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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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2014/2015

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

FICHA PARA CATÁLOGO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TURMA 2014

Título: A Pedagogia como Discurso Disciplinar: Dispositivos de Poder e de Saber no Cotidiano

Escolar

Autor: Silvana Batista Taube

Disciplina/Área: Pedagogia

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

Rua XV de Outubro, n° 525 – Estância

Município da Escola: Pinhais

Núcleo Regional de Educação: Área Metropolitana Norte

Professor Orientador: Dr. Wanderley José Deina

Instituição de Ensino Superior: Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Resumo: Este material didático, elaborado na forma de Caderno Temático, tem

como proposta evidenciar a grande importância da pesquisa no cotidiano

escolar, sobretudo, na necessidade de se constituírem grupos de estudo

que aprofundem concepções teóricas, discutam suas posições frente aos

constantes desafios do fazer pedagógico. Portanto, propõe-se um estudo

de caso, voltado para as vivências dos sujeitos envolvidos, a partir do

trabalho em sua realização, procurando-se investigar as relações entre o

poder e o saber, as formas de subjetivação que se dão nesse espaço, o

papel do pedagogo em sua origem e na contemporaneidade. Para tal

propósito, serão realizados seminários com o estudo de textos

selecionados; oficinas para a elaboração de um plano de ação; discussões

e debates a partir dos estudos e do trabalho realizado cotidianamente, a

fim de investigar e intervir nessa realidade. Assim sendo, o que se

procura investigar e coloca-se como questão principal desta pesquisa

refere-se ao modo como se articulam as relações de poder e de saber no

desenvolvimento do trabalho dos pedagogos, considerando que no

cotidiano escolar não dispõem de um projeto de desenvolvimento

profissional onde suas demandas sejam contempladas, para constituírem-

se com autonomia, enquanto sujeitos em um trabalho coletivo,

fundamentado e reflexivo.

Palavras-chaves Pedagogia; Poder; Saber; Subjetivação.

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Público: Pedagogos(as)

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA – CADERNO TEMÁTICO

SILVANA BATISTA TAUBE

A PEDAGOGIA COMO DISCURSO DISCIPLINAR: DISPOSITIVOS DE PODER

E DE SABER NO COTIDIANO ESCOLAR

CURITIBA 2014

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SILVANA BATISTA TAUBE

A PEDAGOGIA COMO DISCURSO DISCIPLINAR: DISPOSITIVOS DE PODER

E DE SABER NO COTIDIANO ESCOLAR

Produção didático-pedagógica organizada em forma

de Caderno Temático, desenvolvida como atividade

prevista pelo Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE 2014/2015 da Secretaria de Estado

da Educação do Paraná em convênio com a

Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Profº. Dr. Wanderley José Deina

CURITIBA

2014

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SUMÁRIO

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA

TURMA 2014......................................................................................................................01

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................... 05

UNIDADE TEMÁTICA I - APRESENTANDO MICHEL FOUCAULT................... 09

MICHEL FOUCAULT: ALGUNS APONTAMENTOS BIOGRÁFICOS........................ 09

RELAÇÕES DE PODER E DE SABER NO COTIDIANO ESCOLAR........................... 11

TRABALHAR COM FOUCAULT.......................................................................14

PARA APROFUNDAR O TEMA...................................................................................... 15

LEITURAS E VÍDEOS COMPLEMENTARES................................................................ 15

UNIDADE TEMÁTICA II - A GÊNESE DA PEDAGOGIA........................................17

ESTABELECENDO CONEXÕES..................................................................................... 17

UMA HISTÓRIA DA PEDAGOGIA................................................................................. 18

PARA APROFUNDAR O TEMA..................................................................................... 20

UNIDADE TEMÁTICA III - PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NO COTIDIANO

ESCOLAR.......................................................................................................................... 21

PARA APROFUNDAR O TEMA...................................................................................... 22

UNIDADE TEMÁTICA IV - O PAPEL DO PEDAGOGO NO CONTEXTO

ESCOLAR.......................................................................................................................... 24

O PAPEL DO PEDAGOGO............................................................................................... 24

PLANEJAMENTO: OFICINAS PEDAGÓGICAS............................................................ 25

PARA APROFUNDAR O TEMA...................................................................................... 26

REFERÊNCIAS.................................................................................................................28

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APRESENTAÇÃO

Este material, apresentado em forma de um Caderno Temático, tem como proposta

subsidiar um trabalho de intervenção pedagógica, fruto de um projeto desenvolvido por

ocasião do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2014/2015 da Secretaria de

Estado da Educação do Paraná – SEED/PR, em convênio com a Universidade Tecnológica

Federal do Paraná – UTFPR, a ser aplicado em 2015 no Colégio Deputado Arnaldo Faivro

Busato, pertencente à Área Metropolitana Norte, situado no município de Pinhais.

Percebe-se que na contemporaneidade é fundamental propiciar espaços, não apenas

de reflexão acerca do trabalho do pedagogo, mas essencialmente, possibilitar a construção

de caminhos para uma prática voltada à constituição de subjetividades, pelo cuidado de si,

e a partir daí, encontrar ferramentas para o cuidado do outro, com o desejo em realizar uma

educação voltada às relações de reciprocidade, de comprometimento com a sociedade,

considerando as relações pedagógicas a serem estabelecidas na escola. Nesse âmbito, o

papel do pedagogo tem sido delineado por uma história de transformações sociais,

econômicas e políticas, que denotam as constantes intervenções do Estado, daquilo que o

filósofo Michel Foucault (1993) chamou de “biopoder” - o controle sobre a vida, em suas

ínfimas parcelas e, neste caso, da própria escola e de seus integrantes como um todo, por

meio de seus inúmeros aparatos. Tais interferências externas à comunidade escolar, em

especial, ao trabalho do pedagogo, tem dificultado a efetivação de um trabalho

consubstanciado, fundamentado, realizado conforme a organização própria do grupo em

questão.

No entanto, considera-se, como bem destacou Foucault (1993), que o poder não

está localizado apenas no Estado, não sendo exercido apenas pelos representantes dos

Núcleos de Educação, SEED e outros espaços decisórios do sistema de ensino, mas, ele se

encontra como numa teia, também nas relações que se exercem em níveis variados no

contexto escolar: entre pedagogos e professores; pedagogos e alunos; professores e alunos;

direção e professores, pais e filhos, etc. Portanto, sua localização é diversa e difusa.

