permanente mutação, por isso o homem nunca está imune. As vacinas antigripais previnem a contaminação com formas já conhecidas do vírus. 20 milhões de mortos - 1918 a 1919. TIFO História – A doença é causada pelas bactérias do gênero Rickettsia. Como a miséria apresenta as condições ideais para a

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proliferação, o tifo está ligado a países do Terceiro Mundo, campos de refugiados e concentração, ou guerras. Contaminação – O tifo exantemático (ou epidêmico) aparece quando a pessoa coça a picada da pulga e mistura as fezes contaminadas do inseto na própria corrente sangüínea. O tifo murino (ou endêmico) é transmitido pela pulga do rato Sintomas – Dor de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas hemorrágicas. Tratamento – À base de antibióticos. 3 milhões de mortos (Europa Oriental e Rússia) - 1918 a 1922. FEBRE AMARELA História – O Flavivírus, que tem uma versão urbana e outra silvestre, já causou grandes epidemias na África e nas Américas Contaminação – A vítima é picada pelo mosquito transmissor, que picou antes uma pessoa infectada com o vírus. Sintomas – Febre alta, mal-estar, cansaço, calafrios, náuseas, vômitos e diarréia. 85% dos pacientes recupera-se em três ou quatro dias. Os outros podem ter sintomas mais graves, que podem levá-los à morte. Tratamento – Existe vacina, que pode ser aplicada a partir dos 12 meses de idade e renovada a cada dez anos. 30 000 mortos (Etiópia) - 1960 a 1962. SARAMPO História – Era uma das causas principais de mortalidade infantil até a descoberta da primeira vacina, em 1963. Com o passar

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dos anos, a vacina foi aperfeiçoada, e a doença foi erradicada em vários países. Contaminação – Altamente contagioso, o sarampo é causado pelo vírus Morbillivirus, propagado por meio das secreções mucosas (como a saliva, por exemplo) de indivíduos doentes Sintomas – Pequenas erupções avermelhadas na pele, febre alta, dor de cabeça, mal-estar e inflamação das vias respiratórias. Tratamento – Existe vacina, aplicada aos nove meses de idade e reaplicada aos 15 meses. 6 milhões de mortos por ano - Até 1963. MALÁRIA História – Em 1880, foi descoberto o protozoário Plasmodium, que causa a doença. A OMS considera amalária a pior doença tropical e parasitária da atualidade, perdendo em gravidade apenas para a Aids. Contaminação – Pelo sangue, quando a vítima é picada pelo mosquito Anopheles contaminado com o protozoário da malária. Sintomas – O protozoário destrói as células do fígado e os glóbulos vermelhos e, em alguns casos, as artérias que levam o sangue até o cérebro. Tratamento – Não existe uma vacina eficiente, apenas drogas para tratar e curar os sintomas. 3 milhões de mortos por ano - Desde 1980. AIDS

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História – A doença foi identificada em 1981, nos Estados Unidos, e desde então foi considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde. Contaminação – O vírus HIV é transmitido através do sangue, do esperma, da secreção vaginal e do leite materno. Sintomas – Destrói o sistema imunológico, deixando o organismo frágil a doenças causadas por outros vírus, bactérias, parasitas e células cancerígenas. Tratamento – Não existe cura. Os soropositivos são tratados com coquetéis de drogas que inibem a multiplicação do vírus, mas não o eliminam do organismo. 22 milhões de mortos - Desde 1981. Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS) e Fundação Oswaldo Cruz. As grandes epidemias ao longo da história Especial Superinteressante – setembro de 2004

Mas lembre-se, seu deus está agindo assim para testar sua fé. Agora prepare-se, porque não acabou. Vamos ao próximo teste divino.

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GRANDES CATÁSTROFES NATURAIS Uma pequena lista de catástrofes na tabela abaixo:

http://www.infopedia.pt/$catastrofes-naturais/

Mas vamos às catástrofes separadas por tipos distintos:

ERUPÇÕES VULCÂNICAS

As maiores erupções mundiais registradas no século XX ocorreram a partir de 1970, o que demonstra a extraordinária atividade vulcânica no planeta neste final de século. Estima-se que durante a década de 80 pelo menos 450 mil pessoas tiveram de abandonar suas casas em razão de atividades vulcânicas.

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Na década de 70 houve 21 grandes erupções vulcânicas registradas. Já na década de 80 ocorreram 36 erupções desse porte. Apenas nos primeiros cinco anos da década de 90 (1990 a 1994), houve nada menos que 55 grandes erupções vulcânicas. Algumas erupções registradas no nosso século causaram espanto pela súbita entrada em atividade de vulcões "adormecidos" há décadas ou séculos, e também pela inusitada violência das explosões e consequências advindas:

Depois de mais de 175 anos de inatividade, o monte St. Helens, na região sudeste do Estado americano de Washington, entrou repentinamente em atividade na manhã do dia 18 de maio de 1980. Foi a maior erupção da história dos Estados Unidos. O estrondo foi ouvido e sentido num raio de 300 quilômetros. A força da explosão atirou a mais de 10 quilômetros de altura uma massa compacta de rocha e espalhou cinzas pela área de seis Estados americanos e três Províncias canadenses, deixando em algumas localidades uma camada de quase um metro. A erupção escureceu o céu em grande parte do Estado de Washington, tendo sido considerada equivalente à mais potente detonação nuclear já feita. Pelo menos 57 pessoas morreram, além de aproximadamente 7 mil animais de grande porte. Até então, em toda a história americana, apenas duas pessoas haviam perdido a vida em decorrência de erupções vulcânicas.

A erupção do vulcão mexicano El Chicón, em 1982, foi tão intensa, que envolveu todo o planeta numa ampla camada de ácido sulfúrico e hidroclórico.

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Em 1983, o vulcão Kilauea (Havaí) entrou em erupção, e até fins de 1997 permanecia nesta situação.

Em 1985, a erupção do Nevado del Ruiz, na Colômbia, matou pelo menos 25 mil pessoas.

A erupção do vulcão Pinatubo, nas Filipinas, ocorrida em junho de 1991 depois de mais de 600 anos de inatividade, foi considerada a segunda maior erupção vulcânica do século, acarretando a morte de aproximadamente 800 pessoas. O material lançado na atmosfera circundou o globo em três semanas e cobriu 42% do planeta dois meses depois da erupção. O inverno extremamente rigoroso da Nova Zelândia em 1992, os violentos ciclones daquele ano (como o Andrew e o Iniki), assim como as chuvas torrenciais que alagaram o meio-oeste dos Estados Unidos em 1993, foram atribuídos aos efeitos atmosféricos ocasionados pelo Pinatubo. Em julho de 1995, chuvas torrenciais transformaram em rios de lama as cinzas e as rochas depositadas na encosta do vulcão durante a erupção de 1991; cerca de 7.800 pessoas tiveram de fugir da lama, que invadiu várias localidades com uma altura de até três metros e cobriu pelo menos 266 casas.

Também em julho de 1995, um vulcão das montanhas Soufrière, na ilha de Montserrat, acordou violentamente depois de 400 anos sem dar sinal de vida. Cerca de 6 mil pessoas tiveram de abandonar suas casas. Desde aquela época o vulcão permanece em atividade.

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Em outubro de 1996, um vulcão inativo há 70 anos na Rússia entrou em atividade, ao mesmo tempo em que na Islândia um vulcão entrou em erupção sob uma capa de gelo de cerca de mil metros de espessura, provocando uma enchente de água e enxofre e formando uma espessa nuvem escura sobre o país.

