os desafios da escola pÚblica paranaense na … · leitura enquanto prática social que envolve...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PDE – PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
O TEXTO MIDIÁTICO COMO RECURSO PARA O ENSINO E
APRENDIZAGEM DA LEITURA
Sandra Jante Andrade de Melo1
Orientador: Professor Dr. Bruno B. Dallari 2
RESUMO: Este artigo aborda aspectos da linguagem sob a perspectiva bakhtiniana e a questão da leitura enquanto prática social que envolve experiências diversas do sujeito leitor do Ensino Médio da EJA (Educação de Jovens e Adultos), no Colégio Estadual Avelino Antônio Viera em Curitiba, Paraná. Também apresenta os resultados da implementação do projeto “O texto midiático como recurso para o ensino e aprendizagem da leitura” que buscou através da relação dialógica entre a literatura, a mídia e a realidade dos estudantes, resgatar o gosto e a importância da leitura para a formação do leitor proficiente.
PALAVRAS-CHAVE: leitura, literatura, mídia, relação dialógica.
INTRODUÇÃO
O projeto “O texto midiático como recurso para o ensino e aprendizagem da
leitura” teve como principal objetivo encontrar soluções para a falta de motivação
dos estudantes do Ensino Médio da EJA para a leitura. Pois se criou uma cultura por
parte desses estudantes de que a leitura e, principalmente a literatura não é
importante para eles, porque o que almejam é simplesmente terminar o Ensino
Médio, para uma pequena ascensão econômica e social, uma vez que não
1 AUTORA Docente: Língua Portuguesa - Colégio Estadual Avelino Antônio Vieira - Curitiba - PR,
participante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE-PR - e-mail: [email protected]. 2 ORIENTADOR: Prof. Dr. IES: Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Curitiba - PR. e-mail:
pretendem prestar vestibular, nem fazer ENEM. Muitos deles nem sonham em fazer
uma Faculdade e para eles a leitura tem estes únicos propósitos.
No intuito de mudar esse quadro, é que vislumbramos em um projeto de
leitura uma oportunidade de proporcionar ao nosso estudante da EJA, perspectivas,
vontade de querer alçar voos mais altos, sentir na escola um propósito, entender a
importância do letramento na vida de qualquer cidadão. Mostrar a importância deles
para o desenvolvimento da sua família, da sua comunidade e de seu país. Para
tanto, buscou-se no gênero midiático uma forma de interação entre aluno e leitura,
uma vez que a leitura e a escrita ultrapassam os limites do papel e a mídia é um
espaço interativo de produção e uso da linguagem e os gêneros discursivos
veiculados por este meio são parte importante da interação verbal.
Para que ele pudesse entender o papel da leitura e da mídia na sociedade da
qual ele faz parte, realizou-se um trabalho com o objetivo de inseri-lo no espaço
público. Foram proporcionadas atividades de diálogo e interação sobre as questões
em circulação neste espaço, através de uma relação intertextual e dialógica entre o
gênero literário romance de folhetim, o gênero midiático telenovela, gênero mais
próximo da realidade destes estudantes, e os diálogos que circulam nos blogs que
comentam as telenovelas.
1 O aluno da EJA e a sua relação com a leitura
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem um papel fundamental na
socialização dos sujeitos, agregando elementos e valores que os levem à
emancipação e afirmação de sua identidade social e cultural. É uma modalidade do
ensino que atende alunos que abandonaram o ensino regular por evasão,
repetência, ingresso prematuro ao mercado de trabalho ou que não tiveram
oportunidade de frequentar a escola na faixa etária adequada.
Muitos desses alunos apresentam dificuldade de leitura e escrita, pois o
pouco contato que tiveram com a escola não lhes propiciou experiências
significativas com estas práticas pedagógicas. Trazem consigo conhecimentos
construídos a partir do senso comum e um saber popular, não científico, constituído
no cotidiano, em suas relações com o outro e com o meio, os quais devem ser
considerados na dialogicidade das práticas educativas.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos:
A atuação do educador da EJA é fundamental para que os educandos
percebam que o conhecimento tem a ver com o seu contexto de vida, que é
repleto de significação. Os docentes se comprometem, assim, com uma
metodologia de ensino que favorece uma relação dialética entre sujeito-
realidade-sujeito. Se esta relação dialética com o conhecimento for de fato
significativa, então as metodologias escolhidas foram adequadas. (DCE,
2006, p.40).
As experiências de leitura dos alunos da EJA estão vinculadas à tradição oral
(falar/ouvir), composta por causos, provérbios, músicas, narrativas veiculadas
através da televisão, histórias da bíblia que ouvem nas sessões religiosas, notícias e
acontecimentos sociais veiculados na televisão, rádio e redes sociais, entre outros.
