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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE BRIÓFITAS

Shirlei Aparecida Vieira¹ Márcio Akio Ohira²

Resumo: O presente artigo é a apresentação do processo de implementação, desenvolvimento e análise dos resultados da “sequência didática para o ensino de briófitas” que teve como objetivo proporcionar uma abordagem diferenciada utilizando uma sequência didática para introduzir o estudo do reino vegetal a um grupo de 18 alunos do 7º ano do ensino fundamental da cidade de Itambaracá na região norte do Paraná. Considerando as dificuldades dos professores em ensinar o conteúdo de Botânica e o desinteresse dos alunos pela falta de motivação e de contextualização foi construída essa sequência didática para promover uma aprendizagem significativa sobre o reino vegetal. As principais ações metodológicas apresentadas durante a sequência didática foram: utilização de questionário para revelar os conhecimentos prévios dos alunos referente ao conteúdo, introdução ao conteúdo por meio de uma problematização, leitura de textos para enriquecimento dos conceitos abordados, aulas práticas, projeção de vídeo, produção de texto, jogos (atividade lúdica) e questionário para análise dos avanços obtidos. As atividades foram desenvolvidas entre os meses de março a agosto de 2014. A temática de estudo apresentada faz parte do conteúdo estruturante Biodiversidade das Diretrizes Curriculares Estaduais de Ciências da Secretaria de Estado da Educação – SEED e faz parte do requisito para a conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, executado pelo Governo do Estado do Paraná. Palavras-chave: Sequência Didática. Biodiversidade. Briófitas. Aprendizagem Significativa.

1. Introdução

O objetivo deste artigo foi desenvolver uma sequência didática em conjunto

com um material que auxilie a introduzir o reino vegetal no 7º ano do ensino

fundamental promovendo nos alunos o interesse e a participação pelo conteúdo que

está sendo ensinado, e proporcionando aos professores uma forma diferenciada de

atividades que tornem suas aulas mais contextualizadas e motivadoras. Ao

desenvolver o ensino e buscar a promoção da aprendizagem na sala de aula o

professor se depara com uma série de questões que muitas vezes limitam sua

prática docente. Algumas delas são: para que ocorra o ensino e a aprendizagem

deve haver uma reciprocidade entre professor e aluno. O aluno deve estar envolvido

ativamente (mentalmente) pelo que está sendo ensinado.

Para se trabalhar o conteúdo de Botânica observa-se dificuldades, tanto por

parte dos professores como dos alunos em se envolverem. As metodologias

utilizadas não oportunizam os alunos a terem mais contato com os vegetais e uma

maior participação, causando assim um desinteresse por esse conteúdo, como

também por outros em Ciências. (CICILLINI, 2002; ARRUDA, LABURÚ,1996;

CECCANTINI, 2006 apud SANTOS et al, 2010).

_______________________________

¹ Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná. E-mail: [email protected] ² Professor Doutor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) – Campus Luiz Meneghel. E-mail: [email protected]

Nesta proposta de trabalho, considerando os conteúdos estruturantes e as

Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs), buscamos abordar a Biodiversidade por

meio de uma seqüência didática (ZABALA, 1998) enfocando o reino vegetal, para o

ensino de briófitas no ensino fundamental.

Essa sequência didática foi organizada com atividades variadas (prática de

observação, teórica, de vídeo, etc), partindo de um menor para um maior grau de

complexidade, à medida que os alunos vão assimilando os conhecimentos.

Diante da aparente falta de motivação dos alunos e da dificuldade

apresentada pelos professores na abordagem do tema reino vegetal (Botânica)

propomos neste projeto encontrar caminhos para um ensino mais contextualizado e

motivador.

