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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

GOVERNO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL –PDE

TANIA REGINA PAINTNER MARQUES

CADERNO PEDAGÓGICO

PEDAGOGIA DA CONVIVÊNCIA E IOGA:

VIVENDO JUNTOS E ATENTOS EM SALA DE AULA

PONTA GROSSA (PR)

2013

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título:

Pedagogia da convivência e Ioga: Vivendo juntos e atentos em sala de aula

Autora Tania Regina Paintner Marques

Disciplina/Área (ingresso no

PDE)

Educação Especial

Escola de Implementação

do Projeto e sua localização

Colégio Estadual José Elias da Rocha

Município da escola Ponta Grossa

Núcleo Regional de

Educação

Ponta Grossa

Professor Orientador Nei Alberto Salles Filho

Instituição de Ensino

Superior

UEPG

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as

diferentes disciplinas

compreendidas no trabalho)

Não há

Resumo

(descrever a justificativa,

objetivos e metodologia

utilizada. A informação

deverá conter no máximo

1300 caracteres, ou 200

palavras, fonte Arial ou

Times New Roman,

tamanho 12 e espaçamento

simples)

A dificuldade de aprendizagem pode ser decorrente de

vários fatores. Dentre eles, destacam-se a falta de

atenção e concentração durante as aulas. Os alunos

matriculados na Sala de Recursos, além das dificuldades

citadas, muitas vezes, também têm problemas quanto à

sua aceitação pelos demais alunos na sala do ensino

regular. Diante da situação apresentada, este caderno

pedagógico propõe a prática de exercícios de Ioga

adaptados à sala de aula, além de dinâmicas e técnicas

da pedagogia da convivência. Os objetivos das

atividades propostas são de melhorar a atenção e

concentração dos alunos da Sala de Recursos e

contribuir para a inclusão destes alunos na sala do

ensino regular.

Palavras-chave (3 a 5

palavras)

Pedagogia da convivência. Ioga. Atenção. Concentração.

Inclusão.

Formato do Material

Didático

Caderno Pedagógico

Público Alvo Alunos matriculados na Sala de Recursos Multifuncional

do tipo I e alunos dos 6º e 7º anos da classe comum

APRESENTAÇÃO

Este Caderno Pedagógico constitui uma das etapas do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE) do Estado do Paraná e foi elaborado no

ano de 2013.

A concentração e a atenção são fatores indissociáveis do processo de

ensino-aprendizagem. No entanto, nos tempos atuais, o ambiente está repleto

de estímulos, dificultando assim a concentração dos alunos durante as aulas.

Os alunos matriculados na Sala de Recursos Multifuncional do tipo I,

além de receberem todos estes estímulos, ainda possuem alterações orgânicas

e, portanto não conseguem manter-se atentos e concentrados por muito tempo

e assim acabam tendo muita dificuldade na aprendizagem.

Devido às suas dificuldades, os alunos da sala de recursos, muitas

vezes são excluídos da sala do ensino regular. Não são aceitos para realização

de trabalhos em grupos, sofrem bullying e são discriminados pelos demais

alunos. Estes comportamentos acabam interferindo na autoestima destes

alunos e, consequentemente, na aprendizagem.

Visando melhorar a concentração e a atenção dos alunos matriculados

na Sala de Recursos e melhorar a convivência destes alunos com os outros

alunos da sala do ensino comum, este Caderno Pedagógico está dividido em

duas unidades:

Unidade 1 – Ioga na sala de aula

Unidade 2 – Pedagogia da Convivência

A Unidade 1 apresenta exercícios de Ioga adaptados à sala de aula e

podem ser realizados em diferentes momentos do atendimento na Sala de

Recursos. Esta unidade está dividida em seções de acordo com o objetivo do

exercício a ser realizado. As seções são: 1.1 Exercícios de limpeza; 1.2

Exercícios de respiração; 1.3 Exercícios de relaxamento e 1.4 Exercícios de

concentração.

A Unidade 2 descreve dinâmicas para melhorar a convivência dos

alunos na sala de aula comum e evidenciar a importância do viver juntos em

harmonia para o processo de ensino-aprendizagem.

Imagem disponível em:

http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=323&evento=2

A palavra Ioga deriva da raiz sânscrita yug, que significa atar, reunir, religar,

que significa também união ou comunhão da nossa alma individual com o

Princípio Supremo (HERMÓGENES, 1994).