Em 1997, o vulcão Popocatépetl, no México, teve a maior erupção dos últimos 72 anos, lançando fumaça e cinzas a 13 quilômetros de altura.

Em fins de 1997, geólogos descobriram que um vulcão próximo de Roma, extinto há dois mil anos, estava despertando. Uma enorme bolha de magma formara-se a 5km da superfície. De acordo com uma matéria publicada no jornal Sunday Times, estava-se observando nos últimos anos um recrudescimento da atividade vulcânica em toda a Europa...

Em 31 de julho, o vulcão Nevado del Ruiz, na Colômbia, voltou inesperadamente à atividade. Os comitês de emergência declararam alerta ante o aumento dos fenômenos registrados no vulcão, que se situavam entre sete e dez movimentos por hora.

Em 15 de agosto, os especialistas detectaram uma "inusitada e repentina atividade" do vulcão Cerro Negro, na Nicarágua, e avisaram a população para se manter afastada das proximidades. Em fins de novembro o vulcão entrou em erupção, provocando a retirada de 3.500 pessoas das localidades próximas. Os fluxos de lava podiam ser vistos a quase dois

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quilômetros de distância, e sobre o vulcão subiu uma nuvem branca e cinza de mais de 4 mil metros de altura.

Em 27 de setembro, o vulcão Ruapehu, na Nova Zelândia, entrou em erupção. Durante quatro dias rochas incandescentes, lava e vapor d'água foram arremessados a até 3 mil metros de altura. A erupção foi a mais forte dos últimos 50 anos e provocou a suspensão dos voos, interdição de estradas e corrida aos supermercados2.

Em 10 de dezembro, mais de 200 pessoas tiveram de se refugiar em albergues, em razão do aumento das erupções de gás, cinzas e pedras do vulcão Rincón de La Vieja, na Costa Rica.

GRANDES INUNDAÇÕES

Em agosto de 1950, 489 pessoas morreram afogadas e 10 milhões ficaram desabrigadas em decorrência do transbordamento dos rios Hwai e Yang Tse, na China; cerca de 890 mil habitações foram destruídas e mais de dois milhões de hectares de terras cultivadas ficaram alagados.

Em setembro de 1978, 1.300 pessoas morreram afogadas em Bengala em consequências de inundações, e 15 milhões, do total de 40 milhões de habitantes do país, ficaram desabrigados.

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As enchentes que se abateram sobre a China em julho de 1994 atingiram 13 de suas 30 províncias, afetando de uma maneira ou de outra 134 milhões de pessoas, muitas das quais ainda não se haviam recuperado das enchentes de 1991. Cerca de 83 mil chineses perderam tudo que possuíam.

Em 1995 as inundações voltaram a castigar a China, desta vez com ímpeto redobrado. De 15 de maio a 30 de junho o país experimentou as seis maiores tempestades já registradas em seu território, as quais afetaram 22 de suas províncias. A precipitação média no período foi de 700 mm, com um nível recorde de 1.720 mm. Numa determinada região choveu 340 mm em quatro horas... As inundações em uma das províncias foram as piores desde 1888. Nas oito províncias mais afetadas morreram 1.450 pessoas, cerca de dois milhões de casas foram destruídas, outras 6,5 milhões sofreram danos e 7,5 milhões de hectares de terras agrícolas foram destruídos. Em julho havia duas mil aldeias submersas.

Ainda em 1995, na Coréia do Norte, as chuvas torrenciais que caíram entre os meses de julho e setembro – as mais intensa em décadas – transformaram as terras aráveis do país em campos de lama e detritos, destruíram 19 mil casas, 4 mil pontes e mataram meio milhão de animais, dando início a um período de fome que iria matar centenas de milhares de coreanos nos anos seguintes (uma estimativa de 1998 falava em dois milhões de mortos).

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Em 1996, segundo dados oficiais, as inundações chinesas mataram 3.048 pessoas e feriram 363.800, repetindo-se as cenas de destruição dos anos anteriores, porém em escala aumentada. Em 2 de julho, o rio Yang-Tse estava 33,18 metros acima do nível normal, correspondendo a 4,68 metros acima do "nível de perigo". Centenas de vilas e cidades ficaram submersas. Só na província de Hunan registrou-se 12 mil pontes derrubadas, 8 mil km de linhas de transmissão e 5 mil km de linhas telefônicas destruídas, 130 mil hectares de terra cultivada submersos e cerca de 1,5 milhão de casas arrasadas. Segundo o Word Disaters Report, a duração das chuvas, a área inundada e a magnitude dos danos fizeram de 1996 o pior ano de inundações em toda a história da China. O ano trouxe ainda as piores enchentes em Sumatra desde 1950, na África do Sul desde 1938, no noroeste dos Estados Unidos desde 1930, na Romênia desde 1925 e em Jacarta desde 1920.

Em fevereiro de 1997, dois povoados do Peru desapareceram sob uma capa de lodo, em consequência de um gigantesco deslizamento de terra provocado por chuvas torrenciais, sepultando de uma só vez aproximadamente 300 pessoas. Naquele mês, Portugal e Espanha experimentaram as chuvas mais fortes já registradas em todos os tempos, enquanto que o Vietnã era atingido pela pior tempestade desde 1904. Em julho, o sul da Polônia ficou submerso; especialistas da Universidade de Wroclaw afirmaram que desde a Idade Média não ocorriam inundações daquele tipo no

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país. Em agosto, no Paquistão, 140 pessoas morreram na pior inundação dos últimos cem anos. No final do ano, a Somália contabilizava perto de duas mil mortes e 800 mil desabrigados, em decorrência de inundações sem precedentes no país. O ano de 1997 foi também o mais chuvoso em Hong Kong desde 1884.

A seguir, reproduzimos alguns trechos de notícias não muito espaçadas no tempo, que também atestam este fato:

"Itália: ainda há regiões isoladas pela pior tempestade do país desde 1913 e total de mortes pode passar de cem." (Folha de S. Paulo - 8.11.94)

"Na Alemanha, o rio Reno começou a baixar. Ele atingiu 11 metros, nível mais alto desde 1926, inundando Colônia. (…) A Holanda espera que os diques dos rios Waal e Meuse resistam à ascensão das águas, que ameaçam provocar a pior enchente no país em quatro décadas." (Folha de S. Paulo - 2.2.95) Ainda na mesma época (fevereiro de 1995), extensas regiões dos Estados Unidos foram inundadas, também numa das "piores enchentes do século". (Obs.: A inundação que atingiu a Alemanha se estendeu também para a Inglaterra e a França. A Holanda, que teve 250 mil desabrigados, ficou na iminência de ser tragada pelas águas.

