os desafios da escola pÚblica … poemas, histórias rimadas, provindo particularmente da linguagem...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

O MUNDO IMAGINÁRIO DO CORDEL

Luzinete Pereira da Silva1 Miguel Heitor Braga Vieira2

Resumo: Ao transfigurar o real, a literatura é a recriação do artista e é assim que o poeta nordestino produz o gênero CORDEL, pequenos folhetos decorados por xilogravuras produzidas por ele mesmo, gênero pouco conhecido em nosso âmbito escolar. Literatura riquíssima de variações linguísticas, musicalidade e expressividade, que retrata a língua em situação comunicativa concreta, de grande valor interacional entre autor e receptor. Muitos autores têm se servido deste universo da Cultura Popular para suas criações como: Ariano Suassuna em sua obra Auto da Compadecida, que faz intertextualidade com dois romances de mesmo título: As proezas de João Grilo. Neste processo de divulgação e valorização desta literatura propõe-se neste trabalho promovê-la, reconhecê-la na sua magnitude, alicerçada no Método Recepcional, fundamentado por Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar em Literatura: a formação do leitor – alternativas metodológicas, que enfatiza o relativismo de interpretações e o ponto de vista do leitor a partir de fatores sociais, intelectuais, linguísticos, literários e também afetivos. Palavras-chave: Cordel. Cultura Popular. Intertextualidade. Literatura. Método Recepcional

Introdução

Cordel, poemas, histórias rimadas, provindo particularmente da linguagem

oral é uma literatura propriamente popular. Adotado pelo nordestino desde o tempo

da colonização pela população mais pobre e analfabeta, apresentam características

peculiares que dizem respeito a conceitos morais, religiosos do homem nordestino,

onde a imaginação e fantasia brotaram como em terra fértil. Tornou-se elemento

predominante das festas tradicionais, especialmente as de caráter religioso,

destacando poetas e cantadores.

O conhecimento oral transmitido em forma de histórias, causos, lendas, mitos,

provérbios é comum em qualquer sociedade, retratando sua realidade, cultura e

crendices; sendo plena de elementos fantásticos. No nordeste estes elementos se

solidificaram em forma de literatura, literatura esta escrita com letra minúscula, assim

como muitas outras (literatura infantil, juvenil, africana, etc.). Faz-se necessário

abandonarmos ideias etnocêntricas, calcadas em preconceitos linguísticos, sociais e

econômicos.

1 Professora da Rede Estadual de Educação, formada em Letras Anglo-Portuguesas pela Fundação

Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Cornélio Procópio e pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira pela mesma universidade, Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE – SEED-PR, Turma 2013. 2 Professor Adjunto de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira na Universidade Estadual do Norte

do Paraná – campus de Cornélio Procópio.

Felizmente, com o advento da imprensa, os folhetos de cordéis adquiriram

formato de livreto com imagens na capa, as chamadas xilogravuras: gravuras feitas

manualmente em matrizes talhadas na madeira, técnica esta ensinada pelos

missionários portugueses aos indígenas. Muitos destes cordéis e xilogravuras são

produzidos pelos próprios poetas, tendo sobrevivido às grandes mudanças até

chegar aos nossos dias.

Vivendo numa sociedade capitalista, aonde a exacerbação do individual

chega ao seu ápice, as relações educativas e comunitárias estão perdendo o seu

valor. Cabe à escola resgatar os elementos culturais do bojo da vivência e

experiência que os alunos têm e trazem consigo, paralelamente construindo uma

leitura de mundo, onde todas as culturas orais e populares são inegavelmente

possuídas de valores.

Origens da literatura de cordel

Ao investigar o que é literatura de cordel deve-se abandonar qualquer impressão

negativa que envolva este gênero, por ser praticada por pessoas sem muita instrução.

Toda literatura de cordel é literatura popular, contudo, nem toda literatura popular é

literatura de cordel. O cordel nasceu da literatura popular.

O cordel é uma forma poética rica, complexa e viva, que exprime uma mentalidade, uma visão de mundo popular. Suas narrativas são histórias criadas mais para o ouvido do que para os olhos, ou seja, sua recepção pelo público pressupõe o canto, a recitação ou a leitura em voz alta, feita por alguém situado no meio de um círculo de ouvintes que acompanham atenta e coletivamente o desenrolar das aventuras. (ANDRADE, 2004 apud SILVA, 2007)

A literatura de cordel tem suas raízes na cultura europeia, pois surgiu na Idade

Média, na França, de lá para Portugal e Espanha e depois se espalhando pela América

Latina. Chegando ao Brasil através dos portugueses, e cultivada no Norte, Nordeste e

também na região Sudeste.

