os desafios da escola pÚblica paranaense na … · violência em sala de aula como consequência...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO- PDE
UNIDADE DIDÁTICA
Professora – PDE: Herti Francisca Rodrigues de Campos
Orientadora: Profª Janira Siqueira Camargo
MARINGÁ
2013
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
MATERIAL DIDÁTICO PEDAGÓGICO - PDE UNIDADE DIDÁTICA
Material elaborado como parte integrante do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá, como requisito para o desenvolvimento das atividades propostas para o período 2013/2014. Sob a orientação da Professora Janira Siqueira Camargo
Professora – PDE: Herti Francisca Rodrigues de Campos Orientadora: Janira Siqueira Camargo
MARINGÁ 2013
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
Ficha para identificação
Produção Didático-pedagógica
Turma 2013
Título: Violência em sala de aula como consequência do cyberbullying.
Autor: Herti Francisca Rodrigues de Campos.
Disciplina/Área Pedagogia
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Vital Brasil
Ensino Fundamental e médio
Rua: Marechal Deodoro, Nº 865 Zona-07
CEP: 87.030- 020.
Município da escola: Maringá Paraná
Núcleo Regional de
Educação:
Maringá
Professor Orientador: Janira Siqueira Camargo.
Instituição de Ensino Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Superior:
Relação Interdisciplinar:
Resumo:
Nesta unidade didática pretende-se discutir e
aprofundar estudos relacionados à indisciplina e
violência em sala de aula como consequência do
cyberbullying. Esta pesquisa exploratória, de
cunho bibliográfico, também aprofundará aspectos
teóricos acerca da violência em sala de aula,
compreender o cyberbullying e sua relação com a
indisciplina e a violência em sala de aula, organizar
materiais diversos para realizar curso de extensão
junto aos professores do Colégio Estadual Vital
Brasil onde o objeto de estudo está identificado.
A temática proposta aproveitará o espaço de
estudos para refletir e organizar de forma coletiva
possibilidades de superação do desafio apresentado
a partir da realidade existente. A pesquisa se
referencia em diversos estudiosos conhecedores
do tema estudado.
Palavra-chave
Indisciplina; Violência; sala de aula;
Cyberbullying; Professores.
Formato do Material
Didático:
Unidade Didática
Público:
Professores do Colégio Estadual Vital Brasil e
demais Professores da Rede Estadual de Ensino
interessados no curso.
APRESENTAÇÃO
O presente projeto tem como tema a violência e o cyberbullying dentro da ambiência
escolar, para que possamos encaminhar reflexões inerentes aos temas elencados acima,
faremos leituras de alguns estudiosos que também se preocuparam com esses assuntos. No
decorrer do projeto também retrataremos sobre a indisciplina em sala de aula, haja vista
que esse tema está interligado com violência escolar e cyberbullying.
Sabemos que a indisciplina atrapalha a todos dentro do processo ensino aprendizagem, ou
seja, o aluno indisciplinado atrapalha a si próprio, outros colegas da turma e o professor
que não consegue realizar o seu trabalho. Se o aluno traz para a sala de aula: celulares,
tablets e acessa a internet nesses aparelhos de forma indiscriminada, sem a autorização de
seu professor e fora de um contexto, isso vai gerar indisciplina, pois esse aluno não está
respeitando o seu professor e pior, não está realizando as atividades propostas pelo mesmo.
Sendo assim temos que entender o que leva esse educando a realizar tal coisa dentro da
sala de aula, haja vista que já conhece as normas de seu estabelecimento de ensino.
Segundo Rego (1996), é possível afirmar que o comportamento indisciplinado de um
indivíduo será construído dependendo de suas experiências, da sua história educativa, do
grupo social em que está inserido e de sua época histórica.
Ninguém nasce rebelde ou disciplinado já que essas características não são inatas e nem
“todo adolescente será necessariamente indisciplinado”, por outro lado, diferentemente das
ideias no meio educacional, o comportamento indisciplinado não resulta de fatores isolados
(por exemplo: educação familiar, falta de autoridade do professor, violência da sociedade
atual, televisão e mídia em geral, internet etc.). Mas sim, da multiplicidade de influências
que recaem sobre a criança e adolescentes ao longo de seu desenvolvimento, e que, suas
interações sociais, recebem influências dos diferentes elementos (entendidos como
importantes mediadores) que compõem esse grupo: pais, mães, irmãos, primos, avós,
vizinhos, colegas de escola, amigos, professores, e outros adultos. Importante frisar que a
educação tem um papel crucial sobre o comportamento e o desenvolvimento de funções
psicológicas complexas, como agir de modo consciente, deliberado, de autogovernar-se
(aspectos diretamente relacionados à disciplina). Então, conforme Rego (1996), o
comportamento indisciplinado é aprendido.