Percebe-se que o pedagogo exerce múltiplas funções em seu trabalho diário:

frequentemente atende alunos, pais e professores, “apagando incêndios”, exercendo a

função de administrador, supervisor e orientador: ora lida com questões burocráticas

elaborando relatórios solicitados, preenchendo planilhas, fiscalizando professores,

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disciplinando, para exercer sobre os outros um controle ininterrupto, ora atuando como

conselheiro dos alunos e dos pais, ora repassando aquilo que lhe foi pré-estabelecido pela

instituição mantenedora. Contudo, acaba vendo refletir sobre seu trabalho, discursos e

práticas destituídas de significado pedagógico, já que na maioria das vezes, manifestam

ações mecanicistas não fundamentadas por leituras e reflexões, mas, por experiências que o

consomem e o remetem para acontecimentos difíceis, não raramente problemáticos. Desse

modo, na maioria das vezes, assume um papel burocrático, acrítico, sem autenticidade,

comprometendo sua atuação como educador. Os resultados desse trabalho são o desânimo,

a falta de perspectivas e o descompromisso com uma educação realmente significativa.

Os pedagogos, profissionais evidenciados nesta pesquisa, possuem identidades

diferenciadas e práticas específicas, manifestadas em situações rotineiras. No entanto,

poderiam repensar e talvez quem sabe, desconstruir modelos cristalizados, possibilitando o

diálogo entre os diferentes pontos de vista, concepções teóricas, aparentemente

antagônicas, de modo a permitir e dar espaço para novos enfoques e encaminhamentos

pedagógicos no espaço escolar. Foucault, em “O Governo de Si e dos Outros”, considerou

que, assim como a filosofia, a pedagogia poderá ser na contemporaneidade “[...] uma

prática que encontra na transformação do sujeito por si mesmo e do sujeito pelo outro [seu

objeto de exercício]” (2010, p. 321). Em outras palavras, a pedagogia deverá realizar um

trabalho de “conversão”, no sentido de voltar-se sobre si, refletir sobre suas próprias ações,

realizar um exercício de constante retorno dialético e, só assim, desenvolverá ferramentas

necessárias para o cuidado dos outros.

Assim, o que se procura investigar e coloca-se como questão principal desta

pesquisa refere-se ao modo como se articulam as relações de poder e de saber no

desenvolvimento do trabalho dos pedagogos, considerando que no cotidiano escolar não

dispõem de espaços para reflexões sobre sua própria prática, o sentido de ser em seu

desenvolvimento profissional, para constituírem-se com autonomia, comprometimento

enquanto sujeitos de um trabalho reflexivo, inicialmente sobre si mesmo, para em

decorrência disso, tornar-se coletivo.

Evidencia-se neste trabalho a grande importância dada ao papel da pesquisa no

trabalho do pedagogo, sobretudo, na necessidade de se constituírem grupos de estudos que

aprofundem concepções teóricas, discutam suas posições frente às possibilidades e

demandas, reflitam constantemente sobre o fazer no cotidiano escolar, propondo-se,

portanto, um estudo de caso, voltado para as experiências ou vivências dos sujeitos

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envolvidos, a partir do trabalho em sua realização, procurando-se investigar as relações

entre o poder e o saber, as formas de subjetivação que se dão nesse espaço, o papel do

pedagogo em sua origem e na contemporaneidade.

Para tal propósito, serão realizados seminários com o estudo de alguns textos

selecionados; oficinas para a elaboração de um plano de ação; discussões e debates a partir

dos estudos e trabalho realizado cotidianamente.

Este estudo fundamenta-se essencialmente na perspectiva Pós-Estruturalista, tendo

como principal enfoque, as contribuições de Michel Foucault no que se refere às noções de

poder; construído a partir de unidades que orientarão as reflexões junto aos profissionais

pedagogos, referindo-se a constituição dos sujeitos envolvidos nas instituições escolares,

ao disciplinamento como um dos processos de subjetivação do humano.

O material pedagógico, apresentado em forma de Caderno Temático, constitui-se

de um roteiro de estudos organizado em três unidades temáticas:

A primeira unidade, denominada “Apresentando Michel Foucault”, traz uma

análise das relações de poder e de saber para o filósofo, em suas considerações sobre os

mecanismos de controle, doutrinas, disciplinas e tecnologias do eu, os modos de

subjetivação que constituem os sujeitos.

Na segunda unidade serão desenvolvidas reflexões sobre “A Gênese da Pedagogia”,

sua origem e desenvolvimento desde os gregos na Antiguidade Clássica até chegar à

educação contemporânea, considerando o papel da pedagogia no âmbito escolar.

Na terceira unidade, o tema apresentado refere-se aos “Processos de Subjetivação

no Cotidiano Escolar”, refletindo-se sobre as formas como os sujeitos se constituem e são

constituídos.

Na quarta unidade, o tema apresentado refere-se ao “Papel do Pedagogo no

Contexto Escolar”, considerando suas atribuições nesse âmbito. Além dessa abordagem

teórica que evidencia as contribuições de Foucault à educação, serão utilizados como

material de pesquisa documentos e legislação específica, sobretudo, em relação ao papel do

pedagogo, possibilitando uma maior compreensão do tema em questão.

Durante a semana pedagógica, que ocorrerá no início do ano letivo de 2015, haverá

um encontro geral entre os pedagogos(as) para conhecerem a proposta a ser encaminhada,

com o objetivo de promover um ciclo de discussões e debates sobre as relações de poder e

de saber que se operam no cotidiano escolar, a partir de reflexões sobre o seu papel, de

modo que estes profissionais possam se constituir com autonomia no processo de

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organização do trabalho coletivo.

Sonho com um intelectual destruidor das evidências e universalidades,

que localiza e indica nas inércias e coações do presente os pontos fracos,

as brechas, as linhas de forças; que sem cessar se desloca, não sabe

exatamente onde estará ou o que pensará amanhã, por estar muito atento

ao presente (FOUCAULT, 1982, p. 242).

Figura 1: Fotos -c Michel Foucault – (1926-1984) http://www.michelfoucault.com.br/?fotos,53. Acesso em 06/12/2014.

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UNIDADE I: APRESENTANDO MICHEL FOUCAULT

INSTITUIÇÃO: Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

DISCIPLINA: Pedagogia

PÚBLICO ALVO: Pedagogos

HORAS-AULA: 08 horas

PROFESSORA MINISTRANTE: Silvana Batista Taube

OBJETIVOS:

- Apresentar o pensamento de Michel Foucault e suas contribuições à educação;

- Analisar as relações de poder/saber no cotidiano da escola, refletindo sobre a atuação do

pedagogo como articulador de transformações significativas nessa esfera.

