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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A RELAÇÃO LIXO-CONSUMO TRATADA NAS AULAS DE CIÊNCIAS DO

ENSINO FUNDAMENTAL

José Ancelmo de Messias

Professor Orientador: João Amadeus Pereira Alves

RESUMO

Este artigo é parte integrante das atividades de formação continuada de professores participantes do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Com o presente artigo pretende-se despertar o senso crítico sobre as questões ambientais, como lixo e consumo no âmbito escolar e social, para que os educandos e toda a comunidade escolar se tornem agentes transformadores e auxiliem na disseminação de uma cultura de consumo consciente, promovendo assim a sustentabilidade e a manutenção do meio ambiente. Nesse sentido adotamos a prática dos 5Rs: Repensar, Reduzir, Recusar, Reutilizar e Reciclar. De fato, é impossível não consumir, mas é importante ressaltar que toda forma de consumo, por mais simples que seja, impacta o ambiente à nossa volta. A metodologia utilizada para a condução das atividades foram diálogos, palestras e visita. Este trabalho foi desenvolvido junto a 60 alunos dos 6ª anos do Ensino Fundamental na faixa etária entre 10 e 11 anos do Colégio Estadual 1º Centenário, situado na região central da cidade de Campo Largo – PR durante o primeiro e o segundo trimestres de 2014. Palavras-chave: Lixo; Consumo; Sustentabilidade; Ambiente.

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INTRODUÇÃO

Este artigo baseia-se na ideia de que a escola deve contribuir para a

formação de cidadãos conscientes e críticos diante das decisões a serem

tomadas. Especificamente, a contribuição em tela diz respeito à Educação

Ambiental.

A Educação Ambiental transformadora, ligada ao fazer educativo

implica mudanças em vários sentidos, de acordo com Edgar Morin:

A Educação Ambiental transformadora é aquela que possui conteúdo emancipatório, em que a dialética entre forma e conteúdo se realiza de tal maneira que as alterações da atividade humana; vinculadas ao fazer educativo, impliquem mudanças individuais e coletivas, locais e globais, estruturais conjunturais, econômicas e culturais (MORIN, 1999, p.188).

Nesse sentido, o ensino deve ser organizado de forma a proporcionar

oportunidades para que os alunos possam utilizar o conhecimento sobre o

meio ambiente, a fim de compreender a sua realidade e nela atuar, por meio da

participação em atividades dentro da escola, e nos movimentos da comunidade

escolar e em todos os seguimentos da sociedade.

A necessidade de inserção de conteúdos relacionados à questão

ambiental junto ao currículo escolar vem sendo uma das prioridades mundiais,

pois a crescente problemática relacionada a temas como o lixo, água,

qualidade do ar etc. tornou-se assunto essencial em rodas de debates

socioambientais.

No que concerne ao lixo, foco deste trabalho, a sua quantidade

produzida deveria ter sido minimizada nas últimas décadas, mas ela vem

aumentando consideravelmente, o que nos leva a questionar: o que fazer para

reduzir o lixo? E qual é o papel da educação nesse cenário, de modo a produzir

mudanças?

Segundo Paulo Freire:

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora, ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador e criador. Em muitos lares ainda hoje, por falta de informação, não há a devida separação do lixo, tendo estes destinos que muitas vezes levam a degradação do meio bem como a poluição de rios e lagos

(FREIRE, 2002, p. 46).

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Sendo assim, surge a necessidade e a preocupação de mudanças

comportamentais individuais e coletivas a respeito desses problemas

socioambientais, principalmente no âmbito escolar, que promovam nas escolas

a sensibilização em busca do processo de conscientização dos educandos

sobre a necessidade de um novo olhar para os problemas que são gerados

pelo lixo, por exemplo.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº

9.394/96, a escola além de desenvolver habilidades e propiciar o aprendizado

do aluno deve contribuir para a formação de um cidadão crítico, socializador de

conhecimento e capaz de transformar sua realidade. Portanto, a educação

dever exercer o papel de promotora da emancipação, garantindo o pleno

conhecimento do educando para que ele possa exercer sua cidadania. Para o

Ensino Fundamental, a escola deve desenvolver a compreensão do ambiente

natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em

que se fundamenta a sociedade. E para atingir este objetivo, a educação deve

levar em consideração o cotidiano do aluno e sua realidade social, bem como

do professor a ele envolvido.