A lista de recordes continuou ao longo de 1995:

Noruega debaixo d'água: maior enchente dos últimos 125 anos." (Jornal Nacional - 5.6.95)

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"Especialistas disseram que a enchente [na China] pode se tornar a maior do século no país." (Folha de S. Paulo - 8.7.95)

"Piores inundações dos últimos cinco anos [na Coréia do Sul]." (O Estado de S. Paulo - 27.8.95)

"(…) Os barcos viraram o principal meio de transporte depois da enchente. A tempestade que caiu na cidade [Port St. Lucie - EUA] foi considerada a mais violenta de que se tem notícia." (O Estado de S. Paulo - 20.10.95)

"Acumulado de chuva do mês de outubro bate recorde de 55 anos [em Santos]." (O Estado de S. Paulo - 31.10.95)

"As chuvas estão entre as piores do país, segundo meteorologistas do Cairo." (Folha de S. Paulo - 3.11.95)

"A tempestade é a mais violenta dos últimos 55 anos [na Turquia]." (O Estado de S. Paulo - 6.11.95)

Em 1996 os recordes continuaram a ser batidos:

"O Estado mais atingido foi a Pensilvânia [nos Estados Unidos], onde 150 mil pessoas tiveram de deixar suas casas por causa da enchente." (Folha de São Paulo 22.1.96)

"(…) Foi a pior enchente no Oregon [nos Estados Unidos] nos últimos 32 anos." (Folha de São Paulo - 9.2.96)

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"O maior temporal registrado no Estado [Rio de Janeiro] nos últimos 25 anos já provocou 66 mortes." (O Estado de S. Paulo - 16.2.96)

"As chuvas da semana passada no Rio foram as piores dos últimos 70 anos." (Veja - 21.2.96)

"Em menos de quatro horas, chuvas torrenciais transformaram a cidade de Versilia [na Itália], num amontoado de lodo que arrastou pelo menos 27 pessoas e até ontem causou a morte de 11. (…) A população não foi advertida sobre o dilúvio que estava prestes a cair: 475 litros por metro quadrado." (O Estado de S. Paulo - 21.6.96)

"Há 2 milhões de desabrigados, 810 mil casas ruíram e 2,8 milhões sofreram danos [na China]" (O Estado de S. Paulo - 20.7.96)

"Chuvas torrenciais continuam atingindo vários países da Ásia e causando milhares de mortes. (…) Sobem para 1.600 as vítimas das chuvas este mês, no centro e no sul do país [na China]" (O Estado de S. Paulo - 29.7.96)

"As enchentes atingiram 890 mil pessoas em 974 localidades [na China]. (…) Segundo as autoridades da região de Longyan, é a pior enchente dos últimos 500 anos." (Folha de São Paulo - 12.8.96)

"Inundação mata 200 e deixa pelo menos 70 mil desabrigados [na China]." (Folha de São Paulo - 22.10.96)

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"Rios transbordaram, estradas ficaram intransitáveis e os campos alagados [na Espanha]. (…) As inundações forçaram 2.200 moradores a deixar suas casas." (O Estado de S. Paulo - 23 e 25.12.96)

"Tempestade mata 162 na Malásia. (…) Foi um dos piores desastres naturais que já atingiram a região." (Folha de São Paulo - 27 e 30.12.96)

Obs.: Ao final do ano de 1996 haviam sido registradas 84 inundações de vulto em todo o mundo, que acarretaram danos significativos e/ou mortes.

O ano de 1997 seguiu na mesma linha:

"As inundações que mantêm há mais de uma semana vastas regiões dos Estados Unidos debaixo d’água atingiram ontem o norte da Califórnia. O Estado havia conseguido escapar quase sem dano das chuvas e do frio, considerados os piores dos últimos 40 anos." (O Estado de S. Paulo - 3.1.97)

"A cheia, segundo o prefeito de Iporanga [São Paulo] é a maior do século, superando a de 1937. (…) Em Ribeira, o nível do rio subiu 14 metros e arrasou a cidade." (O Estado de S. Paulo - 24.1.97)

"O rio Vermelho, que banha os Estados Unidos e Canadá, provoca a pior enchente dos últimos 145 anos" (O Estado de S. Paulo - 2.5.97)

"O oeste do Pará [Brasil] registra a maior enchente em 30 anos. (...) O rio Amazonas já subiu 8,2m, superando

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todos os registros das últimas décadas." (O Estado de S. Paulo - 8.5.97)

"Em Santiago [Chile], as chuvas de ontem superaram o volume pluviométrico de um ano inteiro." (Folha de São Paulo - 23.6.97)

"Após a pior seca do século, no ano passado, o Chile está sofrendo uma das maiores tempestades de chuva e neve dos últimos cem anos. (...) A maior parte do território chileno foi declarada zona de catástrofe. Está chovendo onde quase nunca chove, como no deserto de Atacama, no norte do país." (O Estado de S. Paulo - 25.6.97)

"Na Alemanha, perto da fronteira da Polônia, o rio Oder atingiu seu nível mais alto em 50 anos." (Folha de S. Paulo - 21.7.97)

"Situação é crítica na Polônia, República Tcheca, Alemanha e Áustria, afetando 1.107 povoações. (...) Pelo menos 97 pessoas morreram, 2.500 estão feridas e mais de 10 mil perderam suas casas." (O Estado de S. Paulo - 21.7.97)

"O governador de Brandemburg, Manfred Stolpe, classificou a enchente como um 'desastre de proporções sem precedentes'." (O Estado de S. Paulo - 24 e 26.7.97)

"O rio Oder rompeu dois grandes diques (de mais de 250 anos) que continham suas águas, inundando duas

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vilas. (...) Segundo Stolpe, as enchentes são as piores dos últimos mil anos. " (Folha de São Paulo - 26.7.97)

"As piores inundações em décadas em Myanmar mataram pelo menos 13 pessoas e afetaram mais de 360 mil." (CNN - 4.10.97)

"Violentas tempestades na Península Ibérica provocaram a morte de pelo menos 32 pessoas ontem. (...) A água chegou a 3 metros de altura na povoação espanhola de Valverde." (O Estado de S. Paulo - 7.11.97)

"Até a tarde de ontem, 126 prefeituras [Rio Grande do Sul - Brasil] haviam decretado situação de emergência por causa de cheias, temporais ou granizo. (O Estado de S. Paulo - 4.11.97)

"Os maiores alagamentos dos últimos 40 anos atingiram partes da Etiópia, Quênia e Somália." (Folha de São Paulo - 5.11.97)

"Desabrigados na África chegam a 800 mil. (...) Número de mortos aproxima-se de 2 mil." (O Estado de S. Paulo - 11 e 19.11.97)

"No ano passado, Veneza também passou as festas de Natal atingida por graves inundações, pela segunda vez neste século, em consequência de chuvas torrenciais e das marés altas." (O Estado de S. Paulo - 22.12.97)

Se o leitor observar as notícias sobre inundações veiculadas pelos jornais, verificará que muitos outros "recordes" continuam a ser batidos continuamente. No início de 1998

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algumas regiões do Canadá foram atingidas por grandes inundações. No mês de abril, havia na Argentina 5 milhões de hectares de terras sob as águas, consequência do que o presidente Menen chamou "das piores chuvas da história"; pelo menos 4 pessoas morreram, 4 mil foram obrigadas a se retirar das áreas atingidas e 50 mil ficaram isoladas; um economista previu que os prejuízos chegariam a 25% do PIB do país.

GRANDES TERREMOTOS

Observa-se que com exceção da década de 50, todas as outras décadas do século XX tiveram maior número de grandes terremotos quando comparadas às atividades sísmicas no planeta de cem anos atrás.

Mesmo fazendo-se uso de outros critérios ou fontes, o aumento do número de terremotos em todo o mundo é um fato inquestionável. Uma pesquisadora americana, Sarah Davies, formulou as seguintes perguntas a um grupo de especialistas da área, através da Internet: "Está havendo um aumento na incidência de terremotos em todo o mundo neste século? Caso existam registros antigos, esse aumento tem-se verificado ao longo dos últimos 200 anos?"

Quem respondeu à questão de Sarah foi o vulcanologista Steve Mattox, da Universidade de North Dakota. Ele disse que seria melhor fazer uma análise da incidência apenas dos maiores terremotos já ocorridos, a fim de reduzir a dependência de observadores e do instrumental de medição. Segundo ele, na

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primeira metade do nosso século houve 15 terremotos desse tipo [de intensidade extrema], e na segunda metade haviam ocorrido até então 20 desses terremotos. Já em todo o século passado registraram-se apenas 7 terremotos extremos. O Dr. Steve conclui: "Baseando-se nessa rápida análise de uma única fonte de informação, parece que a freqüência de terremotos está aumentando. A grande questão é o porquê disso".