Na década de 70, a professora Micheline Flak realizou, no Colégio

Condorcet de Paris, a primeira experiência de aplicação de exercícios de Ioga

em sala de aula para melhorar o rendimento de seus alunos e obteve

resultados bem significativos. A partir daí passou a aplicar exercícios de Ioga

sistematicamente.

A proposta do método é de apresentar exercícios de Ioga que orientem os

alunos a melhor gerir e aproveitar sua energia. Ao relaxar, o aluno ouve

melhor, aprende a controlar o seu estresse e melhora sua autoconfiança.

Os exercícios de Ioga podem despertar a consciência de si mesmo e,

simultaneamente, manter a atenção no outro, desenvolvendo o senso de

responsabilidade com o ambiente em que o aluno está inserido (FLAK &

COULON, 2007).

Os exercícios podem ser realizados em diferentes momentos da aula e

possuem diferentes objetivos.

Cada uma das seções apresentada a seguir descreve exercícios que

podem ser realizados, os objetivos destes exercícios e para qual momento da

aula eles são mais indicados pelo símbolo ॐ .

Seção 1.1 Exercícios de limpeza

Os exercícios apresentados nesta seção têm como objetivos o desbloqueio,

a abertura e aumento da irrigação cerebral para eliminar toxinas que

comprometem a aprendizagem em sala de aula. Além de trabalhar os

pensamentos positivos que desenvolvam a autoestima, a confiança e a

segurança.

Podem ser aplicados no início da aula ou momentos que

antecedem a explicação de um novo conteúdo.

Exercício 1: Os alunos devem ficar em pé ao lado de suas carteiras e realizar

os seguintes movimentos:

Com os braços estendidos para frente devem abrir e fechar as mãos.

Em seguida flexionar as mãos para cima e para baixo.

Depois girar os pulsos para direita (5vezes) e esquerda (5 vezes).

Colocar a mão direita no ombro direito e realizar giros para direita e

depois para a esquerda.

Colocar a mão esquerda no ombro esquerdo e realizar giros para direita

e depois para a esquerda.

(FLAK, Micheline & COULON, Jacques. Yoga na Educação-Integrando corpo

e mente na sala de aula. Florianópolis: Editora Comunidade do Saber, 2007.)

Exercício 2: Os alunos devem estar em pé e dispersos na sala de aula. Ao

iniciar a música devem caminhar pela sala como se estivessem em câmera

lenta. A música deve ser clássica e lenta.

Exercício 3: Exercício do lenhador

Alunos em pé, com as pernas levemente afastadas, mãos unidas e

braços estendidos acima da cabeça. Inspire.

Ao expirar, os alunos devem flexionar o tronco para baixo, descendo os

braços estendidos em direção ao chão. Este exercício imita a ação de

um lenhador com seu machado. Repita o exercício por 7 vezes.

Figura 1 – Exercício do lenhador.

(FLAK, Micheline & COULON, Jacques. Yoga na Educação-Integrando

corpo e mente na sala de aula. Florianópolis: Editora Comunidade do

Saber, 2007.)

Seção 1.2 Exercícios de respiração

Os movimentos respiratórios estão diretamente relacionados com o

estado mental e emocional. Nos momentos de agitação, a respiração é mais

rápida e nos momentos de tranquilidade, a respiração é mais lenta.

Hermógenes (2010) explica que na inquietude mental e emocional

observa-se a respiração acelerada. Torna-se lenta nos estados em que a

pessoa encontra-se física, mental e emocionalmente tranquila.

A observação da respiração exercita a atenção e a respiração completa

permite uma melhor oxigenação do cérebro, favorecendo assim a atenção e a

memória. Além de reduzir o nervosismo e a ansiedade (FLAK & COULON,

2007).

Estes exercícios podem ser aplicados após a aula

de educação física ou após o recreio. Também pode ser

executado antes da realização de uma avaliação.

Exercício 1 : Os alunos devem ficar em pé ao lado de suas carteiras e elevar

os braços estendidos acima da cabeça na inspiração e descer os braços

estendidas na expiração, cruzando-os na frente do tórax (figura 2).

Figura 2

Exercício 2 : Os alunos devem formar um círculo e dar as mãos para os

colegas. Na inspiração, elevam os braços e na expiração descem os braços

(figura 3).

Figura 3

Exercício 3: O professor desenha um quadrado no quadro de giz, como na

figura abaixo. Então o professor deve instruir os alunos a inspirarem

visualizando a lateral esquerda do quadrado e expirarem na linha superior do

quadrado. Inspirarem na linha lateral direita e expirarem na linha inferior.

