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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

ESPAÇO DE CONHECIMENTO E CRIATIVIDADE CONSTRUÍDOS UTILIZANDO EXERCÍCIOS DA OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA

Silmara Fátima Fiori 1 Maria Regina Carvalho Macieira Lopes 2

RESUMO O presente artigo é resultado de um trabalho desenvolvido com alunos do 6º ao 9º anos do Colégio Estadual José de Anchieta Ensino Fundamental e Médio de Quedas do Iguaçu-Paraná. Tendo em vista a importância da Resolução de Problemas e o poder da interpretação nas aulas de Matemática e considerando também que estes contribuem para o desenvolvimento do raciocínio, onde os conteúdos matemáticos são efetivamente centrais nas formação dos indivíduos e na inserção social, foi estudado juntamente com os alunos que gostam de Matemática problemas intrigantes e desafiadores, incentivando e influenciando na melhoria do ensino. Para a Implementação Pedagógica foram utilizados exercícios da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), adaptando as diferentes questões para a resolução e em alguns casos com material concreto confeccionado pelos alunos participantes, facilitando assim a maneira de solucionar. Em cada situação discutiam a resolução em grupos de 3 ou 4 alunos e no último encontro realizaram uma simulação de Olimpíada de Matemática. Os resultados da Implementação também foram aplicados no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) para os professores interessados no assunto, explorando assim, conteúdos matemáticos envolvidos na Resolução de Problemas. Palavras – Chaves: Olimpíada de Matemática e Resolução de Problemas.

1 INTRODUÇÃO

Um dos grandes desafios da educação é auxiliar os alunos a desenvolver o

pensamento lógico-matemático a fim de que aprendam os conteúdos com

segurança e despertem o interesse pelo mesmo. A Resolução de Problema pode

assistir ao professor neste objetivo, contribuindo para uma aprendizagem

significativa.

1 Professora PDE, graduada em Matemática pelas Faculdades Reunidas de Ciências e Administração de Palmas FACEPAL. Especialista em Educação Matemática, concluinte do PDE turma 2013. 2�Mestre em Métodos Numéricos em Engenharia . Orientadora PDE pela Universidade Oeste do Paraná-UNICENTRO

A atividade de Resolução de Problemas está presente no dia a dia da vida

das pessoas, mas, em sala de aula muitas vezes resolver problemas requer uma

estratégia de enfrentamento e interpretação. O aprendizado de estratégias auxilia o

aluno a enfrentar situações em outras áreas do conhecimento em que o raciocínio

lógico é indispensável e nas situações que envolvem o pensamento crítico.

Neste trabalho, propõe-se que os professores sejam mediadores e

motivadores do uso dos materiais disponíveis nos sites das Olimpíadas de

Matemática. Os materiais da OBMEP (Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas) e

a OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática) elaboradores na metodologia da

Resolução de Problemas, podem contribuir significativamente na aprendizagem,

pois os assuntos abordados compreendem conteúdos do programa de Matemática e

da Educação Básica colocados de forma a incentivar a leitura e interpretação.

2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS:

A Resolução de Problemas é uma metodologia de ensino que contribui para

o desenvolvimento de capacidades e competências do aluno, permitindo a

elaboração de estratégias para solucionar diferentes situações propostas

dinamizando o ensino da Matemática.

Segundo Polya (2006) a Resolução de Problemas envolve quatro fases:

A compreensão do problema: na qual é de fundamental importância

que o aluno seja capaz de identificar o que o problema está solicitando.

O estabelecimento de um plano: baseado no que já se conhece e nas

experiências já vivenciadas, o aluno escolhe o que acredita ser o ideal para

a solução do problema. Se o plano não der certo, muda-se a estratégia de

pensamento para a resolução.

A execução do plano: é colocar em prática o procedimento escolhido

estabelecendo um plano que leve a desenvolver a resposta correta.

O retrospecto ou examinar a solução obtida: é a revisão dos

procedimentos e cálculos efetuados.

