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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

DIÁLOGOS SOBRE IDENTIDADE, DIFERENÇA E ALTERIDADE: Delineamentos para erradicar o preconceito no ambiente escolar

Autora: Marcia Regina Pereira Ristow¹

Orientadora: Regina Aparecida Messias Guilherme²

RESUMO Considerando que os valores éticos e morais na perspectiva dos Estudos Culturais face à promoção de espaços de socialidade e afetualidade sempre foram e serão essenciais ao bom relacionamento da vida em sociedade e no convívio escolar. Porém, percebeu-se que a falta de tais valores torna difícil a convivência entre alunos, professores e direção e com isso há um grande prejuízo no processo ensino e aprendizagem onde todos perdem. O presente trabalho teve como principal objetivo proporcionar o resgate de valores éticos e morais, considerando estes como indispensáveis para dar ao aluno o direito de sonhar, ter esperança e acreditar em uma perspectiva de vida, onde haja convivência pacífica e harmoniosa no ambiente escolar. Para tanto utilizou-se atividades diversificadas como releitura de músicas, poemas, rodas de conversas de integração, valorização da vida e socialização, para alunos representantes do oitavo e nono ano do Ensino Fundamental e 1ª, 2ª e 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual São Judas Tadeu do Município de Palmeira – PR. Como resultado da intervenção pedagógica e de sua produção como um todo observou-se que se pode praticar mais os valores, ressignificando o espaço e tempo escolar através da alteridade e identidade, sensibilizando o coletivo escolar face às diferenças e preconceitos dentro de uma perspectiva filosófica, superando estranhamentos, melhorando a qualidade de vida, refletindo positivamente e diretamente no processo ensino e aprendizagem. O aporte teórico que fundamentou esta proposta esteve à luz de Abramovay, Maffesoli, Sanches, entre outros autores.

Palavras-chave: Valores. Alteridade. Superação. Estudos culturais.

1. INTRODUÇÃO

“Porém, o reconhecimento das diferenças não pode conduzir à exaltação da desigualdade, dado que a igualdade é conceito ético, relativo à dignidade coletiva; por isso, homens e mulheres, ocidentais e orientais, brancos e negros, árabes e judeus – somos todos diferentes, nunca desiguais”.

Mario Sergio Cortella

O mundo está mudando e nossa sociedade também. Isso não é novidade,

assim, o que ainda teremos que fazer será aproximar a reflexão sobre a velocidade

dessa mudança, procurando dar o melhor de cada um, não se contentando com

____________________

¹ Professora Pedagoga, PDE 2012/2013/2014 do Estado do Paraná, lotada no Colégio Estadual São Judas Tadeu, Município de Palmeira, Especialista em Magistério da Educação Básica e Educação Especial, Área Surdez: Libras. ² Professora Assistente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

o possível, mas com o melhor e essa busca pelo melhor com humildade,

exigindo também que coloquemos em dúvida nossa prática, porque se a prática que

temos no dia a dia fosse suficiente com certeza já estaríamos melhor.

E é procurando entender toda essa mudança que a erradicação do

preconceito se torna um tema em pauta em todas as áreas do conhecimento, uma

vez que, não podemos descartar o compromisso ético-profissional de todos os

sujeitos que fazem parte do currículo escolar rumo ao seu papel e responsabilidade

com a formação humana que se planifica em cada ação educativa.

Ainda nesta direção, convém aproximar as temáticas da ética e da moral a

partir dos Estudos Culturais acerca da tríade conceitual aqui delimitada a partir da

identidade, diferença e alteridade. Estes tópicos são os desencadeadores dos

enfrentamentos disciplinares e da erradicação do preconceito nas relações humanas

exercidas no cotidiano do Colégio Estadual São Judas Tadeu³ – Ensino

Fundamental e Médio.

Objetivamos direcionar os valores morais como fonte geradora de paz,

segurança, dignidade e evolução social, sensibilizando os(as) alunos(as) em relação

à importância da boa convivência, criando um ambiente agradável em sala de aula.

Dessa forma procuramos oportunizar a vivência de valores, resolvendo seus

conflitos sem violência e respeitando as diferenças, percebendo a importância do

outro na nossa vida, face ao respeito e ao entendimento da alteridade na sociedade.

Foi trabalhado a importância do diálogo como fonte transformadora da

sociedade e mediante a superação do estranhamento gerado nas relações sociais e

definidas pelo preconceito, capacitando o(a) aluno(a) para o desenvolvimento da

consciência da importância de sua participação social para o exercício pleno da

cidadania, buscando promover a solidariedade e a sensibilidade nas relações

interpessoais pedagógicas e culturais estabelecidas e iniciadas a partir da escola.

Para configurar esta pesquisa a partir da importância do diálogo é que foram

apontados três delineamentos sobre identidade, diferença e alteridade. De forma

que no primeiro item procuramos revitalizar os princípios éticos e morais, tendo por

__________________

³ Colégio Estadual São Judas Tadeu- Ensino Fundamental e Médio, situado a Av.7 de Abril, 831, Centro, Palmeira PR. CEP 84130-000Telefone(42) 3252 3436. Email: [email protected] Porte IV com 748 alunos, 1 Diretora, 5 Pedagogas, 22 funcionárias e 68 professores.

natureza uma referência filosófica para ressignificar o currículo vivido.