Repetir o exercício por 7 vezes.

↑ ↓

(FLAK, Micheline & COULON, Jacques. Yoga na Educação - Integrando

corpo e mente na sala de aula. Florianópolis: Editora Comunidade do Saber,

2007.)

Exercício 4: Cada aluno recebe uma pena. Devem segurar a pena próximo

(cerca de 10 cm de distância). Primeiramente o professor deve instruir os

alunos a observação do movimento causado na pena pela respiração. Depois

peça que os alunos aproximem a pena do nariz (cerca de 5 cm), peça que

inspirem e expirem lentamente, sem movimentar a pena. Repetir o exercício

por 7 vezes.

(COLIN, Cleyde. Curso de Técnicas de Yoga na Educação. Salvador, 2013)

Seção 1.3 Exercícios de relaxamento

O relaxamento ajuda a manter um bom nível o energético. Na sala de

aula, exercícios de relaxamento devem ser intercalados com as atividades das

diversas disciplinas que causam fadiga nos alunos. Alunos fadigados são

desinteressados, indisciplinados e, portanto, não conseguem aprender.

Yus (2002) afirma que as técnicas de relaxamento restabelecem a

conexão mente-corpo e devem ser valorizadas pela educação holística dentro

da educação do corpo.

Estes exercícios podem ser aplicados antes da

realização de uma avaliação ou momentos que antecedem

a explicação de um novo conteúdo.

Exercício 1: Os alunos permanecem sentados nas suas cadeiras e podem

debruçar-se sobre a carteira. Se houver espaço e colchonetes na sala de aula,

os alunos podem deitar-se. Ao som de uma música suave, o professor conduz

o relaxamento, lendo o roteiro abaixo.

“O pássaro de luz”

Imagine que sua consciência voa acima de você como um pássaro, um

pássaro que plana no espaço.

Ele sobe no céu, leve como um ar.

Ele se eleva indo para o sol....

Ei-lo, deslumbrante de sol, cada vez maior, cada vez mais leve, cada vez

mais transparente.

Brilhante como ouro, ele se deixa levar pela imensidão do espaço.

(Silêncio)

Suavemente, ele vai descendo e irradiando para as nuvens que lhe clareiam

e colorem.

Ele desce em direção a você, ao seu corpo bem calmo sobre a carteira.

O pássaro de luz penetra no seu interior.

Ele ilumina seu coração, seus pensamentos, seu ventre, seus braços, suas

pernas, todo seu corpo nos mínimos recantos. Você deixa sua luz se espalhar

dentro de você.

E você deixa a luz brilhar em torno de você.

Vou contar ate 5 e você vai abrir os olhos e ficar bem acordado.

Você respira.... Você respira mais forte e se estica como um gato que acorda.

(Geneviéve Manent – L’enfant et la relaxation. Ed.Le Souffle d’Or,

France,1998. Tradução: Cleyde Colin)

Exercício 2: Os alunos permanecem sentados nas suas cadeiras com os olhos

fechados. O professor conduz o relaxamento, lendo o roteiro abaixo.

Sente-se confortavelmente... Relaxe... Enquanto você relaxa, sinta seu

corpo pesado e concentre sua atenção em seus pés... Tensione os músculos por

alguns momentos... Agora relaxe... Deixe-os relaxados... Agora, preste atenção

nas pernas, sinta-as pesadas... Tensione os músculos... E agora relaxe... Agora o

estômago... Tensione os músculos por alguns momentos... e depois relaxe...

Liberte qualquer tensão... Preste atenção à sua respiração, respire

profundamente, devagar... Inspire profundamente, deixando que o ar saia

devagar... Agora tensione os músculos das costas e dos ombros... e depois

relaxe.... Tensione mãos e braços... e depois relaxe.... Mova o pescoço

suavemente... primeiro para um lado e depois para o outro...Relaxe os músculos

...Agora tensione os músculos do rosto... o maxilar.... e depois relaxe o rosto e o

maxilar... A sensação de bem-estar flui pelo corpo... Concentre-se novamente na

respiração, inspirando o ar e expirando qualquer tensão que ainda reste... Estou

relaxado... num estado de bem-estar... e pronto para estar da melhor forma.

(Kadletz, G.S. apud Tilman , 2005, p. 418)

Exercício 3. Todos ficam de pé. Verifique se os alunos podem curvar-se

para frente sem tocar nos colegas.