Como a península ibérica viveu dominada por durante oito séculos pelos

árabes recebeu grande influência deste povo. Os poetas cantores “medajs”

(seguidores do Islã) apresentavam-se em praça pública, cantando velhos contos de

origem asiática (persas ou hundus) ou ainda celebravam a memória dos feitos

heroicos de seus guerreiros, acompanhados por instrumentos musicais: adufes,

castanholas, alaúdes e rabecas.

De um lado os trovadores, jograis e menestréis e do outro os “medajs”

muçulmanos, ambos, artistas de tradição popular, fundiram-se na tradição da cultura

portuguesa e podem ser considerados os ancestrais desta arte popular, que hoje é

eternizada pelos violeiros repentistas e os poetas populares. (SILVA, 2007 apud

ANDRADE).

A princípio, a literatura de cordel segue o caminho da manufatura, do início ao

fim: o escritor se encarrega em muitos casos da redação, da correção do texto, da

impressão, dos desenhos e da encadernação do livro, feitos em papel tipo jornal,

devido aos parcos recursos a que é submetido, a capa costuma ser de um papel

melhor, do tipo usado para embrulho comum, preocupando-se em baratear a

produção. Os folhetos de cordel são pequenos, medem 11 cm por 16 cm e

obedecem aos números pares: oito, dezesseis, trinta e duas e raramente, 64

páginas e são apresentados ao público pelo próprio autor, que também é

responsável pela sua vendagem.

Com louvável admiração, a capa é uma das coisas que mais chama atenção

nos folhetos, apresenta uma gravura que condiz com o tema do conteúdo do livreto,

feito numa matriz de madeira, que recebe o nome de “xilogravura”. Constituem-se

hoje em dia em um dos itens mais importantes de exportação da arte brasileira.

Sabe-se que há em cada país estrangeiro artistas locais importantes, porém o que

eles não têm são os gravadores populares, com sua linha regional e seus preços

acessíveis. O desejo de ilustrar os folhetos começou com o Mestre Noza, em

Juazeiro do Norte, santeiro conhecido (entalhador de estátuas), que cortou uma

tabuinha para servir de capa para um folheto.

Atualmente a xilogravura é sinônima de arte popular legitimamente brasileira

e seus artistas valorizados fora do país.

Por que o nome cordel?

Com o advento da imprensa, por volta de 1450 na Europa, parte dessa

literatura popular oral são publicadas em pequenos livretos. Nasce a literatura de

folhetos. Em Portugal ganharam outras denominações: folhetos, folhas volantes e

literatura de cegos, por terem sido vendidos somente por cegos em Portugal por

determinação de uma lei que foi reivindicada pela Irmandade do Menino Jesus dos

Cegos de Lisboa. Como eram expostos para venda sobre barbantes ou cordões,

semelhante à roupa no varal, consagrou-se como literatura de cordel.

Segundo Luyten, a classificação da literatura de cordel ocorre em um

verdadeiro atentado ao poeta popular quando não o estuda e dá ênfase a algum

tema, ou divide os folhetos por temas. O escritor de folheto é de origem popular e

escreve para o seu meio adequado - o povo, seu ponto de vista é comum ao seu

meio. Quando trata de religião escreve sobre as coisas da forma como ele e seus

leitores estão habituados a tratar o assunto. Observa-se que o personagem diabo –

o cão, como é normalmente chamado, não costuma ser unicamente a personificação

do mal, mas um elemento que convive com as pessoas do povo. O leitor tradicional

de folhetos é de origem rural e, como tal, sente mais o fatalismo da natureza, como

a chuva, a seca, pestes, etc. e tende a atribuir-lhe como causa: interferência do

sobrenatural.

Padre Cícero Romão Batista “Padim Ciço” e Frei Damião são personagens

frequentes nos folhetos, ambos religiosos tidos como santos pelo povo. Também

aparecem heróis populares nordestinos, como os cangaceiros Lampião e Antônio

Silvino.

Conclui-se que a literatura de cordel é popular, refere-se a assuntos sob o

ponto de vista popular, portanto trata de assuntos que interessam ao povo.

Características da narrativa de cordel

Desde o final do século XIX a literatura de cordel foi produzida por homens e

mulheres com pouca ou quase nenhuma escolaridade, mas que se envolveram

intensamente no mundo das letras sendo autores, leitores, editores e críticos de

composições poéticas. O sucesso dos folhetos deve-se a vários fatores e um deles é

sem dúvida a sua intensa relação com a oralidade.

A transposição da oralidade para a escrita também ocorre neste gênero,

inicialmente aos rapsodos não ocorria a necessidade de moldar a arte poética à

teoria a que ela se submete posteriormente, descreve Silva: Os primeiros repentistas

não tinham muito compromisso com a gramática, com a métrica, com a rima e muito

menos com o número dos versos para compor as estrofes. Alguns versos

alongavam-se muito, outros, eram demasiado breves (SILVA, 2011, p.35).

