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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · O livro didático, de modo geral omite o processo histórico e cultural, o cotidiano e as experiências dos segmentos subalternos

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título: Uma análise crítica da presença do negro nos livros didáticos e a discriminação racial no interior da escola.

Autor Professor: Wanderley Valério.

Disciplina/Área (ingresso no PDE) História.

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Escola Estadual Professora Kazuco Ohara Ensino Fundamental.

Município da escola Londrina.

Núcleo Regional de Educação Londrina.

Professor Orientador Professor Dr. José Carlos Vilardaga.

Instituição de Ensino Superior UEL – Universidade Estadual de Londrina.

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Geografia e Ciências.

Resumo

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Esta Unidade Didática tem por objetivo a análise pelos alunos dos livros didáticos ofertados pelo Governo Federal, através do Programa PNLD, e utilizados pelas escolas públicas brasileiras. O trabalho busca promover a análise de textos e imagens dos livros de história do ensino básico antes e depois da Lei Federal nº 10.639/03. A mencionada Lei propôs novas diretrizes curriculares para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana para as escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. Através de um trabalho comparativo, pretende-se analisar a forma que a história dos negros escravizados era abordada nas imagens e textos e se ocorreu ou está ocorrendo alguma mudança do tratamento dos afrodescendentes nos livros didáticos de História depois da implementação da referida Lei.Outrossim, o projeto almeja que os educandos compreendam a influência da cultura afro-brasileira e africana na formação da cultura brasileira, que se conscientizem da existência do racismo no Brasil, inclusive no ambiente escolar. Assim busquem formar opiniões de valorização dos afrodescendentes e de sua cultura, de modo a colocar fim às formas de discriminação e preconceitos persistentes em nossa sociedade.

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Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Discriminação racial, Lei 10.639/03, preconceito, livros didáticos.

Formato do Material Didático Unidade Didática.

Público Alvo

(indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)

Alunos do 9º ano do ensino fundamental.

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INTRODUÇÃO

Esta Unidade Didática é decorrente do trabalho de pesquisa realizada no

Projeto de Desenvolvimento Educacional, “PDE”, escrito em 2013, e que tem como

objetivo investigar e analisar os livros didáticos de História na abordagem dos

africanos e afrodescendentes antes e depois da Lei nº 10.639/03, bem como o

comportamento dos alunos mediante atos de discriminação e preconceitos raciais no

interior da escola.

A finalidade desta unidade didática é servir de suporte ao trabalho a ser

desenvolvido na Escola Estadual Professora Kazuco Ohara Ensino Fundamental, da

cidade de Londrina/PR.

Ademais, a mencionada unidade colaborará para que os alunos

compreendam o caminho percorrido pela discriminação racial em nosso país e a

importância da cultura dos diversos povos africanos na construção da cultura

brasileira.

No livro didático a humanidade e a cidadania, na maioria das vezes, são representadas pelo homem branco e de classe média. A mulher, o negro, os povos indígenas, entre outros, são descritos pela cor da pele ou pelo gênero, para registrar sua existência. (SILVA, 2005, 21).

Diante das manifestações de discriminações raciais ocorridas em nossa

sociedade, faz-se necessário a discussão sobre as questões étnicas raciais, assim

como o efetivo cumprimento das leis que visam o combate ao racismo, a valorização

e a inclusão desses indivíduos na sociedade, medidas essas chamadas de ações

afirmativas.

LIVROS DIDÁTICOS E A QUESTÃO RACIAL NOS LIVROS DIDÁTICOS.

Os livros didáticos são uma importante ferramenta de trabalho no papel do

ensino-aprendizagem de história, colaborando para que os alunos possam melhor

compreender os conteúdos trabalhados em sala de aula. Nesse contexto, é

imprescindível que temas abordados por eles contemplem a história da forma mais

próxima ao que realmente ocorreu, visto servirem como instrumentos de reflexão,

como mediadores e formadores de opiniões dos educandos.

O governo federal, através do Ministério da Educação (MEC) e do Programa

Nacional do Livro Didático (PNLD), faz o repasse às escolas das coleções dos livros

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que serão utilizados por um período de três anos, ficando a escola responsável pela

escolha do livro.

Portanto, sendo de responsabilidade da escola e dos professores a eleição

do livro didático que o aluno irá utilizar, esta escolha deve ser feita de forma

minuciosa e consciente, pois será este material didático que irá auxiliar no

aprendizado e formação do conhecimento histórico-crítico do educando. Outrossim,

mencionado material será utilizado por um período de três anos, ou seja, somente

após este lapso temporal é que será propiciado pelo governo a escolha de novos

livros.