Já para o segundo delineamento estão apontados os enfrentamentos

pedagógicos para a superação de estranhamentos e preconceitos que se

estigmatizam no ambiente escolar. No terceiro item, quanto aos indicativos para a

solidariedade e a sensibilidade nos espaços de convivência, arrolamos o potencial

das participações docentes, uma vez que estes por ocasião do Grupo de Trabalho

em Rede (GTR) deram suas análises e contribuições, as quais se manifestam em

integração aos posicionamentos dos alunos que estiveram integrados como

multiplicadores em suas turmas com as reflexões geradas.

2. Revitalizando princípios éticos e morais: uma experiência filosófica no ambiente educacional como um todo.

A complexidade do cotidiano escolar que tanto se discute em nossos dias,

não é absolutamente nova. A História da Educação sempre esteve repleta de

períodos cruciais nos quais se tornou evidente que os pressupostos e estratégias

possam ser ressignificados e em aparência confiáveis, pois estavam perdendo

contato com a realidade precisando serem revistos ou reformados.

Os desafios do nosso tempo impõem uma dura realidade à própria essência

da ideia de educação. Eles põem em xeque os “invariantes” pedagógicos,

considerando suas características constitutivas e seus pressupostos nunca antes

criticados ou examinados por terem seguido seu curso e precisando de substituição.

Segundo Bauman (2001, p.149), “O advento da instantaneidade conduz a

cultura e a éticas humanas a um território não mapeado e inexplorado, onde a

maioria dos hábitos aprendidos para lidar com os afazeres da vida perdeu sua

utilidade e sentido”.

Atualmente as discussões sobre educação estão colocando várias questões

que mostram alguns problemas que não podem mais serem deixados de lado

quando se consideram os rumos da educação brasileira.

Todos dizem que a educação é fundamental para o desenvolvimento do ser

humano e, consequentemente, do nosso país, mas isso fica apenas no discurso

quando se depara com a realidade escolar, pois constatamos sim que a escola está

em agrura como aponta ALGEBAILE (2009, p.69) quando cita que:

A ideia de “crise da escola”, hoje tão presente no Brasil, não é nova. Aparece, com grande variedade de sentidos, em momentos diversos do debate educacional, em outros contextos e sociedades, sinalizando inúmeras ordens de questões que abrem importantes perspectivas de discussão sobre a problemática contemporânea da escola. Trata-se, nesse caso, de análises que podem tanto aderir à idéia de crise, postulando sua validade explicativa para o entendimento dos impasses contemporâneos dessa instituição, como apenas dialogar com essa idéia, assinalando seus limites e omissões.

São muitas as dificuldades pelas quais a escola passa atualmente, pois

percebemos o estado reinante de falta de compromisso com tudo e com todos,

indicando um sombrio quadro de pessimismo e de descalabro institucional. Segundo

ABRAMOVAY (2004, p. 25),

A escola pública se constitui em um campo vasto, plural e diversificado, marcado por uma série de dificuldades, ancoradas, principalmente, nas precárias condições educacionais. No entanto, ao lado dessa realidade complexa, própria de uma instituição que reúne diferentes dimensões do campo social, observam-se práticas, soluções e respostas inesperadas que buscam construir outro tipo de história, longe daquelas que reproduzem o fracasso e a descrença na construção de uma Cultura de Paz.

Por esse caminho temos exemplos de ações desenvolvidas por escolas

inovadoras que apontam que é possível a implantação concreta de uma política

pública voltada para as reais necessidades da escola pública, tanto para a

prevenção e o enfrentamento da violência, quanto para a melhoria das condições de

acesso, permanência e de sucesso na escola.

Assim, a perspectiva de Estudos Culturais estará alicerçando a presente

investigação, que contempla a articulação entre os conceitos de identidade e

diferença como desencadeadores das relações sociais e pedagógicas presentes na

escola e estarão redimensionando as práticas educativas e as percepções sobre a

alteridade. Conforme JOHNSON (2006, p. 51 e 52),

... as práticas dos Estudos Culturais devem ser vistas no interior deste contexto. Quer tomem como seu principal objeto os conhecimentos públicos mais abstratos e suas lógicas e definições subjacentes, quer investiguem o domínio privado da cultura, os Estudos culturais estão necessariamente e profundamente implicados em relações de poder. Eles são parte dos próprios circuitos que buscam descrever. Eles podem, tal como os conhecimentos acadêmicos e profissionais, policiar a relação entre o público e o privado ou eles podem criticá-la. Eles podem estar envolvidos na vigilância da subjetividade dos grupos subordinados ou nas lutas para representá-los mais adequadamente do que antes. Eles podem se tornar parte do problema ou parte da solução. É por isso, que, à medida que nos voltamos para as formas particulares de Estudos Culturais, nós precisamos fazer perguntas não apenas sobre objetos, teorias e métodos, mas também sobre os limites e os potenciais políticos das diferentes posições em torno do circuito.

