sou leitor espírita

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Page 1: Sou Leitor Espírita
Page 2: Sou Leitor Espírita
Page 3: Sou Leitor Espírita

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 130 / Março, 2012 / N o 2.196

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO NOLETO

BEZERRA, GERALDO CAMPETTI SOBRINHO E

MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

Mundo de Regeneração

Entrevista: Luiza Leontina Andrade Ribeiro

Vivência dos postulados espíritas

Esflorando o Evangelho

Busquemos a luz – Emmanuel

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Por que é importante evangelizar? – Cecília Rocha

A FEB e o Esperanto

Do Movimento Esperantista – Esperanto e Rio+20 –

Affonso Soares

Seara Espírita

A morte sem mistérios – Christiano Torchi

Não julgueis – Clara Lila Gonzalez de Araújo

A prece de Kardec – Mário Frigéri

Aprendizado incessante – Richard Simonetti

A fórmula “quase mágica” da confiança –

Geraldo Campetti Sobrinho

Ações pioneiras dos movimentos cristão e espírita –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Temor da morte – Yvonne do Amaral Pereira

Em dia com o Espiritismo – O Sermão Profético (Capa)

– Marta Antunes Moura

O que importa? – Leonardo Machado

Felizes os que têm Deus – Cruz e Souza

Perigoso fascínio – Licurgo Soares de Lacerda Filho

Imortalidade da alma – José Passini

Uma reflexão histórica – a força de um ideal –

Vladimir Alexei

Novas Atividades Doutrinárias da FEB

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 552,00Assinatura digital anual R$ 224,00Número avulso R$ 77,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 550,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

Page 4: Sou Leitor Espírita

EditorialMundo de

Regeneraçãoão se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Hámuitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito,pois me vou para vos preparar o lugar”,1 afirmou Jesus em seu Evangelho.

Os Espíritos superiores, por meio da Doutrina Espírita esclarecem, também, quesão habitados todos os globos que se movem no espaço e que “o homem terreno estálonge de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição”.2

Avançando na análise deste assunto, os orientadores espirituais esclarecem que,com base no grau de evolução moral e intelectual de seus habitantes, os mundospodem ser classificados em: I) primitivos – em que o ser humano está no início dasua evolução; II) de expiações e provas – nos quais predominam o orgulho, o egoís-mo e a violência; III) de regeneração – em que os seus habitantes já se reconhecemcomo Espíritos imortais em processo de evolução, e se dispõem a trabalhar no seuprogresso moral; IV) felizes – em que predomina o bem; V) celestes ou divinos –moradas dos Espíritos puros.1

A Terra está em fase de transição, saindo da condição de Mundo de Expiações eProvas para a de Mundo de Regeneração. Nesta sua nova fase, tal como ocorre emum estabelecimento escolar, separam-se os Espíritos que evoluíram o suficientepara continuar progredindo na Terra, daqueles que, não conseguindo este estágioevolutivo, continuarão habitando outros mundos de expiações e provas.

Aqueles que permanecerem na Terra, todavia, não vão encontrar um mundo járegenerado. Eles terão que participar do trabalho de sua construção, tendo por baseos princípios contidos no Evangelho, e estarão contribuindo nessa obra, à medidaque trabalharem no seu próprio aprimoramento moral e intelectual, vivenciandogradativamente as leis que emanam de Deus, e que foram ensinadas e exemplifi-cadas por Jesus.

Aproveitemos, pois, a oportunidade de crescimento e mudança que este mundoem transformação nos oferece, a fim de que modifiquemos o nosso interior, morale intelectualmente, para melhor.

“N

4 Reformador • Março 20128822

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2011. Cap. 3, it. 1 e 4, respectivamente.2Idem. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 55.

Page 5: Sou Leitor Espírita

or que a morte, sendo tãonatural quanto o nasci-mento, fenômeno corri-

queiro ao qual todos estamos su-jeitos, sem exceção, ainda é con-siderada algo sinistro e tão miste-rioso? Por que ela é tão incom-preendida e causa tanto sofri-mento, sobretudo quando sur-preende prematuramente nossosentes queridos?

O Espiritismo veio, em boa hora,desmistificar a morte, mostrandoa sua verdadeira face, e, o que émais importante, veio realçar a importância da vida, demons-trando que ela transcende a ques-tão da sobrevivência. Entretan-to, mesmo para os que estu-dam a realidade além-túmulo, amorte dos entes queridos é al-go difícil de aceitar e adminis-trar. Isso mostra quanto aindasomos imaturos, espiritualmen-te, e quanto temos ainda de des-materializar nossos pensamen-tos e sentimentos.

Todas as religiões pregam a imortalidade da alma, mas aDoutrina Espírita foi além: com-

provou, cientificamente, a imor-talidade e resgatou o espírito damatéria, “matando a morte”. Nãose trata mais de convicção reli-giosa. Trata-se de estar bem oumal informado, pois, sem prejuí-zo dos princípios revelados peloConsolador, o Espírito já foi pe-sado, medido e fotografado poruma legião de sábios, pesquisa-dores e cientistas de renome,conforme registrado nos anais daHistória.

Muito da incompreensão e dotemor da morte repousa no des-conhecimento da natureza espi-ritual do homem e no desconhe-cimento do perispírito, este, o in-vólucro inseparável da alma ouEspírito, elemento semimaterial,fluídico, indestrutível, que servede intermediário entre o Espíritoe o corpo físico. O estudo das pro-priedades e das funções do peris-pírito dilata novos horizontes àCiência e constitui a chave deuma grande quantidade de fenô-menos, preconceituosamente ne-gados pelo materialismo e quali-ficados por outras crenças como

milagres ou sortilégios, entre elesa materialização de Espíritos, con-fundida com a “ressuscitação” ou“ressurreição” dos mortos.

Denomina-se “morte” o esgo-tamento ou a cessação da ativi-dade vital nos organismos. Nós,os espíritas, chamamo-la “de-sencarnação”, palavra que desig-na, com maior precisão, o even-to, pois o que se dá, na realida-de, é o desprendimento do Espí-rito ou do princípio inteligentedo corpo físico, que a esse se ha-via ligado por meio do fenômenoencarnatório.

Deus criou os Espíritos sim-ples e ignorantes, impondo a elesencarnações sucessivas, com oobjetivo de fazê-los chegar à per-feição, gradualmente, pelo pró-prio mérito. Logo, a evolução seprocessa por fases, pois não épossível escalar o cume gloriosoda plena vitória espiritual sobresi mesmo num só voo. Assim,podemos comparar o mundo fí-sico a uma escola, a um campode provas para o Espírito. AndréLuiz afirma:

PCH R I S T I A N O TO RC H I

A mortesem mistérios

5Março 2012 • Reformador 8833

Page 6: Sou Leitor Espírita

[...] O Espírito, eterno nos

fundamentos, vale-se da maté-

ria, transitória nas associa-

ções, como material didático,

sempre mais elevado, no curso

incessante da experiência para

a integração com a Divindade

Suprema. [...]1

O estágio na carne é o burilque esculpe o aperfeiçoamentodo ser. Não é uma excursão de la-zer a que somos convidados a go-zar, à saciedade, na taça da vida,pois os excessos contribuem paraa destruição prematura do corpofísico, equiparando-se a um sui-cídio inconsciente.

Com a desencarnação, o cor-po grosseiro é descartado, à se-

melhança de uma roupa impres-tável, que se desprende do peris-pírito e do Espírito, molécula amolécula. Decompostos os ele-mentos químicos, esses são res-tituídos à Natureza para seremreutilizados na construção deoutros corpos. Sem a veste car-nal, o Espírito, em vibração dife-renciada, desaparece dos olhosfísicos dos encarnados, como semudasse de residência, manten-do-se intacto e conservando, emoutra dimensão apropriada aoprogresso realizado, todo o pa-trimônio de experiências adqui-ridas.

O corpo é o instrumento doprogresso espiritual. A decompo-sição dele é uma sábia lei da Na-tureza, sem a qual não haveriarenovação e transformação. Aencarnação e a morte consti-tuem ciclos na trajetória das

criaturas, que permitem odesenvolvimento delas por eta-pas, o que proporciona, nos in-tervalos entre uma e outra exis-tência física, a avaliação e a rea-valiação das experiências, o pla-nejamento das futuras encarna-ções, para o recomeço proveito-so de novas provas.

Se a morte fosse a destruiçãocompleta do homem (Espíritoencarnado), muito ganhariamcom ela os maus, pois se veriamlivres, ao mesmo tempo, do cor-po, do Espírito e dos vícios. Éuma ideia materialista que re-pugna o bom-senso e a lógica. Acrença de que após a morte físi-ca vem o nada, além de anti-científica, é incompatível com aperfeição, a justiça e a bondadedo Criador.

A vida na carne é uma cons-tante preparação para a morte.

1XAVIER, Francisco C. Obreiros da vidaeterna. Pelo Espírito André Luiz. 33. ed. 4.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 19.

6 Reformador • Março 20128844

Page 7: Sou Leitor Espírita

Todos sabemos que esta é inexo-rável e pode acontecer a qualquerinstante. Apesar disso, raramentevalorizamos a existência e quasesempre desprezamos as oportu-nidades de crescimento:

A educação para a morte não é

nenhuma forma de prepara-

ção religiosa para a conquista

do Céu. É um processo educa-

cional que tende a ajustar os

educandos à realidade da Vida,

que não consiste apenas no vi-

ver, mas também no existir e

no transcender.2

Aqueles que, durante a vida ter-rena, se esforçarem sinceramentepor se melhorar, mesmo errandodurante o curso de sua existência,podem aguardar, serenos, a horade seu retorno para o mundo espiri-tual, pois verão recompensados seussuores, dores e lágrimas. O EspíritoIrmão X (Humberto de Campos)relaciona conselhos muito úteis paraos que pretendem morrer bem.Eis o resumo de alguns deles, emforma de decálogo:

1. Diminua gradativamente avolúpia de comer a carne dosanimais.

2. Evite os abusos do álcool edo fumo.

3. Não se renda à tentação dosnarcóticos.

4. Quanto ao sexo, guardemuito cuidado na preservação doseu equilíbrio emotivo.

5. Se tiver dinheiro, não adiedoações aos que realmente pre-cisem e observe cautela com tes-tamentos, pois a morte podechegar de surpresa, deixando-oaflito com pendências judiciaisperante os familiares.

6. Não se apegue demasiado aoslaços consanguíneos, pois os entesqueridos não nos pertencem.

7. Se você já possui o tesourode uma fé religiosa, viva de acordocom os preceitos que abraça. Émuito grande a responsabilida-de moral de quem já conhece ocaminho, sem equilibrar-se den-tro dele.

8. Faça o bem que puder, sema preocupação de satisfazer atodos.

9. Trabalhe sempre. O serviçoé o melhor dissolvente de nossasmágoas.

10. Ajude-se, através do lealcumprimento de seus deveres.3

Em nossa quadra evolutiva, énormal que sintamos tristeza pelapartida, inesperada ou não, dosentes queridos. A lembrança e asaudade geralmente evidenciamo amor que nutrimos por eles,contudo, não devemos nos en-tregar ao desespero e à tristezamórbida, sob pena de prejudi-carmos o restabelecimento dosrecém-desencarnados, pois nos-sos pensamentos e sentimentosos atingem em cheio.

Ademais, tal comportamentodemonstra o nosso egoísmo peloapego excessivo aos laços fami-liares, ou ainda a falta de con-fiança em Deus, de fé no futuro ena imortalidade dos entes queri-dos, dos quais, a rigor, nunca nosapartamos, havendo, até mesmo,a possibilidade de nos comuni-carmos com eles.

É realmente consolador haurira certeza da imortalidade da alma.Assimilar esses conhecimentos,adquirir essa convicção eleva a nossa condição de Espíritos, oque nos faz sentir herdeiros doCriador e nos dá mais forças paravencer as dificuldades do dia adia, permitindo que valorizemosainda mais a vida.

A maior prova que damos deque realmente internalizamos asnoções imortalistas do ser e dareencarnação é recebermos comresignação e coragem a notíciado passamento de nossos entesqueridos.

Lamentar exageradamente apartida daqueles a quem ama-mos é falta de caridade, pois seriaexigir a permanência deles naprisão do corpo, fustigados portodo o cortejo de provas da exis-tência física, muitas vezes peloegoísmo de tê-los junto de nós.

Saibamos impor silêncio àsnossas dores, entregando-nos aotrabalho do bem, que nos daráforças para prosseguirmos nocumprimento dos deveres. Mor-rer todos os dias para a existênciainferior é uma forma de viver avida eterna, construindo o futuroglorioso que nos aguarda.

2PIRES, J. Herculano. Educação para amorte. 9. ed. São Paulo: Paideia, 2004. p. 23.

3XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas.Pelo Espírito Irmão X. 13. ed. 2. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 4. p. 21--24.

7Março 2012 • Reformador 8855

Page 8: Sou Leitor Espírita

luminoso ensinamento deJesus, registrado por Ma-teus e pelos evangelistas

Marcos (4:24) e Lucas (6:37), des-taca os perigos de nos deixarmoslevar pelos julgamentos inconse-quentes de situações e pessoas,sem nenhuma cautela, alterandoo verdadeiro juízo dos aconteci-mentos. Não somos comedidos nassentenças que proferimos ao usar-mos de excessiva severidade paracom os deslizes alheios, esquecendo--nos dos graves erros que comete-mos, quiçá, muito mais sérios doque aqueles que exprobramos.Essa máxima é interpretada de for-ma judiciosa por Allan Kardec, aoafirmar:

[...] não devemos julgar com

mais severidade os outros, do

que nos julgamos a nós mes-

mos, nem condenar em outrem

aquilo de que nos absolvemos.

Antes de profligarmos a alguém

uma falta, vejamos se a mesma

censura não nos pode ser feita.1

O mal deve ser banido, pois cons-titui um dever reprimi-lo, o que

daí deverá resultar em benefíciopara consolidação de uma socie-dade ética e justa. Todavia, a repro-vação lançada à conduta de outrapessoa, não significa denegri-laperante os demais, pois, nesse caso,só há maledicência e maldade. Jesusnão proibiu que se destruísse o mal,dando-nos exemplos significati-vos para combatê-lo, mas chamouatenção para agirmos de acordocom os verdadeiros preceitos dacaridade cristã.

Os malefícios decorrentes da ati-tude imprudente de escarnecermoso próximo, sem os cuidados neces-sários na apreciação que fazemosda sua conduta, estimulam a críticacontumaz das pequenas imperfei-ções que possui, sem nos darmosconta de que certas ações que de-ploramos em outrem são insigni-ficantes diante das dificuldadesmorais que ainda possuímos. Oautor espírita Rodolfo Calligaris(1913-1975) legou-nos importan-tes contribuições a respeito do te-ma, sobretudo ao afirmar que gos-tamos de “passar adiante fatos eboatos desagradáveis”2 com o in-tuito claro de provocar rumor:

Não raro, aquilo que nos chega

aos ouvidos são meras conjeturas

e suposições maldosas, às quais

não deveríamos dar o menor cré-

dito. Levianamente, porém, não

só as transmitimos a outrem,

emprestando-lhes foros de vera-

cidade, como até exageramos,

acrescentando-lhes detalhes fan-

tasiosos para melhor convencer

os que nos escutam.

Quanto desamor ao próximo

ressalta dessas atitudes!2

Ao se referirem às palavras deli-tuosas e levianas que transmiti-mos ao mundo, os amigos espiri-tuais alertam-nos para a rapidezcom que elas se deflagram, consti-tuindo-se “nesse quase impercep-tível fermento de incompreensão”,sendo responsável pelo surgimen-to de “vasta epidemia de maledi-cência”,3 resultado do exagero denos intrometermos na vida alheia.