Apesar de muitos cordelistas não terem instrução e não terem frequentado

uma escola, eram artistas e, como tal, não desistiam de estudar as narrativas e as

poesias, investigando, garimpando, dominando a arte do cordel. Sem dúvida, o

caminho que percorreram resultou em um conhecimento sistemático e elaborado, de

modo a atender a sociedade ávida por informações, ainda quando são contadas

com a beleza de quem sabe narrar com arte, como os repentistas em suas pelejas

orais e os cordelistas com suas poesias. Instruíam-se em casa com os livros que

possuíam em suas pequenas bibliotecas, suficientes para a sua produção.

(HAURÉLIO, 2010, p.24)

“Qualquer texto, seja em prosa, seja em verso, precisa ter graça, harmonia e

compromisso com a gramática e com o enredo”. (SILVA, 2011, p.64), o poeta

trabalha com esmero na execução de seu trabalho, artistas como Leandro Gomes

de Barro, Silvino Piruá de Lima e João Galdino da Silva são extremamente exigentes

na construção de suas poesias, seja em relação às estrofes, ao número de versos

por estrofe, à métrica, ao ritmo, à rima: “esses poetas passaram a dominar com

facilidade a rima, amoldando, também, ao corpo da estrofe, o verso rebelde”.

(SILVA, 2011, p.115), mesmo o repentista, que se apresenta ao vivo ao som da

viola, não se dispensa o primor da arte.

Portanto, cada autor deve conhecer as regras antes de executá-las, seja em

qualquer modalidade, cumprir com esmero para não incorrer em vexames

desagradáveis, no cordel ou no repente, o que for combinado deve prevalecer sem

fuga do tema e obediência às regras exatas, não se permitindo desvio de conduta do

poeta.

‘”Abecês” e desafios, são duas estruturas de folhetos que chamam a atenção

pela sua apresentação, a primeira pelo fato de cada sílaba começar com uma letra

do alfabeto com uma intenção implícita de tratar de um assunto por inteiro. Como o

“abecê” de Paulo Nunes Batista – poeta nordestino morador em Anápolis, Goiás, um

dos melhores abecedistas do país:

O dentista em ABC Abrindo a boca (dos outros) no mundo onde impera a dor de dentes, o tiradentes, dentista restaurador – restaura, trata, obtura: da boca, da dentadura é o “nosso mestre”, o doutor.

Boca – aí começa tudo, pois, sem boca, ninguém come, e, sem comer, não se vive porque se morre de fome. Da boca – o médico-artista é o nosso amigo, o dentista, de quem sempre louvo o nome! (BATISTA, apud LUYTEN, 2005, p.50).

O “desafio” ou “peleja”, consiste no empate poético entre dois cantadores.

Cantoria em que os poetas procuram dificultar o trabalho do outro, mudando de

tema ou estrutura poética, além de que o oponente tem a obrigação de continuar

com a rima final do verso do outro: a “deixa”. Constitui-se na parte oral da poesia

popular, mas há desafios escritos, puras invenções ou recriações dos apresentados

oralmente. Como a “Peleja de Antônio Correia com Manoel Camilo Santos”, de

autoria do último:

Manoel Camilo: Correia pergunto a si qual o significado de você chegar aqui p’ra cantar sem ser chamado porque se veio a propósito lhe digo, veio enganado. Correia: É porque fui informado que você disse outro dia que todo mundo lhe teme na arte da poesia vim lhe provar que não temo a ninguém na cantoria.

SANTOS, apud LUYTEN, 2005, p.52)

E assim a luta começa, até que um dos dois desista. O tema pode ser de

sugestão de um dos poetas ou por uma pessoa presente ao debate. É importante

saber que há várias maneiras de ordenar os versos de cordel e que cada uma delas

tem uma forma especial de ser cantada. A possibilidade musical deve estar presente

mesmo que o poema seja apenas para ser declamado.

Os versos de quatro sílabas poéticas, as parcelas, como eram chamados foi

inicialmente a forma mais utilizada na poesia de cordel, ditavam um ritmo ligeiro na

cantoria, em seguida evoluíram para cinco sílabas poéticas.

As quadras são estrofes de quatro versos e sete sílabas, pouco utilizadas

atualmente, como esta de 1904: 14.

Na província da Normandia O duque Alberto vivia, Pelo seu nobre caráter O povo muito lhe queria (GAYLEY apud HAURÉLIO, 2010, p. 38)

.

Uma das formas mais comuns na arte de ordenar os versos de cordel é a

“sextilha” (estrofes com seis versos) sete sílabas com esquema rítmico abcbdb, são

as preferidas dos brasileiros, usadas pelos repentistas, conferem beleza e dão

fôlego aos cantadores.