Além da freqüência aumentada, verifica-se também um crescimento da intensidade dos terremotos, alguns deles tornando-se até momentaneamente famosos em razão da destruição e do número de mortes, como os da Guatemala (um milhão de desabrigados) e da China (750 mil mortos) em 1976, o do México em 1985 e o do Japão em 1995. Infelizmente, também essas grandes catástrofes acabam sendo esquecidas após um tempo maior ou menor, transformando-se em meras curiosidades históricas.

Em 31 de maio de 1970, por exemplo, houve uma catástrofe no Peru sem paralelo na história humana até o presente (abril de 1998), com a possível exceção talvez da destruição da cidade de Pompéia, no ano 79 d.C., soterrada pela erupção do Vesúvio.

Naquele dia, um sismo violentíssimo numa região costeira do país — que segundo estimativas teria atingido 9 graus na escala Richter (ou próximo disso) — aliado à ação de um fenômeno pouco conhecido na época, o efeito estufa, fez desabar o pico norte do nevado de Huascaran, na cordilheira dos Andes, situado a 14,5 km de um importante centro econômico: a cidade de Yungay.

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Em menos de três minutos Yungay foi soterrada por uma massa de gelo e entulho deslocando-se à velocidade de 330 km/h. Estima-se que pelo menos 30 mil pessoas morreram soterradas por uma camada de 27 milhões de metros cúbicos de entulho, com espessura variando de quatro a dez metros. A repercussão desse extraordinário acontecimento foi, porém, muito pequena; primeiro porque aconteceu num país do 3º mundo, mas principalmente porque naquele dia estava sendo aberta a copa mundial de futebol…

Na América Latina houve três grandes terremotos nos vinte anos compreendidos entre 1926 a 1945. Nos vinte anos seguintes, de 1946 a 1965, houve quatro grandes terremotos. Já nos vinte anos que vão de 1966 a 1985 houve um total de 12 grandes terremotos.

Nos Estados Unidos e no Canadá ocorreram 15 grandes terremotos no período de trinta anos compreendido entre 1911 e 1940; nos trinta anos seguintes, de 1941 a 1970, houve 18 grandes terremotos. Apenas na década de 70 já haviam ocorrido 10 grandes terremotos na região. Na Califórnia ocorreram, em todo o século passado, 29 grandes terremotos; no século XX, até 1984, já haviam ocorrido 39 grandes terremotos. Em todo o século passado a capital dos Estados Unidos sentiu seis tremores; no século XX, até 1983, Washington já havia experimentado 19 terremotos.

Esses números são apenas uma amostragem do que vem ocorrendo no mundo todo, e demonstram de maneira inequívoca que a humanidade, agora, não tem mais "o solo firme sob os pés".

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[...]

Os trechos selecionados de algumas notícias sobre terremotos e transcritos abaixo — dentre inúmeras outras veiculadas num período aproximado de três anos — mostram a total vulnerabilidade do ser humano frente a esse acontecimento da natureza. A magnitude dos fenômenos e a perplexidade de sobreviventes e repórteres, evidenciada em seus comentários, é um reconhecimento forçado da incapacidade humana de dominar [...] as forças da natureza. [...]

Atualmente esse correto sentimento de incapacidade já está se difundindo na chamada "ciência de previsão de terremotos". Muitos sismólogos americanos admitem que as tentativas de encontrar uma maneira de avisar as pessoas com minutos ou horas antes da ocorrência de um terremoto, resultaram inúteis. O sismólogo Thomas Heanton, da Califórnia, afirmou que "a sensação de otimismo inicial transformou-se em pessimismo". Numa entrevista sobre o assunto, Heanton desabafou: "Se terremotos não podem ser previstos, como se deveria gastar os 100 milhões de dólares reservados nos Estados Unidos para a pesquisa de previsão dos terremotos? (…) Nós nunca seremos capazes de prever em detalhes quando um terremoto se tornará grande."

[...]

"Tremor se propagou da Argentina ao Canadá. (…) Especialistas do Centro de Pesquisa Geológica de Minessota disseram que o fenômeno foi ‘extremamente raro'."

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"O terremoto de ontem foi sentido em todo o território japonês, em diferentes graus de intensidade. (…) Foi um dos mais fortes dos últimos 26 anos."

"Terremoto seguido de maremoto mata 45 e fere 135 nas Filipinas. (…) Mais de 600 tremores secundários foram registrados. (…) ‘O Terremoto foi acompanhado de um rugido. Depois vieram as ondas, de 10 a 15 metros’, disse o governador Rod Valencia. (…) ‘Acordamos com um barulho ensurdecedor; quando tentamos sair, as ondas enormes se precipitaram sobre nós’, disse uma senhora que perdeu quatro filhos."

"Tremor no Japão é o pior em 47 anos. (…) ‘Pior do que a Segunda Guerra’, diz sobrevivente. (…) Há um ano, quando um terremoto de magnitude semelhante atingiu a região de Los Angeles, marcando o mundo com imagens de vias expressas desabadas, os engenheiros japoneses se gabaram, dizendo que a mesma coisa não aconteceria por aqui. Os prédios japoneses eram melhor projetados e construídos, segundo eles. Mas ontem eles reavaliaram suas posições." [relato de um correspondente internacional sobre o terremoto de Kobe, Japão]

"Terremoto no Japão faz milhares de vítimas. (…) Fim do mundo. Essa foi a impressão da maioria das pessoas que residem nas áreas afetadas pelo terremoto."

"O terremoto, o pior dos últimos setenta anos no Japão, derrubou casas e edifícios e transformou quarteirões

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inteiros em gigantescas fogueiras, cujas labaredas ainda crepitavam depois de três dias."

"O vice-premiê russo Oleg Soskovets disse que o terremoto pode ter sido ‘o pior de toda a história da Rússia’."

"Dois tremores de terra atingiram Roma na noite de ontem. (…) Tremores são raros na capital italiana."

"Foi o sismo mais forte da década no México. (…) Milhões de pessoas saíram às ruas."

"(…) Quatro mil casas foram destruídas e mais de mil tiveram suas estruturas comprometidas. (…) ‘Nossa cidade sumiu’, disse um morador de Dinar [na Turquia]."

"O sismo que devastou a cidade de Sungai Penuh [na Indonésia] é o mais forte a atingir o país desde o começo do século."

"Cerca de 400 tremores de terra foram registrados na Mongólia nos últimos dois dias."

"Como foi a primeira vez que Taiobeiras [cidade de Minas Gerais - Brasil] registrou o fenômeno, muita gente pensou tratar-se do fim do mundo."

"Uma série de pequenos tremores está deixando amedrontados os moradores da pequena cidade de Cajuru [Estado de São Paulo]."

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"Pelo menos 304 pessoas morreram e 14 mil ficaram feridas no mais violento terremoto dos últimos oito anos na China. (…) Há mais de 186 mil casas destruídas e pelo menos 300 mil desabrigados."

"O maremoto [na costa do Peru] ocorreu depois de um terremoto de 6,7 graus na escala Richter no Oceano Pacífico. Outro terremoto, na região central do Chile, causou pânico ontem na capital, Santiago."

