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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MARCIO ROBERTO NEVES PADILHA

O uso e a produção de imagens no contexto escolar

Curitiba

2014

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MARCIO ROBERTO NEVES PADILHA

O uso e a produção de imagens no contexto escolar

Produção didático-pedagógica apresentada ao

Programa de Desenvolvimento Educacional

(PDE) da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná.

Área de conhecimento: Língua Portuguesa

Orientador: Prof. Dr. Fábio de Carvalho Messa

Curitiba

2014

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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PDE 2014

Título O uso e a produção de imagens no contexto escolar

Autor Marcio Roberto Neves Padilha

Disciplina / Área Língua Portuguesa

Escola de implementação do projeto Colégio Estadual Euzébio da Mota

Município Curitiba

Núcleo regional de Educação Curitiba

Professor orientador Fábio de Carvalho Messa

Instituição de Ensino Superior UFPR

Relação interdisciplinar Arte, História

Resumo Apesar da riqueza semântica que uma imagem oferece, infelizmente percebemos que os professores não fazem uso de todas as potencialidades que este recurso oferece para a formação de leitores. Nos livros didáticos percebemos que as imagens possuem um caráter secundário. É como se o único objetivo para o seu uso é a questão estética da diagramação daquele material. Sendo assim proponho neste trabalho uma capacitação, a criação de um grupo de estudos e a confecção de um caderno pedagógico para discutir o tema e encaminhar propostas metodológicas para explorar esta mídia para a aprendizagem significativa, além da escritura de um artigo com os resultados apresentados na intervenção pedagógica.

Palavras-chave Fotografia, imagem, gêneros discursivos, interpretação, proposta metodológica, produção de imagens direitos autorais.

Formato do material Caderno pedagógico

Público Alvo Professores do C. E. Euzébio da Mota

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Sumário

Tema .................................................................................................................. 1

Problema/Problematização ................................................................................ 1

Objetivo Geral .................................................................................................... 1

Objetivos específicos ......................................................................................... 1

Justificativa ......................................................................................................... 1

1. Como usar a fotografia como gênero discursivo ............................................ 2

1.1. Como o aluno aprende ............................................................................. 3

1.2. Como escolher uma imagem para trabalhar em sala de aula .................. 5

1.3. Sugestões metodológicas ........................................................................ 7

2. Como produzir boas imagens .................................................................... 15

2.1. A relação “ISO / tempo / abertura” .......................................................... 15

O tempo de exposição ..................................................................................... 17

A relação “abertura/velocidade” ....................................................................... 19

O fotômetro ...................................................................................................... 20

2.2. Modo manual e semi-automático .............................................................. 21

Modo manual .................................................................................................... 22

Modo semi-automático ..................................................................................... 22

Modo programado ............................................................................................ 23

Controle do modo programado ......................................................................... 23

2.3. Movimento e velocidade ............................................................................ 24

2.4. Focalização ............................................................................................... 26

2.5. Profundidade de campo – abertura do diafragma ..................................... 26

2.6. Tipos de lentes .......................................................................................... 29

2.7. Retratos ..................................................................................................... 33

2.8. A Composição ........................................................................................... 35

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2.9. Paisagens .................................................................................................. 36

2.10. A pós-produção ....................................................................................... 37

3. Direitos autorais ........................................................................................... 40

Referências bibliográficas .................................................................................45

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Tema

Como usar e produzir imagens como recursos educacionais.

Problema/Problematização

Como usar a fotografia para ajudar em uma aprendizagem significativa e

como produzir recursos com pertinência pedagógica.

Objetivo Geral

Propiciar aos professores uma formação acerca do uso de imagens

como ferramentas pedagógicas potencialmente significativas.

Objetivos específicos

Utilizar a fotografia como gênero discursivo e suas especificidades na

formação de leitores;

Promover reflexão sobre o contexto de produção fotográfica com fins

pedagógicos;

Discutir sobre estratégias metodológicas acerca da escolha e do uso de

imagens no contexto escolar;

Refletir sobre a lei de direitos autorais.

Justificativa

Apesar da riqueza semântica que uma imagem oferece, infelizmente

percebemos que os professores não fazem uso de todas as potencialidades

que este recurso oferece para a formação de leitores. Nos livros didáticos

percebemos que as imagens possuem um caráter secundário. É como se o

único objetivo para o seu uso é a questão estética da diagramação daquele

material.

Sendo assim proponho neste trabalho uma capacitação, a criação de um

grupo de estudos e a confecção de um caderno pedagógico para discutir o

tema e encaminhar propostas metodológicas para explorar esta mídia para a

aprendizagem significativa, além da escritura de um artigo com os resultados

apresentados na intervenção pedagógica.

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1. Como usar a fotografia como gênero discursivo

Para Mikhail Bakhtin, as relações estabelecidas entre linguagem e

sociedade são indissociáveis, da atividade humana, entendidas como domínios

ideológicos , como por exemplo o educacional, o jornalismo e o religioso,

dialogam entre si e produzem gêneros discursivos, dados pelos enunciados

produzidos. Esses enunciados propiciam a interação entre indivíduos e a

construção de uma sociedade, de cultura e conhecimento. Portanto, é

importante que os profissionais da educação se dediquem a entender esses

conceitos em relação às propostas para o ensino da Língua Portuguesa

apresentadas nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais).

Percebemos que alguns gêneros são privilegiados nas produções

voltadas para o cotidiano da sala de aula, como resumos, descrições e textos

argumentativos. Todos eles gêneros dados por linguagem verbal e escrita.

Neste ponto aparece o questionamento sobre o uso de imagens neste

contexto. Na prática, uma fotografia, essencialmente não-verbal, oferecem

elementos que possibilitam abordagens, discussões e interações tão ricas

quanto as oferecidos por textos escritos. Ainda nesta esteira, gostaria de

propor uma reflexão sobre o diálogo que pode (e deve) ser estabelecido entre

as linguagens verbais e não-verbais. Nas produções didáticas voltadas para a

sala de aula, as imagens assumem um papel secundário, apenas enfeitando o

layout das páginas. Voltaremos a este questionamento mais adiante.

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Podemos considerar a imagem, mais especificamente a fotografia, um

produto de um gênero discursivo?

1.1. Como o aluno aprende

As diretrizes de tecnologia para o Estado do Paraná apresenta

transcendência da leitura considerando a multiplicidade de linguagens e suas

associações, na qual figura a fotografia (PARANÁ, 2010). Esta linguagem

visual tem o poder do subjetivismo, que impacta e emociona no ato da

interpretação.Então como usar a linguagem no contexto escolar?