Desde o início da criação das escolas propriamente ditas, sempre existiram

casos de violência e indisciplina, porém nas últimas décadas houve um aumento

significativo da ocorrência de tais fenômenos na educação brasileira, o que se

tornou objeto de preocupação, de maneira mais aguda nos últimos tempos conforme

SILVA (2004, p.19) quando afirma que:

... os fenômenos da indisciplina e da violência nas escolas estão relacionados, dentre outros, à quase absoluta consideração de regras e valores morais privados (fidelidade aos amigos, por exemplo) e ligados à glória (beleza, força física, prestígio social e status financeiro) em detrimento ou pela banalização dos valores morais públicos (justiça, honestidade, respeito mútuo).

Nesse quadro tão amplo, buscamos explicações sobre as causas da violência

e indisciplina escolar e percebemos que a literatura sobre o tema associa os atos de

violência e indisciplina a fatores externos e/ou internos.

Ajustando a ideia da violência HUTNYK, tradução de Fábio Ribeiro (2011,

p.203) afirma que “É a imbricação cruzada entre interesses, políticas e práticas que

fortalece os estudos culturais e oferece a possibilidade de relevância”.

A fim de entender melhor esse assunto analisaremos alguns desses fatores,

pois de acordo com MATTELART e NEVEU (2004, p.147 e 148),

“A expansão dos Estudos Culturais é mais que espacial, é também temática. A dinâmica da pesquisa gerou logo a integração de novos objetos: etnicidade, gênero, comportamentos sexuais, gerações. A crescente sensibilidade à diversidade de traços sociais dos indivíduos logicamente levou a questionamentos sobre as identidades, a subjetividade.

A descontrolada influência que os meios de comunicação de massa exercem

cada vez mais espaços com a família, escola e outras instituições socializadoras na

educação das crianças e adolescentes e por intermédio destes meios de

comunicação as crianças e adolescentes estão tendo suas cabeças “formatadas”

para agir guiadas por determinadas culturas como, por exemplo, a da imagem que

tem dado “plantão” em todas as esferas da vida cotidiana.

Sobre esse assunto SILVA (2004, p.78) afirma que:

... a influência dos meios de comunicação de massa é uma espécie de pensar que só admite duas alternativas. Por exemplo, se é bonito ou feio, alto ou baixo, bom ou mau, elegante ou deselegante, certo ou errado. ...Os meios de comunicação, ao agirem dessa forma, acabam por criar um tipo de estrutura de pensar que só admite duas possibilidades ou duas maneiras de se olhar sobre determinado aspecto e, então, diante de situações polêmicas, o sujeito acaba optando por extremos que não fazem bem a ninguém, sobretudo na democracia.

Tendo uma ideia da sua influência, até bem pouco tempo vivíamos num Brasil

com hiperinflação, sendo necessário proteger o dinheiro contra a perda do seu valor

aquisitivo e com isso surgiram inúmeras novas estratégias para essa proteção e as

pessoas não mediram esforços desrespeitando e atropelando os valores morais, até

então consagrados em nossa cultura, como a ajuda ao próximo e o cumprimento de

acordos assumidos.

A solidariedade, a generosidade e a honradez foram deixadas de lado e deu-

se lugar ao individualismo. Como endossa MAFFESOLI (2007, p. 107)

É mais fácil romper um átomo que um preconceito, dizia Einstein. Se existe um que resiste galhardamente, com efeito, é o que faz do individualismo a peça central da arquitetônica social. E no entanto, tudo contribui, empiricamente, para provar o contrário. Mas a denegação reina soberana. Empiricamente, disse eu, como ficava evidente no tribalismo pós-moderno. Muitas coisas começam a ser ditas a este respeito. Uma expressão pode resumi-las idealmente: a osmose com a alteridade. É uma espécie de distanciamento em relação à identidade. Uma forma de disponibilidade para o outro. Uma predisposição para a partilha das emoções. Em suma, uma abertura da fortaleza intangível, esse castelo da alma no qual todos eram emparedados; ponto fixo na busca da perfeição individual. Os tempos são de “deixar-ser”, dando ênfase à labilidade das coisas, à vacuidade das instituições aparentemente mais sólidas.

Neste sentido, as pessoas não conseguem sentirem-se pertencentes a um

lugar, a uma comunidade específica e a frustração tomou lugar na maioria dos lares

brasileiros e os problemas de violência só aumentaram em diferentes terrenos,

sejam eles: sexual, musical, lúdico ou mesmo financeiro, por não conseguir garantir

minimamente a sobrevivência da família, sonhar com a melhoria financeira e

perceber que tal sonho é mera fantasia, irrealizável, não conseguir emprego, estudar

para um emprego e quando conseguir ver que tal estudo é desprezado.

Face ao exposto é importante ressaltar que o fator econômico não é o único

responsável pela violência e indisciplina instauradas, pois segundo SILVA (2004, p.