"Ter uma sucessão de três terremotos sérios numa determinada área em cerca de seis meses é um fenômeno bastante incomum nos últimos anos, disse Li Xuanhu, um dos diretores do Centro de Sismologia da China."

"O tremor foi seguido por mais de 300 réplicas de menor intensidade, que se estenderam até a manhã de ontem [no Equador]."

"O tremor de sábado foi o pior na região de Lijiang [na China] desde 1474."

"Equipes de resgate acreditam que o número de mortos pode chegar a três mil [no Irã]. (...) A movimentação sísmica dos últimos três dias segue-se a uma intensa atividade registrada em sequencia na Armênia, China, Paquistão e Japão.

"Duzentas aldeias foram destruídas, sete foram literalmente engolidas pela terra [no Irã]. (...) Mais de 4 mil pessoas morreram . (...) 'O tremor foi tão forte que

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várias vezes tentei sair de casa, mas fui empurrada para as paredes', contou a dona de casa Fatemeh Rafie. 'O solo formava ondas de quase meio metro; parecia que eu estava no mar'."

"Uma série de terremotos atingiu ontem várias partes do mundo [Índia, Espanha, México, El Salvador]."

"O terremoto que atingiu o litoral nordeste da Venezuela foi tão forte que a terra tremeu em Manaus, a 1.500 quilômetros de distância. (...) Foi o pior tremor na Venezuela em três décadas."

" 'Parece que houve um bombardeio sobre a basílica', comentou Antônio Paolucci, ex-ministro da Cultura e encarregado, junto com especialistas, de avaliar os danos à preciosa igreja de São Francisco de Assis. (...) De acordo com restauradores, o verdadeiro desastre está nos danos a centenas de igrejas romanas e pré-romanas de Marche e Úmbria." [ Obs.: Este terremoto ocorreu setembro de 1997. Em março de 1998 um novo tremor atingiu o centro da Itália, fazendo balançar novamente a igreja de Assis e causando danos no mosteiro de Santa Clara. O supervisor das obras de restauração da igreja exclamou: "Nós estávamos trabalhando no interior da igreja, quando tudo começou a tremer de novo. Entramos em pânico e saímos correndo para a rua."]

"O primeiro abalo foi seguido por mais de cem réplicas [na Indonésia]."

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"Quase no mesmo horário do terremoto do Chile, dois tremores de intensidade mediana foram sentidos no centro da Argentina; também foram registrados tremores perto das ilhas Fiji e na Grécia. Anteontem um sismo de 4,9 graus havia atingido a região central da Itália."

"Tremor assusta população de Mato Grosso. O sismo, de 5 graus na escala Richter, foi o segundo maior já registrado no Brasil. O primeiro aconteceu na mesma região, em janeiro de 1995, e chegou a 5,6 graus.

"Pelo menos 4.400 corpos foram recuperados dos escombros deixados após o terremoto ocorrido terça-feira no Afeganistão. O porta-voz da aliança militar que controla a área disse que as colinas caíram umas sobre as outras, formando uma cratera gigante. Mais de 20 povoados foram destruídos."

CICLONES Os ciclones são movimentos circulares de ar fortes e rápidos. Recebem o nome de furacões ou tufões dependendo do lugar em que se formam, respectivamente nos oceanos Atlântico ou Pacífico. Já os fenômenos denominados de tornados, são movimentos de ar localizados, mas muito destruidores. Observa-se que apesar de haver uma oscilação cíclica ao longo dos anos e de um ligeiro decréscimo na ocorrência dos tornados considerados fortes, a tendência é de um crescimento contínuo da somatória de todos os tipos de tornados (Obs.: Nos

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dias 3 e 4 de abril de 1974 os Estados Unidos foram assolados por 148 tornados).

Aliás, em relação aos tornados fortes e violentos, qualquer temporada "atípica" já pode fazer crescer sua incidência. Em fins de fevereiro de 1998, por exemplo, uma série de 12 tornados atingiu a Flórida com ventos de 400 quilômetros por hora, matando pelo menos 38 pessoas, ferindo 250 e reduzindo bairros inteiros a montanhas de madeira, metal retorcido e vidro quebrado. Esta série de tornados matou mais pessoas que o furacão Andrew, um dos mais destruidores do século, que deixou um saldo de 32 mortes nos EUA em 1992. Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia, o número de vítimas foi o maior desde que as informações começaram a ser coletadas, há 50 anos... Em abril de 1998, uma nova série de tornados devastou os Estados do Alabama, Geórgia e Mississipi, causando 42 mortes e deixando pelo menos 104 feridos. Num único condado do Alabama, 500 casas foram destruídas e outras 400 sofreram danos graves; o governador do Estado disse ter sido a pior tormenta que ele já havia visto.

Os ciclones são classificados em 5 categorias, de acordo com a força dos ventos. Na categoria 1 — intensidade mínima, os ventos estão entre 118 km/h e 152 km/h (na prática, até 130 km/h o fenômeno é chamado de tempestade tropical, e a partir daí de furacão). Na categoria 2 — intensidade moderada, os ventos variam de 153 km/h a 176 km/h. Na categoria 3 — intensidade forte, os ventos ficam entre 177 km/h e 208 km/h. Na categoria 4 — intensidade extrema, os ventos situam-se

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entre 209 km/h e 248 km/h. Na categoria 5 — intensidade catastrófica, os ventos passam de 249 km/h.

De acordo com o cientista e ambientalista Dr. Joe Strykowski, os furacões são as formações atmosféricas mais poderosas da natureza. Segundo ele, um furacão de média intensidade produz energia equivalente ao consumo de eletricidade dos Estados Unidos durante seis meses. As chuvas provocadas pelo fenômeno também são descomunais. Já se registrou uma precipitação de 2.400 mm num período de quatro dias durante a passagem de um furacão pela Jamaica. Para se ter uma ideia do que esta marca significa, basta imaginar que uma piscina vazia, de qualquer tamanho, e com 2,4 m de profundidade teria sido enchida até a boca em quatro dias de chuva...

O tipo mais fraco de furacão, a chamada tempestade tropical, já é suficientemente forte para causar graves danos, às vezes até maiores do que os provocados pelos furacões mais intensos. A tempestade que atingiu as Filipinas em agosto de 1995 matou 100 pessoas e deixou cerca de 60 mil desabrigados. Em outubro daquele ano uma nova tempestade tropical atingiu o país, matando 63 pessoas e deixando outras dezenas de milhares desabrigadas. No Texas, uma tempestade tropical com ventos de 110 km/h trouxe junto pedras de granizo do tamanho de bolas de tênis...

Assim como acontece com outros fenômenos da natureza, a frequência e intensidade dos ciclones também estão aumentando em todo o mundo. O Word Almanac faz menção a apenas um grande furacão no século passado, que matou cerca de 400 pessoas nos EUA entre os dias 11 e 14 de março de

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1888. A mesma fonte informa que no século XX houve, até setembro de 1996, 89 grandes furacões e tufões, alguns deles com consequências catastróficas: os furacões David e Frederick que devastaram a República Dominicana em 1979 mataram 2 mil pessoas e deixaram 100 mil famílias desabrigadas. O tufão que atingiu as Filipinas em setembro de 1984 matou 1.363 pessoas, feriu 300 e desabrigou 1,12 milhões. O tufão que assolou Bangladesh em 12 de novembro de 1970, com ventos de 240 km/h, matou entre 300 e 500 mil pessoas e gerou uma onda de 15 m de altura que atingiu a costa do Paquistão Oriental, o delta do Ganges e seis ilhas da região; e o que castigou o país em 26 de abril de 1989 deixou cerca de 1.300 mortos e 50 mil desabrigados.