Destarte, os professores devem analisar cuidadosamente os conteúdos e a

forma como são apresentados ao educando. Logo, especificamente quando os livros

mencionarem temas que retratem os negros, os professores devem comparar as

formas de abordagem da diversidade étnica racial e escolher aqueles que julguem

mais adequados, didáticos, bem como aqueles que cumpram com o disposto na Lei

nº 10.639/03. Nesse contexto, destaca-se:

Um dos maiores desafios dos livros didáticos parece ser o trabalho com a diversidade de situações vividas pela população negra. Para tanto, seria necessário sair da visão homogênea predominante, que senão apresenta o negro apenas como escravo ou vitimado nas condições sociais atuais, cai em artificialismos ao retratar com traços sobejamente exóticos sua cultura. Seria importante que as narrativas presentes nos livros didáticos lidassem não apenas com o negro escravo, o negro que vive em condições precárias de sobrevivência, mas também a riqueza e problemas apresentadas por sua cultura, por sua atuação social, ou seja, com a multiplicidade de posições que ocupa ao longo da História. (OLIVEIRA, 2000, p. 170).

Diante dos atos de racismo noticiados pela mídia, vários segmentos da

sociedade se organizaram em defesa dos afrodescendentes, e foi nesse contexto

que a Lei nº 10.639/03 veio de encontro às reivindicações do movimento negro e dos

brasileiros engajados na luta contra o racismo.

Outrossim, é importante analisar o contexto da presença do negro nos livros

didáticos, pois no cotidiano escolar e no trabalho em sala de aula percebe-se que

alguns apresentam e reproduzem tendências preconceituosas, principalmente

quando relacionados aos índios e negros; ou seja, reforçam a imagem de

inferioridade e de meros coadjuvantes da história brasileira. Logo, diferentemente do

que deveriam, muitos livros não dão ênfase à abordagem da diversidade cultural na

transmissão do conhecimento e na formação dos alunos perante a diversidade

étnico-racial.

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Assim, considerando as alterações propostas pela lei outrora mencionada, a

análise se baseará em comparações das formas de abordagens da diversidade

étnica racial nos livros ofertados aos alunos do ensino básico - antes e depois da Lei

nº 10.639/03. Pretende-se, com este trabalho, que os alunos observem como eram

abordados e tratados os negros nos livros didáticos antes da lei e como estão sendo

tratados agora, buscando ressaltar as possíveis mudanças de tratamento temático:

O livro didático, de modo geral omite o processo histórico e cultural, o cotidiano e as experiências dos segmentos subalternos da sociedade, como o negro, o índio, a mulher, entre outros. Em relação ao segmento negro, sua quase total ausência nos livros e a sua rara presença de forma estereotipada concorrem, em grande parte para o recalque de sua identidade e auto-estima. (SILVA, 2004, p.51).

As atividades 01 e 02 darão suporte para que o professor direcione as aulas

a partir do conhecimento prévio da turma:

Atividade 01:

Esta atividade tem por finalidade fazer o levantamento sobre os eventuais

preconceitos presentes entre os alunos:

• O que te faz lembrar a cor branca e a preta?

• Você se considera preconceituoso?

• Quando é que uma pessoa pode ser considerada preconceituosa ou

racista?

• Quais os atributos que você utiliza para considerar uma pessoa bonita?

• Você percebe se ocorre em nossa sala de aula ou em nossa escola

atitudes preconceituosas, discriminatórias e racistas?

• Você já sofreu algum tipo de preconceito? Em caso afirmativo,

comente.

• Você conhece alguém que já tenha sofrido algum tipo de preconceito?

Em caso afirmativo, comente.

• A cor da pele é um critério fundamental para você considerar uma

pessoa bonita?

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Atividade 02:

Investigação do conhecimento individual dos alunos sobre a origem dos

negros que chegaram ao Brasil, discriminação racial e ações afirmativas.

Esta atividade será aplicada de forma individual com perguntas que

objetivam um levantamento prévio dos conhecimentos dos alunos.

• Você sabe a diferença entre os conceitos “discriminação, preconceito e

racismo”? Explique:

• De que parte do continente africano vieram os escravos para o Brasil?

Por que vieram?

• Você acredita que existe diferença racial entre os homens? Argumente.

• O que você entende por diversidade étnico racial? Dê exemplos.

• O que você sabe sobre a história do negro no Brasil?

• Existe influência da cultura africana na cultura brasileira? Se existir, dê

alguns exemplos.

• Você conhece ou já ouviu falar da Lei nº 10.639/03?