Quando o professor disser “Sol” (ou outro objeto que fique no céu), todos se

esticam ficando nas pontas dos pés e alongando os braços o mais alto

possível. Manter a posição por alguns segundos.

Quando o professor disser “Flor” (ou outro objeto que fique no chão), todos

relaxam o corpo. Os braços e o corpo flexionam para frente, flexionando

levemente os joelhos. O corpo fica relaxado.

Figura 4

(Nadeau, Micheline. Brincadeiras para relaxar: atividades para crianças de

5 a 12 anos. São Paulo:Ground,2009. p.68)

Seção 1.4 Exercícios de concentração

A mente é estimulada excessivamente nos tempos atuais, dificultando o

foco da atenção em determinadas atividades em sala de aula. Para Flak e

Coulon (2007), a concentração de fato apenas é possível quando se consegue

unificar as tendências dispersas da mente tendo em vista um objetivo único e

preciso. Daí a importância da realização de exercícios que possibilitem ao

aluno, um recentramento.

As salas de aulas estão repletas de alunos estressados, agressivos,

agitados, desatentos, violentos e, é nesta realidade que o professor tem que

ensinar os conteúdos de sua disciplina e alcançar seus objetivos. As técnicas e

exercícios de Ioga podem ajudar o professor a fazer com que seus alunos

encontrem um equilíbrio entre o corpo e a mente, levando-os assim a encontrar

o prazer em aprender e viver.

Estes exercícios podem ser aplicados antes da

realização de uma avaliação ou da explicação de um

conteúdo.

Os exercícios a seguir podem ser aplicados após a

aula de Educação Física ou após o recreio. Também pode

ser executado antes da realização de uma avaliação.

Exercício 1: Os alunos devem ficar em pé ao lado de suas carteiras, quando o

professor disser 1º. andar, os alunos ficam nas pontas dos pés. Quando o

professor disser térreo, os pés ficam inteiros no chão. Quando professor disser

subsolo, os alunos se agacham. O professor deve repetir as ordens

aleatoriamente. O professor pode adequar as palavras de ordem a espaços na

escola como biblioteca, secretaria, quadra de esportes conforme suas

localizações.

Exercício 2: Os alunos podem ficar em pé ou sentados. No primeiro

movimento, o braço deve estar estendido a frente, flexão do cotovelo (figura 5),

extensão do braço para cima da cabeça, extensão do braço na lateral e

finalização com braço estendido ao longo do corpo (figura 6). Os movimentos

devem ser realizados primeiro com o braço direito, depois com o esquerdo e

finalmente com os dois braços.

Figura 5

Figura 6

(COLIN, Cleide. Curso do RYE. Salvador, 2013)

Exercício 3: Os alunos deverão formar um círculo e dar as mãos. O professor

realizará movimentos que deverão ser imitados pelos alunos ao som de uma

música clássica. O professor não fala sobre os movimentos, apenas realiza. O

professor pode criar os movimentos. Exemplos de movimentos que podem ser

realizados:

Perna direita flexionada, flexiona e estender os pés. Repetir o

movimento com a perna esquerda.

Perna direita flexionada, girar o tornozelo para a direita e depois para a

esquerda. Repetir o movimento com a perna esquerda.

Gira a cabeça para a direita. Olhar para o colega da direita. Repetir para

a esquerda.

Olhar para o colega da direita e piscar. Repetir o movimento para a

esquerda.

Andar para frente, fechando a roda. Andar para trás abrindo a roda.

(COLIN, Cleyde. Curso de Técnicas de Yoga na Educação. Salvador, 2013)

Exercício 4: Pintura de Mandalas

A palavra “Mandala” vem do sânscrito, a língua constitucional da Índia,

e significa algo como círculo, centro ou segredo. Geralmente contem formas

geométricas básicas e, representa, desde os tempos mais antigos, o centro ou

a totalidade da consciência humana. Wilmes-Mielenhausen (2004) afirma que

desenhar e observar mandalas traz calma e concentração e a pintura ou

construção de mandalas representa um ritual terapêutico que transforma o

caos interior em ordem e equilíbrio.

A mandala a seguir está disponível na internet, mas o professor pode

pedir que cada aluno crie sua mandala, inclusive utilizando elementos citados

durante uma aula.

Imagem disponível em:

http://www.yogacomhistorias.com.br/2009/website/exibe_txt.asp?titulo=dicas&c

onteudo_txt=742 Acesso em 26/10/2013.