O aumento do número de ciclones pode ser acompanhado também em várias regiões dos Estados Unidos, país bastante suscetível ao fenômeno. Os dados a seguir foram extraídos do relatório "Atlantic Hurricanes" de Gordon Dunn, publicado em 1960. Mesmo já defasados de várias décadas, os dados indicam muito claramente a tendência de um crescimento contínuo do número de ciclones:

1. Região de Nova Inglaterra Em todo o século passado foram registrados 15 ciclones na região; com apenas um deles considerado como de extrema intensidade. Nas primeiras décadas do nosso século registrou-se 14 ciclones, dos quais cinco foram de extrema intensidade.

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2. Estados da costa Leste Em todo o século passado: 16 ciclones. No século XX, até 1955: 17 ciclones.

3. Flórida Em todo o século passado: 73 ciclones, nenhum extremo registrado e 14 ciclones sem registro de intensidade. No século XX, até 1958: 81 ciclones, com 7 de extrema intensidade.

4. Louisiana, Mississipi e Alabama Em todo o século passado: 34 ciclones. No século XX, até 1957: 51 ciclones.

5. Texas Em todo o século passado: 45 ciclones. No século XX, até 1958: 48 ciclones.

No próprio século XX, a intensificação crescente do fenômeno é patente. A tabela a seguir mostra o número de grandes furacões e tufões ocorridos na primeira e segunda metades do nosso século (até 1996):

GRANDES FURACÕES E TUFÕES NO MUNDO

Período N.º de furacões e tufões N.º de mortes

1900 a 1949

12 61.874

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1950 a 1996

77 1.069.797

Obs. Um único ciclone que atingiu Bangladesh em 30 de abril de 1990 causou a morte de 139 mil pessoas.

O pesquisador Christopher W. Landsea fez uma lista com os dez furacões mais destruidores do século. Segundo ele, apenas um ocorreu na primeira metade do século, em 1938, causando prejuízos da ordem de US$ 3,6 bilhões. Os outros nove ocorreram a partir de 1954, acarretando um custo global de US$ 66,4 bilhões. O último deles (até agora) foi o Andrew, que sozinho foi responsável por danos estimados em US$ 25 bilhões.

Transcrevo a seguir as palavras do Dr. Strykowski sobre o aumento da frequência dos furacões: "Eis o que sabemos com certeza: os furacões estão ocorrendo em intensidade e frequência maiores. Os dados das companhias de seguro indicam que ocorreram 29 tempestades catastróficas na década de 90 [até 1997]. É mais que o dobro do registrado na década de 70, que foi de 14. E o ano de 1995 produziu mais furacões que toda a década de 60."

O ano de 1995, de fato, assombrou o mundo pela quantidade de furacões, tufões e tempestades tropicais. Foi o maior acúmulo de ciclones desde 1933. No período de maio a dezembro de 1995, os jornais noticiaram a ocorrência de 8 tufões, 11 furacões, 19 tempestades tropicais e 4 tornados de forte intensidade, que mataram cerca de 1.200 pessoas, deixando um saldo de centenas de desaparecidos e mais de um

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milhão de desabrigados. Uma imagem de satélite de agosto de 1995 mostrava uma imagem inédita: uma fila de 3 tempestades tropicais e 2 furacões atravessando o Atlântico da África para o Caribe. É notório o contraste com o número de ciclones ocorridos na primeira metade do século, que registrava uma média de 2 a 3 por década.

Os trechos transcritos abaixo foram extraídos de vários jornais apenas no período de maio a dezembro de 1995. Observe-se a quantidade de informações sobre a inusitada e inesperada violência dos fenômenos:

"Foram registrados ontem mais de 70 tornados que atingiram todo o sudeste do país [Estados Unidos]."

"Um poderoso tufão atingiu ontem a Coréia do Sul (…) Um ônibus foi arrastado ao mar por ondas de até seis metros."

"O tufão Helen deixou destruídas 40 mil casas e 70 mil hectares de terras cultivadas [na China]."

"Segundo o Serviço Nacional de Meteorologia, o furacão Félix surpreendeu pela força e tamanho, já que os efeitos foram sentidos por toda a costa leste [dos Estados Unidos]."

"(…) Danos à agricultura e prejuízos incalculáveis com a destruição de pontes, portos, avenidas e moradias é o saldo do temporal que atinge o Chile há cinco dias. (…) A situação da agricultura tem sido classificada de

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‘catastrófica’ devido à morte de 170 mil cabeças de gado."

"O tufão Kent foi considerado o pior tufão do ano [na China]."

"O furacão Luís é considerado o pior a atingir as Antilhas em 40 anos. Metade das casas de Antígua foram destruídas."

"(…) ‘A ilha está devastada’, afirmou um morador de Porto Rico [em consequência da passagem do furacão Marilyn]."

"[Oscar] foi o mais violento tufão que já atingiu a região de Tóquio desde a Segunda Guerra Mundial. (…) [Além de várias outras vítimas], um homem e seu filho morreram depois que ondas de dez metros de altura os arrastaram para o mar."

"Não me lembro de ter visto um tufão parecer tão ameaçador quanto este [tufão Ryan] desde a passagem do Wayne, em 1986, disse um oficial do serviço de meteorologia [de Taiwan]."

"O Opal foi o segundo furacão a causar mais prejuízo na história dos EUA (…) Foi o furacão mais forte a atingir a região norte do Golfo do México desde agosto de 1969 (…) [No Estado de Tabasco], choveu em três dias mais do que em todo o ano de 1994."

"O Roxanne é o segundo furacão a atingir a região [México] em menos de dez dias [depois do Opal]."

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"O total de mortos do pior tufão [Ângelo] que já atingiu as Filipinas nos últimos dez anos pode chegar a 700 (…) ‘Nunca havíamos visto um tufão como este’, disse Raul Lee, governador da Província de Sorsagon."

"A tormenta causou danos em 189.600 residências, destruiu 107 mil acres de terrenos com hortaliças, derrubou 44 mil árvores e mais de 40 km de cabos elétricos [na China]."

"O tornado rompeu presilhas de aço de uma polegada de espessura. Ele levantou e retorceu a estrutura do telhado [do ginásio], também de aço, de 200 metros de extensão e 200 toneladas [no Brasil - Universidade de Campinas]."

A intensidade dos ciclones em 1997 pode ser avaliada pelas seguintes notas de jornais:

"Um ciclone matou ontem mais de 350 pessoas em Bangladesh e afetou a vida de quase 2,5 milhões, segundo o governo. (...) A ilha de Saint Martin está sob dois metros de água."

"Segundo o ministro do Interior [do Paraguai], Atilio Fernández, o furacão foi o pior dos últimos 20 anos."

"A passagem de seis tornados consecutivos provocou a morte de 33 pessoas no Texas. (...) Foram os mais devastadores desde os que atingiram Waco em 1953 e Goliand em 1902. (...). 'O fenômeno parecia um aspirador gigante, que sugou tudo por onde passou',

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comparou Max Johnson, voluntário que está ajudando a recuperar os corpos."