OBJETIVO GERAL
Aprofundar os estudos relacionados ao tema violência em sala de aula como consequência
do cyberbullying.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Aprofundar teoricamente acerca da violência em sala de aula;
• Compreender o cyberbullying e sua relação com a violência em sala de aula;
• Organizar materiais diversos (vídeos, músicas, textos, etc.) para as
atividades que serão realizadas no curso de extensão junto aos professores do
Colégio Estadual Vital Brasil.
MATERIAL DIDÁTICO
Textos para fundamentação teórica.
CRONOGRAMA
1º Encontro (4 horas)
• Apresentação dos participantes e do professor PDE.
• Apresentação do projeto de Intervenção Pedagógica na escola
2º Encontro (4 horas)
• Conhecendo os pré-conceitos do grupo sobre a temática.
• Texto 1: A indisciplina e novas abordagens no contexto escolar.
3º Encontro (4 horas)
• Texto 2: Indisciplina x violência: Ação e reação destes fenômenos no
ambiente escolar.
• Vídeo 1: Meninas Malvadas. Direção: Mark Waters, Ano: 2003, Atores principais:
Lizzi Caplan, Daniel Franzese, Cady Heron, Rachel McAdam e Tina Fey. Sinopse:
o vídeo: Conta a história de Cady Heron (Lindsay Loran) é uma garota que cresceu
na África e sempre estudou em casa, nunca tendo indo a uma escola. Após retornar
aos Estados Unidos com seus pais, ela se prepara para iniciar sua vida de estudante,
se matriculando em uma escola pública. Logo Cady percebe como a língua
venenosa de suas novas colegas pode prejudicar sua vida e, para piorar mais sua
situação, Cady se apaixona pelo garoto errado. O filme aborda, sobre a violência
em sala de aula ou no espaço escolar.
4º Encontro (4 horas)
• Texto 3: Bullying: Como lidar com esse fenômeno no espaço escolar e
como preveni-lo:
• Vídeo 2: Ponte para Terabítia. Direção: Gabor Csupo, Ano: 2007, Atores
principais: Jess Aarons, Leslie Burke, Deschanel, Robert Patrick. Sinopse: o vídeo:
Retrata a vida de Jess Aarons (Josh Hutcherson) sente-se um estranho na escola e
até mesmo em sua família. Durante todo o verão ele treinou para ser o garoto mais
rápido da escola, mas seus planos são ameaçados por Leslie Burke (Anna Sophia
Robb), que vence uma corrida que deveria ser apenas para garotos. Logo Jess e
Leslie tornam-se grandes amigos e, juntos, criam o reino secreto de terabítia, um
lugar mágico onde apenas é possível chegar se pendurando em uma velha corda,
que fica sobre um riacho perto de suas casas. O filme fala sobre as brincadeiras de
mau gosto que acontecem na escola. Disponível em: megafilmeshd.net/ponte-para-
terabítia/
5º Encontro (4 horas)
• Texto 4: Cyberbullying e novos paradigmas, para preveni-lo na sala de aula
e no espaço escolar.
6º Encontro (4 horas)
• Texto 5: Papel do professor e da escola frente à violência que gera o
cyberbullying.
Vídeo: Escritores da Liberdade. Direção: Richard Lagravenese, Ano: 2007, Atores
principais: Hilary Swank, Patrick Dempsey. Sinopse: O filme "Escritores da Liberdade"
(Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de uma forma comovente e instigante, o desafio da
educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme se inicia com uma
jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em uma
instituição de "ensino médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma
turma de adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues. Ao
perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve
adotar novos métodos de ensino, ainda que sem a concordância da diretora do colégio.
7º Encontro (4 horas)
• Texto 6: SANTOMAURO, Beatriz. Cyberbullying: Combater essa
Violência passa pela escola. Revista Nova Escola. ano xxv, nº 233, junho/julho
2010,( p. 66-73.)
Vídeo: Um Grande Garoto. Dirigido: Pelos irmãos Chris e Paul Weitz, Ano: 2002 Atores
principais: Hugh Grant, Toni Collette, Nicholas Hoult. Sinopse: Will Freeman (Hugh
Grant) é um homem na faixa dos trinta anos metido a galã que inventa ter um filho apenas
para poder ir às reuniões de pais solteiros, onde tem a oportunidade de conhecer mães
também solteiras. Will sempre segue a mesma tática: vive com elas um rápido romance e
quando elas começam a falar em compromisso ele acaba o namoro. Até que, em um de
seus relacionamentos, Will conhece o jovem Marcus (Nicholas Hoult), um garoto de 12
anos que é completamente o seu oposto e tem muitos problemas em casa e na escola. Com
o tempo Will e Marcus se envolvem cada vez mais, aprendendo que um pode ensinar o
outro. Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/grande-garoto/gênero drama.