Imagem disponível em:

http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=3&start=180

A sala de aula é um espaço de convivência entre pessoas diferentes em

diversos aspectos: sociais, culturais, étnico-raciais, desempenho intelectual,

entre outros. Pérez-Serrano (2002) menciona que neste espaço a educação

para a tolerância é uma exigência e uma necessidade na sociedade atual.

O aluno precisa compreender que ele faz parte de um grupo e que,

portanto, não pode viver isolado. É necessário exercitar o trabalho em grupo

em busca da aceitação do outro. Para Flak e Coulon (2007), “a violência na

escola é um inimigo temível do espírito de ajuda mútua. As disputas entre

grupos ou simplesmente os conflitos, destroem o bom entendimento em sala

de aula. Uma atmosfera de alegria e amizade favorece a aprendizagem.”

Para Pérez-Serrano (2002) a valorização e o reconhecimento de pertencer

a um grupo requer que o indivíduo tenha ou desenvolva habilidades sociais. As

habilidades sociais referem-se a um conjunto de diretrizes de vida que

asseguram uma adequada socialização. Portanto, viver em uma sala de aula

exige a aquisição de normas de convivência que permitam uma correta vida

coletiva.

Matos e Nonato Júnior (2010) afirmam que “a não violência pode ser

trabalhada com técnicas de atividades cooperativas e que esse valor permeia o

nível de consciência espiritual através da ação, viabilizando o amor ao próximo

através dos conceitos de solidariedade, da ação integrada e coletiva, do

voluntariado e do serviço mútuo”.

Sendo assim esta unidade propõe técnicas e dinâmicas a serem

trabalhadas com alunos do ensino fundamental, séries finais com os objetivos

de melhorar a convivência; desenvolver a tolerância e aceitação do outro,

principalmente dos alunos com dificuldades de aprendizagem; colaborar para

que o ambiente na sala de aula torne-se harmonioso e acolhedor, favorecendo

o processo de ensino e aprendizagem.

Atividade 1 – Construção coletiva de uma flor de Lótus

Imagem disponível em: http://wwwnarrativasbreves.blogspot.com.br/2012/05/as-flores-e-sua-

identidade.html

O professor deve dividir a turma em pequenos grupos (4 alunos) e pedir

que cada grupo construa uma flor de Lótus utilizando massa de modelar. Antes

do início da atividade o professor deve mostrar imagens desta flor e ler o texto

sobre a simbologia da flor de Lótus.

Esta construção coletiva tem como objetivos a aceitação das idéias do

outro, a colaboração mútua para atingir um objetivo e relacionar as

características da flor de Lótus com fatos que acontecem na vida dos alunos.

(COLIN, Cleyde. Curso de Técnicas de Yoga na Educação. Salvador, 2013)

Simbologia da flor de Lótus

A flor de Lótus é uma espécie de flor aquática, com muitos significados para os

países do Oriente, especialmente o Japão, o Egito e a Índia. Ela é considerada sagrada e

um dos símbolos mais antigos e mais profundos do nosso planeta. Nos ensinamentos

do budismo e hinduísmo, a flor de lótus simboliza o nascimento divino, o crescimento

espiritual e a pureza do coração e da mente.

O significado da flor de lótus começa em suas raízes – literalmente! A flor de lótus

é um tipo de lírio d’água, cujas raízes estão fundamentadas em meio à lama e ao lodo

de lagoas e lagos. O lótus vai subindo à superfície para florescer com notável beleza. O

simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer

tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas.

Imagem disponível em: http://www.japaoemfoco.com/flor-de-lotus-significado/

O significado da flor de Lótus é de determinação e perseverança apesar da

adversidade – um lembrete para sempre acreditar em nós mesmos, não importa os

obstáculos e nem o quão escuro e tenebroso as circunstâncias possam parecer. Temos

que confiar em nós mesmos, acreditar em nossa própria beleza e bondade.

Muitas vezes nós só conseguimos enxergar o lado ruim das coisas, sendo

pessimistas, reclamando da vida, porém sem fazer nada para mudar o destino. O

segredo é seguir o exemplo da Flor de Lótus, que mesmo em meio ao lodo em que

vive, não há nada que a impeça de florescer tão bela e formidável. Portanto, devemos

deixar as mazelas de lado e se preocupar em produzir algo puro e belo, assim como a

Flor de Lótus faz diariamente e com toda a tranquilidade.

Disponível em: http://www.japaoemfoco.com/flor-de-lotus-significado/ Acesso em

30/11/13.