• Você já ouviu falar em ações afirmativas?

• Você já observou em livros didáticos alguma discriminação ou

preconceito racial?

Com estes questionamentos, temos condições de dar continuidade à nossa

Unidade Didática, pois teremos uma percepção do conhecimento prévio dos alunos,

tornando mais fácil o direcionamento ao conhecimento científico voltado para o

conteúdo.

Ao analisar e comparar as respostas dos alunos será possível verificar quão

formada está a percepção de cada discente acerca do afrodescendente e sua

influência histórica. Logo, algumas das respostas serão expostas à classe (sem a

necessidade de identificar o aluno), demonstrando as diferenças e semelhanças de

concepção que cada um possui sobre o tema.

Dessa forma, o professor possuirá meios de introduzir o tema de forma

atrativa e eficaz, despertando o interesse dos alunos através dos questionamentos e

esclarecimentos das dúvidas que surgirem.

Atividade 3

Análise de imagens:

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Esta atividade será trabalhada em grupos de cinco alunos, possibilitando a

discussão e a identificação dos atos discriminatórios existentes nas imagens.

Ressalta-se que as imagens abaixo retratadas foram extraídas do endereço

eletrônico do “Dia a Dia Educação”, do Governo do Estado do Paraná, por serem

imagens voltadas ao estudo de história e que se enquadram no presente estudo, ou

seja, retratam o negro em diversos contextos sociais e históricos.

A análise das imagens abaixo permitirá ao aluno desenvolver sua aptidão

crítica ao analisar as imagens apresentadas nos livros didáticos por ele utilizados.

Logo, é o primeiro estímulo visual ao aluno, buscando desenvolver sua interpretação

e senso crítico.

• Qual a cena retratada pela imagem?

• Como o negro é retratado na imagem?

• Qual a diferença de postura do branco em relação ao negro?

• Por que os negros eram tratados dessa forma?

• O que mais chamou a atenção do grupo? Por quê?

Socialização das análises feitas pelos grupos para os demais alunos.

Jean Baptiste Debret - açoite público

Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=20.

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Jean-Baptiste Debret - Família Brasileira no Rio de Janeiro

Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=20.

Johann Moritz Rugendas - mercado de escravos

Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=20.

Page 10: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · O livro didático, de modo geral omite o processo histórico e cultural, o cotidiano e as experiências dos segmentos subalternos

Pedro Américo - libertação dos escravos

Fonte: http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=20.

Atividade 04:

O vídeo “Vista a minha pele”, produzido em 2004, disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=bxJvKnW9JYs, um curta-metragem dirigido por

Joel Zito Araújo, permite aos alunos observarem conceitos e pré-conceitos racistas

assimilados historicamente. No vídeo, Maria é uma menina branca, pobre, estuda

em um colégio particular (graças à bolsa de estudos que tem pelo fato de sua mãe

trabalhar de zeladora nesta escola). Entretanto, ela é hostilizada pelos seus colegas

(negros) por sua cor. Desta forma, se comparado à realidade brasileira, há uma

“inversão do racismo”. Esta inversão possibilita que os educandos reflitam sobre

suas ações ou omissões perante atos discriminatórios de terceiros, de forma que se

busca despertar o aluno para desenvolver sua cidadania combatendo a

desigualdade social.

• O que você entende por “Vista a minha pele”?

• A lei é igual para todos os brasileiros? E na prática, ela é realmente

igual para todos?

• Depois de assistir ao vídeo, o que você entende por racismo?

• Qual é a sua postura diante de um ato de discriminação?

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• Depois de ter assistido ao filme, o que você pensa sobre o racismo? E

sobre aqueles que o praticam?

• Esta situação de racismo e preconceito pode ser mudada? Como?

Atividade 5

Nesta atividade os alunos farão pesquisas no laboratório de informática

sobre o trabalho escravo e os motivos que levaram ao fim da escravidão em 1888 no

Brasil e, depois, em grupo de 5 alunos responderão:

• Por que foram trazidos negros africanos para o trabalho escravo no

Brasil?

• Durante o período da escravidão no Brasil, o trabalho escravo foi

significativo para aquela sociedade?

• Em que atividades laborais os “negros” foram utilizados no Brasil?

• Como era o tratamento dado aos escravos?

• O negro encarou passivamente a escravidão? Quais as formas

principais de resistência escrava.

• A Lei Áurea de 13/05/1888 assinada pela Princesa Isabel colocou fim à

escravidão negra no Brasil. Este ato foi um presente da princesa aos negros

escravizados ou foi uma conquista das lutas dos negros e de pessoas pró-

abolicionista?