8º Encontro (4 horas)
Nesse encontro os professores participantes, juntamente com a professora PDE,
farão uma avaliação do trabalho desenvolvido no decorrer do curso, tendo por base
as leituras realizadas, os materiais utilizados e as discussões efetuadas.
ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Essa unidade temática será fundamentada nos estudos do Projeto de Intervenção
Pedagógica e os conteúdos deste material didático serão apresentados, por meio de
encontros que contemplem a temática abordada. Desenvolveremos o estudo de cada
tema, utilizando textos que terão a finalidade de fundamentar a discussão dos conteúdos.
Utilizaremos recursos tecnológicos como: TV pendrive, computadores, projetor de
imagens, dentre outros, com o objetivo de mediar o estudo dos temas abordados.
Aos professores da Escola Estadual Vital Brasil, os conteúdos serão desenvolvidos por
meio da oferta de curso de extensão universitária com duração de 32 horas, subdividido em
8 encontros de 4 horas cada. Aos demais profissionais da educação interessados em
conhecer o trabalho desenvolvido será aberto no ano de 2014 o grupo de trabalho em rede
(GTR), que é disponibilizado pela SEED/PR, através do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE).
Os materiais selecionados para o curso de extensão visam discutir junto aos professores
as causas relacionadas á violência em sala de aula e Cyberbullying, suas consequências
no ambiente escolar e como auxiliá-los em relação à prevenção. Com as discussões, os
participantes terão a oportunidade de repensar essa violência tecnológica, que tanto tem
influenciado a rotina de alguns alunos e prejudicado suas vidas tanto emocional quanto
fisicamente.
TEXTO 1: A INDISCIPLINA E NOVAS ABORDAGENS DENTRO DO
CONTEXTO ESCOLAR
Rego (1996) define indisciplina, explicando que podemos entendê-la de muitas formas, ou
seja, o conceito de indisciplina não é estático, ele está sujeito a inúmeras interpretações.
A indisciplina é um fenômeno com várias interpretações: O próprio conceito de indisciplina, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma mesma camada social ou organismo. (REGO, 1996, p. 84)
No plano individual a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das
vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicados. Como decorrência, os
padrões de disciplina que pautam a educação das crianças e jovens, assim como os critérios
adotados para identificar um comportamento indisciplinado, não somente se transformam
ao longo do tempo como também se diferenciam no interior da dinâmica social.
Segundo Rego (1996, p. 85), no dicionário o termo disciplina pode ser definido como:
Regime de ordem imposta ou livremente consentida. Ordem que convém ao funcionamento regular de uma organização (militar, escolar, etc.). Relações de subordinação do aluno ao mestre ou instrutor. Observância de preceitos ou normas. Submissão a um regulamento. Disciplinar compreende o ato de “sujeitar ou submeter à disciplina: disciplinar uma tropa. Fazer obedecer ou ceder; acomodar, sujeitar; corrigir: Procurou disciplinar os instintos selvagens da criança”. Já o termo indisciplina refere-se ao “procedimento ato ou dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião.”
Rego (1995) afirma que outro aspecto capaz de influenciar significativamente o processo
educativo desenvolvido na instituição escolar diz respeito à visão dos diferentes elementos
da comunidade escolar (professores, técnicos, pais e alunos) sobre as causas da
necessidade de identificar, principalmente, os pressupostos subjacentes às explicações
geralmente manifestas pelos educadores, que acabam por revelar, ainda que de maneira
implícita, determinadas visões sobre o processo de desenvolvimento e aprendizagem do
indivíduo e, como decorrência, o papel desenvolvido pela escola.
Nesse sentido é importante afirmar que o diálogo, o respeito e a liberdade de expressão
podem ser um grande aliado na relação professor aluno e na relação aluno- aluno, onde
alunos e professores são atores que convivem no dia-a-dia e que precisam ter essa troca de
experiência onde um aprende com o outro no ambiente escolar. É necessário ter claro que o
professor é responsável pelo conhecimento, portanto ele é o disciplinador é aquele que
educa, oferece parâmetros e estabelece limites dentro da sala de aula.
Segundo Giglio (1996) existem várias causas que podem dar diferentes origens ao
comportamento indisciplinado, e a injustiça entre os jovens tem sido a mola propulsora
desse estopim. Alguns alunos se sentem descontentes e não aceitam as regras impostas, e
quando se exige que respeitem regras se acham injustiçados e tendem a se defender de
forma explosiva e, muitas vezes, cometem situações de agressão física a outrem.
Giglio (1996, p. 187) explica que:
As manifestações do sentimento de injustiça na escola, do tratamento desigual diante do que é aceito como plausível ou correto, iniciam, no indivíduo ou grupo, uma reação em cadeia que os coloca em pleno estado de defesa de si, de suas razões; a desobediência e o comportamento apaixonado predomina, ainda que por alguns momentos sobre qualquer conduta racional.
