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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA - UNIDADE DIDÁTICA
Ivonethe de Almeida Gonçalves
PESSOA COM DEFICIÊNCIA VISUAL: RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO
AMBIENTE ESCOLAR
Produção Didático-Pedagógica para intervenção no Colégio Estadual Brás Madeira-Ensino Fundamental e Médio, apresentado como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2013, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Orientadora: Profª. Vera Lucia Ruiz Rodrigues da Silva)
CASCAVEL – PR 2013/2014
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1. Ficha para Identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2013/2014
Título: Pessoa com Deficiência Visual: Relações Interpessoais no
Ambiente Escolar
Autor: Ivonethe de Almida Gonçalves
Disciplina/Área:
Educação Especial
Tema de Estudo Educação Especial
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Professora Julia Wanderley- Ensino Fundamental e Médio.
Município da escola: Cascavel –Pr.
Núcleo Regional de Educação: Cascavel- Pr.
Professora Orientadora: Vera Lucia Ruiz Rodrigues da Silva
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Relação Interdisciplinar:
Todas as disciplinas do Currículo
Resumo:
Esta Unidade Didática constitui em um momento de aprofundamento teórico e pratico sobre a Inclusão Escolar, repensando o processo ensino aprendizagem para alternativas e pratica que atendam as formas de relacionamentos interpessoais da pessoa com deficiência visual com a vidente no ambiente escolar a qual será aplicada no Colégio Estadual Julia Wanderley para os professores e toda equipe técnica da escola como forma de contribuir com a promoção nas relações humanas e afetivas entre as pessoas cegas e videntes, objetivando uma inclusão livre de preconceitos, uma vez que observa-se certas dificuldades de convívio por falta de um conhecimento cientifico mais elaborado.
Palavras- Chave: Relação Interpessoal; Deficiência Visual; Inclusão; Ensino Regular.
Formato do Material Didático: Unidade Didática
Público:
Professores da rede estadual de ensino, equipe pedagógica e toda equipe técnica da escola.
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2 APRESENTAÇÃO/JUSTIFICATIVA
A educação de pessoas com deficiência visual, cegas e com baixa visão,
ocorre no ensino regular, com apoio em contra turno realizado nas Salas de
Recursos Multifuncionais – SEM, tipo 2, previsto na Política Nacional de Educação
(BRASIL, 2008). No Estado do Paraná além das SEM, esses alunos também
recebem apoio nos Centros de Atendimento Especializados ao Deficiente Visual –
CAEDVs. Soma-se a esta modalidade de serviços prestados os Centros de Apoio
Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual – CAP.
O Estado do Paraná conta com cinco CAPs, um no município de Cascavel,
Curitiba, Francisco Beltrão, Londrina e Maringá. Nestes, além do apoio escolar, o
aluno tem direito a complementação curricular que inclui: o aprendizado do Soroban,
a escrita cursiva, a Atividade de Vida Autônoma e Social, Braille, estimulação visual,
acesso a programas específicos de informática, dentre outras atividades e, a
Orientação e Mobilidade. Este último propicia às pessoas com deficiência visual
possibilidades de autonomia, independência, para poderem exercer o direito de ir e
vir.
Apesar de terem os atendimentos mencionados assegurados pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), constata-se que os alunos
deparam-se com muitas dificuldades no seu cotidiano, nos ambientes que
frequentam e mais especificamente no ambiente escolar. Neste sentido, realizarei
este projeto, direcionada na pessoa com Deficiência Visual: Relações interpessoais
no Ambiente Escolar.
A Produção Didático-Pedagógica a ser desenvolvida neste semestre,
proposta pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, oferecido pela
Secretaria de Estado e Educação – SEED-PR, consiste na aplicação de uma
unidade didática. Por trabalhar no CAP – Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas
com Deficiência Visual de Cascavel –Pr., e por atuar como professora também na
formação de professores dos CAEDVs1, percebo a necessidade de reflexão sobre
as condições de relacionamento entre a pessoa com deficiência visual e a pessoa
vidente, por esse motivo o curso destina-se aos professores da rede estadual de
ensino e toda equipe técnica da escola. O projeto será desenvolvido no Colégio
Estadual Julia Wanderley- Ensino Fundamental e Médio, onde porta um numero de
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110 pessoas entre professores e funcionários técnicos, deixando livre para escolha
aqueles que se interessar a fazê-lo.
Como a Secretaria de Educação no Estado do Paraná vem trabalhando numa
concepção histórico-cultural de homem e de educação é necessário que haja um
suporte teórico-metodológico pautado nesses mesmos fundamentos, a fim de que se
possa buscar novos métodos, estratégias e recursos que favoreçam essa relação
interpessoal, com o objetivo de contribuir com a melhoria das condições de
educação para a pessoa com deficiência visual em consequência de terem
asseguradas as necessidades educacionais específicas, e conseguirem se
relacionar com todos no ambiente escolar, tendo uma efetiva participação na escola
e na sociedade. Propõe-se a discutir e debater as concepções e formas de
tratamento historicamente postas às pessoas com deficiência visual, os processos
de ensino-aprendizagem, a fundamentação teórica da Psicologia Histórica- Cultural
na teoria Vigotiskiana, o que e deficiência visual e como se relacionar com a pessoa
com deficiência visual.
Apesar de a inclusão estar em vigor desde a década de 90 ainda há alunos
indo para as escolas passando por situação de desigualdade e até exclusão social
ocorrida por diversos condicionantes. Dentre estes a concepção biológica expressa
nas relações sociais presentes no ambiente escolar, seja no setor administrativo ou
no fazer pedagógico do professor.
Com a aplicabilidade dessa Unidade Didática, espero dar um passo a frente
na busca de contribuir com a melhora das condições de educação para a pessoa
com deficiência visual para terem asseguradas as necessidades educacionais
específicas, relacionando com todos no ambiente escolar e tendo uma efetiva
participação na escola e na sociedade.