Primeiramente podemos considerar as ideias apresentadas por Santaella

(2012, p. 10) para expandir o conceito de leitura:

Desde os livros ilustrados e, depois, com os jornais e revistas, o ato de ler passou a não se limitar apenas à decifração de letras, mas veio também incorporando, cada vez mais, as relações entre a palavra imagem, entre o texto, a foto e a legenda, entre o tamanho dos tipos gráficos e o desenho da página, entre o texto e a diagramação. Além disso, com o surgimento dos grandes centros e a explosão da publicidade, a escrita, inextricavelmente unida à imagem, veio crescentemente se colocar diante dos olhos na vida cotidiana (SANTAELLA, 2012, p.12).

Portanto, é preciso que se use toda e qualquer manifestação linguística

em sala de aula, formar leitores a partir de gêneros clássicos, de fotos, filmes,

anúncios publicitários entre outras representações.

Seguindo ainda por esta ótica as Diretrizes Curriculares, agora de

Língua Portuguesa, adotadas por nosso Estado, apresentam que nas últimas

décadas a escola pública passou a atender as classes populares. Neste

sentido existe a necessidade de saber quem são, de onde vêm e quais as

referências socioculturais que trazem para este contexto para que ocorra de

fato a democratização dos conhecimentos. Assim a escola torna-se o espaço

para o diálogo entre os conhecimentos sistematizados por ela e os

conhecimentos do cotidiano popular (PARANÁ, 2008). Sendo assim, devemos

considerar a linguagem visual como aquela mais próxima do nosso público

alvo, para nossos alunos é mais fácil “ler” uma imagem do que um texto escrito,

e esta pode servir para predispô-los a aprender determinado conteúdo. A

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predisposição para a aprendizagem e a adequação da linguagem em relação

ao público alvo são características importantes dentro da teoria da

aprendizagem significativa (AUSUBEL, HANNESIAN e NOVAK, 1980), a qual,

basicamente formula que a aprendizagem só é duradoura se houver relevância

para o aprendiz, caso contrário, ele memorizará o conteúdo para depois

esquecer, em um processo de aprendizagem mecânica.

Dentre as diversas manifestações que a imagem apresenta,

selecionamos a fotografia. Ela tem um caráter jornalístico indiscutível, mas o

recorte subjetivo da cena, promovido pelo autor da imagem, carrega um ponto

de vista, que pode destacar uma ideia especificamente, o que faz com que a

foto deixe de ser apenas o retrato momentâneo da realidade para assumir o

papel de revelador de uma leitura de mundo do fotógrafo. Além disso, a

produção fotográfica exige um olhar apurado (dado pela técnica e arte) por

parte do autor. Este pacote de características faz da fotografia um grande

objeto de estudo.

O diálogo (que existe entre a imagem, a experiência de vida do fotógrafo

e o contexto da produção) dará a possibilidade para o professor encaminhar

debates a partir das impressões levantadas por parte dos alunos, explorando

as mais diversas nuances apresentadas pela fotografia, e pela comparação

dessas informações com as de textos de outras naturezas.Aqui entra a teoria

ditada pelo dialogismo de Bakthin, que se reporta a formações combinatórias

da linguagem em suas dimensões verbal e extraverbal, articula formas

discursivas de linguagem, visões de mundo e pontos de vista determinados

(BRAIT, 2005).

Outras questões que são de suma importância para que a nossa prática

pedagógica seja eficiente. A primeira pergunta que aflora é como aprendemos.

A resposta passa pelo uso de um vocabulário adequado para o público-alvo da

ação pedagógica. Além disso, o professor deve mediar e encaminhar a

produção de significado, organizando ideias e fazendo referencias a fatos

relevantes para os indivíduos. Neste ponto destacamos ferramentas que

possam despertar emoções nos alunos, como a música e as imagens. As

fotografias tem poder de emocionar, iludir, instruir e contar histórias.

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Um outro aspecto a se considerar: devemos oferecer desafios aos

nossos alunos, tirá-los da passividade, oferecer a eles o protagonismo das

ações. Além disso, devemos propiciar a troca de experiências, a prática que

desenvolva a coletividade e o trabalho de colaboração. A função de mediação

destinada ao professor requer muita criatividade, alternar práticas e fazer uso

de todos os recursos possíveis. Como um último aspecto, lembrar e ressaltar a

vontade e a persistência dos alunos, valorizando acertos ao invés dos erros.

Na sua opinião, a fotografia é uma ferramenta importante para o

trabalho de interpretação e entendimento do mundo? Por quê?

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Que aspectos podemos destacar no trabalho com imagens no

contexto escolar?

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1.2. Como escolher uma imagem para trabalhar em sala de aula

A fotografia deve apresentar uma boa composição. A regra dos terços,

simetria e jogo de cores podem determinar se a imagem tem ou não poder

pedagógico. Ainda em relação a composição, a imagem não deve apresentar

muitos elementos que possam desviar a atenção do leitor da imagem. Quanto

mais limpa é a composição, maior será a possibilidade do interlocutor perceber

o objetivo da imagem.

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As linhas horizontais, verticais e diagonais, além das cores podem

atribuir às imagens tons de tranquilidade ou de dramaticidade. Um outro

elemento a se considerar é a perspectiva. Um plano baixo, por exemplo pode

destacar o olhar de uma criança, atribuir a imagem a sua maneira de ver o

mundo. No caso de fotografias sociais , elas devem expressar emoções e

contar histórias. Um retrato pode expressar todo o sofrimento de uma vida, por

exemplo. Estes conceitos serão trabalhados na próxima unidade, voltada para

a produção fotográfica.

Quais são os critérios que você adota para escolher uma imagem

para trabalhar em sala de aula? O que a imagem precisa apresentar para

ganhar poder pedagógico?

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A nossa tradição diz que a humanidade busca conhecimento a partir de

registros escritos, no entanto a leitura de imagens é um ato espontâneo, por

usar de seu aspecto universal, além de aproximar culturas. Então por que

excluir a linguagem visual, o uso de imagens, do processo de aprendizagem de

nossos alunos, ou usá-la de maneira superficial?

A escrita é mais precisa, sua mensagem é mais direta. No entanto a

imagem tem o poder de impactar, emocionar e despertar o subjetivismo no ato

da interpretação.

Costa (2013- p.38), faz a seguinte afirmação:

"Houve um tempo no qual a imagem era um mero adereço

na educação, na divulgação científica e na produção

literária, porém hoje os mais diversos campos do saber, da

produção e da comunicação humana se apóiam na

linguagem visual e imagética."