Na província da Normandia, Na remota antiguidade, Viveu o duque Alberto, Cheio de fraternidade, Era ele o soberano De toda aquela cidade (ATHAÍDE apud HAURÉLIO, 2010, p. 38).

“É uma modalidade rica, obrigatória também no início de qualquer cantoria,

assim como nas longas narrativas e nos folhetos de época. Também muito usada

nas sátiras políticas e sociais” (SILVA, 2011, p. 48). A sextilha apresenta várias

combinações de rimas finais, cerca de quatro estilos: rima aberta, rima fechada, rima

solta e rima corrida. Mas o mais usado é o estilo aberto, levado a cabo pelo engenho

dos cordelistas, que criaram novos estilos sobre o que recebeu do estilo europeu, a

exemplo de Silvino Piruá, criador da sextilha com ritmo alegre, atraente e de fácil

leitura. Um exemplo de sextilha de Resende:

E/xis/tia /an/ti/ga/men/te Um /ve/lho /cha/ma/do An/dré, Ca/sa/do, /e a /sua /es/po/sa. Se /cha/ma/va /Sa/lo/mé. Fo/ram /pais /de /dois /fi/lhos, Que /e/ram /João /e /Jo/sé. (RESENDE apud SILVA, 2011, p. 52).

Observa-se, que neste estilo aberto os versos pares rimam (André, Salomé,

José) e os ímpares não rimam (antigamente, esposa, filhos).

Outra forma de composição é a septilha, estrofes de sete versos com sete

sílabas, redondilha maior, ou versos com dez sílabas poéticas. Os cordelistas

preferem os versos de sete sílabas, mas os repentistas preferem os versos de dez

sílabas, que são cantados de duas formas, uma natural, como são usadas nas

sextilhas e outra em que os cantadores cantam dividindo entre eles a mesma

estrofe. O primeiro canta dois versos, o segundo canta outros dois versos, e o que

começou arremata cantando os três últimos versos e assim sucessivamente durante

horas de cantoria, sempre usando a “deixa”.

O quadrão é a estrofe com oito versos (duas vezes quatro). Os três primeiros

versos têm a mesma rima, o quarto e o oitavo verso rimam entre si, o quinto, o sexto

e sétimo versos apresentam também a mesma rima. A décima é a estrofe com dez

versos distribuídos em duas partes, que podem ser uma quadra mais uma sextilha,

ou duas quintilhas. Percebe-se com relativa facilidade a formação da poesia pela

distribuição das rimas em cada estrofe.

A) Décima composta de uma quadra e uma sextilha:

O homem para ser poeta Nem precisa ser letrado; O destino aponta a seta E diz assim: - Meu criado, Nascerão das tuas lavras As bonitas palavras, Das quais serás o senhor. Sempre te acompanharão E te imortalizarão Num reino chamado amor. (WELLINGTON apud SILVA, 2011, p. 94).

B) Décima composta de duas quintilhas:

Sou um sujeito de sorte Não tenho medo de nada Faço aquilo que me agrada, Venho das bandas do Norte. Meus versos são meu suporte, 16. Presto atenção no que digo Quem quiser falar comigo Mande uma mensagem para Moreira de Acopiara, Seu poeta, seu amigo. (WELLINGTON apud SILVA, 2011, p. 95).

As rimas deste poema estão distribuídas de forma que o 1° verso combina

com o 4° e o 5°; o 2° verso combina com o 3°, até aí a primeira quintilha. O 6° e 7°

versos combinam com o 10°; o 8° verso combina com o 9°, esta é a segunda

quintilha, com a distribuição de rimas diferentes da poesia do item a.

A falta de oportunidades do povo nordestino não limita sua população, ao

contrário “supre uma lacuna que a historiografia incipiente não podia preencher que

é levar a literatura a uma população agrária” (HAURÉLIO, 2010, p. 15).

Com admirável destreza o nordestino criou um trabalho artístico diferenciado

das outras regiões do Brasil. O martelo agalopado, uma das modalidades de

cantoria herdada da Europa. Conforme Silva, o nome deriva de um poeta italiano de

Bolonha, Jaime Pedro Martelo. Os seus poemas eram compostos de estrofes de

quatro versos e Silvino Piruá transformou essas quadras em sextilhas como se

conhece hoje, esse belíssimo estilo mergulhou no esquecimento desde o

desaparecimento do professor Jaime Pedro Martelo, em 1727, até que, no finalzinho

do século XIX, Silvino Piruá o adaptou e deu nova vida ao estilo criado pelo

professor (SILVA, 2011, p. 106 e 107).

Desta adaptação, o sertanejo enfatiza os versos decassílabos, com terceira,

sexta, oitava e décimas sílabas fortes, cadenciados na forma de um galope, que

deve ser obedecido por quem canta e por quem lê esses versos em cordéis para

não quebrar a beleza do ritmo. É o que se intui nessa peleja entre Sebastião

Marinho e Andorinha (apud SILVA, 2011, p. 108).