Atender às necessidades especiais desses alunos, supõe portanto, contribuir
para a mudança da concepção na escola, a adequação do espaço físico, da escola,
aos conteúdos curriculares e a dinâmica das relações humanas presentes num
ambiente educacional que promove o desenvolvimento cognitivo, social e
educacional por meio do processo de ensino e aprendizagem de conhecimentos
científicos.
3 OBJETIVOS
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3.1 Objetivo Geral
- Promover conhecimentos sobre relações interpessoais entre os profissionais
da educação e as pessoas com deficiência visual.
3.2 Objetivos Específicos - Discutir as formas pela qual as pessoas com deficiência foram abordadas e
concebidas na história.
- Descortinar os princípios que regem a relação professor – alunos com
deficiência visual em sala aula e no ambiente escolar.
- Instrumentalizar professores que ensinam crianças, adolescentes e adultos
com deficiência visual, cegos e com baixa visão, quanto à especificidade dessa
deficiência.
4 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
A implementação do presente trabalho tem como objetivo promover
conhecimentos sobre relações interpessoais entre os profissionais da educação e as
pessoas com deficiência visual.
Iniciaremos com apresentação do projeto de trabalho junto à direção do
Colégio Estadual Julia Wanderley- Ensino Fundamental e Médio, como espaço
escolar deste estudo, onde definiremos os dias e horários em que serão trabalhadas
as oficinas. Posteriormente, organizaremos um encontro com os professores e toda
equipe técnica que nela atuam para apresentação do projeto, com seu cronograma
de execução.
O grupo de estudo em si terá a duração de 10 (dez) horas desenvolvidas em
03 (três) encontros, sendo um de 4 (quatro) horas e dois de 3 (três) horas cada. A
certificação será a partir da frequência a 75% da carga horária realizada e do
cumprimento das atividades propostas pela Unioeste. Serão trabalhados com 3
grupos de estudos, que somarão no total de 32 (trinta e duas) horas.
Os conteúdos contemplarão a problematização, leitura para melhor
acompanhamento da exposição oral do conteúdo dialogada com os cursistas e
acompanhada de esquemas, ilustrações (uso de equipamento multimídia) e
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atividades como: dinâmicas de grupo que favoreçam a inclusão, análise de imagens
que abordem a diversidade humana, relatos de experiência e palestrantes para
debates de assuntos específicos. Também serão exibidos filmes que tratam da
temática, seguidos de discussão e exemplos na pratica com os cursistas de como se
relacionar com a pessoa com deficiência visual. Os conteúdos elencados para
serem trabalhados nas oficinas serão as questões históricas e conceituais em
relação a pessoa com deficiência visual; tecnologias assistivas para essa demanda
de alunos e, a relação interpessoal no ambiente escolar, os quais estão organizados
a saber:
4.1 Primeiro Encontro
Duração - 4 horas
Conteúdo- Roteiro
4.1.1 Conceituação do que Deficiência Visual
a. Cegueira e Baixa Visão na Classificação Médica
b. Cegueira e Baixa Visão na Classificação Educacional
4.1.2 Compreensão do processo histórico de como às pessoas cegas eram
concebidas e abordadas.
a. Formas de abordagem: extermínio, mendicância, abandono, segregação,
integração e inclusão.
b. Concepção: mística, biológica e histórico-cultural.
c. Vídeo: Luz e Escuridão. O menino que trouxe luz ao mundo da escuridão. (Louis
Braille)
4.1.3 Fundamentação teórica da Psicologia Histórica- Cultural na teoria
Vigotskiana.
a. Filme - Conceito Vigotski - Vídeo sobre a Psicologia Histórico-cultural pela Pós-
doutora Professora Marta Kohl de Oliveira.
b. Conceito de deficiência primária e secundária
c. As funções psicológicas superiores
d. Compensação e Supercompensação
e. As regularidades inerentes ao processo de desenvolvimento cognitivo do homem
segundo Vigotski
4.1.1 Conceituação do que Deficiência Visual
Masi (2002) na introdução de um material elaborado para o “Programa
Nacional de Apoio à Educação de Pessoa com Deficiência Visuais” se refere à
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deficiência como qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função
psicológica, fisiológica ou anatômica, podendo resultar numa limitação ou
incapacidade no desempenho normal de uma determinada atividade que,
dependendo da idade, sexo, fatores sociais e culturais, pode se constituir em uma
deficiência. Conforme a autora [...]
[...] uma doença ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual pode provocar no indivíduo a incapacidade de ‘ver’ ou de ‘ver bem’, acarretando limitações ou impedimentos quanto à aquisição de conceitos, acesso direto à palavra escrita, à orientação e mobilidade independente, à interação social e ao controle do ambiente, o que poderá trazer atrasos no desenvolvimento normal (MASI, 2002, p.7).
Salientamos que essa limitação na capacidade de apropriação do
conhecimento em relação à pessoa cega e de baixa visão pode ocorrer quando as
condições educacionais específicas desse alunado não são atendidas ou
asseguradas.
Ainda de acordo com Masi (2002, p. 7) a criança com deficiência visual é
aquela que irá necessitar de apoio seja de professores especializados, de
adaptações Braille, material em relevo, txt para ser lido pelo sistema dosvox, lupas
ampliadas e/ou materiais adicionais de ensino, para que alcance um nível de
desenvolvimento proporcional às suas potencialidades.