Para Loureiro (2006):

A Educação Ambiental Emancipatória se conjuga a partir de uma matriz que compreende a educação como elemento de transformação social inspirado no diálogo, no exercício da cidadania, no fortalecimento dos sujeitos, na criação de espaços coletivos de estabelecimentos das regras de convívio social, na superação das formas de dominação capitalistas, na compreensão do mundo em sua complexidade e da vida em sua totalidade (LOUREIRO, 2006, p. 15).

Nesse sentido devemos reconhecer os sujeitos do processo educativo,

entendendo que eles são capazes de promover transformações sociais

vinculadas diretamente ao seu cotidiano particular e ao coletivo (de modo mais

amplo), visando assim essas transformações.

Então, pode-se afirmar que o consumo nada mais é que uma forma de

atender necessidades humanas, ao adquirir e/ou utilizar produtos e serviços,

sejam naturais ou artificiais mesmo sem necessidade, causando diversos

impactos sobre o ambiente, consumindo os recursos naturais disponíveis,

colocando em risco a sustentabilidade das gerações futuras. Sobre isto,

encontramos relevante contribuição em Fátima Portilho.

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A abundância dos bens de consumo continuamente produzidos pelo sistema industrial é considerada, frequentemente, um símbolo da performance bem-sucedida das economias capitalistas modernas. No entanto, esta abundância passou a receber uma conotação negativa sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos principais problemas das sociedades industriais modernas. A partir da construção da percepção de que os atuais padrões de consumo estão nas raízes da crise mundial, a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma sociedade sustentável (PORTILHO, 2005, p. 67).

Devido ao paradigma estabelecido pela sociedade atual, em que o

consumo se tornou sinônimo de felicidade e de bem estar, até mesmo o

prestígio e o status quo está diretamente interligado à capacidade de adquirir

bens. Consumir e acumular bens com ou sem necessidade está enraizado no

seio do paradigma capitalista.

Sendo assim, surge a necessidade e a preocupação de mudanças

comportamentais e atitudinais, individuais e coletivas, a respeito desses

problemas ambientais, principalmente no âmbito escolar mais restrito (sala de

aula) e comunidade escolar (mais ampla), de modo a se promover nas escolas

a sensibilização, em busca da entrada em processo de conscientização pelos

educandos sobre a necessidade de um novo olhar para os problemas que são

gerados “acerca” do lixo.

Para tanto, as atividades educacionais sugeridas no trabalho que reflete

este artigo foram direcionadas aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental e

tiveram como objetivos desenvolver material de apoio para o trabalho com o

descarte correto de resíduos, assim como discutir o consumismo e seu impacto

no meio ambiente, de modo que através da busca por um processo de

conscientização dos envolvidos pudéssemos produzir mudanças e uma visão

mirada para maior responsabilidade social.

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA

O desenvolvimento do projeto na escola iniciou-se no mês de março de

2014, através de discussões e reflexões sobre as atividades que seriam

apresentadas. Essa fase introdutória objetiva oportunizar aos alunos um olhar

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crítico sobre a problemática a relação lixo e consumo nas aulas de Ciências do

Ensino Fundamental.

Assim, as atividades desenvolvidas na sequência foram assim

organizadas:

1 - O quanto você é sustentável?

2 – Discussão e reflexão sobre o documentário “A Ilha das Flores”.

3 – Discussão e reflexão sobre o lixo Urbano de Campo Largo.

4 – Conhecendo o Museu do Lixo e Usina de Reciclagem em Campo Magro.

5 – Discussão e reflexão sobre o vídeo „‟A História das Coisas‟‟.

6 – Ampliando seus conhecimentos – os 5 Rs.

7 – História em quadrinhos na Educação Ambiental.

8 – Implementação da coleta seletiva do lixo na escola.

No primeiro encontro foi apresentado o projeto de intervenção aos

alunos, destacando a importância desse trabalho.

Atividade 1: O QUANTO VOCÊ É SUSTENTÁVEL?

Nesta atividade objetivou-se auxiliar os alunos no entendimento das

atividades subsequentes. Após o preenchimento do teste, os alunos foram

convidados a discutir e refletir sobre a razão de suas respostas, pensando em

ideais de atitudes que representem uma pessoa sustentável. Esta atividade,

além de promover a reflexão sobre a ação dos alunos, deu embasamento para

o desenvolvimento das outras atividades propostas. Ao final das atividades, o

mesmo teste pode ser aplicado, com o intuito de fazer os alunos a repensar as

possíveis mudanças de hábito no que diz respeito ao consumo, desperdício e

destinação correta do lixo.