139, 140) qualquer tipo de carência pode ser produtor de violência e indisciplina,

assim, carência afetiva, de cidadania e de modelos determinam que:

...estudar e não se sair bem nas avaliações (quase sempre provas sem consulta e cheias de pegadinhas); ter namorado (a) e ver-se frustrado na concretização de seus intentos, seja porque é pobre, negro (e mais atualmente, até por ser branco), estar “fora de moda” (não ser fashion), ser fraco fisicamente e/ou virtuoso, isto é, priorizar valores morais (como generosidade, justiça e respeito), em detrimento aos valores ligados à glória (beleza e força física, por exemplo), ser ou estar esteticamente fora dos padrões valorizados e considerados normais pela mídia (obeso, baixo e/ou alto); tentar ser reconhecido como alguém de valor no grupo que deseja pertencer e não ser visto desta forma.

No âmbito dessa discussão fica claro que, é na escola a segunda chance

educativa antes de irem para o meio social e aí sofrerem as sanções da sociedade

que são mais severas que os procedimentos da escola.

Lamentavelmente as situações de diversos tipos de carência e frustrações

enfrentadas por crianças e jovens acabam em atos de violência e indisciplina

negando ou esquecendo-se de qualquer outro tipo de valores. Dentro da escola

SILVA (2009, p. 73) afirma que:

Na perspectiva da diversidade, a criança e a identidade tendem a ser naturalizadas, cristalizadas, essencializadas. São tomadas como dados ou fatos da vida social diante dos quais se devem tomar posição. Em geral, a posição socialmente aceita e pedagogicamente recomendada é de respeito e tolerância para com a diversidade e a diferença.

Neste sentido estamos entendendo tolerância à luz de COSTA (2007, p. 67)

que assevera:

Logo, a tolerância se apresenta como uma virtude individual dirigida ao outro, ao mesmo tempo em que é uma exigência própria de cada indivíduo em particular e do estado como um todo, para que se viabilize a coexistência pacífica dentro da sociedade, extirpando os comportamentos discriminatórios fruto de tempos imemoriais e que não possuem uma base racional de sustentação.

Cabe lembrar que estamos em um momento de transição de paradigmas que

solicita uma maior abertura por parte dos que lidam com a pesquisa científica e a

educação, a forma simples de pensar e analisar a realidade já não satisfaz as

necessidades da modernidade tardia.

.

3. Enfrentamentos pedagógicos: Caminhos para a superação de

estranhamentos e preconceitos.

Num contexto de pluralismo social, temos que pensar em como educar nos

dias de hoje, já que o que importa são imagens e rapidez. Como educadores vemos

a dificuldade de nosso trabalho, mas também se não fosse assim, com certeza essa

profissão poderia ser descartada com facilidade.

Outro problema a ser enfrentado diz respeito a indisciplina e a violência tanto

quanto sua impunidade. Com o grande aumento da ocorrência de situações reais e

virtuais e como a maneira que são apresentados pelos meios de comunicação de

massa: a real é transmitida na forma de espetáculo, o que não sensibiliza ninguém,

todos param para vê-la e a virtual é com um grau de realismo que faz com que seja

confundida com o real, como que se alguém pudesse atirar em alguém e depois de

algum tempo esse alguém voltasse a viver como num jogo.

Ao contrário, os meios de comunicação de massa têm contribuído para

banalização desse fenômeno, pois muitas pessoas atribuem ao uso da violência

como único meio para a resolução de seus conflitos interpessoais esquecendo-se

completamente da capacidade de dialogar e é nesse enfoque que a escola precisa,

pode e deve auxiliar de maneira considerável.

Por essa razão ABRAMOVAY (2004, p.96-97) cita:

O exercício do diálogo assume importante papel nas escolas inovadoras, tornando-se, possivelmente, instrumento político essencial a uma reestruturação de suas práticas cotidianas. O diálogo cria a possibilidade de se estabelecerem relações de amizade entre alunos e professores, a partir da descoberta do que pensa e de como vive o grupo. Possibilita, também, conhecer e compartilhar novos olhares e atitudes sobre o tema em discussão que, numa perspectiva de formação, vai repercutir na vida dos sujeitos envolvidos. Sem, dúvida, é também o exercício do diálogo fator decisivo no processo de transformação da escola em instância de pertencimento e identidade... Quando o diálogo passa a ser mais valorizado dentro da escola, as hierarquias existentes, consequentemente, deixam de se configurar como empecilhos entre aqueles que convivem a maior parte do tempo juntos no espaço escolar.

Na verdade, quando se fala que há diálogo na comunidade escolar, há

também abertura para sugestões de alunos, professores, funcionários e, portanto,

mudanças no ambiente escolar para melhor.