Quando se refere à área da deficiência visual, faz-se necessário esclarecer
que esta se divide em dois grupos: o das pessoas cegas e o das pessoas com baixa
visão e que ainda, de acordo com documentos pesquisados, há uma classificação
clínica e uma abordagem educacional, a qual será abordada a seguir. Salienta-se
que na perspectiva educacional neste trabalho de intervenção será norteada pela
teoria vigotskiana.
a. Cegueira e Baixa Visão na Classificação Médica
A classificação clínica possibilita a compreensão da deficiência visual em
números e percentuais. De acordo com Decreto Federal nº 5296/2004 a cegueira é
concebida pela ausência de percepção visual ou a inabilidade de reconhecer uma
luz intensa exposta diretamente no olho. Conforme esta legislação, em seu art. 5º,
inc. I, a cegueira ocorre quando a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no
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melhor olho, com a melhor correção óptica e a baixa visão ocorre quando a
acuidade visual fica entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica;
os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for
igual ou menor que 60°; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições.
b. Cegueira e Baixa Visão na Classificação Educacional
Pessoa Cega: pessoas que apresentam "desde ausência total de visão até a
perda da projeção de luz". O processo de aprendizagem se fará através dos
sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar, cinestesia), utilizando o
Sistema Braille, como principal meio de comunicação escrita (BRASIL, 2001, p. 35).
O sistema Braille é fundamental para o processo de alfabetização da criança,
porém à linguagem é a principal via para a comunicação locutor receptor na
apropriação do conhecimento midiatizada pelo homem.
Pessoa com baixa visão: aquelas que apresentam "desde condições de
indicar projeção de luz até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou
limita seu desempenho". Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente,
em conjunto com a linguagem e os recursos ópticos e não ópticos mediados por
terceiros (BRASIL, 2001, p. 34-35).
As medidas quantitativas, em relação a baixa visão, colaboram para a
compreensão da condição visual, mas não podem ser tomadas como fatores
determinantes para a definição de atividades que a pessoa com deficiência visual
pode desenvolver. Embora o grau e a acuidade visual numericamente possam ser o
mesmo entre duas pessoas, o nível de desempenho visual pode ocorrer de forma
muito distinta.
4.1.2 Processo histórico de como às pessoas cegas eram concebidas e
abordadas.
Com base nos estudos realizados pelos pesquisadores Carvalho, Rocha e
Silva (2006, p.15-17), podemos constatar que a educação das pessoas cegas
passou por um processo idêntico ao das outras deficiências. De acordo com o
período as crenças, as concepções, os conceitos foram sendo modificados.
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Na Idade Média, entre os Séculos V – XV, com o advento do Cristianismo
as pessoas com deficiência1 passaram a ser alvo de proteção, caridade e
compaixão. Ao mesmo tempo há uma tentativa de se explicar a deficiência ou pela
expiação de pecados ou como um passaporte para o reino dos céus. Surge, nesse
período, com objetivo de dar assistência e proteção aos deficientes pelas primeiras
instituições asilares (BRASIL, 2001, p. 24.).
Mais tarde, já na Idade Moderna, Séculos XV-XVIII, com a evolução da
ciência, surgem às primeiras iniciativas de se tentar educar as pessoas com
deficiência sob o enfoque no sistema orgânico. Essa perspectiva estava centrada na
capacidade da percepção visual, auditiva e as deficiências físicas. Nessa lógica, o
caso dos surdos, por muito tempo a educação trabalhou com a surdez tentando
fazer com que os surdos falassem secundarizando à apropriação do conhecimento
pelo mesmo.
Em relação aos cegos as iniciativas que se tem conhecimento datam do
Século XVI, com o médico italiano Girolínia Cardono que descobre ser por meio do
tato a via de aprendizado da leitura para essas pessoas. No século XVIII, Valentin
Haüy desenvolve um método educacional para os cegos, um sistema de letras em
relevo que possibilitava que fossem alfabetizadas, mas apenas tendo acesso a
leitura, pois esse sistema não possibilitava a escrita. Em 1784 Haüy inaugura em
Paris, a primeira escola para cegos, Instituto Real dos Jovens Cegos, onde aplica
seu método. A descoberta de Haüy segue como proposta educacional até 1825
quando o Sistema Braille é oficialmente reconhecido como forma de leitura e escrita
para as pessoas com deficiência visual (BRASIL, 2001; SILVA, 1987).
No Brasil, a história da educação dos cegos ganhou força com o retorno de
Paris de José Álvares de Azevedo, jovem cego que estudou no Instituto dos Meninos
Cegos de Paris e que, retornando ensina o Sistema Braille à filha de um médico da
corte, Adele. A menina é levada à presença do imperador D. Pedro II por Dr. Sigaud
e pelo Barão do Bom Retiro. Após esse fato ocorre a criação de uma escola para
cegos no Brasil, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 17 de setembro 1854,
primeira escola para atendimento à cegos na América Latina, hoje Instituto Benjamin
Constant (BRASIL, 2001). Brasil (2001) destaca:
1 Sassaki (2003, IN: SILVA, 2013, p. 24), informa que após 1981, as nomenclaturas começaram a sofrer
mudanças e passou-se a utilizar expressões tais como “deficiente” e “pessoa deficiente”. A partir de meados de
1990, os documentos oficiais e a sociedade civil começaram a usar o termo “pessoa com deficiência”.
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José Álvares de Azevedo ensina o Sistema Braille à Adèle Sigaud,
filha cega do Dr. Xavier Sigaud, médico do Paço, e logo Adèle é
levada à presença de D. Pedro II pelo Dr. Sigaud e pelo Barão do
Bom Retiro para apresentar suas ideias de ter-se no Brasil um
colégio onde as pessoas cegas pudessem estudar. A concretização
desse ideal se consubstanciou na criação do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos a 17 de setembro 1854, hoje Instituto Benjamin
Constant (BRASIL, 2001, p. 27).