Atividade 2: Pintura de Mandala em grupo

Na Unidade 1, vimos que a pintura individual de mandalas desenvolve a

concentração, traz calma e equilíbrio. As mandalas também, segundo Wilmes-

Mielenhausen (2004) permitem reconhecer conflitos interiores e distúrbios do

equilíbrio emocional, e simultaneamente, mostram harmonia e concordância.

A pintura de mandalas em grupo tem como objetivos a aceitação do

trabalho do outro; dar continuidade ao trabalho iniciado por outro colega e

adaptar-se a limites propostos.

Desenvolvimento:

O professor divide a turma em grupos pequenos (4 ou 5 alunos). Cada

aluno recebe uma mandala para pintar ao som de uma música clássica,

compartilhando o lápis de cor. Quando a música é interrompida, os alunos

devem trocar suas mandalas no sentido horário. A música recomeça e a

pintura também. Neste momento os alunos estarão pintando a mandala de um

colega. Sempre que a música parar, os alunos trocam as mandalas. Ao

terminar a pintura, a mandala volta para quem iniciou sua pintura.

Ao término da pintura, o professor pode perguntar aos alunos:

Você gostou da sua mandala?

Como você se sentiu ao ter que passar sua mandala?

Como você se sentiu ao receber a mandala de outro colega para pintar?

Você continuou o trabalho do seu colega? Utilizou as mesmas cores?

Disponível em: http://cucasuperlegal.blogspot.com.br/2010/09/desenhos-para-

colorir-e-imprimir.html Acesso em 26/10/2013

Atividade 3: Conhecimento

Material necessário: bonecos estilizados ou só carinhas; canetas.

Objetivo: Destacar os valores dos alunos.

Desenvolvimento:

Cada participante receberá um boneco e uma caneta. Individualmente,

fará uma pequena reflexão sobre qual colega do grupo lhe inspira maior

admiração. Sem que o colega ao lado tome conhecimento, escrever o nome na

frente do boneco e no verso, quais valores de que ele é possuidor

(logicamente, razão pela qual é admirado).

O professor deverá recolher todos os bonecos e ir colocando-os no chão

com os nomes, para cima onde todos possam observar. Provavelmente haverá

repetição de nomes, e estes deverão ser agrupados.

Por ordem de número de votos, serão chamados um por um. Cada aluno

chamado deverá ler para os demais alunos, as qualidades transcritas no verso

do papel com seu nome e opinar se realmente possui aquelas qualidades.

Sucessivamente, todos os eleitos deverão se autoanalisar apenas baseados no

contexto das informações dos colegas.

Finalizada essa etapa deverão ser formados pequenos grupos para

debater sobre o crescimento da pessoa humana e o que impede a cada um de

possuir os valores que admira nos outros.

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.13.

Atividade 4: Degraus da sinceridade

Material necessário: Retângulos de papel com aproximadamente 20cm X 7 cm,

caneta ou lápis.

Objetivo: Autoanalisar suas condutas e valores.

Desenvolvimento:

Distribuir o papel e as canetas aos participantes, solicitando que cada

um dobre seu papel (pra frente e para trás) tendo cada dobra mais ou menos 1

cm. Marcar fortemente as mesmas.

O professor deverá demonstrar como se faz, e pedir que cada um

coloque o seu nome no centro. Desdobrado o papel, ele ficará semelhante a

uma escada com degraus acima e abaixo do nome do aluno.

Explicar que serão mencionadas várias palavras e que após uma

pequena reflexão elas deverão ser escritas nos degraus acima ou abaixo do

nome, de acordo com o grau de crescimento que sinceramente acha que

alcançou ou não. (Sugestões de palavras: solidariedade, responsabilidade,

relacionamento, justiça, verdade, organização, determinação, amor,

religiosidade, etc.)

Finalizando a primeira atividade, deverão ser formados 2 ou 3 grupos

onde o trabalho será partilhado e cada um deverá ser despertado para a

possibilidade de crescimento que possui.

Será importante avaliar se o percentual do grupo cresceu, estacionou ou

desceu.

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.15.

Atividade 5: Trabalhando o lado positivo – Inter e intrapessoal

Os objetivos desta atividade são explorar as relações interpessoais; estimular o

senso crítico do aluno e enfatizar os aspectos positivos nas relações.

Desenvolvimento:

Cada aluno deve escolher um outro aluno da sala para escrever uma

frase sobre ele. O redator do texto não deve se identificar e após a leitura dos

mesmos, abre-se o debate para tentar sua identificação. É interessante que o

professor coordene a atividade, mas não revele o nome das pessoas descritas,

evitando assim o constrangimento de alunos não mencionados.