O professor deve com naturalidade auxiliar os alunos para que os mesmos

adquiram determinação e capacidade, incluindo assim oportunidades para

desenvolver em operações, descobrindo e incutindo importantes conhecimentos

para solucioná-los.

A Resolução de Problemas é uma habilitação prática como, digamos, é a

natação. Adquirimos qualquer habilitação por imitação é prática. Ao

tentarmos nadar, imitamos o que os outros fazem com as mãos e os pés

para manterem suas cabeças fora d’água e, afinal, aprendermos a nadar

pela prática da natação. Ao tentarmos resolver problemas, temos de

observar e imitar o que fazem outras pessoas quando resolvem os seus e

por fim, aprendermos a resolver problemas, resolvendo-os.( POLYA,

2006.p.4)

É preciso sempre prestar muita atenção para entender o processo, pois é só

assim que o indivíduo consegue entender e responder corretamente o que ele está

interpretando.

Para Butts (1997), são cinco categorias de problemas:

Exercícios de reconhecimento: normalmente pede para reconhecer ou

recordar um fato, uma definição ou enunciado.

Exercícios algorítmicos: são exercícios resolvidos passo a passo.

Problemas de aplicação: trata-se dos problemas tradicionais com

fórmula e símbolo onde exige resolução e manipulação.

Problemas de pesquisa aberta: são problemas sem estratégia para

resolver.

Situações-problema: trata-se de situações nas quais, uma das etapas é

identificar o problema inerente a solução.

Sendo assim, o educando precisa pensar em como utilizar suas

competências para interpretar e identificar cada situação, para que possa contribuir

de alguma maneira para solucionar o problema que lhe foi apresentado.

Segundo Dante (2005), o sucesso no desenvolvimento de uma atividade nos

leva a desenvolver atitudes positivas em relação a mesma. É preciso iniciar com

problemas fáceis, que o educando consiga resolver e aos poucos ir aumentando o

grau de dificuldade, levando-o a pensar e querer resolver. Longas listas de

problemas aborrecem e desmotivam. A Resolução de Problemas não deve se

constituir em experiências repetitivas. É interessante resolver diferentes problemas

com a mesma estratégia, assim facilitará a ação futura do educando diante de um

problema novo. Quando houver erro na resolução, o aluno deverá ser encorajado a

procurar o erro e descobrir porque ele foi cometido. É interessante mostrar-lhes a

necessidade de resolver problemas, o valor de enfrentar desafios para que ocorra

um maior aprendizado.

O material constante no site da OBMEP, elaborado na metodologia da

Resolução de Problemas, quando utilizado, pode contribuir para melhoria do ensino

de Matemática e em um melhor desempenho dos educadores, dos educandos e da

própria escola. É interessante melhorar a visão das Olimpíadas de Matemática, pois,

é através dela que vamos procurar transformar o ensino, incentivando a leitura a

interpretação e o gosto pelos estudos.

2.1 OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS:

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) é uma

realização do Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (IMPA) com apoio da

Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), e promoção do Ministério da Ciência e

Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC).

A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), é um

projeto de inclusão social contemplado pelas políticas educacionais, que

visam garantir o direito a uma educação de qualidade a todos os cidadãos,

como expresso na Constituição Federal de 88, por meio do Ministério da

Educação (MEC) o qual formulou o Plano Nacional de Educação (PNE), no

qual está inserido no Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) que

apresenta um conjunto de metas e ações que objetivam, até 2022, elevar o

nível da qualidade da educação brasileira aos patamares dos países

desenvolvidos (NOVA ESCOLA, 2008,p.31)

É relevante a implementação de projetos que tragam contribuições para o

sucesso das ações afirmativas e a inclusão social para garantir a igualdade de

oportunidades e tratamento entre as pessoas e a mobilização dos setores culturais

com a finalidade de expandir as ações de inclusão social.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU/ Unesco, 1994)

cabe diferenciar a inclusão social de exclusividade e privilégios sociais. A inclusão

social é uma busca da afirmação de direitos, enquanto a exclusividade é uma marca

registrada de um grupo ou segmento social que tem amplo acesso aos bens e

oportunidades produzidas em termos sociais, visto que uma ou outra parcela muito

grande da população tem restrições na participação sociocultural e o exercício da

dignidade e da cidadania.