Sobre a criação deste instituto, Jannuzzi (2006, p. 20-21), destaca que em
1874 lá eram atendidos 35 alunos cegos em um universo que, em 1872, era de
15.848 cegos no país. Para essa pesquisadora em uma sociedade agrária e iletrada,
na época, provavelmente o objetivo de se educar uma minoria de cegos foi motivado
por interesses políticos e particulares, inclusive vínculos familiares ligados à corte,
Ainda sobre o processo histórico da pessoa cega SIERRA destaca como
Vigotski descreveu esse período:
Por meio de uma retrospectiva histórica, Vigotski mostrou como se
deu a passagem da visão popular para outra concepção acerca
dessa temática que, na Antiguidade e na Idade Média, era
sustentada por fundamentos religiosos e não pela experiência dos
próprios cegos. Estes eram vistos com certo misticismo; a cegueira
poderia ser um grande infortúnio, um castigo dos céus ou até mesmo
uma dádiva divina, existiam sentimentos contraditórios sobre essas
pessoas: ou eram temidos ou endeusados; muitos consideravam os
cegos pessoas iluminadas, sábias, pois acreditavam que tinham uma
vida interior mais rica. Do misticismo da Antiguidade e da Idade
Média, constitui-se, com a Idade Moderna, a visão biológica e mais
tarde a sócio-psicológica, que abre a possibilidade à experiência e ao
conhecimento. (SIERRA, 2005, p. 41).
De acordo com Vigotski o desenvolvimento da pessoa com deficiência
estava fundamentado com outros pressupostos teóricos que não centrado no
aspecto biológico. Com essa nova perspectiva educacional ocorreu um marco
importante na vida das pessoas cegas. Essa teoria possibilitou maior compreensão
do desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, a qual explicita as
potencialidades destes, tendo possibilidades como qualquer outra pessoa de
apropriar-se do conhecimento científico, da vida social, da cultura. Podendo assim,
tornar-se uma pessoa produtiva e participativa, de pleno valor no aspecto social.
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É esse acesso à cultura, ao conhecimento que pretendo que se materialize,
consciente de que isso só vai ocorrer pelo acesso à educação da pessoa com
deficiência visual, pela compreensão da pessoa sem deficiência, do que essa
condição humana e como devem se relacionar com elas. A escola de Vigotski
procurou trazer a compreensão de como os indivíduos com algum “defeito” e/ou
deficiência se desenvolvem, e Barroco, lembra-nos da Escola de Vigotski e afirma
[...]
Olho para a Escola de Vigotski não como uma possibilidade de
reedição, mas como recurso para compreender os caminhos
tomados na defesa do atendimento educacional aos indivíduos que
se desenvolvem, porém com percursos diferentes da grande maioria.
Entendo, assim, que é preciso tomar emprestado dessa escola
psicológica soviética o espírito de lucidez presente na teorização e
proposição prático-metodológica (BARROCO, 2007, p. 21).
Vigotski nos auxilia na compreensão de como ocorre a aplicação teórica que
consegue transformar um sujeito natural em sujeito social, por explicar a cegueira
não pela debilidade ou o defeito, mas pela psicologia do cego e por explicar como os
homens formam a sua conduta própriamente humana e que essa transformação
ocorre pela educação.
Vigotski (1997) não se contentou com as explicações dadas até então sobre
a cegueira, foi além tentando compreender o significado social e individual que a
cegueira pode causar como também a forma dessas pessoas viverem sem o sentido
da visão. Para ele, a psicologia do cego está dirigida à superação do defeito por
meio de sua compensação social, com o auxílio do conhecimento das pessoas mais
experientes, pela mediação, através da linguagem e ainda quando explica que “a
palavra vence a cegueira”. Ainda sobre a cegueira, Vigotski afirma:
Cegueira não é apenas a falta da visão, meramente a ausência da visão (o defeito de um órgão específico), senão que assim mesmo provoca uma grande reorganização de todas as forças do organismo e da personalidade. A cegueira, ao criar uma formação peculiar de personalidade, reanima novas forças, altera as direções normais das funções e, de uma forma criadora e orgânica, refaz e forma a psique da pessoa. Portanto, a cegueira não é somente um defeito, uma debilidade, senão também, em certo sentido, uma fonte de manifestação das capacidades, uma força (por estranho e paradoxal
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que seja!). (VIGOTSKI, 1997, p. 74) 2
Segundo esse pesquisador russo o defeito por si só não decide o destino da
personalidade, senão as consequências sociais e sua relação sociopsicológica.
Segundo essa abordagem psicológica, a deficiência não é vista como defeito e/ou
limitação, mas como fonte geradora de energia motriz, a qual pode levar a
constituição de uma superestrutura psíquica capaz de reorganizar toda vida da
pessoa, tornando-a alguém de plena valia social.
Se algum órgão, devido à deficiência morfológica ou funcional, não
consegue cumprir inteiramente seu trabalho, então o sistema
nervoso central e o aparato psíquico assumem a tarefa de
compensar o funcionamento insuficiente do órgão, criando sobre este
ou sobre a função uma superestrutura psíquica que tende a garantir
o organismo no ponto fraco ameaçado. (VIGOTSKI, 1997, p.77)
No Brasil a educação das pessoas cegas também passou pelas fases
históricas apontadas por Vigotski iniciando como já informamos no período imperial.
Passou por diversas modificações e reestruturações e, na atualidade, está pautada
na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
que prevê alternativas de atendimento educacional priorizando a inclusão escolar.
Dentre as alternativas destacamos: classe comum com apoio de serviços
especializados, sala de recursos na rede regular de ensino, ensino itinerante, classe
especial na rede regular de ensino, escola ou centro de educação especial, classe
hospitalar, atendimento domiciliar e ainda conta com o Centro de Apoio Pedagógico
para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual – CAP.
Já no Estado do Paraná, salvo algumas exceções de algumas escolas
criadas recentemente denominadas de Educação Básica na Modalidade de
Educação Especial3, como: Escola Professor Osny Macedo Saldanha - Ensino
Fundamental, na Modalidade Educação Especial Curitiba; Escola Professora Julita -
Ensino Fundamental, na Modalidade Educação Especial - Guarapuava; Escola
Professor Carlos Neufert - Ensino Fundamental, na Modalidade Educação Especial -
2 A referência de Vigotski (1997) é da tradução do grupo de estudos Educação da Pessoa com
Deficiência em Vigotski, da obra de VIGOTSKI, L. S. Fundamentos de Defectologia. Tomo V. Obras completas.