Sebastião Marinho: No martelo eu me sinto um campeão, 17. Pouca gente acompanha o meu traçado, Pois conduzo esse mundo em minhas mãos, Edifico no centro o meu reinado... Nesse campo eu fui, sou e serei fera, Vivo alegre porque ninguém supera Meu martelo de aço temperado. Andorinha: É melhor o senhor tomar cuidado, Pois comigo o negócio é diferente. Cada verso que faço é bem medido, Cada estrofe que canto o povo sente; Minha marca de grande vencedor Desmorona qualquer competidor Que ousar pôr os pés na minha frente. (apud SILVA, 2011, p.108).

O martelo agalopado são versos cantados nas feiras ou em salões de festas.

Há também a embolada, cantada ao som do pandeiro por dois emboladores, que

decoram os versos que vão cantar. O repente é cantado ao som de violas e

prevalece o improviso, isto exige imaginação para formular as estrofes e os versos

para responder ao repentista oponente, com temas que abordam o passado ou a

realidade do momento.

A popularidade da literatura de cordel se deve aos que se empenharam nessa

tarefa de produzi-la e divulgá-la, e o nome que mais se destaca pelo trabalho

executado no início do século XX é o de Leandro Gomes de Barros: foi ele quem

criou a literatura popular escrita no Nordeste.

Apesar de muitos pesquisadores terem afirmado o desaparecimento da

literatura de cordel brasileira, em consequência da evolução dos sistemas de

comunicação, constata-se que esta literatura vem se adaptando a todas as

mudanças.

Hoje em dia a literatura de cordel é considerada um dos elementos de maior

comunicabilidade dos meios populares. Luiz Beltrão, já nos anos 1960, definiu esse

fenômeno como parte do folkcomunicação, isto é, sistemas de comunicação por

meio dos fenômenos folclóricos. Em suma, do povo para o povo. (apud LUYTEN,

p.8)

Quanto aos temas e gêneros da literatura de cordel, podem-se encontrar as

pelejas, os romances históricos, romances de aventuras e as histórias de amor

(EVARISTO, 2003 apud MEYER, 1980), ou ainda as narrativas de acontecimentos

sensacionais e atuais. (EVARISTO, 2003 apud CASCUDO, 1984). De acordo com o

número de páginas, os textos são classificados em: romance (24, 32,48 ou 64),

folheto (8, 16 ou 4) e folha volante (avulsa).

As fontes das histórias narradas nos folhetos podem ser da invenção do

autor, do folclore ou dos poetas que as versificam. Percebe-se que há uma repetição

constante de determinada combinação: um herói, que após muitos obstáculos e

sofrimentos, sempre terá uma recompensa e um final feliz. (EVARISTO. 2003 apud

PROENÇA, 1986).

Nos romances de cordel observa-se a mesma estrutura cíclica. Como no caso

dos romances de José Camelo de Melo Resende, Côco Verde Melancia e O pavão

misterioso, com 32 páginas. Com:

1. uma situação inicial de equilíbrio;

2. a degradação da situação;

3. a constatação do desequilíbrio;

4. a tentativa de resgate do equilíbrio da situação inicial;

5. a volta do equilíbrio inicial.

Constata-se grande presença religiosa na temática desta literatura, explícita

ou implicitamente. Às vezes conservadores em relação a alguns hábitos e costumes,

sobretudo, relacionados aos deveres femininos, ao casamento, à moda etc..

Pra falar da natureza primeiro peço permissão peço luz em meu caminho e a Jesus peço perdão espero a caridade eterna e também a salvação (A natureza, José Severino Cristovão). Tem moça que anda na rua Com o vestido decotado Que quando senta-se no ônibus Fica o homem envergonhado Porque vê os seios dela... Pelas costas vê-se ela Parecendo um boi pelado! (CAVALCANTE,1978 apud EVARISTO, 2003).

Quando se vê um acróstico, geralmente no fim do poema, com as iniciais do

nome do autor, pode-se depreender da necessidade de assegurar o direito à autoria.

Contudo antigamente não se tinha esta percepção, o que era mais importante era o

nome do editor, aquele que distribuía e vendia os folhetos. (LUYTEN, 2005, p.60).

Mineira já foi comida Almoçaram todos lá Xaxando nessa fazenda Após todos vaquejar Deixaram dela um bife O poeta comeu a fartar (NORDESTINO,1976, apud EVARISTO, 2003).