Aproveitar esses conhecimentos que eles já possuem para aprimorar o trabalho com
a leitura através de atividades pautadas nos conceitos bakhtinianos de dialogia,
responsividade e gêneros do discurso proporcionarão aos estudantes a
oportunidade de um diálogo constante entre o discurso escolar e outros discursos
que nele intervêm.
O diálogo, no sentido estrito do termo, não constitui, é claro, senão uma das
formas, é verdade que das mais importantes, da interação verbal. Mas
pode-se compreender a palavra “diálogo” num sentido amplo, isto é, não
apenas como a comunicação em voz alta, de pessoas colocadas face a
face, mas toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja. (BAKHTIN,
1986, p.123).
2 Aspectos da linguagem sob a perspectiva bakhtiniana
É importante que o estudante perceba no trabalho com a leitura que a
linguagem é ideológica e pluridiscursiva, coexistindo num mesmo discurso
linguagens de diversas épocas e de diversas camadas sociais. Sendo assim, o leitor
encontra no texto elementos comuns a todos os leitores, aquilo que se repete, mas o
sentido é construído por cada leitor que traz para o texto suas experiências de
outras leituras já realizadas. Bakhtin (1986, 2000) em seu fundamento sobre o
dialogismo propõe que sujeito e linguagem estão relacionados à diversidade e à
multiplicidade de sentidos da palavra produzidos no enunciado, no acontecimento.
Fruto da interação verbal o enunciado é o acontecimento que concentra na
palavra a relação comum entre locutor e interlocutor, a qual tem seus sentidos
determinados por um contexto enunciativo particular. Os sentidos das palavras são
tantos quantos forem os números de contextos possíveis e determinados pelas
diversas relações sociais.
Qualquer relação estabelecida entre indivíduos é concebida pela palavra, pois
esta é um signo ideológico e social central para a constituição do ser humano, capaz
de penetrar qualquer relação estabelecida entre indivíduos.
Ao realizarmos um discurso, escolhemos inconscientemente palavras,
dizeres, porém, nenhum tipo de organização mental prévia da fala garante que
aquele que recebe a mensagem proferida a entenda do modo pretendido pelo
enunciador. Desse modo todo enunciado leva a uma reação, contém um elemento
apreciativo, provoca um juízo de valor. De acordo com a avaliação daquele que
recebe o discurso reavaliamos a escolha das palavras com o objetivo de atingir os
propósitos do enunciado.
Na perspectiva baktiniana do dialogismo, a enunciação é elemento
fundamental, a relação dialógica se dá através do conflito, do antagonismo, da
vivência da contradição e ela só acontece no momento da enunciação, quando por
meio da linguagem há a manifestação da posição social e ideológica do sujeito
presente em seu discurso.
O enunciado só se torna real na interação verbal, pois não é único nem
monológico e é definido, delimitado, por outros enunciados. A alternância dos
sujeitos falantes nos turnos de fala antecedentes e subscreventes vão determinar o
sentido do enunciado construído pelo diálogo das vozes sociais que interagem
nesses turnos de fala. O momento de reação do outro configura o acabamento do
enunciado, pois este pode adotar uma atitude responsiva ativa em relação ao
enunciado anterior. Se no momento da recepção de um enunciado o interlocutor
adota uma atitude responsiva ativa demonstra que ele compreendeu o enunciado.
O ouvinte que recebe e compreende a significação (linguística) de um
discurso adota simultaneamente, para com este discurso, uma atitude
“responsiva ativa”: ele concorda ou discorda (total ou parcialmente),
completa, adapta, apronta-se para executar, etc., e esta atitude do ouvinte
está em elaboração constante durante todo o processo de audição e de
compreensão desde o início do discurso, às vezes já nas primeiras palavras
emitidas pelo locutor. A compreensão de uma fala viva, de um enunciado
vivo é sempre acompanhada de uma atitude “responsiva ativa”. (...) Toda
compreensão é prenhe de resposta e, de uma forma ou de outra,
forçosamente a produz: o ouvinte torna-se locutor. (BAKHTIN, 2000,p. 290)
Na atitude responsiva, proposta por Bakhtin (1986, 2000) a elaboração do
mundo acontece pela palavra do outro (lendo ou ouvindo diferentes discursos), da
qual inicialmente nos apropriamos, tornando-as palavras próprias. Dessa forma,
estamos constantemente envolvidos em uma corrente verbal ininterrupta, aonde as
palavras dos outros vão se tornar nossas palavras que por sua vez serão lidas,
ouvidas por outras pessoas que se apropriarão delas e as usarão em seus discursos
como se fossem palavras próprias.