Havana: Editorial Pueblo y Educación, 1997. 3 O Estado do Paraná sempre teve o atendimento da pessoa com deficiência visual no Ensino Regular.
Mais recentemente, nos ajustes da política de inclusão Estado transformou instituições de educação especial em
Escolas de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial a princípio na área intelectual e mais
recentemente na área visual.
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Jacarezinho; Escola Chico Xavier - Ensino Fundamental, na Modalidade Educação
Especial - Londrina; Escola Professor Orlando Chaves - Educação Infantil e Ensino
Fundamental, na Modalidade Educação Especial – Curitiba e Escola Hermann
Gorgen - Ensino Fundamental, na Modalidade Educação Especial – Curitiba4, o
aluno com deficiência visual, cego e com baixa visão, frequenta a rede regular de
ensino e podem ter o apoio em Salas de Recursos Multifuncionais por meio do
Atendimento Educacional Especializado – AEE, nos Centros de Atendimentos
Especializados à Deficiência Visual – CAEDVs. Também como já referenciado,
contam com os serviços de cinco Centros de Apoio Pedagógico para Atendimento à
Pessoa com Deficiência Visual – CAPs, que produzem de materiais em Braille e
contribuem para formação de seus professores, dentre outros serviços oferecidos.
Apresentamos até o momento alguns apontamentos teóricos assentados em
Vigotski por considerar importante a forma de como este pesquisador encaminhou e
defendeu o processo educacional da pessoa cega, já que demonstrou o quanto a
cegueira não é impedimento para que o cego aprenda e se desenvolva como as
demais pessoas. Também trouxemos informações de como é realizado o
atendimento da pessoa com deficiência visual no Brasil e no Estado do Paraná. E
para dar maior sustentação teórica também lembramos Heller (1972), pesquisadora
que apesar de não tratar especificamente da educação de cegos, segue na mesma
direção que Vigotski e Barroco, da defesa do pleno desenvolvimento de todos. Esse
respaldo teórico permite-me defender a importância de as pessoas compreenderem
a especificidade da cegueira e de como se relacionar com as pessoas com
deficiência visual.
4.1.3 Fundamentação Teórica da Psicologia Histórica - Cultural na teoria
Vigotskiana
No decorrer de muitos anos e ainda hoje, os educadores se pautaram na ideia
de que o amadurecimento biológico era determinante para a aprendizagem, sendo
que as crianças eram enquadradas em fases específicas de acordo com sua idade,
o que era pré-requisito para o desenvolvimento.
4 Dados fornecidos por e-mail pelo Departamento de Educação Especial e Inclusão – DEEIN.
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A partir dos anos 80, chega ao Brasil a teoria Histórico-Cultural, gerando
discussões e reorganização educacional e pedagógica. Esta nova abordagem
teórica formulada por Vigotski busca estudar o homem e seu mundo psíquico como
uma construção histórica e social da humanidade. Esse autor atrai a atenção dos
educadores porque fala sobre a escola valoriza o professor, a ação pedagógica e a
intervenção efetiva do educador na formação do sujeito, enfatizando sempre a
importância da interação social na constituição de cada sujeito.
A teoria de Vigotski tornou-se o centro das discussões entre alguns
professores nas últimas décadas, devido à forma como se interpretava o contexto
social vivido por ele e seus colaboradores, Luria e Leontiev, especialmente,
enfatizando que o sujeito não é apenas ativo, mas também interativo, pois adquire
conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais. É na troca com outros
sujeitos que o conhecimento e as funções sociais são apropriados. Para Bakhtin
(2003, p. 261) “O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e
escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo
da atividade humana.
Com o estudo dos pressupostos da Teoria Histórico-cultural, houve uma
mudança na compreensão de como ocorre o desenvolvimento das crianças.
Percebeu-se que a idade e o desenvolvimento biológico é uma relação dialética que
ocorrem concomitantemente pelo processo histórico-cultural e não o contrário. As
relações sociais, as experiências de vida, o grupo familiar, a escola e a comunidade
em que a pessoa está inserida, é que determinam sua aprendizagem. Para Vigotski,
a formação se dá numa relação dialética entre o sujeito e a sociedade a seu redor –
ou seja, o homem transforma o ambiente e o ambiente ao homem. Assim, apoiando-
se em Vigotski, Zanella (2001, p. 72) diz:
O homem é um ser eminentemente social, pois é a partir das
relações estabelecidas com outros que paulatinamente constrói suas
características singulares e constitui-se enquanto sujeito, ou
seja,enquanto alguém que, ao mesmo tempo em que é marcado pelo
contexto social e histórico em que se insere, é capaz de regular sua
própria conduta e vontade, de reconhecer-se enquanto ser resultante
da história e, ao mesmo tempo seu produto.
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Desta forma, o autor defende a ideia de que as mediações pedagógicas
levam as pessoas com deficiência à aprendizagem, desenvolvendo suas funções
psicológicas superiores, como a linguagem, o pensamento, a memória, o controle da
própria conduta, a linguagem escrita, o cálculo, que não se desenvolvem
espontaneamente nas pessoas, mas necessitam ser vivenciadas nas relações entre
elas, pois são funções especificamente humanas que são desenvolvidas na e pela
apropriação da cultura humana. Daí a importância da escolarização, da atuação e da
mediação do professor. Segundo Facci:
O professor, neste aspecto, constitui-se como mediador entre os conhecimentos científicos e os alunos, fazendo movimentar as funções psicológicas superiores destes, levando-os a fazer correlações com os conhecimentos já adquiridos e também promovendo a necessidade de apropriação permanente de conhecimentos cada vez mais desenvolvidos e ricos (FACCI, 2004, p. 210).
a. Filme Vigotiski
b. Deficiência Primária e Secundária
A deficiência primária é compreendida como biológica , defeito físico,
sensorial e mental presente numa determinada pessoa. Ela compreende as lesões
orgânicas, lesões cerebrais, malformações orgânicas, alterações cromossômicas, ou
seja, as características físicas apresentadas pela pessoa com deficiência.