Nesse contexto, todas as escolas inscritas na Olimpíada de Matemática

recebem uma apostila com questões de Matemática e suas respectivas soluções

elaboradas pela equipe do IMPA (Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada)

e encaminhadas aos professores responsáveis pela olimpíada na escola, sendo que

o uso desse material é facultativo. O uso desse material pode influenciar o estudo de

Matemática nas escolas inscritas e melhorar o desempenho dos alunos nas

avaliações educacionais.

A OBMEP é uma olimpíada direcionada especificamente às escolas públicas

e serve como incentivo ao estudo da Matemática e também para uma reflexão da

educação no Brasil. Somente participam das provas os alunos devidamente

matriculados nas escolas e inscritos na OBMEP. Também podem participar das

provas as escolas particulares conveniadas com a Rede Pública de ensino, sendo

que os alunos concorrerão aos prêmios discriminados no regulamento, mas a escola

não concorrerá a nenhuma premiação.

3 METODOLOGIA

Foram desenvolvidas as atividades do Projeto de Implementação

Pedagógica no Colégio Estadual José de Anchieta Ensino Fundamental e Médio do

Município de Quedas do Iguaçu – Paraná. Participaram dos encontros os alunos do

6º ao 9º ano, perfazendo-se um total de trinta e duas horas aula.

No início do ano letivo de 2014, na semana pedagógica foi apresentado o

trabalho à Direção, Equipe Pedagógica e Professores do Estabelecimento de

Ensino. Assim que as aulas começaram foi apresentado o trabalho aos alunos, e os

que sentiram interesse pelo mesmo, levaram para casa um comunicado aos pais

para que autorizassem a participação de seus filhos no contra turno. Desta forma,

iniciaram-se os encontros de 4 horas em 8 semanas. O material disponibilizado para

os alunos foi uma apostila para cada encontro realizado.

Em todos os encontros as atividades foram primeiramente lidas e discutidas

no grupo, utilizando a Resolução de Problemas como metodologia de ensino,

permitindo a elaboração de estratégias para solucionar as diferentes situações.

No primeiro encontro foram desenvolvidas atividades simples, sobre as

quais os alunos precisaram de estratégias para pensar e testar habilidades lógicas e

matemáticas relacionadas à descoberta.

No segundo encontro os alunos resolveram problemas de análise

combinatória, favorecendo assim a formação do pensamento.

No terceiro e quarto encontros foram resolvidos problemas de geometria

plana, uma oportunidade para o desenvolvimento do pensamento lógico e

consistente.

No quinto encontro os alunos resolveram exercícios variados envolvendo:

operações com números inteiros, números decimais, frações, porcentagem e

medidas de capacidade.

No sexto encontro os alunos resolveram problemas com: porcentagem,

média aritmética, geometria, potenciação e medidas de comprimento.

No sétimo encontro os alunos resolveram problemas de contagem que

poderiam ser resolvidos com raciocínio simples ou com operações matemáticas.

No oitavo encontro os alunos resolveram uma simulação de prova

OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA com problemas variados. Os problemas foram

resolvidos individualmente, e após a resolução foram corrigidas as questões,

marcando o número de acertos.

Também foi trabalhado no Grupo de Trabalho em Rede (GTR) o Projeto de

Intervenção Pedagógica e a Implementação do Projeto, onde foram abordados

questionamentos e possibilidades de se trabalhar com este material em sala de aula,

perfazendo-se também um total de trinta e duas horas aula.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

4.1 A PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA E SUA IMPLEMENTAÇÃO

A Implementação teve início na semana pedagógica, onde foi apresentada

para a comunidade escolar. Ao iniciar as aulas foram reunidos os alunos e

apresentado o trabalho a ser realizado. Seus pais receberam um informativo para

que também tomassem ciência das atividades propostas.