" 'Foi a coisa mais incrível que já vi. No acostamento da BR-277, todas as árvores tinham sido arrancadas' [no Estado do Paraná - Brasil], conta o capitão Loemir Mattos, comandante da Defesa Civil da Região. (...) 'A cidade de Nova Laranjeiras desapareceu do mapa, acabou, é o cenário do filme Twister', disse o repórter Alduir Couto. 'Há postes jogados sobre o que restou de algumas casas'. "

"Cerca de 400 pessoas morreram e outras 20 mil ficaram desabrigadas devido à passagem do furacão Pauline [no México]. (...) O Pauline está sendo considerado o furacão mais destrutivo a atingir o México desde o Gilbert, que devastou o norte do país em 1998. (...) Nas ruas de Acapulco a água chegou a 1,5 m de altura. (...) Muitas pessoas passaram a noite dormindo nas ruas, molhadas e cheias de lama, depois de terem perdido suas casas para o furacão." [Obs.: O Gilbert matou cerca de 350 pessoas e deixou 750 mil desabrigados no Caribe, México e Estados Unidos.]

"O tufão Linda, descrito como o pior do século, matou 580 pessoas [no Vietnã]; pelo menos 2, 5 mil pessoas continuam desaparecidas. (...) Cerca de 1,1 mil barcos afundaram e mais de 2 mil casas foram destruídas em Kien Giang. (...) Três quartos das áreas de produção de arroz do país foram inundadas."

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"A Força Aérea da Nova Zelândia retirou um terço da população da região norte das ilhas Cook, no Pacífico, devastada pelo ciclone Martin no fim de semana passado."

"O tufão Winnie já matou pelo menos 72 pessoas em Taiwan, na China e nas Filipinas, forçando dezenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas."

"Na ilha de Amami Oshima [Japão], mais de 24 mil casas ficaram sem eletricidade depois que os ventos [do tufão Oliva] cortaram as linhas de transmissão elétricas e destruíram edifícios."

"Vítimas do ciclone em Bangladesh chegam a 51. (...) A tormenta provocou a formação de enormes ondas e fez a maré subir mais de 1,5 m, destruindo 80% das casas da região."

Além desses casos mais graves, registrou-se também a passagem da tempestade tropical Bining pelas Filipinas, com um saldo de 22 mortos, e ainda duas mortes provocadas pelo furacão Danny nos Estados Unidos.

No início de 1998, uma série de tornados provocou mortes e destruição num único dia em cinco Estados americanos: Arkansas, Kentucky, Ohio, Mississipi e Tennessee. Em fevereiro, como já mencionado, uma série de 12 tornados devastou completamente uma região da Flórida e em março foi a vez de três outros Estados americanos; saldo dessas duas levas de tornados: 80 mortos e 354 feridos. Também em março um

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único ciclone que atingiu a Índia deixou pelo menos 200 mortos, 500 desaparecidos, mil feridos e 10 mil desabrigados.

Fonte: http://www.library.com.br/Filosofia/ciclones.htm

GRANDES EXTINÇÕES

Desde que surgiu vida na Terra, várias extinções em massa

exederam significativamente a taxa de extinção de

fundo. Extinção de fundo são extinções que estão ocorrendo o

tempo todo, mesmo quando a taxa de extinção não é muito

alta. Assim, as extinções em massa observada, não passam de

um momento extremo de um contínuo de taxas de extinção.

Todas as divisões da escala de tempo geológico são marcadas

por critérios estratigráficos que se baseiam no estudo de

extinções em massa. O fenómeno é parte essencial da hipótese

do equilíbrio pontuado proposta por Stephen Jay Gould e Niles

Eldredge.

Apesar de ser um fenómeno usual (considerando o tempo

geológico), houve diversos eventos de extinção massiva

particularmente violentos que vitimaram mais de metade das

formas de vida. Estes episódios estão normalmente associados

à formação ou divisão de supercontinentes, isto é, quando no

decurso da deriva continental várias massas de terra se juntam

para formar um único continente, ou quando este se separa

noutros. A extinção permo-triássica, por exemplo, ocorreu

OS DEUSES ESTÃO DE FÉRIAS

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durante a formação da Pangea e a extinção K-T está associada à

abertura do Oceano Atlântico. E Três extinções, inclusive as

duas maiores, estão associadas a grandes áreas de rochas

depositadas após erupção vulcânicas .

A Terra já passou por diversas extinções em massa, algumas de

proporções devastadoras, levando ao desaparecimento

completo de diversas espécies, e outras menores, no qual

foram extintos somente alguns grupos de seres vivos. Porém,

diferentes paleontólogos, identificam diferentes extinções em

massa na história da vida. Alguns identificam duas, três, quatro

ou até mesmo cinco grandes extinções em massa.

As extinções em massa de grandes proporções normalmente

marcam a mudança de um período da história. Por exemplo, a

extinção do Cambriano marcou a passagem do

período Cambriano para o Ordoviciano. A partir do Ordoviano,

os eventos de extinção foram no Ordoviano superior, no

Devoniano superior, no fim do Perniano, no Triássico superior e

no fim do Cretáceo. Ás vezes são chamados de “os cinco

grandes”.

Mas três destes “cinco grandes” deixaram margem a dúvidas.

Foram as do Ordoviano superior, Devoniano superior e a do

triássico superior. Sendo as extinções em massa mais

importantes a do fim do Perniano e a do fim do Cretásseo.

Extinção Cambriana - marca o fim do Cambriano.

Extinguiu principalmente, diversas espécies

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149

de equinodermos braquiópodes e conodontes. No entanto,

as evidências são pobres demais para que se possa dizer

com certeza se as taxas de extinção foram xcepcionalmente

altas em alguma época daquele período.

Extinção do Ordoviciano (444 Ma) - ocorrida no fim

do Ordoviciano, vitimou

sobretudo trilobites, braquiópodes, crinóides e equinóides;

provavelmente resultante de uma erupção de raios gama

que atingiu a Terra, fazendo a atmosfera alterar-se,

deixando os raios UV passar, e provocando uma era glacial;

Extinção do Devoniano superior (360 Ma) -

na Devoniano superior / Carbonífero inferior, evento

gradual que vitimou cerca de 70% da vida marinha,

sobretudo corais e estromatoporóides.

Os placodermos desapareceram neste evento.

Extinção Permo-Triássica (251 Ma) - a maior de todas as

extinções em massa, que fez desaparecer cerca de 96% dos

géneros marinhos e 50% das famílias existentes;

desaparecimento total das trilobites.

Extinção do Triássico-Jurássico (200 Ma).Cerca de 20%

de todas as famílias marinhas e de arcossauros (com

exceção dos dinossauros) foram extintas, o mesmo ocorreu

com os grandes anfíbios da época.

Extinção K-T (65,5 Ma) - mais conhecida pelo

desaparecimento dos dinossauros. Acredita-se ter

destruído 60% da vida na Terra.