• Depois do fim da escravidão no Brasil, qual foi o destino dos negros

libertos?

É através da conscientização dos alunos acerca do histórico dos

afrodescendentes em nosso país e da necessidade de se retratar adequadamente a

importância que tiveram para o progresso e formação de nossa cultura, que se irá

lecionar como a história do Brasil foi sendo produzida.

É em prol dessa história, respaldados na legislação e visando acabar com o

preconceito, que inúmeros ilustradores e, principalmente autores de livros didáticos,

estão alterando a forma como retratam os negros e sua influência histórica nos

livros.

Nesse contexto, em agosto de 2011, a Fundação Cultural Palmares - a qual

visa a promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira - divulgou

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reportagem asseverando que em 15 publicações analisadas pela doutora em

educação Ana Célia da Silva, 05 retrataram o negro sem sinais de preconceito.

A reportagem assim consignou:

A convivência com afrodescendentes, o conhecimento sobre a cultura africana e a aprovação de leis como a 10.639 foram apontados como fatores determinantes para a mudança, segundo os ilustradores entrevistados. “Mas as críticas sobre o livro didático, a mídia, a família e as ações do movimento negro tiveram papel importante”, contou a professora (GOMES, Joceline. Imagem social do negro melhora no livro didático. Fundação Palmares, 24 de ago. de 2011. Disponível em: http://www.palmares.gov.br/2011/08/imagem-social-do-negro-melhora-no-livro-didatico/).

Logo, plenamente comprovada a importância e a relevância de trabalhos

que buscam a conscientização acerca da diversidade cultural, principalmente com

relação ao papel dos afrodescendentes na formação histórica brasileira, eis que

influenciam na postura e na forma como as pessoas tratam o tema e até mesmo seu

semelhante, ou seja, minimizam o preconceito e enfatizam a importância histórica

dos negros em nossa sociedade.

Atividade 6

Nesta atividade os alunos buscarão em jornais, revistas e na internet,

identificar personalidades negras nacionais e internacionais consideradas por eles

como ícones nas seguintes categorias:

• Artista de televisão:

• Artista de cinema:

• Esportes olímpicos:

• Escritor:

• Futebol:

• Jornalista:

• Música:

• Política:

• Religião:

• Empresariado.

Ao completar as pesquisas, os grupos apresentarão à sala as

personalidades negras que listaram e farão o levantamento dos ícones mais citados

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em cada categoria. Então, poderão debater acerca da facilidade ou dificuldade de

relacioná-las, se há o devido reconhecimento ou se acreditam que as

personalidades informadas ainda sofrem algum preconceito e o porquê de isso

acontecer.

Conhecer o continente africano e a forma como grande parte de sua

população foi trazida e tratada em nosso país é fundamental para que os alunos

possam melhor entender a história e compreender a razão da dificuldade de

ascensão social de grande parte daqueles que contribuíram para a formação da

sociedade brasileira.

É preciso desmistificar a visão estereotipada e preconceituosa do negro.

Reportagem da revista Nova Escola comprova o quão importante foi a cultura

africana para diversas sociedades, inclusive a brasileira, vejamos:

Os diversos povos que habitavam o continente africano, muito antes da colonização feita pelos europeus, eram bambambãs em várias áreas: eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não bagunçar a contabilidade do comércio de mercadorias; e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a ciência moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de 20 mil livros, que ainda hoje deixariam encabulados muitos pesquisadores de beca que se dedicam aos estudos da cultura negra. Infelizmente, a imagem que se tem da África e de seus descendentes não é relacionada com produção intelectual nem com tecnologia. Ela descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas coloridas. "Essas idéias distorcidas desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é vítima", afirma Glória Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB). Negros são parte da nossa identidade O pouco caso com a cultura africana se reflete na sala de aula. O segundo maior continente do planeta aparece em livros didáticos somente quando o tema é escravidão, deixando capenga a noção de diversidade de nosso povo e minimizando a importância dos afro-descendentes. Por isso, em 2003, entrou em vigor a Lei no 10.639, que tenta corrigir essa dívida, incluindo o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas. "Uma norma não muda a realidade de imediato, mas pode ser um impulso para introduzir em sala de aula um conteúdo rico em conhecimento e em valores", diz Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, membro do Conselho Nacional da Educação e redatora do parecer que acrescentou o tema à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A cultura africana oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento. Para Iolanda de Oliveira, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, se a escola não inclui esses conteúdos no planejamento, cada professor pode colocar um pouco de África em seu plano de ensino: "Não podemos esperar mais para virar essa página na nossa história", enfatiza. Antes de saber como usar elementos da cultura africana em cada disciplina, vamos analisar alguns aspectos da história do continente e os motivos que levaram essas culturas a serem excluídas da sala de aula.