A deficiência secundária decorre dos impedimentos impostos socialmente à
pessoa que possui um determinado defeito para se tornar alguém de plena valia
social. "o defeito por si só não decide o destino da personalidade, senão as
consequências sociais e sua realização sociopsicológica" (VIGOTSKI, 1997, p.29).
Vigotiski defende uma concepção de desenvolvimento que se orienta do
plano social para o individual, a forma como o sujeito que apresenta uma lesão
orgânica ou alteração cromossômica desenvolve-se está intimamente relacionada
ao modo como vive, às interações sociais com as quais está envolvido.
c. Funções Psicológicas Superiores
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Diferente dos outros animais que possuem basicamente os processos
psicológicos elementares, tais como: reações automáticas, ações reflexas e
associações simples; que são de origem biológica. O homem é um ser que, além de
possuir estes processos psicológicos elementares, possui também funções
psicológicas superiores: atenção, capacidade de planejamento, memória voluntária,
imaginação, linguagem , etc.
Segundo Vigotski, estas funções psicológicas superiores não são inatas, “elas
se originam nas relações entre indivíduos humanos e se desenvolvem ao longo do
processo de internalização de formas culturais de comportamento”. (Rego, 2003,
p.39)
O desenvolvimento humano, de acordo com Vigotsky, se dá a partir das
constantes interações do sujeito com o meio social em que está inserido. Seu
desenvolvimento pleno dependerá do aprendizado que realiza num determinado
grupo cultural, a partir da interação com outros indivíduos da mesma espécie.
Ao tratar da educação das pessoas com deficiência, a abordagem Histórico-
cultural postula que:
[...]as funções particulares podem representar um desvio considerável da norma e, não obstante, a personalidade ou o organismo em geral podem ser totalmente normais" (ISTERN apud VIGOTSKI, 1997, p. 84).
Desta forma, na perspectiva histórico-cultural, "A criança com defeito não é
indispensavelmente uma criança deficiente" (VIGOTSKI, 1997, p. 84).Para
compreender este postulado é necessário distinguir entre defeito e deficiência ou
entre deficiência primária e secundária.
d. Compensação e Supercompensação
Através da defectologia, que é, grosso modo, o estudo da educação da
criança anormal, Vigotski, defende que “O postulado central da defectologia
contemporânea é o seguinte: qualquer defeito origina estímulos para a formação da
compensação” (VIGOTSKI, 1989, p.5).
17
Assim, para a teoria Histórico-Cultural, o cego não é um ser com defeito e
limitação, mas uma pessoa capaz, de plena valia social, pois para Vigotski:
Se algum órgão, devido à deficiência morfológica ou funcional, não consegue cumprir inteiramente seu trabalho, então o sistema nervoso central e o aparato psíquico assumem a tarefa de compensar o funcionamento insuficiente do órgão, criando sobre este ou sobre a função uma superestrutura psíquica que tende a garantir o organismo no ponto fraco ameaçado (VIGOTSKI, 1997, p.77).
Na perspectiva Histórico-cultural, o defeito não é compreendido como
sinônimo de deficiência, limitação e incapacidade, mas principalmente como fonte
geradora de energia motriz, a qual pode levar à constituição de uma superestrutura
psíquica capaz de reorganizar toda a vida da pessoa, tornando-a alguém de plena
valia social.
"Se algum órgão, devido à deficiência morfológica ou funcional, não consegue cumprir inteiramente seu trabalho, então o sistema nervoso central e o aparato psíquico assumem a tarefa de compensar o funcionamento insuficiente do órgão, criando sobre este ou sobre a função uma superestrutura psíquica que tende a garantir o organismo no ponto fraco ameaçado" (VIGOTSKI, 1997, p. 77).
Isto ocorre a partir do conflito gerado pela relação entre as necessidades
sociais da pessoa com um determinado defeito e as dificuldades impostas pelo seu
meio social.
Este conflito origina grandes possibilidades e estímulos para a supercompensação. O defeito se converte, desta maneira, no ponto de partida e na força motriz principal do desenvolvimento psíquico da personalidade. Se a luta conclui com a vitória para o organismo, então, não somente vencem as dificuldades originadas pelo defeito, senão se eleva em seu próprio desenvolvimento a um nível superior, criando do defeito uma capacidade; da debilidade, a força; da menos valia a supervalia" (VIGOTSKI, 1997, p. 77 e 78).
"Da mesma maneira que a vida de qualquer organismo está orientada pela
exigência biológica da adaptação, a vida da personalidade está orientada pelas
exigências de seu ser social" (VIGOTSKI, 1997, p. 41).
Em conformidade com esta abordagem, a manutenção de crianças com
deficiência em ambientes segregados reforça o seu defeito e não gera a força
motriz, impedindo o desenvolvimento do processo de supercompensação. Para
18
evitar tal acontecimento, a criança com defeito deve ser educada em sociedade e
para a sociedade.
.
e. As regularidades inerentes ao processo de desenvolvimento cognitivo do
homem segundo Vigotski.
As regularidades inerentes ao processo de desenvolvimento cognitivo do
homem segundo Vigotski, vem ressaltar que, na busca da unidade de estudo da
psicologia para compreender o desenvolvimento humano, não somente cognitivo,
procurou identificar quais as funções psicológicas superiores se destacavam em
determinados períodos do desenvolvimento. Por ex: Nos bebês, a comunicação
emotiva é a que mais se destaca, pois necessitam dela para satisfazer suas
necessidades fisiológicas. Nas crianças a partir do primeiro ano de idades, a função
psicológica que se destaca é a percepção, ou sensório motora, pois sua relação com
o mundo é visual, manipulatória, ou seja, está diretamente ligada ao campo visual,
uma expressão muito usada são "amarras situacionais" que significa que suas ações
são determinadas, ou dirigidas, pelas situações que o meio lhe oferece. Já na
crianças de 7 anos, por exemplo o campo da linguagem é a linha principal do seu
desenvolvimento. Como já adquiriu um certo nível de conhecimento linguístico, sua
relação com o mundo passa a compreendida por meio da linguagem.