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Apesar da riqueza semântica que uma imagem oferece, infelizmente

percebemos que os professores não fazem uso de todas as potencialidades de

uma imagem na formação do leitor. Nos próprios livros didáticos percebemos

que as imagens possuem um caráter secundário. Não existe um

aprofundamento na discussão sobre as fotografias usadas. É como se o único

objetivo para o seu uso é a questão estética da diagramação do material.

Caríssimo(a) colega, você concorda com as afirmações anteriores

sobre o uso das imagens no contexto escolar? Como você faz uso de

imagens em sua prática escolar? Como podemos usar a fotografia como

uma ferramenta pedagógica?

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1.3. Sugestões metodológicas

Uma das primeiras estratégias que podemos estabelecer para a leitura

de imagens é atribuir a elas uma legenda, uma breve explicação ou

apresentação do tema retratado. Observe as fotos a seguir a faça legendas

para elas:

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Observe agora atentamente a imagem a seguir, obra vencedora do

prêmio Pulitzer chamada "Vulture":

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Vulture - Kevin Carter

fonte: http://iconicphotos.files.wordpress.com/2009/08/kevin-carter-vulture.jpg - Acessado em

27/10/2014

Kevin Carter, o autor desta fotografia, a fez quando acompanhava um

grupo de sudaneses que tentava chegar até um centro de atendimento da ONU

para buscar remédios, alimentos e água. A criança retratada caiu já sem forças

para continuar sua jornada. O fotógrafo então percebeu a aproximação do

urubu. Posicionou-se e esperou o momento certo para capturar a imagem.

Depois de algum tempo, Kevin Carter foi muito criticado por não interferir na

situação e ajudar aquela criança.

A imagem é muito forte. Desperta emoções e questionamentos sobre

aquela e outras situações similares. De que forma pode-se trabalhar com

esta obra em sala? As informações sobre o contexto de produção são

relevantes nesta discussão?

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Para saber mais sobre Kevin Carter acesse

http://www.casadosfocas.com.br/kevin-carter-e-a-polemica-foto/

Aproximando agora o nosso contexto sócio-cultural, observe esta

imagem que fiz a alguns anos.

Problemas sociais - Marcio Roberto Neves Padilha

Tal qual uma crônica, a imagem nos faz imaginar o que levou aquele

indivíduo a tal situação. Junto dele estava um grupo de mais ou menos dez

pessoas, que também aparentavam embriaguez. por sua vez as pessoas que

por ali passavam sequer olhavam, como se assim pudessem evitar ou

simplesmente ignorar o problema.

Quais questionamentos são possíveis a partir da reflexão sobre

esta imagem?

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Para saber mais sobre Crônica, acesse:

http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=12190

Crônica

• sf (gr khronikós, via lat)

1. Narração histórica, pela ordem do tempo em que se deram os fatos.

2. Seção ou artigo especiais sobre arte, literatura, assuntos científicos, esporte, notas sociais, humor etc.,em jornal ou outro periódico, sempre do mesmo autor, geralmente refletindo suas ideias e tendências pessoais.

Fonte: Michaelis - http://dic.busca.uol.com.br/result.html?group=0&t=10&q=cr%F4nica acessado em 12/10/2014

A crônica é o gênero textual que mais se aproxima deste tipo de

discussão, que retrata, discorre sobre problemas do cotidiano. Podemos então

aproximar a fotografia deste tipo textual e atribuir a ela o mesmo poder

discursivo da crônica, uma vez que cumpre papéis muito próximos aos dela.

Leia agora a crônica "A violência virou problema de estado maior", de

Arnaldo Jabor, disponível em:

http://paratodos.bligoo.com.br/viol-ncia-virou-problema-de-estado-maior-

arnaldo-jabor#.VIOerTHF85A

Que paralelos podemos traçar entre a fotografia e a crônica

proposta?

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A comparação entre crônicas e retratos cotidianos de nossa sociedade é

um grande exercício de interpretação para nossos alunos. É o momento de

identificação e argumentação sobre problemas que enfrentamos diariamente.

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Neste exercício é possível ainda a análise dos elementos com constituem o

gênero textual crônica e o que o cronista busca como tema para o seu ofício.

Ainda sob esta temática, proponha a seus alunos que produzam

fotografias a partir de crônicas indicadas por você. Para nortear tecnicamente a

produção das imagens resgate o conceito da regra dos terços, que veremos no

próximo capítulo. Posteriormente promova uma exposição da produção e um

debate sobre a relação das imagens com as crônicas indicadas.

Um outro encaminhamento interessante é usar da fotografia e da

essência da crônica para produzir fotonovelas. Veja o exemplo a seguir:

Fotonovela

• sf (foto2+novela) História em quadrinhos na qual os desenhos são substituídos por imagens fotográficas.

Fonte: Michaelis - http://dic.busca.uol.com.br/result.html?q=fotonovela&group=0&t=10

Acessado em 12/10/2014

Estes são os primeiros quadros de uma adaptação feita da música

"Eduardo e Mônica", da banda Legião Urbana. A partir da letra da canção,

foram feitas imagens fotográficas que foram dispostas na diagramação das

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páginas do material. Nesta produção fotográfica foram usados como elementos

cenográficos bonecos, brinquedos e uma casinha de bonecas de minha filha

Helena. A diagramação foi feita em um software de edição de imagens. Uma

opção gratuita e muito eficiente para este tipo de produção é o GIMP,

(definição) disponível para download em http://www.gimp.org/ , além de fazer

parte do pacote de softwares instalados nos laboratórios PRD de nossas

escolas. Nos links

http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/tutoriais/gimp1.pdf

e http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/tutoriais/gimp2.pdf

do Portal Dia a Dia Educação da Secretaria de Estado da Educação do Paraná

você encontra os volumes 1 e 2 do manual de uso do GIMP. Acesse e faça o

download.

Para saber mais sobre o GIMP acesse http://www.gimpbrasil.org/.

Sobre composição fotográfica, discutiremos no próximo capítulo. Além

disso, devo salientar a importância de trabalhar com os alunos as

características da fotonovela e da linguagem dos quadrinhos, como os

famosos balões e os elementos estudados pela semiótica.

Feito o resgate desses conceitos, proponha a seus alunos que formem

pequenos grupos e que escolham um tema para desenvolver uma fotonovela.

Em seguida encaminhe a produção do roteiro para ela, já indicando os planos

de enquadramento e os elementos de composição das cenas.