Nos encontros os alunos foram divididos em grupos para estimular a

discussão na resolução das atividades sugeridas. Quando sentiam dificuldades

relacionadas ao enunciado ou à identificação dos dados fornecidos no problema,

eram orientados e instigados por meio de explicações e perguntas feitas pela

professora.

No primeiro encontro após conversação, os alunos assistiram o vídeo

¨Documentário Completo da OBMEP¨ com duração de 20 minutos. Ficaram

encantados com os acontecimentos do documentário que mostrava os alunos

medalhistas e os estudos realizados. Os alunos foram separados em grupos de 3 ou

4 para dar início às atividades desse encontro. Alguns problemas apresentados

foram :

O problema 02 – Áreas dos triângulos

(Edição Especial OBMEP – 2009)3 Na figura 1. Qual é a área maior?

Figura 1: Áreas dos triângulos

Os alunos sentiram dificuldades para entender como encontrar a altura dos

triângulos para depois achar a sua área. Então, foi necessário explicar-lhes melhor

para que conseguissem solucionar a questão.

O problema 4 - A gata de Pedrinho

3 Edição Especial OBMEP – Volume 2 da Coleção Explorando o Ensino de Matemática – 2009, P. 163, n. 7.

(A Experiência Russa)4 A gata de Pedrinho sempre espirra antes de uma

chuva. Ela espirrou hoje. Pedrinho pensou: “Isto significa que vai chover”. Ele está

certo?Leram o problema e acharam que Pedrinho estava certo. Após a professora

questionar: - A gata realmente só espirra quando chove? - Será que ela não espirra

por outro motivo? Começaram a questionar-se e uma aluna do 9º ano citou um

exemplo: - Se chover o cabelo enrola, mas se tiver neblina ou o tempo estiver

úmido, não está chovendo e o cabelo enrola também. Assim chegaram a um acordo

e conseguiram entender chegando a resposta correta.

O problema 5 – O filho do pai

(A Experiência Russa)5 O filho do pai de uma pessoa está falando com o pai

do filho desta pessoa e esta pessoa não está participando da conversa. Isto é

possível? Mesmo após a explicação e sendo substituída a pessoa referida no

problema por nomes no masculino e no feminino, alguns alunos perceberam a

diferença e entenderam que é possível se a pessoa for uma mulher, mas teve aluno

que não conseguiu entender e disse que é muito complicado entender o raciocínio

deste problema, o que gerou discussão, pois os alunos que entenderam queriam

explicar e fazer com que os alunos que não entenderam conseguissem

compreender.

No segundo encontro os alunos resolveram problemas de análise

combinatória. Os alunos que conheciam o Princípio Multiplicativo não sentiram

dificuldades na resolução das questões. Aos demais foi solicitado que após a leitura

dos problemas construíssem desenhos e/ ou esquemas para combinar cada

situação favorecendo a resolução. Assim, conseguiram entender facilmente cada

questão.

No terceiro e quarto encontros os alunos receberam a apostila com

problemas de geometria plana. Aproveitou-se a oportunidade para convencer os

alunos que se o material pudesse ser confeccionado a análise e compreensão do

problema seria facilitada. Neste encontro, um problema apresentado foi:

4 FORMIN. Dimitri, GENKIN. Sergey, ITENBERG. Ilia, Círculos Matemáticos – Experiência Russa – Capítulo Zero, P. 2, n. 10. 5 FORMIN. Dimitri, GENKIN. Sergey, ITENBERG. Ilia, Círculos Matemáticos – Experiência Russa – Capítulo Zero, P. 2, n. 12.

O problema 03 - Tesoura e papel

(OBMEP Banco de Questões 2013)6 Uma folha de papel é retangular, com

base igual a 20 cm e altura 10 cm. Esta folha é dobrada nas linhas pontilhadas

conforme mostra a figura 4, e no final recortada por uma tesoura na linha indicada, a

qual é paralela à base e está na metade da altura do triângulo.