3 O espaço público
Cabe ressaltar que espaço público nesse projeto, não pode ser entendido
como virtualidade ou negatividade, como um espaço em branco, aberto, no qual
hipoteticamente qualquer pessoa poderia falar qualquer coisa. Mas positivamente,
como aquilo que é efetivamente partilhado no curso das conversações e das
interações linguísticas de toda ordem, muito particularmente as midiáticas. A
produção midiática fala do desejo do sujeito, o denuncia, explicita os seus sonhos,
suas fantasias, suas expectativas.
Desse modo é que o blog foi escolhido como o espaço público de diálogo a
ser utilizado nas discussões que este projeto proporcionará, uma vez que é um
ambiente onde qualquer pessoa, independente de seu nível social ou cultural, pode
postar suas opiniões a respeito de assuntos em destaque na mídia. Os blogs são
considerados comunidades semióticas por agruparem num mesmo ambiente,
pessoas que dialogam sobre um mesmo tema, não importando se suas opiniões são
favoráveis ou contrárias ao tema em questão.
Sendo o blog um espaço público com uma infinidade de comunidades
semióticas foi preciso escolher uma dentre as tantas existentes. E a comunidade
escolhida foi a que posta comentários sobre telenovela, um gênero que há muito
tempo está presente na vida do público brasileiro e agrada ao gosto popular, sendo
uma campeã de audiência nas televisões de canal aberto.
A importância da telenovela hoje na sociedade brasileira fica clara na citação:
Para os adeptos da Escola de Frankfurt que deploram esse rumo que as
coisas tomaram, é interessante lembrar que a literatura, nos primórdios da
modernidade, era considerada por muitos como banal e mesmo
popularesca. Mais do que isso, em certos ambientes ela era frequentemente
considerada fútil e perniciosa, “coisa para mulheres”, o que era muito
pejorativo no século XIX. Um status não muito diferente do que tem a
telenovela atualmente. A telenovela tomou o lugar de crônica de costumes,
antes reservada aos escritores, como Balzac e Machado. É ela hoje que
coloca em pauta socialmente, nos termos em que deve ser colocado, o
debate público, sobre drogas, sobre imigração, sobre a psicologia das
mulheres etc. (Dallari, B. A. Bruno. Mídia, cidadania e as novas práticas de
letramento, 2010,p.16).
4 O romance de folhetim e as telenovelas
O trabalho dialógico que se pretende realizar acontecerá através da interação
entre o gênero romance de folhetim e o gênero novela televisiva no intuito de que o
aluno perceba a relação existente entre o texto literário e as produções que circulam
na mídia.
Para haver relações dialógicas, é preciso que qualquer material linguístico
(ou de qualquer outra materialidade semiótica) tenha entrado na esfera do
discurso, tenha sido transformado num enunciado, tenha fixado a posição
de um sujeito social. Só assim é possível responder (em sentido amplo e
não apenas empírico do termo), isto é, fazer réplicas ao dito, confrontar
posições, dar acolhida fervorosa à palavra do outro, onfirma-la ou rejeitá-
la, buscar-lhe um sentido profundo, ampliá-la. Em suma, estabelecer com a
palavra de outrem relações de sentido de determinada espécie, isto é,
relações que geram significado responsivamente a partir do encontro de
posições avaliativas (FARACO, 2009, p. 66).
O romance de folhetim é um gênero que trouxe para a nossa literatura na
primeira metade do século XIX, histórias de leitura rápida, publicadas diariamente
nos jornais brasileiros com o objetivo de entreter o leitor. Este gênero literário
proporcionará ao professor a oportunidade de mostrar aos estudantes da EJA como
o gosto pela leitura foi difundido no Brasil numa época em que nem todos eram
alfabetizados, mas nem por isso deixavam de apreciar os enredos folhetinescos,
como nos apresenta na obra Folhetim a escritora Marlyse Meyer:
Considerando-se o nível de analfabetismo no Brasil fica uma pergunta: até
que ponto as classes populares podiam consumir os romances ditos
populares que lhes eram destinados “naturalmente”? É verdade que, neste
país formado pelos padrões da oralidade, onde, nos primórdios do folhetim,
dominavam as famílias extensas e casas recheadas de serviçais e, mais
tarde, as habitações populares coletivas, cortiços e vilas operárias, há de se
levar em conta o efeito multiplicador de uma oitiva coletiva durante os
serões. (MEYER, 1996 p.382.).
É importante que os alunos percebam a estrita relação de importância da
literatura e da mídia para a construção da identidade da sociedade. Enquanto os
romances de folhetim influenciaram de uma maneira marcante a formação da
identidade nacional brasileira do século XIX, que assimilava os modelos europeus e
os adaptava ao nosso cotidiano, em um momento de construção do estilo de vida
que estava sendo adotado pelo povo brasileiro daquela época, as telenovelas da
atualidade ditam a moda, discutem os problemas sociais como as drogas, o tráfico
de pessoas, o preconceito, a violência contra a mulher, etc.