Como profissionais da educação, devemos deixar claro para nossos alunos, que a escola é um
espaço de convivência e que todos que permeiam esse espaço precisam respeitar o
administrador da escola, pedagogos, professores e funcionários, pois eles são autoridade do
meio educacional. Mas, para que os alunos tenham consciência, é necessário ter a noção de
justiça relacionada com o significado da noção de lei e autoridade. Os profissionais da
educação precisam ouvir os alunos que se acham vítimas de injustiças no interior da escola e
com isso realizar procedimentos que possam instaurar e verificar o acontecido com seriedade
e tomadas de decisão sobre melhores condições de olhar o outro com afeto e solidariedade.
Por isso, propomos aos educadores, pedagogos que montem, juntamente com os alunos,
assembleias, para estudos que esclareçam essa autoridade e o respeito com todos.
É preciso que como profissionais da educação, possamos buscar novas formas de
conhecimento por meio de cursos, palestras e leituras diversas. E com esses estudos e
experiências diferentes, nos capacitarmos para compreendermos esses momentos de trocas
de aprendizado. E assim, desenvolvendo em nossa prática com os alunos os valores da
tolerância e da solidariedade e que os alunos também possam ser respeitados cada um em
sua individualidade. Acreditamos que só assim construiremos novos rumos na escola.
REFERÊNCIAS
GIGLIO, Célia M. Benedicto. A violência escolar e o lugar da autoridade: encontrando
soluções partilhadas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p.183-199.
REGO, Teresa Cristina R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na
perspectiva vygotskiana. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na Escola:
alternativas teóricas e práticas. 12ª edição. São Paulo: Summus, 1996, p.83-101.
REGO, Teresa Cristina R. A origem da singularidade humana na visão dos educadores. In:
OLIVEIRA, M. K. (org.). Implicações pedagógicas do modelo histórico cultural.
Cadernos CEDES. Campinas: Papirus, n. 35, 1995, p. 70-93.
TEXTO 2: INDISCIPLINA X VIOLÊNCIA: AÇÃO E REAÇÃO DESTES
FENÔMENOS NO ESPAÇO ESCOLAR
Para Guimarães (1996) percebe-se a necessidade de refletir como a escola, enquanto
espaço de violência e de indisciplina, é percorrida por um movimento ambíguo: de um
lado, pelas ações que visam ao cumprimento das leis e das normas determinadas pelos
órgãos centrais, e, de outro, pela dinâmica dos seus grupos internos que estabelecem
interações, rupturas e permitem a troca de ideias, palavras e sentimentos numa fusão
provisória e conflitual. É preciso ter clareza que a instituição escolar não pode ser vista
apenas como reprodutora das experiências de opressão, de violência de conflitos, advindos
do plano macroestrutural.
“É interessante argumentar que, apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural,
as escolas também produzem sua própria indisciplina” diz Guimarães (1996, p.77). Daí a
importância de todos os agentes envolvidos na escola procurarem meios de investigar as
causas dessa violência e, juntamente com o colegiado da escola, montar grupos de estudos
relacionados com o tema indisciplina e violência, para amenizar as situações de conflitos
no espaço escolar através da prevenção, haja vista que precisamos buscar ambientes
agradáveis dentro da sala de aula e no espaço escolar.
Segundo Guimarães (1996), para podermos dar conta de alguma forma de violência e de
indisciplina, que dinamizam a vida cotidiana da escola, é preciso apreender, na
ambigüidade desses fenômenos, seus modos específicos de manifestação. Não é meu
objetivo valorizar esteticamente a violência, nem defender uma escola sem regras, mas
apontar a existência de uma lógica interna aos fatos, para encontrarmos alternativas
pedagógicas de negociação com os conflitos.
E é nesse momento que percebemos a importância do papel do professor como mediador
dessa situação posta na escola, e aí que entra o papel do professor e da equipe da escola, a
partir de grupos de estudos em sala de aula, organizando normas e acordos que possam
viabilizar, junto aos alunos, trocas de informações inerentes ao tema abordado, valorizando
a convivência, a tolerância e o respeito entre todos no espaço escolar e na sala de aula.
Segundo Guimarães (1996), assim como a escola tem esse poder de dominação que não
tolera as diferenças, ela também é recortada por formas de resistência que não se
submetem às imposições das normas do dever-ser.
Compreender esta situação implica em aceitar a escola como um lugar que se expressa
numa extrema tensão entre forças antagônicas. Mas na realidade a sala de aula é o espaço
onde agrupam diferentes pessoas, com pensamentos, atitudes, gostos, crenças enfim
pessoas advindas de famílias diferentes, logo as situações de trocas de experiências
acontecem e, portanto, precisam de interferência de um adulto que esteja preparado para
fazer a intervenção. Pensando nessa intervenção é necessário que os professores trabalhem
com textos, filmes e músicas, para trocar experiência e discutir o tema violência,
permitindo compreender algumas situações de conflitos, debatendo juntos aos alunos
formas de diminuir a violência exagerada que existe na sala de aula hoje.