Como estratégia de prender o leitor para a leitura de outro livreto, o poeta não

o termina. Convida-o a acompanhar a saga de algum personagem como em “o rei

do cangaço” ou outra narrativa similar:

Logo que se for julgado Farei tudo versejado (CAVALCANTE, 1959, apud EVARISTO, 2003). Aguardem a continuação deste folheto: ROMANCE DO VAQUEIRO MARCIANO DA ÉGUA (NORDESTINO, 1976 apud EVARISTO, 2003).

O cordel no Brasil

Nossos primeiros colonizadores foram os primeiros a trazerem o folheto de

cordel, que já era presente em Portugal, em fins do século XVI, junto a ela vieram

artistas e poetas que desenvolveram uma literatura oral, seguindo os moldes da que

existia na terra de Camões.

Neste período nossa população era constituída em sua maioria por pessoas

iletradas, que não podiam se apoiar no texto escrito, dependiam exclusivamente da

capacidade de memorizar. Por esta razão os cordéis escritos em prosa não se

difundiram. Todos os traços peculiares da poesia: rimas, ritmo, repetições e

musicalidade favoreciam o ouvinte a decorar o texto.

Somente depois de três séculos surge os primeiros folhetos produzidos pelos

nossos próprios artistas. As paisagens e personagens europeias foram substituídas

por cenários e tipos brasileiros, os nobres pela figura do patrão ou do rico

fazendeiro, cuja filha equiparava-se à cobiçada princesa. E, no lugar do valente

cavaleiro, entrou o vaqueiro destemido, viril e corajoso lutando pelo amor da

inacessível donzela.

Nosso cordel criou uma imensa quantidade de histórias originais, tecidas com

elementos inteiramente ficcionais, baseadas ora no nosso próprio folclore, ora na

capacidade de fabulação de nossos artistas. Explorou acontecimentos e feitos

relativos a grandes personagens da nossa história. Personalidades como Antonio

Conselheiro, o líder de Canudos; Lampião, rei do cangaço; o padre Cícero Romão,

“Padim Ciço”; o presidente Getúlio Vargas, ou, mais recentemente, Tancredo Neves.

O nordestino é um povo alegre, apesar de todas as dificuldades que enfrenta

em seu cotidiano, encontra no prazer de ouvir e contar histórias, o prazer de se ver

nelas, cada um pode ser o protagonista de tantos causos, fatos, acontecimentos ou

apenas espectador da vida.

Método Recepcional

Compreendendo o texto literário como um ato de recepção, Jauss (1994),

partindo da necessidade de unir a história e a estética, dá ao leitor o status de

elemento principal da Estética da Recepção, aquele que atribui sentido ao texto a

partir de suas experiências de vida. Seu horizonte de expectativas (conhecimento

prévio) vai sendo acrescido a cada nova leitura, quanto maior o desafio de

compreender a obra, maior será seu valor emancipatório. Este método é articulado

dentro das etapas:

1- Determinação do horizonte de expectativas;

2- Atendimento do horizonte de expectativas;

3- Ruptura do horizonte de expectativas;

4- Questionamento do horizonte de expectativas;

5- Ampliação do horizonte de expectativas.

Ao final das etapas o aluno terá uma leitura mais exigente que a da fase

inicial, tanto em termos estéticos e ideológicos, fundamentando-se num movimento

espiral, procurando novas leituras necessárias para que o aluno leia textos de forma

significativa, posto que a literatura de cordel seja uma forma de cultura popular que

nunca se deteriora, devido ao fato de ser escrita em forma poética e ser escrita para

ser declamada.

Este gênero possibilita o desenvolvimento de todas as práticas discursivas:

leitura, oralidade, escrita e reflexões linguísticas decorrentes de sua composição.

Cordelizando

Como era previsto na primeira semana do mês de fevereiro ocorreu a

socialização do projeto O mundo imaginário do cordel para a comunidade escolar

e aos alunos do 6° Ano “A” do ano letivo de 2.014.

Como forma de motivar os alunos para os futuros trabalhos produziu-se um

desenho, que fez parte da abertura de um caderninho encapado com TNT marrom,

tendo o título do projeto O mundo imaginário do cordel na capa e com o desenho

de cada um. Muitos demonstraram desconhecimento da região, a maioria desenhou

cactos, animais mortos e carcaças de animais, pessoas raquíticas, de aparência

triste. Percebe-se que os aspectos negativos são marcantes no imaginário em

relação ao lugar e essa negatividade se estende à cultura. E foi para iniciar a

desconstrução dessa visão simplista que esse trabalho foi desenvolvido.