Certas depreciações excessivastransformam-se em calúnia, frutoda falta de vigilância daqueles quepossuem o errado hábito de me-noscabar, pelos motivos mais cor-riqueiros, as pessoas que agem de

8 Reformador • Março 2012 8866

OCL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Não julgueis“Não julgueis, a fim de não serdes julgados; – porquanto sereis julgados conforme

houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de quevos tenhais servido para com os outros.” (Mateus, 7:1-2.)

Page 9: Sou Leitor Espírita

forma contrária à sua maneira deser. A partir daí, nascem as ofen-sas, transformando-se em quere-las graves, difíceis de solucionar, eque irão influir, negativamente,na convivência entre os indivíduosno meio social, familiar, profissio-nal ou religioso, onde permane-cem, criando toda sorte de obstá-culos para favorecer um relacio-namento cordial e afável. Algunspreferem se tornar adversáriosuns dos outros e chegam ao cúmu-lo de lutar entre si, de modo sub--reptício, com a intenção de enfra-quecer o oponente, ao se utiliza-rem da difamação para atingiros seus torpes objetivos. Infeliz-mente, isso é mais comum doque se supõe. Os que assim agemnão recuam diante da infâmia,espalhando-a ao redor de todos:

[...] Em consequência, quando

o perseguido se apresenta nos

lugares por onde passou o sopro

do perseguidor, espanta-se de dar

com semblantes frios, em vez de

fisionomias amigas e benevo-

lentes que outrora o acolhiam.

Fica estupefato quando mãos

que se lhe estendiam, agora se

recusam a apertar as suas. En-

fim, sente-se aniquilado, ao ve-

rificar que os seus mais caros

amigos e parentes se afastam e

o evitam. [...]4

É possível que venhamos a sersubmetidos por momentos de estu-pefação quando julgados, da mes-ma maneira, por falsas aparências,resultado de comentários maldososem torno de nós, como se estivés-

semos empenhados na exemplifica-ção dos próprios defeitos ou pelainterpretação errônea dada às nos-sas palavras e ações, tornando-nosmotivo de críticas inconsideradaspor parte dos conhecidos, dos ami-gos ou das afeições mais sinceras.Nossa alma sofre e se confrange,sem saber o que fazer para dirimira dor e o desapontamento de oca-siões como essas! Aconselha-nos oEspírito Emmanuel, em uma desuas sábias lições:

Atingindo esse ponto ne-

vrálgico no caminho,

não te permitas o men-

tiroso descanso no es-

morecimento.

Se trazes a consciên-

cia tranquila, entre

os limites naturais

de tuas obrigações

ante as obrigações

alheias, ora pelos

que te censuram ou

injuriam e prossegue

centralizando a pró-

pria atenção no

desempenho dos

encargos que o

Senhor te con-

fiou, de vez

que o tempo

é o juiz silen-

cioso de ca-

da um de

nós.5

9Março 2012 • Reformador 8877

Page 10: Sou Leitor Espírita

Ao vivenciarmos situações comoessas, precisamos buscar condi-ções morais imprescindíveis paravencer os obstáculos terrenos, semprocurar acusar ou ferir os quenos prejudicam e desanimam,pondo à prova a nossa paciên-cia. Cada Espírito, mormenteencarnado, colherá os bons efei-tos de seu esforço, contribuindopara a evolução e a felicidade detodos, ou criará sofrimento pa-ra si se impedir que o bem sejapraticado, procurando coibir aefusão das boas relações entre aspessoas.

O Espírito São Luís, em res-posta às perguntas formuladaspor Allan Kardec, dá-nos orienta-ção de como agir em certas situa-ções nas quais seja necessáriocorrigir aqueles cuja tutela nosfoi confiada. Diz ele:

[...] deveis fazê-lo com mode-

ração, para um fim útil, e não,

como as mais das vezes, pelo

prazer de denegrir. Neste último

caso, a repreensão é uma mal-

dade; no primeiro, é um dever

que a caridade manda seja

cumprido com todo o cuidado

possível. [...]6

O preclaro Espírito comple-menta o seu pensamento anali-sando o problema sobre a inicia-tiva de destacarmos as “imper-feições dos outros, quando daínenhum proveito possa resultarpara eles”:7

Tudo depende da intenção.

Decerto, a ninguém é defeso

ver o mal quando ele existe.

Fora mesmo inconveniente ver

em toda parte só o bem. Seme-

lhante ilusão prejudicaria o pro-

gresso. O erro está no fazer-se

que a observação redunde em

detrimento do próximo, desa-

creditando-o, sem necessidade,

na opinião geral. Igualmente

repreensível seria fazê-lo alguém

apenas para dar expansão a

um sentimento de malevolên-

cia e à satisfação de apanhar os

outros em falta. [...]7

A autoridade moral daquele quecensura deve apoiar-se no exem-plo do bem.“[...] Tornar-se alguémculpado daquilo que condenanoutrem é abdicar dessa autori-dade, é privar-se do direito derepressão. [...]”.8 Lições válidas,sobretudo para os pais que pre-cisam reprimir os filhos, a fim deque não adquiram vícios, desre-gramentos e péssimos hábitos.Ao educá-los, porém, conseguemprimar na demonstração de umaboa conduta? Nem sempre:

Dizer-lhes que não devem fu-

mar, beber nem jogar, que de-

vem ser recatados, honestos,

leais, verdadeiros etc., quando

eles próprios fumam, bebem,

jogam, transigem com a inde-

cência, enganam-se um ao ou-

tro, falam mal das pessoas que

compõem seu círculo de ami-

zades, mentem deslavadamente,

violando a todo instante, as re-

gras mais comezinhas do bom

proceder, só pode dar nisso que

vemos por aí.9

Certas conversações de escla-recimento exigem firmeza, semindecisão, mas o mal não deve pre-ponderar nas atividades verbais,ampliando-lhe a esfera de ação.É indispensável nos precavermosda apreciação unilateral, pois nãoexiste imperfeição completa ouperfeição integral no plano ter-reno em que estagiamos. Dessemodo, quando o problema surgirentre as criaturas, é razoável pro-curar a companhia do Mestrepara solucioná-lo à luz de seusensinamentos.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap.

10, it. 13, p. 191.2CALLIGARIS, Rodolfo. Páginas de espiri-

tismo cristão. 6. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2011. Cap. 33.3XAVIER, Francisco C. Instruções psicofôni-

cas. Espíritos diversos. 9. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 9, “Na esfera da

palavra”, pelo Espírito André Luiz, p. 51.4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap.

12, it. 9, p. 225.5XAVIER, Francisco C. Rumo certo. Pelo

Espírito Emmanuel. 11. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 11, p. 47-49.6KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.

1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap.

10, it. 19.7______. ______. It. 20.8______. ______. It. 13.9CALLIGARIS, Rodolfo. O sermão da mon-

tanha. 18. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2010. Cap. “O argueiro e a trave”, p. 142.

10 Reformador • Março 20128888

Page 11: Sou Leitor Espírita

Reformador: Como surgiu o Espi-ritismo em Mato Grosso? Há Cen-tros antigos em funcionamento?Luiza: A história do Espiritismoem Mato Grosso tem seu marcoinicial na última década do séculoXIX. Nesse período, a principalvia de transporte em nosso Estadoera a fluvial, pelos rios Cuiabá eParaguai e através da bacia do Prata.Mato Grosso tinha comunicaçãodireta não só com o litoral brasi-leiro, mas também com o Exterior.Dessa forma, chega à cidade deCáceres, às margens do rio Para-guai, o espanhol Sr. Júlio Senderosy Palomares, trazendo consigo OLivro dos Espíritos. Ele reúne, nodia 30 de novembro de 1896, umgrupo de obreiros para a funda-ção de uma Associação, com a fi-nalidade de estudar a DoutrinaEspírita, o qual deu origem aoCentro Espírita Mateus, que estáhoje com seus 115 anos, localiza-do na região Central da referidacidade, com várias atividades dou-trinárias. Em1893, já existiam nú-

cleos de estudos espíritas emCuiabá em casas de famílias. Há,arquivadas na Biblioteca Nacio-nal, 40 edições do jornal espíritaA Verdade, que circulou em Cuia-bá no final do século XIX e querelatam a existência de algumassociedades espíritas fundadas na-quele período.

O Centro Espírita Cuiabá co-memorou, em 2011, o seu centená-rio e continua em plena atividade.Teve início em 1906, com estudosno lar do italiano Rafael Verlan-gieri.Vianna de Carvalho, que mo-rou em Cuiabá, participou ati-vamente do Movimento Espíri-ta nesse período e, integrando-seao grupo de trabalhadores espí-ritas da Capital, incentivoua fundação dessecentro.

Reformador: Ecomo ocorreu aorganização doMo v i m e n t oEspírita?

Luiza: As ideias unificacionistas noMovimento Espírita do país, em1949, ano do Pacto Áureo, chegama Mato Grosso, através do presiden-te da FEB, Sr. Antônio Wantuil deFreitas que, naquele ano, manteve

LU I Z A LE O N T I NA AN D R A D E RI B E I ROEntrevista

Vivência dospostulados espíritas

Luiza Leontina Andrade Ribeiro, presidente da Federação Espírita do Estadode Mato Grosso, faz considerações históricas e sobre a atualidade

do Movimento Espírita de seu Estado

Page 12: Sou Leitor Espírita

correspondência com espíritasmato-grossenses, lançando as pri-meiras sementes sobre a ideia de secriar uma entidade federativa noEstado. A Federação Espírita do Es-tado de Mato Grosso (FEEMT) foifundada na Convenção Espírita doEstado, em Campo Grande, em 14de dezembro de 1956, tendo comopresidente o Sr. Aristotelino AlvesPraieiro. Dois centros espíritas ti-veram relevante trabalho na fun-dação da Federação. Um foi a Fra-ternidade Espírita Educandária,em Campo Grande, e o outro, naCapital, Centro Espírita Cuiabá,local onde a FEEMT funcionou até1995, quando construiu sua sedeprópria. Ao longo desses anos, aFederação vem exercendo sua fina-lidade doutrinária e administrativa,junto aos centros espíritas do Es-tado. São órgãos constitutivos daFEEMT: a Assembleia Geral, for-mada pelos presidentes de centrosespíritas adesos, o Conselho Fede-rativo Estadual, formado peloscoordenadores gerais das FEEMTsRegionais, a diretoria executiva e oconselho fiscal, eleitos pela Assem-bleia Geral, e as FEEMTs Regionais.Com o crescimento do Movimen-to Espírita unificado e a sua matu-ridade, inicia-se, em agosto de 2010,o processo de instalação das FEEMTsRegionais, que são as unidadesregionais da FEEMT. Hoje, já são20 delas instaladas, fortalecendo eampliando o Movimento e esti-mulando a formação de novoscentros espíritas.

Reformador: Quais são as principaislinhas de atuação da Federação?

Luiza: A Federação promove: en-contros anuais de presidentes e vi-ces dos centros espíritas do Esta-do, oportunidade em que trata-mos de assuntos importantes doMovimento Espírita em sintoniacom a reunião do CFN; reuniõesdo Conselho Federativo Estadualque acontecem duas vezes por ano,traçando diretrizes para o Movi-mento Estadual; Caravanas fede-rativas da diretoria executiva paraas regiões Centro, Sul, Norte, Leste,Oeste e Noroeste do Estado, ondeos facilitadores, em sintonia como que acontece nas Comissões Re-gionais e na Reunião do CFN, tro-cam experiências com os traba-lhadores dos diversos centros doInterior; cursos de capacitação,com o objetivo de qualificar dou-trinariamente o trabalhador nasdiversas áreas de atuação do Cen-tro Espírita; Confraternização dosJovens Espíritas (Conjemat), noperíodo do carnaval. Em 2012 oevento será regionalizado e em2013 a Conjemat será estadual;Projeto Espiritizar da FEEMT, pormeio de seminários e videoaulas,que têm, como norteadoras, asobras básicas kardequianas, asquais cooperam em profundida-de, com as atividades doutrináriasdos centros espíritas; jornal MatoGrosso Espírita, que está de voltacom matérias e importantes arti-gos doutrinários, alcançando o tra-balhador espírita de todo o Estado.

Reformador: Como vocês atuamjunto aos centros do Interior?Luiza: Através de seis caravanasfederativas, cujo modelo é seme-

lhante às reuniões das ComissõesRegionais do CFN da FEB. Nosábado acontece uma reuniãoconjunta com todos os trabalha-dores, e, no domingo, reuniões es-pecíficas por áreas. Cursos e se-minários nas áreas doutrináriase administrativas são ministra-dos nos centros espíritas pelostrabalhadores da Federação e dasFEEMTs Regionais durante o ano;há, também, escalas de palestrasnos centros espíritas adesos.

Reformador: Como vocês imple-mentam as Campanhas e temasdefinidos pelo CFN?Luiza: As campanhas e temasdefinidos pelo CFN, oriundos dotrabalho unificado, têm sido di-vulgados por todos os canais deintegração com o trabalhadorespírita e por todos os meios decomunicação da FEEMT com oMovimento Espírita do Estado.Aproveitamos encontros como ode presidentes e vices, o momentodas Caravanas federativas e, tam-bém, os Encontros com os coor-denadores das FEEMTs Regio-nas e reuniões do Conselho Fe-derativo Estadual, estas formadaspor coordenadores de FEEMTsRegionais, as quais acontecem duasvezes por ano. Nesses espaços deconvivência procuramos sensibi-lizar as lideranças do Movimen-to Espírita para a importânciado trabalho unificado e capaci-tá-los para as campanhas defini-das pelo CFN.

Reformador: Há programaçõesmais abrangentes para este ano?

12 Reformador • Março 20129900

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Luiza: Além das atividades habi-tuais, que realizamos todo ano nasdiversas regiões do Estado, temospromovido, no mês de fevereiro,trabalhos doutrinários com DivaldoPereira Franco nas várias regiõesdo Estado e na Capital. No mês dejulho teremos a Confraterniza-ção dos Espíritas de Mato Grosso(Conemat), realizada a cada doisanos, em uma cidade do Interior,reunindo os trabalhadores espí-ritas do Estado. Além da confra-ternização, a Conemat tem umaprofícua atividade doutrinária.Este ano o evento acontece emBarra do Garças, quando tere-mos a presença de vários exposi-tores convidados.

Reformador: Comentários finais oumensagem para o leitor.Luiza: Queremos lembrar AllanKardec, o nobre Codificador, nosesclarecendo que esses são dias,nos quais o Espiritismo contribui-ria para a renovação social. Então,nesses instantes de transição pla-netária, quando já contamos comum conteúdo doutrinário profun-do, que possamos refletir, indo umpouco mais além do conhecimen-to, conscientizando-nos do nossoreal dever, num sentimento de gra-tidão a Deus, por tudo que temosrecebido em benefício do Espíritoimortal que somos. Aprofundan-do na vivência dos postulados es-píritas, deixando-nos conduzir pe-lo ideal fidedigno que consolidoua tarefa dos primeiros cristãos,adquirindo novos paradigmas quecontribuirão para este momento deespiritualização da Humanidade.

13Março 2012 • Reformador 9911

A prece de Kardec

Mário Frigéri

Senhor de infinda bondade!

Que sobre mim teu olhar

Te dignaste pousar...

Faça-se a tua vontade!