ANTUNES, Celso. Inteligências múltiplas e seus jogos: inteligências

pessoais e inteligência existencial. Vol. 7. Petrópolis: Vozes, 2006, p. 46.

Atividade 6: O ter e o ser

Material necessário: 1 bola e etiquetas

Objetivo: Valorizar o ser humano por suas qualidades.

Desenvolvimento:

O professor forma um círculo e inicia a dinâmica lançando uma bola para

um dos alunos. Esta bola deve ser de tamanho razoável e contendo etiquetas

coladas com várias palavras como: amor, dólar, juventude, casa, megasena,

solidariedade, drogas, poder, justiça, automóvel, diploma, educação, religião,

viagem, televisão, celular, tablet, et. (todas devem ser repetidas duas ou três

vezes).

Ao recebê-la, o participante examina as palavras, retira uma etiqueta e

comenta sobre o conteúdo da mesma.

Deverá ser feita, com a participação de todos, uma avaliação sobre os

itens que foram escolhidos e sobre os comentários. Verificar se houve maior

empolgação para as etiquetas que se relacionavam com os valores materiais

ou com valores morais.

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.22.

Atividade 7: Sinceridade

Material necessário: papel, caneta, fundo musical.

Objetivo: Desenvolver a empatia e aceitação.

Desenvolvimento:

Cada aluno poderá escolher o colega com quem mais se identifica.

Formado os pares, deverão sentar frente a frente.

O professor colocará um fundo musical, e todos terão 20 minutos para

examinar seu colega, escrevendo ou esboçando o perfil físico de seu par, e,

em seguida, relatar o que acha dele como pessoa e como colega (pontos

positivos).

Não entregar o perfil, nem deixar que alguém tome conhecimento do que

escreveu.

Terminado o tempo, deverão se juntar de 3 em 3 pares e será debatido:

Como se sentiu observando o outro?

Como se sentiu sendo observado?

Você foi sincero ao escrever o perfil ou se omitiu?

Se o seu par não fosse seu amigo, o trabalho seria mais fácil?

Entregar o papel ao dono, dando alguns minutos para que leia e

comente.

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.51.

Atividade 8: Bombardeio de Recursos

Objetivos: Ressaltar as potencialidades de cada um dos participantes.

Favorecer a auto-estima.

Desenvolvimento:

Na primeira fase, o professor introduz a atividade, comentando que

todos temos qualidades, aspectos positivos e em alguns pontos podemos

ajudar os outros, mas muito de nós temos dificuldades para percebê-las e

reconhecê-las, pois temos olhos apenas para ver os defeitos ou as qualidades

negativas que têm ou acreditam ter. Neste momento, o professor escreve na

lousa palavras de reforço que podem ser aplicadas aos companheiros

posteriormente. Estas palavras devem ser sugeridas pelos alunos. Exemplos

de palavras: agradável, acolhedor, simpático, etc.

Na segunda fase os alunos distribuem-se em pequenos grupos.

Escrevem o nome de quem está ao seu lado e, durante alguns minutos,

escrevem qualidades que observam nesta pessoa. Posteriormente, a folha

passa por todo o grupo, que vais acrescentando alguma qualidade até chegar

no interessado.

Ao final da atividade, e já no grande grupo, serão chamados os

participantes que queiram, ou um em cada pequeno grupo, para ler em voz

alta a lista de virtudes que receberam. Serão feitas as seguintes perguntas:

O que o surpreendeu mais?

De que você mais gostou?

Com o que não esta de acordo?

Quais se repetiram mais vezes?

Segundo o aluno, qual a qualidade que mais valoriza?

Como se sentiu dando e recebendo feedback afetuoso e positivo?

PÉREZ-SERRANO, Glória. Educação em valores: como educar para a

democracia. 2ª.ed. Porto Alegre :Artmed, 2002, p175.

Atividade 9: Eu e o Outro

Material necessário: argila ou massa de modelar, papel, lápis, borracha,

música.

Objetivo: Desenvolver a empatia e aceitação.

Desenvolvimento:

Formar duplas. Cada participante receberá uma parte do material e ao

som de um fundo musical deverá tentar se modelar (ou desenhar).

Após alguns minutos o orientador deverá interromper a música e o

trabalho, solicitando que troquem o material, para que o colega termine a sua

modelagem e vice-versa.