Guimarães (1996) afirma que, o tema autoridade e autonomia nas relações entre
professor e aluno, nos reporta para o passado, quando seriedade, dedicação e respeito
existiam no espaço escolar, professores eram valorizados e os alunos procuravam atender
às expectativas do professor para não ficar para trás na aprendizagem. Os profissionais de
hoje tem se deparado, com situações de muita violência em sala de aula com grande
preocupação por todos da escola. No ambiente escolar cada vez mais os profissionais da
educação tem perdido a autoridade ao tentar, junto de seus alunos, fazer com que percebam
que essa violência é totalmente prejudicial. Que os alunos precisam ficar na escola por
interesse e vontade própria e que confiem no professor. O professor deve mostrar que está
ali para ensinar os conhecimentos e que essa é a única forma para que os alunos dominem
a aprendizagem.
Compreender quem somos, é necessário rememorar, é dar sentido e valorizar a profissão
do professor, é buscar solidificar o que existiu e garantir a sustentabilidade e
continuidade no nosso fazer pedagógico na escola.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, Áurea M. Indisciplina e violência: a ambiguidade dos conflitos na escola.
In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e
práticas. 12ª edição. São Paulo: Summus, 1996, p. 73- 81.
GUIMARÃES, Áurea M. Autoridade e tradição: as imagens do velho e do novo nas
relações educativas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p. 169-182.
TEXTO 3: BULLYING X AMBIENTE ESCOLAR
Fante (2010, p.14.). afirma que “Bullying é um conjunto de atitudes agressivas,
intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais
alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento.”
Muitas vezes, o aluno que agride é vítima de um contexto familiar agressivo, tendo a
violência como modelo e referência de relacionamento. Na maioria das vezes, as situações
de bullying trazem como protagonistas crianças e adolescentes do sexo masculino, o que
nos remete a uma questão de gênero, tão marcada em nossa história e cultura em que os
meninos são definidos como o sexo forte e na qual afirmar a própria virilidade implica o
exercício de algum tipo de poder. Esse poder se expressa, muitas vezes, através da força
física, da agressão e das conquistas heterossexuais.
O bullying é uma violência silenciosa, por isso é preciso que seja olhado não mais como
um comportamento comum e inofensivo entre estudantes, mas como um fenômeno
silencioso e violento que pode deixar marcas irreversíveis no psiquismo de indivíduos
muito jovens. Ainda segundo Fante (2010, p. 14.).
Estudos no mundo todo mostram que, se o bullying não for contido em indivíduos ainda jovens, pode se instalar como um comportamento aceitável e utilizado na resolução dos conflitos na vida adulta, levando-os a atitudes cada vez mais violenta. É preciso criar uma cultura contra o bullying e não contra os bullies. Afinal, estes também são, em sua essência, resultado de um contexto de violência e, portanto, vítimas. A educação não é o único caminho para o combate ao bullying, mas é, sem dúvida, o mais importante, tanto pelo seu papel formador como pelo poder multiplicador que possui.
Por isso, é preciso discutir amplamente o bullying na escola, por ser um problema que
pode ser prevenido, atenuado e até evitado por todos os profissionais envolvidos na escola.
Silva (2010) diz que bullying é uma palavra ainda pouco conhecida do grande público.
De origem inglesa e sem tradução ainda no Brasil, é usada para qualificar comportamentos
violentos no âmbito escolar, tanto de meninos ou de meninas. Entre esses comportamentos
podemos elencar as agressões, os assédios e as ações vexatórias e desrespeitosas, e todos
são atos intencionais por parte dos agressores.
É necessário salientar que as atitudes tomadas pelos agressores contra um ou mais
estudantes, não tem motivação específica ou que justifique tal atitude, ou seja, acontece de
maneira quase “ natural,” deixando claro que os mais fortes, usam os mais frágeis como
objeto de brincadeiras, com intenção de diversão e prazer, e com a função de maltratar, e
amedrontar, intimidar e humilhar suas vítimas.
Com certeza esses elementos, que constrangem a pessoa, é o que produz, alimenta e até
perpetua muita dor e grande sofrimento nos alunos vitimados. O abuso de poder, a
intimidação e a prepotência são algumas das estratégias adotadas pelos praticantes de
bullying (os bullies) para impor autoridade e manter suas vítimas sob total controle.