Malgrado a insuficiência

De minhas forças, Senhor,

Deposito em teu amor

A minha humilde existência.

Talvez as forças me faltem...

Mas minha boa vontade

Não fraquejará e há de

Congregar os que te exaltem!

Nas graves lides diárias

Peço-te as forças reais

– As físicas e as morais –

Que me forem necessárias!

Bem sei que a tarefa é imensa!...

Mas tendo a tua presença

E a de teus anjos celinos,

Tudo envidarei, Senhor,

Para cumprir com rigor

Os teus desígnios divinos!

“Senhor! pois que te dignaste lançar os olhos sobre mim

para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua vontade!”

Allan Kardec

Fonte de consulta e Epígrafe: KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon

Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. P. 2, Minha missão, p. 314-

-315.

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m várias oportunidades umconfrade fez uma enquetecom a seguinte pergunta:

O que está você fazendo na Terra?

Espantosamente, a maioria nãosoube responder.

Significa que considerável par-cela da Humanidade não sabenem cogita saber por que cargasd’água estamos neste bólido celes-te que é a Terra, viajando à veloci-dade vertiginosa de 108 mil quilô-metros por hora em torno do Sol.

Pior: não se preocupa com suaignorância!

Está aí uma das razões pelasquais poucos aproveitam integral-mente as oportunidades de edifica-ção que a reencarnação nos oferece.

Se nem mesmo sabem por quenasceram, por que vivem, e oque vai lhes acontecer portas aden-tro do túmulo, fica difícil cumpriros objetivos da jornada humana, apartir do princípio elementar de

que ninguém está aqui em jornadade férias.

O resultado dessa displicênciaé o comportamento materialis-ta, o comer, vestir, dormir, trabalhar,procriar, divertir-se, em lamentá-vel marca-passo espiritual.

A Doutrina Espírita explicaque não há retrocesso para o Es-pírito. Nossos patrimônios inte-lectuais, morais e espirituais, ja-mais se perdem.

Por concessão da Bondade Di-vina, o que somos hoje, fruto denossas aquisições no pretérito, aolongo dos milênios, é inalienável.Construímos um patrimônio queestá guardado nos arquivos do in-consciente, a repercutir em nossocomportamento, maneira de ser,vocação, aptidões…

O problema é o estacionamen-to, o interromper o processo evo-lutivo com a inércia, a ausência deiniciativa, de empenho por apren-der, crescer, conquistar novos pa-tamares.

Isso costuma acontecer com ohomem comum, muito preocu-pado com o próprio bem-estar,nada interessado em questõesque ultrapassem os limites doimediatismo.

Onde passar o feriado prolon-gado, como pagar o cartão de cré-dito estourado, questionar a con-tratação de um jogador de fute-bol, escolher a marca de cerveja,acompanhar a novela de desta-que, criticar o governo…

Esses são alguns dos temasque centralizam suas cogitações,sem tempo nem espaço para al-go menos prosaico, mais metafí-sico, por exemplo, definir comoveio parar nesse atribulado pla-neta.

Diz Montaigne (1533-1592):

O proveito dos estudos consisteem nos tornarmos melhores e maissábios.

14 Reformador • Março 2012 9922

ERI C H A R D SI M O N E T T I

incessanteAprendizado

Page 15: Sou Leitor Espírita

O grande escritor francês estavacertíssimo.

O empenho de aprender e des-dobrar conhecimentos, alarga nos-sos horizontes, desenvolve nossacapacidade de percepção, faz-noscrescer em inteligência, cultura eentendimento, para que a jornadahumana não seja para nós umexercício de estagnação.

E há um detalhe ponderável,decorrente do comportamentoestacionário: imaginemos alguématravessando uma selva sem co-nhecer a topografia da região, aextensão da mata, as fontes deágua…

Viagem atribulada, difícil, peri-gosa.

É exatamente o que acontececom o homo sapiens, quando não

exercita sua condição, negligen-ciando a sapiência, visão compro-metida pela ignorância, a tropeçarem suas próprias mazelas.

Não obstante, não basta o co-nhecimento.

Há muita gente de grande cul-tura precipitando-se nos resvala-douros do vício, do materialis-mo, da corrupção, da violência, damaldade…

A cultura mal orientada é tãoou mais perniciosa do que a igno-rância.

Por isso, se é importante estu-dar, aprender as coisas do mundoem que vivemos, como recomen-da Montaigne, igualmente impor-tante é conhecer as coisas do mundopara onde iremos quando bater-mos as botas.

Isso só o Espiritismo pode fazerpor nós, mostrando-nos uma am-pla visão do mundo espiritual,onde está nossa verdadeira pátria.

Conscientiza-nos a Doutrinade que somos seres imortais, des-tinados à perfeição, no desdobrarde incontáveis existências nestemundo e em outros, convocadosao aprimoramento incessante.

Sobretudo, ficamos sabendoque sem esse esforço estaremosresvalando para a estagnação, on-de sempre proliferam a indiscipli-na, o vício, o desregramento, defunestas consequências.

Por isso, é bom estarmos atentosà máxima atribuída a Allan Kardec:

Nascer, morrer, renascer ainda eprogredir sempre, tal é a lei.

15Março 2012 • Reformador 9933

Page 16: Sou Leitor Espírita

confiança constitui a base deum relacionamento feliz.

Em nossa vida, intera-gimos com o semelhante o tempotodo, direta ou indiretamente. Emdecorrência da característica desociabilidade inerente à naturezahumana, é compreensível a neces-sidade de convivência com os ou-tros para que o processo evolutivose efetue. Por meio das relaçõessociais, desenvolvemos as habili-dades de comunicação, interaçãoe compreensão do próximo na si-tuação em que ele se encontra. Aalteridade torna-se indispensávelpara quem deseja seguir o cursonatural de sua evolução.

Todavia, a confiança não é virtudefácil de conquistar. Nem ao que pre-tende se tornar digno dela nem paraquem almeja confiar em alguém.

Em certa oportunidade, aprendia fórmula “quase mágica”1 da con-fiança. Veja como é simples essaquestão, para não dizer o contrário:

Confiança é igual à credibilidade.

Só serei confiável a alguém econfiarei em outro, se tornar-meacreditável ou perceber que ou-trem é passível de credibilidade.Caso contrário, não há confiança.

A credibilidade envolve pelo me-nos três requisitos imprescindíveis: oconhecimento,a experiência e a ética.

O conhecimento é adquirido peloestudo, pesquisa, busca, observa-ção, reflexão. Tendemos a confiarem alguém que sabe, conhece, do-mina o assunto. Sentimo-nos se-guros e mais tranquilos diante dealguém especialista na área e quese expressa com propriedade.

A experiência advém da prática,do exercício, da repetição, da vivên-cia. Também temos mais facilidadeem confiar em alguém que tem ex-periência, já viveu a situação ora en-frentada, aprendeu a lição. Pressu-põe-se intuitivamente que quem jáatravessou uma experiência dolo-rosa saberá lidar com outra seme-lhante que surgir no caminho. O in-divíduo experto estaria, assim, maisapto a enfrentar a contingência elidar com segurança ante o desafio.

A ética na abordagem platônica –da busca da verdade, do bem e doamor – é indispensável para a exis-

tência da confiança. Jamais confiare-mos em uma pessoa antiética.Assimtambém não conquistaremos a con-fiança de outrem agindo sem ética.

Porém, confiança é mais que cre-dibilidade. É também afinidade.

A afinidade exige três condições:simpatia, convivência, amizade.

Quando nos simpatizamos comalguém ou vice-versa, a confiançaé fácil de ser estabelecida. Há umaaproximação espontânea, seja porsemelhança de gostos, seja por iden-tificação de ideias.A simpatia facilita-rá a empatia em que nos colocamosno lugar do outro e tendemos a en-xergar e socorrer suas necessidades.

Seria bom se a simpatia ocorressenaturalmente entre todos. Mas, nãoé assim que acontece na realidade.Allan Kardec, em sua sabedoriaorientada pelos Espíritos superiores,tratou da questão em O Evangelhosegundo o Espiritismo, quando en-sina que não teremos o mesmonível de afinidade para com todomundo. Esclarece o Codificador:

A diversidade na maneira de sen-

tir, nessas duas circunstâncias

diferentes [diante de um inimigo

e na companhia de um amigo],

AGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

A fórmula“quase mágica”

da confiança

1Fórmula apresentada pelo Prof. Aldo Hon-da, em curso institucional ministrado pelaFundação Dom Cabral, na cidade de Bra-sília, em 2009.

16 Reformador • Março 2012 9944

Page 17: Sou Leitor Espírita

resulta mesmo de uma lei física:

a da assimilação e da repulsão

dos fluidos. [...]2

Isso, porém, não nos deve esti-mular ao distanciamento daquelesa quem não estimamos, ou sobre-tudo que não nos causam boa im-pressão à primeira vista. A convivên-cia pode mudar tudo. Ao conhecermais adequadamente uma pessoaque não nos foi agradável num pri-meiro momento, podemos nossurpreender em reconhecer, apósalgum tempo de contato, que aqueleindivíduo não é nada daquilo quehavíamos imaginado inicialmentequando ele nos causou má impres-são.A afinidade, portanto, desenvol-ve-se, em muitos casos, pela relaçãoque estabelecemos com o próximo,quando o conhecemos de perto.

A amizade é fundamental para aconfiança. Se não for amigo, dificil-mente confiaremos em alguém. Daío companheirismo, quando obser-vamos que, no enfrentamento dosmomentos mais difíceis da vida, po-demos contar com os amigos. Elesnunca nos abandonam.Assim comonão abandonamos nossos amigos.A afinidade se estabelece natural-mente,ou após algum tempo de con-vivência, fortalecendo os laços deunião e garantindo um apoio re-cíproco sempre que necessário e ocompartilhar dos instantes mais feli-zes ofertados pela existência terrena.

Confiança é, pois, igual ao soma-tório de credibilidade e afinidade.

Porém, para termos confiançaem alguém isso ainda não é sufi-ciente. Precisamos considerar o di-videndo. Ele poderá colocar a per-der tudo o que foi dito até agora.Não podemos nos esquecer dosriscos. Se estes estiverem presentes,a confiança ficará abalada.

Em resumo:

Observemos, então, que con-fiança é o somatório de credibili-dade e afinidade, dividido pelosriscos. Confiança é, portanto, in-versamente proporcional aos ris-cos. Quanto maior a confiança,menores os riscos. Quanto maioresos riscos, menor a confiança.

Riscos, menores ou maiores,sempre correremos em nossa vida.Quem pretende fazer algo está su-jeito ao risco. O que nos cabe é fazera gestão sobre os riscos, minimizan-do os seus impactos e procurandoampliar o espectro da confiança,

sobretudo daqueles que respeitamoscomo Espíritos superiores, esperan-çosos em exercitar a confiança emnós outros, transeuntes ainda vaci-lantes na jornada evolutiva.

Se não fosse o aval desses ben-feitores, provavelmente não estaría-mos aqui outra vez desfrutando denova oportunidade de aprendizado.

Apenas para que a sensação de in-completude não nos domine, comosói acontecer toda vez que redigimosalgumas linhas em tão pouco espaço,cabe-nos acrescer uma reflexão so-bre a definição de confiança à luzdo Espiritismo aliada ao conceito defé. É André Luiz que nos alerta:

A confiança não é um néctar

para as suas noites de prata. É

refúgio certo para as ocasiões

de tormenta.3

2KARDEC,Allan. O evangelho segundo o espi-ritismo.Trad.Guillon Ribeiro.130. ed.1.reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 12, it. 3.

3XAVIER, Francisco C. Agenda cristã. PeloEspírito André Luiz. 5. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2010. Cap. 29.

Confiança = credibilidade + afinidade

riscos

17Março 2012 • Reformador 9955

Page 18: Sou Leitor Espírita

s efemérides das publicaçõesde Paulo e Estêvão (70 anosem julho) e de Viagem Espí-

rita em 1862 (150 anos em dezem-bro) merecem estudos e reflexõescom vistas à transposição às situa-ções de vida e à aplicação para arealidade atual.

Os dois livros têm foco em via-gens, com diferenças de abrangênciaespacial e de duração temporal: emPaulo e Estêvão, o autor espiritualrememora a epopeia da trajetóriade Paulo, o notável divulgador quecom suas muitas viagens concreti-zou a disseminação do Cristianis-mo; em Viagem Espírita em 1862,Allan Kardec relata suas experiên-cias de contatos diretos com os pri-meiros centros, caracterizando aprimeira ação concreta de Movi-mento Espírita. Respeitadas as dife-renças, ambos visitaram, apoiaram,orientaram e estimularam a forma-ção de agremiações pioneiras.

Analisemos as duas obras quefocalizam assuntos muito pertinen-tes aos trabalhadores espíritas denossos tempos. Para conciliar a in-dulgência com a necessidade de re-primir o mal, assevera Gamaliel:

– Toda a autoridade é de Deus.

Nós somos simples instrumen-

tos, meu filho. Ninguém se dimi-

nuirá por ser bom e tolerante.

Quanto à providência mais dig-

na, cabível no caso, é conceder

liberdade a todos eles.1

Anota Kardec:

Em caso de dissidência,aquele que

crer estar com a razão deverá pro-

vá-lo, sendo mais caridoso e mais

benevolente. O erro estará, eviden-

temente, com aquele que dene-

grir o outro e atirar-lhe a pedra.2

Emmanuel considera que “A insti-tuição de Antioquia era, então, mui-to mais sedutora que a própria igre-ja de Jerusalém. Vivia-se ali numambiente de simplicidade pura, semqualquer preocupação com as dispo-sições rigoristas do judaísmo [...]”.3

O Codificador relata sua experiência:

[...] recolhemos exemplos admi-

ráveis de zelo, abnegação e de-

votamento, numerosas demons-

trações de caridade verdadeira-

mente evangélica que, com justa

razão, poderíamos chamar: Belos

traços do Espiritismo. As reuniões

compostas exclusivamente de

verdadeiros e sinceros espíritas,

daqueles nos quais fala o coração,

também apresentam um aspecto

muito especial; todas as fisiono-

mias refletem a franqueza e cor-

dialidade; nós nos sentimos à

vontade nesses ambientes sim-

páticos, verdadeiros templos da

fraternidade [...].4

Sobre o episódio da pitonisa deFilipes,considerada um oráculo infa-lível e que mercantilizava seus dons:“Paulo, que nunca se conformoucom a mercancia dos bens celestes,percebeu o mecanismo oculto dosacontecimentos e, senhor de todosos particulares do assunto, esperouque o visitante do invisível nova-mente aparecesse” e o admoestou:

[...] por amor ao Evangelho; em

nome de Jesus Cristo ordeno que

te retires para sempre! Proíbo-te,

em nome do Senhor, estabele-

ceres confusão entre as criaturas,

incentivando interesses mesqui-

nhos do mundo em detrimento

dos sagrados interesses de Deus!

Imediatamente a pobre rapariga

recobrou energias e libertou-se

da atuação malfazeja.5

Oportunos os comentários deIsmael Gomes Braga por ocasiãodo lançamento de Paulo e Estêvão:

AAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Ações pioneiras dosmovimentos cristão e espírita

18 Reformador • Março 2012 9966

Page 19: Sou Leitor Espírita

[...] Paulo de Tarso trabalhava co-

mo tecelão e Ananias como oleiro.