A mediação da gestão tendo em vista a possibilidade de trazer o diálogo à

tona, conhecer experiências, atribuir valor ao que o outro pensa e faz, instigar e

estar aberto a novas propostas deverão ser práticas comuns entre direção, alunos e

professores. No contexto brasileiro vivemos um processo de democracia recente e

conforme ARAÚJO (2002, p.50-51):

A construção dos conhecimentos pressupõe aqui um sujeito ativo, que participa de maneira intensa e reflexiva das aulas. Um sujeito que constrói sua inteligência e sua personalidade por meio do diálogo estabelecido com seus pares, com os professores e com a cultura, na própria realidade cotidiana do mundo em que vive... Dessa maneira, paralelamente à reestruturação curricular, um projeto educativo que almeje a construção de personalidades morais autônomas e críticas deve prever maneiras de trabalhar o conhecimento privilegiando o desenvolvimento da competência dialógica e reflexiva dos educandos, ao mesmo tempo que buscando estratégias que tenham como pressuposto levar alunos e alunas a tomar consciência de seus próprios sentimentos e emoções.

Diante do exposto, pensar em alguns encaminhamentos pedagógicos como

professores tornando-se necessário a capacitação pedagógica, bem como a

orientação psicopedagógica e a assistência psicológica. Desta forma cabe oferecer

condições para que os professores aprendam ou relembrem conteúdos

pedagógicos, filosóficos, metodológicos e relacionados ao desenvolvimento humano,

necessários ao exercício da profissão, para que possam ir ao encontro do aluno

sendo seu guia e oferecendo condições para a ocorrência do desenvolvimento

cognitivo, afetivo e moral do educando.

Outro encaminhamento pedagógico de suma importância está em ofertar um

bom clima escolar, onde ABRAMOVAY (2004, p. 93) diz que são características do

clima escolar o tipo de relações interpessoais, a coesão dos integrantes, seu grau de

implicação na tarefa e o apoio recebido no trabalho:

É, no entanto, na abertura e no respeito que se caracterizam as relações mantidas pela “equipe” da escola com os alunos, que parece residir um dos mais importantes componentes do bom clima escolar, por conseguinte, da possibilidade de se reduzirem o conflito e a violência na escola. Não há dúvida de que o investimento na sociabilidade está presente nos estabelecimentos caracterizados por um bom clima...

Também como encaminhamento pedagógico está o priorizar valores morais e

éticos para as crianças e adolescentes, pois estes se desenvolvem com

responsabilidade e começam bem cedo, quando a criança faz o que é capaz de

fazer.

Quem tem ética respeita tanto o outro como a si mesmo. Do exposto, REALE

(1991, p. 66) conceitua moral como:

O homem realiza a sua função moral de modo pleno entrando em relação com os outros homens. Exatamente para tornar-se plenamente homem, cada homem tem necessidade dos outros homens. A necessidade de existirem muitos homens ( a “dedução” da multiplicidade de eus empíricos) é, portanto, fundamentada por Fichte na consideração de que o homem tem o dever de ser plenamente homem, o que só se realiza existindo muitos homens.

Diante do exposto, como encaminhamento pedagógico articulador está a

valorização do aluno, do professor e da escola como um todo, onde se percebe a

importância da construção de mecanismos de valorização no sentido de resgate de

suas identidades.

As Diretrizes Curriculares Estaduais expressas em PARANÁ (2007), a

educação deve procurar formar indivíduos que tenham suas condutas guiadas por

valores alicerçados na dignidade do ser humano.

Isto implica o desenvolvimento de valores éticos e morais, como a justiça, o

respeito mútuo, a solidariedade (generosidade) e o diálogo. Nesse sentido REALE

(1991, P. 332) descreve ética como:

Os princípios éticos, as normas e obrigações morais são instrumentos de sempre melhor adaptação do homem às condições de vida. E a evolução, acumulando e transmitindo por hereditariedade experiências e esquemas de comportamento, fornece ao indivíduo, a priori morais que, precisamente, são a priori para o indivíduo, mas a posteriori para a espécie. E, assim como alguns comportamentos essenciais para a sobrevivência da espécie (proteger a própria mulher, educar os filhos, etc.) já não tem o peso da obrigação, o mesmo também acontecerá com os outros “deveres” morais no progresso da evolução: “As ações mais elevadas, requeridas para o desenvolvimento harmônico da vida serão fatos tão comuns como hoje o são as ações inferiores as quais nos impele o simples desejo”.

Na verdade a questão é que para a ocorrência do processo educativo

satisfatório e de qualidade, torna-se fundamental ser resistente à insatisfação, aos

contratempos e aos erros cometidos, para que nossos olhares não se pautem de

formas justapostas, mas sim, em sintonia e em prol das relações e cultura da paz, da

solidariedade e dos ideais e direitos humanos postados na convivência vinculada ao

ideário da alteridade.

4. Indicativos para a solidariedade e a sensibilidade nos espaços de

convivência do Colégio Estadual São Judas Tadeu de Palmeira do Estado do

Paraná.

Neste ambiente escolar as materializações das estratégias de ação se

fizeram necessárias como decorrência dos estudos em educação, objetivando a

participação dos(as) alunos(as) na delimitação do tema “preconceitos”, como ainda

na identificação das suas percepções face às situações vividas e geradoras de

preconceito em sala de aula, na escola, ou em seu entorno, tendo em vista a

erradicação de todo e qualquer preconceito como meta desencadeadora desta

investigação.