Temos diversas formas de bullying: geralmente as práticas de bullying podem se
configurar em formas diretas ou indiretas. Raramente a vítima de bullying recebe apenas
um tipo de maus -tratos, quando eles acontecem. São comportamentos agressivos,
desrespeitosos e os bullies costumam andar em grupos. E com certeza essas atitudes
maldosas contribuem não somente para exclusão social e sim para muitos casos de evasão
escolar, e isso pode acontecer nas mais variadas formas. Vejamos a seguir algumas formas
de como o bullying pode acontecer:
• verbal: insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos
pejorativos;
• físico e material: bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar,
furtar ou destruir os pertences da vítima;
• psicológico e moral: irritar, humilhar, excluir, isolar, ignorar, desprezar ou
fazer pouco caso, discriminar, tiranizar, perseguir, difamar, dominar, passar bilhetes
e desenhos entre os colegas de caráter ofensivo, fazer intrigas, fofocas ou
mexericos ( mais comum entre as meninas);
• sexual: abusar, violentar, assediar, insinuar.
Este tipo de comportamentos desprezíveis costumam acontecer entre meninos com
meninas, e meninos com meninos. Não raro o estudante indefeso é assediado e/ ou
violentado por vários “colegas” ao mesmo tempo.
Silva (2010) explica que, os avanços tecnológicos tem influenciado em novas formas de
bullying com o uso de equipamentos de comunicação (celular, Tablet e internet),
aparelhos que tem capacidade de difundir e propagar, de forma avassaladora, calúnias e
maldades. Essa forma de bullying é conhecida como ciberbullying.
Segundo Silva (2010, p.25.), “após estudos e investigação dos históricos de alguns
pacientes: observou que não somente crianças e adolescentes sofrem com essa prática,
mas temos pessoas adultas que ainda experimentam aflições intensas do passado
traumático da vida escolar.”
Algumas consequências psíquicas e comportamentais do bullying: sintomas
psicossomáticos, Transtorno do Pânico, Fobia Escolar, Fobia Social (Transtorno de
Ansiedade Social - TAS), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Depressão,
Anorexia e Bulimia, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno do Estresse
Pós-Traumático (TEPT).
Dentre os praticantes do bullying escolar temos as vítimas típicas e as vítimas
provocadoras. Para Silva (2010) vítimas típicas são, geralmente, alunos que têm
dificuldade de interação e socialização e apresentam timidez e não sabem reagir em
relação a esses comportamentos provocativos e agressivos por parte dos bullies. Isso
acontece, pois, de modo geral, são alunos com algumas diferenças e que para o agressor é
motivo de chacota ou bullying. São alunos ditos diferentes: magros demais, altos ou
baixos, usam óculos, dedicados aos estudos, deficientes, orelhas grandes, dentre outras
características físicas, emocionais ou intelectuais. Enfim, pessoas que diferem dos
padrões ditos normais pela sociedade, alunos que tem uma grande dificuldades em se
expressar, falta de coordenação motora, ansiedade excessiva e não conseguem se impor
no grupo, tanto verbal, quanto físico e por isso se tornam alvos prediletos e comum dos
perseguidores.
Há um excesso em relação aos maltratos dos bullies, e isso não deve acontecer no espaço
escolar, muito menos por meios de atitudes agressivas que acontecem por motivos banais
e que só vão diminuir se todos do espaço escolar repensarem sua prática no interior da
escola, tanto profissionais da educação, funcionários, comunidade escolar e alunos. É
necessário que todos estejam imbuídos para o mesmo fim. É primordial que todos que
estão no interior da escola tenham conhecimento dessa violência exagerada por meio de
estudos e de práticas elaboradas por grupos, após muito debate e reflexão sobre o tema
bullying.
As vítimas provocadoras, de acordo com Silva (2010), são capazes de insuflar em seus
colegas reações agressivas contra si mesmas. Esses alunos, geralmente não conseguem
responder aos revides de forma tranquila, então discutem ou brigam quando são
insultadas ou atacadas. Podemos citar nesse grupo crianças e adolescentes hiperativos e
impulsivos que sem querer criam um ambiente tenso na escola.
Vale ressaltar que esse tipo de atitude é prejudicial aos alunos e adolescentes que usam
desse meio para agredir aos demais e que hoje temos condições de encontrar os culpados
e entrar em contato com os familiares do aluno vitimado como também deixar claro para
todos que existem formas de sanções dentro da lei, para punir os envolvidos no bullying,
e buscar reparações para defender os alunos agredidos e vitimados no contexto escolar.
REFERÊNCIAS
FANTE, Cléo. Bullying, semente de violência. Jornal Mundo Jovem Edição: nº405-
Abril/2010 p.14
GIGLIO, Célia M. Benedicto A violência escolar e o lugar da autoridade: encontrando
soluções partilhadas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p.183-199.
GUIMARÃES, Áurea M. Autoridade e tradição: as imagens do velho e do novo nas
relações educativas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p. 169-182.
GUIMARÃES, Áurea M. Indisciplina e violência: a ambiguidade dos conflitos. In:
AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. 12ª
edição. São Paulo: Summus, 1996, p. 73- 81.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2010.