2. Sequências didáticas sob a perspectiva da aprendizagem significativa

2.1. Aprendizagem significativa

Ao falarmos em aprendizagem significativa certamente nos referimos à

teoria de David Ausubel (MOREIRA, 2006), cujo conceito central de sua teoria fala

sobre um processo pelo qual uma nova informação se relaciona, de uma maneira

substantiva a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo e essa nova

informação passa a interagir com uma estrutura de conhecimento específica,

chamada de “conceito subsunçor”, presente na estrutura cognitiva de quem aprende.

Portanto o subsunçor é um conceito, ideia ou proposição já existente na estrutura

cognitiva que serve de “ancoradouro” para que a nova informação adquirida tenha

significado. Dessa maneira novas ideias, conceitos, proposições são considerados

aprendidos de forma significativa e retidos quando já estão inclusos na estrutura

cognitiva do aprendiz de forma clara e disponível e que funcione como ponto de

ancoragem.

Quando a nova informação chega, nesses conceitos já aprendidos

significativamente, eles também se modificam pela influência do novo material,

havendo um processo de interação pelo qual conceitos mais relevantes e inclusos

interagem com o novo material servindo de ancoradouro, ao mesmo tempo em que

incorpora, assimila e modifica-se em função dessa ancoragem.

Para Ausubel (MOREIRA, 2006) o armazenamento de informações na mente

humana é altamente organizado e forma uma espécie de hierarquia de conceitos

onde elementos mais específicos de conhecimentos são ligados a outros mais

gerais e inclusivos.

2.2. As sequências didáticas no ensino de ciências

A importância de como se aborda determinado conteúdo faz com que o aluno

consiga aprender ou não. O trabalho do professor ao desenvolver determinado

conteúdo é muito importante, pois se ele o faz de maneira sequencial, organizada,

partindo de conceitos simples até atingir a complexidade programada, certamente o

seu objetivo que é a aprendizagem terá muito mais condições de ocorrer. Para isso

temos as sequências didáticas que de acordo com Zabala: “[...] são um conjunto de

atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos

objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos

professores como pelos alunos”. (ZABALA, 1998, p. 18).

Ao se pensar em como ensinar, quais instrumentos usar para realizar uma

boa aula, e consequentemente garantir a aprendizagem do aluno o professor se

depara com questões metodológicas que dificultam o seu trabalho na sala de aula.

Sob esta perspectiva Zabala alega que:

[...] a identificação das fases de uma sequência didática, as atividades que a conformam e as relações que se estabelecem devem nos servir para compreender o valor educacional que têm, as razões que as justificam e a necessidade de introduzir mudanças ou atividades novas que melhorem. Assim, pois, a pergunta que devemos nos fazer, em primeiro lugar, é se esta sequência é mais ou menos apropriada e, por conseguinte, quais são os argumentos que nos permitem fazer esta avaliação. (ZABALA, 1998, p. 54, 55).

Ao propor nesse projeto o trabalho com Briófitas, que está inserido no

Conteúdo Estruturante Biodiversidade, de acordo com as Diretrizes Curriculares

Estaduais (DCEs) temos como desafio fazer uma sequência didática, baseada na

aprendizagem significativa, que seja motivadora e contextualizada.

A preocupação em desenvolver uma sequência didática potencialmente

significativa se justifica pelo fato do conteúdo sobre briófitas estar introduzindo a

Botânica no 7º ano do Ensino Fundamental e tendo conhecimento da forma como

vem sendo abordado esse conteúdo, sabemos da importância em se trabalhar de

uma maneira diferenciada.

2.3. Cuidados ao se construir uma sequência didática.

As sequências didáticas são planejadas e desenvolvidas para a realização de

determinados objetivos educacionais, com início e fim conhecidos tanto pelos

professores, quanto pelos alunos (ZABALA, 1998).