Figura 2: Tesoura e papel

Alguns alunos recortaram de maneira diferente e após promovida a

discussão entre os grupos, concluíram que o resultado também é correto, que a

folha pode ser dividida em dois ou três pedaços e a área do pedaço maior é a

mesma.

Outro problema apresentado foi:

O problema 06 – Circulos e círculos

(OBMEP Banco de Questões 2013)7 Na figura 7 veem-se círculos grandes e

pequenos. Os círculos grandes tem raio 2, e os círculos pequenos tem raio 1. Qual é

a área da região pintada de cinza?

6 OBMEP 2013 – Nível 3 – Somando Novos Talentos para o Brasil – Banco de Questões – P. 54, n. 3. 7 OBMEP 2013 – Nível 2 – Somando Novos Talentos para o Brasil – Banco de Questões – P. 38, n. 8.

Figura 3: Círculos e círculos

Percebeu-se claramente que os alunos do 8º e 9º anos entenderam o

processo de resolução, mas, aos alunos de 6º e 7º anos foi preciso ajudar, explicar

sobre o raio, diâmetro e de onde veio a fórmula para calcular a área.

No quinto encontro os conteúdos matemáticos trabalhados foram: operações

com números inteiros, números decimais, frações, porcentagem e medidas de

capacidade. Em algumas situações chegaram ao resultado por meio de cálculos

matemáticos e em outras situações, por não estarem entendendo, foram orientados

a confeccionar o material concreto e compreenderam facilmente a resolução.

No sexto encontro trabalhou-se porcentagem, média aritmética, geometria,

potenciação e medidas de comprimento. Chegaram à solução facilmente através de

cálculos matemáticos.

No sétimo encontro os alunos solucionaram problemas de contagem que

foram resolvidos através de operações matemáticas, usando raciocínios simples e

através de discussões e cálculos chegaram facilmente a solução dos exercícios.

No oitavo encontro os alunos foram recepcionados com agradecimentos por

estarem participando deste trabalho. Foram orientados para que sentassem em filas

e individualmente respondessem a uma simulação de OLIMPÍADA DE

MATEMÁTICA. Cada aluno recebeu seus problemas, leu com atenção e respondeu.

Alguns problemas foram repetidos dos encontros anteriores, num total de 20

problemas. Após todos terminarem a resolução, preencheram o gabarito. A correção

foi feita em sala de aula para que cada aluno soubesse o número de acertos. Os

alunos com maior número de acertos foram premiados. Ao encerrarem os trabalhos,

todos os alunos receberam lembrancinhas.

Foi possível perceber, que os alunos estavam interessados nas atividades e

a partir da leitura dos problemas tentavam entender o que estava dizendo e por meio

de tentativas, erros e acertos, discutiam no grupo cada questão. Faziam esquemas,

desenhos, contas e muitas vezes quando percebia-se que estavam demorando para

chegar ao resultado, era oferecida ajuda: - Querem uma dica? E eles diziam: -

Calma professora já estamos conseguindo. Apenas quando solicitado eram

auxiliados na interpretação.

Também ocorreu que alguns alunos já estavam cansados de resolver

problemas em todos os encontros e ficavam aguardando os colegas chegarem ao

resultado. Enfim, apesar de algumas diferenças entre eles, foi importante a interação

e o convívio neste período com todos.

Participaram dos encontros 12 alunos, sendo que no oitavo encontro 1 aluno

faltou. Então participaram do simulado somente 11 alunos. A tabela mostra o

resultado dos problemas resolvidos no último encontro OLIMPÍADA DE

MATEMÁTICA.