MICHEL FOUCAULT: ALGUNS APONTAMENTOS BIOGRÁFICOS

[...] a disciplina traz consigo uma maneira específica de punir, e que é apenas um

modelo reduzido do tribunal. O que pertence à penalidade disciplinar é a

inobservância, tudo o que está inadequado à regra, tudo o que se afasta dela, os

desvios. (FOUCAULT, 1987, p. 160).

Neste Caderno Temático não se tem a intenção de realizar uma abordagem extensa

sobre a vida de Michel Foucault, mas apenas trazer alguns elementos que o encaminharam

às pesquisas que desenvolveu, especialmente, destacar as suas contribuições em relação à

pedagogia.

Michel Foucault nasceu em 1926, na cidade de Poitier, interior da França (PEY,

2004). Era de uma família de classe média alta. Seu pai era médico e a mãe do lar. Na

infância, era uma criança introvertida. Teve uma formação erudita, estudando grego, latim

e ainda outras línguas. Isso lhe possibilitou a leitura de textos antigos, passando muitas

horas em bibliotecas. Estudou Filosofia e Psicologia na École Normale Supèrieure,

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destacando-se como um aluno brilhante. Estudou com Jean Claude Passeron, um dos

autores da Teoria Reprodutivista em Educação, além de Paul Veyne, um historiador muito

famoso, que o admirava muito.

Ao concluir o curso, prestou exame de agrégation, que lhe daria direito de lecionar

na escola secundária. No entanto, é reprovado, passando no ano seguinte, na segunda

tentativa. Este fato o abalou muito.

Em seus estudos, não se sentia atraído por interpretações ortodoxas, comuns nos

meios acadêmicos. Durante três anos, por meio de uma bolsa de estudos, passou a dedicar-

se à pesquisa. Em seguida, foi lecionar Psicologia em Lili, como Auxiliar de Ensino,

interessando-se pela Psiquiatria e Psicanálise. Em 1953, encontra formas inusitadas de

lecionar, levando seus alunos em clínicas e espaços psiquiátricos, para em seguida, discutir

em laboratórios o que aprenderam.

De 1952 à 1955 participa do Partido Comunista Francês, convidado pelo amigo

Althusser, nome em destaque nos meios marxistas e na Teoria Reprodutivista em

Educação. Porém, discorda dos meios utilizados pelo partido e o fato de ser homoxessual,

faz com que seja discriminado. Assim, rompe, definitivamente com sua afiliação.

Vai para a Suécia à procura de um local mais livre e menos preconceituoso,

passando a dirigir o Centro Cultural Maison de France.

Nesse momento, começa a ler outros autores não muito aceitos pela academia

francesa, tais como Nietzsche, Bataille, Blanchot, Artaud e Hadot, rompendo com as

leituras realizadas anteriormente: Marx, Hegel e Heidegger. Realiza sua tese complementar

de Doutorado a partir da filosofia de Kant: “Análise da Antropologia de Kant”. Sua tese de

doutoramento principal foi: “História da Loucura”, defendida em 1961. Na França, no

Doutorado são exigidas duas teses. Além disso, é preciso publicá-las anteriormente.

Após esse período, leciona Psicologia em uma universidade francesa chamada

Clermont-Ferrant, onde faz amigos e ao mesmo tempo inimigos, que não toleram sua

homoxessualidade. Porém, é nessa fase que conhece o filósofo Gilles Deleuze, que havia

escrito o livro “A Verdade em Nietzsche”, tornam-se grandes amigos. Conhece, também,

Daniel Dèfert, um militante de esquerda, com quem teve uma relação afetiva e conviveu

durante vinte e cinco anos. A partir daí, passa a ser um militante, junto ao companheiro,

criando o Grupo de Informações sobre Prisões.

De 1971 à 1984, leciona a disciplina “História dos Sistemas de Pensamento”, no

College de France, instituição onde trabalhavam intelectuais renomados da época, tais

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como Georges Canguilhem e Jean Hippolite. Lecionar nessa universidade significava não

ter que seguir programas, nem ser preciso realizar avaliações, mas, ministrar aulas

apresentando os resultados de suas pesquisas, cujos cursos foram gravados por seus alunos

e transcritos após sua morte em junho de 1984, em decorrência de complicações causadas

pela AIDS. No ano de 2014 completaram-se trinta anos da morte de Foucault, ocorrendo

em vários países, incluindo o Brasil, diversos colóquios, congressos e seminários com

publicações de estudos sobre seu pensamento.

A produção teórica de Foucault é muito vasta, assim como sua prática como

professor foi intensa, sendo considerado brilhante. Preocupava-se, sobretudo, em relação

ao papel do intelectual. Desenvolveu alguns instrumentos metodológicos, chamados de

“ferramentas”, através dos quais procurou compreender certas questões que o intrigavam e,

fundamentalmente, o que pretendia era desconstruir verdades instituídas e normatizadas

pela pesquisa tradicional.

RELAÇÕES DE PODER E DE SABER NO COTIDIANO ESCOLAR

Para resistir, é preciso que a resistência seja como o poder. Tão inventiva, tão

móvel, tão produtiva quanto ele. [...] A partir do momento em que há uma relação

de poder, há uma possibilidade de resistência. Jamais somos aprisionados pelo

poder: podemos sempre modificar sua dominação em condições determinadas e

segundo uma estratégia precisa (FOUCAULT, 1979, p. 241).

As pesquisas realizadas por Michel Foucault durante sua vida (1926-1984)

marcaram períodos distintos, podendo ser definidas em três fases. Assim, foi por meio

dessa análise discursiva que conduziu todo o seu trabalho:

1ª Fase: Arqueologia (Produção do saber):

Nesta fase, o primeiro instrumento utilizado foi a arqueologia: “estudo das

epistemes, as condições de possibilidades internas dos saberes, ou seja, como os saberes

aparecem e se transformam” (PEY, 1995, p. 24).

Em “As palavras e as Coisas: uma Arqueologia das Ciências Humanas” (1966)

procurou estudar o surgimento das ciências humanas, momento em que o homem passou a

ser considerado objeto de saber, expressando o que pretendia encontrar:

[...] a partir de que foram possíveis conhecimentos e teorias; segundo qual espaço

de ordem se constituiu o saber; na base de qual a priori histórico e no elemento de

qual positividade puderam aparecer ideias, constituírem-se ciências, refletirem-se

experiências em filosofias, formarem-se racionalidades [...]. Não se tratará,

portanto, de conhecimentos descritivos no seu progresso em direção à uma

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objetividade na qual nossa ciência de hoje pudesse enfim se reconhecer; o que se

quer trazer à luz é o campo epistemológico, a épistémè onde os conhecimentos,

encarados fora de qualquer critério referente a seu valor racional ou suas formas

objetivas, enraízam sua positividade e, manifestam assim, uma história que não é a

de sua perfeição crescente, mas, antes, a de suas condições de possibilidade; [...] o

que deve aparecer são, no espaço do saber, as configurações que deram lugar às

formas diversas do conhecimento empírico. Mais que de uma história no sentido

tradicional do termo da palavra, trata-se de uma arqueologia (FOUCAULT, 1992,

p. 11-12).