Para se planejar, aplicar, avaliar e obter os resultados almejados de uma

sequência didática é necessário ressaltar esses aspectos relevantes durante sua

realização:

Planejamento:

Ao planejarmos uma sequência didática devemos primeiramente selecionar o

conteúdo a ser ensinado, considerando os significados que ele tem para o aluno,

quais conhecimentos prévios que ele poderá ter e como introduzi-lo de forma a

motivá-lo, (problematização). As características cognitivas dos alunos, seu grau de

compreensão de acordo com sua faixa etária e suas condições socioeconômicas e

culturais.

Quanto às atividades, devemos considerar o tempo disponível e usar recursos

didáticos e estratégias metodológicas que facilitem o aprendizado e a fixação dos

conteúdos e estar sempre atento para que essas atividades sejam organizadas

iniciando pelas mais simples e aumentando o grau de complexidade à medida que

os alunos vão compreendendo o assunto.

Aplicação:

Durante a aplicação da sequência didática o professor deverá observar e

intervir se necessário quando estas não são suficientes para a compreensão dos

alunos, ou se ficou alguma lacuna na ligação entre elas fazendo então o acréscimo

de uma ou mais atividades.

[...] a sistematização de uma sequência didática constitui-se numa atividade

complexa à prática educativa. Isto porque, inúmeras variáveis com

possibilidade de intervenção estão envolvidas neste processo. Assim,

posturas puramente compartimentalizadoras poderiam gerar uma

desfragmentação de relações, contrariando os objetivos pedagógicos de

nossa sequência. Isto significa que embora ela seja composta por etapas

bem definidas, trabalhamos na perspectiva de seu todo. (LUCAS, 2010, p.

51).

Avaliação:

No decorrer da aplicação da sequência didática o professor fará a avaliação

do aluno em cada uma das atividades, sempre atento a qual ou quais conteúdos

(factuais, procedimentais ou atitudinais) estão sendo desenvolvidos e com esses

resultados ele fará a análise da sequência didática verificando se os conteúdos

usados, as metodologias e recursos aplicados nas atividades foram suficientes e

contribuíram para a aprendizagem do aluno.

2.4. Produção didático pedagógica

Como introduzir o conteúdo de forma potencialmente significativa aos alunos?

Considerando o referencial teórico utilizado para a construção da proposta,

buscou-se efetuar o desenvolvimento dessa sequência didática de forma

contextualizada por meios de atividades seqüenciais e variadas, partindo de um

menor para um maior grau de complexidade, motivando os alunos à participação,

observação, curiosidade e compreensão, para formulação de conceitos, favorecendo

a aprendizagem dos alunos, usando as orientações metodológicas das DCEs,

pautadas na teoria da aprendizagem significativa. Essa sequência foi desenvolvida

com a participação de dezoito alunos do 7º ano do ensino fundamental do Colégio

Estadual Marcílio Dias do município de Itambaracá, região Norte do Paraná, e o

critério de seleção dos alunos, ocorreu pela efetiva participação em todas as

atividades programadas durante a sequência didática.

Não seria possível desenvolver essa sequência didática com intuito de

promover a aprendizagem, sem observar as condições sociais, culturais e

ambientais que esses alunos estão inseridos, pois somente considerando essas

condições o professor poderá iniciar a sua prática, sempre tendo como ponto de

partida os conhecimentos que esses alunos já têm.

Para alcançar os objetivos, os alunos são expostos a assuntos ou conteúdos de variadas formas: exposição a fatos, situações, teorias, princípios, conceitos, entre outras. O Conjunto desses elementos forma uma determinada estrutura que, conforme suas partes, varia a forma de aprendizagem necessária para que o aluno compreenda ou mesmo execute na prática.(OHIRA, 2006).

A sequência didática foi baseada em princípios descritos por ZABALA. (1998,

p.58 e 60).

Durante o desenvolvimento das atividades presentes na sequência didática

foram ressaltadas a aprendizagem dos seguintes conteúdos:

- Factuais: conteúdos que se referem a fatos, acontecimentos, situações,

fenômenos, tendo caráter descritivo e concreto sempre associado a conceitos que

permitam interpretá-lo, como a idade de uma pessoa, a localização de uma cidade,

um fato histórico, etc.