[...] Os pregadores, os trabalha-

dores, os servidores da doutrina

devem dar o exemplo de exercer

uma profissão e nada receber pe-

los serviços que prestem à doutri-

na, ou por intermédio da dou-

trina aos seus irmãos em huma-

nidade. Livre-nos Deus do profis-

sionalismo em Espiritismo! [...]6

Prosseguindo sobre a pitonisa,indagou Silas: “– Todavia, será oincidente uma lição para não en-tretermos relações com o pla-no invisível?”.7 Ao que Paulorespondeu:

– Como pudeste chegar a

semelhante conclusão? [...]

O Cristianismo sem o pro-

fetismo seria um corpo

sem alma. Se fecharmos a

porta de comunicação com

a esfera do Mestre, como

receber seus ensinos? [...]

Ninguém poderá fechar as

portas que nos comunicam

com o Céu. O Cristo está

vivo e nunca morrerá. [...]7

E ainda citou as aparições doCristo depois do Calvário, no Pen-tecostes, até mesmo quando o cha-mou às Portas de Damasco, e nalibertação de Pedro, no cárcere.7

A prática da mediunidade mereceoutras observações de Emmanuel:

[...] A união de pensamentos em

torno de um só objetivo dava en-

sejo a formosas manifestações

de espiritualidade. Em noites de-

terminadas, havia fenômenos

de “vozes diretas”.A instituição de

Antioquia foi um dos raros cen-

tros apostólicos onde semelhan-

tes manifestações chegaram a atin-

gir culminância indefinível.A fra-

ternidade reinante justificava es-

sa concessão do Céu. Nos dias

de repouso, a pequena comuni-

dade organizava estudos evangé-

licos no campo. A interpretação

dos ensinos de Jesus era levada

a efeito em algum recanto ame-

no e solitário da Natureza [...].8

Sobre a homogeneidade nas ins-tituições Kardec observa:

[...] Naquelas, ao contrário, em

que há divergência de sentimen-

tos, onde as intenções não são in-

teiramente puras, em que se nota

o sorriso sardônico e desdenhoso

em certos lábios, onde se sente o

sopro da malquerença e do orgu-

lho, em que se teme a cada ins-

tante pisar o pé da vaidade ferida,

há sempre mal-estar, constrangi-

mento e desconfiança. [...]9

As linhas de atuação dos primei-ros cristãos são destacadas: “[...]nossos serviços junto dos desfavo-recidos da sorte, para que os segui-dores do Evangelho, no futuro, nãose arreceiem das situações mais difí-ceis e escabrosas, conscientes de queos mensageiros do Mestre os assis-tirão, sempre que se tornem instru-mentos legítimos da fraternidadee do amor, ao longo dos caminhosque se desdobram à evolução da

Humanidade”,10 concluindoEmmanuel: “A igreja tornou--se venerável por suas obrasde caridade [...]”.11

De forma coerente orientaKardec: “[...] Pela prática daverdadeira caridade reconhe-cereis sempre um irmão, aindaque não seja espírita, e deveisestender-lhe a mão, porquan-to, se ele não partilha de vossascrenças, nem por isso deixaráde ser para vós menos bene-volente e tolerante”,12 e comple-

menta: “Fundai, então, uma socie-dade sobre as bases da fraternidade,com ideias semelhantes! [...]”.13

A valorização das pessoas e doscolaboradores é ponderada porEmmanuel:

A existência humana é bem uma

ascensão das trevas para a luz. A

juventude, a presunção de auto-

ridade, a centralização de nossa

esfera pessoal, acarretam muitas

ilusões, laivando de sombras as

coisas mais santas. [...]14

19Março 2012 • Reformador 9977

Page 20: Sou Leitor Espírita

O assunto é claro para o Codi-ficador:

[...] nenhum entrave se oponha

à propagação dessas ideias entre

os seus subordinados.15

[...] Os que vissem os outros

com olhos ciumentos prova-

riam, só por isso, que estão sob

má influência, desde que o Es-

pírito do bem não pode produ-

zir o mal. Como bem o sabeis,

reconhece-se a árvore pelos

seus frutos. Ora, o fruto do or-

gulho, da inveja e do ciúme é

um fruto envenenado que mata

quem dele se nutre.16

E ainda destaca sobre o Espiri-tismo:

[...] sua influência é uma garan-

tia de segurança para as relações

sociais, por ser o mais poderoso

freio às más paixões, às eferves-

cências desordenadas, mostrando

o laço de amor e de fraternidade

que deve unir o grande ao pe-

queno e o pequeno ao grande.

Fazei, pois, por vosso exemplo

que logo se possa dizer: Praza a

Deus que todos os homens se-

jam espíritas de coração!17

Significativa é a visão sobre aabrangência da difusão e a origemdos trabalhadores:

– Suponho que o Cristianismo

não atingirá seus fins, se espe-

rarmos tão só dos israelitas an-

quilosados no orgulho da Lei.

Jesus afirmou que seus discí-

pulos viriam do Oriente e do

Ocidente.18

E Kardec vaticina:

[...] o Espiritismo será o traço de

união que aproximará os ho-

mens divididos pelas crenças e

pelos preconceitos mundanos;

ele derrubará as mais fortes

barreiras que separam os po-

vos: o antagonismo nacional. À

sombra dessa bandeira, que se-

rá o seu ponto de concentração,

os homens se habituarão a ver

irmãos naqueles que só viam

como inimigos. [...]19

Interessante que, em outra obra,comenta o Codificador:

[...] A luz nova não constitui pri-

vilégio de nenhuma nação; para

ela não existem barreiras, tem o

seu foco em toda a parte e todos

os homens são irmãos. [...]20

A coerência entre as duas obrashistóricas na visão sobre os traba-lhadores pode ser culminada coma evocação do Mestre: “Eu, porém,no meio de vós, sou como aqueleque serve”.21

Referências:1XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo

Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2010. P. 1, cap. 7, p. 151.2KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2011. Cap. Projeto de Regula-

mento para uso dos grupos e pequenas

sociedades espíritas, p. 143.

3XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. P.

2, cap. 4, p. 342.4KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Cap. Impres-

sões gerais, p. 35-36.5XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. P.

2, cap. 6, p. 444-445.6BRAGA, Ismael Gomes. Mais um livro pa-

ra o futuro. In: Reformador, ano 60, p. 16

(108)-17(109), mai. 1942.7XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. P.

2, cap. 6, p. 446.8______. ______. P. 2, cap. 4, p. 342.9KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Cap. Impres-

sões gerais, p. 36.10XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.

P. 2, cap. 8, p. 537.11______. ______. P. 2, cap. 4, p. 343.12KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e

outras viagens de Kardec. Cap. Introduções

particulares dadas aos grupos em resposta

a algumas questões propostas, p. 111.13______. ______. Cap. Discursos pronun-

ciados nas reuniões gerais dos espíritas

de Lyon e Bordeaux, p. 73.14XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.

P. 2, cap. 8, p. 498.15KARDEC, Allan. Viagem espírita em

1862 e outras viagens de Kardec. Discur-

sos pronunciados nas reuniões gerais dos

espíritas de Lyon e Bordeaux, p. 99.16 ______. ______. p. 101. 17 ______. ______. p. 99-100.18XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.

P. 2, cap. 4, p. 352.19KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862

e outras viagens de Kardec. Discursos pro-

nunciados nas reuniões gerais dos espíri-

tas de Lyon e Bordeaux, p. 104.20______. O evangelho segundo o espiritis-

mo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 24, it. 10.21LUCAS, 22:27.

20 Reformador • Março 20129988

Page 21: Sou Leitor Espírita

21Março 2012 • Reformador 9999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Toda escritura inspirada por Deus é proveitosa... para instrução na justiça.”– PAULO. (II TIMÓTEO, 3:16.)

Busquemosa luz

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Cap. 121.

ocura a ideia pelo valor que lhe é próprio.Quando a moeda comum te vem às mãos, não indagas de onde proveio.Ignoras se procede da casa de um homem justo ou injusto, se esteve, antes,

a serviço de um santo ou de um malfeitor.Conhecendo-lhe a importância, sabes conservá-la ou utilizá-la, com senso práti-

co, porque aprendeste a perceber nela o selo da autoridade que te orienta a lutahumana.

O dinheiro é uma representação do poder aquisitivo do governo temporal a quete submetes e, por isso, não lhe discutes a origem, respeitando-o e aproveitando-o,na altura das possibilidades com que se apresenta.

Na mesma base, surgem as ideias renovadoras e edificantes.Por que exigir sejam elas subscritas, em sua exposição, por nossos parentes ou

amigos particulares, a fim de que produzam o efeito salutar que esperamos delas emnós e ao redor de nós?

Toda página consoladora e instrutiva é dádiva do Alto.Não importa que os pensamentos nela corporificados tenham vindo por inter-

médio do espírito de nossos pais terrestres ou de nossos filhos na carne, de nossosafeiçoados ou de nossos companheiros.

O essencial é o proveito que nos possa oferecer.O dinheiro com que adquires o pão de hoje pode ter passado ontem pelas mãos

do teu adversário maior, mas não deixa de ser uma bênção para a garantia de tuasustentação, pelo valor de que se reveste.

Assim também, a mensagem de qualquer procedência, que nos induza ao bem ouà verdade, é sempre valiosa e santa em seus fundamentos, porque, usando-a emnossa alma e em nossa experiência, podemos adquirir os talentos eternos dasabedoria e do amor, por tratar-se de recurso salvador nascido da infinita mise-ricórdia de nosso Pai Celestial.

Busquemos a luz onde se encontre e a treva não nos alcançará.

P

Page 22: Sou Leitor Espírita

ma prezada irmã, residenteem Brasília, minha corres-pondente, escreveu-me carta

melancólica, queixando-se de malesfísicos, talvez sérios, e declarandoque, sendo mãe de dez filhos, temea morte em vista da orfandade emque os deixará, e ainda porque ig-nora o que a espera no Além, asdecepções, os erros que ali poderádeparar. Pede-me consolo e escla-recimentos, uma vez que me su-põe espírita trabalhador.

Minha irmã, o que, em primei-ro lugar, devo lhe aconselhar, o de que será urgente tratar, antes detudo, é da recuperação da sua saú-de. E isso a irmã poderá conse-guir, certamente, perseverandocom o tratamento médico, esfor-çando-se por combater esse incô-modo do temor da morte, que al-tera o seu sistema nervoso, produ-zindo um desequilíbrio que, emabsoluto, não auxiliará o seu tra-

tamento! É preciso que a irmã secapacite de que a morte é um fatotão natural em nossa vida como oé o nascimento do Sol no Oriente,todos os dias, e o seu ocaso, todasas tardes, no Ocidente.

Em verdade a morte não existeem parte alguma. Se o Sol desapa-rece no Ocidente e sobrevém a noi-te, doze horas depois ele ressurgeno Oriente tão vivo, brilhante ebelo como nos dias anteriores. Sea semente, lançada à terra, apa-rentemente apodrece e morre,dias depois germina, floresce efrutifica no esplendor dos jardinse das searas, fornecendo vida ealegria para todos os seres viven-tes. O mesmo sucede, pela morte,a todos nós, homens e mulheres.

A Terra, planeta chamado de“provas e expiações”, onde habita-mos temporariamente, não é a nos-sa habitação verdadeira ou defini-tiva. Nela apenas reencarnamos afim de que o nosso Espírito possaprogredir, evoluindo penosamen-te para libertar-se de suas imperfei-ções, seus instintos inferiores atra-vés dos testemunhos da dor, do tra-balho e, acima de tudo, do amor e

do respeito a Deus e suas leis, bemcomo da fraternidade para com opróximo, nossos irmãos de Huma-nidade. Necessariamente, se apenashabitamos a Terra por determina-do tempo, se não é ela a verdadei-ra pátria do Espírito, nosso ser real,e sim o além-túmulo, esse Infinitosideral, havemos de, um dia, aban-donar o nosso corpo material àTerra, de onde ele se origina, por-que esse corpo não tem entradano Além, para vivermos a vida ver-dadeira e imortal, que é a vida espi-ritual, a nossa vida normal. A mor-te, portanto, é apenas isto: uma fa-se nova do nosso ser real, que é onosso Espírito, a nossa alma.

Nada há na morte que nos pos-sa atemorizar, causar horror. O te-mor da morte foi criado pela teo-logia das diversas religiões, quenos falam de fogos eternos supli-ciando as almas sem remissão, dedemônios e castigos que nos tor-turam pelas menores falhas, co-metidas às vezes pela ignorânciasecular em que vivem os homensa respeito dos assuntos de Deus.Por sua vez, os artistas de todos ostempos, desejando engrandecer as

22 Reformador • Março 2012110000

UYVO N N E D O AM A R A L PE R E I R A 1

Temor damorte

1Artigo inédito, gentilmente cedido por fa-miliares da médium, assinado com o pseu-dônimo Frederico Francisco, agora publi-cado por ocasião da passagem do 28o

aniversário de sua desencarnação, ocorri-da em 9 de março de 1984.

Page 23: Sou Leitor Espírita

religiões, envolveram a morte emlongos sudários negros, com as-pecto sinistro de esqueleto comuma foice nas mãos, símbolo infe-rior daquilo que, em verdade, nãoconhecem ou não conheciam. Ascerimônias fúnebres, em home-nagem aos que deixaram estemundo, não são menos assusta-doras. Apesar do progresso quevem abolindo tais cerimônias, oudas dificuldades financeiras daatualidade, porque tais cerimô-nias custam muito dinheiro, vía-mos no passado e ainda contem-plamos nas sociedades mais con-servadoras, rodeando o corpo iner-te, de onde a alma evolou-se, lon-gos crepes negros enfeitados deamarelo, as cores chamadas dosmortos, meias luzes impressio-nantes, cânticos lamentosos que,efetivamente, só podem impres-sionar negativamente as almas tí-midas, ignorantes do verdadeiroensinamento sobre o grande, ma-jestoso problema da vida e da mor-te. Mas a morte nada disso é. Amorte é sim a libertação de umEspírito aprisionado na carne, so-frendo, muitas vezes, a fim de ex-purgar faltas cometidas nesta exis-tência mesma ou em etapas diver-

sas de encarnações passadas. Ela éa liberdade, o consolo e a esperan-ça após as trevas do cativeiro, doamargor das humilhações sofri-das, da injustiça após as lutas pelodireito; é o alívio e a alegria pe-lo reencontro, na Pátria Espiritual,com aqueles a quem amamos e que partiram antes de nós. Amorte só não será benigna parasuicidas, que abreviaram a exis-tência terrestre, com deploráveldesrespeito a Deus e suas Leis; pa-ra os traidores, os criminosos dequalquer espécie, os homicidas, osque viveram do mal e para o mal,os que abusaram do próprio livre--arbítrio tornando-se flagelos dopróximo, provocadores de desor-dens sociais, de guerras etc., etc.Mas o indivíduo que dirigiu suaexistência normalmente, o bom, ohonesto, o simples, que cumpriuo próprio dever, o que procurouservir ao bem, o justo, o caridosoetc., etc. esses nada terão que te-mer, porque a própria consciêncianão os acusará ao penetrarem nasesferas da vida real, isto é, no planoinvisível ou espiritual, onde tudo

é realidade e não existem fantasias,nem suposições, nem sofismas.