Sabendo que o ato de contar histórias sempre existiu, desde a Idade Média

através dos camponeses, que detinham o conhecimento das tradições de seu lugar,

do marinheiro, que trazia de suas viagens experiências trazidas dos lugares por

onde passava. Este narrador anônimo transmitia um ensinamento moral, um

provérbio, uma sugestão prática, uma norma de vida. (EVARISTO, 2003 apud

BENJAMIN, 1994). Apresentei aos alunos textos diversos: quadrinhas, parlendas,

contos, fábulas, provérbios, poemas, causos, etc., para que respondessem aos

questionamentos: Quais seriam considerados literatura popular? Por quê? Poderiam

ser reconhecidos por outras pessoas de outras regiões de nosso país e por quê? O

que me pareceu uma aula simples, de discussões sobre Cultura Popular, por fazer

parte de suas vivências, de seus repertórios, de suas memórias e oralidade; tornou-

se um momento para descobertas de outros conhecimentos.

Ao falar sobre Autos da Idade Média, surgiram muitas indagações, o que

levou a um trabalho extraclasse, que foi abordado na aula seguinte, trouxe muitos

temas que foram discutidos, sobre os costumes, religiões e cultura.

Dentre os temas discutidos o que chamou a atenção e gerou polêmica foi

uma pesquisa sobre a Idade Média. Os alunos ficaram empolgados em saber como

era a condição da mulher naquela época e começaram a estabelecer comparações

sobre os dias de hoje.

Este foi o primeiro passo para adentrar no mundo imaginário do cordel,

levando-os a reconhecer elementos semelhantes com as produções artísticas de

épocas distantes, que se perpetuaram através de poetas, artistas, trovadores,

menestréis, que nos remetem ao passado e levam-nos a repensar no presente.

Num processo de intertextualidade os alunos tiveram contato com um recorte

do filme Auto da Compadecida e um trecho da obra de Ariano Suassuna, onde é

descrita a cena em que o personagem João Grilo pretende enganar a mulher de um

padeiro, que estava triste devido à morte de sua cachorra, vendendo a ela um gato

que, segundo ele, que “descome” dinheiro. Esse recorte foi uma motivação para a

leitura e a interpretação crítica do cordel: O cavalo que defecava dinheiro de

Leandro Gomes de Barros, a leitura foi divertida e agradável, as primeiras

observações relacionaram-se ao tamanho dos livretos, sua composição, os

desenhos, a linguagem, além do fato de serem lidos oralmente. Percebendo as

singularidades existentes entre os textos e os personagens. A partir deste momento

discutiu-se sobre as atitudes e defeitos humanos.

Em meio a estas ressalvas surge a pergunta: O que é cordel? Embora já

tenham visto através da mídia televisiva esta palavra, não conheciam a literatura de

cordel. Não lhes dando a resposta, mas fazendo-os levantar hipóteses a partir das

atividades anteriores conseguiram escrever um acróstico com a palavra cordel. Para

adquirirem mais conhecimentos assistiram ao vídeo: O que é literatura de cordel?

Do escritor César Obeid, paulista, que aprendeu a fazer versos, contar histórias,

fazer improvisos e muito tem a ensinar.

Outros autores foram pesquisados, suas biografias, suas produções, como:

Silviano Pirauá de Lima, José Pacheco da Rocha, José Camelo de Melo Resende,

João Melchíades da Silva, Leandro Gomes de Barros, Manoel D’Almeida Filho, Luiz

de Lira, Rodolfo Coelho Cavalcante, Patativa do Assaré; cada grupo de alunos

apresentou sua pesquisa para a sala.

Compondo este cenário de informações e de conhecimentos novos,

desenvolvemos uma atividade criativa e artística, as “isogravuras”, usando bandejas

de isopor para imitar as xilogravuras.

A próxima atividade desenvolvida foi a utilização das rimas e o aprendizado

da métrica utilizada para a produção de uma estrofe em sextilha, com seis versos,

onde cada um tem o mesmo número de sílabas poéticas e as rimas ocorrem nos

versos pares. Buscando no imaginário popular de acontecimentos inusitados,

ocorreu o relato de um fato conhecido como “O Capa Preta”. Ao iniciar esta atividade

surgiram muitas dificuldades, houve a necessidade de promover uma produção

coletiva, sendo feito um cordel da fábula O pastor e as ovelhas para que facilitasse

em suas produções individuais, contudo, ao iniciar os trabalhos, percebi que não

estava obtendo sucesso na tarefa, propus fazerem em grupo. Os cordéis ficaram

prontos, realmente a produção é uma etapa que merece muita atenção e tempo para

desenvolver no aluno o gosto e o prazer de poetizar.

Paralelamente à produção deu-se a leitura do cordel: A peleja do Cego

Aderaldo com Zé Pretinho, de autoria de Firmino Teixeira do Amaral, neste texto há

um duelo entre os personagens, onde cada um conta suas vantagens. Além da

leitura assistiram ao vídeo desta e outras pelejas e também algumas emboladas.

Intuindo para as características destes gêneros, que sempre existiram em épocas

passadas, obras de diversos tipos de artistas: trovadores, jograis, menestréis, que

eram cantores ou poetas andarilhos, que combinavam poesia, música, mímica e

drama, levando muita diversão e informação para o povo, aos nobres e reis em suas

viagens de cidade em cidade, de corte em corte.