- Procedimentais: um conjunto de ações ordenadas com a finalidade de atingir um

objetivo comum. Como exemplo citamos: observar, desenhar, ler, calcular, traduzir,

recortar. Apesar de serem um conjunto de ações, tem cararcterísticas específicas

diferentes para que a aprendizagem ocorra.

- Atitudinais: integram diversos conteúdos que agrupamos em valores, atitudes e

normas. Embora diferentes, mantém relação distinguindo sua importância nos

componentes cognitivos, afetivos e condutuais que cada um apresenta. ZABALA.

(1998, p.41 a 47).

Para cada atividade proposta houve um encaminhamento metodológico que

justifique a utilização da(s) atividade(s) desenvolvida(s) naquela sequência.

Esses encaminhamentos foram fundamentados na Teoria da Aprendizagem

Significativa.

Passos da aplicação da sequência didática para o ensino de briófitas:

Atividades

Etapas

Objetivos

1- Problematização e

Levantamento de

conhecimentos prévios

-Problematização por meio de

imagens de musgo no data-

show seguido de

questionamento oral feito pelo

professor.

-Levantamento dos

conhecimentos prévios dos

alunos, por meio de um

questionário inicial respondido

individualmente.

- Despertar o interesse e a

curiosidade do aluno pelo

conteúdo;

- Identificar o nível de

conhecimento prévio dos

alunos sobre o conteúdo.

2 - Leitura de textos Leitura de textos impressos que

contêm explicações científicas

sobre as briófitas.

-- Enriquecimento dos

conhecimentos científicos

acerca do tema.

3 - Observação - Visualização de musgo no

estereoscópio e TV multimídia

na sala de aula e desenho sobre

a observação.

- Observação com roteiro

impresso entregue a cada um

dos alunos para ser completado

sobre os musgos no seu habitat

natural aos arredores da escola.

-- Estimular a capacidade de

observação;

- Relacionar o conhecimento

teórico ao prático.

- Contextualização e

enriquecimento do

conhecimento sobre o tema.

4 - Projeção de vídeo - Projeção de vídeo: As Briófitas.

Disponível no Portal

Educacional Dia-a-Dia

Educação do Estado do Paraná.

- Facilitar a compreensão

dos conteúdos por meio

visual e sonoro.

5 - Produção coletiva - Construção de um texto

coletivo com a participação dos

alunos por meio de

questionamentos feitos pelo

professor.

- Contextualização e

enriquecimento do

conhecimento sobre o tema.

- Resgatar e auxiliar a

organização dos

conhecimentos científicos.

6 - Jogo de tabuleiro - Atividade lúdica realizada em

equipe com quatro participantes.

- Revisar os principais

conceitos que foram

apresentados.

- Enriquecimento do

conhecimento sobre o tema.

7 - Sistematização,

avaliação e coleta de

dados

- Reaplicação do questionário

inicial (com mais uma pergunta)

- Verificar a contribuição da

sequência didática na

melhoria dos conceitos

científicos aplicados.

- Avaliar o conhecimento

dos alunos.

2.4.1. Problematização/Levantamento dos conhecimentos prévios:

Início da sequência didática com uma problematização aliada a questões-

problemas, com a intenção de despertar do interesse pelo conteúdo e ao mesmo

tempo, efetuando o levantamento de conhecimento prévio do aluno sobre o assunto.

Nessas atividades foram desenvolvidas nos alunos os conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais. Foram avaliados os conhecimentos prévios dos alunos

e seu interesse em responder as questões.

Após o término, o professor recolheu as questões para analisar as respostas

podendo, dessa forma, adequar às próximas atividades aos conhecimentos prévios

(MOREIRA, 2006) dos alunos (discussões, perguntas, nível das atividades, etc).