A Doutrina dos Espíritos, ex-posta por Allan Kardec, é a únicafonte de verdadeiros esclarecimen-tos que possuímos sobre o que nosespera além da morte e como de-correm os nossos últimos momen-tos neste mundo. Ilustres sábios,filósofos, pesquisadores dos no-bres assuntos da alma humana eseus destinos obtiveram informa-ções seguras sobre o magno pro-blema das próprias almas dos de-funtos, as quais, em circunstân-cias especiais, o revelaram aos ho-mens em todas as partes do mundo e,não só expuseram a elevada dou-trina da Espiritualidade como infor-maram aos homens justamentesobre os fatos que a prezada irmãdeseja saber a fim de conhecer ossegredos da morte. Além de AllanKardec, citado em sua carta, oqual foi o missionário convocadopelo Alto para reunir em códigosas exposições dos grandes Es-píritos que revelaram a Doutrina,

23Março 2012 • Reformador 110011

Page 24: Sou Leitor Espírita

24 Reformador • Março 2012 110022

sob os auspícios do Mestre porexcelência – Jesus Nazareno, ou-tros eminentes vultos, dedicadosnos mesmos trabalhos de pesqui-sas, obtiveram dos Espíritos reve-lações, informações, testemunhosprecisos de como se realiza a nos-sa passagem deste para o outro pla-no da vida. Dentre tantos, um es-pecializou-se no exame dos aconte-cimentos verificados nos últimosmomentos daqueles que deixarama vida material: Ernesto Bozzano,sábio analista italiano, autor de im-portantes livros sobre o assunto,como A Crise da Morte e Fenôme-nos Psíquicos no Momento da Mor-te em que analisa apenas o passa-mento de pessoas de vida normal.Em O Céu e o Inferno de AllanKardec, obra igualmente analítica,serão encontrados copiosos teste-munhos de Espíritos de todas ascondições morais, inclusive suici-das, criminosos etc. Aqui trans-crevemos um dos casos mais sim-ples, citados por Ernesto Bozzanono segundo livro mencionado:

III – Caso – O Sr. HudsonTuttle assim fala de outro casovindo ao seu conhecimento:

Episódio muito comovedor

produziu-se, há alguns anos, na

cidade de Hastford. Aquele que

mo comunicou estava de tal

forma convencido da natureza

supranormal do que tinha vis-

to, que o fato lhe ficara bem

gravado na memória.

Ele vive ainda num Estado do

Oeste; é um homem prático, po-

sitivo – a última pessoa capaz de

se deixar arrastar por fantasias.

No caso de que se trata, velava

ele à cabeceira de um moribun-

do, tipógrafo de profissão.

O agonizante se extinguia aos

poucos, havia já meia hora. A

respiração, cada vez mais opres-

sa, tinha-se tornado muito len-

ta e difícil. Enfim, chegou o mo-

mento em que o velador o jul-

gou morto. De repente, porém,

suas pálpebras se reabriram,

animadas com expressão de

grande surpresa, como se ele ti-

vesse reconhecido alguém; ilu-

minou-lhe o rosto a embriaguez

de grande alegria e exclamou:

“Tu, tu, minha mãe!”. E caiu

morto em seu travesseiro.

“Ninguém poderá nunca per-

suadir-me – diz o narrador des-

te episódio – que este homem

não tenha realmente percebido

sua mãe diante de si.” Hudson

Tuttle – The Arcana of Spiritua-

lism, pág. 167.

Durante o estado pré-agônico,ou após o passamento, comumen-te o moribundo revê, em retros-pectiva, os acontecimentos queviveu durante a vida que deixou,como se a vivesse novamente. Em-bora tal desfile seja rápido, nadalhe escapa do berço ao túmulo. OSr. Bozzano dá a esse fenômeno o nome de “Visão Panorâmica”.

Não resta dúvida que se tratade um momento solene, mesmocrítico. No entanto, para o indiví-duo de caráter e vida normais,para o honesto, o bom, essa visãopanorâmica não é alarmante, poissua consciência não o acusa de fal-tas graves. Necessariamente, para

o criminoso, o ímpio, esse será,certamente, um momento terrível,vendo-se diante de si mesmo, ten-do a consciência a mostrar-lhe talqual é, como dirigiu a própria vi-da. Muitas vezes sobrevém-lhe ohorror, e sofre. Há também, apóso desenlace, o sono reparador, quepode ser breve e realmente tran-quilizador, depois do qual o Espí-rito desperta lúcido e revigoradopara a vida espiritual; ou longo, re-pleto de pesadelos. Enquanto o Es-pírito não passa por esse sono, bre-ve ou longo, não recupera a luci-dez. Por essa razão é que devemosorar pelos recém-desencarnados.O magnetismo da prece que poreles fazemos ajuda-os a desperta-rem mais facilmente, orientando--os para o que deverão tentar a fimde melhorarem a própria situação.

Seria útil à nossa corresponden-te e até à sua saúde física, bem co-mo à saúde moral, a dedicação àboa leitura doutrinária-espírita,única que informa e prova com osfatos e a análise alguns aconteci-mentos para além do túmulo. Oestudo do Evangelho, que nos en-caminha para o amor a Deus e aopróximo, tornando-nos dóceis,educados moralmente, humildesde coração, seguidores do GrandeMestre Jesus Nazareno, conhece-dores de suas lições salvadoras, serátônico que fortalecerá a prezada ir-mã para o progresso que necessitafazer no conhecimento das coisasde Deus, ao passo que a constanteleitura das boas obras espíritas ainstruirá sobre esse fato inevitávelpara todos nós, isto é, a passagemdo Espírito para a vida espiritual.

Page 25: Sou Leitor Espírita

Sermão Profético, tambémchamado Discurso Escato-lógico, foi pronunciado por

Jesus no monte das Oliveiras, oqual, em razão de sua amplitude,merece estudo mais aprofundado.O texto de Mateus (24:1-31), emseguida reproduzido, anuncia umaEra de Transição (versículos 6 a26) e outra de Regeneração (versí-culos 27 a 31), segundo interpre-tação espírita.1

Introdução – 1Jesus saiu do

Templo, e como se afastava, os

discípulos o alcançaram para

fazê-lo notar as construções do

Templo. 2Mas ele respondeu-

-lhes: “Vedes tudo isto? Em ver-

dade vos digo: não ficará aqui

pedra sobre pedra: tudo será

destruído”. 3Estando ele senta-

do no monte das Oliveiras, os

discípulos foram pedir-lhe, em

particular: “Dize-nos quando

vai ser isso, qual o sinal da tua

vinda e do fim desta época”.

O princípio das dores – 4Jesus

respondeu: “Atenção para que

ninguém vos engane. 5Pois

muitos virão em meu nome, di-

zendo: ‘O Cristo sou eu’, e enga-

narão a muitos. 6Haveis de ou-

vir falar sobre guerras e rumo-

res de guerras. Cuidado para

não vos alarmardes. É preciso

que essas coisas aconteçam, mas

ainda não é o fim. 7Pois se le-

vantará nação contra nação e

reino contra reino. E haverá fo-

me e terremotos em todos os

lugares. 8Tudo isso será o prin-

cípio das dores”.9Nesse tempo, vos entregarão à

tribulação e vos matarão, e sereis

odiados de todos os povos por

causa do meu nome. 10E então

muitos sucumbirão, haverá trai-

ções e guerras intestinas. 11E sur-

girão falsos profetas em grande

número e enganarão a muitos.12E pelo crescimento da iniqui-

dade, o amor de muitos esfriará.13Aquele, porém, que perseverar

até o fim, esse será salvo.14E este Evangelho do Reino será

proclamado no mundo inteiro,

como testamento para todas as

nações. E então virá o fim.

A grande tribulação de Jerusa-

lém – 15Quando, portanto, virdes

a abominação da desolação, de

que fala o profeta Daniel, insta-

lada no lugar santo – que o leitor

entenda! – 16então, os que esti-

verem na Judeia fujam para as

montanhas, 17aquele que estiver

no terraço, não desça para apa-

nhar as coisas da sua casa, 18e

aquele que estiver no campo não

volte atrás para apanhar a sua

veste! 19Ai daquelas que estiverem

grávidas e estiverem amamen-

tando naqueles dias! 20Pedi que

a vossa fuga não aconteça no

inverno ou num sábado. 21Pois

naquele tempo haverá grande

tribulação, tal como não houve

desde o princípio do mundo até

agora, nem tornará a haver ja-

mais. 22E se aqueles dias não fos-

sem abreviados, nenhuma vida se

salvaria. Mas, por causa dos elei-

tos, aqueles dias serão abreviados.23Então, se alguém vos disser:

“Olha o Cristo aqui!” ou “ali!”,

não creiais. 24Pois hão de surgir

falsos Cristos e falsos profetas, que

apresentarão grandes sinais e

prodígios, de modo a enganar,

se possível, até mesmo os elei-

tos. 25Eis que vos preveni.

A vinda do Filho do Homem

será manifesta – 26Se, portanto,

vos disserem: “Ei-lo no deserto”,

não vades até lá; “Ei-lo em luga-

25Março 2012 • Reformador 110033

O

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

O SermãoProfético

Capa

Page 26: Sou Leitor Espírita

res retirados”, não creiais. 27Pois

assim como o relâmpago parte

do oriente e brilha até o poente,

assim será a vinda do Filho do

Homem. 28Onde estiver o cadá-

ver, aí se ajuntarão os abutres.

A amplitude cósmica desse acon-

tecimento – 29Logo após a tribu-

lação daqueles dias, o sol escurece-

rá, a lua não dará a sua claridade,

as estrelas cairão do céu e os po-

deres dos céus serão abalados. 30En-

tão aparecerá no céu o sinal do

Filho do Homem e todas as tribos

da terra baterão no peito e verão o

Filho do Homem vindo sobre as

nuvens do céu com poder e grande

glória. 31Ele enviará os seus anjos

que, ao som da grande trombeta,

reunirão os seus eleitos dos quatro

ventos, de uma extremidade até

a outra extremidade do céu.

A profecia indica a sucessão dedois grandes acontecimentos na hu-manidade terrestre: um de sofri-mento, denominado Transição, ou-tro de paz, conhecido como Rege-neração. Por trás do simbolismopresente no texto evangélico, des-tacam-se quatro ordens de ideias:

um alerta, a descrição da naturezadas tribulações, o comportamentodos verdadeiros cristãos perante osacontecimentos e aspectos signi-ficativos do reinado da paz.

O alerta está relacionado aosfalsos profetas (versículos 4-6; 11e 23-26), pois

[...] Em todos os tempos houve

homens que exploraram, em pro-

veito de suas ambições, de seus

interesses e do anseio de domi-

nação, certos conhecimentos que

possuíam, a fim de alcançarem

o prestígio de um poder sobre-

-humano, ou de uma pretensa

missão divina. São esses os falsos

cristos e os falsos profetas. [...]2

Sabemos, contudo, que o “ver-dadeiro profeta se reconhece porcaracterísticas mais sérias e exclu-sivamente morais”.2 Comuns nosdias atuais, os falsos profetas, en-carnados e desencarnados, pro-duzem um clima de intranquili-dade e de negatividade por onde

passam, à semelhança dos abutresque se alimentam de cadáveres(versículo 28: “onde estiver o ca-dáver, aí se ajuntarão os abutres”).Emmanuel pondera a respeitocom sabedoria:

Essa figura, de alta significação

simbológica, é dos mais fortes

apelos do Senhor, conclamando

os servidores do Evangelho aos

movimentos do trabalho santi-

ficante.

[...]

Um homem que se afirma inva-

riavelmente infeliz fornece a im-

pressão de que respira num se-

pulcro; todavia, quando procura

renovar o próprio caminho, as

aves escuras da tristeza negativa

se afastam para mais longe.

Luta contra os cadáveres de qual-

quer natureza que se abriguem

em teu mundo interior. Deixa

que o divino sol da espirituali-

dade te penetre, pois, enquanto

fores ataúde de coisas mortas,

serás seguido, de perto, pelas

águias da destruição.3

Capa

Page 27: Sou Leitor Espírita

A natureza das tribulações édiversificada: a) Conflitos entre ospovos (versículos 6, 7 e 10); b)Guerras (versículo 6) que, “comotodo tipo de violência humana,individual ou coletiva, não são re-sultantes da vontade de Deus, massim expressões do egoísmo e doorgulho imperantes nos mundosatrasados como o nosso”;4 c) Fla-gelos e Catástrofes (versículos 7, 9,15-21 e 29), alguns decorrentesda ação humana (versículos 7, 9 e10), outros, como terremotos(versículo 7) e acidentes cósmicos(versículo 29), consequentes dastransformações na Natureza. Osflagelos destruidores, naturais ouindependentes do homem, devemser considerados como “[...] pro-vas que dão ao homem oportuni-dade de exercitar a inteligência, dedemonstrar sua paciência e resig-nação ante a vontade de Deus,permitindo-lhe manifestar seussentimentos de abnegação, de de-sinteresse e de amor ao próximo,caso o egoísmo não o domine”.5

Perante qualquer tipo de pro-vação ou calamidade, Jesus ensinaqual deve ser o comportamentodo verdadeiro cristão: manter-seresguardado na firmeza da fé, poisquem “perseverar até o fim, esseserá salvo” (versículo 13); não terapego aos bens materiais: “então,os que estiverem na Judeia fujampara as montanhas, aquele que es-tiver no terraço, não desça paraapanhar as coisas da sua casa, eaquele que estiver no campo nãovolte atrás para apanhar a sua ves-te!” (versículos 16 a 18). Demons-trar espírito de sacrifício e de re-

signação: “Ai daquelas que estive-rem grávidas e estiverem ama-mentando naqueles dias! Pedi quea vossa fuga não aconteça no in-verno ou num sábado. Pois na-quele tempo haverá grande tribu-lação, tal como não houve desde oprincípio do mundo até agora,nem tornará a haver jamais” (ver-sículos 19 a 21).

O reinado da paz se instalará,efetivamente, a partir da Regene-ração, quando o “Evangelho doReino [for] proclamado no mundointeiro, como testamento para todasas nações” (versículo 14). São pala-vras condizentes com outra profe-cia, registrada por João, (10:16):“en-tão haverá um só rebanho e um sópastor”. Sendo assim,

[...] Jesus anuncia claramente

que os homens um dia se uni-

rão por uma crença única; mas,

como poderá efetuar-se essa

união? A tarefa parece difícil,

tendo em vista as diferenças que

existem entre as religiões, os an-

tagonismos que elas alimentam

entre os seus respectivos adep-

tos e a obstinação que manifes-

tam em se acreditarem na posse

exclusiva da verdade. [...] Entre-

tanto, a unidade se fará em reli-

gião, como já tende a fazer-se

social, política e comercialmen-

te, pela queda das barreiras que

separam os povos, pela assimi-

lação dos costumes, dos usos, da

linguagem. [...] Ela se fará pela

força das coisas, porque se tor-

nará uma necessidade, a fim de

que se estreitem os laços de fra-

ternidade entre as nações [...].6

Os versículos finais da profecia(30 e 31) – “Então aparecerá no céuo sinal do Filho do Homem e todasas tribos da terra baterão no pei-to e verão o Filho do Homem vindosobre as nuvens do céu com podere grande glória. Ele enviará os seusanjos que, ao som da grande trom-beta, reunirão os seus eleitos dosquatro ventos, de uma extremida-de até a outra extremidade do céu”–sugerem o retorno do Cristo aoPlaneta. Kardec analisa, porém, queJesus “[...] não diz que voltará à Ter-ra com um corpo carnal, nem quepersonificará o Consolador. Apre-senta-se como tendo de vir em Espí-rito, na glória de seu Pai, para julgaro mérito e o demérito e dar a cadaum segundo as suas obras, quan-do os tempos forem chegados”.7

Referências:1BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos traduto-

res. São Paulo: Paulus, 2004. 3. reimp.

Novo Testamento. Cap. Discurso escato-

lógico.2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezer-

ra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010.