Número de acertos do simulado da Olimpíada de Matemática:

Questão Número de alunos que acertaram

1 10

2 5

3 4

4 2

5 4

6 10

7 8

8 11

9 9

10 7

11 10

12 8

13 2

14 8

15 8

16 6

17 5

18 7

19 3 20 2

No simulado da Olimpíada de Matemática, os alunos não discutiram

nenhuma questão entre eles, também não foi construído nenhum material concreto,

simplesmente liam, reliam, tentavam interpretar ou imaginar como seria cada

situação individualmente e respondiam assinalando a alternativa que achavam ser a

correta. Percebeu-se claramente que, os problemas que tinham os valores

numéricos, cada aluno tirou os dados do problema e em seguida organizou-se para

efetuar a conta chegando assim ao resultado. Mas, nos problemas que exigem

interpretação, sem operação matemática, onde é preciso entender o que o problema

está querendo dizer, eles sentiram mais dificuldades. Notou-se também, que nos

problemas que envolvem geometria, no decorrer dos encontros onde eram induzidos

a confeccionar o material através de desenhos, recorte e/ou colagem a resposta

ficava clara. Mas no simulado, eles precisavam imaginar como seria se fosse

confeccionado o material para chegar a uma conclusão de qual seria a alternativa

correta. Concluindo então que os problemas que envolveram geometria e que era

preciso imaginar como ficaria o material naquela determinada situação foi mais

complicado o entendimento para os alunos.

O gráfico mostra o total de acertos por aluno das 20 questões da OLIMPÍADA

DE MATEMÁTICA

Gráfico 1: Simulado da Olimpíada de Matemática das 20 questões.

Fonte: Pesquisa realizada com os alunos, 2014.

Analisando o gráfico 1, percebe-se que os alunos conseguiram entender a

maioria das questões, uma vez que tiveram os outros sete encontros onde foram

induzidos e instigados a ler, entender, tirar os dados e saber o que cada situação

problema queria dizer, ajudando-os no momento do simulado. Por este motivo o

resultado foi satisfatório.

No final do último encontro foi pedido aos alunos que escrevessem, sem se

identificar, o que acharam dos encontros para resolver problemas da OBMEP. Todos

escreveram que gostaram e que deveria ter mais projetos assim. Um aluno

comentou que estas aulas de Matemática ajudaram-no a entender e interpretar

situações de conteúdos em sala de aula. Outro comentou que sentiu mais liberdade

e segurança para dar sua opinião nas interpretações de atividades em sala de aula,

que foi um incentivo para dedicar-se mais às Olimpíadas de Matemática. Também

houve um relato de um aluno que dedicou-se mais este bimestre em sala e tirou

nota 10,0 em Matemática. Todos os alunos agradeceram pelas explicações e

colaborações que tiveram no decorrer dos encontros.

4.2 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)

Esta atividade foi realizada à distância, participaram do curso quinze (15)

professores de Matemática da Rede Pública Estadual de Ensino que interessaram-

se pelo tema. O grupo de Trabalho em Rede (GTR) foi desenvolvido em três (3)

temáticas.

Após a apresentação de todos no Fórum de Apresentação, deu-se início a

Temática 1: onde todos os cursistas puderam analisar o Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola e no Fórum 1, dar sua opinião e contribuição possibilitando a

troca de ideias e interagindo com os colegas cursistas. Surgiram comentários bem

interessantes como: PROFESSOR 1 “Podemos observar que há uma grande

preocupação com o entendimento e análise da Resolução de Problemas por parte

dos interessados possibilitando uma Matemática mais viva e criativa”. PROFESSOR

2 “Percebo que os livros de Matemática hoje estão vindo com mais situações

problemas que exigem o raciocínio lógico, porém, precisamos valorizar mais os

problemas da OBMEP e trabalhar em sala de aula, pois, possuem atividades que

exploram o raciocínio e valorizam o conhecimento matemático”. No Diário 1 os

cursistas falaram do projeto apresentado e da possibilidade de trabalhar com seus

alunos. Acharam bem interessante e de fácil utilização em sala de aula.

Na Temática 2: os cursistas puderam analisar a Produção Didático-

pedagógica onde participaram do Fórum 2 e do Diário 2. Percebeu-se que os

cursistas analisaram as questões e de um modo geral acharam os problemas de

fácil entendimento, que foram bem selecionados e que incentivariam os alunos em

entender e aprender com interesse, pois nem um deles era tão complexo que não

conseguissem solucioná-los, já que os alunos convidados para participar do projeto

são os que gostam de estudar Matemática.