2.4.2. Leitura de textos:

A atividade proposta na etapa seguinte teve por objetivo utilizar os

conhecimentos prévios dos alunos servindo de base para a interação de novos

conceitos (científicos) apresentados em forma de textos.

Esses textos contêm explicações científicas sobre as briófitas, e foram

intencionalmente adaptados para expressar os valores cognitivos como instrumentos

capazes de evidenciar e transmitir conhecimentos científicos.

A leitura e a compreensão em grupo favorecem a troca de experiências, e

assim podemos observar além dos conteúdos conceituais e procedimentais os

atitudinais como a cooperação e a tolerância necessárias quando se realiza um

trabalho coletivo. (LUCAS, 2010).

Nessa etapa a avaliação é contínua, pois mostra como os alunos aprendem

ao longo do processo de ensino/aprendizagem, adaptando se às novas

necessidades que vão sendo incorporadas. (ZABALA. 1998, p.200).

Através das discussões geradas pelo questionamento feito pelo professor

após a leitura dos textos, ele vai avaliando de forma contínua os alunos pela

participação individual e do grupo sobre os conhecimentos adquiridos.

2.4.3. Observação:

Após ter identificado através dos questionamentos a compreensão adquirida

pelos alunos dos conteúdos apresentados até o momento, dá início a fase de

observação.

A utilização desse elemento estimula, no estudante, a capacidade de

observar fenômenos em seus detalhes para estabelecer relações mais amplas sobre

os mesmos. (PARANÁ, 2008).

O trabalho do professor como mediador nessa atividade é fundamental, pois é

ele que vai direcionando e motivando os alunos a visualizarem o material

primeiramente no estereoscópio e TV multimídia proporcionando detalhes de um

musgo. Depois no habitat natural, possibilitando uma observação ampla do ser

(musgo) integrado com o local em que se desenvolveu, e nela o professor explora as

relações presentes nesse ambiente e características próprias dos musgos usando

um roteiro de observação, como instrumento auxiliar para a aprendizagem.

Em ambas as atividades estão presentes os conteúdos conceituais,

procedimentais e atitudinais.

A avaliação contínua dos conhecimentos adquiridos nessa etapa se faz

através da observação, participação e das respostas solicitadas durante as

atividades.

2.4.4 Projeção de vídeo:

Nessa etapa, em que os alunos já exploraram o conteúdo e o professor já

consegue detectar o que já foi adquirido como conhecimento é usado um vídeo

sobre Briófitas, como recurso, pois o uso da imagem e som auxilia na fixação dos

conteúdos que foram estudados.

2.4.5. Produção coletiva:

Em Ciências Naturais, oportunidades para ler, escrever e falar são momentos

de estudo e elaboração de códigos de linguagem específicos do conhecimento

científico. BRASIL (1998, p. 127).

Essa atividade teve por objetivo resgatar o que foi aprendido pelos alunos, ao

mesmo tempo em que auxilia na organização do seu conhecimento. Nela é explícito

os conteúdos factuais, procedimentais e atitudinais, pois o aluno deve relembrar o

que foi trabalhado, ler, escrever o texto e respeitar as respostas dos colegas

aguardando a sua vez de responder. A avaliação é contínua de acordo com a

participação de cada aluno.

2.4.6. Jogo de tabuleiro:

O lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordados e, quanto

mais intensa for esta interação, maior será o nível de percepções e reestruturações

cognitivas realizadas pelo estudante. (PARANÁ, 2008).

Essa atividade teve por finalidade fixar os principais conceitos estudados

nessa sequência didática. Nela pudemos observar os valores cognitivos que o aluno

adquiriu durante esse processo de ensino e de aprendizagem, e a contribuição de

forma significativa para seu conhecimento. Nela foram desenvolvidos conteúdos

factuais, procedimentais e atitudinais, à medida que os alunos jogavam.

A avaliação foi contínua observando-se a participação, concordância e

respostas dadas pelos alunos, individualmente, por meio de registros feitos pelo

professor.