Cap. 21, it. 6, p. 394.3XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-

pírito Emmnuel. 29. ed. 4. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2011. Cap. 32.4SOUZA, Juvanir Borges. Tempo de reno-

vação. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.

Cap. 16, p. 131.5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 740.6______. A gênese. Trad. Evandro Noleto

Bezerra. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2011. Cap. 17, it. 32, p. 489.7______. ______. It. 45, p. 498.

27Março 2012 • Reformador 110055

Capa

Page 28: Sou Leitor Espírita

arece que, desde há muito,a Humanidade se vem en-tregando à conquista de or-

dem externa na pretensão de en-contrar o reino da felicidade. Nessaperspectiva, pois, o protótipo daconcepção de ser feliz das pessoaspode ser encontrado, diaria-mente, nos mais diversos meiosde comunicação – poder, estética,títulos e moeda, enfim um sem--número de como “vencer na vida”.

Certa noite, entretanto,pela Internet, uma

amiga me demonstrava, exata-mente, o oposto. Jovem bastanteinteligente, poliglota e estudan-te de um dos mais respeitáveis edifíceis cursos universitários daatualidade, ela me confidenciavaque tinha tudo, mas sentia quealgo mais importante lhe falta-va. De fato, sua condição finan-ceira era singular, pois moravaem um dos terrenos mais valori-zados de certa cidade brasileira,

além de viajar, constante-mente, no período de

férias, a países dife-rentes. O que faltavaa ela? – uma beleza

estética – pode-

-se pensar. Errado, pois, tambémaí, ela não se podia queixar. Con-fesso que, igualmente, perguntei--me isso. Contudo, no decorrer daconversação, a cara colega me dis-se, como a pedir ajuda: “Apesar deter tudo, eu me sinto inútil, nãoconsigo ver uma finalidade maiorno que eu faço e na minha vida”.

O relato da minha colega, por-tanto, ia na contramão do quemuitos indivíduos, ingênuos, dei-xam-se sonhar. A fala dela erauma prova de que não se podemercadejar sentimentos, nemcomprar a felicidade com as pos-ses que vêm de fora.

Na concepção cristã, de fato, esseestado de plenitude advém com oque Cristo chamou Reino de Deus.Contudo, no ensino de Jesus, essereinado encontra-se dentro dascriaturas humanas,2 desejoso deser descoberto por elas.

Nesse sentido, é fácil deduzir quea capacidade de ser feliz é algoinerente a cada individualidade.3

PLE O NA R D O MAC H A D O

“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se a si mesmo?”1

O que importa?

28 Reformador • Março 2012110066

2LUCAS, 17:21.

3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 922.

1LUCAS, 9:25.

Page 29: Sou Leitor Espírita

Cada qual abarca o mundo comum olhar que lhe é peculiar, e,com essa capacidade de observaras coisas, consegue realizar emsua vida as trajetórias própriasdas suas ambições mais íntimas.Quantos sofrimentos, então, nãosão gerados por nós “na razãodas necessidades artificiais”4 quecriamos?

Importa, dessa maneira, fazer-mos uma real análise dos valoresque estamos elegendo na cons-trução de nosso futuro. Porque,ao final das festas, das bajulaçõese das conquistas temporais, res-tar-nos-á a vida. Seremos, sempre,invariavelmente, nós e a nossaconsciência, como me escreveucerto amigo espiritual.

O que importará, então, termosconseguido possuir e fazer tudoo que os outros disseram ser omelhor, muitas vezes repetindoo que escutaram sem saber o por-quê, se para isso tivermos queperder o endereço de nós mes-mos e a nossa identidade?

O que nos importará a possedos títulos, se, ao final, não ti-vermos conseguido ganhar omaior título – o de ter tido umavida que foi importante para al-guém, além de nós: um filho,uma esposa, um pai, uma mãe,um alguém?

Lembro-me, portanto, sem-pre da frase de Jesus, em epígra-fe, recordando, ainda, a minhasincera amiga. Depois daquela

conversa, quando pude dizer--lhe algumas palavras, já que elame perguntava, observei quecomeçou a buscar um caminhoalternativo, dedicando, tam-bém, o seu tempo para ir ao en-contro de outros indivíduosmais necessitados na dor, aomesmo instante que procurava,certamente, cuidar de si mesmade uma outra forma.

Por isso, procuremos saber fa-zer escolhas nos nossos dias. “Nãocobicemos a glória vã”,5 pois a nossamaior glorificação será aquela ad-vinda do encontro com a nossaconsciência tranquila, quandotivermos andado com sinceridadepara conosco e para com Deus.6

29Março 2012 • Reformador 110077

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. Q. 926.

5GÁLATAS, 5:26.

62 CORÍNTIOS, 1:12.

Felizes os quetêm Deus

Entre esse mundo de apodrecimento

E a vida de alma livre, de alma pura,

Ainda se encontra a imensidade escura

Das fronteiras de cinza e esquecimento.

Só o pensador que sofre e anda à procura

Da verdade e da luz no sentimento,

Pode guardar esse deslumbramento

Da Fé – fonte de mística ventura.

Feliz o que tem Deus nessa batalha

Da miséria terrena, que estraçalha

Todo o anseio de amor ou de bonança!...

Venturoso o que vai por entre as dores

Atravessando o oceano de amargores,

No bergantim sagrado da Esperança.

Cruz e Souza

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. Autores diversos. 19. ed.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. p. 371.

Page 30: Sou Leitor Espírita

evangelização da criança e do adolescente éuma das mais importantes tarefas do Movi-mento Espírita por situar-se na base da edu-

cação humana. E a educação humana, sem estar es-tribada nos princípios da Doutrina Espírita, não vaicumprir a sua extraordinária missão na Terra.

A educação humana, vista à luz dos esclarecimen-tos espíritas, focaliza o educando antes do nascimen-to, durante a vida física, prolongando-se até a vidaespiritual; sua abrangência é, pois, transcendental.

Não resta dúvida que a nossa sociedade precisamudar, com urgência, o seu modo de pensar, de sen-tir e de agir a fim de imprimir uma diretriz mais se-gura ao processo educativo. É preciso definir o edu-cando como um ser imortal e sujeito à ação educati-va antes, durante e depois da vida física, focando-oem seus aspectos: vital, mental, psíquico e espiritual.Esses aspectos se sucedem cronologicamente, não sesubstituem mutuamente, mas complementam-se.

Educar e amparar a infância é preservar a socieda-de futura de todos os males que a afligem na atuali-dade, é evitar que se reproduzam os desequilíbriosque hoje perturbam o mundo.

A formação de sentimentos é de grande impor-tância na educação. Essa formação se processa pormeio do desenvolvimento das potências embrioná-rias do Espírito, tais como: a piedade, a fraternidadee o amor ao próximo.

Os conteúdos de ordem afetiva são os maisimportantes a serem ministrados na EvangelizaçãoEspírita. O Evangelho de Jesus é o maior repositório

de ensinamentos que devem formar a estrutura afe-tiva do ser humano.

Quando o Cristo ensinou que os mansos herda-riam a Terra, valorizou, sobremaneira, a capacidadede tolerância e de ajuda mútua que os homensdevem cultivar, e que é a base do desenvolvimento daafetividade e do amor ao próximo.

Somente o homem evangelizado será capaz de mu-dar os parâmetros da sociedade atual, e podemos con-siderar evangelizado o homem de sentimentos eleva-dos e razão esclarecida pelo conhecimento espírita.

Razão e sentimento formam, pois, um binômio damaior importância na conquista da espiritualidademaior.

O pai, a mãe, aqueles que desempenham a funçãode pai e/ou mãe e o evangelizador desenvolvempapel fundamental na formação moral das novasgerações que desabrocham para a vida física, espe-rançosas e otimistas, porque todos reencarnam a fimde progredir. Ninguém volta à vida física para per-manecer inativo no esforço das conquistas espiri-tuais de que necessita. Todos reencarnam para pros-seguir avançando na escala espiritual.

Os delinquentes de todos os tempos foram crian-ças que cresceram na falta de recursos educativos ede orientação moral; são órfãos de todos os matizes:de pais desencarnados, de pais vivos, mas incons-cientes de seus deveres, de pais doentes, e, como tais,impossibilitados de amparar e educar os filhos.

O sentimento de abandono afetivo influi negati-vamente na formação psíquica da criança que será o

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Por que é importanteevangelizar?

ACE C Í L I A RO C H A

30 Reformador • Março 2012110088

Page 31: Sou Leitor Espírita

adulto de amanhã, portador de todas as falhas quesão o característico das sociedades hodiernas.

A experiência humana, que ocorre nos dois planosda vida, é fonte de enriquecimento intelectual, morale espiritual.

A Evangelização à luz do Espiritismo que, nonosso entender, é a mais alta expressão de educar,cumpre elevada missão no mundo, por descortinar aseus habitantes o futuro que os espera na eternidade.

Evangelizar é a ação contínua e ininterrupta quemodifica os seres, ajudando-os na escalada evolutivarumo à perfeição na esteira infinita do tempo. Não serealiza apenas numa existência corporal. Eis por quea ideia da reencarnação é tão importante na inter-pretação da educação continuada: o que não é possí-vel adquirir numa experiência física, é factível em vá-rias experiências no corpo físico, considerando-se,ainda, o intervalo entre as encarnações, isto é, os pe-ríodos na vida espiritual que oferecem aprendizadosvariados aos Espíritos.

A vida terrena é um instante da vida imortal doEspírito e deve ser muito bem aproveitada no sentidodo seu aprimoramento. O objetivo fundamental danossa encarnação é o progresso intelecto-moral.

Aperfeiçoar a inteligência e o sentimento constitui ofim último de nossa estada na vida corpórea.

A educação embasada no conhecimento espírita e namoral evangélica assegura o pleno aproveitamento daexistência terrena, porque direciona os passos da cria-tura humana para as conquistas dos bens do Espírito.

Ensinar a viver é a função maior do conhecimen-to espírita, que envolve toda uma filosofia de vidacapaz de garantir ao Espírito reencarnado o plenosucesso de sua existência terrena.

Reforçando essas considerações, que integram asbases sobre as quais se alicerça o Programa da Evan-gelização Espírita, recorremos a Emmanuel1 que diz:

Levantam-se educandários em toda a Terra.

Estabelecimentos para a instrução primária, univer-

sidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das

instituições que visam à especialização profissional e

científica, na atualidade, encontramos no templo

espírita a escola da alma, ensinando a viver.

31Março 2012 • Reformador 110099

Opinião dos Espíritos sobre a Evangelização“É através da evangelização que o Espiritismo de-

senvolve seu mais valioso programa de assistênciaeducativa ao homem.

A escola de letras continua a informar e instruir afim de que a Ciência se fortaleça no seio das coletivi-dades. Entretanto, é a educação religiosa que vemestimulando a moral ilibada de modo a libertar acriatura despertada e vigilante junto aos imperativosda vida.

Aliando sabedoria e amor alcançaremos equilíbrioem nossa faina educativa.

Eduque-se o homem e teremos uma Terra verda-deiramente transformada e feliz!

Contemplamos, assim com otimismo e júbilo, oMovimento Espírita espraiando-se, cada vez mais,

nos desideratos da evangelização, procurando, comgrande empenho, alcançar o coração humano emmeio ao torvelinho da desenfreada corrida do século...Tão significativa semeadura na direção do porvir!

Mestres e educadores, preceptores e pais colabo-ram, ao lado uns dos outros, em meio às esperançasdo Cristo, dinamizando esforços em favor de crian-ças e jovens, na mais nobre intenção de aproximá-losdo Mestre e Senhor, Jesus. [...]”

Guillon Ribeiro

(Página recebida em 1963, pelo médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro,

durante o 1o Curso de Preparação de Evangelizadores – CIPE, rea-

lizado pela Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.)

1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. PelosEspíritos Emmanuel e André Luiz. 13. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. Na escola da alma.

Page 32: Sou Leitor Espírita

32 Reformador • Março 2012111100

tualmente, o progresso nosdá condições para umavida cercada por como-

didades antes impensadas. Osavanços tecnológicos colocaramao nosso alcance alternativaspara uma vida mais confortávele com mais opções. São inúme-ros os recursos que podem serutilizados para a diversão e o re-fazimento das energias despen-didas no cotidiano.

Entretanto, nem sempre sa-bemos fazer uso equilibrado da-quilo que possuímos, chegando,até mesmo, a transformar emobjetivo principal de nosso dia adia o uso daquilo que nos pro-porciona prazer. Este prazer –que deveria ocupar apenas umaparcela de nossas vidas, emboraimportante –, torna-se, muitasvezes, a fundamental razão denosso viver.

Dessa forma, submetemo-nosàs fontes de nossos deleites, tu-do empenhando para delas fazeruso, o mais intensa e frequente-mente possível. Este é o chama-

do a que a matéria nos submete,seduzindo-nos pela via instinti-va, que ainda comanda conside-rável parcela de nossa persona-lidade. É um círculo vicioso, queprovoca “perigosa vertigem” e mui-tas vezes nos atrai de forma ir-refreável.

De nossa parte, nós – que de-veríamos estar em franca ativi-dade, tornando-nos úteis, tantoquanto possível, reservando odescanso para quando necessá-rio –, nos entregamos apaixona-

damente aos objetos de prazerque cultuamos, deixando-noslevar pela atração do ócio.

Enquanto isto se dá, não lon-ge de nós, em casebres situadosnas periferias de todas as cida-des, miseráveis de toda a sortetêm como único propósito devida a obtenção de comida eabrigo.

É nestes lares, desprovidos dobásico, que crianças são geradase permanecem convivendo, qua-se sempre, com a criminalidade.

ALI C U RG O SOA R E S D E LAC E R DA FI L H O

Perigosofascínio

Page 33: Sou Leitor Espírita

São órfãos sociais destinados auma vida descabida e sem senti-do; desgraçados de toda sorte,convivendo no absurdo de ummundo que lhes mostra o luxo eo desperdício, enquanto quasesempre não lhes há provido nemo mínimo para que vivam comdignidade.

Atônitos, esses rebentos des-garrados de um mundo insusten-tável não conhecem quaisqueroportunidades. Os serviços sociaisque estão ao seu alcance são in-suficientes e quase sempre inefi-cazes. Não possuem acesso auma educação adequada, a umainfraestrutura mínima. E noslares – refletindo os tormentosdiários –, não lhes falta apenas oalimento, mas carecem de umaorientação condizente, restan-do-lhes apenas as sobras...

Triste quadro pintado com tintasobscuras e sem brilho, que pode

assustar aquele que desconheçaas desventuras alheias, mas que cor-responde a uma realidade cadavez mais sombria e perturbadora.

Em nosso íntimo sentenciamos:trata-se da ação tempestiva dosmecanismos da reencarnação, queconduzem ao sofrimento e à repa-ração aquele que deles necessita.Lei exata e inquestionável.

Entretanto, nos esquecemos deque cabe àqueles em melhor con-dição social a responsabilidade deamparar e conduzir os que delesnecessitem, provendo-os de con-dições e oportunidades, propi-ciando-lhes instrumentos que lhespermitam prosseguir em sua evo-lução, o que, como resultado, re-fletiria sob a forma de benefí-cios incalculáveis para toda asociedade.

Não podemos ignorar: a so-lução para esse estado de coisaspassa unicamente pela ação,

aquela que ignora os abundan-tes convites ao comodismo e àestagnação, mas que, todavia,nos cobra abdicar parcialmentede nossos objetos de prazer.