Com o roteiro pronto começa a captura das imagens. Essa produção

pode ser feita inclusive com os celulares dos alunos. A próxima etapa é a

edição e a diagramação das imagens no GIMP. Para tanto, agende o

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laboratório de informática de sua escola. Acredito que uma ou duas aulas

sejam suficiente para a realização desta tarefa.

Com o material concluído, estabeleça com seus alunos formas de

exposição da produção. Blogs e redes sociais são excelentes ferramentas para

esta tarefa. Expor a produção valoriza o trabalho e eleva a auto-estima dos

alunos, que neste momento assumem o papel de protagonistas da situação.

Já que citamos as redes sociais na proposta anterior, uma outra

discussão interessante para levar para a sala de aula: a exposição excessiva

de aspectos individuais feita pelos seus usuários nas redes sociais como o

Facebook. Existem relatos de que isso pode colocar em risco a própria

segurança do indivíduo. Seguem alguns questionamentos possíveis para seus

alunos:

Algumas pessoas expõem fotos dos lugares frequentados, comidas, de

amigos ou de situações pessoais. Por que expor aspectos íntimos em

uma rede social? Quais são os limites dessa exposição?

É possível usar as redes sociais e respeitar aspectos individuais das

pessoas?

Posso postar uma imagem de outra pessoa sem sua autorização?*

Existem implicações legais para o uso abusivo das redes sociais?*

* Para nortear estas questões observar "Direitos autorais" desta unidade.

Dica: A SEED-PR dispõe de um banco de imagens com mais 40.000

imagens liberadas para o uso pedagógico sem fins lucrativos. Acesse:

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http://multimeios.seed.pr.gov.br/resourcespace-seed/pages/home.php

2. Como produzir boas imagens

Existem situações vividas que são únicas, e por isso, merecem ser

imortalizadas em uma fotografia. No entanto, um enquadramento mal feito, a

regulagem inadequada de seu equipamento, ou o uso errado do flash pode

acabar com um registro fotográfico desse momento importante. É por isso que

fazer uma fotografia (palavra que vem do grego e que significa “escrita” ou

“registro” de luz) depende de entender e conhecer algumas técnicas que vão

muito além de simplesmente “apertar um botão”.

Fotografia é um meio para comunicar fatos ou ficções e expressar

idéias. Requer habilidade técnica e artística. Esse conhecimento técnico é

necessário se você quiser fazer uso completo de suas ferramentas e, assim,

trabalhar com confiança. Saber como fazer permite que você se concentre no

seu tema e no motivo da produção (o conteúdo e o significado da fotografia).

Explorar equipamentos e processos nos leva a descobrir novas possibilidades

de criação fotográfica.

Para se produzir uma boa imagem fotográfica, primeiramente é

necessário conhecer as funcionalidades de seu equipamento. A primeira dica,

leia o manual técnico de seu equipamento fotográfico. Perceba em suas

características técnicas possibilidades de uma produção fotográfica

diferenciada. As câmeras - sejam elas manuais ou automáticas, compactas ou

reflex - possuem modos de regulagem que podem garantir a qualidade da

fotografia. O nosso dever é explorar as possibilidades que o equipamento nos

proporciona para atingir o máximo controle na criação fotográfica.

A fotografia é dada por uma relação que chamo de “tripé” da exposição,

ou seja, a relação “ISO / tempo / abertura”. Vamos ver como isso funciona.

2.1. A relação “ISO / tempo / abertura”

A exposição depende basicamente do nível de luminosidade da cena

(quantidade de luz que passa pela lente e por quanto tempo). Estão envolvidas

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nesse momento a sensibilidade do filme (ISO), a velocidade do obturador

(tempo) e a abertura do diafragma da câmera.

Elementos a serem considerados:

ISO – velocidade do filme (quanto mais alto, mais sensível, o que

permite uma exposição mais rápida);

Abertura (é a abertura no interior da lente que permite a passagem de

luz; Expresso por f/_);

Velocidade do obturador;

Combinação da abertura e do tempo de exposição;

Fotômetro;

Anel de regulagem indicando o ISO do filme e a velocidade de obturação - 18 copy

A norma ISO (Internacional Standards Organization) corresponde à sensibilidade de um filme ou da regulagem de sua câmera digital em relação à luz. Quanto maior o número indicado para o ISO, mais sensível é o filme. Um ISO 1600, por exemplo, necessita de pouca luz para obter uma exposição correta, enquanto que um ISO 25 necessita de seis vezes mais luz para obter o mesmo resultado. Fonte: Guia Completo de fotografia – National Geographic

A ABERTURA

Assim como controlamos o fluxo de água de uma torneira, podemos

também controlar o quanto de luz pode entrar em uma câmera fotográfica. A

abertura do diafragma da lente de sua câmera faz esse papel, controlando a

quantidade de luz que passa por ela. São indicados dessa maneira:

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Imagem: Andrea Castagini

Como podemos observar, é usada uma série de números marcados no

anel da lente para indicar essas aberturas. As regulagens aparecem da maior

para a menor abertura. Note que um valor menor do diafragma (f/) indica uma

abertura maior. Em contrapartida, um valor maior indica uma abertura menor.

Diafragma é o mecanismo das objetivas que controla a abertura e, conseqüentemente, a quantidade de luz que entra pela lente da câmera.

Para efeito prático, considere então estas idéias:

Quanto maior a abertura, menor o tempo de exposição e vice-e-versa.

Com grande abertura e exposição igual, o filme é exposto à mesma

quantidade de luz.

Com grande abertura e alta velocidade, a profundidade de campo é

pequena e o movimento da cena é “congelado”.

Com pequena abertura e baixa velocidade, a profundidade aumenta,

mas é difícil “parar” a cena.

O tempo de exposição

A velocidade controla quanto tempo a cortina do obturador da câmera

ficará aberta. Nas câmeras semi ou profissionais é o fotógrafo que determina a

velocidade do obturador, ou regular a câmera, em modo automático, para fazê-

lo.

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18

A “cortina” do obturador – 14

O obturador é o mecanismo determina o tempo de exposição, abrindo

sua “cortina” momentaneamente para expor o filme ou o sensor das câmeras

digitais à luz que entra pela abertura da lente. Sendo assim, devemos

considerar que quanto mais longo é o tempo de exposição (ou seja, mais baixa

a velocidade), mais luz atingirá o filme, numa dada abertura de diafragma. As

velocidades da câmera são indicadas em segundos e em frações de segundo

no anel (ou seletor) de velocidades da câmera (nas mais avançadas há um

seletor eletrônico).