3. Resultado e análise

3.1 Análise e conhecimento do conteúdo antes e depois da aplicação da

sequência didática.

De acordo com a teoria da aprendizagem significativa (MOREIRA, 2006) o

conhecimento prévio é essencial para que o indivíduo possa usar esse

conhecimento como ancoradouro e a partir dele estabelecer relações com o que

está sendo ensinado para adquirir o novo conhecimento. Considerando o exposto

acima iniciamos a intervenção pedagógica com a sequência didática apresentando a

problematização do conteúdo e em seguida foi aplicado um questionário com o

objetivo de verificar o quanto os alunos já sabiam sobre o assunto. De posse do

conhecimento que eles já apresentavam, deu-se a continuidade das atividades

propostas na sequência didática sobre briófitas.

Ao concluir a aplicação da sequência didática foi novamente retomado o

questionário inicial (com mais uma pergunta) para que os alunos respondessem.

Quando comparadas as respostas fornecidas antes e depois dos alunos foi possível

notar qualitativamente algumas diferenças entre as respostas, indicando avanços no

conhecimento sobre o tema. Apresentamos, a seguir, algumas respostas

apresentadas pelos alunos após a sequência, para demonstrar a aproximação dos

conceitos dos alunos aos conceitos científicos.

Ressaltamos que dezoito alunos participaram da aplicação do questionário

inicial e final.

A) - Quando perguntado se “o ser em questão era um animal ou vegetal e por

que”?

Quadro 1. Respostas dos alunos a questão A, anteriores à aplicação das atividades.

ALUNO (S) ANTES

1

Porque é bonita e diferente.

1 Um animal.

3 Porque tem folhas verdes.

9 Uma planta.

3

Uma planta porque tem cor verde.

1 Porque realiza fotossíntese.

Quadro 2. Respostas dos alunos a questão A, posterior à aplicação das atividades.

ALUNO (S) DEPOIS

2

Por realizarem fotossíntese e serem chamados de autótrofos.

10

Por elas realizarem fotossíntese.

5

Por estarem fixas no solo e apresentarem cor verde.

1

Por fazer seu próprio alimento e ser de cor verde.

De acordo com as respostas apresentadas como fotossíntese, autótrofos,

fazer o próprio alimento, fixação ao solo e apresentarem cor verde, notamos que

algumas das principais características gerais das plantas foram listadas no

questionário pós, incluindo algumas ações dos organismos produtores revelando

uma compreensão mais aprofundada sobre o reino das plantas. Dessa forma pode-

se observar que a problematização, da questão contribuiu para os alunos

identificarem e conceituarem características das plantas assim como aproximar seus

conceitos aos científicos.

B) - A pergunta seguinte se referia “ao ambiente onde o ser poderia ser

encontrado” e as respostas foram:

Quadro 1. Respostas dos alunos a questão B, anterior à aplicação das atividades.

ALUNO (S) ANTES

7 Na terra

2 Na árvore

3 Seco e úmido

2 Úmido

3 Molhado

1 Úmido e no tronco de árvores

Quadro 2. Respostas dos alunos a questão B, posterior à aplicação das atividades.

ALUNOS DEPOIS

8 Locais úmidos

8 Locais úmidos e troncos de árvores

2 Locais úmidos porque precisam de água para sobreviver

Essa questão foi apresentada na forma de leitura durante os textos, mas a

atividade que mais contribuiu para a sua compreensão foi a observação dos musgos

no seu habitat (aula de campo) por meio dela os alunos puderam constatar o

surgimento de musgos, nas árvores e em muros, locais que ficavam sombreados

nas dependências do colégio. Ao ser apresentada novamente a questão, os alunos

conseguiram identificar o ambiente que as briófitas vivem e sua dependência em

relação à água para os seus principais processos vitais como fotossíntese,

crescimento e reprodução.