Como alicerce epistemológico desta pesquisa partimos inicialmente pelo

desafio da interdisciplinaridade, tão almejada nos meios acadêmicos. Para tanto,

nesta produção foi propiciada a integração entre as áreas de Pedagogia, Ciências,

Biologia e História, pois contamos com a participação de três professoras

PDE/2012/2013, que ora implementaram seus projetos, mesmo que, em momentos

distintos e à luz de ações integradas à temática da inclusão social, dos estudos

culturais, da genética, da saúde e da qualidade de vida.

Assim, procuramos contribuir a partir da compreensão da área de Pedagogia

com a erradicação do preconceito ao mesmo tempo em que foi mobilizado o coletivo

pedagógico em torno da Educação Étnicorracial e do estudo genético sobre a

Incidência ao Alcoolismo, tendo como perspectiva de análise os Estudos Culturais.

A articulação docente a partir destas três áreas de atuação, ora manifestada

pela participação em Pedagogia, em Ciências e Biologia e em História, demonstrou

nosso compromisso ético com uma parcela do conhecimento, que nas mediações

pedagógicas que exercemos se planifica nossa responsabilidade social, ética e

profissional frente a uma produção didático-pedagógica que procurou contribuir com

a inclusão social na escola pública.

Para delinearmos o trajeto percorrido ao longo de 2012 até alcançarmos as

probidades da presente produção, ora manifestada neste artigo, cabe os indicativos

de que no interior do Colégio Estadual São Judas Tadeu percebemos que os alunos

tinham preconceitos em suas falas e atitudes para com os colegas ou situações que

vivenciavam.

Desta forma, no dia a dia da escola nasceu o mapeamento pedagógico em

reuniões que deu referência para os alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental

e as três séries do Ensino Médio.

O projeto de intervenção sediou todo o levantamento das alternativas e,

assim, percorremos por três possibilidades durante a implementação dos projetos

pedagógicos para a efetivação da erradicação do preconceito velado, explícito ou

inconsciente nas práticas do cotidiano vivido em nosso colégio.

Iniciei com o convite aos alunos para virem no contraturno participarem de um

projeto diferente “Seja Diferente: Faça a Diferença!” Combinamos de nos encontrar

oito segundas-feiras sempre às 13h e 30 min para a execução das ações.

Percebe-se que durante os encontros, no decorrer das atividades que

realizávamos, os alunos começaram a achegarem mais, ter confiança, contar

experiências próprias, criar um vínculo de amizade e demonstravam interesse nas

atividades, sendo bastante receptivos.

Durante a atividade “Educando através de Fábulas: O gato e o rato”,

considerando que o que chamou a atenção ao longo de toda a intervenção foi a

questão da grande maioria dos alunos não se importar com o que vai acontecer ao

próximo, desde que eles não estejam envolvidos no problema. Assim trabalhou-se

sobre a questão de que mesmo o problema não sendo meu, não posso ficar

indiferente às situações da vida, devo fazer minha parte e solicitar ajuda sempre que

necessário a quem está ao meu lado. Isto é solidariedade (não a ideia de dar

alguma coisa quando pedem) como um aluno relatou o que é solidariedade e ao

final sempre trazíamos nossas conclusões para o interior de nosso colégio, de que

forma devemos ajudar nossos colegas?

E as respostas sempre positivas. Enfim, os resultados obtidos na

implementação do projeto foram bastante significativos, pois pudemos vivenciar

momentos riquíssimos de discussão coletiva, onde cada participante expôs suas

ideias sem medo de errar, ouvir a opinião do colega, refletindo, criticando e

questionando.

Um demonstrativo de mudança de olhares face ao preconceito justificou a

intencionalidade do projeto, que se apresentou como condição para redefinir o clima

escolar mediante a participação coletiva nos espaços de afetação das relações de

pertencimento.

Como feedback que se instaura, ainda o olhar docente, que se deflagra ao

longo do fechamento avaliativo de toda caminhada vivida a partir do projeto

“Dialogando sobre identidade e diferença na perspectiva dos Estudos Culturais” vem

se tornar um compromisso que não se finda, mas que se baliza em todo o ideário

projetado e planejado desde os Planos de Trabalho Docente (PTD), até a Proposta

Curricular, alcançando o Projeto Político Pedagógico como forma de renovar a cada

recomeçar.

Assim ancoramos nossas representações a partir do significado atribuído por

alguns professores que manifestando seu valor, aqui os elencamos como

demonstrativo do ideário posto para erradicar o preconceito do ambiente escolar.

Uma vez que foi possível observar o cotidiano vivido mediante a temática aqui

delineada. Neste sentido, colhemos os seguintes discursos docentes, os quais

ampliam a demonstração dos resultados obtidos nesta produção, que se respalda

como:

Professor A: “O presente projeto tem significativa relevância no âmbito escolar

porque um dos problemas mais frequentes na escola é a indisciplina que advêm da

intolerância, da falta de diálogo e respeito para com o próximo. Essa problemática

interfere diretamente no rendimento escolar dos alunos.