É necessário que façamos algo– o mínimo que seja. As oportu-nidades estão à nossa volta, sejana Casa Espírita, onde estejamosinseridos, seja na vizinhança ondenos encontremos ou em nossolocal de trabalho.

Auxiliemos a minorar – semo engano da soberba – o sofri-mento que, grassando por todaparte, se faz oculto para aqueleque se nega a vê-lo.

O que não podemos é nos sub-meter ao perigoso fascínio que amatéria exerce sobre nós, tornan-do-nos individualistas, egocên-tricos, esquecendo-nos de que oúnico caminho que nos conduzao progresso espiritual passa, essen-cialmente, pela caridade.

33Março 2012 • Reformador 111111

Page 34: Sou Leitor Espírita

Universala Esperanto-Asocio – UEA (Associa-ção Universal de Esperanto) e a TutmondaEsperantista Junulara Organizo – TEJO (Or-

ganização Mundial da Juventude Esperantista) tive-ram plenamente aceita pela Organização das NaçõesUnidas (ONU) sua proposta para o Documento deCompilação da United Nations Conference on Sustai-nable Development – UNCSD-RIO+20 (Conferênciadas Nações Unidas sobre Desenvolvimento Susten-tável), a realizar-se no Rio de Janeiro, de 20 a 22 dejunho próximo.

Nesse documento, as duas mais expressivas orga-nizações do esperantismo mundial manifestam o de-sejo de que as recomendações finais da RIO+20 con-templem uma política que proteja a diversidade lin-guística, permitindo, ao mesmo tempo, uma efetivacomunicação, bem como condenem claramente aspráticas que levam à extinção de línguas e à domina-ção das línguas maiores sobre as menores.

A UEA e a TEJO, em sua argumentação, formali-zam integral apoio a uma recomendação, inserida naDeclaração da 64a Conferência Anual da ONUDPI/NGO, realizada em Bonn, Alemanha, nos dias 3a 5 de setembro de 2011, em que é feito

[...] um apelo para o respeito e a inclusão das lín-

guas étnicas no sistema educacional, uma vez que

estas línguas fazem parte da complexidade de seus

respectivos ambientes, e que seja levado em conside-

ração o potencial de uma língua internacional neu-

tra que combine facilidade de aprendizado e clareza

com neutralidade, e que possa, portanto, ser vista

como inerentemente sustentável.

Nesse importante documento, as duas organiza-ções esperantistas mundiais também evocam, comoreforço de argumentação, o célebre Compromisso no

14 da Declaração de Compromissos Éticos para a Pos-tura e Comportamento Ecológico Global como umdos tratados alternativos, produzidos em 1992, pelacomunidade das Organizações Não-Governamen-tais (ONGs), durante a Conferência RIO-92.

Do MovimentoEsperantista

Esperanto e Rio+20

A

34 Reformador • Março 2012111122

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

“Sim, o Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-la, para sondar, na Terra, opensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos. Com muita proprie-dade digo: ‘aprendamo-la’, porque somos também companheiros vossos que, havendoconquistado a expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espi-ritual, de modo a organizarmos, na Terra, os melhores movimentos de unificação.”

EMMANUEL1

1A Missão do Esperanto – mensagem ditada ao médium FranciscoCândido Xavier, em 19/1/1940, em Pedro Leopoldo (MG), e pu-blicada em Reformador do mês seguinte.

Page 35: Sou Leitor Espírita

Reza esse Compromisso 14:

Contribuir com entusiasmo para a superação das bar-

reiras artificiais sejam elas políticas ou religiosas, com o

objetivo de construir uma nação universal humana.

Sugerimos a adoção da Língua Internacional Esperanto

como segunda língua de todos os povos e recomen-

damos que todas as ONGs participem de sua difusão.

A proposta da UEA e da TEJO, evidenciando a seme-lhança entre aspectos do desenvolvimento sustentávele uma transição para uma plataforma de línguas eficaz enão-discriminatória, que preserve a diversidade linguís-tica e torne possível o acesso à comunicação no mundointeiro, aponta para a necessidade de medidas coorde-nadas por muitos atores: indivíduos e governos comsuas respectivas políticas educacionais, os quais, pelafalta de uma orientação central, poderão inclinar-se paraescolhas medíocres.Nesse sentido,as instituições da ONUe das ONGs deverão constituir-se em exemplos positi-vos da aplicação bem-sucedida de políticas linguísticasno seio de suas organizações, em que se combine comu-nicação eficaz com igualdade de direitos para todos, in-dependentemente de línguas nativas, usando, por exem-plo, uma língua internacional neutra, isto é, o esperanto.

O documento é concluído com uma abordagemsobre os caminhos da aludida transição para um sistemalinguístico em que seja considerada a adição de uma lín-gua internacional neutra na escolha de línguas existentes.

A transição pode ser iniciada com decisões relati-vamente fáceis no que diz respeito aos processos in-ternos da ONU e das ONGs, sem grandes custos nocurto-prazo e com possibilidade de consideráveiseconomias no longo-prazo.

A introdução de uma língua internacional neutranos programas de educação dos estados-membrospode exigir tempo mais longo e um plano de transi-ção cuidadosamente elaborado, já que as competên-cias linguísticas em línguas nacionais, hoje vasta-mente aplicadas na comunicação internacional, per-manecerão vitais durante a desejada transição, a qualpoderá ser facilitada por intermédio da experiênciado movimento esperantista, considerando o valorpropedêutico de seu Idioma Neutro.

Evidenciam-se, cada vez mais, os efeitos da multi-plicidade das línguas nas relações internacionais, tra-duzida como renitente estorvo ao progresso geral, sejano campo material, seja no campo espiritual, dificul-tando a difusão do conhecimento, a aproximação dasdiferentes culturas, o cultivo da verdadeira fraternidadeentre os povos. A ferramenta para a definitiva soluçãodesse problema e consequente erradicação de seus pre-juízos já existe há mais de cem anos, e agora, quando aHumanidade é compelida, pela “força das coisas”, comose expressavam os reveladores espirituais na Codifica-ção de Allan Kardec, a ingressar na chamada globali-zação, na fase universalista de sua vida planetária, sur-gem os primeiros abalos nas velhas estruturas sociaiscarcomidas pelo tempo. O assombroso avanço tecnoló-gico no terreno das comunicações não se coaduna comas fórmulas já caducas de convivência, à semelhançado que está dito no Evangelho sobre o vinho novo ver-tido em odres velhos. Impõe-se a mudança, tudo está aexigi-la, a Humanidade já está aparelhada para tan-to, e, nesse agitado contexto, labutam, confiantes e pa-cientes, os arautos do progresso, entre os quais Emma-nuel reconhece os que compõem o movimento espe-rantista. Os espíritas, igualmente arautos do progresso,entreviram essa fase com o auxílio das luzes da Dou-trina, apoiando a Língua Internacional Neutra e seusideais desde 1909, quando a Federação Espírita Bra-sileira publica em Reformador daquele ano o primei-ro texto de propaganda do esperanto no generoso cír-culo dos adeptos da Terceira Revelação da Lei de Deus.

Perseveremos, caros coidealistas, nos serviços emprol da divulgação e do uso desse genial instrumen-to de comunicação internacional trazido do mundoespiritual pelo Apóstolo da Concórdia que, na Terra,tomou o nome de Lázaro Luís Zamenhof. Criemoscursos da língua, publiquemos material didático pa-ra o seu aprendizado, traduzamos e editemos as boasobras doutrinárias, esforcemo-nos por antecipar en-tre nós essa anunciada fase universalista da vida noplaneta, fazendo do esperanto a língua para as rela-ções internacionais da crescente família espíritamundial.

35Março 2012 • Reformador 111133

Page 36: Sou Leitor Espírita

homem moderno, que ex-plora o fundo dos ocea-nos e cada vez mais do-

mina o espaço sideral, ainda nãoconhece a sua própria natureza.Conhece o mundo exterior, masnão se conhece; sabe quem é,mas não sabe o que é.

Excluem-se os materialistas.Esses pensam que já sabem o quesão: apenas matéria pensante. Eos espiritualistas – aqueles quecreem que, após a morte, algocontinua, algo sobrevive – seráque sabem o que são?

Ao inquirir-se alguém, que dizter alma ou Espírito, onde quer serenterrado quando morrer, geral-mente obtém-se a resposta: “Queroser enterrado em minha cidade,perto dos meus pais, parentes eamigos”. Interrogada essa mesmapessoa a respeito do destino de suaalma, a resposta, sem dúvida, indi-cará um lugar bom, de acordo coma sua convicção religiosa. Entre-tanto, poder-se-ia objetar: “Queimporta se ela for para um lugarruim, uma vez que é ela quem vaie não você? Você disse que ficaráenterrado em tal lugar”. Certa vez,

foi apresentado esse assunto a umaseleta plateia, não-espírita, inte-ressada em pesquisas sobre fenô-menos extrafísicos. Ao ouviremessa pergunta, os presentes se agi-taram e começaram a murmurar,até que um deles falou: “Não sereieu que ficarei enterrado aqui. Seráo meu corpo”. Diante dessa afirma-tiva, o auditório acalmou-se, até omomento em que o palestrantedisse: “Você não resolveu o pro-blema, pelo contrário, complicou-oainda mais, a ponto de torná-loaté contrário à razão”. Para se en-tender bem por que o problema setornou complicado, deixemos porum momento o campo do espíritoe passemos a outro, ao campo dagramática e da lógica. As gramáti-cas de todas as línguas ensinamque o possessivo é a palavra queindica alguém que pode reclamara posse de algo, ou seja, do objetopossuído. Portanto, se for dito:“Meu relógio”, isso significa que orelógio pertence à pessoa que fala,que se declara ser o seu possuidor.No caso de alguém tentar apossar--se dele, essa pessoa dirá: “Não to-ques nesse relógio porque ele é

meu!”. Até agora, o encaminha-mento do assunto está lógico, claro.Mas quando analisamos o uso dopossessivo nas frases acima, a ques-tão se complica.Vejamos: uma cria-tura morreu. Corpo e alma sepa-raram-se. O corpo foi enterrado ea alma foi para uma outra dimen-são do Universo. Se alguém ameaçatocar naquele corpo, quem dirá:“Não toques nesse corpo porqueele é meu”? Ou se alguém tentartocar na alma: “Não toques nessaalma porque ela é minha”? Quemé esse ser que possui esse corpo eessa alma?

Segundo posição – não só espí-rita em particular, mas espiritualistade modo geral – perfeitamente ló-gica, deve-se riscar a frase: “minhaalma”, substituindo-a por “eu”. Eusou o possuidor do corpo, ou me-lhor, fui o dono do corpo que mor-reu. Fui o seu usuário temporário.Eu, Espírito, diante do corpo morto,posso afirmar:“Este corpo foi meu,usei-o durante o tempo em que vi-veu”. O corpo jamais poderá dizer:“Essa alma era minha”.

Assim, chega-se à conclusão deque eu, Espírito, sou imortal, indes-

O

Imortalidadeda alma

JO S É PA S S I N I

36 Reformador • Março 2012111144

Page 37: Sou Leitor Espírita

trutível. Eu uso um corpo materialatualmente. Este corpo morrerá umdia. Não eu! O corpo não é parteessencial do ser humano. Ele é ape-nas vestimenta temporária do Espí-rito imortal, e poderá durar de al-guns segundos a até pouco maisde um século. Embora todo o res-peito que lhe devemos, como ins-trumento imprescindível à evolu-ção do Espírito, o corpo deve serencarado como instrumento, comoobjeto e não como sujeito. E paraaqueles que ainda não se despoja-ram do costume de visitar cemité-rios, deve ser lembrado que oscomponentes do corpo, num curtoprazo de tempo após o sepultamen-to, passarão a fazer parte de outrosorganismos, animais ou vegetais...E uma conclusão ainda mais con-tundente: o corpo é descartável...

Sou eu, alma ou Espírito quempensa, aprende, sente, odeia, ama...Não o corpo. Quando meu corpomorrer, deixá-lo-ei como vesteusada e entrarei noutra dimensãodo Universo infinito, usando umcorpo mais sutil. Entretanto, essadimensão não posso ver atual-mente, porque estou limitadopelo corpo material. Mas, quan-do partir, levarei tudo aquilo queaprendi, todo o progresso que fizno campo da inteligência e dosentimento, isto é, tudo o que in-corporei nesse período evolutivoque vivi no mundo material.

Pensando desse modo, pode-sedesenvolver um novo estado deconsciência, a que se pode chamar“cidadania espiritual”. Trata-se deuma cidadania que não é nacio-nal, nem mesmo planetária, mas

cósmica. Essa cidadania espiritualé uma postura diante da vida,muito diferente daquela: “Eu souum homem e tenho uma alma”.Pelo contrário, a criatura diz: “Eusou um Espírito imortal. Tenho umcorpo, no qual estou encarnadotemporariamente”. A ideia de sermortal e ter uma alma imortalimpõe sofrimento. Observe-se que,segundo essa posição equivocada,não sou eu que sou imortal, mas,a minha alma.

A ideia de ser mortal e de teruma alma imortal contém umsentimento de destruição, pois aomenos metade do ser se destruiriapelo fenômeno da morte.

Por que se pode dizer que é umaideia de destruição, de perda?Porque a criatura se habitua aconcentrar todo o seu potencial

37Março 2012 • Reformador 111155

Page 38: Sou Leitor Espírita

de vida no corpo e não no Espí-rito, a ponto de dizer: “Quandoeu morrer, quero ser enterradoaqui ou ali”. O homem sente-semais como corpo mortal do quecomo Espírito imortal. Assim,sofre! Sofre porque sua razão lheassevera que, ao ocorrer a morte,seu corpo em breve se consumirá,apodrecendo rapidamente, e queos elementos que o constituemtomarão parte na formação denovos organismos vegetais e ani-mais. Segundo esse ponto de vistaequivocado, o Espírito é apenasparte do ser. Por isso afirma:“Quando eu morrer, minha almavai para...”. Segundo essa posi-ção, a morte destrói o eu, poisdiz: “Eu quero ser enterrado” aquiou ali.

Ora, só é enterrado o que émorto! Pode-se argumentar, entre-tanto, dizendo que a alma é indes-trutível. Bem, isso é verdade, porém,ela é tratada como uma terceirapessoa: ela, cuja natureza e desti-no não estão claramente definidospelos teólogos. Não bem defini-dos pelos teólogos, mas claramen-te definidos por Paulo, o Apóstolo,em sua primeira carta aos Corín-tios, no capítulo 15:

“Mas alguém dirá: Como res-suscitarão os mortos? E com quecorpo virão?”. (Vv. 35.)

O Apóstolo ensina que temosoutro corpo além do material, istoé, um corpo espiritual, indestrutí-vel, sutil:

“E há corpos celestes e corposterrestres, mas uma é a glória doscelestes, e outra a dos terrestres”.(Vv. 40.)

E, pedagogicamente, demons-tra a completa destrutibilidade docorpo físico, ao compará-lo à se-mente, que realmente desaparecepara dar surgimento à planta:

“Assim também a ressurreiçãodos mortos. Semeia-se corpo emcorrupção; ressuscitará corpo emincorrupção”. (Vv. 42.)

“Semeia-se corpo animal, res-suscitará corpo espiritual. Se hácorpo animal, há também corpoespiritual”. (Vv. 44.)

E, antecipando-se àqueles quecriariam a nefasta teoria da res-surreição da carne, adverte:

“E, agora, digo isto, irmãos:que carne e sangue não podemherdar o reino de Deus, nem acorrupção herda a incorrupção”.(Vv. 50.)