Em “Arqueologia do Saber” (1969), a pretensão de Foucault era a descrição dos

discursos que deram origem aos conhecimentos tais como a economia, a biologia, a

pedagogia. Trata-se de compreender como os saberes são instituídos. Assim, para ele, toda

a teoria é provisória.

2ª Fase: Genealogia (Relações de Poder):

A obra de Foucault pode ser considerada como uma genealogia dedicada a uma

análise do poder. Ela divide-se em três eixos:

Uma ontologia de nós mesmos em nossas relações com a verdade (que nos permite

constituir-nos como sujeito de conhecimento); uma ontologia histórica de nós

mesmos em nossas relações com um campo de poder (o modo como nos

constituímos como sujeito que atua sobre outros); e uma ontologia histórica de nós

mesmos em nossas relações com a moral (o modo como nos constituímos como

sujeito ético, que atua sobre si mesmo) (FOUCAULT, apud CASTRO 2009, p.

184-185).

Em “Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões” (1975), investigou os

mecanismos de punição e as diversas tecnologias que se formaram a partir da era clássica

até a contemporânea, analisando instituições como os quartéis, as prisões, as fábricas, os

hospitais e as escolas.

[...] ele estudou os mecanismos de punição. Ele se voltou para as instituições, ele

se baseou em seus edifícios e em seus equipamentos, ele investigou suas doutrinas

e disciplinas, ele enumerou e catalogou suas práticas e mostrou suas tecnologias,

[...] ele preferiu estudar o confinamento, compreender o aprisionamento e analisar

a instituição da assistência social (BARRET-KREGEL apud SILVA, 1994, p.13).

Há dois sentidos para o termo disciplina, de acordo com Foucault (apud. CASTRO,

2009, p. 110): em relação ao saber como “forma discursiva de controle da produção de

novos discursos”; em relação ao poder como sendo “o conjunto de técnicas em virtude das

quais os sistemas de poder têm por objetivo e resultado a singularização dos indivíduos”.

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É interessante salientar a importância dessa temática para Foucault, pois torna

explícito como concebia as relações de poder e de saber. Embora a disciplina como

exercício do poder tenha nascido na Antiguidade, desde o cristianismo, foi a partir dos

séculos XVII e XVIII que, a política das “coerções” é aperfeiçoada, com o controle do

corpo, seus gestos, seus comportamentos. Esse momento na história das disciplinas como

técnica política é marcado por um período em que o poder monárquico se tornou ineficaz.

Nessa época, devido às novas formas de produção e segundo exigências econômicas, o

Estado passa a intervir no controle social. E é nessa luta política e econômica que ocorre o

projeto da Enciclopédia e da própria escola pública.

O projeto enciclopédico dos séculos XV e XVI, segundo Foucault (apud CASTRO,

2009, p. 145), “não são as formas imperfeitas de um conhecimento que não alcançou sua

plenitude ou que não descobriu suas estruturas, mas, antes, as únicas formas

arqueologicamente possíveis de conhecer”.

Em “Microfísica do Poder” (1979), Foucault percebeu a existência de formas

variadas de exercício do poder, localizadas não apenas no Estado, mas, muitas vezes,

articuladas a ele, como estratégias indispensáveis à sua atuação e sustentação. Em sua

analítica, considerou que mesmo com a destruição do aparelho do Estado, a rede de poder

que opera em todas as instituições, inclusive a escola, não cessaria, sua existência funciona

como um feixe de relações. Uma espécie de “mecânica do poder”, que assume formas

concretas no controle social como técnicas de dominação que penetram na vida cotidiana

de cada um, caracterizando-se não apenas como macro poder (em nível estatal), podendo

se estabelecer, também, como micro poder (em nível das relações estabelecidas no meio

social). Os procedimentos do poder são evidenciados pelo “controle detalhado, minucioso

do corpo – gestos, atitudes, comportamentos, hábitos, discursos”. Dessa forma, todos são

controlados e controlam-se mutualmente, pois o poder é capilar, encontrando-se em níveis

variados.

O interessante da análise é justamente que os poderes não estão localizados em

nenhum ponto específico da estrutura social. Funcionam como uma rede de

dispositivos ou mecanismos a que nada ou ninguém escapa [...]” (MACHADO in:

FOUCAULT, 1979, p. XII-XIV).

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3ª Fase: Governamentalidade/Ética (Aulas ministradas por Foucault nos cursos do

Collège de France – 1971 a 1984, transcritas e publicadas em vários idiomas, incluindo a

língua Portuguesa)

A partir de estudos como “A Hermenêutica do Sujeito” (Cursos dos anos de 1981-

1982) e “O Governo de si e dos Outros” (Cursos dos anos de 1982-1983), temas que

sempre o instigaram, Foucault dá continuidade às suas pesquisas sobre a questão do poder.

No entanto, nesse período de sua vida, realiza um deslocamento, no sentido de pensar não

mais nas instituições de poder, propriamente, mas, preocupou-se em estudar as técnicas

pelas quais ocorre o governamento, procedimento que levaria à direção da conduta dos

outros. Mais especificamente, trata-se da análise de como o indivíduo constitui-se como

sujeito, das relações que estabelece consigo - o cuidado de si mesmo (o governo de si

mesmo) e também, das relações que estabelece com os outros - o cuidado com o outros (o

governo dos outros). Nessas pesquisas, retorna à Antiguidade grega dos séculos I e II d.C,

para conhecer as práticas de direção da consciência.

O problema em relação ao governo de si e dos outros aponta para uma análise, a

qual, Foucault aproxima-se da pedagogia, no sentido de perceber o filósofo, o pedagogo, o

conselheiro como encarregados de formar a alma. A partir desse sinificado, considera a

necessidade em valorizar a atitude verdadeira daquele que conduz os outros, e, por

intermédio da educação, no desenvolvimento de uma cultura de si comprometida. O

cuidado de si e dos outros diz respeito à uma ética para consigo e em relação aos outros.