A reflexão e a identificação dos preconceitos existentes no ambiente escolar

proporcionará uma tomada de consciência sobre atitudes e ações colaborando na

definição de diretrizes que ajudem a solucionar conflitos”.

Professor B - “Ao entrar no ambiente escolar e analisar o cotidiano, percebem-

se muitos desafios a serem superados. Pode-se partir da importância dos

conhecimentos que devem ser passados, como quais seriam os conteúdos

relevantes, como estes deveriam ser transmitidos, ou quais seriam as principais

propostas pedagógicas que ajudariam no refletir e agir.

Este primeiro caminho levará a outro desafio, que juntamente com esta

bagagem cultural e de conhecimento que o educando adquire na escola, haverá a

necessidade do resgate ou da promoção de valores éticos e morais, como descreve

a professora Marcia Regina Pereira Ristow em seu projeto, pois os nossos jovens

devem ter o direito a uma perspectiva harmoniosa da vida”.

Professor C - “Cabe dessa maneira o papel do educador consciente da

situação que reconheça a natureza desses sujeitos respeitando conceitos. Como

propõe Aristóteles, somos animais sociais, não somos seres isolados, cada ser deve

viver em função de outro sabendo que partilhamos nossa relação diante de uma

realidade coletiva de mundo. É aí que entra e interatividade, a afetividade, a

amizade com eles, a conversa diária. É importante saber usar a racionalidade

ponderando as emoções, bem como o lado instintivo que todo ser humano carrega

consigo próprio. O bom relacionamento educador e aluno proporcionam-lhes a

autoestima e o reconhecimento de valores”.

Para balizar as reflexões decorrentes de toda a implementação pedagógica é

que, aproximamos por amostragem os indicativos obtidos na coleta de dados da

presente pesquisa, que se instaurou mediante o percurso das participações dos

professores que apostaram na presente proposta a partir do Grupo de Trabalho em

Rede (GTR) e, para tanto, convém registrarmos suas valiosas contribuições:

Professor A - “A escola se configura como uma possibilidade de trabalhar

questões que envolvem as discussões e vivências éticas do Homem. Assim não há

como dissociar educação à formação humana, e dessa forma acredita-se que

somente pela educação não há como considerar como " a redentora da sociedade",

como bem afirmava Paulo Freire. É necessário um engajamento e comprometimento

de todos. E ai se insere a família, as instituições religiosas, etc.

Falar da cultura da paz, onde se respeite e se saiba conviver com as

diferenças se tornou algo latente, visto que existem leis que punem severamente

àqueles que desrespeitam esses direitos e a própria indignação da sociedade em

torno desses fatos.

Há de se convir que por muitos anos, essas lutas não se configuraram como

algo legal, não havendo legislação específica para tal. Essa conquista foi devido às

vozes dos oprimidos e à resistência de alguns que embora precisassem ficar

calados, por conta da opressão, ergueram suas vozes e se fez "dar um basta" às

questões envolvendo sobretudo o preconceito e a discriminação”

Professor B – “Creio que consciência não se forma da noite para o dia,

embora haja leis punindo os desrespeitos, ainda há os que não levam em

consideração esses determinantes.

Conviver no diálogo para a conquista da paz e da igualdade é um aspecto

que deve ser levado para a sala de aula e para a discussão com as crianças,

adolescentes e jovens, mas também é necessário dialogar com as famílias para que

as mesmas possam qualificar o trabalho que a escola realiza.

Nesse sentido, não penso ser utopia pensar numa sociedade justa e

igualitária, mas devemos lutar, e muito, para que esse pensamento se faça

realmente prática e realidade no nosso cotidiano. Assim, o projeto é de grande valia

e se faz necessário em qualquer escola - pública ou não, de qualquer federação,

pois vem reafirmar o sentido de que a escola deve também se preocupar com a

formação humana”.

Enquanto que, ao planificarmos os olhares discentes foi possível detectar que

eles se sentiram verdadeiramente como sujeitos sociais da pesquisa em construção,

de tal forma que potencializaram a concretização dos objetivos propostos de forma

perene ao ponto de deixar como registro a necessidade desta temática ser

aproveitada como projeto nuclear e contínuo do Colégio Estadual São Judas Tadeu.

Neste sentido aproveitamos para abrilhantar esta análise com suas reflexões,

ei-las:

Aluno A - “A idéia foi ótima, pois em pleno século 21 ainda existe o

preconceito e o bullying, precisamos acordar para a igualdade, pois somos iguais,

mas nossas mentes andam em diferentes caminhos. Aquele que pensa sem parar,

aprende a parar para pensar.!”

Aluno B - “O projeto “Seja diferente, faça a diferença!” foi uma ótima

oportunidade para todos nós da escola, teve vários resultados positivos: nos ajudou

a sermos mais responsáveis, companheiros, amigos, a não faltarmos com respeito

com os colegas, aumentou minha auto estima. E o preconceito com alguns alunos

diminuiu muito, gostaria de poder continuar a participar deste projeto e também que

outros alunos participem para repensarem suas atitudes. Isso seria excelente.

Obrigada!