Atividade 2: DISCUSSÃO E REFLEXÃO SOBRE O DOCUMENTÁRIO “A

ILHA DAS FLORES”

Com o intuito de despertar o interesse dos alunos sobre o tema foi feita

a projeção do filme “Ilha das Flores” documentário de Jorge Furtado, produzido

em 1989. Apesar do nome, uma ilha com flores, longe disso, na verdade trata-

se de um lugar em Porto Alegre (RS) para depósito de lixo. O curta-metragem

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de mesmo nome mostra os processos de colheita, compra e descarte de um

tomate, que vai parar nessa Ilha, junto com outros alimentos que foram

descartados por milhares de pessoas na cidade. Alimentos que são destinados

aos porcos do dono do terreno em questão e, depois, são deixados lá para que

os moradores de Ilha das Flores possam recolher o que puderem, organizados

em grupos de dez, em cinco minutos destinado a cada grupo. O documentário

retrata o desperdício oriundo dos processos de produção e consumo atuais e

como o capitalismo gera desigualdade social, interferindo na liberdade do ser

humano.

A apresentação desse documentário teve como objetivo mostrar aos

alunos a desigualdade social gerada pela sociedade de consumo.

Antes de iniciar a projeção do documentário, foi estimulada a curiosidade

dos alunos questionando-os sobre:

O que há em comum entre tomates, porcos e seres humanos?

A maioria dos alunos respondeu que todos são seres vivos, mas que o

tomate é vegetal, o porco é um animal irracional e o ser humano é um animal

racional.

Ao final da apresentação do filme, foram retomados os questionamentos

(conforme alguns abaixo), resgatando as colocações iniciais, confrontando-as.

Quais são os principais temas abordados?

Grande parte dos alunos respondeu problemas sobre a destinação do

lixo e desigualdade social.

O que mais chamou a sua atenção sobre o documentário?

A grande maioria dos alunos respondeu “a desigualdade social” em que

essas pessoas vivem, ficando depois de porcos para conseguir alimentos.

Quem são os responsáveis pelos problemas sócioambientais

apresentados?

As respostas foram bem diversificadas uns responderam que é o

governo outros a própria população.

Como os problemas apresentados podem ser solucionados?

A grande maioria dos alunos respondeu que é de competência do

governo, através de construção de aterros sanitários e programas de

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sensibilização da população bem como criação de programas de empregos e

renda de pessoas que dependem do lixo.

Atividade 3: DISCUSSÃO E REFLEXÃO SOBRE O LIXO URBANO DE

CAMPO LARGO

Os alunos foram convidados a assistir a palestra sobre lixo urbano de

Campo Largo, Paraná, com um palestrante da Secretaria do Meio Ambiente

desse município (figura 1), para a orientação dos alunos quanto à separação e

a destinação correta do lixo.

Após a palestra, os alunos foram questionados pelo professor sobre as

seguintes questões:

Em sua residência é feita a separação do lixo?

A grande maioria respondeu que faz a separação.

Se há separação, como ela é feita?

Alguns disseram que a separação é feita pelos pais, outros, por

eles mesmos.

Qual é o papel de cada um na destinação correta do lixo?

A maioria dos alunos disse que há envolvimento de quase todos.

Quais problemas podem ser identificados em locais onde o lixo

não é descartado corretamente?

Os alunos apontaram como poluição ambiental e visual e

incidência de animais causadores de doenças.

Quais riscos correm as pessoas que têm contato direto com os

diferentes tipos de lixos?

A maioria respondeu que correm o risco de ficarem doentes.

Em sua opinião, quem são os responsáveis pela produção,

separação, reciclagem e destinação do lixo?

As respostas foram as mais variáveis possíveis: população e

órgãos públicos.

Baseados na palestra e nos questionamentos feitos pelo professor, os

alunos fizeram uma produção de texto destacando os pontos que acharam

mais interessantes.

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Figura 1 – Palestra sobre meio ambiente

Fonte: do autor

Atividade 4: VISITA AO MUSEU DO LIXO E USINA DE RECICLAGEM DE

CAMPO MAGRO

Visando melhorar a compreensão sobre o possível destino dos resíduos

sólidos urbanos, foi realizada uma visita ao Museu do Lixo e Usina de

Reciclagem de Campo Magro (figuras 2 e 3).