Com a chegada do folhetim ao Brasil, muitos costumes passaram a ser
diferentes, pois era preciso adaptá-los ao ambiente descrito nos enredos
parisienses. Os vestuários começaram a imitar fielmente a moda usada em Paris,
independente dos tecidos como o veludo não serem apropriados para o clima
brasileiro, o que importava era vestir-se e portar-se como as damas europeias o
faziam. O piano também foi outro item que passou a ser imprescindível nos lares
das famílias mais abastadas, que o utilizavam para a realização de vários e
inovadores eventos que foram assimilados ao cotidiano da capital.
O romance de folhetim alcançou proporções extraordinárias, tanto na França,
onde nasceu, em 1836, quanto aqui no Brasil, passando a compor o cotidiano e o
imaginário dos leitores. Este fenômeno se deu concomitantemente à abertura e
publicação de jornais, daí a dificuldade de se saber quem mais se beneficiou da
importância do outro: o veículo ou o instrumento, pois se tratou de uma importante
relação de troca.
Publicar fracionados diariamente os romances de folhetim foi uma estratégia
dos jornais para sustentar e aumentar as vendas dos periódicos, uma vez que o
público leitor foi incentivado por essa nova forma de escrever a se adaptar a essa
novidade. A cada final de capítulo criava-se um suspense, onde o leitor ficava ávido
por saber o que aconteceria no capítulo seguinte. A manutenção dessa curiosidade
garantia o sucesso comercial do jornal que tornava os leitores em assíduos
compradores.
Comum a todos, e importantíssimo, era o suspense e o coração na mão, um
lencinho não muito longe, o ritmo ágil de escrita que sustentasse uma leitura
às vezes, ainda soletrante, e a adequada utilização dos macetes diversos
que amarrassem o público e garantissem sua fidelidade ao jornal, ao
fascículo e, finalmente ao livro. (MEYER. 1996, p. 303).
O diálogo entre o romance de folhetim e a telenovela será feito através do
trabalho de leitura e análise do romance O cortiço de Aluísio de Azevedo e da
análise e posicionamento dos alunos frente aos diálogos registrados nos blogs que
comentam as telenovelas da atualidade. Ao realizar a interação entre esses dois
gêneros textuais, o aluno passará a perceber que o trabalho com a leitura pode ser
algo prazeroso e que já faz parte do seu contexto diário, mas ele apenas não havia
ainda se dado conta disso.
5 A teoria na prática
A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica “O texto midiático
como recurso para o ensino e aprendizagem da leitura” aconteceu no primeiro
semestre de 2014, no Colégio Estadual Avelino Antônio Vieira na turma do Ensino
Médio da EJA, que funciona no período noturno. A primeira ação foi a apresentação
do projeto à direção da escola, à equipe pedagógica que coordena a EJA e aos
alunos aos quais o projeto destinava-se.
Como todo o projeto foi idealizado com base no diálogo, a maioria das
atividades previam rodas de conversa, debate de ideias, discussões e apresentação
de reflexões de leituras.
A primeira atividade de implementação teve início com uma roda de conversa,
que a princípio não fluiu tão espontaneamente como imaginado. Então, para que
todos ficassem à vontade, a professora iniciou a conversa contando aos alunos as
suas experiências com a leitura. Assim que terminou seu relato, uma aluna já se
ofereceu para contar as suas experiências e assim foi sucessivamente até que todos
tivessem relatado cada um a sua. O que chocou nos relatos dos alunos foi saber
que em uma turma de vinte e cinco alunos, apenas dois deles já haviam lido uma
obra completa, mas muitos se lembraram de trechos de obras lidos durante o projeto
de leitura desenvolvido pela escola.
Ao final dos relatos, todos produziram pequenos textos sobre alguma obra da
qual se lembravam pelo menos uma parte, colocando ali os pontos positivos e
negativos de acordo com suas opiniões. Foi muito emocionante perceber o brilho
nos olhinhos deles cada vez que se lia uma das produções. Quando terminava a
leitura, diziam “Nossa, que bonito, nem parece que foi o texto que eu escrevi”.
Todos passaram a perceber que eram capazes de escrever e que seus
escritos provocavam emoções nos demais colegas. A princípio era para que eles
lessem, mas como ficaram constrangidos, a professora se ofereceu para fazer a
leitura. O objetivo principal desta atividade foi atingido, pois a maioria deles
demonstrou interesse em ler alguma das obras apresentadas pelos colegas e alguns
até se ofereceram para emprestar os livros para os amigos lerem. Uma das obras
mais votadas foi “O Código da Vinci” de Dan Brown, talvez porque a maioria se
lembrasse do filme.