Aluno C – “Em relação aos valores humanos, eu achei muito importante, pois

é uma coisa para levarmos para a vida inteira como respeito ao próximo,

solidariedade, valores agregados, entre outros, esse projeto foi muito bom pois nos

ensinou um pouco mais sobre nossa vida, como devemos agir para com o próximo e

também para que no futuro possamos ser pessoas melhores.”

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A instituição educativa é reflexo da sociedade em que vivemos com seus

problemas e com sua beleza e é também um espaço social privilegiado nas

construções do conhecimento científico, histórico e humano. Não há como refletir

sobre o saber se não houver a relação entre as pessoas, bem como se não existir

um desafio constante, ou ainda, uma problematização a ser resolvida. E é na relação

que os valores tornam-se relevantes.

Nesta direção aproveitamos para respaldar nossas ponderações finais à luz

do que PRYSTHON (2011, p.80 apud SANCHES, 2011) aborda sobre os Estudos

Culturais, pois estes desencadeiam todas as nossas reflexões, vindo a se constituir

como a esteira na qual pousamos o diálogo intercultural para o qual projetamos

todas as considerações aqui remetidas para o coletivo escolar de uma escola

pública, e:

Assim, os descentramentos da sociedade contemporânea vão tendo, naturalmente, um forte impacto na maneira como se vive, se pensa e se constrói a noção de diálogo intercultural. São complexos processos de “realinhamentos de fronteiras” que afetam profundamente não apenas a produção cultural contemporânea, mas a forma de pensá-la, de analisá-la e catalogá-la.

Isto porque entendemos os Estudos Culturais como sendo uma possibilidade

interdisciplinar de aproximação com temas essenciais para chamar a atenção de

nossa comunidade escolar frente às suas inserções nos atuais problemas com

indisciplina, violência, alcoolismo e preconceito como geradores da evasão, do

abandono escolar, da reprovação e da ausência de valores de pertencimento na

comunidade escolar, pois estamos vivendo o que o sociólogo polonês, Zygmunt

Bauman já denominou de Modernidade Líquida, onde a fluidez dos conceitos se faz

presente.

Todo o trabalho se pautou a partir da revitalização dos princípios éticos e

morais no ambiente educacional como um todo. Neste sentido, a proposta se

consolidou mediante a busca de respostas pedagógicas aos enfrentamentos éticos e

morais face à superação de estranhamentos e preconceitos e, como isto, vem se

dando nas relações interpessoais na escola e em seu entorno.

Ao longo das atividades desenvolvidas, perante a formação de valores

integrando com os conteúdos e práticas diárias, foi possível perceber a necessidade

da escola de hoje ter um olhar para a cultura da paz.

Nesta direção estão arrolados os indicativos pedagógicos planificados desde

o projeto de intervenção pedagógica que incide sobre diálogos interculturais como

possibilidades e desafios para a atual conjuntura educacional, o que fica lançado

como sementes desta análise.

Além disso, concordamos com CORTELLA (2014, p. 73) quando afirma que

“Compreender é diferente de aceitar, mas aceitar ou rejeitar antes de ter

compreendido é puro preconceito e isso a escola não pode dar guarida”. É esse

nosso papel como docentes, aprendendo nas diferenças junto com nossos alunos,

contribuindo para um mundo mais fraterno e mais eficiente.

4. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Mirian et allii. Escolas inovadoras: experiências bem-sucedidas em escolas públicas. Brasília: UNESCO, Ministério da Educação, 2004. ALGEBAILE, Eveline. Escola Pública e pobreza no Brasil: a ampliação para menos. Rio de Janeiro: Lamparina, Faperj, 2009.

ARAÚJO, Ulisses F. A construção de escolas democráticas: histórias sobre complexidade, mudanças e resistências. São Paulo: Moderna, 2002. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida/ Zygmund Bauman; tradução, Plínio Dentzien – Rio de Janeiro: Zahar, 2001. CORTELLA, Mario Sergio. Pensatas pedagógicas: nós e a escola: agonias e alegrias. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. COSTA, Igor Sporch da. Igualdade na diferença e tolerância. Viçosa: Ed. UFV, 2007 MAFFESOLI, Michel. O ritmo da vida: variações sobre o imaginário pós-moderno.

Rio de Janeiro: Record,, 2007. MATTELART, Armand.; NEVEU, Érik. Introdução aos Estudos Culturais. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. PARANÁ, DCE, Diretrizes Curriculares Estaduais, Curitiba: SEED, 2007. SANCHES, Tatiana Amendola. Estudos Culturais: Uma abordagem prática / Tatiana Amendola Sanches, organizadora. São Paulo: Editora Senac, 2011. SILVA, Nelson Pedro. Ética, indisciplina & violência nas escolas. 3ª ed. Vozes, 2004. SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais/Tomaz Tadeu da Silva (org). Stuart, Hall, Kathryn Woodward. 9 ed – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. SILVA, Tomaz Tadeu da. et al. O que é, afinal, Estudos Culturais? Organização e tradução de Tomaz Tadeu da Silva – 3. Ed. 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. 240 p.