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19

Seletor de velocidades de uma câmera manual - 17 copy

As velocidades mais comuns aparecem ordenadas da mais lenta para a mais

rápida: 1 segundo, ½, ¼, 1/8, 1/15, 1/30, 1/60, 1/125, 1/250, 1/500, 1/1000 de

segundo.

A relação “abertura/velocidade”

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20

Display de uma câmera digital indicando tempo de exposição e abertura de diafragma. -41

copy

Existem muitas combinações de velocidade (tempo de exposição) e

abertura de diafragma que são equivalentes e trazem o mesmo resultado para

a fotografia. Por isso, não podemos esquecer que quanto maior a abertura

empregada, menor será o tempo de exposição (maior velocidade). O contrário

também é verdadeiro, pois quanto mais tempo a cortina permanecer aberta,

menor a abertura necessária.

Apesar de muitas combinações diferentes serem equivalentes, em

alguns casos os resultados podem ser diferentes. Com uma grande abertura e

alta velocidade, a profundidade de campo é pequena e o movimento é

congelado. Com pequena abertura e baixa velocidade, a profundidade de

campo aumenta, mas é difícil “parar” a cena, resultando em uma imagem

“borrada”, dado pelo movimento do tema fotografado.

Profundidade de campo é a área de nitidez de uma foto. Embora apenas o motivo focalizado – e outros que estejam à mesma distância – esteja realmente nítido, há uma faixa de nitidez aceitável que se estende para a frente e para trás do ponto focalizado.

O fotômetro

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21

É o sistema que lê a intensidade de luz refletida por uma área muito

pequena da cena e determina a exposição adequada para a situação. Requer

do fotógrafo certa experiência para avaliar as tonalidades para uma exposição

correta. Normalmente as câmeras possuem um fotômetro interno para indicar a

exposição adequada. Em “modo automático”, a câmera faz sozinha alguns

ajustes como verão mais adiante.

2.2. Modo manual e semi-automático

Anel de regulagem indicando “modo automático” -33 copy

A maioria das câmeras atuais, exceto as totalmente automáticas,

oferece pelo menos dois modos de operação: o modo “manual” e o “semi-

automático”. No “manual”, você deverá regular o tempo de exposição, bem

como a abertura do diafragma; enquanto que, no modo “semi-automático”, a

regulagem preocupa-se somente um dos parâmetros, pois a câmera irá regular

o outro, de acordo com a seleção feita.

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Modo manual

Anel de regulagem indicando o modo “manual”-29 copy

Normalmente o modo manual das câmeras fotográficas é indicado pela

letra “M” (vide ilustração). Neste modo, o fotógrafo deve regular o diafragma e a

velocidade de obturação da câmera, até obter uma indicação da exposição

correta. Mudando a velocidade, também terá de mudar o diafragma, e vice-

versa. Isso toma um pouco de tempo e você tem de se lembrar de fazer as

duas regulagens. O fotômetro, seja ele integrado à câmera ou manual, dá a

melhor regulagem para exposição, que pode ser aceita ou ignorada. No

entanto, esse sistema irá indicar valores mais adequados para uma exposição

correta.

Modo semi-automático

Neste caso o fotógrafo define um dos elementos (Normalmente essa

possibilidade corresponde à abertura). A programação da câmera escolhe

então a velocidade para a exposição correta (modo “automático com prioridade

para abertura). Outros modelos de câmeras fotográficas oferecem a opção de

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escolha da velocidade e a câmera ajusta a abertura (automática com prioridade

para velocidade).

Modo programado

Anel de regulagem indicando o “modo programado”-32 copy

As câmeras digitais que encontramos no mercado oferecem também um

modo totalmente automático, normalmente designado por “P”, símbolo de

exposição “programada”. Nessa opção, o computador da câmera determina

tanto a abertura quanto a velocidade para uma exposição correta. No entanto,

essa regulagem pode não satisfazer a sua criatividade.

Lembre-se de que o fotômetro irá recomendar as regulagens para uma exposição correta, mas isso pode não dar certo se o assunto é muito escuro ou muito claro. Por isso, pensar a iluminação da produção é tão importante.

Controle do modo programado

Algumas câmeras possuem o recurso de controle do modo programado

que possibilita alternar várias combinações de abertura e tempo de exposição e

ainda assim resultar em uma exposição correta. Os programas específicos

mais comuns são:

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24

Paisagem – que priorizam profundidade de campo

Esporte – que priorizam velocidade

Retrato – que priorizam aberturas grandes para destacar rostos o

objetos principais.

Anel de regulagem indicando modo programado “Paisagem”

Anel de regulagem indicando modo programado “Esporte”

Anel de regulagem indicando modo programado “Retrato”

-35 copy

-37 copy

-34 copy

Esse recurso é capaz de escolher a abertura e a velocidade que um

fotógrafo experiente escolheria para mostrar o movimento e a nitidez numa

determinada cena. Esses programas específicos podem ser muito úteis. No

entanto, se você prefere dar um toque mais pessoal sobre a imagem,

simplesmente mude para um dos modos que lhe ofereça maior controle.

2.3. Movimento e velocidade

Jardim_botanico_6 - Movimento “congelado”

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Jardim_botonico_9- Movimento “fluído”

Com a definição do objetivo da produção, o fotógrafo fará valer dos seus

conhecimentos técnicos para usar da velocidade de obturação para registrar

um movimento. Se para “congelar” um movimento deve-se usar uma

velocidade alta, o contrário transmitirá a sensação de um movimento mais

“fluído”.

Caso a intenção seja registrar um momento congelado, a velocidade do

obturador de sua câmera deve ser alta. Para registrar movimentos de dança ou

esportes é aconselhável velocidades a partir de “1/800”. Obviamente, objetos

ou situações mais rápidas exigem velocidades de obturação maiores.

Se a intenção é registrar um movimento mais arrastado, velocidades

baixas são as mais indicadas, como “1/25”. Para obtenção de um efeito

“leitoso” das quedas d’água de uma cachoeira, por exemplo, quanto menor é a

velocidade usada, melhor o resultado para a fotografia. Lembre-se sempre de

que é preciso muita “firmeza” para que sua foto não saia tremida com

velocidades baixas de obturação. Por isso nesses casos é recomendado o uso

de um tripé.

É importante observar que cada situação exige uma combinação de

ajuste diferente para sua câmera, sem deixar de considerar o objetivo da

produção.

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2.4. Focalização

Eis mais um critério que difere o bom fotógrafo: o seu poder de

focalização. De nada adiantará uma boa composição ou outros aspectos

voltados para a criatividade se a imagem está fora de foco. A maioria das

câmeras possui o ajuste automático para essa tarefa. Contudo, vale a pena

entender como funciona o autofoco, ou foco automático para compreender

suas limitações e poder prevê-las e corrigi-las.