Para dar início às atividades de leitura e pesquisa, foi escolhido o romance de
folhetim. Primeiramente foi feita uma introdução ao estudo do Romantismo, contexto
histórico, características do mesmo na prosa, alguns autores e trechos de obras que
foram lidas e comentadas. Também se aproveitou o gancho e foram discutidos com
eles alguns temas que surgem nestas obras e que acabam sempre aparecendo nas
telenovelas. Feita esta introdução, partimos para a pesquisa sobre os romances de
folhetim. Infelizmente não foi possível usar o laboratório de informática, conforme
estava previsto, por falta de funcionário no período noturno e por a direção não
permitir o uso dos computadores sem a presença de um profissional especializado
para acompanhar os alunos e a professora. Alguns alunos que possuíam o acesso à
internet em casa realizaram a pesquisa, sob a orientação de que se comunicassem
para não haver pesquisas do mesmo site e a professora também levou para a sala
de aula várias pesquisas impressas sobre o assunto, realizadas em diferentes sites.
No dia marcado, as pesquisas foram levadas para a sala e distribuídas para
aqueles que não puderam pesquisar em casa ou em lan houses. O que foi
interessante perceber, é que agora eles já haviam perdido aquela inibição dos
primeiros dias e todos apresentaram as sínteses que elaboraram para toda a turma.
Em grupos, elaboraram um quadro com conceito, características, autores e obras do
romance de folhetim no Brasil. Percebi a construção do conhecimento, à medida que
discutiam qual a melhor definição, qual site apresentava melhor as características, a
relação mais completa de autores e obras, para só então escolher aquilo que iriam
transpor para os quadros, que ficaram bem sintéticos, mas muito bem elaborados.
Nesse mesmo dia, foram distribuídos para a turma os exemplares da obra
adaptada “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo. Começou-se então a leitura, que a
princípio era para ser realizada diariamente durante quinze minutos nas aulas de
leitura do projeto da escola, em aulas de todas as disciplinas. Mas não aconteceu
assim e eles acabaram lendo somente nas aulas de Língua Portuguesa e em casa.
A segunda roda de conversa foi muito produtiva. Os alunos estavam muito
empolgados e motivados para a apresentação e debate sobre o livro “O cortiço” que
iriam realizar. Deu trabalho para organizar os turnos de fala, pois todos queriam dar
suas contribuições. Contaram a história e caracterizaram ambientes e personagens
com riqueza de detalhes, quando um esquecia-se de algo, prontamente um amigo
se dispunha a complementar. Os temas presentes na obra foram amplamente
discutidos, bem como a sua validade para os dias atuais. Muitos relacionaram os
cortiços com as “favelas”, ou “comunidades” e com os próprios ambientes nos quais
eles convivem. Chegaram à conclusão de que a maioria dos problemas sociais
abordados pelo autor ainda permanecem na atualidade em todas as comunidades,
mas principalmente nas menos privilegiadas, como o preconceito, o racismo, a falta
de infraestrutura e saneamento básico. Disseram achar a linguagem do livro arcaica,
com muitas palavras desconhecidas, mas que isso não prejudicou o entendimento
da história. Gostaram do livro por se identificarem com a história, porém acharam o
final muito triste. Então, aproveitou-se o momento para comentários sobre as
características realistas / naturalistas presentes na obra e dizer que há uma
diferença muito grande em ler uma obra desse período e se ler um romance do
período Romântico da literatura, ou até mesmo um conto de fadas onde tudo acaba
bem no final. Para fazer o paralelo entre o romance romântico e o romance realista,
fizemos o comparativo entre as obras “A moreninha” de José de Alencar e “O
cortiço” de Aluísio de Azevedo.
6 O diálogo entre a obra literária e as telenovelas
Lida a obra proposta, chegamos ao momento de fazer um seminário de
discussões sobre os temas presentes no livro e que fazem parte dos enredos das
telenovelas da atualidade. Para a realização desta atividade, cada aluno pesquisou
uma novela de sua preferência e que tivesse o cortiço como tema central.
A primeira observação que os alunos fizeram foi que os temas sociais
trabalhados pelo autor do livro são muito recorrentes e têm feito parte de muitas
telenovelas brasileiras nas últimas décadas.
O preconceito social e racial, as condições de vida precárias nas
comunidades, a falta de dignidade, as amizades por interesse bem como os
casamentos arranjados foram citados por vários alunos. Mas as novelas mais
discutidas foram Joia Rara de Thelma Guedes e Duca Hachid e Lado a Lado de
Cláudia Lage e João Ximenes Braga, pois as tramas ainda estavam muito
“fresquinhas” na cabeça dos alunos.