TEXTO 4: CYBERBULLYING X VIRTUAL
Cyberbullying é um tipo de violência contra uma pessoa praticada através da internet ou
de outras tecnologias relacionadas. Praticar cyberbullying significa usar o espaço virtual
para intimidar e hostilizar uma pessoa (colega de escola, professores, ou mesmo pessoas
desconhecidas), difamando, insultando ou atacando covardemente. O termo é formado a
partir da junção das palavras “cyber”, termo associado a todo o tipo de comunicação
virtual usando mídias digitais, como a internet e bullying que é o ato de intimidar ou
humilhar uma pessoa. Assim, a pessoa que comete esse tipo de ato é conhecida como
cyberbully (www.significado.com).
Os jovens têm utilizado cada vez mais ferramentas da internet para fazer troca de
mensagem via celular, se expondo cada vez mais. O cyberbullying é mais fácil para os
agressores, pois pode ser feito de forma anônima nas diversas redes sociais, através de e-
mails ou torpedos com conteúdos ofensivos e caluniosos.
Atualmente, as leis anti-cyberbullying vigoram, e os agressores anônimos podem ser
descobertos e processados por calúnia e difamação. Já se percebe uma maior frequência
de adultos praticando o cyberbullying, mas ainda a maioria dos praticantes é adolescente.
O suicídio acontece em casos extremos em vítimas do cyberbullying. Muitos desses casos
começam quando fotos ou vídeos íntimos das vítimas são introduzidos na internet
(www.significado.com).
Essa nova modalidade de bullying vem preocupando especialistas em comportamento humano, pais e professores em todo o mundo. E isso se deve ao fato de ser imensurável o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas. Os ataques perversos do ciberbullying extrapolam, em muito, os muros das escolas e de alguns pontos de encontros reais, onde os estudantes se reúnem em território extraclasse (festas, baladas, praças de alimentação em shoppings, cinemas, lanchonetes Etc). ( SILVA, 2010. p. 126).
Para Silva (2010), os maiores praticantes de Ciberbullying são os adolescentes e não é
por acaso, já que em termos científicos, a adolescência é uma fase da vida humana
compreendida, entre os 11 aos 18 anos. Nesse pequeno, porém intenso, espaço de tempo,
que sofremos uma verdadeira mudança neuroquímica que é desencadeada em nosso
cérebro. E é ele que da o start para que aconteçam as mudanças e transformações físicas e
psicológicas que observamos nos adolescentes. E sabemos que é na adolescência que o
cérebro, ainda infantil sofre mudanças químicas e estruturais para se transformar em um
cérebro, pronto para governar nosso físico e mente.
Silva (2010) explica que:
Esta é uma fase muito delicada. O cérebro, o nosso comandante maior, passa por profunda reformulação, pela qual é lapidado e amadurecido. Este processo ocasiona as repentinas mudanças de humor dos adolescentes, os infindáveis questionamentos sobre regras e limites, os sentimentos de insegurança e insatisfação constantes, as distorções da autoimagem, a necessidade de pertencer a algum grupo, a sede insaciável
de novidades, a irresponsabilidades e inconsequência. (SILVA, 2010, p.134)
Portanto, é primordial que pais, professores, equipe pedagógica, possam estar imbuídos
e atentos aos comportamentos de seus filhos ou alunos, em relação ao uso indiscriminado
das ferramentas, no espaço escolar ou em casa, ensinando a eles, a importância de confiar
em seus pais, professores e equipe pedagógica, se algo referente ao bullying ou
cyberbullying acontecer. Os alunos precisam saber que a escola conta com a família para
auxiliá-los no desenvolvimento da aprendizagem, mas que também está atenta a
informações ou situações que permeiam o ambiente escolar, principalmente se isso
interfere na formação do aluno, criando oportunidades para que se tornem cidadãos
dignos e conscientes de sua função dentro da sociedade e da comunidade onde vivem.
REFERÊNCIAS
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2010, p. 126-134
www. significado. com Acesso em: 06 de junho de 2013
TEXTO 5: PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR FRENTE À VIOLÊNCIA
QUE GERA O CYBERBULLYING
Temos observado que, no cotidiano da escola, o surgimento de problemas relacionados à
violência, tem sido uma constante e se faz necessário questionarmos qual é o papel do
professor frente a esse fenômeno. No dia a dia, cada vez mais, estamos impossibilitados
de discutirmos estratégias que possam nos ajudar a refletir qual atitude tomar frente à
violência que cada vez mais nos desafia a tomar posição, procurando soluções que
possam diminuir a violência no ambiente escolar.