C) - A terceira pergunta era se “o ser se alimentava e de qual forma”.

Quadro 1. Respostas dos alunos a questão C, anterior à aplicação das atividades.

ALUNO (S) ANTES

5 Não se alimenta porque é um remédio.

6 Alimenta-se pela água.

3 Alimenta-se da terra e da água.

3 Alimenta-se pela fotossíntese.

1 Respondeu não.

Quadro 2. Respostas dos alunos a questão C, posterior à aplicação das atividades.

ALUNOS DEPOIS

10 Descreveram parte do que é necessário para realizar a fotossíntese

fotossínt

e obter o alimento.

8 Pela fotossíntese.

A questão apresentada envolvia um conhecimento sobre a importância das

plantas não só para a oxigenação do ar, como também a realização de fotossíntese

para obter seu próprio alimento. Na observação dos musgos no seu ambiente

natural os alunos notaram que possuíam a cor verde, e ali foi comentado o processo

da fotossíntese para que ele pudesse se alimentar. A leitura dos textos juntamente

com a aula de campo e observação do musgo no estereoscópio, proporcionou um

conhecimento mais amplo, fazendo com que grande parte dos alunos

compreendessem que as briófitas, embora de pequeno porte, realizam fotossíntese,

formam o seu alimento e contribuem para a oxigenação do ar e para o ecossistema

em que estão inseridas.

D) - A quarta pergunta era “se ele se reproduzia e de qual forma”.

Quadro 1. Respostas dos alunos a questão D, anterior à aplicação das atividades.

ALUNO (S) ANTES

1 Não respondeu.

1 Respondeu que ele não se reproduz.

2 Respondeu sim remédio.

2 Da terra.

9 Pela raiz.

3 Pela semente da planta.

Quadro 2. Respostas dos alunos a questão D, posterior à aplicação das atividades.

ALUNOS DEPOIS

6 Destacaram a importância da água no processo reprodutivo e

formação de uma nova planta.

12 Falaram da presença de esporos que caem ao solo e depois geram

a nova planta.

A atividade da sequência didática que mais contribuiu na questão foi o vídeo

sobre as briófitas que apresentou de forma ampla a reprodução de um musgo. Por

meio do vídeo os alunos compreenderam que os musgos formam esporos e não

sementes durante o processo reprodutivo e que a água é fundamental para que

ocorra a fecundação. A pequena diversidade de respostas pós atividades demonstra

como o material e a sequência tem conduzido às aproximações dos conceitos

científicos.

O questionário foi aplicado em dois momentos sendo que, na segunda vez,

após a realização da sequência didática acrescentamos a questão: “Relate o que

você se lembra das aulas sobre briófitas”.

A questão adicionada teve como objetivo resgatar informações sobre as

atividades, sua aplicação e os resultados obtidos após a realização da sequência

didática.

A maioria dos alunos conseguiram relatar boa parte das atividades

trabalhadas (algumas com detalhes) e aquelas com aulas práticas e lúdicas foram

as mais lembradas, a observação do musgo no estereoscópio e no seu ambiente

natural visto durante a aula de campo, e o jogo de tabuleiro sobre briófitas foram

citadas na maioria dos relatos. Ressaltando assim a importância desse trabalho no

ensino de Ciências. Durante toda etapa da aplicação notou-se o interesse por parte

da maioria dos alunos. Ressaltamos que a turma que foi desenvolvida a sequência

didática é de um nível sócio-econômico baixo é indisciplinada, apresenta muitas

dificuldades na leitura e na escrita, o que dificultou em muitos momentos a

compreensão de alguns conceitos. Porém apesar dos obstáculos mencionados o

propósito de contribuir para inserção do ensino de botânica de uma forma mais

significativa foi alcançado.