Esse é o grande interesse de Foucault em sua última fase nos cursos do Collége de France:

o que fazemos, enfim, de nossas vidas, como conduzimos a nós e aos outros?

TRABALHAR COM FOUCAULT

Trabalhar com Foucault em relação à educação, pressupõe uma postura filosófica

que reconheça a transversalidade de sua abordagem, no sentido de compreender o quanto a

pedagogia é influenciada por diversos campos do saber e, neste caso, em especial, pela

própria filosofia da educação.

Maria Rita de Assis César (2011, p. 275), considera positivo o advento dos

Parâmetros Curriculares Nacionais (1988), por possibilitarem que a instituição escolar se

abra à forma transversal, “seu impacto e suas promessas no interior de uma escola

agonizante foram elementos que ajudaram a produzir fissuras no governamento disciplinar

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da escola moderna”. Dessa forma, a educação escolar deixou de centrar-se exclusivamente

na disciplina, embora ainda tenham sido elaborados segundo preceitos de uma biopolítica

neoliberal, com intuito de reger a vida social.

A análise e aplicação de temas transversais em educação, reconhecendo que o

currículo deve ser contextualizado e flexível é de grande valor pedagógico. Sua

abrangência inclui, por exemplo, a “Ética”, um dos temas muito discutidos no pensamento

filosófico contemporâneo, pois diz respeito ao cotidiano de cada um. Por intermédio desta,

valores e práticas validadas pela tradição são questionadas, considerando as relações

sociais estabelecidas entre grupos e instituições, incluindo a escola. A partir destas

considerações, evidenciam-se as conexões estabelecidas por Michel Foucault, ao afirmar

que não se pode conceber a pedagogia enquanto uma ciência autônoma, tendo em vista

que, no decorrer da história da educação ela não cessa de se reinventar e de utilizar-se de

inúmeros estudos que a auxiliam na construção de propostas e práticas pedagógicas. Desse

modo, uma abordagem transversal pressupõe uma postura educativa que, apoiando-se em

concepções do conhecimento que apontem para a necessidade de percepção da realidade

como uma teia de relações, cujos intercâmbios formam as práticas culturais, questiona-se a

separação entre os diversos campos do conhecimento, a visão disciplinar que cria uma

realidade compartimentada, interroga-se sobre a forma como a escola foi constituída. A

transversalidade relaciona-se à possibilidade de rompimento com uma rigidez disciplinar,

estabelecendo um diálogo entre conteúdos, que tangem aspectos importantes da vida em

sociedade.

Os pedagogos, considerados especialistas em educação, a partir de reflexões sobre

sua própria prática, possibilitariam novos enfoques e encaminhamentos pedagógicos no

espaço escolar. Ao utilizarem as ferramentas de Foucault, é fundamental considerar a

pedagogia na contemporaneidade como uma prática que encontra na transformação do

sujeito por si mesmo, uma necessidade, um exercício cotidiano. Desse modo, o pedagogo

realizaria um trabalho no sentido de voltar-se sobre si, refletir sobre suas próprias ações,

realizar um exercício de constante retorno e, por meio dessa prática, desenvolverá

ferramentas necessárias para o cuidado dos outros.

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PARA APROFUNDAR O TEMA:

CASTRO, Edgardo in: SCHARAGRODSKY, Pablo. O vocabulário de Michel Foucault:

um percurso alfabético por seus temas, conceitos, autores. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/25430/14755. Acesso em

09/12/2014.

GALLO, Silvio. Foucault e a educação: Vídeo Aula. Faculdade de Educação-UNICAMP,

Campinas, SP. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eXZkTswfTUk ,

Acesso em 07/12/2014.

VEIGA NETO, Alfredo. Foucault e a educação: novas possibilidades. Disponível em:

http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/alfredo.html. Acesso: 09/12/2014.

_____________. Educar como arte de governar. Currículo sem Fronteiras, v.11, n. 1, p.

5-13, Jan/Jun 2011. Disponível em:

http://www.curriculosemfronteiras.org/vol11iss1articles/veiga-neto-saraiva.pdf. Acesso em

09/12/2014.

LEITURAS E VÍDEOS COMPLEMENTARES: MARTON, Scarlett. Foucault, Deleuze e Derrida Frente à Crise. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=vyPTweS6Cvo. Acesso em: 09/12/2014.

Michel Foucault Por Ele Mesmo - (Michel Foucault Par Lui Même). Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=Xkn31sjh4To. Acesso em 09/12/2014.

Vigiar e Punir: corpos dóceis. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=5FBJrmyTVZI. Acesso em: 09/12/2014.

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UNIDADE II: A GÊNESE DA PEDAGOGIA

INSTITUIÇÃO: Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

DISCIPLINA: Pedagogia

PÚBLICO ALVO: Pedagogos

HORAS-AULA: 08 horas

PROFESSORA MINISTRANTE: Silvana Batista Taube

OBJETIVOS:

- Analisar a história da pedagogia, desde a Antiguidade Clássica à contemporaneidade,

refletindo sobre as constantes transformações ocorridas nesse campo do saber;

- Estabelecer conexões entre as análises de Michel Foucault e a pedagogia, em especial, ao

papel do pedagogo escolar, enquanto especialista em educação.

ESTABELECENDO CONEXÕES

Michel Foucault traz contribuições fundamentais à educação, tanto na análise dos

discursos pedagógicos quanto de suas práticas, em relação aos mecanismos disciplinares

que institucionalizam e constituem os indivíduos, trazendo novas possibilidades no

enfrentamento de questões relativas à esfera escolar, no sentido de problematizar tantas

coisas que nos perpassam e envolvem, sem que, muitas vezes, nos demos conta disso.

Seus temas são transversais e, portanto, podem servir de ferramentas indispensáveis

para reflexões sobre a problemática anunciada neste trabalho com a pedagogia escolar,

sobretudo, no sentido de procurar compreender o quanto os pedagogos necessitam refletir

sobre o que fazem de si mesmos e o quanto essa questão influencia em suas relações

cotidianas com a comunidade escolar – alunos, pais e responsáveis, professores, diretores,

demais pedagogos, funcionários e estagiários, incluindo, também, as relações de trocas

efetuadas com os representantes do Núcleo de Educação e SEED/PR.

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UMA HISTÓRIA DA PEDAGOGIA

É inevitável sentir tantas portas apenas entreabertas, tantas janelas mal

fechadas, mas fico entusiasmado com a possibilidade de que elas possam

conduzir a espaços inexplorados, possam ser como limiares que é preciso

ultrapassar e arriscar para tentar perceber novas coisas num velho

território mais ou menos aplainado das histórias da pedagogia e da

educação (NOGUEIRA-RAMIREZ, 2011, p. 229).