As questões levantadas pelos alunos durante o seminário foram muito
interessantes e produziram diálogos e discussões que os levaram a perceber que a
mídia na verdade retrata a realidade e a ficção nada mais é do que um retrato da
realidade dos seus próprios cotidianos.
Observaram também que as novelas de época como Joia Rara e Lado a Lado
não influenciaram seus interlocutores no que diz respeito à moda, nem a outros usos
e costumes, mas serviram como reflexão sobre os problemas sociais abordados.
Além das telenovelas já citadas, foram abordadas também: Salve Jorge de
Glória Perez, Senhora do destino e Duas Caras de Aguinaldo Silva. Mencionaram
ainda a série Cidade dos Homens.
7 As telenovelas e os blogs
O próximo passo para alcançar os objetivos pretendidos com o
desenvolvimento do projeto foi analisar as postagens dos internautas nos blogs que
comentam as telenovelas. O objetivo aqui era analisar a recepção das informações
ali postadas e não os comentários dos blogueiros propriamente ditos.
Primeiramente os alunos foram alertados de que qualquer comentário ali
postado não era isento de intencionalidade. Cada palavra, ainda que monossilábica
expressava alguma reação do leitor em relação àquilo que foi lido. Também
deveriam identificar as “vozes” presentes no texto, ou seja, quem aquela voz
representa? Que grupo social pode estar representado naquela fala?
Vários recortes de blogs foram levados para a sala de aula e aleatoriamente
foram distribuídos aos alunos. A professora solicitou então que após a leitura do
recorte ele fosse passado adiante a fim de que os demais colegas também
pudessem lê-lo. Foi interessante observar que à medida que iam lendo as postagens
eles se identificavam ou imediatamente odiavam os comentários postados,
principalmente se fosse sobre uma novela de sua preferência.
O blog que suscitou maiores e mais intensos diálogos foi o Inforgospel do
Pastor Marcos Feliciano que comentava sobre o “beijo gay” no final da novela “Amor
à vida”. Os comentários postados iam desde os homofóbicos aos profundamente
religiosos e preconceituosos. Porém, os alunos conseguiram identificar as vozes
presentes em cada comentário e levantaram hipóteses sobre os possíveis objetivos
das postagens.
Identificaram as “vozes” presentes nos textos como sendo de pessoas que
queriam apenas conversar com sobre o assunto, outras que queriam descontar sua
raiva homofóbica em alguém, outras queriam alertar sobre algo que achavam um
perigo iminente para a sociedade. Algumas representavam as vozes das famílias
que estavam preocupadas com as crianças e adolescentes que viram a cena e
poderiam se influenciar de alguma maneira, outras representavam as vozes dos que
se consideravam cristãos e não aceitavam a homossexualidade.
Os posicionamentos dos alunos foram os mais diversos possíveis, desde os
que concordavam com as postagens dos internautas até aqueles mais radicais que
acharam tudo um absurdo, um uso incorreto do espaço público para exposição de
banalidades.
Outros comentários analisados foram os do “Blog o provocador” que no
momento criticava a novela Em família, falava sobre a sua baixa audiência por conta
da falta de empatia entre o casal protagonista Luiza e Laerte. Também abordava os
motivos dessa falta de audiência que provavelmente seria a incestuosidade do casal
e a pedofilia, ou ainda mesmo a diferença enorme de idade entre os dois, o que
remetia a um desvio considerado intolerável pelo público. Esses comentários foram
do blogueiro, por sua vez os internautas, mesmo muitos dizendo não
acompanharem a novela por ser uma “porcaria”, estavam ali no blog criticando a
novela, concordando ou discordando do blogueiro nos aspectos por ele levantados.
Apontaram também como um dos motivos para odiarem a novela o fato de a filha
ser desrespeitosa com a mãe o tempo todo.
Os alunos por sua vez, ao analisarem as postagens, disseram que a maioria
dos internautas não consegue separar muito bem o ator do personagem e que eles
julgavam as personagens como julgam as pessoas na vida real. Identificaram como
questões que circulam na mídia e que foram abordadas nas postagens, a traição de
um modo geral, mas principalmente o adultério, o homossexualismo e a pedofilia.
O recorte do blog do Maurício Stycer intitulado “Carnaval fora de época expõe
a “barriga” de Joia Rara” trazia um comentário sobre a duração muito longa da
novela, fato este que de acordo com o blogueiro, fez com que a novela ficasse muito
repetitiva. Também criticava a falta de sincronia da novela com o mundo real, pois o
carnaval na novela ocorre exatamente uma semana depois. Termina elogiando o
elenco e dizendo que a novela é uma bela produção de época, muito bonita, bem
cuidada e bem escrita.