Anterior à leitura do romance de cordel: Pavão Misterioso de autoria de José

de Melo Resende, assistiram a vídeos dos folhetos: “A moça que dançou depois de

morta”, “O casamento do Curió” de José Francisco Borges e “Cabra da peste” de

Patativa do Assaré. Estes fizerem com que os alunos procurassem por outros no

youtube porque gostaram muito.

Inicia-se a leitura do cordel: Pavão Misterioso, já pela capa do livreto, surge

indagações sobre o título, o casal e o enredo, que está por vir. Romance este que

narra a história de dois irmãos, João Batista e Evangelista, muito bem situados

economicamente e que vivem juntos na Turquia, até que um deles resolve conhecer

terras distantes. Este passa por vários países e chega à Grécia. Lá, ouve falar da

história de um conde que tem uma filha belíssima, Creusa, mas a esconde de todos.

João Batista fica fascinado pela história e permanece ali, até que a moça cumpra o

ritual de aparecer uma vez por ano em público, vindo ao balcão da janela do

sobrado onde mora. Este fato para ele seria algo realmente diferente para contar ao

seu irmão, quando regressasse. Depois de sua aparição, comprou um retrato da

moça feito por um fotógrafo e deu a seu irmão, quando retornou a Turquia.

A curiosidade esteve presente durante toda a narrativa, estudou-se sua

estrutura, elementos geográficos, seu desfecho, se havia semelhança com outras

histórias de amor.

Surgindo neste momento as marcas de interdiscursividade presente no texto.

Para alimentar a imaginação ouviram a canção de Ednardo “Pavão

Mysteriozo”

Pavão misterioso, pássaro formoso, tudo é mistério nesse teu voar Ah, se eu corresse assim, tantos céus assim Muita história eu tinha pra contar. (...)

Para encerrar o projeto houve comentários sobre as várias histórias de cordel

lidas, neste romance O Pavão Misterioso estabeleceram comparações com outras

histórias de amor da literatura e curiosamente sobre o fato de que a jovem

apaixonada sempre foge. Foi feito um grande painel com os trabalhos realizados.

Considerações Finais

Com o objetivo de tornar nossa prática mais eficiente, dando aos alunos

oportunidade de alcançarem êxito na aprendizagem de forma a alterar seus

comportamentos e compreensão de mundo como sujeitos críticos, conscientes e

atuantes, o trabalho com a literatura de cordel pode ser efetivado em qualquer série,

pois está tão ligado à Cultura Popular do imaginário de cada um.

O leitor terá maior disposição à leitura ao reconhecer-se no texto lido. A

literatura é o encontro com o outro, com os mundos possíveis, é a arte da palavra

escrita, recriação da realidade, sob o olhar de quem escreve e de quem vai ler esse

mesmo texto em outros espaços e outros tempos, de modo diverso do autor que o

escreveu, pois o texto ganha vida própria.

Em todas as práticas promovidas durante a implementação do Projeto de

Intervenção Pedagógica O mundo imaginário do cordel buscou-se a promoção e

valorização desta literatura de cordel. Com certeza este trabalho foi o marco inicial

para futuras abordagens e futuras leituras, pois este gênero constitui-se em fonte

riquíssima e inesgotável para o aprendizado escolar.

Como apregoa o Método Recepcional um movimento espiral, de contínuo

reinicio, foi apresentado aos alunos a obra do grande poeta Patativa do Assaré:

Cante lá, que eu canto cá.

Referências

SUASSUNA, Ariano, 1927- Auto da Compadecida. 14. ed., Rio de Janeiro: Agir, 2004. BORDINI, Maria Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de. Literatura: a formação do leitor - alternativas metodológicas. 2. ed., Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. SOUSA, José Ednardo Soares Costa. Pavão Mysteriozo. Intérprete: Ednardo. In: EDNARDO. O Romance do Pavão Mysteriozo. Sony Music, p1974. 1CD. Faixa12. EVARISTO, Marcela Cristina. O cordel em sala de aula. In: BRANDÃO, Helena Nagamine. Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político e divulgação científica. 4. ed. São Paulo: Cortez,2003. HAURÉLIO, Marco. Breve história da literatura de cordel. São Paulo: Claridade, 2010. LUYTEN, Maria Joseph. O que é literatura de cordel. São Paulo: Brasiliense, 2005. SILVA, Gonçalo Ferreira da. Vertentes e evolução da literatura de cordel. Brasília: Ensinamento, 2011. SILVA, João Melquíades Ferreira. Feira de Versos. João Melquíades F. da Silva, Leandro Gomes de Barros, Patativa do Assaré. São Paulo: Ática, 2007.