Na Temática 3: Tratava-se da Implementação do Projeto de Intervenção na

Escola. Os cursistas participaram do Fórum 3 – Vivenciando a Prática. Onde todos

contribuíram significativamente na atividade e interagiram com os colegas cursistas

dando suas contribuições favoráveis às atividades.

Ao partilhar com os colegas as ideias apresentadas no decorrer do trabalho,

foi possível perceber as diferentes maneiras de pensar para se chegar em um único

objetivo que é o conhecimento direcionado à educação e qualidade de ensino.

Foram envolvidos novos conhecimentos que levaram ao pensamento de estratégias,

facilitando o processo de aprendizagem o que só veio a acrescentar algo em

especial para tornar o estudo mais gratificante e motivador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira Olimpíada de Matemática da história, aconteceu na Hungria em

1894. A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) teve

início em 2005 e ocorre todos os anos, sendo que, a cada ano está aumentando o

número de escolas participantes. Entretanto, é necessário serem mais pesquisados

os sites da OBMEP, por parte dos professores e alunos, para que saibam os

benefícios que ela traz e também para estarem atualizados de todos os

acontecimentos e informações contidos.

A OBMEP serve como incentivo ao estudo da Matemática, trazendo para o

processo de ensino aprendizagem grandes contribuições, auxiliando os educandos a

adquirirem determinação e capacidade. Assim oportunizando-os a desenvolver,

descobrir e pensar, acrescentando-lhes conhecimentos para descobrir soluções

através de dedução, cálculo, esquema, desenho e oralidade.

A Resolução de Problemas pode e deve ser uma ferramenta muito eficaz para

desafiar o educando, induzindo-o ao trabalho mental e à busca por soluções,

proporcionando o entendimento do conteúdo estudado.

A motivação é um fator de envolvimento entre professores e alunos que

gostam de estudar Matemática. Naturalmente estes indicadores manifestam

inspiração, envolvimento e o gosto pelo estudo da Matemática.

Este estudo apresentado para um grupo de alunos de 6º ao 9º ano,

influenciou no bom andamento das atividades e nos resultados, pois, os educandos

aproveitaram este grupo de estudos para explorar mais a Matemática e a confecção

do material a ser utilizado em alguns problemas possibilitaram maior entendimento

de detalhes para solucioná-los. Os resultados atingidos foram satisfatórios, ficou

clara a motivação de cada participante, que demonstraram interesse em participar

de novas propostas que enriqueçam seus conhecimentos.

Os objetivos deste estudo foram atingidos, tanto por parte dos alunos na

Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, quanto por parte dos

professores no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), pois vem de encontro com os

anseios de todos os educadores, o desejo de uma metodologia inovadora

melhorando e desenvolvendo a construção de novas ideias.

REFERENCIAS

BUTHS, Thomas .Formulando Problemas Adequadamente. In: Krulik, S; Reys, R.

E. Escolar. São Paulo: Atual, 1997.

DANTE, Luiz Roberto. Didática de Resolução de Problemas de Matemática. São Paulo: Ática, 2005

NOVA ESCOLA. Sem Medo de Contas e Equações .São Paulo: Abril, 2008.

OBM.- Olímpiada Brasileira de matemática. Disponível em:

>http://www.obm.org.br.Acesso em 02 maio de 2013.

OBMEP. Regulamento 2012.s.d. disponível em:>http://www.obmep.org.br/regulamento.html>Acesso em 23 de abril de 2013.

POLYA, G. A Arte de resolver problemas. Rio de janeiro: Interciência, 2006

________Sobre a Resolução de Problemas de Matemática na High School. In:

Krulik, S; Reys, R.E.A Resolução de Problemas na Matemática escolar. São Paulo: Atual, 1997.

VYGOTSKI, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Fontes, 1991