Os internautas por sua vez discordaram de que os eventos do mundo real e
do mundo fictício tenham de estar sincronizados. Eles criticam o fato de os atores de
Joia Rara serem praticamente os mesmos da novela “Cordel Encantado” escrita
pelas mesmas autoras. Todos concordaram com o Maurício de que a novela se
tornou cansativa por ter se alongado demais e estar muito repetitiva. Apontaram
algumas falhas em relação ao figurino, costumes, músicas, que não batiam com a
época representada pela novela. Um dos internautas critica o próprio Maurício,
dizendo pra ele se aposentar, que ele é um fraco, que não possui neurônio e
apresenta inabilidade para crítica. Outro que disse que os comentários eram todos
“balela”, pois os jovens e adolescentes de hoje não assistem mais novelas, que hoje
é só Sky, Net, Playstation, celular, quase foi “linchado” virtualmente, principalmente
pelos comentários homofóbicos e preconceituosos que fez, dizendo que uma meia
dúzia que ainda assistem novela, são gays, idosos e viúvas.
Ao analisarem os comentários, os alunos perceberam que nem todos que
acessam um blog, o acessam por serem seguidores do blogueiro. Perceberam isso
ao lerem as críticas ao Maurício Stycer. Observaram que nem todos que acessaram
o blog são fãs de novelas. Concordaram com os motivos do público por estarem
rejeitando assistir aos capítulos finais da novela. Também acharam que as autoras
estavam estendendo demais o fim da novela. A maioria dos estudantes não havia
conseguido perceber as gafes no cenário, figurino, usos e costumes apontados
pelos internautas, pois a maioria deles gostou muito da novela e compararam
bastante com o livro “O cortiço” que haviam lido.
Finalizaram suas observações apontando para as vozes preconceituosas
presentes no texto e não concordando com elas e dizendo que concordavam que os
capítulos das novelas não deveriam se prolongar tanto, só assim a audiência não
cairia tanto.
Outro blog analisado e que também trazia comentários sobre a novela Joia
Rara foi o do Xavier. Este não trazia críticas, mas sim um elogio a uma cena
representada pelo ator Carmo Dalla Vecchia na novela. A cena representada era a
do personagem Manfred na véspera do Natal, onde ele obriga Ernest Hauser (José
de Abreu) a sentar-se à mesa para a ceia de Natal com ele e sua mãe, a governanta
Gertrude (Ana Lúcia Torre). O blogueiro ainda diz que a cena representada pelo ator
lembrou muito a novela “Avenida Brasil”, quando a personagem Nina (Débora
Falabella) obriga Carminha (Adriana Esteves) a lhe servir na mesa, gritando “Me
serve vadia”. Comenta que tanto Joia Rara quanto Avenida Brasil tem a mesma
diretora Amora Mautner, talvez por isso as coincidências.
A maioria dos internautas estava de acordo com as opiniões do blogueiro,
apenas dois deles discordaram dizendo que a atuação do Carmo foi ”vergonhosa” e
que ”é difícil para um ator que já fez outro vilão em uma novela anterior, conseguir
criar uma linha de interpretação completamente diferente.” Foi consenso entre eles
que realmente houve muitas cenas em Joia Rara que remetiam os telespectadores
às cenas da novela Avenida Brasil de João Emanuel Carneiro.
Esse foi o recorte analisado que menos polêmica suscitou entre os
estudantes, talvez porque não houve um diálogo propriamente dito entre os
internautas, mas apenas concordâncias e discordâncias que não motivaram os
estudantes ao debate.
Eles colocaram em suas análises que não houve em momento algum
relacionamento por parte deles, internautas, entre a realidade e a ficção. Disseram
observar que a maioria gostou da novela pelas colocações positivas que fizeram em
relação ao elenco e suas atuações, pela produção rica da cidade cenográfica e dos
figurinos, bem como por ser uma novela de época. Apontaram não ter havido nem
mesmo manifestação sobre o papel da mulher na sociedade, tema que foi bastante
explorado na novela. Nem mesmo das questões de preconceito social e racial muito
explícito nas cenas, foram feitos comentários.
Porém, todos acharam válidas as comparações feitas entre a novela Joia
Rara e a Avenida Brasil, pois consideraram que o público está atento ao que assiste
e não é tão leigo quanto se imagina em matéria elenco e direção de novelas.
Disseram que se fossem eles os autores das novelas, procurariam estar mais
“antenados” às reclamações do público e não repetiriam tanto os enredos e cenas,
procurariam aumentar a audiência com muito drama e suspense, porém sem esticar
muito o fim da novela, porque acham que isso é cansativo.