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O ensino de História sempre privilegiou as civilizações que viveram em torno do Mar Mediterrâneo. O Egito estava entre elas, mas raramente é relacionado à África, tantoque, junto com outros países do norte do continente, pertence à chamada África Branca, termo que despreza os povos negros que ali viveram antes das invasões dos persas, gregos e romanos. A pequisadora Cileine de Lourenço, professora da Bryant University, de Rhoad Island, nos Estados Unidos, atribui ao pensamento dos colonizadores boa parte da origem do preconceito: "Eles precisavam justificar o tráfico das pessoas e a escravidão nas colônias e para isso ‘animalizaram’ os negros". Ela conta que, no século 16, alguns zoológicos europeus exibiam negros e indígenas em jaulas, colocando na mesma baia indivíduos de grupos inimigos, para que brigassem diante do público. Além disso, a Igreja na época considerava civilizado somente quem era cristão. Uma das balelas sobre a escravidão é a idéia de que o processo teria sido fácil pela condição de escravos em que muitos africanos viviam em seus reinos. Essa é uma invenção que não passa de bode expiatório: a servidão lá acontecia após conquistas internas ou por dívidas - como em outras civilizações. Mas as pessoas não eram afastadas de sua terra ou da família nem perdiam a identidade. Muitas vezes os escravos passavam a fazer parte da família do senhor ou retomavam a liberdade quando a obrigação era quitada com trabalho. Outra mentira é que seriam povos acomodados: os negros escravizados que para cá vieram revoltaram-se contra a chibata, não aceitavam as regras do trabalho nas plantações, fugiam e organizavam quilombos. A exploração atrapalhou o desenvolvimento. A dominação dos negros pelos europeus se deu basicamente porque a pólvora não era conhecida por aquelas bandas - e porque os africanos recebiam bem os estrangeiros, tanto que eles nem precisavam armar tocaias: as famílias africanas costumavam ter em casa um quarto para receber os viajantes e com isso muitas vezes davam abrigo ao inimigo. Durante mais de 300 anos foram acaçambados cerca de 100 milhões de mulheres e homens jovens, retirando do continente boa parte da força de trabalho e rompendo com séculos de cultura e de civilização. Nesta reportagem, deixamos de lado de propósito a capoeira, embalada pelo berimbau; a culinária, enriquecida com o vatapá, o caruru e outros quitutes; as influências musicais do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas, atabaques e agogôs. Preferimos mostrar conteúdos ligados às ciências sociais e naturais, à Matemática, à Língua Portuguesa e Estrangeira e a Artes, menos comuns em sala de aula, para você rechear a mochila de conhecimentos dos alunos sobre a África. (GENTILE, Paola. África de todos nós. Nova Escola, Nov. 2005. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/africa-todos-11551.shtml).

Atividade 7

Para que os alunos possam conhecer e compreender melhor a História do

continente africano, será ministrada uma aula expositiva sobre o referido continente,

na qual serão abordados temas como religião, guerras, escravidão,

subdesenvolvimento, exploração econômica, cultura, etc.

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População afrodescendente.

Os indicadores do CENSO de 2010 demonstram que a população brasileira

alcançou o número histórico de 198.360.943 habitantes. Segundo esse mesmo

Censo, 10.444.526 habitantes pertencem ao Estado do Paraná, sendo que 506.701

vivem no município de Londrina e, desse total, 132.096 pessoas se declararam

pretas ou pardas.

Diante do exposto podemos afirmar que os números demonstram que a

média de negros e pardos em Londrina está abaixo da média nacional, mas ainda

assim representa parcela significativa da população. Este Censo registrou, pela

primeira vez, um aumento do número de pessoas que se declararam negras no país

(97 milhões), ultrapassando a população branca (91 milhões).

Em Londrina, não diferente do restante do país, constata-se que a

discriminação racial também se faz presente, em especial nas escolas, onde atinge

os jovens em sua formação social e intelectual.

Isso acontece porque no Brasil a discriminação é histórica e foi produzida

desde o período colonial, sendo ela reproduzida culturalmente através de práticas

sociais instituídas pela família, pela escola e pela sociedade.

Conforme a Convenção de 1966 da Organização das Nações Unidas,

discriminação racial significa:

Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tenha como objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, o gozo ou exercício, em condições de igualdade, os direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político, social ou cultural, ou em qualquer outro domínio da vida pública. (SANT’ANA apud MUNANGA, 2005, p.63).