As lentes objetivas das câmeras podem focalizar uma distância de cada

vez. Isso nos dá apenas um único plano nítido. O que estiver fora desta linha (à

frente ou atrás do objeto) estará fora de foco. Considere também que quanto

maior é a distância em relação ao tema focalizado, maior será o nível de

desfoque. No entanto, existe uma região, próxima do foco, que estará

razoavelmente nítida. Aqui aparece o conceito da profundidade de campo.

Em boa parte das câmeras mais simples, as compactas, o foco é feito

em torno de 3 metros, garantindo uma profundidade de campo que, a partir de

1,5 metro até o horizonte fique nítido. Em câmeras mais complexas, o foco é

ajustado a cada disparo feito e pode ser realizado manualmente ou de maneira

automática.

Quando estiver fotografando pessoas, lembre- se sempre de fazer o foco a partir dos olhos do fotografado.

2.5. Profundidade de campo – abertura do diafragma

Como já foi dito anteriormente, a profundidade de campo é a zona numa

fotografia em que o foco está razoavelmente nítido. A capacidade de controlar

essa profundidade é um dos traços que distinguem o fotógrafo amador do

profissional. Aqui vamos abordar os aspectos mais práticos e básicos.

A DISTÂNCIA FOCAL

A distância focal influencia diretamente a profundidade de campo de

uma imagem, independente do ângulo proposto. Para melhor entender,

considere que lentes longas (300 mm ou mais) fazem fotos com pequena

profundidade de campo. Já as lentes curtas (28 – 35 mm) produzem

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profundidade mais extensa. Assim, quanto mais perto você estiver do seu

tema, menor será a profundidade de campo. Caso seu objetivo seja registrar

uma paisagem, a profundidade de campo é grande.

Geralmente a profundidade de campo inicia em mais ou menos um terço

da distância à frente do ponto focado e compreende uma área de dois terços

depois dele. Esta regra só não funciona para a fotografia “macro” (feita com

lentes específicas, traz o foco muito próximo da própria câmera).

Para obter a profundidade de campo extensa expressa nesta foto, fiz o

foco em um ponto que estava aproximadamente a um terço da distância a

partir da linha inferior do quadro, usando uma abertura relativamente pequena.

Nos quadros a seguir, percebemos como a abertura do diafragma da

câmera interfere na profundidade de campo:

Aberturafocal_nitidez1-4 - Imagem: Andrea Castagini

Com uma abertura “f/1.4” a área de nitidez da imagem fica muito

reduzida.

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28

Aberturafocal_nitidez11 - Imagem: Andrea Castagini

Com uma abertura “f/11” a profundidade de campo aumenta

consideravelmente, se comparada ao primeiro caso.

Em qualquer uma das fotos deste material, inclusive nestas duas últimas

ilustrações, o plano em foco está nítido, mas a zona de nitidez, ou seja, a

profundidade de campo varia, apresentando-se um pouco mais ou um pouco

menos extensa. Essa diferença foi dada pelo tipo de lente usada nas situações

e pelas aberturas de diafragma empregadas.

O controle da profundidade de campo em relação à abertura de

diafragma oferece ao fotógrafo uma espécie de dilema técnico, porque quando

é dada ênfase para a velocidade de obturação, recomenda-se uma abertura

maior. Com isso você acaba diminuindo a área de foco da imagem. Para

aumentar esta área de nitidez, devem-se empregar aberturas menores, mas a

velocidade de disparo a ser empregada deverá ser bem menor. Nem sempre a

combinação técnica para a imagem irá atender à criatividade do fotógrafo. Por

isso, entender o porquê das limitações ajuda a escolher a melhor alternativa

para cada situação.

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29

Quando fizer a impressão de uma foto lembre-se de o plano de foco

parecerá maior em cópias pequenas do que em ampliações. Quanto maior a

ampliação, maior será a possibilidade de percepção da falta de detalhes dada

pela profundidade de campo da imagem.

Além dos erros de foco, podemos dizer que um dos grandes vilões

contra a nitidez de uma fotografia é a vibração. É muito comum fotos perderem

a sua nitidez devido a uma pequena tremida do próprio fotógrafo ou quando o

assunto se move de repente. Para evitar este tipo de problema é recomendável

o uso de velocidades de obturação maiores ou então o uso de um tripé.

Lembre-se também de usar em câmeras digitais regulagens mais altas para

ISO.

2.6. Tipos de lentes

Fotografia_20

Teleobjetiva 70-300mm

As câmeras fotográficas possuem um conjunto de lentes, que

chamamos de “objetiva”. Elas são responsáveis diretas pelo enquadramento e

pela focalização da imagem. Existe um tipo específico de objetiva para cada

situação. Elas são classificadas pelo seu tamanho, alcance e função que

desempenham. Diferem em relação à profundidade de campo, pela capacidade

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de entrada de luminosidade e pela distância focal. Basicamente, são elas as

“Teleobjetivas”, as “Objetivas normais”, as “Grande-angulares” e as lentes

“Macro”.

As chamadas “objetivas normais” são as mais comuns. Produzem

imagens muito próximas da nossa visão normal. Apresentam-se como 35 mm

até 55 mm. Ela cobre um ângulo de cerca de 45 graus.

As “teleobjetivas” são apropriadas para fotografar objetos a longa

distância. Possuem o famoso “Zoom”, o que possibilita a variação da distância

focal. Essa versatilidade lhes confere uma grande aceitação no mercado.

Normalmente vão de 35 mm a 1000 mm. Este tipo de lente apresenta um

problema de distorção, pois à medida que cresce a distância do objeto a ser

fotografado, maior é o “achatamento” da perspectiva da imagem.

As imagens a seguir foram feitas a partir do mesmo plano. A diferença

entre elas está no zoom aplicado em cada foto. No primeiro caso, foi usado 70

mm. Para a segunda imagem foi utilizado 125mm e a última exposição foi

aplicado 300mm para a distância focal.

Jardim_botanico_2

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Zoom de 70mm

Jardim_botanico_3

Zoom de 125mm

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32

Jardim_botanico_4copy

Zoom de 300mm

Uma dica importante: use o zoom óptico que sua câmera oferece. Evite

usar o zoom digital. Isto diminuir consideravelmente a resolução de sua

imagem, prejudicando a sua definição.

As “grande-angulares” são objetivas curtas, apropriadas para fotos de

paisagens, sempre com a intenção de registrar a maior área possível.