Assim, as regularidades são categorias determinantes no processo de
humanização do homem. Neste sentido, a transformação do homem natural para o
social ocorre desde o nascimento, em que este vai se apropriando da cultura e de
conhecimentos científicos em conformidade com as atividades que desenvolve e dos
espaços sociais que está inserido.
Portanto, segundo Vigotski o desenvolvimento das potencialidades humanas
está atrelado a três regularidades. A transposição de um comportamento regulado
pelo biológico/fisiológico para o social, a influência do mundo circundante sobre o
desenvolvimento da pessoa em todas as esferas (social, cognitiva, afetiva,
educacional, de trabalho, cultural) e a às atividades que o homem realiza no
decorrer de sua vida. Isto significa que, se uma pessoa for confinada em um espaço
segregado e limitador, sua potencialidade corresponderá às restritas atividades
19
desenvolvidas neste espaço institucional, acarretando, assim, um prejuízo em sua
constituição como homem de seu tempo.
4.2 Segundo Encontro
Duração 4 horas
Conteúdo - Roteiro
4.2.1 Materiais ópticos e não ópticos e o uso da tecnologia para os alunos
cegos e de baixa visão.
a. Filme: A cor do Paraíso.
Tecnologias Assistivas
Conforme conceito proposto pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República:
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas
com deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
(CAT, Ata da Reunião VII, SDH/PR, 2007).
A Tecnologia Assistiva é utilizada para identificar recursos e serviços que
contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com
deficiência, minimizando as dificuldades de acesso, nas diversas atividades
escolares e consequentemente promovendo vida independente, qualidade de vida e
inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de
seu ambiente, habilidades de seu aprendizado e trabalho. Dentre estes os recursos
ópticos e não ópticos.
Recursos Ópticos e não- ópticos
Os instrumentos ópticos são equipamentos construídos para auxiliar a
visualização do que seria difícil ou impossível de enxergar sem eles, onde envolve o
20
trabalho do professor de apoio especializado na área visual para adaptação de
material e também algumas observações necessárias de acordo com necessidades
específicas como; diferenças individuais, faixa etária, interesses e habilidades que
vão determinar os tipos de adaptações e procedimentos adequados.
Recursos Ópticos
Os recursos ópticos são lentes ou recursos que possibilitam a ampliação de
imagens e a visualização de objetos favorecendo o uso da visão residual para longe
e para perto. São lupas de mão e de apoio, óculos bifocais ou monoculares e
telescópios, que não devem ser confundidos com óculos comuns. Os recursos
ópticos são específicos para cada pessoa onde a prescrição devera ser de
competência do oftalmologista que definira quais os mais adequados à condição
visual do aluno.
Os auxílios ópticos para perto são: óculos com lentes especiais, lupas
manuais ou de apoio que possibilitam o aumento do material de leitura. Para longe o
sistema telescópios, que favorece a visualização de pessoas ou de objetos
distantes, podendo ser monoculares ou binoculares.
Recursos Não-Ópticos
Os recursos não ópticos são conseguidos através de pequenas modificações
das condições ambientais onde o aluno se encontra, o desempenho visual e as
condições do educando podem melhorar por meio de adaptações simples e
especificas melhorando assim o seu funcionamento visual .
São considerados recursos não ópticos:
Iluminação
Guia de Leitura
Caderno com pauta ampliada e reforçada
Lápis 3B ou 6B
Caneta hidrográfica
Livros Didáticos ampliados
Apoio para leitura
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Cola em relevo colorida
Chapéus ou bonés
Os recursos tecnológicos disponíveis atualmente facilitam as atividades para
o professor e o aluno porque possibilita a comunicação, e o acesso ao
conhecimento. Para o aluno de baixa acuidade visual, a informática dispõe de vários
programas que foram desenvolvidos e adequados para ele.
Programa de sintetizador de voz, como: Sistema Dosvox ( direcionado para o
aluno cego), leitor de tela e o MEC DAISY. Bem como a digitação de textos, leitura
na tela com fonte ampliada, visualizar imagens ampliadas e uso da internet. As
tecnologias assistivas disponíveis podem ser consideradas um meio de inclusão e
proporcionar a pessoa com deficiência visual mais qualidade na aprendizagem.
4.3 Terceiro Encontro
Duração: 4hs
Conteúdo e Roteiro
4.3.1 A comunicação e a relação interpessoal do aluno com deficiência visual
no ambiente escolar.
Para vivermos bem com as pessoas precisamos saber como comunicar
claramente nossos pensamentos e objetivos, dando espaço para a interação e troca
de saberes. O ponto de partida no ensino de como se relacionar com a pessoa com
deficiências visual deve ser o entendimento de que existe uma diferença
fundamental entre esta aptidão nos seres humanos e nos demais seres vivos que se
movem. Enquanto os primeiros se orientam e se movem a partir do processo de
apropriação do legado histórico da humanidade, os últimos o fazem, através do
processo de adaptação ao mundo em que vivem.
A diferença entre o processo de adaptação, no sentido em que este termo é empregado para os animais, e o processo de apropriação é a seguinte: a adaptação biológica é um processo de modificação das faculdades e caracteres específicos do sujeito e do seu comportamento inato, modificação provocada pelas exigências do meio. A apropriação é um processo que tem por resultado a reprodução pelo indivíduo de caracteres, faculdades e modos de comportamento humanos formados historicamente. Por outros termos, é o processo graças ao qual se produz na criança o que, no
22
animal, é devido à hereditariedade: a transmissão ao indivíduo das aquisições do desenvolvimento da espécie (LEONTIEV, 1978, p. 320).