Foram os gregos que inicialmente empregaram o termo pedagogia, que quer dizer

amigo (gogo) da criança (pedo). Na Antiguidade Clássica, na Grécia, a Pedagogia não era

concebida como uma ciência autônoma, mas, parte da ética e da política. As experiências

ou práticas educativas, bem como as reflexões a respeito dessa temática, diziam respeito à

infância, às aquisições da aprendizagem elementar da leitura, escrita e ao desenvolvimento

de operações matemáticas para aprender a contar, com a finalidade de preparação da

criança para a vida. No entanto, há dificuldades para interpretar a palavra grega

“pedagogus” conforme Hamilton (2001), talvez pudesse ser traduzida como servo, tutor ou

professor que se responsabilizava pela condução à ação educativa daqueles que estivessem

sob seus cuidados.

A palavra cultura corresponde ao significado que os gregos atribuíam à “paidéia”

(“humanitas” seria o termo latino com o mesmo sentido). Ambos os termos designavam

algo ainda mais profundo, a “educação”. Por meio dela é que os homens desenvolveriam

“as boas artes”, representadas pela poesia, a eloquência, a filosofia, etc., às quais seriam

essenciais para a formação verdadeira. “Para os gregos, a cultura nesse sentido foi a busca

e a realização que o homem faz de si, da verdadeira natureza humana” (ABBAGNANO,

2007, p. 261-262). No entanto, há duas características que marcavam sua abrangência: a

forte ligação com a filosofia e também com a vida social.

[...] para os gregos, o homem só podia realizar-se como tal através do

conhecimento de si mesmo e de seu mundo, portanto mediante a busca da verdade

em todos os domínios que lhe dissessem respeito. Em segundo lugar, o homem só

podia realizar-se como tal na vida em comunidade, na pólis [...] (ABBAGNANO,

2007, p. 262).

Na contemporaneidade, a pedagogia compõe um conjunto de saberes que orientam

a educação. Para alguns autores como Selma Garrido Pimenta, Saviane e Libâneo é

considerada uma ciência que tem como objeto de estudo a educação. Para Foucault (1987),

ela trata dos estatutos sobre o pedagógico, mas, no entanto, tem apenas pretensões de

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cientificidade: por ser um campo de saber influenciando pela própria história, não para de

encontrar formas de se reinventar.

Foi a partir de Comenius (ABBAGNANO, 2007), no século XVII que, pela

primeira vez, o sentido atribuído à pedagogia integra a organização dos meios e

instrumentos didáticos para o alcance dos fins da educação. A partir daí, o Ocidente passa

cada vez mais a aprofundar tais reflexões acerca dos métodos educativos.

Para os historiadores canadenses Gauthier e Tardif (2014), a pedagogia nasceu

efetivamente no século XVII, com a grande preocupação de como conduzir o ensino, para

atender a necessidade de escolarização e manter a ordem social.

No alvorecer do século XX, a pedagogia teve de enfrentar novos e importantes

desafios decorrentes da herança contraditória dos séculos precedentes. De fato,

desde o Século das Luzes, a visão rousseauniana de uma infância feliz e livre tinha

conseguido um destaque considerável. Entretanto, essa visão está em desacordo

com a herança de uma pedagogia como uma prática de ordem baseada no controle

das crianças, implementada no século XVII, com as primeiras comunidades

dedicadas ao ensino, tanto protestantes quanto católicas. Essa pedagogia do

controle instalou-se amplamente nas instituições de ensino dos séculos XVIII e

XIX; além disso, neste último século, impôs-se gradualmente a ideia de uma

escola primária obrigatória para todas as crianças. No século XIX, essa ideia será

dominante através da edificação dos grandes sistemas escolares modernos que

pretendem ser democráticos e abertos a todas as crianças sem exceção. Enfim, no

final do século XIX, emerge a ideia de uma ciência da educação capaz de servir de

base à pedagogia; essa ciência positiva, que reivindica apoiar-se em fatos objetivos

e conhecimentos verificáveis, tem a pretensão de fundar uma nova educação

baseada na crítica das antigas tradições pedagógicas (GAUTHIER; TARDIF,

2014, p. 180).

Atualmente, a pedagogia representa um campo onde ocorrem constantes crises e

articulações entre as antigas tradições e os novos discursos e práticas escolares, sempre

crescentes: “A pedagogia contemporânea é um espaço de tensões entre as tradições e as

inovações, entre a ciência e a liberdade, entre a democracia de uma escola para todos e as

necessidades peculiares de cada aluno” (GAUTHIER; TARDIF, 2014, p. 180).

Scheibe (2000), afirma que, no Brasil, a partir da Lei n. 5540/68, determinam-se as

habilitações técnicas para o curso de Pedagogia que, em 1969, passa a formar os chamados

“especialistas em educação” (orientador educacional, supervisor escolar, administrador

escolar), com diferentes habilitações específicas.

Na década de 1990, a formação dos professores e o curso de pedagogia, mais

especificamente, foram reestruturados a partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB

9.394/96). Assim, passaram a ter a incumbência na formação de profissionais de educação,

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para, de uma forma generalista, voltar-se para “a administração, planejamento, inspeção,

supervisão e orientação educacional para a educação básica” (SCHEIBE, 2000, p. 17). O

curso, além dessa formação para a função de pedagogo, forma professores para a Educação

Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, bem como para o Curso Normal

(Formação de Docentes). Além dessas áreas de atuação, formam-se pedagogos para

atuarem em hospitais, empresas, etc.

PARA APROFUNDAR O TEMA:

NOGUERA-RAMIRES, Carlos Ernesto. Pedagogia e governamentalidade ou da

Modernidade como uma sociedade educativa. Revista Educação. Disponível em:

http://leitor.flexinterativa.com.br/clipping/index/show/id/242895/tosimple/1. Acesso em

09/12/2014.

RAMOS DO Ó, Jorge. A Governamentalidade e a História da Escola moderna: Outras

conexões investigativas. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/8434/5542. Acesso em

09/12/2014.

VEIGA-NETO, Alfredo; LOPES, Maura Corcini. Para pensar de outros modos a

modernidade pedagógica. Disponível em:

http://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/etd/article/view/2311/pdf_38. Acesso em:

10/12/2014.