A discriminação racial nas escolas é um dos fatores que levam à evasão

escolar, e é também referência no apontamento da baixa autoestima entre os alunos

afrodescendentes, os quais demonstram prejuízos em seu rendimento escolar,

reduzindo a frequência e possibilitando o aumento de repetência. Como resultado

desses fatores pode-se observar o elevado número de afrodescendentes fora da

idade escolar quando comparado aos alunos brancos. Nesse ínterim, Ribeiro:

De acordo com o Relatório Anual das Desigualdades Raciais – 2009/2010, publicado pelo Laboratório de Análises Econômicas, Sociais e Estatísticas das Relações Sociais – Laeser – da Universidade Federal do Rio de Janeiro. De acordo com esse Relatório, o analfabetismo entre os negros é de 71.6%, dos 6.8% dos brasileiros considerados analfabetos; [...] O Relatório ainda informa que entre as crianças pretas e pardas na faixa dos 11 anos aos 14,

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62.3% encontram-se fora da série escolar adequada ([2012?], p. 58).

ATIVIDADE 8

Com base nos dados fornecidos pelo IBGE, no CENSO de 2010, responda:

• Em qual região brasileira concentra-se o maior número de

afrodescendentes?

• Mesmo a população afrodescendente sendo a maioria no Brasil,

porque eles são minoria na mídia (rádio, TV, revistas), na política?

• Por que as novelas do “Horário nobre” apresentam um número

insignificante de artistas negros quando comparados aos artistas brancos?

• De que forma a mídia em geral (propagandas, novelas, programas

humorísticos, revistas) poderia contribuir para a valorização da diversidade étnica do

povo brasileiro?

Análise dos livros didáticos.

O livro didático é um recurso pedagógico muito importante para o ensino de

história, e muitas vezes é o único material de apoio disponível em sala de aula para

professor e alunos.

Gravuras, fotos, mapas, tabelas são alguns dos recursos utilizados pelos

livros didáticos, com o objetivo de proporcionar aos educandos experiências

históricas não vivenciadas por eles.

O livro didático é, antes de tudo, uma mercadoria, um produto do mundo da edição que obedece à evolução das técnicas de fabricação e comercialização. Em sua construção interferem vários personagens, iniciando pela figura do editor, passando pelo autor e pelos técnicos especializados dos processos gráficos,... (BITTENCOURT, 2002, p. 71).

Geralmente o negro não é tratado de forma igualitária aos brancos nos livros

didáticos, aparecendo em posições sociais inferiores, o que dificulta a reflexão dos

alunos sobre a importância da influência da cultura negra na formação da sociedade

brasileira.

Para Silva (1889, p. 57):

[...] ao veicular estereótipos que expandem uma representação negativa do negro e uma representação positiva do branco, o livro didático está expandindo a ideologia do branqueamento, que se alimenta das ideologias,

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das teorias e estereótipos de inferioridade/superioridade raciais, que se conjugam com a não legitimação pelo Estado, dos processos civilizatórios indígena e africano, entre outros, constituintes da identidade cultural da nação.).

Há de se ressaltar que os estereótipos representam uma atitude negativa

com relação a um grupo ou a uma pessoa, pois baseiam-se em um processo de

comparação, no qual o grupo do indivíduo é considerado como o ponto positivo de

referência em detrimento ao comparado.

Desta forma os livros didáticos são transmissores de ideias, tornando-se

formadores de conceitos, opiniões e ideologias na construção da identidade do

educando.

O livro didático é um importante veículo portador de um sistema de valores, de ideologia, de cultura. Várias pesquisas demonstram como textos e ilustrações de obras didáticas transmitem estereótipos e valores dos grupos dominantes, generalizando tema, como família, criança, etnia, de acordo com os preceitos da sociedade branca burguesa. (BITTENCOURT, 2004).

Frisa-se que a cultura brasileira recebeu grande influência da africana, com

costumes que podem ser observados na dança, na religião, na música, dentre

outros. Porém, os livros didáticos não têm dado a devida relevância a esse

multiculturalismo, visto que a Lei nº 10.639/03 estabelece a obrigatoriedade do

ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos públicos e privados

de ensino fundamental e médio.

Durante a implementação desta Unidade Didática, os alunos do 9º ano do

ensino fundamental da Escola Estadual Professora Kazuco Ohara de Londrina, farão

a análise de vários livros didáticos de História de diversos autores. Os trabalhos

terão início com os livros do ensino fundamental de 5ª série (6º ano) e da 6ª série (7º

ano), os quais abordam a história inicial da presença do negro no Brasil.