Na relação da pessoa com deficiência visual, a orientação de como se
relacionar com o vidente deve ser compreendida como sendo o processo que
envolve uma reorganização psíquica e, como consequência, dos sentidos
remanescentes, bem como de possíveis resíduos visuais, que permita ao indivíduo
estabelecer a sua posição no meio em que vive e se relacionar de forma satisfatória
com o mesmo. Ela deve ser entendida como sendo um processo amplo e flexível
composto por um conjunto de capacidades motoras, cognitivas, afetivas, sociais e
por um elenco de técnicas apropriadas e específicas que permitem a pessoa com
deficiência visual conhecer, relacionar e deslocar de forma independente a satisfazer
suas necessidades sociais.
Na educação de pessoas com deficiência, assim como na de qualquer outro
educando, é necessário que o educador compreenda as condições sociais e
econômicas de sua vida, as pessoas com quem interage, a qualidade destas
interações, as situações de aprendizagem que já conheceu. "É importante conhecer
não só o defeito‘ que tem afetado uma criança, mas que criança tem tal defeito“
(VYGOTSKI, 1995, p. 104).
O ensino da relação interpessoal da pessoa cega com o vidente e de suma
importância tanto no ambiente escolar como em qualquer outro espaço seja ele
familiar ou social pois um dos mais importantes tabus, até aqui mantido pela maioria
das pessoas que enxergam, é o de que, a pessoa com deficiência visual deve
permanecer sempre limitada a um espaço físico seguro, livre de qualquer
possibilidade de arranhões, quedas, tropeços, batidas ou qualquer outro risco.Elas
esquecem que esse é o dia-a-dia da pessoa com ou sem comprometimento visual
que brinca, trabalha, explora o ambiente, se conhece e se reconhece nas
atividades.As maiorias das famílias das pessoas com deficiência visual ficam muito
preocupadas em dar a elas, condição para se locomoverem sozinhas, não lhes
deixando desenvolver determinada atividade, tirando –lhes a condição de conhecer
por si, outros ambientes e outras atividades, surgindo ai a superproteção por parte
daqueles com quem convive e com isso, ela vai crescendo com medo do mundo
tornando-se uma pessoa receosa, passiva e sem iniciativa, que dificultará o seu
pleno desenvolvimento.
23
Em se tratando da relação interpessoal da pessoa com deficiência visual no
convívio com professores e equipe técnica da escola, essa interação e de grande
importância, pois na maioria das vezes é no ambiente escolar que a pessoa com
deficiência vai expandir suas relações sociais, criando novos vínculos onde a partir
deste contato, haverá possibilidades de construirmos com elas regras a serem
seguidas, discutidas e respeitadas igualmente por todos, pois tanto para a pessoa
cega, como para a vidente, a compreensão e assimilação das regras de convivência
é fundamental.
Vale lembrar, porem, que nas relações humanas, as situações de inclusão
social trazem efeitos diferentes a cada um que as vivencia; daí ser igualmente
importante considerar o que as discussões teóricas têm trazido para a melhor
compreensão das peculiaridades de que se revestem e suas implicações na vida de
todos.
5 CRONOGRAMA DE AÇÕES
Intervenção na Escola/2014
Atividades/Oficinas Meses
Fev. Março Abril Maio Junho Julho
Apresentação da Unidade
Didática à equipe pedagógica
da Escola.
2h.
Primeiro Encontro
Turma
A - 4h
Turma
B - 4h
Turma
C - 4h
Segundo Encontro
Turma
A - 3h
Turma
B - 3h
Turma
C - 3h
Terceiro Encontro
Turma
A - 3h
Turma
B - 3h
24
Turma
C - 3h
Relatório x x x x x
Carga Horária 2h 12h 9h 9h 32h
6 REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Programa de
Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental – Deficiência Visual, v. 1,
2 e 3. Brasília, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Programa Nacional de
Apoio à Educação de Deficientes Visuais. Brasília, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Adaptações
Curriculares em Ação – Desenvolvendo Competências para o Atendimento às
Necessidades Educacionais de Alunos Cegos e de Alunos com Baixa Visão. Brasília, 2002.
Carvalho, Alfredo Roberto de. Rocha, Jomar Vieira da. Silva, Vera Lúcia Ruiz Rodrigues da. In: Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais - PEE, Cascavel: Editora EDUNIOESTE, 2006.
CARVALHO, Alfredo Roberto de; ROCHA, Jomar Vieira da; SILVA, Vera Lúcia Ruiz
Rodrigues da. Pessoa com deficiência na história: modelos de tratamento e
compreensão. In: Pessoa com deficiência: aspectos teóricos e práticos. Cascavel:
EDUNIOESTE, 2006.
HELLER, Agnes. O quotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1972.
Iacono, Jane Peruzo. Rossetto Elizabeth. Zanetti, Patrícia da Silva. In: Programa Institucional de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades Especiais – PEE, Cascavel: Editora EDUNIOESTE, 2006.
JANUZZI, Gilberta de Martino. A educação do deficiente no Brasil: dos primórdios ao
início do século XXI. 2ª ed. Campinas: Autores Associados, 2006.
MASI, Ivete De. Programa Nacional de Apoio à Educação de Deficientes Visuais –
Formação de Professor - Deficiente Visual Educação e Reabilitação. Ministério da
Educação – Secretaria de Educação Especial, 2002.
SIERRA, Maria Angela B. De crisálidas às borboletas de Zargosk: Vigotski e suas contribuições para educação especial nas áreas da surdez, cegueira e surdocegueira. 2005. 100 p. (Monografia) Curso de Especialização em Teoria Histórico Cultural. Maringá: UEM, 2005.
25
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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2303-8.pdf. Acesso em:
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SILVA, O. M. A epopéia ignorada. A pessoa deficiente na história do mundo de
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