4. Considerações finais

Ao buscar novos métodos para desenvolver conteúdos que são difíceis para a

compreensão dos alunos, e ao mesmo tempo possibilitar ao professor refletir a sua

maneira de ensinar e proporcionar aulas mais dinâmicas foi construída essa

sequência didática para o ensino de briófitas. Esse conteúdo introduz o reino

vegetal aos alunos no 7º ano do ensino fundamental e essa sequência tem por

finalidade proporcionar uma forma mais significativa e contextualizada de ensinar,

com atividades seqüenciais das mais simples para as mais complexas iniciando com

uma problematização, e outras atividades como: práticas de observação, textos,

vídeo, etc., partindo dos conhecimentos prévios dos alunos de acordo com a

aprendizagem significativa proposta por Ausubel. Com a aplicação dessa sequência

pode-se notar uma melhora na apresentação de alguns conceitos científicos sobre

as plantas e uma participação mais ativa dos alunos durante as aulas demonstrando

a sua funcionalidade.

As limitações encontradas foram durante a aplicação da sequência didática,

haja vista que os alunos oriundos da periferia e de condições socioeconômicas

desfavoráveis apresentavam muitas dificuldades na leitura, escrita e indisciplina não

conseguindo muitas vezes a concentração necessária para a aprendizagem.

Diante dos resultados obtidos notamos que a sequência didática para o

ensino de briófitas como metodologia de trabalho proporcionou aos alunos um maior

envolvimento e participação durante as aulas, a aplicação do questionário pós

atividades da sequência demonstrou que os alunos lembraram de diversas

atividades, as respostas foram mais elaboradas tendo uma maior aproximação dos

conhecimentos científicos. No processo de aplicação e resultados obtidos durante a

sequência pude observar um maior interesse dos alunos que participaram

ativamente das atividades e o reconhecimento de toda a comunidade escolar pelo

trabalho realizado, confirmando dessa forma que a teoria da aprendizagem

significativa possibilita aulas mais contextualizadas e dinâmicas contribuindo para

uma melhor compreensão dos conceitos científicos.

Percebemos dessa forma a necessidade de ampliar a utilização de

sequências didáticas bem planejadas, com a utilização de atividades como

questionamentos, observações, busca de informações, vídeos, aulas experimentais

e lúdicas, estimulando no aluno o interesse e a motivação em facilitar a

compreensão do conteúdo ensinado e incentivar a educação científica.

5. Referências

AUSUBEL, David. Aquisição e retenção de conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. Porto Alegre: Plátano, 2003. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental / MEC, 1998. LUCAS, Lucken Bueno. Contribuições axiológicas e epistemológicas ao ensino da teoria da evolução de Darwin. 2010. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010. Disponível em: <www.uel.br/pos/.../Lucken%20Bueno%20Lucas%20.../lucken_lucas.pdf> Acesso em: 20/10/2014. MOREIRA, Marco Antonio. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006. OHIRA, Márcio Akio. Formação inicial de professores para o trabalho interdisciplinar. 2006. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2006. Disponível em: <www.uel.br/pos/mecem/pdf/Dissertacoes/Marcio_Akio_Ohira.pdf > Acesso em: 30 out. 2013. PARANÁ, Diretrizes curriculares da educação básica. Ciências. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Paraná, 2008. Portal Dia-a-Dia Educação SEED/PR. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/index.php>. Acesso em: 02 dez. 2013. SANTOS, Sandro Prado; RODRIGUES, Fernanda Fernandes S; PEREIRA, Boscolli B. O ensino de botânica e as práticas escolares: diálogo com a educação de jovens e adultos. II SEMINÁRIO DE PESQUISA DO NUPEPE, 21 e 22 de maio, 2010, Uberlândia. Anais... Uberlândia/MG, 2010. Disponível em: < http:// www.eseba.ufu.br/interna.php?referencia=conteudo&pagina=nupepe .... Boscolli Barbosa Pereira ... Fernanda Fernandes dos Santos .... Sandro Prado Santos >. Acesso em 21 jun. 2013. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.