A pessoa responsável pelo local recepcionou os alunos com uma

palestra. Ela tratou sobre a importância da seleção, reciclagem e reutilização

dos resíduos sólidos, bem como sobre o tempo de decomposição dos diversos

tipos de materiais. Ela também ressaltou a importância da população em

diminuir a quantidade de lixo por esta produzida.

Os alunos puderam conhecer alguns conceitos básicos da reciclagem,

que consiste na transformação do material usado em material novo, podendo

ser usado novamente. Viram que o plástico pode ser utilizado em diferentes

produtos, como sacos de lixo, mangueiras, brinquedos e até peças de veículos.

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Depois da palestra os alunos conheceram as diferentes etapas de

triagem do lixo dentro da referida usina, bem como as condições insalubres em

que os funcionários trabalham, o mau cheiro causado pela fermentação do lixo,

o processo de prensagem e separação dos tipos de plásticos etc.

Os alunos desconheciam as condições de trabalho enfrentadas pelos

funcionários da usina, que ficam expostos ao material de fermentação e ao

mau cheiro gerado por este.

Após conhecerem as etapas de triagem, os alunos foram conhecer o

museu do lixo que fica próximo da usina, onde observaram a grande

quantidade de objetos que as pessoas descartam no lixo, o que os levou a

refletir sobre o consumismo.

As relações aqui estabelecidas possibilitaram aos alunos a aquisição de

novos valores sociais, despertando um sentimento profundo de interesse pelo

meio ambiente. Após a visita, foi solicitado aos alunos que produzissem um

texto sobre o que mais lhes havia chamado atenção na usina de reciclagem e

no museu do lixo.

Figura 2 - Usina de Reciclagem de Campo Magro

Fonte: Do autor

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Figura 3 - Usina de Reciclagem de Campo Magro

Fonte: Do autor

Atividade 5: DISCUSSÃO E REFLEXÃO DO VÍDEO “A HISTÓRIA DAS

COISAS”

A História das Coisas (The Story of Stuff) é um documentário de

aproximadamente vinte minutos que trata do complexo sistema que vai da

extração de recursos naturais, passa pela produção, distribuição, consumo e

acaba no tratamento do lixo. O documentário mostra que esse sistema é muito

mal explicado nos livros, pois ignora alguns aspectos importantes, como as

pessoas que participam dessa engrenagem e os limites impostos pela própria

natureza.

Após a exibição do documentário os alunos foram questionados pelo

professor:

Quem de vocês possui o modelo de aparelho celular mais recente na

sala e por que o comprou?

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Dos 60 alunos perguntados, 25% deles possuem celulares modernos e

os comprou por possuírem vários aplicativos.

Quantos celulares cada um de vocês já possuiu?

As respostas foram as mais variadas possíveis entre três e nove

aparelhos.

O que vocês fazem com os seus aparelhos celulares que já não usam

mais?

A grande maioria respondeu que passam para os irmãos mais novos ou

familiares ou simplesmente os deixam guardados.

Atividade 6: AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS – OS 5 Rs

Partindo do conhecimento a respeito dos conceitos os 5 Rs, os alunos

foram convidados a participar da confecção de lixeiras com mensagens que

visem a Educação Ambiental para as Salas de Aula, Biblioteca, Laboratórios de

Ciências e de Informática, Secretaria e Sala da Direção, em substituição de

forma gradativa às lixeiras plásticas danificadas, tendo em vista que estas são

teladas e necessitam de sacolas plásticas que são substituídas diariamente. As

lixeiras foram confeccionadas, na escola, com recipientes usados para o

envase de tintas e argamassas e que seriam descartados. Esta atividade teve

como objetivo a implementação da coleta seletiva, sendo que o lixo produzido

pelos mesmos nas dependências da escola pode ser encaminhado à

reciclagem.

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Figura 4 - Lixeiras confeccionadas pelos alunos

Fonte: Do autor

Atividade 7: HISTÓRIA EM QUADRINHOS NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Com as discussões e utilizando das histórias em quadrinhos do blog

http://sustentabilidadeparacriancas.blogspot.com.br, os alunos produziram

cartazes e panfletos a partir de matérias já utilizados sobre a importância da

preservação ambiental e distribuíram para os outros alunos e funcionários da

escola. Também em equipe criaram um ou mais personagens e produziram

histórias em quadrinhos envolvendo a questão ambiental. Ao final dessa

atividade montaram um painel para exposição de suas histórias (figura 5).