Proporciona grande profundidade de campo às imagens. Dentro desse

conjunto encontramos a objetiva “olho de peixe”, indicadas para situações onde

é necessário registrar uma grande área, uma vez que ela é capaz de abranger

até 180 graus.

As lentes “macro” são indicadas para fotografar pequenos objetos,

dando ênfase a pequenos detalhes. Ele possibilita focos a distâncias muito

pequenas. A sua profundidade de campo é bem reduzida. Como vimos, para

cada ou objetivo, para cada tipo de produção, é usada um tipo específico de

lente. Cada tipo de lente oferece um ângulo de visão diferente, dado pelo seu

poder de alcance e abrangência. Veja a ilustração abaixo:

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33

Profundidade_campo

Imagem: Andrea Castagini

Observe que, à medida que o zoom aumenta, o campo de visão diminui na

mesma proporção.

2.7. Retratos

Talvez seja esse o tipo de fotografia mais feito por nós. Seja da família,

crianças brincando, festas ou de amigos. Pode ser posado ou casual, o fato é

que a intenção dessas fotos é registrar momento ali vivido e a essência da

pessoa fotografada.

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No caso da fotografia posada é muito importante que a pessoa se sinta

confortável com a presença do fotógrafo, diferentemente de situações mais

casuais, que dependem mais da percepção de momentos que ocorrem sem

mediação.

Ao fazer retratos, em uma produção profissional, o fotógrafo deve

considerar as características físicas e de personalidade das pessoas que serão

fotografadas. Essas características ditarão a produção, dando um clima

coerente em relação aos fotografados.

Pense no conjunto de fatores de uma produção fotográfica. Um bom

cenário ajudará a compor a cena. Defina se será necessário o uso de

iluminação artificial. Somente o flash de sua câmera resolve a questão? Esses

elementos são importantíssimos e não devem ser ignorados. As teleobjetivas

curtas são as mais indicadas para close-up. Uma dica interessante é fazer

sempre o foco nos olhos da pessoa, pois isso garante o trabalho de focalização

da imagem. Use também ISOs mais altos, como 400 ou em situações com

pouca iluminação, 800 ou 1600.

Em relação à iluminação, considere que uma luz suave garante bons

resultados, sem falar que deixa o ambiente mais agradável. Fazer uso de

entradas de luz laterais, como janelas, oferece boas possibilidades de

composição. Se a luz for mais forte, torne-a mais difusa com o uso de uma

cortina fina.

A iluminação de estúdio conta com flashes, fontes de luz contínuas,

rebatedores e difusores. O uso desse equipamento requer conhecimento e

treinamento específico, para obtenção do controle total da iluminação do

ambiente. Em produções feitas em ambientes externos, os horários entre oito e

10 horas da manhã e a partir das 16 horas possuem a iluminação mais

adequada para fotografia, pois a sua luz é mais fraca e difusa, o que possibilita

melhores resultados. A luz do final da tarde é a melhor. Tenha uma atenção

maior com fundos muito claros, pois eles costumam “enganar” o fotômetro da

câmera.

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35

Busque sempre enquadramentos que valorizem as características físicas

do fotografado. Outro fator fundamental é deixar a pessoa à vontade.

Confiança entre fotógrafo e modelo é ingrediente necessário para uma boa

produção fotográfica.

2.8. A Composição

Podemos definir composição como “conjunto dos diversos elementos

estruturantes numa obra de arte” (Dicionário Houaiss). O que enquadrar em

uma imagem é uma decisão muito importante, pois ela definirá um olhar

diferenciado sobre um objeto ou uma realidade. A escolha dos elementos,

cores, sua disposição e a profundidade de campo empregada compõem uma

imagem única, que pode ou não carregar um tom artístico. Isso depende da

harmonia nas proporções impostas à cena, como posição do tema em relação

ao cenário e seu plano de foco. Outro fator muito importante é a definição do

tema da imagem. Muitos elementos soltos sem essa definição faz com que o

observador da imagem não entenda seu objetivo.

Rio Itiberê – Paranaguá

Rio_itibere_paranagua_7

O enquadramento de uma foto pode ser o grande diferencial entre uma

imagem com valor artístico e pedagógico de uma comum. Para fugir do “lugar

comum” desloque o assunto do meio da foto. Só isso já pode deixar a imagem

mais interessante. Uma imagem que procura focar seu tema no centro do

quadro tende a perder a idéia do movimento.

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Outra dica interessante é usar “a regra dos três terços”, uma forma

tradicional muito usada por pintores. Para tanto, divida mentalmente o visor da

câmera em três colunas e três linhas, como em um jogo da velha. Os

cruzamentos dessas linhas imaginárias são os pontos mais interessantes da

sua foto. As linhas em si também mostram pontos de destaque, para colocar os

olhos de uma pessoa ou o horizonte, por exemplo.

Quando você vê a cena, coloque o assunto num dos pontos de

intercessão. Essa técnica funciona bem com enquadramento horizontal ou

vertical e a imagem resultante é mais eficaz do que uma composição com o

assunto principal no centro do quadro. Procure fazer sua composição a partir

da esquerda, pois assim como na leitura de um texto, buscamos o início das

informações do lado esquerdo do quadro.

Dsc_5108-31grade

2.9. Paisagens

Assim como o retrato, o enquadramento será o diferencial entre uma foto

comum e outra com um toque artístico. Compor um belo quadro, usando dos

elementos da cena e destacando um tema central é a fórmula de um bom

registro de paisagem.

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37

Parque Nacional do Iguaçu

Parque_nacional_iguacu_68 Para tanto, é necessário determinar o tema de sua foto dando a ele um

enquadramento que valorize suas características. Esse destaque será o guia

do olhar de quem estiver apreciando sua imagem. A escolha dos elementos

que comporão a cena fará o papel da descrição da paisagem.

Outro item a ser considerado é a iluminação. A luz natural sofre variação

ao longo do dia. No início do dia, teremos uma luz próxima daquela do fim de

tarde, que apresenta tons mais amarelados. Nos horários próximos do meio-dia

a luz será branca, fator que destacará as cores reais da paisagem. Em dias

nublados ou chuvosos, a luz tende para o azul.

2.10. A pós-produção

Agora, com as suas fotografias todas salvas em seu computador,

começa a etapa do tratamento de imagem. Mas antes de começar, devemos

rever alguns conceitos. A resolução de uma imagem diz respeito à qualidade

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digital da imagem, dada pelo número de pixels que a imagem apresenta por

polegada. A medida de resolução de uma imagem digital é “DPI” (dots per inch

ou simplesmente, pixel por polegadas. Você já deve ter notado que, quando

uma imagem é ampliada em seu computador, ela vai, gradativamente,

perdendo definição. Essa situação está intimamente ligada à resolução da

imagem.