Prosseguirão com a análise dos livros da 8ª série (9º ano) que serão utilizados pelos

alunos no ano letivo de 2014 que contam a história do Brasil contemporâneo. Assim,

os alunos terão oportunidade de efetuar levantamento da presença negra nos livros,

visto a escassez de relatos sobre a figura negra na história contemporânea

brasileira.

Para tanto, os alunos observarão textos e imagens que contemplem os

negros e sua participação na formação da cultura brasileira, fazendo a análise dos

textos escritos e dos “textos” imagéticos e estabelecerão relações entre os dois.

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Atividade 9

Os alunos, em grupo de três, farão a análise de três livros didáticos de

história ofertados pelo PNLD, sendo o primeiro editado antes da Lei nº 10.639/03, o

segundo logo após a lei e o terceiro consistirá no livro que utilizarão no ano letivo de

2014.

Título do livro: ................................................................................................................

Autor: .............................................................................................................................

Série/ano: ......................... Editora: .....................................................................

Cidade: .......................................................... Ano da publicação: .........................

Edição: .........................

• Quantas ilustrações com imagens de pessoas tem o livro?

• Em quantas dessas ilustrações aparece a imagem do negro?

• Quais são os capítulos nos quais o negro aparece? Qual o principal

tema desses capítulos?

• Como o negro é retratado? A figura do negro é valorizada ou denegrida

na imagem? A posição do negro na imagem é uma posição de destaque?

• Nas gravuras onde aparecem imagens dos negros, eles estão

retratados em igualdade social ao homem branco?

• Há uma diferenciação apenas étnica ou social?

• As imagens tem contemplado a diversidade cultural africana, deixando

de ser um instrumento reprodutor de preconceitos e práticas racistas?

• Os textos e imagens dos livros didáticos induzem os alunos a pensar

que a raça branca é superior à raça negra?

• Que mudanças ocorreram nos livros didáticos depois da Lei nº

10.639/03?

• Os livros didáticos ofertados pelo PNLD (Programa Nacional do Livro

Didático) para o ano de 2014 têm contemplado plenamente a Lei nº 10.639/03,

contribuindo para a construção de uma sociedade que seja de fato livre de

preconceito racial?

• Análise pelos alunos dos exercícios propostos nos livros e se estes

objetivam de alguma forma a reflexão sobre a discriminação/preconceito para com

os afrodescendentes. Se existirem os exercícios, os alunos devem especificá-los e

mencionar se são aptos a induzir a reflexão. Em caso negativo, devem fazer

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sugestão sobre exercícios a serem realizados.

• Apresentação da análise à sala.

ESCRAVIDÃO MODERNA

Ainda hoje podemos observar relatos de escravidão em países pobres e

ricos de todo o mundo. A chamada escravidão moderna, que atinge pessoas de

todas as cores e etnias, está camuflada das mais variadas formas, como trabalhos

em fábricas, fazendas, trabalhos domésticos, prostituição etc.

No Brasil o trabalho escravo tem atingido principalmente brasileiros

humildes, recrutados em municípios carentes com baixo Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH), principalmente de Estados da região norte e nordeste. Este trabalho

tem por característica mais comum a submissão do indivíduo ao trabalho em

ambiente que não atende às condições mínimas estabelecidas pelas leis trabalhistas

brasileiras. O que é aliado a dívidas crescentes e impagáveis junto aos

empregadores e trabalho sob ameaças de violência, recebendo baixa ou nenhuma

remuneração.

Conforme notícia da Folha de São Paulo de 17/10/20013, mesmo sendo a

sexta maior economia do mundo, segundo o primeiro Índice de Escravidão Global, o

Brasil ainda está entre os cem países com os piores indicadores de trabalho

escravo.

A reportagem ainda dispõe:

BRASIL No Brasil, o trabalho análogo à escravidão concentra-se, sobretudo, nas indústrias madeireira, carvoeira, de mineração, de construção civil e nas lavouras de cana, algodão e soja. A exploração sexual, sobretudo o turismo sexual infantil no nordeste, também são campos sensíveis, segundo o relatório, que cita ainda a exploração da mão de obra de imigrantes bolivianos em oficinas de costura. Através de informações compiladas de fontes diversas, os pesquisadores calcularam um percentual da população que vive nessas condições - foi assim que a ONG chegou à estimativa de que cerca de 200 mil brasileiros são vítimas da escravidão moderna. Apesar do quadro ainda preocupante, as ações do governo brasileiro contra o trabalho escravo são consideradas "exemplares". A ONG elogia ainda o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo e o Plano Nacional contra o Tráfico Humano, além da chamada "lista suja do trabalho escravo" do Ministério do Trabalho, que expõe empresas que usam mão de obra irregular (Folha de São Paulo. Brasil é elogiado, mas fica entre cem piores em ranking de trabalho escravo. 17 de out. 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2013/10/1357899-brasil-e-elogiado-mas-fica-entre-cem-piores-em-ranking-de-trabalho-escravo.shtml).