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Figura 5 - painel produzido pelos alunos.

Fonte: Do autor

Atividade 8: IMPLEMENTAÇÃO DA COLETA SELETIVA DO LIXO NA

ESCOLA

A implementação da coleta seletiva do lixo na escola teve como objetivo

discutir a ideia de preservação do meio ambiente, além de promover ações

educativas que contribuam para o início do processo de formação de

consciência acerca dos problemas ambientais, especificamente da escassez

de matéria-prima e da produção descontrolada de resíduos. Partindo do

conhecimento a respeito dos conceitos dos 5 Rs os alunos confeccionaram as

lixeiras com a ajuda do professor e da professora de Artes. Após a confecção,

em grupo, os alunos fizeram a entrega das mesmas para as respectivas

turmas, sensibilizando os demais sobre a importância da preservação do meio

ambiente enfatizando os conceitos sobre os 5Rs.

Os coletores foram instalados em um ponto estratégico da escola, de

acordo com a Resolução CONAMA Nº 275/2001 (BRASIL, 2001), a qual

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estabelece um código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta

seletiva.

GRUPOS DE TRABALHO EM REDE - GTR

Aconteceu no terceiro período, juntamente com a Implementação do

Projeto de Intervenção na Escola. O GTR dividiu-se em três partes: Temática 1

– Projeto de Intervenção na Escola; Temática 2 Produção Didática-Pedagógica;

Temática 3 – Implementação do Projeto de intervenção na escola. Sendo que

cada Temática foi composta de Tarefa, Fórum e Diário.

Em cada temática o professor tutor foi responsável pelo

encaminhamento de postagens das atividades do professor online. Através do

Moodle e-escola, de forma virtual, os professores estiveram conectados às

discussões e execução de atividades de formação continuada acerca do objeto

de estudo do professor PDE. Os professores participantes do GTR

contribuíram muito na implementação do projeto Intervenção na Escola,

fazendo a aplicação das atividades em sua escola e através de sugestões para

a melhoria do mesmo, tais como implantação de horta vertical, composteira

para reutilização das sobras da cozinha e várias sugestões de vídeos e aulas

práticas sobre reciclagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ligação entre o homem e o meio ambiente é inevitável e a qualidade

deste meio reflete diretamente na qualidade de vida do ser humano. Em nosso

país, as questões ambientais carecem de soluções viáveis e imediatas. A

escola tem como função social desenvolver o senso crítico no aluno,

contribuindo para a formação do cidadão consciente e transformador em

agentes ativos e lutador por seus direitos. A partir do momento que a educação

escolar, através do seu ensino, construa caminhos e envolva todas as áreas do

conhecimento através do repensar a prática cotidiana, poderão ser criados

valores de sustentabilidade.

Assim nossos alunos de hoje serão os multiplicadores de atitudes

sustentáveis, ou seja, as futuras gerações poderão adotar novas posturas com

relação ao seu próprio lugar: sua escola, sua rua, seu bairro, sua cidade, enfim

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o lugar das relações que mantem com seu dia a dia.

Na perspectiva de despertar o senso crítico sobre as questões

ambientais, este trabalho poderá contribuir de forma efetiva na adoção de

comportamentos sociais construtivos, o que colaborará para a construção de

um ambiente saudável numa sociedade justa.

REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. BRASIL. Resolução Conama nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=273>. Acesso em: 10 out. 2013. CUIDANDO DO PLANETA COM MUITA DIVERSÃO. Disponível em http://sustentabilidadeparacriancas.blogspot.com.br/2011/04/historia-em-quadrinho.html Acesso em: 12 de Nov. 2013. Cunha, Michel. A HISTÓRIA DAS COISAS. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw. Acesso em: 18 jun. 2013 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 21ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. __________, Conscientização: teoría e prática da libertação – uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3ª ed. São Paulo: Cortez & Moraes, 1980. FURTADO, Jorge. Ilha das Flores. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28 Acesso em: 17 Jun. 2013 LAYRARGUES, Plilippe. Pomier. O cinismo da reciclagem: o significado ideológico da reciclagem da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. S. (Orgs.). Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 3. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2005. p. 179-219.

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LEFF, Enrique. Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável. In: REIGOTA, M. (Org.). Verde cotidiano: o meio ambiente em discussão. Rio de Janeiro: DP&A, 1999. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.

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