Para uma boa impressão, as imagens devem possuir 300 DPIs. Já uma

imagem destinada para Internet deve contar com, no máximo, 72 DPIs, para

não comprometer o seu carregamento em páginas WEB. Para a TV Multimídia,

usada pelos professores da rede pública do Estado do Paraná, aconselha-se o

uso de 72 DPIs com uma dimensão de 640 por 480 pixels. No endereço

http://www.diaadia.pr.gov.br/multimeios/arquivos/File/livro/livro.html você

encontra o manual “TV Multimídia: pesquisando e gravando conteúdos no

pendrive”, que ensina como fazer o trabalho de conversão e dimensionamento

de imagens digitais para uso na TV Multimídia.

Existem vários softwares para o trabalho de tratamento e edição de

imagens digitais, tais como o Photoshop. Uma boa opção é o GIMP (GNU

Image Manipulation Program) software livre e gratuito, que atenderá bem as

suas necessidades para a manipulação digital de suas imagens.

Tela do GIMP

editar

Esses softwares de edição de imagens normalmente apresentam

ferramentas similares para tarefas básicas, como seleção, corte,

redimensionamento e texto. Alguns recursos mais básicos e extremamente

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importantes, tais como correção de exposição, equilíbrio de cores, saturação e

a relação brilho e contraste, completam o trabalho de tratamento digital.

Depois dessa etapa concluída, é hora de converter a imagem no tipo

arquivo mais adequado para a finalidade de sua produção. Para tanto, é

necessário que você conheça os tipos de arquivos digitais de imagem e suas

características.

Particularmente, gosto de fotografar em “RAW”, arquivos brutos, que se

apresentam sem qualquer tipo de compressão. No entanto, esse tipo de

arquivo requer programas específicos, como Adobe Photoshop Lightroom. O

tipo de arquivo mais comum e aceito por todos os tipos de editores de imagem

é o “JPEG” (Joint Photographic Experts Group), que apresenta um nível

considerável de compressão e, portanto, perda de resolução. O “JPEG” é

amplamente utilizado em publicações digitais. Idealizado para a Internet,

encontramos o GIF (Graphic Interchange Format) que se trata de um formato

extremamente compactado, e que não oferece grande definição de imagem. O

formato mais utilizado em impressões é o “TIFF” (Tagged Image Format File).

Feita esta escolha, observe as dimensões e a resolução de sua foto e a

salve. Sua criação está pronta para o uso.

Caríssimo colega, proponho agora que façamos algumas imagens

como exercícios de fixação dos conceitos apresentados nesta unidade.

Considerando os modos de programação de sua câmera e as dicas dadas

sobre composição, produza imagens que retratem uma cenas cotidianas

que possam ser objetos de estudo em sala de aula. Salve sua produção

em sua conta "Dropbox" e mande o link das imagens para acessá-las.

Além disso, aponte quais os critérios que você adotou para esta

produção fotográfica. Mãos a obra.

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3. Direitos autorais

Legislação

Imagine-se fazendo uma pesquisa via internet e encontrando lá uma

imagem sua. No entanto, você não autorizou o seu uso. Como resolver tal

questão?

A fotografia é vista como uma obra intelectual. Portanto esse tipo de

produção está protegido pela Lei nº 9.610, de fevereiro de 1998, da

Constituição Federal. (o texto de Lei você encontra na página de Direito e

Cidadania, do portal “Dia-a-dia Educação” do Estado do Paraná).

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/conteudo_sons/c

onteudo_sons.php?conteudo_sons=21

Página de “Direito e Cidadania”- Portal Dia-a-dia Educação

Direito

Para a Lei, autor é a pessoa física responsável pela criação da obra. É o

próprio fotógrafo. É importante ressaltar que não é necessário o registro da

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obra. A sua autoria pode ser comprovada pela posse do arquivo original ou por

uma postagem (digital ou não) da imagem, entre outros.

O conceito de direito autoral é complexo, pois diz respeito ao conjunto

de direitos de naturezas diversas. São divididos entre os chamados direitos

morais (de natureza pessoal, inalienáveis) e os direitos

patrimoniais (econômicos em relação à obra).

O artigo 24 dessa Lei confere ao fotógrafo o direito de reivindicar, a

qualquer tempo, a autoria da foto e sempre ter os créditos publicados junto à

imagem. Outra situação comum é encontrar sua foto modificada (editada de

alguma forma) em um meio de publicação. Esse artigo garante também o

direito de oposição a qualquer tipo de modificação de sua imagem.

Também cabe ao autor da foto a proibição, suspensão e retirada de

circulação do veículo a partir do uso indevido da obra.

Os direitos patrimoniais dizem respeito à comercialização da obra.

Garantem ao fotógrafo, por exemplo, o tempo de cessão para a publicação da

imagem. Caso o contrato feito não mencione o prazo de cessão dos direitos, a

Lei estipula cinco anos de uso.

A utilização de uma foto, como a sua reprodução parcial ou integral,

distribuição indevida ou fora do prazo estipulado em contrato, sempre deverá

contar com a autorização prévia e expressa do autor, assim como qualquer tipo

de modificação ou edição da mesma.

O fotógrafo deve ter alguns cuidados em relação ao uso de sua

produção, sobretudo no que diz respeito aos direitos de imagem das pessoas

fotografadas. O artigo 5º(inciso V e X) da Constituição Federal e os artigos 186,

187, 188 e 953 do Código Civil versam sobre o assunto. Vejamos alguns

trechos da lei:

Dos Direitos e Garantias Fundamentais (Código Civil)

CAPÍTULO I- DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

(...)

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

(...)

Art. 20º. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, o seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. (...)

Dos Atos Ilícitos

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.

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(...)

Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.

Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, eqüitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

(...)

(O texto integral da lei você encontra na página de Direito e Cidadania, do portal “Dia-a-dia Educação” do Estado do Paraná).

Além disso, devemos fazer uma leitura atenciosa dos artigos 143 e 247 do

Estatuto da Criança e do adolescente. Vamos a eles:

Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e administrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.

Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

(...)

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.

§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação.

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Algumas questões para refletirmos agora:

Eu posso copiar uma imagem da internet e usá-la em uma publicação de

minha autoria? Como devo proceder?

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Posso copiar uma fotografia que achei na internet, modificá-la e publicá-la

como autor desta imagem?

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Posso fotografar meus alunos em sala de aula? Existe algum

impedimento legal?

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