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UNIDADE III: PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NO COTIDIANO ESCOLAR

INSTITUIÇÃO: Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

DISCIPLINA: Pedagogia

PÚBLICO ALVO: Pedagogos

HORAS-AULA: 08 horas

PROFESSORA MINISTRANTE: Silvana Batista Taube

OBJETIVOS:

- Destacar a necessidade de autonomia da escola e necessários enfrentamentos frente às

imposições e interferências que causam rupturas na efetivação do trabalho pedagógico;

- Analisar as relações de poder/saber no cotidiano da escola Pública Estadual do Paraná,

refletindo sobre a atuação do pedagogo como articulador de transformações significativas

nessa esfera.

Figura 2: Michel Foucault Disponível em: Fotos -c Michel Foucault . Acesso em: 08/12/2014.

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Nunca dei um passo em público que não me comprometesse. (NIETZSCHE, 1995, p. 406).

Os modos de subjetivação são para Foucault as práticas que constituem os sujeitos.

São essencialmente o trabalho sobre si mesmo, em outras palavras, “a maneira como o

sujeito se constitui como sujeito moral” (CASTRO, 2009. P. 408).

Foucault era cético com relação a todos “os universais”, que seriam verdades

instituídas, formas variadas de poder. Assim, é possível distinguir dois modos de

subjetivação em sua analítica:

- Modos de objetivação do sujeito, onde aparece como objeto de conhecimento e

de poder, nos jogos de verdade como sujeição ao instituído;

- Modos de subjetivação como sendo uma atividade do sujeito sobre si, em práticas

cotidianas que o levem a transformar-se.

Para Foucault, é preciso construir uma ética pessoal, que leve o educador a um

comportamento equilibrado e estratégico diante das situações conflitantes e desafiadoras.

Dessa forma, o intelectual, representado na figura do professor, do pedagogo, estará

voltado para realizar um trabalho que reinventa-se a cada momento, desconstruindo valores

pré-estabelecidos, fazendo da escola, um espaço de possibilidades e acontecimentos,

construído pelo coletivo.

O trabalho de um intelectual não é modelar a vontade política dos outros;

é, através das análises que faz nos domínios que são seus, reinterrogar as

evidências e os postulados, sacudir os hábitos e as maneiras de pensar,

dissipar as familiaridades aceitas, retomar a medida das regras e das

instituições [...] (FOUCAULT, 1982, p. 242).

Um dos efeitos que o poder realiza é a sujeição da subjetividade. Isso implica em

tecnologias de dominação denominadas por Foucault de “tecnologias do eu”. Nesse

domínio, muitas vezes, intervenções externas compõem nossas ações, submetendo-nos aos

seus regimes de verdade. Assim, é preciso criar resistências e escapar às armadilhas que

impedem as ações mais significativas, permitir-se construir um trabalho expressivo.

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PARA APROFUNDAR O TEMA: FISCHER, Rosa Maria Bueno. Na Companhia de Foucault: multiplicar acontecimentos.

Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/25427/14753. Acesso em

09/12/2014.

RAGO, Margareth. Apresentação do Dossiê: Foucault e as estéticas da existência.

Disponível em: http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/margareth.html.

Acesso em 09/12/2014.

PASSETTI, Edson. Estéticas da Existência: Ingovernáveis. Disponível em:

http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/passeti.html. Acesso em: 09/12/2014.

VIEIRA, Priscila Piazentini. Escrita de si e parrhesía. Disponível em:

http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/priscila.html: Acesso em: 10/12/2014.

PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo, desejo e experiência. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/9355/5545. Acesso em

09/12/2014.

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UNIDADE IV: O PAPEL DO PEDAGOGO NO CONTEXTO ESCOLAR

INSTITUIÇÃO: Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

DISCIPLINA: Pedagogia

PÚBLICO ALVO: Pedagogos

HORAS-AULA: 08 horas

PROFESSORA MINISTRANTE: Silvana Batista Taube

OBJETIVOS:

- Compreender o papel do pedagogo na escola pública do Paraná;

- Realizar o levantamento das dificuldades encontradas no trabalho pedagógico no

cotidiano escolar;

- Organizar os seminários/oficinas referentes à temática do Projeto de Intervenção;

- Destacar a necessidade de autonomia da escola e necessários enfrentamentos frente às

imposições e interferências que causam rupturas na efetivação do trabalho pedagógico;

O PAPEL DO PEDAGOGO

Não estou negando o planejamento, mas desconfiando que este que preside

a organização programática e curricular como um todo é por demais

estreito para conter a imprevisibilidade dos participantes de um grupo

onde se tenta educação, e, portanto, que se pode planejar de outra

maneira, orientando-se para um projeto que viabilize a utopia pedagógica

de libertar a novidade dos calados pela educação que se faz (PEY, 1991, p.

8).

A partir das considerações de Nogueira-Ramirez (2011), fundamentadas também,

nas análises de Michel Foucault sobre a história da pedagogia, ressalta-se a grande

importância em realizar uma história do presente ultrapassando as barreiras e arriscando-se

em devires.

Pensar nos modos como os Pedagogos e Pedagogas do Colégio Arnaldo Faivro

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Busato poderiam concretizar um trabalho reflexivo, efetivando uma articulação entre o

Projeto Pedagógico da escola e o encaminhamento de um Plano de Ação, fundamentado e,

sobretudo, comprometido com aqueles que dependem diretamente do seu cuidado, de suas

ações, de seu potencial educativo, torna-se sem dúvida um trabalho com inúmeros

desafios, embora possível e promissor,

Pretende-se a partir de agora, identificar, de acordo com a instituição mantenedora

– SEED/PR, como se compõem as funções ou atribuições do pedagogo escolar:

Conforme o Edital nº 017/2013, do concurso público promovido pela Secretaria de

Estado da Administração e da Previdência, Departamento de Recursos Humanos do

Governo do Estado do Paraná, no item 2.3.1 são descritas as funções do cargo de

professor-pedagogo nos estabelecimentos de ensino de Educação Infantil, Ensino

Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional da Rede Estadual do Paraná:

2.3.1Descrição do cargo professor-pedagogo:

Atividades de Suporte Pedagógico direto à docência na Educação Básica,

voltadas para planejamento, administração, supervisão e orientação

educacional, incluindo, entre outras, as seguintes atribuições: coordenar a

elaboração e execução da proposta pedagógica da escola; administrar o

pessoal e os recursos materiais e financeiros da escola, tendo em vista

atender seus objetivos pedagógicos; assegurar o cumprimento dos dias

letivos e horas-aula estabelecidas; zelar pelo cumprimento do plano de

trabalho dos docentes; prover meios para a recuperação dos alunos de

menor rendimento; promover a articulação com as famílias e a

comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

informar os pais ou responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos

alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;

coordenar, no âmbito da escola, as atividades de planejamento, avaliação e

desenvolvimento profissional; acompanhar e orientar o processo de

desenvolvimento dos estudantes, em colaboração com os docentes e as

famílias; elaborar estudos, levantamentos qualitativos e quantitativos

indispensáveis ao desenvolvimento do sistema ou rede de ensino ou da

escola; elaborar, implementar, acompanhar e avaliar planos, programas e

projetos voltados para o desenvolvimento do sistema e/ou rede de ensino e

da escola, em relação a aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros,

de pessoal e de recursos materiais; acompanhar e supervisionar o

funcionamento das escolas, zelando pelo cumprimento da legislação e

normas educacionais e pelo padrão de qualidade de ensino (PARANÁ,

2013). Disponível em:

http://www.pucpr.br/arquivosUpload/5373290551361651363.pdf –

(SEED/PR, 2013, p. 2).

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PLANEJAMENTO - OFICINAS PEDAGÓGICAS:

Analisando o cotidiano escolar e relacionando-o com o material apresentado no

Edital nº 017/2013, do último concurso público realizado pela Secretaria de Estado da

Educação do Paraná – SEED/PR, que situa todas as funções do pedagogo no âmbito da

escola pública, refletir sobre a viabilidade do grupo repensar suas ações, propondo novos

enfoques e encaminhamentos. Deve-se considerar a necessidade de uma articulação

coletiva para encontrar momentos onde sejam discutidas e debatidas ações para

especificidades importantes a serem resolvidas, pensar na organização do espaço escolar,

visando trazer à equipe de trabalho, reflexões sobre sua própria atuação e as relações de

poder que ocorrem nesse âmbito.

Os participantes da oficina farão discussões e debates visando refletir sobre o papel

do pedagogo, identificando suas atribuições, com o objetivo de elaborar um Plano de Ação

para o ano letivo de 2015, seguindo o modelo utilizado pela própria instituição.

PARA APROFUNDAR O TEMA:

ALCADIPANI, Rafael. Dinâmicas de poder nas organizações: A contribuição da

governamentalidade. Comportamento organizacional e gestão, 2008, vol. 14, N.º 1, 97-

114. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/cog/v14n1/v14n1a07.pdf

Filme “Entre os Muros da Escola”, em seguida, reflitir sobre as seguintes

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7s9Kc2ihsyg. Acesso em:

11/12/14.

UNAR. Mesa Redonda Filme Entre os Muros da Escola. Curso de Extensão

(COEX/UNAR), 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5ZAhwbtzP9k

FUNARI, Pedro Paulo. Entrevista sobre Pesquisa em História Antiga: Documentação

Disponível em: http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/funari.html. Acesso

em: 09/12/2014.

PARAÍSO, Marlucy Alves. Currículo, desejo e experiência. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/9355/5545. Acesso em

09/12/2014.

VIEIRA, Priscila Piazentini. Escrita de si e parrhesía. Disponível em:

http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/priscila.html: Acesso em: 10/12/2014.

ARTIGOS:

RAMOS DO Ó, Jorge. A Governamentalidade e a História da Escola Moderna: outras

conexões investigativas. Disponível em:

Page 28: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO ... · ... de transformações sociais, econômicas e políticas, ... supervisor e orientador: ora ... as relações de

27

http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/8434/5542. Acesso em 11/12/2014.

RIBEIRO, Cintya Regina; AQUINO, Julio Groppa. Processos de governamentalização e

a atualidade educacional: novas modulações normativas. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/8202/5530. Acesso em

09/12/2014

ALCADIPANI, Rafael. Dinâmicas de poder nas organizações: A contribuição da

governamentalidade. Comportamento organizacional e gestão, 2008, vol. 14, N.º 1, 97-

114. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/cog/v14n1/v14n1a07.pdf

NOGUERA-RAMÍREZ, Carlos Ernesto. O governamento pedagógico: da sociedade do

ensino para a sociedade da aprendizagem. 2009. 266f. Tese - Curso de Doutorado em

Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre.

NOGUERA-RAMIRES, Carlos Ernesto. Pedagogia e governamentalidade ou da

Modernidade como uma sociedade educativa. Revista Educação. Disponível em:

http://leitor.flexinterativa.com.br/clipping/index/show/id/242895/tosimple/1. Acesso em

09/12/2014.

RAMOS DO Ó, Jorge. A governamentalidade e a história da escola moderna: outras

conexões investigativas. Educação & Realidade, Porto Alegre, v.34, n.2, p.97-117, mai/ago

2009. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/8434/5542>

Acesso em: 07 jun. 2010.

VIEIRA, Priscila Piazentini. Escrita de si e parrhesía. Disponível em:

http://www.unicamp.br/~aulas/flowplayer/example/priscila.html: Acesso em: 10/12/2014.

ARTIGOS:

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REFERÊNCIAS:

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz; VEIGA-NETO, Alfredo; SOUZA FILHO,

Alípio (Orgs). Cartografias de Foucault. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

(Coleção Estudos Foucaultianos).

ALCADIPANI, Rafael. Dinâmicas de poder nas organizações: A contribuição da

governamentalidade. Comportamento organizacional e gestão, 2008, vol. 14, N.º 1, 97-

114. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/cog/v14n1/v14n1a07.pdf

CASTELO BRANCO, Guilherme; VEIGA-NETO (orgs.). Foucault: filosofia e

política.Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. (Coleção Estudos Foucaultianos).

CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e

autores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

CASTRO, Edgardo in: SCHARAGRODSKY, Pablo. O vocabulário de Michel Foucault:

um percurso alfabético por seus temas, conceitos, autores. Disponível em:

http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/25430/14755. Acesso em

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FAZENDA, Ivani (Org.). Metodologia da pesquisa educacional. 2 ed. Aumentada. São

Paulo: Cortez, 1991.

Filme “Entre os Muros da Escola”, em seguida, reflitir sobre as seguintes

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FISCHER, Rosa Maria Bueno. Na Companhia de Foucault: multiplicar acontecimentos.

Disponível em:

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09/12/2014.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

________. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 10 ed. Petrópolis: Vozes,

1987.

________. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 6 ed. São

paulo: Martins Fontes, 1992.

________. A arqueologia do saber. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

________. O governo de si e dos outros: curso no Collège de France (1982-1983). São

Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.

FUNARI, Pedro Paulo. Entrevista sobre Pesquisa em História Antiga: Documentação

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