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Atividade 10

Após assistir o vídeo “O combate ao trabalho escravo no Brasil”, disponível

em: <http://www.youtube.com/watch?v=m0J5nHN4dzg> responda as perguntas a

seguir:

• Em poucas palavras explique o que é o trabalho escravo para você!

• Por que utilizamos o termo “trabalho análogo” no lugar de “trabalho escravo”?

• Por que ainda existe trabalho escravo no Brasil?

• Quem são os cativos do mundo contemporâneo?

• Quais tipos de violências os escravos contemporâneos tem enfrentado?

Destarte, o professor de Ensino Fundamental deve ser preparado para

utilizar o livro didático de forma crítica, visando transformá-lo em um instrumento de

consciência. O processo de reconstrução da identidade étnico/racial e a autoestima

dos afrodescendentes podem ser aprimorados com a desconstrução da ideologia

até o momento existente – inferioridade da raça negra – o que contribuirá para a

efetivação da cidadania.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

A Produção didática do PDE a realizar-se durante o ano letivo de 2014,

envolvendo o Ensino Fundamental da Escola Kazuco Ohara de Londrina, deverá

seguir a seguinte carga horária:

• 2 aulas: Explicação e conscientização do projeto.

Atividade 01.

2 aulas: Levantamento de preconceitos raciais.

Atividade 02

• 4 aulas: Investigação do conhecimento individual dos alunos sobre a

origem dos negros, discriminação racial e ações afirmativas.

Atividade 03

• 4 aulas: Aprendendo a analisar imagens.

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Atividade 04

• 3 aulas: O vídeo “Vista a minha pele”.

Atividade 05

• 3 aulas: Pesquisas no laboratório de informática sobre o trabalho

escravo e os motivos que levaram ao fim da escravidão no Brasil.

Atividade 06

• 2 aulas:Identificar personalidade negras nacionais e internacionais

consideradas por eles com ícones na sociedade.

Atividade 07

• 2 aulas: Aula expositiva sobre o Continente Africano.

Atividade 08

• 2 aulas: A invisibilidade da população afrodescendente.

Atividade 09

• 6 aulas: Análise dos livros didáticos.

Atividade 10

• 2 aulas: O trabalho escravo contemporâneo.

BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, C. Livros Didáticos Entre Textos e Imagens. In: BITTENCOURT, Circe (Org.) O Saber Histórico em Sala de Aula. 7. ed. São Paulo:Contexto, 2002. p.69-89

BITTENCOURT, Circe (org); et al. O saber histórico na sala de aula. Livros didáticos entre textos e imagens. 9° ed. Ed: Contexto. São Paulo, 2004.

Folha de São Paulo. Brasil é elogiado, mas fica entre cem piores em ranking de trabalho escravo. 17 de out. 2013. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2013/10/1357899-brasil-e-elogiado-mas-fica-entre-cem-piores-em-ranking-de-trabalho-escravo.shtml. Acesso em 14 de out. 2013.

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GENTILE, Paola. África de todos nós. Nova Escola, Nov. 2005. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/africa-todos-11551.shtml. Acesso em 05 de set. 2013.

GOMES, Joceline. Imagem social do negro melhora no livro didático. Fundação Palmares, 24 de ago. de 2011. Disponível em: http://www.palmares.gov.br/2011/08/imagem-social-do-negro-melhora-no-livro-didatico/. Acesso em 26 de set. 2013.

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Contagem Populacional. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em 22 abr. 2013.

OLIVEIRA, M. A. de. O negro no ensino de história: temas e representações. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2006.

SILVA, Ana Célia da. A Desconstrução da discriminação no livro didático. In: Kabengele Munanga (organizador). Superando o Racismo na escola. 2 ed. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.

______, Ana Célia da. A Discriminação do Negro no Livro Didático. 2 ed. Salvador: EDUFBA, 2004.

_____, Ana Célia da. Ideologia do Embranquecimento. Identidade negra e educação. Salvador-BA: Ianamá, 1989, p. 57.

Vídeo “Vista a minha pele”. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM. Acesso em 08 ago. 2013.