Observar as atitudes. Concluído o trabalho, as obras-primas deverão ser

expostas.

Reunir grupos para os questionamentos:

Como me senti dando minha própria forma?

Aceitei que o colega terminasse meu trabalho, ou tive receio?

Como moldei meu colega? Com amor?

Como recebi o trabalho de volta?

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.55.

Atividade 10: Ver o próximo com amor

Material necessário: 2 folhas de papel e caneta.

Objetivo: Desenvolver o respeito pelo outro.

Desenvolvimento:

Os alunos deverá formar um círculo. Cada aluno receberá uma folha de

papel e deverá fazer um chapéu através de dobrada demonstrada pelo

professor. Colocar o nome na aba.

Em seguida, o chapéu será passado pelo círculo e cada um escreverá

no mesmo uma qualidade que vê no aluno, cujo nome está no chapéu. Deve

escrever apenas uma palavra, por exemplo, corajoso, humilde, descontraído,

honesto, amigo, otimista, educado, justo, persistente, etc.

O professor recolherá o chapéu e o entregará ao dono. Todos deverão

ler e comentar.

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.57.

Atividade 11: Valores e Contravalores

Material necessário: Por participante: 6 círculos brancos e 4 retângulos de

cores diferentes (vermelho, verde, azul e laranja).

Objetivo: Destacar os valores dos alunos e refletir sobre os seus contravalores.

Desenvolvimento:

Os alunos deverão formar pares. Distribuir para cada dupla, seis círculos

de papel branco onde estarão escritas qualidades como: otimista, justo,

simpático, honesto, persistente, prudente, sincero, etc. Entregar também uma

ficha vermelha com o escrito: “mais amável”; uma verde com “mais educado”;

uma azul com “mais responsável”; uma laranja com “mais sincero”. As palavras

podem ser substituídas conforme a necessidade da turma.

O professor solicitará que se examinem bem (um ao outro), escolham

dois círculos contendo as qualidades que apreciam no colega e um retângulo

contendo o que, na sua opinião, o colega precisa melhorar. Os círculos e o

retângulo deverão ser entregues ao colega.

Observe se entregam primeiro o círculo ou o retângulo.

Em seguida, todos deverão se reunir em grupos, de acordo com a cor do

retângulo que recebeu, formando assim no máximo 4 grupos.

Honesto Justo Sincero

Otimista Amável Prudente

+ amável

+ responsável + educado

+ sincero

O professor solicitará que comentem os elogios recebidos; em seguida

colocará em debate o que está no retângulo de cada grupo. Ex. grupo

vermelho – o que é ser amável? Quando deixamos de ser amáveis? O que

fazer para melhorar?

BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12

ed. Petrópolis: Vozes, 2011, p.25.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Inteligências múltiplas e seus jogos: inteligências pessoais e inteligência existencial. Vol. 7. Petrópolis: Vozes, 2006. BORGES, Leal Giovanna. Dinâmicas de grupo: Redescobrindo valores. 12 ed. Petrópolis: Vozes, 2011. COLIN, Cleyde. Curso de Técnicas de Yoga na Educação. Salvador, 2013.

FLAK, Micheline & COULON, Jacques. Yoga na Educação-Integrando corpo e mente na sala de aula. Florianópolis: Editora Comunidade do Saber, 2007. HERMÓGENES, José. Autoperfeição com Hatha Yoga: um clássico sobre saúde e qualidade de vida. 50ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2010. HERMÓGENES, José. Iniciação ao Yoga. Rio de Janeiro: Editora Record, 1984. MANENT, Geneviéve. L’enfant et la relaxation. Ed.Le Souffle d’Or:

France,1998.

MATOS, Kelma Socorro Alves Lopes de & NONATO JUNIOR, Raimundo (organizadores). Cultura de Paz, Ética e Espiritualidade. Fortaleza: Edições UFC, 2010. NADEAU, Micheline. Brincadeiras para relaxar: atividades para crianças de 5 a 12 anos. São Paulo: Ground,2009. PÉREZ-SERRANO, Glória. Educação em valores: como educar para a democracia. 2ª.ed. Porto Alegre : Artmed, 2002. TILMAN, Diane. Atividades com valores para jovens. Confluência: São Paulo, 2005. YUS, Rafael. Educação integral: uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2002. WILMES-MIELENHAUSEN, Brigitte. Onde mora a tranquilidade?: Para pais e filhos descobrirem caminhos de relaxamento e interiorização. Paulinas: São Paulo, 2004.