A leitura das análises e dos comentários dos alunos permitiu perceber que os
objetivos desta etapa do projeto foram alcançados, visto que todos se sentiram
motivados a participar das atividades, realizando um diálogo efetivo, com
contribuições pessoais para o desenvolvimento do coletivo. Compreenderam a
importância dos enunciados para a efetivação de uma relação dialógica. Fizeram
constantes paralelos entre o real e o ficcional. Conseguiram identificar as vozes
presentes nos enunciados e se posicionar a respeito delas, percebendo que o
discurso é uma poderosa arma em defesa de seus ideais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto “O texto midiático como recurso para o ensino e aprendizagem da
leitura” permitiu verificar e comprovar que adotar um gênero discursivo mais próximo
da realidade dos alunos para as atividades que envolvam a leitura, pode ser um
passo importante para o seu letramento.
A perspectiva de se trabalhar com textos que circulam na mídia como um
apoio pedagógico, possibilita planejar as aulas com certa antecedência e em uma
sequência que permite incluir os mais variados temas, desde os mais banais aos
mais sublimes e trabalhar a intertextualidade, que pode acontecer com gêneros
textuais que vão dos literários aos científicos, humorísticos, informativos ou de
opinião, desde que apresentem alguma relação com o gênero discursivo em
questão.
O trabalho com a mídia, enquanto gênero textual de acordo com o professor
Bruno Dallari, “não se trata de um processo unilateral de emissão e recepção, mas
de uma interlocução, na qual ambos fazem, alternadamente, o papel de falante e
ouvinte”, o que torna o trabalho com a leitura e a escrita mais prazeroso e atrativo
aos alunos, motivando-os para o aprendizado.
Para implementar este projeto, foi necessário compreender a concepção
baktiniana de dialogismo, onde diálogo é conflito, é antagonismo, é a vivência da
contradição, bem como, entender que espaço público é aquilo que é efetivamente
partilhado no curso das conversações e das interações linguísticas de toda ordem,
mas muito particularmente as midiáticas.
Também foi necessário entender que em cada diálogo, cada enunciado, está
implícita uma ”voz”, que representa um grupo social, uma ideologia, uma postura,
uma sociedade. E que cada um de nós ao dialogarmos com estes textos também
somos representantes de alguma ideologia que temos internalizada e muitas vezes
não nos damos conta.
A partir desses conceitos, ficou mais fácil fazer com que os alunos
percebessem que para inferir informações implícitas nos textos, muito mais do que
decodificar, é importante interpretar aquilo que se lê, perceber que as informações
não caminham exclusivamente do texto para ele, mas que também seguem dele,
leitor, para o texto, e a partir do deu ponto de vista, ele constrói sua interpretação,
amplia sua visão de mundo e sua capacidade de enunciar e de escrever.
As teorias citadas anteriormente não somente contribuíram para o
aperfeiçoamento das práticas pedagógicas, como também serviram para comprovar
a eficácia da inclusão dos gêneros discursivos nas práticas de letramento.
O trabalho dialógico realizado entre a literatura, através da leitura da obra “O
cortiço” de Aluísio de Azevedo e o gênero midiático, através do estudo das
telenovelas e da análise dos recortes de blogs que comentavam essas telenovelas
contribuíram para desencadear diversos aspectos positivos em relação à leitura: a
prática da leitura compartilhada, em voz alta, roda de conversa, onde cada um pôde
ler para o outro, expor suas considerações sobre o assunto lido e debatido. Os
alunos também aprenderam a ouvir as opiniões contrárias às suas para então
concordar ou discordar. Partir do conhecimento do senso comum para a formação
do conhecimento elaborado, com base na pesquisa e análise de vários autores e
fontes. Aprendeu a sistematizar as suas leituras em textos para que toda a turma
pudesse apreciar e avaliar. Compreendeu a importância da mídia no processo de
letramento e concluiu que a literatura não dá mais conta sozinha desse papel.
Tomou conhecimento do que é o espaço público e qual a importância dele para a
formação da identidade de uma pessoa.
Enfim, ainda existe um longo caminho a ser percorrido nos próximos anos
letivos, mas com certeza este projeto não se encerra aqui, visto que as vantagens
da sua aplicabilidade para a leitura e produção de textos nas aulas de Língua
Portuguesa são inúmeras e eficazes.
REFERÊNCIAS AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. 36. ed. São Paulo: Ática, 2004.
BAKHTIN, Mikhail (Volochinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. 3. ed. São
Paulo: HUCITEC, 1986.
________, Estética da Criação Verbal. Tradução Maria E. Galvão. 3. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
DALLARI, Bruno B. A. Mídia, Cidadania e as práticas de letramento. 2010.
FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: as ideias linguísticas do círculo
de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
MEYER, Marlyse. Folhetim – uma história. São Paulo: Companhia das Letras,
1996.
PARANÁ, Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação de
Jovens e Adultos, Curitiba, 2006.
________, Secretaria da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica –
LÍNGUA PORTUGUESA, Paraná, 2008.