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Extinção do Holoceno - é o nome dado a extinções

recentes de plantas e animais.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Extin%C3%A7%C3%A3o_em_massa

Nota do organizador: Em se tratando de catástrofes geológicas, climáticas, entre outras, podemos também citar o superfuracão de Júpiter que tem mais de duzentos anos de idade (se houvesse vida lá, provavelmente estaria sendo dizimada). Lá também ocorrem tempestades elétricas com raios capazes de incendiar uma cidade do tamanho de São Paulo em apenas um segundo. Ao que parece o planeta Terra está de certa forma “vivo”, esfriando seu núcleo que ainda é líquido, cumprindo a evolução ditada pelo universo e com toda certeza independentemente do que estiver sobre ele. Mesmo que o que estiver sobre ele esteja, digamos, vivo. CÂNCER O câncer, nome genérico que engloba mais de 300 formas diferentes da doença, não é exclusivo do homem. Todos os seres vivos multicelulares, como gatos, cachorros, peixes, e até mesmo árvores podem desenvolvê-lo. O primeiro exemplar de tumor de que se tem conhecimento é o de um angioma (tumor de origem vascular), encontrado no fóssil da vértebra caudal de um dinossauro que viveu há cerca de 125 milhões de anos, durante a Era Mezozóica. Em seres humanos, os primeiro registros são os de uma múmia egípcia da III ou IV dinastia (cerca de 2.700 a.C), acometida por

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uma lesão maligna na nasofaringe - porção da faringe responsável pela passagem exclusiva de ar -, e o de esqueletos de indivíduos da civilização inca com metástases de melanoma (tipo de câncer de pele). Mais mortes nos países mais pobres (caso houvesse um deus, quem quer que fosse ele, não seria o caso de proteger os mais pobres e carentes?)N.O. O levantamento Globocan 2008, o mais completo sobre o ônus global do câncer no mundo, divulgado pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que a maioria dos 12,7 milhões de novos casos de câncer e 7,6 milhões de mortes pela doença em todo o mundo ocorreram em países em desenvolvimento. A partir deste levantamento, que está disponível no portal da IARC, gestores de saúde de diferentes regiões do mundo podem definir prioridades para o controle do câncer. Além disso, Globocan 2008 permite prever a incidência de câncer de futuro e a taxa de mortalidade nos próximos 20 anos, de acordo com as mudanças previstas no envelhecimento e no crescimento da população. As regiões menos desenvolvidas são as mais afetadas, tanto em termos de incidência (56% dos novos casos de câncer em 2008) quanto de mortalidade (63%). Os tumores mais comumente diagnosticados em todo o mundo são pulmão

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(1,61 milhão de casos ou 12,7% do total), mama (1,38 milhão ou 10,9%) e colorretal (1,23 milhão ou 9,7%). As causas mais comuns de morte por câncer devem-se a tumores de pulmão (1,38 milhão ou 18,2% do total), estômago (740 mil ou 9,7%) e fígado (690 mil ou 9,2%). "Diferenças marcantes são observadas nos padrões de câncer de região para região. Os cânceres do colo do útero e de fígado são muito mais comuns nas regiões em desenvolvimento, enquanto próstata e câncer colorretal ocorrem mais em regiões desenvolvidas", observou o diretor da IARC, Christopher Wild. Conforme dados da publicação, o câncer é responsável por cerca de 13,7% das mortes registradas no país. Apenas as doenças circulatórias matam mais (em torno de 27,9% do total de mortes). A tendência nos países mais desenvolvidos é de que o câncer torne-se a principal causa de morte. Por isso, uma preocupação constante é dar qualidade de vida aos pacientes atendidos no Brasil, comenta Luiz Antonio Santini. O Brasil sofre com diagnóstico tardio O levantamento mostra que, no Brasil, geralmente os tumores são diagnosticados em estágio avançado. Pesquisas do Inca realizadas entre 1999 e 2003 revelaram que, nesse período, apenas 3,35% dos casos de câncer de mama receberam diagnóstico no começo da doença. Dos registros de câncer de

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boca, somente 0,83% aconteceram quando o tumor estava no estágio inicial. O diagnóstico tardio afeta o tratamento e diminui as chances de cura dos pacientes. O estudo reforça a necessidade de se aumentarem os investimentos em atendimentos e exames para o diagnóstico precoce do câncer. O grande desafio para o controle do câncer no Brasil está no campo da mobilização social. É preciso garantir a articulação de políticas de saúde com políticas de educação, rompendo preconceitos e quebrando o paradigma de que o câncer é sinônimo de morte, destaca o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. http://www.avelinoferreira.com/2012/03/o-cancer-mata-desde-os-tempos-dos.html Nota do organizador: Acho desnecessário listar aqui também as inúmeras doenças genéticas e hereditárias a que a humanidade, assim como os animais, estão sujeitos. É por demais terrível descrevê-las em minúncias e muito menos incluir fotos delas. Doenças que em sua maioria matam crianças e bebês. Poucos conseguem sobreviver até a fase da adolescência. Duvido que algum religioso, por mais fanático que seja, explique a indulgência e a justiça de qualquer deus que a humanidade tenha criado pra ela desde a aurora da civilização até os dias de hoje. A única explicação possível e razoável é apenas uma: deus ou deuses não existem.

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CONCLUSÃO Segundo pregam as religiões, o deus delas é bom e quer o melhor para a humanidade e para toda a vida que existe. Se acontecem fatos como esses que provavelmente te deixam de estômago embrulhado, é porque é para o bem de todas as espécies da Terra. Milhares de milhões de seres vivos são extintos apenas para que se cumpra a vontade desse deus. Mulheres grávidas, crianças, bebês, homens, animais, tudo o que existe, que anda, voa ou rasteja, que vive na água, nos céus ou na terra, tudo é eliminado em apenas um instante. Em um piscar de olhos tudo o que havia é varrido da existência. Muitos crentes buscam explicações para tentar conciliar o inconciliável. Para tentar justificar a “bondade” desse deus, ou a sua “justiça”. A verdade é que a explicação é bem mais simples: esse deus está apenas nas cabeças de pessoas que se recusam a andar sem as muletas da fé. A verdade é que o planeta ou o universo não estão se “importando” com essas vidas que ao que parece são apenas uma consequência da criação e destruição dos planetas, estrelas e galáxias. Assim como nossa autoconsciência é consequência da evolução. Óbvio que não se pode provar que os deuses não existem. Mas a obrigação da prova é dos crentes e não dos descrentes. Então, os descrentes estão esperando por essas provas. E caso um dia venha a se provar que essas divindades ou divindade existam, as conclusões podem ser:

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a-)Essas divindades criaram todo o universo e foram embora para algum lugar. Talvez para criarem outros universos, pois este parece ser o passatempo delas. b-)Essas divindades existem, estão aqui, mas não se importam nem um pouco com a vida. Ao contrário, sentem prazer na destruição e sofrimento. Mas são tímidas demais para aparecer. Ou, como diz o título deste livro: Os deuses estão de férias, e essas férias são tão longas que a existência humana é muito pequena para que um dia possamos ver essas férias terminarem. “Os povos nórdicos antigos acreditavam que os trovões que anunciavam as chuvas eram provocados pelo martelo do deus Thor, que rasgava os céus montado numa carruagem puxada por cabritos(!). Quando vinha a seca e muitos morriam de fome

por causa das colheitas perdidas, as pessoas culpavam os duendes por terem roubado o martelo de Thor (!), que ficava, assim, impossibilitado de produzir o trovão e as chuvas. Ocorre hoje, como sempre ocorreu, a mesma coisa com relação a Deus. As pessoas oram, clamam, pedem, acreditam e, se acontece o que era esperado, o que foi pedido, ah!, então foi Deus. Se acontece em parte, foi porque Deus quis assim, não ia dar tudo de mão beijada, tinha outros planos, ad infinitum. Se acontece o pior, justamente aquilo que se pedia, em oração, para que não ocorresse, aaaahh…, não culpe Deus: foi o Diabo, foi o livre-arbítrio do ser humano, é um sinal do fim dos tempos, ad infinitum.

OS DEUSES ESTÃO DE FÉRIAS

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O tolo diz em seu coração que não há Deus? Não: o tolo diz que há. Se você, crente, for um pouquinho, só um pouquinho honesto consigo mesmo, vai acabar por concluir que as coisas acontecem como se não existisse Deus algum. E se existir, estaremos todos em maus lençóis, porque ou Deus é um cientista e somos sua experiência, ou é uma criança e somos seus brinquedos.” http://deusilusao.com/2009/05/12/o-deus-que-nao-estava-la-parte-3-2/