Para Giglio (1999, p. 184):
Não obstante a importância dos episódios que permitiram tematizar a violência no espaço escolar, torna-se necessário construir uma reflexão sobre a possibilidade de a violência estar disseminada também em outras práticas no interior da escola que sequer são percebidas como alimento cotidiano para um convívio cada vez menos povoado por valores de respeito, tolerância e solidariedade. Valores estes com os quais se poderia orientar a educação para a valorização da vida.
É preciso rever a organização do espaço escolar, pois se continuarmos presos a estruturas
que não correspondem ao ideal de uma educação democrática onde alunos, professores e
comunidades escolares possam conviver de forma pacífica, a violência estará presente
cada vez mais. O bullying e o cyberbullying têm contribuído para aumentar a violência na
escola.
Segundo Guimarães (1999), os profissionais da educação vivem, hoje, uma eterna
lembrança do passado, acreditando que, antigamente, era diferente. Que os professores
eram respeitados e o aluno em sala de aula era participante e colaborador com o professor
em relação ao ensino aprendizagem e na convivência aluno-aluno, mas essa comparação
está distante e não nos ajuda em nada. Para que possamos avançar sobre o tema trabalhado,
temos que tomar consciência de que os tempos são outros, os alunos mudaram, os
professores, enfim o mundo mudou. A tecnologia que existe hoje nos leva a mudar e
buscar soluções em relação a atitudes violentas por parte de nossos alunos. Portanto, para
que a violência diminua no interior da sala de aula, é preciso investir cada vez mais em
valorização dos profissionais que trabalham na escola, para que possam ter um olhar
diferenciado a essas mudanças tecnológicas que invadiram o espaço escolar na atualidade.
Guimarães (1996) afirma:
É preciso construir práticas organizacionais e pedagógicas que levem em conta as características das crianças e jovens que hoje frequentam as escolas. A organização do ano escolar, dos programas, das aulas, dos prédios e sua conservação não podem estar distante do gosto e das necessidades e realidade dos alunos, pois quando a escola não tem significado para eles, a mesma energia que leva ao envolvimento, ao interesse, pode transformar-se em apatia ou explodir em indisciplina e violência. (GUIMARÃES, 1996. p.81)
Para buscar um equilíbrio nos interesses dos alunos e compreender as exigências das
escolas hoje, é preciso deixar de acreditar que paz significa ausência de todo conflito.
Procurar empreender situações que flexibilizem o tempo e o espaço no ambiente escolar,
que não excluam a possibilidade de divergências ou de opiniões e nem o debate sobre estas
questões, podem dar início a uma solidariedade interna que recuse o coletivismo, ou seja,
uma atividade conjunta que rompa com o isolamento das pessoas e crie uma comunidade
de trabalho. E que essa comunidade faz nascer a proximidade afetiva, que possibilita a
troca recíproca, sem eliminar a autonomia das pessoas e as suas diferenças. Mas para que
exista esta solidariedade, é preciso correr o risco da separação, da hostilidade que atravessa
as redes da trama social escolar e que faz relembrar as bases do seu funcionamento.
Guimarães (1996) afirma que, os múltiplos confrontos entre a harmonia e o conflito que
estão integrados a uma ação coletiva, são fatores que concretizam a paixão do estar junto, o
gostar da escola, ainda que apenas para encontrar os amigos. Essa solidariedade deve
acontecer no ambiente escolar, com a participação da direção, equipe pedagógica,
professores, funcionários, comunidade escolar e alunos. O envolvimento coletivo deve
proporcionar trocas de conhecimentos que aumentem o aprendizado de todos os
envolvidos na escola. Para um bem comum e que cada um saiba da sua função e que tenha
convicção, da importância dessa tolerância para o crescimento e desenvolvimento do aluno
como cidadão.
Para Silva (2010), educar é fornecer conteúdo e preparar os jovens para a vida. Dentro
desse conceito é primordial o papel da escola, não só do professor, mas de todos os
envolvidos na formação do aluno e na orientação para o uso responsável, solidário e ético
dos recursos tecnológicos, alertando-os em relação aos perigos que tais ferramentas
podem esconder. Essas responsabilidades escolares devem ser compartilhada com os
pais e familiares dos alunos por meio de palestras, indicação de livros e filmes,
divulgação de textos por e-mail, distribuição de cartilhas, desenvolvimento de projetos
artísticos que premiem o combate ao cyberbullying.
REFERÊNCIAS
GIGLIO, Célia M. Benedicto. A violência escolar e o lugar da autoridade: encontrando
soluções partilhadas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p.183-199.
GUIMARÃES, Áurea M. Autoridade e tradição: as imagens do velho e do novo nas
relações educativas. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Autoridade e autonomia na
escola: alternativas teóricas e práticas. 3ª edição. São Paulo: Summus, 1999, p. 169-182.
GUIMARÃES, Áurea M. Indisciplina e violência: a ambigüidade dos conflitos na escola.
In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas
12ª edição. São Paulo: Summus, 1996, p.73-81.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2010.
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