Como se pode concluir, o Após-tolo Paulo ensinou que o corpomaterial ficará enterrado e, simul-taneamente, o corpo espiritual serálibertado.

Em verdade, a existência docorpo espiritual e a sua indepen-dência do corpo físico já era co-nhecida pelos judeus, como seconstata na seguinte passagem doNovo Testamento, citada em Atosdos Apóstolos:

E Paulo teve, de noite, uma vi-

são em que se apresentou um

varão da Macedônia e lhe ro-

gou, dizendo: Passa à Macedô-

nia e ajuda-nos.

E, logo depois desta visão, pro-

curamos partir para a Macedônia,

concluindo que o Senhor nos

chamava para lhes anunciarmos

o evangelho. (Atos, 16:9 e 10.)

Vê-se perfeitamente que o Após-tolo sabia que aquele homem dei-xara seu corpo físico dormindo efora procurá-lo, a fim de pedir--lhe ajuda.

Outra passagem que atesta anaturalidade com que os judeustratavam esse assunto é demons-trada também em Atos dosApóstolos: altas horas da noite,Pedro fora libertado da prisão.Procurou a casa de Maria, mãede João Marcos, batendo à porta.Uma menina reconhece-lhe a voz,mas não lhe abre a porta, indoanunciar a boa nova no interiorda casa. Mas não creram nela,pois àquela hora da noite nãoera costume libertar-se um pri-sioneiro, e nem era fácil fugirda prisão. Por isso, aventaram apossibilidade de ser Pedro des-dobrado pelo sono físico que aliestava a bater, pois disseram àmenina: “Estás fora de ti. Mas elaafirmava que assim era. E diziam:É o seu anjo”. (Atos, 12:15.)

Infelizmente, com o passar dotempo, os teólogos apagaramesse entendimento de que somosseres imortais, que temos a possetemporária de um corpo mortal,passando a ensinar que somos cor-pos que temos uma alma, o queleva muitos a um temor doentioda morte.

O Espiritismo, ao resgatar as ver-dades cristãs, trouxe-nos de voltaa certeza da nossa imortalidade, si-tuando-nos na Terra como Espíritosimortais, temporariamente encar-nados em corpos mortais que, em-bora de um valor inapreciável, sãode uso temporário.

38 Reformador • Março 2012 111166

Page 39: Sou Leitor Espírita

o primeiro ano da RevueSpirite, em novembro de1858, Allan Kardec publi-

cava o artigo “Polêmica Espírita”.“Há polêmica e polêmica”, asseve-rava o Codificador. “[...] uma hádiante da qual jamais recuaremos:é a discussão séria dos princípiosque professamos”.

Allan Kardec, intuído pelo Espí-rito de Verdade, já anunciava ro-teiro seguro a seguir ante a luta quese travaria para divulgar o Espiritis-mo em sua plenitude.

Artesãos das palavras serviram--se da imprensa de um modo ge-ral, e espírita em particular, paraesculpir obras de luz. As respon-sabilidades pela divulgação dosideais santificados de Allan Kardectiniam nas consciências evolucio-nistas e renovadoras dos seus dis-cípulos, fiéis às bases, desde o prin-cípio. Entretanto, a incompreen-são e o preconceito marcaram ospassos dos pioneiros na divulgaçãodo Espiritismo, exigindo esforçotranscendente e profundo conhe-cimento de um ideal anunciadopor Jesus.

Em França, a cidade de Tours foiuma das primeiras a conhecer o Es-piritismo. Foi lá também que os em-bates tiveram seus primeiros movi-mentos. Em 1862, Tours possuía umGrupo Espírita presidido pelo Dr.Chauvet que já havia escrito um li-vro (Esprit, Force, Matière) em “re-futação cerrada contra Büchner”.

Na mesma Tours, dois anos de-pois, o Apóstolo do Espiritismo,Léon Denis, então com 18 anos,iniciava sua trajetória de esclare-cimentos à sociedade, burilandoseu Espírito em um contexto delimitações que não eximiram estesábio dos mais profundos teste-munhos de amor à causa espírita.

O célebre Apóstolo, autor deDepois da Morte – obra compulsa-da por Eurípedes Barsanulfo emuma noite, definindo o “toque dedespertar” para os valores espiri-tuais, segundo Corina Novelino –protagonizaria os Congressos de1900 (Paris), 1905 e 1910 (Bélgica),1913 (Suíça) e 1925 (Paris) resga-tando as ideias da Doutrina Espí-rita. Nomes ilustres acompanha-ram-no nos Congressos: Victorien

Sardou (autor aclamado de peçasteatrais, um mestre dos diálogos),Russel Wallace, Alexander Aksakof,Jean Meyer, Sir Conan Doyle,dentre outros.

Os trabalhos exigiam mais.Membros da Igreja de então, numrompante criminoso, denominadospor Allan Kardec o resto da IdadeMédia, deflagram golpe violento àliberdade de pensamento, produ-zindo o que ficou conhecido na his-tória do Espiritismo como o “Auto--de-Fé de Barcelona”. A pedido deMaurice Lâchatre uma remessade livros foi enviada para Barcelo-na, seguindo os trâmites aduaneirosentre países, conforme determinavaa lei vigente. Porém, era tarde.

Antevendo o futuro, Kardec en-fatiza a necessidade de se fazer co-nhecer as armas usadas contra oEspiritismo.

No Brasil, antes da existência daCodificação, antes até dos fenôme-nos com as irmãs Fox, em Hydesville(EUA), encontraremos, em 24 demaio de 1845, na Bahia, ocorrênciapolicial assinada por Joaquim dosSantos (Juiz Municipal), “oficiali-

N

Uma reflexão histórica

VL A D I M I R AL E X E I

“Aquele que se adianta 100 anos aos seus contemporâneos precisa de mais 100anos para ser compreendido.” – Carl du Prel sobre Allan Kardec

– a força de um ideal

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zando o provável início de umprocesso contra pessoas que fa-ziam reuniões espíritas noturnasno Distrito da Mata de São João[...]”. É possível que antes dessadata, em outras localidades dopaís, tal prática fosse comum. Aluta estava travada.

Outra ocorrência policial, maistarde, em 1917, ficaria na memó-ria espírita, quando Eurípedes Bar-sanulfo é processado por fazer usoda mediunidade em benefício dosque sofrem.

Em 1853, na cidade de Fortale-za, capital do Ceará, o periódico OCearense registrava comentáriossobre as mesas girantes, causandosobressalto na população. O pre-conceito movido pela ignorânciaresistia a altos brados.

No Rio de Janeiro, na década de1860, Casimir Lieutaud (mais tar-de tesoureiro do Grupo Espiritista“Confúcio”, fundado em 2 de agosto

de 1873) publicava a obra Os tempossão chegados, demonstrando quenovas ideias faziam parte da cons-trução do pensamento humano.Na mesma capital, ideais revolu-cionários revelariam, aos espíritasdo Brasil e do Mundo, sua faceamorável na figura do ilustre “Mé-dico dos Pobres”, Adolfo Bezerrade Menezes Cavalcanti.

As atividades doutrinárias exerci-das por autoridades civis e militaresrepercutiam pela imprensa e peloshábitos de um país em franco des-pertar espiritual. O marechal Ewer-ton Quadros,primeiro presidente daFederação Espírita Brasileira (FEB),médium psicógrafo, abraçou o Espi-ritismo difundindo sua crença, ven-cendo preconceitos e esclarecendocorações visitados pela dor.

Júlio César Leal, um dos pionei-ros do Espiritismo no Brasil, quetambém fora presidente da CasaMáter do Espiritismo no Brasil, nos

primeiros sete meses de 1895, su-perou incompreensões em momen-tos de dissensões convidando o ho-mem a soerguer-se perante o cla-mor da vida. Na sua obra, A Casade Deus, publicada pela primeiravez em 1894, já dizia:

A ambição, o orgulho, as paixões

e os apetites da matéria a têm

afastado [Humanidade], em

todos os tempos e lugares, do

desempenho fiel dos seus maio-

res deveres.

Os eventos da verdade não ocor-riam isolados, mas exigiam dedica-ção e foco em seus empreendimen-tos. O ideal espírita ganhava reforço.

No ano de 1886, acordes divinossopravam na capital da República,conduzindo mais de duas mil pes-soas à sala de honra da “GuardaVelha” para um comovente e sin-cero convite de Bezerra de Menezes

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(discurso de conversão ao Espiri-tismo) à renovação que atingiaplenitudes de convicção para umEspírito de tamanha envergadura,crivado por provas que o Espiri-tismo só fizera acalentar:

[...] Minha alma encontrou final-

mente onde pousar, tendo deixa-

do os espaços agitados pelo ven-

daval da descrença, da dúvida, do

ceticismo que devasta, que este-

riliza, que calcina, se assim posso

exprimir-me, recordando as tor-

turas de quem sente a necessi-

dade de crer, mas não encontra

onde assentar sua crença. [...]

O “Kardec brasileiro”, comopassou a ser conhecido, indicou--nos o caminho seguro a trilhar.Seus sucessores e companheirosde primeira hora também segui-ram o fluxo do amor, confortandoe esclarecendo corações ampara-dos pela força de um ideal supe-rior: o Espiritismo!

“Nós vos convidamos, a vós ho-mens, para o divino concerto. To-mai da lira, fazei uníssonas vossasvozes, e que, num hino sagrado,elas se estendam e repercutam deum extremo a outro do Universo.”– Espírito de Verdade

Referências:BARRERAS, Florentino. O processo dos espí-

ritas. São Paulo: Madras Editora, 2004.

KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad.

Guillon Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010.

______. O evangelho segundo o espiritismo.

Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2011. Prefácio.

______. Revista espírita: jornal de estudos

psicológicos. n. 1, ano 1, nov. 1858. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. Polêmica Espírita.

KLEIN FILHO, Luciano. Barão de Vasconcelos,

um precursor de Kardec no Ceará. In: Anuário

histórico espírita. São Paulo: Madras Edi-

tora, 2003.

LEAL, Júlio César. A casa de Deus. 3. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 1928.

LUCE, Gaston. Léon Denis – o apóstolo

do espiritismo: sua vida, sua obra. Rio de

Janeiro: Edições CELD, 2003.

MONTEIRO, Eduardo C. Túnel do tempo –

as primeiras publicações espíritas no Brasil.

São Paulo: Madras Editora, 2005.

______. Memórias de Bezerra de Menezes.

São Paulo: Madras Editora, 2005.

NOBRE, Freitas. A perseguição policial

contra Eurípedes Barsanulfo. 2. ed. EDICEL,

1987.

SOARES, Sylvio Brito. Vida e obra de Be-

zerra de Menezes. 13. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2010. Vida e obra, p. 62.

WANTUIL, Zêus. (Org.) Grandes espíritas do

Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.

Iniciam-se no corrente mês, nas Sedes da FEB, em Brasília e noRio de Janeiro, novas atividades doutrinárias, as quais consistirãono estudo de três das cinco obras de Allan Kardec que compõem aCodificação do Espiritismo.

Na Sede Seccional do Rio de Janeiro será também inaugurada,neste mês, para funcionamento na segunda-feira, das 12h30 às 14h,uma nova turma para o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita(ESDE).

O Estudo das obras básicas obedecerá à seguinte programação:

Em Brasília:

• O Livro dos Espíritos: domingo – das 9h30 às 11h• O Livro dos Médiuns: domingo – das 9h30 às 11h• O Evangelho segundo o Espiritismo: quarta-feira – das 20h às 21h30

No Rio de Janeiro:

• O Livro dos Espíritos: quinta-feira – das 12h às 13h30• O Evangelho segundo o Espiritismo: sexta-feira – das 14h30 às 16h

Em ambas as Sedes o estudo de cada obra será realizado noperíodo de março a dezembro.

Informações:

• Em Brasília: 0XX-61-2101-6161• No Rio de Janeiro: 0XX-21-3078-4747

Novas AtividadesDoutrinárias da FEB

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Seara Espírita

Rio de Janeiro: As redes sociais e o Espiritismo

Ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 29 dejaneiro, encontro com o tema “O espírita e as re-des sociais”, para análise do potencial das redessociais com vistas à divulgação do Espiritismo. Oevento foi promovido pelo Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro (CEERJ). Informações<www.ceerj.org.br>.

Amazonas: Relacionamento interpessoalNos dias 3 a 5 de fevereiro, a Federação EspíritaAmazonense realizou eventos em Manaus, com oseminário “Relacionamento interpessoal entre osmembros da reunião mediúnica”, com atuação de Roberto Fuina Versiani e Marco Rosa, ambos daequipe da secretaria-geral do CFN da FEB. No dia 4de fevereiro foi inaugurada a sede da Sociedade Es-pírita Bezerra de Menezes, no município de Mana-quiri, com palestra pelo primeiro, sobre o tema “Os Convites de Jesus no Coração da Floresta”. Infor-mações: <[email protected]>; <www.femazonas.org.br>.

Maranhão: Evangelizar almasO Departamento de Infância e Juventude da Fe-deração Espírita do Maranhão realizou, nos dias28 e 29 de janeiro, a primeira capacitação paraevangelizadores. As atividades foram desenvol-vidas na Sociedade de Estudos Espíritas Ismael – Centro Espírita Maranhense. À luz do tema“Evangelizar almas: Educando para a eternida-de” atuaram como palestrantes Cirne Ferreira eTereza Cristina Leite, ambos da equipe do DIJ daFEB.

Pará: A reunião mediúnica espíritaA União Espírita Paraense realizou, em sua sede, umtreinamento, cuja abordagem teve por foco a organi-zação e funcionamento da reunião mediúnica espíri-ta, nos dias 28 e 29 de janeiro. Informações: <www.paraespirita.com.br>.

Uruguai: Federação comemora Jubileu elança curso

A Federação Espírita Uruguaia comemorou seus 25 anosde fundação, no dia 29 de janeiro, e lançou o Curso“Gestão de Centro Espírita”, e passa a ser o primeiropaís a adotar o curso iniciado pela FEB nas modali-dades presencial e a distância. Nos eventos realizadosem Montevidéu houve a participação do diretor daFEB e do CEI, Antonio Cesar Perri de Carvalho, quetambém proferiu palestra no Centro Espírita Hacia La Verdad. Informações: <www.espiritismouruguay.com>.

DVD do filme Nosso Lar é muito procuradoO DVD do filme Nosso Lar alcançou o 17o lugar en-tre os filmes estrangeiros mais vendidos pela Ama-zon, na 2a quinzena de janeiro. Informações: ForeignFilms in Amazon Best Sellers, and find the top 100most popular Amazon Foreign Films, na página ele-trônica: <www.amazon.com>.

Angola: Visita da FEB e do CEINos dias 27 a 29 de janeiro, o presidente da FEB esecretário-geral do CEI, Nestor João Masotti, esteveem visita à Sociedade Espírita Allan Kardec deAngola, localizada em Bluanda, onde mantém exten-so trabalho social e outras instituições. Informações:<www.seaka.org>.

Chico Xavier em “O Maior Brasileiro de Todos os Tempos”

Chico Xavier está entre os inscritos no concurso “OMaior Brasileiro de Todos os Tempos”, promovidopela TV SBT. A votação pela página eletrônica da TVfoi encerrada no dia 29 de fevereiro. Informações:<www.sbt.com.br>.

Filmes Espíritas na Universidade de LondresO Clube de Filmes Lusófonos da Universidade deLondres promoveu a 1a Mostra de Filmes EspíritasLusófonos de 21 a 25 fevereiro, incluindo o filmeNosso Lar. Informações: <[email protected]>; <[email protected]>.

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